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Medicina - 6º Semestre - Ana Paula Cuchera e Eduarda Costa Profº Miguel 10 de nov. de 2023 Síndromes pleurais - Derrame pleural ● Presença anormal (aumentada) de líquido na cavidade pleural ● Causas mais comuns: ICC (bilateral), pneumonia, tuberculose, colagenoses, neoplasias (geralmente unilaterais) - Pneumotórax ou síndrome pleural respiratória ● Presença de ar no espaço pleural ● Causas mais comuns: traumas, ruptura de bolha subpleural ou qualquer situação em que ocorra uma comunicação dos alvéolos com a cavidade pleural (processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos). - Síndrome pleurítica ● Inflamação dos folhetos pleurais ● Causas mais comuns: pneumonia, tuberculose, colagenoses, neoplasias Derrame pleural - Compreender a partir da fisiopatologia as principais causas de transudato e exsudato - Conhecer as apresentações radiológicas do derrame pleural - Saber quais exames podem ser solicitados na avaliação propedêutica OBS! Se tiver líquido, os órgãos ao redor vai ter impacto pelo aumento da pressão pleural 1 Anatomia Etiologia - Fazer punção biópsia pleural ● Transudato ○ ICC, Insuficiência renal ● Exudato ○ Neoplasias, tuberculose - Punção pleural → pode ser diagnóstica ou terapêutica - Para a caracterização dos derrames pleurais como transudatos ou exsudatos, recomenda-se que a amostra de sangue seja colhida simultaneamente à coleta do líquido para que a interpretação da relação pleural-sérica de proteínas e desidrogenase lática seja confiável. - Critérios de Light: EXSUDATO ● Proteína do líquido pleural / proteína sérica > 0,5 ● DHL (desidrogenase lática) do líquido pleural / DHL sérico > 0,6 ● DHL do líquido pleural > 2/3 do limite superior do normal sérico ○ Sensibilidade: 98%; Especificidade: 77% ○ Valor de referência do DHL sérico: 135 - 214 U/L 2 Radiografia de tórax - Normal: OBS! Para saber se é transudato ou exsudato tem que fazer punção e mandar para a análise 3 - Derrame pleural à esquerda: Tuberculose Pleural - Derrame pleural ● Bacilo ou antígenos - Forma primária ou secundária - Diagnóstico ● Métodos de imagem ○ RX, US, TC ● Bacteriologia ● Bioquímica ● ADA - adenosina deaminase (marcador bioquímico) ● Citologia ● Biópsia 4 Derrame pleural OBS! Dor pleurítica → dor localizada em forma de facada - Mais para baixo por conta da gravidade que coloca o líquido para baixo - Essa dor vai aparecer na inspiração pois aumenta a pressão da caixa torácica → pulmão enche e pressiona o líquido Síndrome Pleurítica Quadro clínico - Tosse, dispneia e dor - Dor- pleura parietal - Ao exame físico: ● Geralmente aparecem: redução ou abolição do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular e macicez à percussão. ● Podem estar presentes também: assimetria do tórax ● Redução da expansibilidade do hemitórax comprometido ● Abaulamentos intercostais expiratórios ● Submacicez ou macicez sobre a coluna vertebral adjacente ao derrame, (sinal de Signorelli) ● Sopro respiratório e ausculta da voz anasalada, chamada egofonia, ou da voz “caprina”, percebida no limite superior do derrame. - O quadro clínico do paciente pode revelar, também, sintomas e sinais próprios da enfermidade que está determinando o derrame. - Entre as causas mais comuns de derrame pleural, em um hospital geral, encontramse: ● Insuficiência cardíaca congestiva ● Pneumonias 5 ● Neoplasias ● Tuberculose Diagnóstico OBS! Imagem: derrame pleural denominado de grande monta → deve internar, fazer exame físico e testes associados. - Para tirar esse líquido precisa drenar, deve-se realizar a toracocentese. - Toracocentese ● A presença de uma coleção líquida no espaço pleural sempre traduz a existência de uma condição anormal, impondo a necessidade de se realizar uma toracocentese diagnóstica. ● Entretanto, para abordar a cavidade pleural com segurança, é necessário que haja uma quantidade mínima de líquido no espaço pleural ● Pequenos derrames pleurais visualizados na radiografia convencional de tórax sejam avaliados também por radiografias em decúbito lateral ● Derrames foremmenores que 10 mm em radiografia em decúbito lateral, não devem ser rotineiramente abordados devido ao risco de complicações ● Caso seja imprescindível, a ultrassonografia deve ser utilizada para melhor avaliar a localização e a quantidade de líquido e, deste modo, melhorar a acurácia do procedimento OBS! Na ascite não tira todo o líquido, pode tirar até 70% do líquido OBS! Faz bloqueio anestésico e insere na vertical → quando chega na cavidade puxa o líquido - Coloração do líquido já dá uma ideia se é transudato ou exsudato 6 Complicações - Pneumotórax ● Inexperiência do médico, uso de agulhas de grosso calibre, retirada de grandes volumes de líquido pleural, múltiplas perfurações com agulha na tentativa de encontrar o líquido pleural, DPOC, toracocenteses repetidas, loculações - Tosse - Dor - Desencadeamento do reflexo vago-vagal, traduzido por sudorese, desconforto geral e sensação de desmaio - Hemotórax - Infecção local - Lacerações hepáticas - Sugere-se realização de radiografia de tórax imediatamente após a toracocentese. Derrame Pleural - Aspecto: - Bioquímica - Proteínas totais - Glicose - DHL (desidrogenase lactica) - Amilase - Lípides - Quilotórax - Equilíbrio ácido-básico - pH - Lactato - ADA (adenosina deaminase), marcadores bioquímicos - Microbiologia → primeira coisa a pensar mycobacterium ● Fazer ummeio de cultura para ver qual antibiótico usar - Citologia Bioquímica - Proteínas totais - Exsudato / transudato - Outras proteínas - determinações específicas - menos solicitadas - Neoplasias e doenças inflamatórias ● Exemplos ○ IgE: paragonimíase (trematódeo Paragonimus westermani, crustáceos crus) e derrames pleurais eosinofílicos ○ Beta2-microglobulina: TB, leucemias, doenças autoimunes 7 Bioquímica - Glicose - Influenciada pela glicemia - Não permite a diferenciação entre benigno e maligno - Diminuição >>> aumento do consumo de glicose ● Tuberculose, neoplasia, doenças autoimunes, DP parapneumônico complicado - Transudatos ● Valores normais de glicose - Concentrações elevadas ● Sem significado clínico Bioquímica - Desidrogenase lática (DHL) - Indicador do grau de inflamação pleural - Derrames sanguinolentos (hemácias) - Exsudatos / Transudatos - Benignos / Malignos - Há 5 isoenzimas (DHL 1-5) - menos solicitadas ● ICC: DHL 1 e 2; empiema: valores crescentes de todas as DHLs, neoplasias: DHL 5 Bioquímica - Amilase - Pancreatite aguda - marcador do sítio da lesão - Pode ser o primeiro sinal clínico - Aumentada em relação ao soro ● Pancreatite crônica, pseudocisto, carcinomas ou metástases de pâncreas, cirrose hepática - Duas frações: amilase pancreática e salivar ● Pancreática: pâncreas - Amilase salivar ● Fístula esofágica ● Glândulas salivares ou sudoríparas, fígado, intestino, ovários e próstata - Neoplasias: menor sensibilidade Bioquímica - Lípides - Exudato - Aspecto leitoso do LP (macroscopia) ● Ruptura ou compressão do ducto torácico >>> acúmulo de quilo no espaço pleural >>> quilotórax (líquido pleural quiloso) ● Causas desconhecidas >>> pseudoquilotórax (líquido pleural quiliforme) ● Nutrição parenteral >>> veia cava superior perfurada - Triglicérides em nível superior a 110mg/dL - Comprometimento da circulação linfática ● Trauma, neoplasia, infecções crônicas - A causa mais comum é o linfoma seguida da traumática (cirurgia) Bioquímica - Quilotórax - Definição: ● Acúmulo de linfa no espaço pleural. - Causa pouco frequente, mas importante de derrame pleural, com diagnóstico usualmente difícil. - Aparência leitosa da linfa, devida ao seu conteúdo rico em gordura - O quilotórax resulta tanto da obstrução, ou dificuldade de escoamento do quilo, quanto da laceração do ducto torácico, sendo suas causas mais comuns as neoplasias, trauma, causas congênitas, infecções e trombose venosa do sistema da veia cava superior - O reconhecimento precoce e a terapia adequada da fístula do ducto torácico previnem a depleção nutricional e linfocitária secundária8 Bioquímica- Equilíbrio ácido-básico - pH - Principal valor: ● Determinar a necessidade de drenagem ● Prever a resposta em tratamentos esclerosantes (neoplasias) - pH fisiológico: 7,64 (é influenciado pelo pH sérico) - pH mais altos → transudatos (transporte de bicarbonato para o LP) - pH inferior a 7,2 → parapneumônicos complicados, tuberculose, doenças autoimunes - pH < 6: altamente sugestivo de ruptura do esôfago - Neoplasias: pH mais baixos, menor sobrevida - Derrames parapneumônicos ● pH < 7,2, Glicose< 60, DHL > 1.000 geralmente requerem drenagem Bioquímica - Lactato - Específico para pleurite infecciosa - Valor de corte: 90 mg/dL - Pleurite bacteriana - Pleurite tuberculosa - Eventualmente , DP neoplásicos Bioquímica - Adenosina Deaminase (ADA) - Enzima proveniente do catabolismo da purinas que converte a adenosina em inosina - Essencial para diferenciação de linfócitos, particularmente linfócitos T - Importante na maturação dos monócitos e macrófagos 9 - ADA > 40 U/L alto desempenho na tuberculose pleural ● Sensibilidade: 87 a 100% e especificidade: 81 a 97% - Liberada por macrófagos e linfócitos ● Doenças relacionadas a macrófagos e linfócitos - Aumento da atividade da ADA ● Tuberculose ● Empiema - aspecto do LP ● Artrite reumatóide - quadro clínico prévio ● Doenças linfoproliferativas - alargamento de mediastino Microbiologia - Determinação da etiologia e prognóstico - Integridade e resposta imunológica - Infecções bacterianas - Infecções fúngicas - Infecções virais - Leptospirose - raro - Nocardiose - Bacteriologia, cultura, testes moleculares e teste de sensibilidade OBS! Derrame pleural: primeira hipótese é a tuberculose Citologia - LP normal: baixa celularidade, mononucleares (macrófagos), células mesoteliais e linfócitos - LP anormal: composição (numérica ou qualitativa), células anômalas ou outros elementos (células LE) DP neutrofílicos - Exsudatos neutrofílicos: processo infeccioso ou inflamatório intenso - Pancreatite, parapneumônicos, doenças autoimunes - Os neutrófilos podem se degenerar >>> aspecto turvo, opaco ou purulento - Fase inicial: ativação e descamação das células mesoteliais - Derrames purulentos: presença de bactérias - Geralmente macrófagos e linfócitos baixos - Artrite reumatóide e pleurite lúpica DP inflamatórios não purulentos - Grande celularidade neutrofílico, células mesoteliais e macrofagos - Os neutrófilos estão íntegros (diferente dos purulentos) - Eosinófilos em número variado (geralmente aumentados) - Linfócitos geralmente aumentados (podem ser atípicos) - Células mesoteliais numerosas - Secundários a pneumonias complicadas, infarto pulmonar, pós cirurgia cardíaca, neoplasias ou indeterminado DP eosinofílico - Exudato - Número de eosinófilos > 10% - Pleurites idiopáticas - Geralmente benignas - Pode ser um DP indeterminado (sem causa definida) 10 DP parapneumônico - Complicação da pneumonia - Apresentação aguda - Geralmente se resolve com o tratamento clínico da pneumonia - Exudato - Pode evoluir para empiema DP neoplásico - Causa frequente de DP - Exudato - História clínica extremamente importante - Primário (mesotelioma, linfoma de pleura por exemplo) - Secundário (metastático) ● Mecanismo: disseminação vascular das células tumorais - Pleura visceral: 87% - Diagnóstico: presença de células neoplásicas no LP - Marcadores tumorais - Marcadores moleculares - Mais comuns: mama, ovário, pulmão, linfomas Tuberculose Pleural - Forma mais frequente da tuberculose extrapulmonar. - Frequências variáveis são observadas em diferentes países, de acordo com a prevalência da TB e da sorologia positiva para o vírus da imunodeficiência humana (HIV) - A TB pleural pode ser uma manifestação tanto da forma primária da doença (primo-infecção) quanto da reativação de uma infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis - Em ambas a TB pleural está frequentemente associada à forma pulmonar. - Nos países com alta prevalência, a TB ocorre mais em jovens comomanifestação da TB primária, enquanto que nos países com baixa prevalência ela atinge mais a população idosa, como consequência da reativação de um foco de infecção latente, caracterizando a reativação endógena da doença Transudato - É um filtrado da circulação normal - Desequilíbrio das pressões hidrostática e/ou oncótica - São exclusivos de doenças extra-pleurais - Geralmente são bilaterais - Análise >>> pouco significativa da etiologia - Principais etiologias: ● Doenças cardíacas ● Doenças hepáticas ● Embolia pulmonar 11 Biópsia Pleural - Procedimento auxiliar de extrema importância no diagnóstico das doenças da cavidade pleural. - Os fragmentos podem ser obtidos por agulha ou sob visão direta através de toracoscopia ou toracotomia. - Realizadas por agulha (punção biópsia pleural) ● O número ideal de fragmentos é três e o tamanho de cada fragmento obtido deve ser de 3 X 10mm. - Pleuroscopias ● Cortes por congelamento de porções representativas da pleura podem ser necessários em pacientes com quadros clínicos complicados ou graves - Processo inflamatório agudo - Processo inflamatório crônico ● Inespecífico ou especifico (agente etiológico) - Células neoplásicas - Granuloma ● Incompleto – HIV ● Necrose caseosa – Tuberculose 12 ● Necrose de liquefação – Fungo ● Sem necrose – Doenças autoimunes, sarcoidose Drenagem pleural - Pode ser utilizada para alívio da dispnéia - É bem tolerado - Permite o tratamento ambulatorial ou domiciliar supervisionado - Principais indicações: ● Grandes derrames ● Empiema, parapneumônicos com critérios ● Derrames pleurais neoplásicos recidivantes 13