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Derrame pleural INTRODUÇÃO …………………………………………….. → O derrame pleural é um acúmulo de líquido dentro do espaço pleural, têm múltiplas causas e são classificados como transudatos ou exsudatos → A pleura é umamembrana fina que recobre as faces internas da cavidade torácica - A pleura visceral reveste o pulmão, enquanto a pleura parietal reveste a caixa torácica, o diafragma e as estruturas mediastinais - O espaço fechado entre as pleuras visceral e parietal é conhecido como espaço pleural → Os derrames pleurais podem ser causados por numerosos processos patológicos e são frequentemente encontrados em pacientes com pneumonia e insuficiência cardíaca ETIOLOGIAS ;;;;;; ……… → O pequeno volume de líquido no espaço pleural forma uma camada fina entre as superfícies das pleuras visceral e parietal e atua como lubrificante para minimizar o atrito entre a parede torácica e o pulmão enquanto eles se movem um contra o outro durante a inspiração e a expiração → Há movimento contínuo de líquido para dentro e para fora do espaço pleural, e esse fluxo depende das pressões oncótica e hidrostática nas pleuras parietal e visceral, e da pressão no próprio espaço pleural → O excesso de líquido pode se acumular no espaço pleural devido a: - Remoção diminuída, decorrente da obstrução dos vasos linfáticos pleurais - Produção aumentada, decorrente de aumento da pressão hidrostática, diminuição da pressão oncótica, redução da pressão no espaço pleural ou aumento da permeabilidade da membrana pleural TRANSUDATO: EXSUDATO: ● Insuficiência cardíaca ● Síndrome nefrótica ● Diálise peritoneal ● Atelectasia ● Cirrose hepática ● Síndrome da veia cava superior ● Urinotórax ● Derrames parapneumônicos ● Infecções ● Malignidade ● Ruptura esofágica TRANSUDATO: → O aumento da pressão hidrostática ou a diminuição da pressão oncótica resultará em uma coleção de líquido pleural pobre em proteína denominada transudato → A insuficiência cardíaca é a principal causa, e pode produzir transudatos em razão da elevação da pressão hidrostática no sistema venoso pulmonar EXSUDATO: → Alterações da permeabilidade da membrana pleural podem provocar derrames pleurais ricos em proteína, que são caracterizados como exsudatos → Infecções como tuberculose, fúngica, parasitária pode ser causador → Podem ser vistos também em doenças malignas, pois os tumores comprometem a integridade da do epitélio capilar, resultando em derrames exsudativos, ou podem bloquear a drenagem linfática por meio da interferência nas aberturas para o espaço pleural ou por meio da obstrução dos canais linfáticos - As malignidades que mais comumente desenvolvem derrame pleural são: carcinomas, linfomas, mesoteliomas e doença metastática DISTÚRBIOS INFLAMATÓRIOS: → Os derrames também podem ser explicados também por estados inflamatórios, sendo mais comum a pneumonia, tuberculose e artrite reumatoide → Outros distúrbios inflamatórios que podem ser causadores de derrame pleural encontram-se na tabela abaixo: Doenças do tecido conjuntivo - Artrite reumatoide - Lúpus eritematoso sistêmico - Granulomatoses - Febre familiar do Mediterrâneo Doença abdominal - Abscesso subdiafragmático - Pancreatite - Pseudocisto pancreático - Pós-operatória Iatrogênicos - Induzido por fármaco - Má colocação do tubo de alimentação enteral - Intervenções endoscópicas esofágicas Outros - Exposição ao asbesto - Atelectasia - Derrame de colesterol - Quilotórax - Síndrome de Dressler - Síndrome de Meigs - TEP - Radiação - Sarcoidose - Encarceramento pulmonar - Uremia - Síndrome da unha amarela Goldman Cecil (26ª ed - capítulo 92) FISIOPATOLOGIA RESUMIDA: → Defeitos na circulação macrovascular que causam acúmulo de líquido pleural: - Pressão hidrostática aumentada Ex: insuficiência cardíaca - Diminuição da pressão oncótica Ex: hipoalbuminemia grave - Aumento da permeabilidade Ex: pneumonia → Outros causadores de acúmulo de líquido: - Defeito no espaço pleural por colapso do pulmão (pressão diminuída) - Comprometimento da drenagem linfática (derramemaligno) - Movimento de líquido a partir do espaço peritoneal (hidrotórax hepático) QUADRO CLÍNICO ;;…… SINAIS E SINTOMAS: Dispneia Dor torácica Assintomático Macicez à percussão MV diminuído Ausência de frêmito → Pacientes com derrame pleural podem ser assintomáticos, mas também podem apresentar dispneia ou sentir dor torácica pleurítica que geralmente é unilateral e aguda → Em derrames mais volumosos, pode haver sintomas de insuficiência respiratória EXAME FÍSICO: → Os achados físicos são muito relevantes para a hipótese de derrame pleural, e podem incluir macicez à percussão na área do derrame, junto com murmúrio vesicular diminuído e ausência de frêmito tátil Macicez à percussão Murmúrios vesiculares diminuídos à ausculta Ausência de frêmitos toracovocais à palpação DIAGNÓSTICO ;;;;;; ……… → Quadro clínico sugestivo + exame físico + radiografia de tórax é o primeiro passo! RADIOGRAFIA DE TÓRAX: → Posição de Laurell: é a radiografia realizada em decúbito lateral, incidência ideal para suspeita de derrame pleural, sendo mais sensível que PA ou P, pois o paciente deita e o derrame “escorre” - É capaz de identificar derrames bem pequenos (~10mm) - Caso o paciente esteja em decúbito e o derrame não vai até o final, isso indica sinais de complicação (derrame loculado) → O volume de líquido no espaço pleural precisa exceder 250 mℓ para ser visualizado na radiografia de tórax em incidência PA ou P, e os achados incluem: Embotamento (“apagamento”) do ângulo costofrênico na incidência PA Menisco pode ser visto posteriormente na radiografia de tórax lateral TC DE TÓRAX: → Não é o exame de imagem de escolha para rotina, mas é importante para diagnósticos diferenciais → Consegue detectar pequenos volumes de derrame (até menos de 30ml), e mostra se o derrame é loculado ou não - Também identifica anormalidades pleurais e parenquimatosas que podem estar causando o derrame, diferenciar entre um pulmão atelectásico e líquido, e distinguir um derrame loculado de um abscesso pulmonar USG DE TÓRAX: → Consegue detectar até 5 a 10 mℓ de líquido → Geralmente é usada para orientar a colocação da agulha ao realizar uma toracocentese → Elevada a acurácia principalmente em derrames complicados, como o empiema → O derrame é visto como imagem anecoica TORACOCENTESE ……… → Procedimento minimamente invasivo que consiste na punção pleural, ou seja, a inserção de uma agulha na cavidade pleural, e é utilizada para fins diagnósticos e terapêuticos → É realizada na beira do leito, com o uso de anestésico local, sendo um procedimento rápido e de fácil recuperação → → Permite o alívio em casos de derrames grandes e sintomáticos, e permitem detectar a etiologia do derrame através da análise do líquido pleural A punção é realizada na borda superior da costela inferior, objetivando desviar do fugir feixe intercostal Punção de alívio = são retirados cerca de 1000-1500ml Punções diagnósticas = exigem uma amostra pequena de líquido, de 30-50ml ATENÇÃO: o edema de reexpansão é uma complicação na retirada de grandes volumes de líquido pleural em pouco espaço de tempo, tendo relação maior com a velocidade retirada que com o volume INDICAÇÕES DE PUNÇÃO: → TODO derrame pleural deve ser puncionado!!! Exceto: 1- Pacientes com diagnóstico bem claro de IC, cirrose ou síndrome nefrótica como a causa do derrame, pois não necessito descobrir a etiologia. A menos que o derrame seja de grande volume (está indicada toracocentese de alívio), ou tenha sinais de alarme como febre, dor intensa, e predomínio à esquerda. 2- Derrames muito pequenos (menor que 10mm na posição de Laurell) 3- Ausência de assimetria significativa e refratariedade do derrame CONTRAINDICAÇÕES DE PUNÇÃO: 1- Infecção de pele no local da punção 2- Discrasia sanguínea/tendência de sangramento 3- Volumemuito pequeno de líquido pleural OBS.: derrames loculados/empiemas necessitam de drenagem ANÁLISE DO LÍQUIDO PLEURAL…. → Após a punção, o líquido pleural vai para análise para podermos detectarsua etiologia através das características conhecidas 1- ANÁLISE MACROSCÓPICA: → Derrames sanguinolentos: - Neoplasia - Embolia pulmonar - Trauma → Derrames purulentos: - Empiema → Derrames leitosos: - Quilotórax → Derrames de aspecto citrino: - Transudato ou exsudato → Derrame com partículas alimentares: - Ruptura do esôfago 2- ANÁLISE BIOQUÍMICA: → Para todos os casos, devemos analisar: Proteínas totais e albumina DHL Glicose pH ADA Citologia total e diferencial / Citologia oncótica Bacterioscopia e culturas → Para casos diferentes, podemos solicitar exames mais específicos: - Amilase caso haja hipótese de ruptura de esôfago - Triglicérides e colesterol devem ser solicitados caso o derrame seja leitoso - Para derrames sanguinolentos ou vítimas de trauma, solicitar hematócrito - Solicitar FAM, FR, complemento caso haja suspeita de doenças reumatológicas → A glicose pleural deve ser semelhante a glicose sérica - Se tiver abaixo de 60mg, pode ser um derrame parapneumônico, neoplasia, tuberculose, artrite reumatoide → pH: principalmente menor que 7,2, indica um derrame mais grave que necessitará de drenagem, e apresenta pior prognóstico → ADA: > 30-40 U, pode indicar tuberculose, derrame parapneumônico (empiema), ou neoplasias → Os Critérios de Light são utilizados para diferenciar um EXSUDATO de um TRANSUDATO Critérios de Light Proteína pleural / proteína sérica > 0,5 DHL pleural / sérico > 0,6 DHL pleural > ⅔ do limite do sérico 1 dos critérios acima = EXSUDATO Critério auxiliar: Albumina sérica - albumina pleural menor ou igual a 1,2 Utilizado para pacientes com IC que usam diurético Um exsudato também pode ser definido se: O nível de colesterol no líquido pleural for maior que 45 mg/dℓ, + nível de proteína no líquido pleural maior que 2,9 g/dℓ e um nível de LDHmaior que 0,45 vez o LSN Goldman Cecil (26ª ed - capítulo 92) 3- AVALIAÇÃO DA CELULARIDADE: → Neutrofílica: neutrófilos maior que 50% - Indicativo de processo infeccioso (Ex: TB, pancreatite) → Linfocítico: linfócitos maior que 50% - Indicativo de doença reumatológica (lúpus, artrite reumatóide), infecção (TB) ou neoplasia → Eosinofílico: eosinófilos maior que 10% - Pode indicar ar dentro da cavidade (pneumotórax), sangramentos, reação a drogas, neoplasia, TEP, doença fúngica → Oncótica: 5% - pode indicar tuberculose → Mesoteliócitos: 5% DERRAMES EXSUDATIVOS………….. → Podem ocorrer em estados inflamatórios, infecções ou neoplasias → Causados pela alteração da permeabilidade vascular e/ou reabsorção do líquido pleural Insuficiência cardíaca Pneumonia Tuberculose TEP/sarcoidose Doenças do colágeno (Lúpus e Artrite reumatóide) 1- INSUFICIÊNCIA CARDÍACA → A IC é uma das causas mais comuns de derrame exsudativo, que é geralmente bilateral → Apresenta gradiente de albumina > 1,2 → Caso haja refratariedade do tratamento e o derrame não está apresentando sinais de melhora, há necessidade de nova toracocentese → Devemos compensar a IC 1- PNEUMONIA → Doença que mais frequentemente causa derrame pleural, acontecendo em até 50% dos casos → Na punção, o líquido é neutrofílico, de aspecto citrino - Caso seja purulento, pensar em empiema → Paciente com quadro clínico típico: - Febre persistente - Dor torácica associada 3- TUBERCULOSE → Exsudato linfocítico e proteico em punção → ADA > 40, mesoteliócitos < 5%, microbiológico → Se houver dúvida, considerar a realização de biópsia pleural, sendo o diagnóstico diferencial neoplasia → Tratar com esquema RIPE 2 meses e RI com 4meses após confirmar diagnóstico 4- NEOPLASIA → As mais comuns de causar derrame pleural são a neoplasia de pulmão, de mamas, linfomas e mesoteliomas → Geralmente derrames volumosos, sanguinolentos, linfocíticos e recidivantes → pH abaixo de 7,2 mostra alta mortalidade em 30 dias → Apresenta citologia oncótica positiva → Caso dúvida diagnóstica, realizar biópsia pleural → A TC de tórax auxilia no diagnóstico, diferenciando espessamento da pleura e pleura nodular 5- TROMBOEMBOLISMO PULMONAR → Derrame geralmente unilateral e moderado → Punção linfocítica ou eosinofílica → O quadro clínico na maioria das vezes é típico e devemos realizar angioTC → Não é necessário toracocentese diagnóstica se houver certeza que o TEP é a causa do derrame 6- LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO → Derrame linfocítico e geralmente ocorre em mulheres → Atenção às alterações sistêmicas da doença → Complemento baixo no derrame pleural → Glicose normal → Tratar doença 7- ARTRITE REUMATOIDE → → Derrame linfocítico, geralmente pequeno, e a direita → Fator reumatoide do líquido pleural aumentado → Glicose baixa 8- DERRAME QUILOSO → Líquido leitoso e linfocítico → Comum em trauma ou linfoma → Diagnóstico: Triglicérides > 110 → Conduta Expectante / cirurgia Correlação das características dos exsudatos pleurais com a doença específica Teste Doença pH < 7,2 Empiema Malignidade Ruptura esofágica Pleurite reumatoide, lúpica Tuberculose Glicose (< 60 mg/dℓ) Infecção Pleurisia reumatoide Derrames tuberculosos e lúpicos Ruptura esofágica Amilase (> 200 mg/dℓ) Doença pancreática Ruptura esofágica Processo maligno Ruptura de gravidez ectópica FR, ANA, células LE Colagenose T Complemento LES AR Hemácias (> 5.000/μℓ) Traumatismo Malignidade Êmbolo pulmonar Derrame quiloso (triglicerídeos > 110 mg/dℓ) Tuberculose Rompimento do ducto torácico por traumatismo ou processo maligno Citologia ou biópsia (+) Processo maligno ADA (> 50 μg/ℓ) Tuberculose ADA = adenosina desaminase ANA = anticorpo antinuclear DERRAME PARAPNEUMÔNICO…;.. → São o tipo mais comum de derrame pleural exsudativo, ocorrem em até 40% dos pacientes com pneumonia, tipicamente em pacientes com pneumonia bacteriana Gravidade do derrame parapneumônico Não complicado Complicado Líquido citrino Líquido turvo pH > 7,3 pH < 7,2 Glicose > 60 Glicose < 60 DHL < 1.000 DHL > 1.000 Sem micro-organismos Com micro-organismos → Gravidade do derrame parapneumônico: - Não complicado: líquido citrino, pH > 7,3, glicose > 60, DHL menor que 1.000, semmicro-organismos = ATB - Complicado: líquido turvo, pH < 7,2, glicose < 60, DHL maior que 1.000, com micro-organismos = DRENAGEM → Derrames não complicados podem evoluir rapidamente para complicados, em 24h OBS.: derrames parapneumônicos não complicados geralmente respondem àmesma antibioticoterapia prescrita para a pneumonia, ao contrário dos complicados, que geralmente não respondem à antibioticoterapia isolada e necessitam de drenagem EMPIEMA…;........................... → Um empiema é caracterizado quando há aspiração de pus do espaço pleural ou quando a coloração de Gram do líquido é positiva para bactérias ou quando bactérias são cultivadas a partir do líquido coletado → Frequentemente os pacientes com empiema se queixam de dor torácica de caráter pleurítico e apresentam febre refratária por vários dias ou mais na evolução da sua pneumonia → Pacientes imunocomprometidos podem desenvolver empiema mais cedo e mais rapidamente → A pneumonia causada por Streptococcus pneumoniae ou Staphylococcus aureus pode causar empiema PLEURODESE…;...................... → Procedimento realizado para gerar uma obliteração artificial do espaço pleural → É realizada para prevenir a recorrência de pneumotórax ou derrame pleural @futuradraminghe / @med_._easy Perguntas Norteadoras: Como podemos definir o quadro clínico? Paciente com sinais e sintomas (descoberto respiratório), associado à achados no exame físico de macicez à percussão, murmúrio vesicular diminuído e ausência de frêmito Exames que devem ser solicitados para diagnóstico de derrame pleural Devemos solicitar radiografia de tórax em PA, P e Laurell, e toracocentese com análise do líquido pleural Classifique transudato e exsudato: Transudato é um líquido com dndndfd Exsudato kjdhdd Quais são os Critérios de Light para diferenciar entre líquido de transudato com do exsudato? Os critérios de Light para definir se o líquido é um exsudato são: 1) a razão entre líquido pleural e proteína sérica é maiorque 0,5 2) razão entre a LDH no líquido pleural e a lactato desidrogenase (LDH) sérica é superior a 0,6 3) o nível de LDH no líquido pleural é superior a dois terços do nível sérico normal de LDH Quais são as causas de derrame pleural? As causas mais comuns são pneumonia e insuficiência cardíaca. Outras causas podem ser: síndrome nefrótica, diálise peritoneal, neoplasias, doenças reumatológicas, tuberculose Qual a conduta no derrame pleural? O tratamento deve ser direcionado à causa subjacente do derrame pleural. O primeiro passo é identificar se o derrame é maligno ou não. Derrames não malignos podem ser tratados com toracocentese se o paciente estiver sintomático. Se o líquido voltar a acumular, pode ser necessária a repetição da toracocentese. Para o derrame pleural refratário, pode-se considerar opções como pleurodese química por talco ou colocação de um cateter de demora. Empiemas e derrames parapneumônicos complicados exigem drenagem imediata e antibioticoterapia apropriada. Indicação de pleurodese: Derrame pleural refratário, como neoplasias malignas (metástases) @futuradraminghe / @med_._easy
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