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MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO - OSASCO - 7° SEMESTRE - Ana Paula Cuchera e Eduarda Costa - Profº Fabio 29 de fev. de 2024 Antecedentes Históricos - 1975: CID-9: 302.1 –Desvios e transtornos sexuais: Homossexualismo - 1990: OMS retirou a homossexualidade da lista de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a saúde (CID-10). - CID-10: F.66 - Transtornos psicológicos e comportamentais associados ao desenvolvimento sexual e à sua orientação. F.66.1 Orientação sexual egodistônica. – “Cura Gay” - CID-11: NÃO RECONHECERÁ POSSIBILIDADES DE PATOLOGIZAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE. No CID-10 No CID-11 (2022) https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http://id.who.int/icd/entity/90875286 1 https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http://id.who.int/icd/entity/90875286 Redesignação Sexual https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http://id.who.int/icd/entity/90875286 Contexto histórico no Brasil - 2002: Resolução CFM: liberação ética da cirurgia para mulher trans - 2008: Diretrizes Nacionais para o Processo Transexualizador no SUS - 2010: Resolução CFM: autorização da cirurgia para homem trans - 2011: Política Nacional de Saúde Integral da população LGBT - 2013: parecer CFM 08/2013 – regulamenta a hormonioterapia para pessoas com “TIG” - 2013: Portaria 2.803: Redefine e amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS) - 2019: Resolução CFM (vigente): ampliação do acesso ao atendimento à população na rede pública; critérios para maior segurança na realização de hormonioterapia e cirurgias de adequação sexual. Alguns conceitos fundamentais 1- Gênero e Saúde: ● Questionamentos desde meados do século XX “O processo de atribuição de sentido ou o ato de interpretar socialmente a diferença sexual instaurada nos corpos de homens e mulheres (Laqueur, 2001) dá margens para uma classificação social dos atributos quer como femininos ou como masculinos, como se a “ordem natural” imanada dos corpos, assim produzidos e demarcados, fosse o sustentáculo da “ordem social”, hierarquicamente organizada com predominância do valor positivo ao masculino.” https://scielo.br/j/sausoc/a/nXy9P6nwc7Gt4Bd7R69FffQ/?lang=pt - A discussão começa pela crítica de oposições clássicas na área da saúde: - Discussão contemporânea no século XXI: ● Hoje, a discussão sobre gênero avançou e está pautada sobretudo na autodeterminação das identidades: “novas experiências subjetivas, novos desejos e novas mutações corporais, rompendo com a compreensão binária antes prevalente”. (Brandão e Alzuguir, 2019) ● Questiona o binarismo entre FEMININO e MASCULINO, e a associação automática entre SEXO BIOLÓGICO e GÊNERO. 2- Identidade de gênero: - Cisgeneridade e Transgeneridade “A identidade de gênero de uma pessoa é autodeterminada a partir de suas próprias referências, independentemente do gênero designado ao nascimento [...] Uma pessoa cisgênero se reconhece com o gênero designado ao nascimento [...] Uma pessoa transexual passa por esse processo de questionar o gênero atribuído ao nascimento e de não se reconhecer nele.” (São Paulo, SMS-SP, 2020) ● A mulher transexual é toda pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como mulher. ● Homem transexual é toda pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como homem. 3- Orientação sexual: 2 https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http://id.who.int/icd/entity/90875286 https://scielo.br/j/sausoc/a/nXy9P6nwc7Gt4Bd7R69FffQ/?lang=pt “Orientação sexual é a atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa sente pela outra. A orientação sexual existe num continuum que varia desde a homossexualidade exclusiva até a heterossexualidade exclusiva”(Ministério da Saúde, 2004, p. 29) https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf ● ORIENTAÇÃO SEXUAL é diferente de GÊNERO ● Pessoas transgênero são como as cisgênero, podem ter qualquer orientação sexual. A Sigla LGBTQIAPN+ - Em constante adaptação: ● L (lésbicas): Mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outras mulheres; ● G (gays): Homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outros homens; ● B (bissexuais): Diz respeito aos homens e mulheres que sentem atração afetivo/sexual pelos gêneros masculino e feminino; ● T (transgênero): O T não se refere a uma orientação sexual, mas à identidades de gênero. Também chamadas de “pessoas trans”. ○ Engloba 3 Ts: ○ Travesti ○ Transsexual ○ Transgênero: está fazendo transição com uso de medicamento pois não se reconhece no corpo que tem ● Q (queer): Um adjetivo utilizado por algumas pessoas, em especial pessoas mais jovens quem se identificam como queer, os termos lésbica, gay, e bissexual são percebidos como rótulos que restringem a amplitude e a vivência de gênero e sexualidade. ● I (intersexo): A pessoa intersexo está entre o feminino e o masculino. As suas combinações biológicas e desenvolvimento corporal –cromossomos, genitais, hormônios, etc– não se enquadram na norma binária (masculino ou feminino); ● A (assexual/agênero): Assexuais não sentem atração sexual por outras pessoas, independentemente do gênero. ● P (pansexual): A atração sexual não depende de categorias de gênero ou sexo específico. ● N (não-binárie): pessoa que não se identifica no padrão binário de gênero. ● +: Aparece para incluir outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis-heteronormativo, mas que não aparecem em destaque antes do símbolo. Novos processos de trabalho 3 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf LGBTfobia e seus discursos de ódio - Discursos políticos que privam um professor de ministrar conteúdo voltado para a educação sexual; - A votação pela Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, da Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei no 5167/09 que diz: “Nos termos constitucionais, nenhuma relação entre pessoas do mesmo sexo pode equiparar-se ao casamento ou a entidade familiar” - “Sim às famílias naturais, não ao ‘lobby’ LGBT” (FOLHA,2023). - Uganda promulga lei anti-LGBTQ que inclui pena de morte. (CNN, 2024) - Uganda tem risco de epidemia de HIV depois de lei anti-LGBTQIA+. (Folha, 2024) Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - Instituída pela Portaria no 2.836, de 1o de dezembro de 2011. Política de Saúde Integral da População de LGBTs: História - Dec. 80 e 90: Movimento civil de gays, travestis, lésbicas e bissexuais no enfrentamento da epidemia do HIV/Aids; - 2004: “Brasil sem Homofobia – Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de - Promoção da Cidadania Homossexual”; - 2006: conquista de representação no Conselho Nacional de Saúde (CNS); - 2007: na 13a Conferência Nacional de Saúde, a orientação sexual e a identidade de gênero são incluídas na análise da determinação social da saúde; - 2008: 1a Conferência Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais; - 2009: Discussões Legitimadas em uma política voltada à saúde LGBT. Objetivo específicos selecionados ● I - instituir mecanismos de gestão para atingir maior equidade no SUS, com especial atenção às demandas e necessidades em saúde da população LGBT, incluídas as especificidades de raça, cor, etnia, territorial e outras congêneres; ● IV - qualificar a informação em saúde no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados específicos sobre a saúde da população LGBT, incluindo os recortes étnico-racial e territorial; ● VI - garantir acesso ao processo transexualizador na rede do SUS, nos moldes regulamentados; ● VIII - reduzir danos à saúde da população LGBT no que diz respeito ao uso excessivo de medicamentos, drogas e fármacos, especialmente para travestis e transexuais; 4 ● IX - definir estratégias setoriais e intersetoriais que visem reduzir a morbidade e a mortalidade de travestis; ● X - oferecer atenção e cuidado à saúde de adolescentes e idosos que façam parte da população LGBT; ● XI - oferecer atençãointegral na rede de serviços do SUS para a população LGBT nas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), especialmente com relação ao HIV, à AIDS e às hepatites virais; ● XII - prevenir novos casos de cânceres ginecológicos (cérvico uterino e de mamas) entre lésbicas e mulheres bissexuais e ampliar o acesso ao tratamento qualificado; ● XIII - prevenir novos casos de câncer de próstata entre gays, homens bissexuais, travestis e transexuais e ampliar acesso ao tratamento; ● XVII - garantir o uso do nome social de travestis e transexuais, de acordo com a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde; ● XX - reduzir os problemas relacionados à saúde mental drogadição, alcoolismo, depressão e suicídio entre lesbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, atuando na prevenção, promoção e recuperação da saúde; ● XXI - incluir ações educativas nas rotinas dos serviços de saúde voltadas à promoção da autoestima entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e à eliminação do preconceito por orientação sexual, identidade de gênero, raça, cor e território, para a sociedade em geral https://www.scielo.br/j/csc/a/LQDJPWqyCjTsrLLXZY8PZzN/?lang=pt Principais temas de artigos publicados sobre a saúde da população LGBTQIA+ (revisão de escopo) 1) HIV; HIV e Aids; HIV e sífilis; HIV e DST; HIV e Entamoeba histolytica; HIV e tuberculose; HIV,sífilis e hepatites B e C; TARV - terapia anti-retroviral; HAART - terapia antirretroviral altamente ativa; PrEP - profilaxia pré-exposição (145 publicações); 2) Acesso a serviços de saúde ou atenção à saúde (35 publicações); 3) DST e IST - Doenças e infecções sexualmente transmissível; HPV - papilomavírus humano; HSV - vírus herpes simples; Chlamydia trachomatis; Neisseria gonorrhoeae e sífilis; HTLV-1 - human T cell lymphotropic virus type 1; sífilis; vaginose bacteriana; 4) COVID-19; 5) Política de saúde; 6) Violência; violência sexual; violência simbólica; discriminação; homofobia; estigma; 7) saúde mental; suicídio; comportamento suicida; 8) sexo anal receptivo desprotegido; comportamento sexual;sexo inseguro intencional; sexo pago;sexo protegido; 9) processo de redesignação sexual; 5 https://www.scielo.br/j/csc/a/LQDJPWqyCjTsrLLXZY8PZzN/?lang=pt 10) escala de atitudes; Escala Multidimensional de Preconceito Sexual; questionário de conhecimento sobre homossexualidade; Reactions to Homosexuality Scale/Transsexual Voice Questionnaire; ATLG - Attitudes Toward Lesbians and Gay Men Scale; 11) uso de hormônios; uso de silicone líquido industrial; 12) uso de drogas; uso sexualizado de drogas; abuso de álcool (sete publicações); 13) hepatite B; hepatite A; hepatite C; hepatites; https://www.scielo.br/j/csc/a/LQDJPWqyCjTsrLLXZY8PZzN/?lang=pt Panorama Epidemiológico - Breve panorama epidemiológico sobre as violências na população LGBTQIAPN+ Tabela 1: 6 https://www.scielo.br/j/csc/a/LQDJPWqyCjTsrLLXZY8PZzN/?lang=pt Tabela 2: 7 Referências para Estudo - Leitura Obrigatória: ● Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasília: 1. ed., 1. reimp. Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf ● GOMES, R.. Agendas de saúde voltadas para gays e lésbicas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. Ciênc. saúde coletiva, 2022 27(10), out. 2022. https://doi.org/10.1590/1413-812320222710.23792021 (não se apeguem ao método, e sim aos resultados e discussão ) ● Pinto, Isabella Vitral et al. Perfil das notificações de violências em lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuaisregistradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Brasil, 2015 a 2017. Revista Brasileira de Epidemiologia [online]. 2020, v. 23, n. Suppl 01. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-549720200006.supl.1 ● Principais resultados com os indicadores trabalhados em aula - Leituras Complementares: ● Brandão, Elaine Reis e Alzuguir, Fernanda Vecchi. A importância do ensino sobre gênero na graduação em Saúde Coletiva: uma interseção necessária. Saúde e Sociedade [online]. 2019, v. 28, n. 2, pp. 67-79. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902019190241 ● São Paulo (município). Secretaria Municipal da Saúde. Protocolo para o atendimento de pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo. Julho/2020|Versão eletrônica. https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Protocolo_Saude_de_Transexua is_e_Travestis_SMS_Sao_Paulo_3_de_Julho_2020.pdf ● DOMENE, F. M. et al.. Saúde da população LGBTQIA+: revisão de escopo rápida da produção científica brasileira. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. Ciênc. saúde coletiva, 2022 27(10), out. 2022. https://doi.org/10.1590/1413-812320222710.07122022 8 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf https://doi.org/10.1590/1413-812320222710.23792021 https://doi.org/10.1590/1980-549720200006.supl.1 https://doi.org/10.1590/S0104-12902019190241 https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Protocolo_Saude_de_Transexuais_e_Travestis_SMS_Sao_Paulo_3_de_Julho_2020.pdf https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Protocolo_Saude_de_Transexuais_e_Travestis_SMS_Sao_Paulo_3_de_Julho_2020.pdf https://doi.org/10.1590/1413-812320222710.07122022
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