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FR EN TE 1 AULAS 13 e 14 Termos da oração ligados ao verbo I 35 Leia o excerto da crônica “Mineirinho” de Clarice Lispector (1925-1977), publicada na revista Senhor em 1962, para responder à questão 2. É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora1. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho2 do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e, no entanto, nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”. Por quê? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim. Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espan- to o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina – porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro. Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que em- baixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver. Clarice Lispector. Para não esquecer, 1999. 1 facínora: diz-se de ou indivíduo que executa um crime com crueldade ou perversidade acentuada. 2 Mineirinho: apelido pelo qual era conhecido o criminoso carioca José Miranda Rosa. Acuado pela polícia, acabou crivado de balas e seu corpo foi encontrado à margem da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. 2 Unifesp 2016 “Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Minei- rinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem.” (4o parágrafo) Os termos “a esse” e “nos” constituem, respectivamente, A objeto indireto e objeto direto. B objeto indireto e objeto indireto. C objeto direto preposicionado e objeto direto. D objeto direto preposicionado e objeto indireto. E objeto direto e objeto indireto. 3 Unifesp 2015 Quando se quer chamar atenção para o objeto direto que precede o verbo, costuma-se repeti-lo. É o que se chama objeto direto pleonástico, em cuja constituição entra sempre um pronome pessoal átono. Celso Cunha e Lindley Cintra. Nova Gramática do português contemporâneo, 2000. Verifica-se a ocorrência de objeto direto pleonástico em: A “Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me circunstâncias atenuantes.” B “Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas que o vivem.” C “As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas os – desencantados”. D “Atingido o sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer.” E “Esses dez anos esvoaram-se-me como dez meses.” MED_2021_L1_POR_F1.INDD / 24-09-2020 (16:06) / GISELE.BAPTISTA / PROVA FINAL MED_2021_L1_POR_F1.INDD / 24-09-2020 (16:06) / GISELE.BAPTISTA / PROVA FINAL LíNGUA PoRTUGUEsA AULAS 13 e 14 Termos da oração ligados ao verbo I36 4 Unifesp 2015 Analise a capa de um folder de uma campanha de trânsito. Explicitando-se os complementos dos verbos em “Eu cuido, eu respeito.”, obtém-se, em conformidade com a norma- -padrão da língua portuguesa: A Eu cuido dela, eu lhe respeito. B Eu lhe cuido e respeito. C Eu cuido e respeito-a. D Eu cuido dela, eu a respeito. E Eu a cuido, eu respeito-lhe. 5 Unicamp (Adapt.) Leia as tiras a seguir. C al vi n & H ob be s, B ill W at te rs on © 19 85 W at te rs on / D is t. by U ni ve rs al U cl ic k A primeira tira é uma tradução brasileira e a segunda, uma tradução portuguesa. Dê um exemplo de uma diferença sintática entre a tradução do português europeu e a do português brasileiro. Descreva essa diferença. Língua Portuguesa • Livro 1 • Frente 1 • Capítulo 4 I. Leia as páginas de 138 a 141. II. Faça os exercícios de 1 a 4 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos 1, 5, 6, 8, 9, 13 e 18. Guia de estudos MED_2021_L1_POR_F1.INDD / 24-09-2020 (16:06) / GISELE.BAPTISTA / PROVA FINAL MED_2021_L1_POR_F1.INDD / 24-09-2020 (16:06) / GISELE.BAPTISTA / PROVA FINAL
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