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Novatio legis in mellius Novatio legis in mellius A última hipótese é a da lei nova mais favorável que a anterior (novatio legis in mellius). Além da abolitio criminis, a lei nova pode favorecer o agente de várias maneiras. Regula o assunto o art. 2º, parágrafo único, com a seguinte redação: “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” (5) Refere-se o artigo citado aos dispositivos da lei nova que, ainda incriminando o fato, cominam penas menos rigorosas, em qualidade ou quantidade, ou favorecem o agente de outra forma, acrescentando circunstância atenuante não prevista, eliminando agravante anteriormente prevista, prevendo a suspensão condicional com maior amplitude, estabelecendo novos casos de extinção da punibilidade, reduzindo os requisitos para a concessão de benefícios etc. (6) Até mesmo a regra que trata de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos admite a aplicação retroativa. (7) Ainda que se esteja procedendo à execução da sentença, aplica-se a lei nova, quer comine pena menos rigorosa, quer favoreça o agente de outra forma, pois, nos termos do novo texto, prevalece a lex mitior que, de qualquer modo, favorece o agente, sem nenhuma limitação. A atual Constituição Federal, como as anteriores, parece restringir o princípio ao permitir a retroatividade da lei apenas quando “beneficiar o réu” (art. 5º, XL), excluindo assim o condenado. Entretanto, embora a palavra réu, em seu sentido estrito, designe a pessoa que está sendo acusada no processo penal condenatório, numa interpretação extensiva obrigatória quando se interpretam os dispositivos referentes aos direitos individuais na Constituição, deve ela abranger também aquele que está sendo submetido à execução da pena ou da medida de segurança. O processo de execução, segundo se tem entendido, nada mais é do que a última etapa do processo penal condenatório. Assim, também é “réu”, em sentido amplo, aquele que é sujeito passivo na execução penal. Ainda que assim não se entendesse, o art. 2º, parágrafo único, do CP, é taxativo, assegurando a aplicação da lei posterior mais benigna aos fatos anteriores ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Não se infringe a regra constitucional que preserva a coisa julgada no art. 5º, XXXVI, da CF, porque este dispositivo se refere apenas às garantias individuais e não aos direitos do Estado como titular do jus puniendi. Como exemplos de leis penais mais favoráveis, por estabelecerem redução de pena, têm retroatividade os arts. 7º e 8º, parágrafo único, da Lei nº 8.072, de 25-7-1990, que preveem uma causa de diminuição obrigatória da pena aos associados ou participantes dos crimes de extorsão mediante sequestro (art. 159, § 4º, do CP) e associação criminosa (art. 288 do CP), bem como aos crimes praticados por esta quando os denunciarem a autoridade, facilitando a libertação do sequestrado ou o desmantelamento da quadrilha. Também são normas mais benignas, dotadas de retroatividade, as que se referem às medidas penais de composição (acordo entre as partes), transação (pela aceitação de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade) e suspensão condicional do processo previstas, respectivamente, nos arts. 74, 76 e 89 da Lei nº 9.099, de 26- 9-1995, que regula os Juizados Cíveis e Criminais. (8) São ainda retroativas, entre outras normas, as normas que alteraram os arts. 43, 44, 45, 46, 47 e 55 do Código Penal, criando novas sanções penais substitutivas da pena privativa de liberdade e aumentando a possibilidade de sua aplicação, bem como a que modificou o art. 77, instituindo o sursis humanitário (Lei nº 9.714, de 25-11-1998). É também exemplo de lei penal mais benigna a que criou nova causa de extinção da punibilidade consistente no cumprimento integral de acordo de não persecução penal, conforme art. 28-A do Código de Processo Penal, acrescentado pela Lei nº 13.964, de 24-12-2019
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