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FR EN TE Ú N IC A AULA 15 Temas e figuras I 103 2 Enem 2013 Disponível em: <www.filosofia.com.br>. Acesso em: 30 abr. 2010. Pelas características da linguagem visual e pelas es- colhas vocabulares, pode-se entender que o texto possibilita a reflexão sobre uma problemática contem- porânea, ao: a criticar o transporte rodoviário brasileiro, em razão da grande quantidade de caminhões nas estradas. b ironizar a dificuldade de locomoção no trânsito ur- bano, devido ao grande fluxo de veículos. c expor a questão do movimento como um proble- ma existente desde tempos antigos, conforme frase citada. d restringir os problemas de tráfego a veículos particula- res, defendendo, como solução, o transporte público. e propor a ampliação de vias nas estradas, detalhando o espaço exíguo ocupado pelos veículos nas ruas. 3 Unesp 2018 Para responder à questão, leia o trecho inicial do conto “Desenredo”, do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967). Do narrador a seus ouvintes: – Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Com elas quem pode, porém? Foi Adão dormir, e Eva nas- cer. Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu. Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas mui- to tendo tudo de ser secreto, claro, coberto de sete capas. Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel. Não se via quando e como se viam. Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, minuciosamente. Esperar é reconhecer-se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano. Até que – deu-se o desmastreio. O trágico não vem a conta-gotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro… Sem mais cá nem mais lá, mediante revól- ver, assustou-a e matou-o. Diz-se, também, que de leve a ferira, leviano modo. Jó Joaquim, derrubadamente surpreso, no absurdo desistia de crer, e foi para o decúbito dorsal, por dores, frios, calores, quiçá lágrimas, devolvido ao barro, entre o inefável e o infando. Imaginara-a jamais a ter o pé em três estribos; chegou a maldizer de seus próprios e gratos abusufrutos. Reteve-se de vê-la. Proibia-se de ser pseudo- personagem, em lance de tão vermelha e preta amplitude. Ela – longe – sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava-se a aguentar-se, nas defeituosas emoções. Enquanto, ora, as coisas amaduravam. Todo fim é im- possível? Azarado fugitivo, e como à Providência praz, o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso. Soube-o logo Jó Joaquim, em seu franciscanato, dolorido mas já medicado. Vai, pois, com a amada se encontrou – ela sutil como uma colher de chá, grude de engodos, o firme fascínio. Nela acreditou, num abrir e não fechar de ouvidos. Daí, de repente, casaram-se. Alegres, sim, para feliz escândalo popular, por que forma fosse. (Tutameia, 1979.) Considere os seguintes provérbios: 1. “A desgraça vem sem ser chamada.” 2. “À desgraça ninguém foge.” 3. “Até com a desgraça a gente se acostuma.” 4. “Desgraça pouca é bobagem.” 5. “A desgraça de uns é o bem de outros.” Qual dos provérbios mais se aproxima da ideia contida em “O trágico não vem a conta-gotas.” (6º parágrafo)? Justifique sua resposta. Texto para a questão 4. Seria ingenuidade procurar nos provérbios de qual- quer povo uma filosofia coerente, uma arte de viver. É coisa sabida que a cada provérbio, por assim dizer, res- ponde outro, de sentido oposto. A quem preconiza o sábio limite das despesas, porque “vintém poupado, vintém ga- nhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva”. [...] Mais aconselhável procurarmos nos anexins não a sabedoria de um povo, mas sim o espe- lho de seus costumes peculiares, os sinais de seu ambiente físico e de sua história. As diferenças na expressão de uma sentença observáveis de uma terra para outra podem di- vertir o curioso e, às vezes, até instruir o etnógrafo. Povo marítimo, o português assinala semelhança grande entre MED_2021_L2_INT_FU.INDD / 16-12-2020 (19:10) / EXT.DIAGRAMACAO.02 / PROVA FINAL MED_2021_L2_INT_FU.INDD / 16-12-2020 (19:10) / EXT.DIAGRAMACAO.02 / PROVA FINAL Interpretação de texto AULA 15 Temas e figuras I104 pai e filho, lembrando que “filho de peixe, peixinho é”. Já os húngaros, ao formularem a mesma verdade, não pen- savam nem em peixe, nem em mar; ao olhar para o seu quintal, notaram que a “maçã não cai longe da árvore”. Paulo Rónai, Como aprendi o português e outras aventuras. 4 Enem No texto, a função argumentativa do provérbio “Da vida nada se leva” é expressar uma filosofia de vida contrária à que está presente em “vintém pou- pado, vintém ganhado”. Também é contrário a esse último provérbio o ensinamento expresso em: a Mais vale pão hoje do que galinha amanhã. b A boa vida é mãe de todos os vícios. c De grão em grão a galinha enche o papo. d Devagar se vai ao longe. e É melhor prevenir do que remediar. 5 Fuvest 2016 Seria ingenuidade procurar nos provérbios de qualquer povo uma filosofia coerente, uma arte de vi- ver. É coisa sabida que a cada provérbio, por assim dizer, responde outro, de sentido oposto. A quem preconiza o sábio limite das despesas, porque “vintém poupado, vintém ganhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva”. [...] Mais aconselhável pro- curarmos nos anexins não a sabedoria de um povo, mas sim o espelho de seus costumes peculiares, os sinais de seu ambiente físico e de sua história. As diferenças na ex- pressão de uma sentença observáveis de uma terra para outra podem divertir o curioso e, às vezes, até instruir o etnógrafo. Povo marítimo, o português assinala seme- lhança grande entre pai e filho, lembrando que “filho de peixe, peixinho é”. Já os húngaros, ao formularem a mes- ma verdade, não pensavam nem em peixe, nem em mar; ao olhar para o seu quintal, notaram que a “maçã não cai longe da árvore”. Paulo Rónai, Como aprendi o português e outras aventuras. Considere as seguintes afirmações sobre os dois pro- vérbios citados no terceiro parágrafo do texto. I. A origem do primeiro, de acordo com o autor, está ligada à história do povo que o usa. II. Em seu sentido literal, o segundo expressa costu- mes peculiares dos húngaros. III. A observação das diferenças de expressão entre esses provérbios pode, segundo o pensamento do autor, ter interesse etnográfico. Está correto apenas o que se afirma em a I. b II. c III. d I e II. e I e III. 6 Unicamp 2016 O poema abaixo é de autoria de Ma- noel de Barros e foi publicado no Livro sobre nada, de 1996. A ciência pode classificar e nomear todos os órgãos de um sabiá mas não pode medir seus encantos. A ciência não pode calcular quantos cavalos de força existem nos encantos de um sabiá. Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar: divinare. Os sabiás divinam. Manoel de Barros. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 53. a) No poema há uma estrutura típica de provérbios com uma finalidade crítica. Aponte duas caracte- rísticas dessa estrutura. b) Considerando que o poeta joga com os sentidos do verbo “adivinhar” e da sua raiz latina divinare, justifique o neologismo usado no último verso. Int. de texto • Livro único • Frente única • Capítulo 5 I. Leia as páginas de 118 a 120. II. Faça os exercícios de 10 a 12 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos 16, 17 e 32. Guia de estudos MED_2021_L2_INT_FU.INDD / 16-12-2020 (19:10) / EXT.DIAGRAMACAO.02/ PROVA FINAL MED_2021_L2_INT_FU.INDD / 16-12-2020 (19:10) / EXT.DIAGRAMACAO.02 / PROVA FINAL