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INTERPRETAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR 1PROENEM.COM.BR SEQUENCIADORES IV: CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS17 As conjunções subordinativas são sequenciadores que atuam de forma a criar uma dependência sintático-semântica entre orações, sendo um mecanismo extremamente importante na construção dos sentidos do texto. Veja a classificação abaixo das conjunções subordinativas: INTEGRANTES Introduzem as orações subordinadas substantivas e não têm valor semântico: que, se. Só sei que não era o entregador de pizza. Querem saber se você virá à minha casa. CAUSAIS Introduzem uma relação de causa: porque, visto que, uma vez que, já que, como... Já que não o conhecia, decidi não abrir a porta. CONCESSIVAS Estabelecem uma relação de concessão ou oposição de ideias: embora, ainda que, se bem que... Embora não o conhecesse,contei-lhe sobre a minha vida. COMPARATIVAS Apresentam uma relação de comparação entre elementos: (mais) ... do que, (menos) ... do que, assim como, bem como, como... Agia como um louco. CONDICIONAIS Introduzem uma condição de realização do acontecimento enunciado na outra oração: se, caso, contanto que, desde que, a menos que, salvo, a não ser que... Se um dia eu for solto, o que vai ser da sua vida? CONFORMATIVAS Estabelecem uma relação de conformidade, isto é, uma espécie de comparação com algum elemento tomado como padrão ou referencial: conforme, consoante, segundo... Segundo o advogado, ele jamais será solto. CONSECUTIVAS Apresentam a relação de consequência entre dois enunciados: (tal) que, (tanto) que, (tão) que... Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele homem. (Clarice Lispector) FINAIS Demonstram a finalidade de um enunciado: para que, que, a fim de que... Ao chegarmos à porta do Ateneu, meu pai orientou-me para que lá eu encontrasse o mundo. PROPORCIONAIS Apresentam uma relação de proporcionalidade: à medida que, à proporção que, quanto mais ... mais, quanto menos ... menos, ao passo que ... À medida que se refaziam as contas,percebia que tudo estava certo. TEMPORAIS Introduzem uma relação temporal: quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, apenas, mal, enquanto... Quando ouço esta canção, sempre me lembro de você. PROTREINO EXERCÍCIOS 01. Defina as conjunções subordinativas. 02. Aponte quantas e quais são as conjunções subordinativas. 03. Indique para que serve a conjunção integrante. 04. Explique a diferença entre as conjunções comparativas e as conformativas. 05. Sublinhe as conjunções nas frases abaixo. a) Reescreva esta parte do texto, pois está confusa. b) Lúcia teve um desempenho melhor do que Carmem no verstibular. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) Miss Universo: “As pessoas racistas devem procurar ajuda” SÃO PAULO – Leila Lopes, de 25 anos, não é a primeira negra a receber a faixa de Miss Universo. A primazia coube a Janelle “Penny” Commissiong, de Trinidad e Tobago, vencedora do concurso em 1977. Depois dela vieram Chelsi Smith, dos Estados Unidos, em 1995; Wendy Fitzwilliam, também de Trinidad e Tobago, em 1998, e Mpule Kwelagobe, de Botswana, em 1999. Em 1986, a gaúcha Deise Nunes, que foi a primeira negra a se eleger Miss Brasil, ficou em sexto lugar na classificação geral. Ainda assim a estupidez humana faz com que, vez ou outra, surjam manifestações preconceituosas como a de um site brasileiro que, às vésperas da competição, e se valendo do anonimato de quem o criou, emitiu opiniões do tipo “Como alguém consegue achar uma preta bonita?” Após receber o título, a mulher mais linda do mundo – que tem o português como língua materna e também fala fluentemente o inglês – disse o que pensa de atitudes como essa e também sobre como sua conquista pode ajudar os necessitados de Angola e de outros países. COSTA, D. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 10 set. 2011 (adaptado). O uso da expressão “ainda assim” presente nesse texto tem como finalidade PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR2 INTERPRETAÇÃO 17 SEQUENCIADORES IV: CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS a) criticar o teor das informações fatuais até ali veiculadas. b) questionar a validade das ideias apresentadas anteriormente. c) comprovar a veracidade das informações expressas anteriormente. d) introduzir argumentos que reforçam o que foi dito anteriormente. e) enfatizar o contrassenso entre o que é dito antes e o que vem em seguida. 02. (UERJ) Ninguém imaginou que o poder e o dinheiro se tornariam tão concentrados em megahipercorporações norte- americanas como o Google, que iriam destruir para sempre tantas indústrias e atividades O vocábulo tão, associado ao conectivo que, estabelece uma relação coesiva de: a) concessão b) explicação c) consequência d) simultaneidade 03. (IFPE) Sabemos que os elementos de coesão (dentre os quais estão as conjunções e as locuções conjuntivas) são responsáveis por garantir a ligação harmoniosa, por exemplo, entre termos, períodos e parágrafos de um texto. Após analisar o conectivo grifado no trecho abaixo, assinale a opção pela qual seria CORRETO substituí-lo sem que houvesse prejuízo em relação ao sentido estabelecido. “Todos esses problemas se tornam especialmente importantes para o Brasil por tratarem-se de uma das principais fronteiras agrícolas do planeta. Por isso, é importante discutir alternativas saudáveis aos agrotóxicos”. a) Proporcionalmente b) Em seguida c) Entretanto d) Logo e) Ou seja 04. (UNESP) Em “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,”, a conjunção aditiva “e” assume valor a) causal. b) alternativo. c) conclusivo. d) adversativo. e) explicativo. 05. (UNESP) Para responder à questão a seguir, leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980), publicada originalmente em setembro de 1953. Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva, um seu criado...”) tornou- se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito mais de um linguista que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas, como linguista, cultor do 1vernáculo e aplicador de sutilezas gramaticais, seu Afredo estava sozinho. Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação linguística perturbava às vezes a colocação pronominal. Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou ligeiramente 2ressabiada quando seu Afredo, casualmente de passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular: – Onde vais assim tão elegante? Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo do trabalho, fazendo os mais deliciosos pedantismos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à 3lide caseira, queixou-se do fatigante 4ramerrão do trabalho doméstico. Seu Afredo virou-se para ela e disse: – Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e tomar a sua quilometragem. Diz que é muito bão. De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora, cantarolava ao piano enquanto seu Afredo, acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto minha tia mais gorda. Pois bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe: – Cantas? Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso amarelo: – É, canto às vezes, de brincadeira... Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe explicou o temperamento do nosso encerador: – Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É excesso de... gramática. Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela com ar disfarçado e falou: – Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em programa de calouro! E, a seguir, ponderou: – Agora, piano é diferente. Pianista ela é! E acrescentou: – Eximinista pianista!Para uma menina com uma flor, 2009. 1vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional. 2ressabiado: desconfiado. 3lide: trabalho penoso, labuta. 4ramerrão: rotina. Em “Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela com ar disfarçado e falou [...]” (12º parágrafo), a conjunção destacada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por: a) assim como. b) logo que. c) enquanto. d) porque. e) ainda que. 06. (UNICAMP) O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões armados matando em brigas de trânsito e supermercados. Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias. (Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível em https://cinegnose. Blogs pot. com/2019/02/globo-adota-boa- noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03 /2019.) Considerando a matéria apresentada no jornal, o uso da conjunção adversativa seguido da expressão “a boa notícia é que” permite ao jornalista a) apontar a gravidade da notícia e compensá-la. b) expor a neutralidade da notícia e reforçá-la. c) minimizar a relevância da notícia e acentuá-la. d) revelar a importância da notícia e enfatizá-la. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 17 SEQUENCIADORES IV: CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS 3 INTERPRETAÇÃO 07. (CFTMG) Um escritor! Um escritor! Antônio Prata* Com o jornal numa mão e um guaraná diet na outra, eu caminhava pelas ruas de 1Kiev, desviando de barricadas e coquetéis molotov, quando a voz no sistema de som me trouxe de volta à poltrona 11C do Boeing 737: “Atenção, senhores passageiros, caso haja um médico a bordo, favor se apresentar a um de nossos comissários”. Foi aquele discreto alvoroço: todos cochichando, olhando em volta, procurando o doente e torcendo por um doutor, até que, do fundo da aeronave, despontou o nosso herói. Vinha com passos firmes — grisalho, como convém —, a vaidade disfarçada num leve enfado, como um Clark Kent que, naquele momento, estivesse menos interessado em demonstrar os superpoderes do que em comer seus amendoins. Um comissário o encontrou no meio do corredor e o levou, apressado, até uma senhora gorducha que segurava a cabeça e hiperventilava na primeira fileira do avião. O médico se agachou, tomou o pulso, auscultou peito e costas, conversou baixinho com ela, depois falou com a aeromoça. Trouxeram uma caixa de metal, ele deu um comprimido à mulher e, nem dez minutos mais tarde, voltou pros seus amendoins, sob os olhares admirados de todos. Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir, foi rapidamente 2fagocitada pela inveja. Ora, quando a medicina nasceu, com Hipócrates, a história de 3Gilgamesh já circulava pelo mundo havia mais de dois milênios: desde tempos imemoriais, enquanto o corpo seguia ao deus-dará, a alma era tratada por mitos, versos, fábulas — e, no entanto... No entanto, caros leitores, quem aí já ouviu uma aeromoça pedir, ansiosa: “Atenção, senhores passageiros, caso haja um escritor a bordo, favor se apresentar a um de nossos comissários”? Eu não me abalaria. Fecharia o jornal, sem afobação, poria uma Bic e um guardanapo no bolso, iria até a senhora gorducha e me agacharia ao seu lado. Conversaríamos baixinho. Ela me confessaria, quem sabe, estar prestes a reencontrar o filho, depois de dez anos brigados: queria falar alguma coisa bonita pra ele, mas não era boa com as palavras. Eu faria uma rápida 5anamnese: perguntaria os motivos da briga, 5se o filho estava mais pra Proust ou pra UFC, levantaria recordações prazerosas da relação e, antes de tocarmos o solo, entregaria à mulher três parágrafos capazes de verter lágrimas até da estátua do Borba Gato. De volta ao meu lugar, passageiros me cumprimentariam e compartilhariam histórias semelhantes. Uma jovem mãe me contaria do primo poeta que, num restaurante, ao ouvir os apelos do garçom —”Um escritor, pelo amor de Deus, um escritor!”—, tinha sido levado até um rapaz apaixonado e conseguido escrever seu pedido de casamento no cartão de um buquê antes que a futura noiva voltasse do banheiro. Um senhor comentaria o caso muito conhecido do romancista que, após as súplicas de mil turistas, fora capaz de convencer 200 tripulantes de um cruzeiro a abandonar o gerúndio. Eu sorriria, de leve. Diria “Pois é, se você escolheu essa profissão, tem que estar preparado pras emergências”, então recusaria, educadamente, o segundo saquinho de amendoins que a aeromoça me ofereceria e voltaria, como se nada tivesse acontecido, para as 6bombas da Crimeia, com meu copo de guaraná. *Antonio Prata Escritor e roteirista, autor de Nu, de Botas. Jornal Folha de São Paulo, 25 mai. 2014 – Disponível em: <https://www1.folha.uol.com. br/colunas/antonioprata/>. Acesso em 27 ago.2019. VOCABULÁRIO DE APOIO: 1 Kiev: capital e maior cidade da Ucrânia. No trecho: “eu caminhava pelas ruas de Kiev, desviando de barricadas e coquetéis molotov”, o autor se refere ao tema do livro (Guerra da Crimeia) que ele lia, enquanto estava no voo. Os termos ‘barricadas’(trincheiras feitas de improviso) e ‘coquetéis molotov’ (tipo de arma química, geralmente usada em guerrilhas) estão relacionados ao tema da leitura feita pelo autor. 2 fagocitada: neologismo criado a partir de fagocitose: processo de ingestão e destruição de partículas sólidas, como bactérias ou pedaços de tecido necrosado, por células ameboides chamadas de fagócitos [tem como uma das funções a proteção do organismo contra infecções.]; no texto, ‘fagocitada’ pode ser substituída por ‘devorada’. 3 No trecho: “a medicina nasceu, com Hipócrates, a história de Gilgamesh”, o autor se refere a Hipócrates – pensador grego, considerado o “pai da Medicina” – e a Gilgamesh - rei da Suméria, mais conhecido atualmente por ser o personagem principal da Epopeia de Gilgamesh, um épico mesopotâmico preservado em tabuletas escritas com caracteres cuneiformes (o mais antigo tipo de escrita do mundo). 4 anamnese: lembrança, recordação pouco precisa. No campo da medicina, anamnese é um histórico que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças do paciente. 5 No trecho: “se o filho estava mais pra Proust ou pra UFC”, o autor se refere a um escritor francês (Proust, importante escritor no cenário da literatura mundial) e a UFC, cuja sigla em inglês Ultimate Fighting Championship, designa organização de MMA (Artes Marciais Mistas) que produz eventos ao redor de todo o mundo. 6 bombas da Crimeia – referência à Guerra da Crimeia (1853-1856), assunto do livro que o autor lia, durante o voo. No texto, há o uso de diferentes conjunções (elementos coesivos) com a finalidade de demarcar conexões de sentido. A partir dessa afirmação, existe correlação entre a conjunção em destaque e a informação de sentido entre colchetes em a) Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir, foi rapidamente fagocitada pela inveja. [explicação] b) “Atenção, senhores passageiros, caso haja um escritor a bordo, favor se apresentar a um de nossos comissários”? [causa]c) Trouxeram uma caixa de metal, ele deu um comprimido à mulher e, nem dez minutos mais tarde, voltou pros seus amendoins, sob os olhares admirados de todos. [tempo] d) Ela me confessaria, quem sabe, estar prestes a reencontrar o filho, depois de dez anos brigados: queria falar alguma coisa bonita pra ele, mas não era boa com as palavras. [adição] 08. (UFAL) Os resíduos sólidos no setor de saneamento ambiental No Brasil, embora tenha sido verificada pequena evolução nos últimos anos, os níveis de atendimento dos serviços de coleta e tratamento de esgotos ainda encontram-se em patamares inferiores ao dos países desenvolvidos e mesmo de outros países em desenvolvimento. [...] Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/quimica/0021.html> . Acesso em: 10 maio 2014. O elemento coesivo destacado poderá ser substituído, sem prejuízos semânticos, por a) visto que. b) consoante. c) desde que. d) conquanto. e) de forma que. 09. (UEG) O período “Se a senhora não precisa de nada, vou ao médico” (Eça de Queirós) pode ser reescrito, sem prejuízo de sentido, do seguinte modo: a) Ainda que a senhora não precise de nada, vou ao médico. b) Caso a senhora não precise de nada, vou ao médico. c) Já que a senhora não precisa de nada, vou ao médico. d) Porque a senhora não precisa de nada, vou ao médico. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR4 INTERPRETAÇÃO 17 SEQUENCIADORES IV: CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS 10. (ENEM) Da timidez Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico, só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença. [...] O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma plateia, o tímido não pensa nos membros da plateia como indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a plateia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó. VERISSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Entre as estratégias de progressão textual presentes nesse trecho, identifica-se o emprego de elementos conectores. Os elementos que evidenciam noções semelhantes estão destacados em: a) “Se ficou notório por ser tímido” e “[...] então tem que se explicar”. b) “então tem que se explicar” e “[...] quando as estrelas virarem pó”. c) “[...] ficou notório apesar de ser tímido [...] e “[...] mas isto não é vantagem [...]. d) “[...] um estratagem para ser notado [...]” e “Tão secreto que nem ele sabe”. e) “[...] como no paradoxo psicanalítico [...]” e “[...] porque só ele acha [...]”. 11. (ENEM) O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área. No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0. Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado). O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vá rios conectivos, sendo que a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça. b) enquanto conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo. c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência. d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado. e) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio. 12. (UECE) Pessoas habitadas 1Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava sobre uma terceira pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a como sendo 2boa gente, esforçada, ótimo caráter. 3"Só tem um probleminha: 4não é habitada". Rimos. Uma expressão coloquial na França – habité‚ – mas nunca tinha escutado por estas paragens e com este sentido. Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma parecida, também costuma dizer 5"aquela ali tem gente em casa" quando se refere a 6pessoas que fazem diferença. 7Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas, se não é habitada, rapidinho coloca os outros pra dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de ser má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. 8A Suíça, de fato, é um país de contos de fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas 9falta uma ebulição que a salve do marasmo. Retornando ao assunto: pessoas habitadas 10são aquelas possuídas por si mesmas, em diversas versões. Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes 11por causa disso. Não transformam suas "inadequações" em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não se amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma fala fora do script, sem 12nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal que defendem. 13Além disso, mantêm com a solidão uma relação mais do que cordial. 14Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não necessariamente. Entre os habitados há de tudo, gente fenomenal e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não merecem abrandamento de pena pelo fato de serem, em certos aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam. Interessam, mas causam dano. 15Eu não gostaria de repartir a mesa de um restaurante com Hannibal Lecter, "The Cannibal", 16ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem imortalizado por Anthony Hopkins renderia um papo mais estimulante do que uma conversa com, 17sei lá, Britney Spears, que 18só tem gente em casa porque está grávida. Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer seja nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda. MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva, 324-325. Considerando as expressões “por causa disso” (referência 11) e “Além disso” (referência 13), é correto afirmar que a) apenas uma das duas aponta para algo que já foi dito no texto. b) as duas sintetizam no pronome (d)isso informações que são mencionadas anteriormente no texto. c) uma das duas ocorrências constitui umadesobediência à orientação da gramática normativa para o uso dos pronomes demonstrativos. d) ambas fazem referência a um elemento pontual no texto. 13. (FUVEST) Tornando da malograda espera do tigre, 1alcançou o capanga um casal de velhinhos, 2que seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera 3que destinavam eles uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça. - Mas chegará, homem? perguntou a velha. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 17 SEQUENCIADORES IV: CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS 5 INTERPRETAÇÃO - Há de se espichar bem, mulher! Uma voz os interrompeu: - Por este preço dou eu conta da roça! - Ah! É nhô Jão! Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem de palavra, e de fazer o que prometia. Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar que estava destinado para o roçado. Acompanhou-os Jão Fera; porém, 4mal seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada, a qual ele esquecera um momento no afã de ganhar a soma precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos e foi-se deixando-os embasbacados. ALENCAR, José de. Til. * moquirão = mutirão (mobilização coletiva para auxílio mútuo, de caráter gratuito). Considerada no contexto, a palavra sublinhada no trecho “mal seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada” (ref. 4) expressa ideia de a) tempo. b) qualidade. c) intensidade. d) modo. e) negação. 14. (IFPE) O FIM DO LIVRO DE PAPEL Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em 1427. Eram manuscritos lindos, que valiam cada um o preço de uma casa. Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de Gutenberg chegar às ruas. Depois dela, os livros deixaram de ser obras artesanais exclusivas de milionários e viraram o que viraram. Graças a uma novidade: a prensa de tipos móveis, que era capaz de fazer milhares de cópias no tempo que um monge levava para terminar um manuscrito. Foi uma revolução sem igual na história e blá, blá, blá. Só que uma revolução que já acabou. Há 10 anos, pelo menos. Quando a internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria uma borracha na história do papel impresso e começaria outra. Mas aconteceu justamente o que ninguém esperava: nada. A internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros. Muito pelo contrário. O 2o negócio online que mais deu certo (depois do Google) é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz sentido. Por que o livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada à internet, é tão arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas de argila continua firme? Você sabe por quê. Ler um livro inteiro no computador é insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo embalado num pacote portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia de Gutenberg. Isso sem falar em outro ingrediente: quem gosta de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte tocar neles, sentir o fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de fetiche. Amor até. Mas esse amor só dura porque ainda não apareceu nada melhor que um livro para a atividade de ler um livro. Se aparecer… Se aparecer, não: quando aparecer. Depois do CD, que já morreu, e do DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos, o livro impresso é o próximo da lista. VERSIGNASSI, Alexandre. O fim do livro de papel. Disponível em: <https://super.abril. com.br/tecnologia/o-fim-do-livro-de-papel/>. Acesso em: 06 out. 2017. Para estabelecer unidade de sentido, os textos são construídos com recursos que permitem articulação entre suas partes. Quanto à ligação entre os parágrafos do texto, analise as afirmativas abaixo. I. A relação entre o segundo e o primeiro parágrafos se estabelece por meio da elipse, pois o verbo “ser” em “Foi uma revolução sem igual na história” retoma a criação da prensa de tipos móveis descrita no primeiro parágrafo. II. O terceiro parágrafo é iniciado pela conjunção “mas”, que introduz uma ideia oposta à construída no parágrafo anterior: a superação do papel impresso pelo crescimento da internet, sendo assim, há uma quebra de expectativa. III. Com a afirmação “Você sabe por quê”, que inicia o quarto parágrafo, o autor mantém a continuidade textual por meio da resposta às questões retóricas que finalizaram o terceiro parágrafo. IV. Em “Mas esse amor só dura porque”, a conjunção grifada adiciona uma informação sobre o amor que as pessoas em geral têm pelo livro de papel, introduzindo uma relação temporal entre o quarto e o quinto parágrafo. V. A coesão entre os parágrafos do texto constituiu-se por meio de conjunções adversativas e temporais, estabelecendo relações de oposição, de causa e consequência e de tempo. Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas a) I, III e V. b) II, III e IV. c) I, II e III. d) II, III e V. e) I, IV e V. 15. (IFSP) Conjunções são palavras que ligam orações independentes; elas podem apresentar ideias conclusivas, alternadas, explicativas, dependendo do contexto e conjunção utilizada. Observe a oração abaixo: Joana estudou o ano inteiro, logo foi bem nas provas finais. Assinale a alternativa cuja conjunção destacada apresenta a mesma função da conjunção destacada na oração. a) Ele não respondeu às minhas cartas nem me telefonou. b) A mulher chamou o táxi, porém não foi ouvida. c) Tudo foi executado conforme planejamos. d) Você me ajudou muito; terá, pois, minha eterna gratidão. e) Viajarei mesmo que meus pais não autorizem. 16. (IFSUL) SOMOS TODOS ESTRANGEIROS Volta e meia, em nosso mundo redondo, colapsa o frágil convívio entre os diversos modos de ser dos seus habitantes. 1Neste momento, vivemos uma nova rodada 2dessas com os inúmeros refugiados, famílias fugitivas de suas guerras civis e massacres. Eles tentam entrar na mesma Europa que já expulsou seus famintos e judeus. Esses movimentos introduzem gente destoante no meio de outras culturas, estrangeiros que chegam falando atravessado, comendo, amando e rezando de outras maneiras. Os diferentes se estranham. Fui duplamente estrangeira, no Brasil por ser uruguaia, em ambos os países e nas escolas públicas por ser judia. A instrução era tentar mimetizar-se, falar com o menor sotaque possível, ficar invisível no horário do Pai Nosso diário. Certamente todos conhecem esse sentimento de sentir-se estrangeiro, ficar de fora, de não ser tão autêntico quanto os outros, ou não ser escolhido para o que realmente importa. Na 3infância, tudo é grande demais, amedronta e entendemos fragmentariamente, como recém-chegados. Na puberdade, perdemos a familiaridade com nossos familiares: o que antes parecia natural começa __________ soar como estrangeiro. 4Na 5adolescência, sentimo-nos estranhos __________ quase tudo, andamos por aí enturmados com os da mesma idade ou estilo, tendo apenas uns aos outros como cúmplices para existir. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR6 INTERPRETAÇÃO 17 SEQUENCIADORES IV: CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS O fim desse desencontro deveria ocorrer no começo da vida adulta, quando trabalhamos, procriamos e tomamos decisões de repercussão social. Finalmente 6deveríamos sentir-nos legítimos cidadãos da vida. 7Porém, julgamos ser uma fraude: 8imaginávamos que os adultos eram algo maior, mais consistente do que sentimos ser. Logo em seguida disso, já começamos a achar que perdemos o bonde da vida. O tempo nos faz estrangeiros __________ própria existência. Uma das formas mais simples de combater todo esse 9mal- estar é encontrar outro para chamar de diferente, de inadequado. 10Quem pratica o bullying, quer seja entre alunos ou com os que têm hábitos e aparência distintos do seu, conquista momentaneamente a ilusão da legitimidade. Quem discrimina arranja no grito e na violência um lugar para si. Convivercom as diferentes cores de pele, interpretações dos gêneros, formas de amar e casar, vestimentas, religiões ou a falta delas, línguas faz com que todos sejam estrangeiros. Isso produz a mágica sensação de inclusão universal: 11se formos todos diferentes, ninguém precisa sentir-se excluído. Movimentos migratórios misturam povos, a eliminação de barreiras de casta e de preconceitos também. Já pensou que delícia se, no futuro, entendermos que na vida ninguém é nativo. 12A existência de cada um é como um barco em que fazemos um trajeto ao final do qual sempre partiremos sem as malas. Texto adaptado de Diana Corso, publicado em 12 de setembro de 2015. Disponível em: <http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/09/12/artigo-somos-todos-estrangeiros/?to po=13,1,1,,,13>. Acesso em: 19 out. 2015 As conjunções porém (ref. 7) e se (ref.11) estabelecem, respectivamente, relações de a) condição e oposição. b) concessão e oposição. c) oposição e concessão. d) oposição e condição. 17. (IFBA) O Segundo Sol (Cássia Eller) Quando o segundo sol chegar Para realinhar as órbitas dos planetas Derrubando com assombro exemplar O que os astrônomos diriam Se tratar de um outro cometa Não digo que não me surpreendi Antes que eu visse você disse E eu não pude acreditar Mas você pode ter certeza De que seu telefone irá tocar Em sua nova casa Que abriga agora a trilha Incluída nessa minha conversão Eu só queria te contar Que eu fui lá fora E vi dois sóis num dia E a vida que ardia sem explicação Explicação, não tem explicação Explicação, não Não tem explicação Explicação, não tem Não tem explicação Explicação, não tem Explicação, não tem Não tem Disponível em: http://letras.mus.br/cassia-eller/12570/. Acesso em: 19.09.2015. Na primeira estrofe da letra de música “O Segundo Sol”, há duas conjunções subordinativas que, respectivamente, dão ideia de: a) causa e modo. b) tempo e modo. c) tempo e causa. d) modo e finalidade. e) tempo e finalidade. 18. (UNESP) “Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente,” Os termos destacados constituem a) pronomes. b) conjunções. c) uma conjunção e um advérbio, respectivamente. d) um pronome e uma conjunção, respectivamente. e) uma conjunção e um pronome, respectivamente. 19. (IFPE) SAIBA MAIS SOBRE A LÍNGUA DOTHRAKI Conversamos com David Peterson, linguista responsável pela criação dos idiomas de Game of Thrones Se você encontrar um integrante de uma tribo Dothraki, é uma boa ideia saudá-lo com um respeitoso “m’athchomaroon” e passar longe de palavras como “gale”. Quem afirma isso é o linguista contratado pela série Game of Thrones para criar as línguas “estrangeiras” da história - o Dothraki e o Alto Valiriano. David Peterson, formado pela Universidade da Califórnia em San Diego, é integrante da Sociedade de Criação de Linguagens, organização que se dedica às conlangs. Conlang não é uma gíria Dothraki e, sim, uma sigla que, em inglês, significa “língua construída”. Ou seja, idiomas como o esperanto, que tiveram suas regras, palavras e construções pensadas e desenvolvidas — diferente das línguas naturais, que surgem de forma espontânea através da derivação de sons e de dialetos. Conversamos com David Peterson sobre a Guerra dos Tronos, a criação do Dothraki e até pedimos para que ele nos ensinasse a xingar no idioma de Khal Drogo. Confira: (1) Galileu: Qual é a relação que você manteve no idioma com a cultura Dothraki? Peterson: O idioma inteiro é baseado na realidade dos Dothraki. Consequentemente, há palavras para descrever todas as plantas, animais e os fenômenos que acontecem em seu cotidiano — e nenhuma para situações desconhecidas. (2) Galileu: Pode dar exemplos? Peterson: Não faria sentido criar palavras para “livro”, “ler” e “escrever”, já que o Dothraki não existe na forma escrita. Também não há palavra equivalente a “obrigado”, porque a cultura deles não observa a gratidão da mesma forma. Mas há palavras diferentes para fezes de animais, dependendo se elas estão frescas ou secas. Como as fezes secas são usadas para fazer fogueiras, essa distinção é muito importante para eles. Também há 14 palavras diferentes para “cavalo”. (3) Galileu: Os atores da série conseguem se comunicar na língua? Peterson: Pelo que sei, os atores apenas memorizam as falas, sem aprender o idioma. Não esperava que eles aprendessem, afinal, seria um trabalhão. Eles “pegaram” algumas palavras e expressões, mas duvido que conseguissem manter uma conversa simples em Dothraki. (4) Galileu: Você também criou o Alto Valiriano, outro idioma falado em Essos, e disse, em entrevista, que a língua é “quase bonita demais”. Quais são os sons e as construções que tornam isso possível? De que forma o Alto Valiriano se opõe aos sons guturais e pesados do Dothraki? PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 17 SEQUENCIADORES IV: CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS 7 INTERPRETAÇÃO Peterson: O Alto Valiriano é mais rico em ditongos do que o Dothraki. E enquanto possui uma pegada gutural, o som é mais raro. Gramaticamente, as línguas têm suas diferenças. As duas não têm artigos, mas a ordem das palavras é diferente, com o verbo sempre entrando no final da sentença e os adjetivos sempre precedendo o pronome que eles modificam. (5) Galileu: Em aulas de línguas estrangeiras, uma das primeiras coisas que aprendemos (normalmente através dos colegas e não dos professores) são os xingamentos. E também gostamos de zoar os gringos que vêm ao Brasil, ensinando palavrões em português, como se tivessem outro significado. Você pode nos ensinar a xingar em Dothraki? Peterson: Claro! O Dothraki é um idioma “abençoado” com muitos palavrões. “Ifak”, por exemplo, é uma palavra que tem o significado de gringo, de estrangeiro. Mas no Dothraki é usado como um insulto. “Graddakh” é a palavra usada para fezes, sempre em tom pejorativo. Muitos dos outros xingamentos são óbvios, como “gale” que significa ovo — mas também a genitália masculina. GALASTRI, Luciana. Saiba mais sobre a língua dothraki. Disponível em: <https:// revistagalileu.globo.com/Cultura/Series/noticia/2014/06/o-criador-das-linguas-de- game-thrones.html>. Acesso em: 04 maio 2019 (adaptado). Marque a única alternativa que analisa CORRETAMENTE as relações de sentido estabelecidas pelo uso de conjunções. a) Em “Quem afirma isso é o linguista contratado pela série Game of Thrones para criar as línguas ‘estrangeiras’ da história” (1º parágrafo), a conjunção destacada introduz uma relação de causa e consequência entre as orações, enfatizando a ação do linguista e, consequentemente, sua criação: as línguas estrangeiras. b) Em “Se você encontrar um integrante de uma tribo Dothraki, é uma boa ideia saudá-lo com um respeitoso ‘m’athchomaroon’” (1º parágrafo), a conjunção destacada introduz uma relação de condição, ajudando a criar uma ideia de possibilidade no enunciado. c) Em “Como as fezes secas são usadas para fazer fogueiras” (pergunta 2) e em “ensinando palavrões em português, como se tivessem outro significado” (pergunta 5), a conjunção “como” introduz o sentido de comparação. d) Em “Não faria sentido criar palavras para ‘livro’, ‘ler’ e ‘escrever’, já que o Dothraki não existe na forma escrita” (pergunta 2), a expressão destacada apresenta uma consequência sobre a falta de sentido na criação de determinadas palavras na língua Dothraki. e) Em “Eles ‘pegaram’ algumas palavras e expressões, mas duvido que conseguissem manter uma conversa simples em Dothraki” (pergunta 3), a conjunção destacada estabelece uma relação de finalidade entre aprender algumas palavras e falar, de fato, o idioma Dothraki. 20. (FUVEST) Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vemde Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. Na última estrofe, a expressão que justifica o uso da conjunção sublinhada no verso “Mas como dói!” é: a) “Hoje”. b) “funcionário público”. c) “apenas”. d) “fotografia”. e) “parede”. APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01. (UFJF) Para responder à questão, leia o fragmento da peça Se eu fosse Iracema, de Fernando Marque. A história do homem branco é história. A ciência do homem branco é ciência. A religião do homem branco é religião. A arte do homem branco é arte. A filosofia do homem branco é filosofia. E a história de qualquer outro homem é folclore, é caso, é mentira, é bobagem, é superstição, é lenda, é enredo de escola de samba, é poesia de livro didático. Só o homem branco sabe, Só o homem branco sobe, Só o homem branco salva, Os outros homens: selva. MARQUES, Fernando. Se eu fosse Iracema. Rio de Janeiro, 2016. 20p. Folder elaborado para divulgação. Releia o seguinte trecho: “A filosofia do homem branco é filosofia. E a história de qualquer outro homem é folclore.” Substitua a conjunção “e” por outra que não altere fundamentalmente o sentido do trecho destacado. Justifique sua escolha. 02. (UNESP) Para responder à questão, leia o trecho inicial do conto “Desenredo”, do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967). Do narrador a seus ouvintes: – Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Com elas quem pode, porém? Foi Adão dormir, e Eva nascer. Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu. Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas muito tendo tudo de ser secreto, claro, coberto de sete capas. Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR8 INTERPRETAÇÃO 17 SEQUENCIADORES IV: CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS Não se via quando e como se viam. Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, minuciosamente. Esperar é reconhecer-se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano. Até que – deu-se o desmastreio. O trágico não vem a conta- gotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro… Sem mais cá nem mais lá, mediante revólver, assustou-a e matou-o. Diz- se, também, que de leve a ferira, leviano modo. Jó Joaquim, derrubadamente surpreso, no absurdo desistia de crer, e foi para o decúbito dorsal, por dores, frios, calores, quiçá lágrimas, devolvido ao barro, entre o inefável e o infando. Imaginara-a jamais a ter o pé em três estribos; chegou a maldizer de seus próprios e gratos abusufrutos. Reteve-se de vê-la. Proibia-se de ser pseudopersonagem, em lance de tão vermelha e preta amplitude. Ela – longe – sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava-se a aguentar-se, nas defeituosas emoções. Enquanto, ora, as coisas amaduravam. Todo fim é impossível? Azarado fugitivo, e como à Providência praz, o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso. Soube-o logo Jó Joaquim, em seu franciscanato, dolorido mas já medicado. Vai, pois, com a amada se encontrou – ela sutil como uma colher de chá, grude de engodos, o firme fascínio. Nela acreditou, num abrir e não fechar de ouvidos. Daí, de repente, casaram-se. Alegres, sim, para feliz escândalo popular, por que forma fosse. (Tutameia, 1979.) Reescreva a frase “Com elas quem pode, porém?” (2º parágrafo), substituindo o pronome “elas” pelo seu referente e a conjunção “porém” por outra de sentido equivalente. 03. (UERJ-adaptada) Observe as conjunções sublinhadas no trecho citado (1) e em sua reescritura (2): 1. mas enquanto neste país houver sacerdotes respeitáveis como Vossas Senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu lugar na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem! 2. mas quando neste país houver sacerdotes respeitáveis como Vossas Senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu lugar na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem! Apresente a diferença de sentido entre os dois enunciados, a partir do uso de cada conjunção. Explique, também, o efeito de sentido produzido pelo emprego da conjunção enquanto, considerando a conduta do padre Amaro e do cónego Dias ao longo da narrativa. 04. (FUVEST) Leia este texto. O tempo personalizou minha forma de falar com Deus, mas sempre termino a conversa com um pai-nosso e uma ave-maria. (...) Metade da ave-maria é uma saudação floreada para, só no final, pedir que ela rogue por nós. No pai-nosso, sempre será um mistério para mim o “mas” do “não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”. Me parece que, a princípio, se o Pai não nos deixa cair em tentação, já estará nos livrando do mal. Denise Fraga, www1.folha.uol.com.br, 07/07/2015. Adaptado. a) Mantendo-se a relação de sentido existente entre os segmentos “não nos deixeis cair em tentação” / “mas livrai- nos do mal”, a conjunção “mas” poderia ser substituída pela conjunção e, de modo a dissipar o “mistério” a que se refere a autora? Justifique. b) Sem alterar seu sentido, reescreva o trecho da oração citado pela autora, colocando os verbos “deixeis” e “livrai” na terceira pessoa do singular. 05. (UERJ - adaptada) O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, e, se a razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a aceitem, e crer nelas. A conjunção sublinhada e estabelece paralelismo sintático entre duas orações. Identifique-as. Reescreva o trecho acima, substituindo a conjunção e por outra conjunção coordenativa, mantendo o mesmo sentido e a mesma estrutura do período original. GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. E 02. C 03. D 04. D 05. B 06. A 07. A 08. D 09. B 10. C 11. D 12. B 13. A 14. C 15. D 16. D 17. E 18. E 19. B 20. C EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. A conjunção “e” adquire, no contexto, valor semântico de oposição entre as orações, podendo ser, assim, substituída por “mas”, “porém” ou “contudo”. 02. Após as substituições solicitadas, a frase teria a seguinte configuração: Com as mulheres, entretanto, quem pode? 03. Apesar de se tratar de conjunções temporais, há diferença de sentido entre elas: “enquanto” indica que já existem sacerdotes respeitáveis; já “quando” indica que ainda não há outros sacerdotes respeitáveis. O efeito de sentido é irônico, pois o conde de Ribamar crê haver padres idôneos em Portugal, e a leitura da obra indica exatamente o oposto desse pensamento. 04. a) Se a conjunção “mas” fosse substituída pela conjunção “e”, o estranhamento da autora desapareceria, pois a segunda oração deixaria de constituir oposição à primeira e seria entendida como um outro pedido a Deus: “não nos deixeis cair em tentação” / “e livrai-nos do mal”. b) Se a segunda pessoa do plural dos termos verbais “deixeis” e “livrai” fosse substituída pela terceira pessoa do singular, a frase correta seria: não nos deixe cair em tentação, mas livre-nos do mal. 05. Orações: supô-los excelentes/consultar pessoas. O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, ou, se a razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a aceitam,e crer nelas. ANOTAÇÕES
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