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2) QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA POSITIVISTA ITALIANA? CONTEXTUALIZE HISTORICAMENTE. MÍNIMO DE DUAS PÁGINAS, LETRA 12; ESPAÇO 1,5. LEIAM CAPÍTULO "A CONSTRUÇÃO DA FIGURA DO DELINQUENTE: O CRIMINOSO NATO", DO LIVRO "O QUE É CRIME". DATA PARA ENTREGA: 22 DE ABRIL A Escola Positivista Italiana possui como principal característica a sua visão positivista que coloca como pilar central a ciência e seus estudos de fenômenos da natureza, como a biologia, a partir dos quais são feitos estudos das causas do crime e do perfil dos criminosos. Além disso, essa Escola não considera o indivíduo criminoso como livre e capaz de se responsabilizar pelas suas próprias ações, pois ela segue um determinismo biológico que leva em conta apenas as características fisiológicas e biopsíquicas do sujeito, ignorando a influência de fenômenos sociais sobre o seu comportamento. Devido a isso, essa vertente da criminologia ocasiona no incentivo à discriminação e isolamento de grupos desprivilegiados, os quais são muitas vezes de segmentos populares, como as minorias étnicas. Uma outra característica é a ideia de que deve haver uma intervenção estatal para conter e limitar os impulsos do indivíduo considerado criminoso, ou seja, nesse caso, o Estado passa a ter a função de controlar e isolar esses grupos minoritários para manter a ordem social dos grupos privilegiados. Dessa forma, a Escola Positivista Italiana tem como atributo o uso da ciência “neutra” como meio de legitimação da intervenção estatal contra indivíduos resistentes ao sistema social baseado na relação capital-trabalho, isto é, no modelo de progresso baseado na exploração da força de trabalho e na acumulação do capital num mundo mercantilizado. Esse sistema contribuiu para a construção da figura do delinquente, isto é, do criminoso nato, que é conhecida até os dias de hoje. Segundo Dornelles (2009) a construção da figura do criminoso conhecida atualmente é fruto de um processo de “cientifização do social”, no qual a ciência passa a redefinir a ideologia liberal e construir a ideia de que a sociedade industrial seria o estágio mais avançado da civilização humana. Nesse contexto do novo quadro do capitalismo, na sua fase monopolista-imperialista, as dificuldades existentes na sociedade, como a criminalidade e a delinquência juvenil, passaram a ser vistas como resquícios do passado feudal que estavam ameaçando a sociedade industrial. Eram vistos como ameaça, pois devido à valorização da ciência, esses problemas passaram a ser entendidos como uma amostra de inferioridade biológica e moral de certos segmentos sociais que teimavam em colocar em perigo a ordem existente. Esse pensamento surgiu por meio da influência da filosofia positivista, de Augusto Comte, o qual se apresenta como a solução ideológica que permitirá a explicação científica para fenômenos humanos e sociais. É nesse contexto que surge a antropologia criminal a partir da obra de Cesare Lombroso publicada em 1876, cujo conteúdo segue a orientação positivista e propõe o estudo da causa do crime a partir do homem criminoso. De acordo com Dornelles (2009) Lombroso buscava observar as características biopsíquicas dos criminosos a partir das pesquisas em prisões e análise de todos os detalhes da constituição orgânica e fisiológica dos indivíduos condenados. A partir dessa análise o pesquisador concluía que o criminoso possuía de forma inata uma inferioridade biológica que o conduzia a apresentar traços anormais de sua personalidade, ou seja, seu estudo defendia que os delinquentes continham uma fisionomia diferente dos indivíduos normais advinda de anomalias adquiridas hereditariamente. Dessa forma, conforme Dornelles (2009) há um rompimento com a ideia liberal clássica de que qualquer ser humano agia livremente e exercia seu livre-arbítrio, pois segundo esse olhar positivista do crime o criminoso não era responsável por seus atos, pois ele seria uma pessoa fora dos padrões do desenvolvimento biopsíquico normal, sendo identificado então como uma espécie particular do gênero humano marcada por caracteres genéticos degenerados. A partir da construção dessa figura do delinquente na Criminologia passou-se a pensar no papel do Estado de conter, controlar e restringir, por meio de medidas de segurança, os impulsos incontroláveis desses indivíduos que seriam naturalmente perigosos. De acordo com Dornelles (2009) é por esse motivo que a criminologia positivista critica os princípios da lei penal liberal, pois esta passou a ser vista como ineficaz por lhe faltarem fundamentos científicos para entender as causas do crime. A partir da criminologia positivista tradicional ocorre uma mudança na prática dos órgãos oficiais e extraoficiais de controle social, cujas ações são baseadas numa visão preconceituosa e racista, na qual o “elemento perigoso” é visto principalmente nos segmentos populares. A explicação da criminologia positivista sobre as causas do crime persiste até os dias de hoje nas práticas policiais, pois vê-se ainda junto com a figura do criminoso nato, a figura do suspeito, a figura do contraventor e a figura do “elemento perigoso”. Segundo Dornelles (2009) essa interpretação positivista da criminalidade foi uma nova estratégia de controle social adequada a uma nova etapa do desenvolvimento capitalista, baseada na internacionalização e monopolização do capital, no qual o Estado deixou de ser mero árbitro das relações sociais e passou a intervir diretamente na sociedade. Logo, ocorre uma redefinição ideológica do liberalismo, na qual a criminologia passa e desempenhar um papel fundamental na manutenção da ordem social e da segurança pública em uma sociedade que exige controle total dos segmentos perigosos ou potencialmente ameaçadores. Dessa forma, a criminologia surge no final do século XIX como o meio de legitimação da intervenção estatal contra os indivíduos e segmentos desprivilegiados que são resistentes e questionadores ao sistema. Apesar da Escola Positivista Italiana criticar os princípios liberais, essa vertente termina redefinindo o Estado para servir aos interesses da burguesia, sendo ela o maior grupo social responsável por defender o liberalismo ao longo do século passado. DORNELLES, João Ricardo W. O que é crime. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2009. (Coleção Primeiros Passos, 2007)
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