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Bacterias • As bactérias, organismos unicelulares procariontes, são conhecidas, principalmente, pelas doenças que causam em seres humanos. Entretanto, existem bactérias benéficas. • Bactérias são organismos unicelulares que não possuem núcleo definido nem organelas membranosas. • Podem ser classificadas de acordo com o seu formato, sendo as formas mais comuns a esférica, a de bastão e a espiralada. • As bactérias inicialmente eram agrupadas no Reino Monera, no qual todos os procariontes estavam incluídos. • Com a classificação dos seres vivos em três domínios, o Reino Monera deixou de existir. • Os organismos procariontes, então, são divididos em dois grupos: o domínio Archaea e o domínio Bacteria. Características gerais das bactérias • As bactérias são organismos formados por uma única célula (unicelulares) e podem ocorrer isoladas ou formando agrupamentos. Vale dizer também que as células das bactérias são menores que as células eucariontes. • Enquanto as bactérias apresentam, normalmente, um diâmetro compreendido entre 1 µm e 5 µm, as células eucariontes possuem diâmetro entre 10 µm e 100 µm. • As bactérias são seres procariontes, ou seja, não possuem núcleo definido, e seu material genético está concentrado em uma região que não é envolta por membrana. • Essa região é denominada nucleoide. Além do material genético presente no nucleoide, nas bactérias podem ser observadas moléculas circulares de DNA pequenas chamadas de plasmídeos, as quais se replicam independentemente. • Nas células bacterianas, estão ausentes também as organelas celulares, estruturas envolvidas por membranas que são encontradas suspensas no citosol de células eucariontes. • Ribossomos estão presentes nesse tipo celular, entretanto são diferentes daqueles observados nas células eucariontes, apresentando-se menores e com diferenças em relação ao conteúdo proteico e RNA. • As células bacterianas são dotadas de parede celular, uma estrutura localizada externamente à membrana plasmática. A função da parede celular é garantir a manutenção do formato da célula e protegê-la. • Para se movimentarem, muitas espécies de bactérias contam com flagelos. Essas estruturas podem ocorrer em toda a superfície da célula ou estarem concentradas nas extremidades. • As bactérias podem apresentar também as chamadas fímbrias, que são estruturas filamentosas, semelhantes à pelos, utilizadas por esses organismos para se aderir ao substrato. Bactérias gram-positivas e gram-negativas • Uma técnica denominada coloração de Gram permite classificar as bactérias em dois grupos, por meio da análise das diferenças existentes na composição da parede celular. • Quando submetida à coloração de Gram, a parede celular das bactérias pode adquirir coloração violeta ou vermelha. As bactérias coradas de violeta são chamadas de gram-positivas e se caracterizam por apresentar uma parede celular mais simples e rica em peptideoglicano. • As bactérias gram-negativas, por sua vez, coram-se em vermelho e apresentam uma estrutura mais complexa, com menos peptideoglicano. • Determinar se uma bactéria é gram-positiva ou gram- negativa é importante para indicar, por exemplo, que tratamento deve ser adotado em caso de infecções. As bactérias gram-negativas, por exemplo, são, em geral, mais resistentes aos antibióticos que as gram-positivas. Classificação das bactérias • As bactérias são classificadas de diferentes formas, sendo uma delas o formato de suas células. • Cocos: bactérias que apresentam formato esférico. Podem ocorrer isoladas ou em agrupamentos. Quando ocorrem aos pares, são denominadas diplococos; quando formam uma cadeia, são denominadas estreptococos; quando se agrupam como um cacho de uva, são chamadas de estafilococos. • Bacilos: bactérias que apresentam formato de bastão. Podem ocorrer isoladamente, aos pares (diplobacilos) ou em cadeias (estreptobacilos). • Espirilos: bactérias com formato helicoidal e rígidas. • Espiroquetas: bactérias com formato helicoidal e flexíveis. • Vibrião: bactérias que apresentam formato de vírgula. Reprodução das bactérias • A maioria das bactérias se reproduz por divisão binária, um processo assexuado em que uma bactéria se divide em duas. As células-filhas são geneticamente iguais, sendo chamadas de clones. • O processo é relativamente rápido e, em condições adequadas, algumas espécies são capazes de dar origem a uma nova geração em apenas 20 minutos. • As bactérias podem realizar processos de recombinação genética, o que promove variabilidade genética. A recombinação genética pode ocorrer por meio de três processos. • Conjugação: duas bactérias se unem, e uma bactéria doa DNA para outra. • Transformação: bactérias incorporam fragmentos de DNA que estão livres no meio. • Transdução: bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) carregam genes de uma bactéria para outra." Importância das bactérias As bactérias, diferentemente do que muitos pensam, não são responsáveis apenas por causar prejuízos aos seres humanos, havendo muitas espécies importantes para a nossa saúde. No nosso intestino, por exemplo, há várias espécies de bactérias, as quais são fundamentais para garantir o funcionamento normal do órgão. A nossa microbiota intestinal auxilia na absorção de nutrientes, produz vitaminas e auxilia a evitar a proliferação de agentes patogênicos. Economicamente, as bactérias são importantes, por exemplo, por serem usadas na fabricação de vinagre e iogurte. Não podemos nos esquecer também da toxina botulínica, produzida pela espécie Clostridium botulinum. Essa toxina é bastante utilizada para amenizar rugas e linhas de expressão. Alguns antibióticos também são produzidos por bactérias. As bactérias também apresentam importância ecológica, atuando, por exemplo, na decomposição da matéria orgânica, junto com os fungos. As bactérias também participam do ciclo do nitrogênio. Febre reumática • A febre reumática aguda (FRA) é uma doença multissistêmica resultante de uma reação autoimune à infecção por estreptococos do grupo A. Embora muitas partes do corpo possam ser afetadas, quase todas as manifestações regridem completamente. • Uma importante exceção é a lesão valvar cardíaca (doença cardíaca reumática [DCR]), que pode persistir após o desaparecimento dos outros achados. • A FRA e a DCR são doenças relacionadas à pobreza. • A DCR é a causa mais comum de doença cardíaca adquirida em crianças nos países em desenvolvimento, sendo também uma causa importante de mortalidade e morbidade em adultos. • Em torno de 95% dos casos de FRA e das mortes por DCR ocorrem atualmente em países em desenvolvimento, com taxas particularmente elevadas na África Subsaariana, nas nações do Pacífico, na Australásia, na Ásia Meridional e na Ásia Central. EPIDEMIOLOGIA • A FRA acomete principalmente crianças entre 5 e 14 anos de idade. • Os episódios iniciais tornam-se menos comuns em adolescentes mais velhos e adultos jovens, sendo raros em indivíduos > 30 anos de idade. • Em contrapartida, os episódios recorrentes de FRA permanecem relativamente comuns em adolescentes e adultos jovens. • Esse padrão difere da prevalência de DCR, cujo pico fica entre os 25 e os 40 anos de idade. Não há uma associação clara entre o sexo e a FRA, porém a DCR afeta mais comumente o sexo feminino, às vezes com uma frequência duas vezes maior que a masculina. PATOGÊNESE FATORES DO MICRORGANISMO • O ensinamento convencional é de que a FRA é causada exclusivamente por infecção do trato respiratório superior por estreptococos do grupo A. •Embora classicamente determinados sorotipos M (particularmente os tipos 1, 3, 5, 6, 14, 18, 19, 24, 27 e 29) estivessem associados à FRA, evidências recentes demonstram que muitos outros sorotipos M são reumatogênicos e que os chamados “motivos reumatogênicos” são encontrados apenas em uma minoria dos sorotipos associados à febre reumática. FATORES DO HOSPEDEIRO • confirmam que a suscetibilidade à FRA é uma característica herdada, com 44% de concordância entre gêmeos monozigóticos em comparação com 12% entre gêmeos dizigóticos e uma hereditariedade estimada mais recentemente em 60%. RESPOSTA IMUNE • A teoria mais amplamente aceita da patogênese da febre reumática baseia-se no conceito de mimetismo molecular, pelo qual uma resposta imune dirigida contra antígenos estreptocócicos (que se acredita que estejam principalmente na proteína M e na N- acetilglicosamina do carboidrato estreptocócico do grupo A) também reconhece tecidos humanos. • Nesse modelo, anticorpos que apresentam reatividade cruzada se ligam a células endoteliais na valva cardíaca, levando à ativação da molécula de adesão VCAM-1 (molécula 1 de adesão celular vascular [de vascular cell adhesion molecule 1], com consequente recrutamento de linfócitos ativados e lise de células endoteliais na presença de complemento. • Essa última leva à liberação de peptídeos, incluindo laminina, queratina e tropomiosina, o que, então, ativa células T com reatividade cruzada, as quais invadem o coração, ampliando a lesão e causando espalhamento de epítopos MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Há um período latente de cerca de 3 semanas (1-5 semanas) entre a infecção por estreptococos do grupo A precipitante e o aparecimento das manifestações clínicas de FRA. • As exceções são a coreia e a cardite indolente, que podem ser precedidas por longos períodos de latência, com duração de até 6 meses. • Embora muitos pacientes relatem dor de garganta prévia, a infecção por estreptococos do grupo A precedente costuma ser subclínica; nesses casos, a sua confirmação somente pode ser dada por testes de anticorpos antiestreptococos. ENVOLVIMENTO CARDÍACO • Até 75% dos pacientes com FRA progridem para DCR. O endocárdio, o pericárdio ou o miocárdio podem ser afetados. A lesão valvar é o principal marco da cardite reumática. • A valva mitral é quase sempre afetada, algumas vezes em conjunto com a valva aórtica; o comprometimento isolado da valva aórtica é raro. • A lesão das valvas pulmonar ou tricúspide em geral é secundária a pressões pulmonares aumentadas resultantes de doença valvar do lado esquerdo. A lesão valvar inicial leva à regurgitação • Portanto, a manifestação característica da cardite em indivíduos não afetados previamente é a insuficiência mitral, por vezes acompanhada de regurgitação aórtica. • A inflamação miocárdica pode afetar as vias de condução elétrica, levando a um prolongamento do intervalo P-R (bloqueio atrioventricular de primeiro grau ou, raramente, bloqueio de nível mais alto) e ao abafamento da primeira bulha. • Em muitos casos, indivíduos com DCR permanecem assintomáticos durante muitos anos antes da sua doença valvar evoluir e causar insuficiência cardíaca. ENVOLVIMENTO ARTICULAR • A forma mais comum de envolvimento articular na FRA é a artrite. • A poliartrite, em geral, é migratória, movendo-se de uma articulação para outra ao longo de um período de horas. • A FRA quase sempre afeta as grandes articulações – mais comumente os joelhos, os tornozelos, os quadris e os cotovelos – e é assimétrica. A dor é intensa e, em geral, incapacitante até a instituição da medicação anti- inflamatória. • A artralgia sem sinais objetivos de inflamação articular costuma afetar as grandes articulações no mesmo padrão migratório da poliartrite. • Em algumas populações, a monoartrite asséptica pode ser um aspecto de apresentação da FRA, que pode, por sua vez, resultar do início precoce de medicação anti- inflamatória antes que o padrão migratório típico esteja estabelecido. • As manifestações articulares da FRA são altamente responsivas aos salicilatos e a outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). • De fato, o comprometimento articular que persiste por mais de 1 ou 2 dias após o início dos salicilatos tem pouca probabilidade de ser devido à FRA. COREIA • A coreia de Sydenham ocorre geralmente na ausência de outras manifestações, segue-se a um período de latência prolongado depois da infecção por estreptococos do grupo A e é encontrada principalmente no sexo feminino. • Eles podem ser generalizados ou restritos a um lado do corpo (hemicoreia) • Mais de 50% dos pacientes que apresentam coreia sofrerão cardite, razão pela qual a ecocardiografia deve fazer parte da avaliação. MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS • O exantema clássico da FRA é o eritema marginado que começa como máculas róseas, exibindo clareamento no centro, deixando uma borda serpiginosa que se espalha. • Os nódulos subcutâneos ocorrem como caroços móveis, pequenos (0,5-2 cm) e indolores, localizados sob a pele e sobrejacentes a proeminências ósseas, em particular nas mãos, nos pés, nos cotovelos, na região occipital e, ocasionalmente, sobre as vértebras. • Constituem uma manifestação tardia, aparecendo em 2-3 semanas após o início da doença, duram de apenas poucos dias até 3 semanas e estão geralmente associados à cardite. A febre ocorre na maioria dos casos de FRA, embora raramente nos casos de coreia pura. VIDÊNCIA DE INFECÇÃO PRÉVIA POR ESTREPTOCOCOS DO GRUPO A • A evidência de infecção estreptocócica do grupo A prévia é essencial para estabelecer o diagnóstico de FRA. Como a maioria dos casos não tem um resultado positivo na cultura da orofaringe ou no teste de detecção rápida de antígeno, a evidência sorológica costuma ser necessária. • Os testes sorológicos mais comuns são os títulos de antiestreptolisina O (ASLO) e de anti-DNase B (ADB). CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO • Como não há nenhum teste definitivo, o diagnóstico de FRA baseia-se na presença de uma combinação de achados clínicos típicos com evidência de infecção precipitante por estreptococos do grupo A e exclusão de outros diagnósticos. • Essa incerteza levou o Dr. T. Duckett Jones, em 1944, a desenvolver uma série de critérios (subsequentemente conhecidos como os critérios de Jones) para ajudar no diagnóstico. • Para esse grupo, há um conjunto de critérios para “baixo risco”; e, para todos os demais, existe um conjunto de critérios mais sensíveis. TRATAMENTO Febre reumática aguda ANTIBIÓTICOS • A penicilina é o fármaco de escolha, podendo ser administrada por via oral (VO) (como fenoximetilpenicilina, 500 mg [250 mg para crianças com ≤ 27 kg], VO, 2 vezes ao dia; ou amoxicilina, 50 mg/kg/dia [máximo 1 g], durante 10 dias) ou como dose única de 1,2 milhão de unidades (600 mil unidades para crianças com ≤ 27 kg) de penicilina G benzatina intramuscular. SALICILATOS E AINEs • Podem ser usados para o tratamento da artrite, da artralgia e da febre, uma vez confirmado o diagnóstico. Eles não têm valor comprovado no tratamento de cardite ou coreia. O ácido acetilsalicílico é uma primeira opção comum, sendo administrado em uma dose de 50-60 mg/kg por dia, até o máximo de 80-100 mg/kg por dia (4- 8 g/dia em adultos), em 4-5 doses fracionadas. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA • Glicocorticoides O uso de glicocorticoides na FRA permanece controverso. Duas metanálises não comprovaram o benefício dos glicocorticoides, em comparação com o placebo ou os salicilatos, na melhora do prognóstico da cardite em curto ou longo prazo. • Contudo, todos os estudos incluídos nessas metanálises ocorreram há > 40 anos e não utilizaram medicações de uso comum atualmente. • Muitos clínicos tratam os casosgraves de cardite (que causam insuficiência cardíaca) com glicocorticoides, por entenderem que podem reduzir a inflamação aguda e resultar em resolução mais rápida da insuficiência. • Caso sejam usadas, prednisona ou prednisolona são recomendadas em uma dose de 1-2 mg/kg por dia (máximo: 80 mg), em geral por poucos dias ou até 3 semanas no máximo. Endocardite infecciosa • A endocardite infecciosa é uma grave infecção das valvas cardíacas, resultando em vegetações compostas por trombos e microrganismos, frequentemente associados à destruição dos tecidos cardíacos. • Causas comuns incluem doença reumática, prolapso da valva mitral, estenose valvar, cardiopatias congênitas, valvas artificiais e dispositivos implantáveis. • Fatores predisponentes são neutropenia, imunodeficiência, neoplasia, imunossupressão, diabetes, álcool e uso de drogas intravenosas. Infecções em dispositivos médicos são adquiridas em ambientes hospitalares. • Lesões valvares prévias aumentam o risco, gerando fluxo turbulento que favorece o contato de microrganismos com o revestimento cardíaco, geralmente nas faces de maior impacto do fluxo sanguíneo. • Observação: As infecções desses dispositivos intracardíacos, arteriais e venosos são adquiridas nos centros médicos hospitalares. • Observação: Lesão valvar pregressa favorece a infecção por gerar fluxo turbulento (danifica o tec. endocárdico), portanto aumentando o contato dos microrganismos com o revestimento cardíaco. Na maioria dos casos, a endocardite infecciosa localiza-se nas faces das valvas (ou das comunicações anômalas) de maior impacto do fluxo sanguíneo, ou seja, na face atrial da valva mitral, na face ventricular da valva aórtica etc. Classificação da Endocardite Infecciosa: • A endocardite infecciosa pode ser categorizada como aguda ou subaguda, dependendo da velocidade e gravidade da evolução clínica. Essas diferenças são atribuídas à virulência do microrganismo responsável e à presença de doença cardíaca subjacente. • Endocardite Aguda: ➢ Caracterizada por uma infecção destrutiva e turbulenta. ➢ Frequente em virtude de microrganismos altamente virulentos. ➢ Afeta valvas previamente normais, resultando em destruição valvar. ➢ Ulcerações nas margens de fechamento das válvulas, perfuração das cúspides e ruptura das cordas tendíneas são comuns. • Endocardite Subaguda: ➢ Causada por microrganismos de baixa virulência. ➢ Afeta corações previamente anormais, especialmente com valvas cicatrizadas ou deformadas. ➢ Desenvolvimento insidioso, podendo seguir um curso demorado de semanas a meses. ➢ Recuperação frequente com antibioticoterapia adequada. • Etiologia da Endocardite Infecciosa: ➢ Agentes etiológicos mais comuns incluem estreptococos, estafilococos, enterococos e bactérias do grupo HACEK (Haemophilus, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella kingae). ➢ Outras bactérias, fungos, micobactérias, clamídias e micoplasmas também podem causar a doença. ➢ Estreptococos e estafilococos são responsáveis por 80% dos casos, variando conforme o tipo de valva acometida, fonte de infecção, idade e fatores predisponentes. • Patogênese da Endocardite Infecciosa: ➢ Entrada do agente na corrente sanguínea pode ocorrer por infecção em qualquer local, procedimentos dentários ou cirúrgicos, injeção de material contaminado e fontes ocultas. ➢ Diferenciação dos microrganismos ocorre de acordo com os fatores de risco. ➢ A disseminação na corrente sanguínea leva à formação de trombos de fibrina-plaquetas sobre o revestimento endotelial. ➢ Lesões vegetativas nas valvas cardíacas resultam em regurgitação, abscessos, pericardite, aneurismas e perfurações valvares. • Manifestações Clínicas da Endocardite Infecciosa: ➢ Febre é o sinal mais constante. ➢ Fase aguda: Início repentino com febre, calafrios, fraqueza e sopros. ➢ Fase subaguda: Febre pode estar ausente, manifestações incluem fadiga, perda de peso e sintomas semelhantes à gripe. ➢ Complicações incluem embolias cerebrais, pulmonares ou sistêmicas. Diagnóstico da Endocardite Infecciosa (EI) • Critérios de Duke: ➢ Critérios Maiores: Hemocultura positiva para EI. Indícios de acometimento do endocárdio. • Critérios Menores: Predisposição à EI, doença cardíaca predisponente ou uso de substâncias psicoativas intravenosas. Febre com temperatura > 38°C. Fenômenos vasculares, incluindo indícios de embolia arterial. Fenômenos imunes como glomerulonefrite. Indícios microbiológicos, incluindo hemocultura que não atende aos critérios maiores. Classificação dos Casos: 1. Definitivos: • Preenchem dois critérios maiores. • Um critério maior mais três critérios menores. • Ou cinco critérios menores. 2. Possíveis: • Atendem a um critério maior e um critério menor. • Ou três critérios menores. 3. Descartado: • Diagnóstico alternativo estabelecido. • Infecção regrediu com tratamento antibiótico em 4 dias ou menos. • Não há evidência histológica de infecção. Exames Diagnósticos: Hemocultura: • Exame essencial para escolha do tratamento. • Três amostras de sangue retiradas de diferentes locais devem ser obtidas no intervalo de 24 horas. • Hemoculturas negativas podem ser causadas por uso prévio de antibióticos ou crescimento lento dos microrganismos. Ecocardiograma: • Técnica principal para detectar vegetações e complicações cardíacas. • Indícios ecocardiográficos são critérios maiores. • Transtorácico para casos de risco baixo; transesofágico para casos de suspeita moderada a alta. Eletrocardiograma: • Pode indicar complicações cardíacas, como bloqueio atrioventricular persistente. Radiografia do Tórax: • Mostra alterações como congestão pulmonar e opacidades alveolares pulmonares compatíveis com embolias Tratamento da Endocardite Infecciosa (EI): Início Imediato após Coleta de Hemoculturas: • O tratamento deve ser iniciado imediatamente após a coleta de três amostras de hemoculturas, permitindo identificar o agente etiológico. Escolha do Antimicrobiano: • A escolha do antimicrobiano deve ser guiada pelo agente etiológico identificado e sua sensibilidade, determinada pela Concentração Inibitória Mínima (MIC). • Considerações sobre a condição cardíaca, como presença de prótese valvar ou infecção em valva natural, também influenciam na escolha do tratamento. Via Parenteral e Duração do Tratamento: • O tratamento é administrado por via parenteral. • A duração é prolongada, geralmente entre 2 e 6 semanas, variando de acordo com o agente etiológico identificado. Erradicação do Micro-organismo: • O sucesso do tratamento depende da erradicação efetiva do micro-organismo causador da EI por meio do uso de agentes antimicrobianos. Uso de Mínimo Dois Fármacos: • Quase sempre são utilizados, no mínimo, dois fármacos, visando uma abordagem sinérgica. • Recomenda-se a administração simultânea dos antimicrobianos ou no intervalo mais próximo possível entre eles para otimizar o efeito sinérgico. Contagem do Tempo de Antibioticoterapia: • O tempo de antibioticoterapia deve ser contado a partir do primeiro dia de negativação das culturas, no caso de culturas inicialmente positivas. • Nos pacientes com hemoculturas negativas ao diagnóstico, o tempo é contado após a cessação da febre. Antibioticoterapia pós-Cirurgia: • Na abordagem da antibioticoterapia após cirurgia para endocardite, é necessário aguardar a cultura da valva retirada antes de definir o tratamento. Duração do Tratamento pós-Cirurgia: • A duração do tratamento antibiótico deve ser a mesma recomendada para a valva nativa. Não deve ser alterada para o esquema de EI de valva protética. CrescimentoBacteriano: • Se houver crescimento bacteriano, o esquema de tratamento deve ser reiniciado. • Caso contrário, com uma cultura negativa, o tempo total de antibioticoterapia será subtraído daquele utilizado no pré- operatório. Tratamento Cirúrgico na Endocardite Infecciosa (EI): 1. Aumento da Abordagem Cirúrgica: • A abordagem cirúrgica durante a antibioticoterapia, que inclui troca ou reparação valvar, experimentou um aumento significativo nas últimas três décadas. • Aproximadamente 50% dos casos agora são submetidos a intervenção cirúrgica. 2. Principais Indicações Cirúrgicas: • As principais indicações para intervenção cirúrgica são: • Insuficiência Cardíaca: Quando há comprometimento significativo da função cardíaca devido à endocardite. • Infecção Não Controlada: Nos casos em que a infecção não responde adequadamente à antibioticoterapia. • Prevenção de Eventos Embólicos: Cirurgia pode ser indicada para prevenir a ocorrência de eventos embólicos. 3. Momento Cirúrgico - Categorias: • Emergência (< 24 horas): Em situações críticas que demandam intervenção imediata para evitar complicações graves. • Urgência (> 24 horas): Quando a cirurgia é necessária em um prazo mais estendido, mas ainda urgente para evitar complicações adicionais. • Eletivo (após 1 ou 2 semanas de antibioticoterapia): Programada para depois de um período inicial de tratamento com antibióticos, permitindo estabilização do paciente. Complicações na Endocardite Infecciosa (EI): Insuficiência Cardíaca (IC): • A insuficiência cardíaca é uma das principais complicações da EI, com uma taxa de mortalidade estimada entre 55% e 85%. • A IC está frequentemente relacionada à regurgitação aórtica e mitral, resultante da destruição valvar causada pela infecção. Falência Cardíaca Aguda: • A falência cardíaca aguda pode ocorrer, especialmente em casos de insuficiência aórtica. • A região ventricular pode ter dificuldade em se adaptar à sobrecarga de volume, resultando em comprometimento agudo da função cardíaca. • A troca valvar em caráter emergencial pode ser indicada para reverter a situação. Atraso na Decisão Cirúrgica: • O atraso na decisão cirúrgica e a prolongada antibioticoterapia podem levar à disfunção ventricular permanente. • A manutenção excessiva de antibioticoterapia deve ser desencorajada, pois aumenta o risco de infecção perivalvar e mortalidade perioperatória. Resultados Cirúrgicos Desfavoráveis: • Pacientes com IC de classe funcional III-IV, insuficiência renal e idade avançada têm piores resultados cirúrgicos. • Embolização para Sítios Extracardíacos: • Uma complicação significativa da EI é a embolização para sítios extracardíacos, especialmente no sistema nervoso central (SNC). • O território cerebrovascular é o mais afetado, com a artéria cerebral média sendo frequentemente envolvida em cerca de 90% das embolias. Risco de Embolia: • O risco de embolia é inicialmente alto, chegando a 50%, mas diminui para 15% após a primeira semana de tratamento e para apenas 1% após 4 semanas. • O início rápido e efetivo da antibioticoterapia é crucial para prevenir a embolia. Cirurgia Cardíaca após Embolização para o SNC: • Após embolização para o SNC, a cirurgia cardíaca não está contraindicada se realizada precocemente, nas primeiras 72 horas, após excluir hemorragia cerebral por tomografia computadorizada. Anticoagulação: • Caso o paciente esteja em terapia anticoagulante com cumarínico, este deve ser substituído por heparina imediatamente após o diagnóstico de endocardite.
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