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O Primeiro Livro de SAMUEL Autor Os livros de Samuel não são designados dessa forma por causa do seu autor, sendo provável que a sua ligação com o nome de Samuel.reflita opa- pel que ele desempenhou ungindo os primeiros reis de Israel. Samuel é descrito como um homem idoso em 8.1 e já fa- lecido em 25.1, bem antes de muitos dos acontecimentos registra- dos em 1 e 2Samuel. Entretanto, 1 Cr 29.29 relaciona os nomes de Samuel e dos profetas que o sucederam, Natã e Gade, com deter- minadas fontes escritas, partes das quais podem ter sido incorpo- radas na história registrada de Israel quando esta tomou forma. Os livros de Samuel devem ter recebido a sua forma final pela mão de alguém profundamente influenciado pela teologia de Deuteronô- mio ("Introdução aos Livros Históricos"). Data e Ocasião Como em relação à autoria, os livros de Samuel não dão qualquer indicação da data em que foram escritos. Tanto Josué, Juízes, Samuel como Reis claramente contêm informações provenien- tes de fontes contemporâneas aos acontecimentos neles relatados, porém não foram fixados em sua forma final antes do período do exílio de Judá na Babilônia (ver "Introdução aos Livros Históricos"). Na segunda metade do século XI a.C., período em que as po- tências internacionais do antigo Oriente Próximo estavam preocu- padas com conflitos internos, Israel havia se transformado de uma confederação tribal sem grande coesão em uma monarquia unida. A instituição da monarquia foi um novo estágio na história política e religiosa de Israel. embora a idéia da monarquia propriamente dita fosse conhecida em Israel pela prática dos seus vizinhos (Jz 3.12; 4.2; 8 5). É de admirar, pois, não que Israel viesse a instalar um rei, mas que tivesse deixado de fazê-lo por tanto tempo. Uma das cau- sas da relutância de Israel está revelada nas palavras de Gideão: "Não dominarei sobre vós, nem tampouco meu filho dominará so- bre vós; o SENHOR vos dominará" (Jz 8.23). Um princípio fundamen- tal na 1é do povo de Israel era de que o próprio Senhor (Javé) era o soberano de Israel. o seu grande Rei (8. 7; 12.12; Nm 23.21; SI 5.2; MI 1.14). Não obstante, os primE;?iros livros da Bíblia contêm indica- ções que Israel, de acordo com a vontade divina, teria um dia um monarca humano (Gn 49.10; Nm 24.7,17-19; cf. Gn 17.6,16; 35.11 ). Moisés prenunciou um tempo quando Israel estaria esta- belecido na Terra Prometida e desejaria um rei, e deixou instruções que regulamentassem a monarquia quando esta viesse a existir (Dt 17.14-20; cf. 28.36). 1Samuel inicia a sua narrativa quando esse tempo está quase por chegar. É difícil atribuir datas precisas à maioria dos acontecimentos registrados em Samuel. Embora cifras precisas sejam dadas para a duração do reinado de Davi sobre Judá e Israel (2Sm 5.4-5). não existe nenhuma indicação clara da extensão do reinado de Saul ( 13 .1, nota). Os anos exatos dos reinados de Davi e de Saul têm de ser estabelecidos através de cálculos retroativos a partir das datas dos acontecimentos registrados em Reis, os quais também apre- sentam as suas próprias dificuldades cronológicas (ver Introdução a 1 Reis). Existe amplo consenso de que Davi teria consolidado o seu reino tanto sobre Judá como sobre Israel um pouco antes do ano 1000 a.C. (sobre Judá, c. 101 O a.C.; sobre Israel, c. 1003 a.C.). Davi deve ter vivido entre aproximadamente 1040-970 a.C. Samuel pode ter nascido em data próxima ao ano de 1100 a.C. Características e Temas Os livros de 1 e 2Samuel são obras primas de literatura. O seu propósito básico é oferecer um relato histórico do sur- gimento e do desenvolvimento inicial da monarquia is- raelita sob Saul e Davi. A história é seletiva e a natureza da seleção revela as preocupações teológicas dos livros. A monarquia veio a existir em Israel através da mediação de um profeta e a história re- gistrada desta mudança apresenta uma perspectiva profética. As narrativas de 1 e 2Samuel foram redigidas em um estilo su- cinto, fazendo uso de uma variedade de técnicas narrativas: pala- vras-chave (2.29, nota); caracterizações comparativas (Saul e Jônatas, Davi e Urias; ver 13.22, nota; 14.6, nota; e 2Sm 11 ); repe- tição e variação (as duas confissões de Saul em 15.24-25,30) e analogia (Nabal comparado com Saul. cap. 25). Sensibilidade a tais características literárias podem abrir as portas à compreensão his- tórica e teológica e à percepção da unidade do texto. O principal assunto de 1 Samuel é a ascensão de Saul ao poder e a sua subseqüente rejeição. Conforme observado acima, os livros de Samuel focalizam uma importante inovação na vida religiosa e política de Israel - ter um rei terreno. O tema de 1 Samuel é, em grande parte, a interseção da carreira de três personalidades: Sa- muel. Saul e Davi. A questão chave é como um rei humano pode ser enquadrado numa estrutura de relacionamento baseado na ali- ança existente entre Deus e Israel. Como pode Israel ter um rei sem, com isso, comprometer o reinado de .Deus? Na Bíblia Hebraica, 1 Samuel vem depois de Juízes, o qual ter- mina com o triste refrão, "Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto" (21.25; cf. 17.6; 18.1; 19.1 ). Esse refrão também pode descrever os primeiros capítulos de 1 Samuel. O livro inicia com Israel sem um rei humano e com os is- raelitas despreocupados em honrar o seu rei divino. Mesmo os sa- cerdotes, os filhos de Eli, fazem simplesmente o que é correto aos seus próprios olhos (2.12-17). A primeira unidade relata o nascimento de Samuel e o seu chamado como profeta (caps. 1-3). Em um cântico bastante co- nhecido, Ana louva a Deus pelo nascimento de Samuel (2.1-1 O). O seu cântico introduz os temas teológicos básicos dos livros - a soberania e a santidade de Deus, a reversão divina da sorte huma- na, o livramento divino e a futilidade da confiança na força humana. A monarquia é antecipada em uma referência ao "ungido" do Se- nhor, "seu rei" (2.10). A narrativa da decadência da casa sacerdotal de Eli introduz o tema da rejeição divina e suas causas. A seção 4.1-7.1 é muitas vezes chamada "a narrativa da 1 SAMUEL 312 arca." Nesses capítulos, o Senhor demonstra o seu poder, primeiro contra as tentativas de Israel de explorar a arca como se ela fosse um talismã mágico e, segundo, em uma marcha devastadora atra- vés das cidades filistéias. Em 7.2-17, o poder de Deus para livrar Israel e derrotar os seus inimigos é demonstrado através do ho- mem de Deus, Samuel. Contra esse pano de fundo, vê-se com ela~ reza a pecaminosidade do clamor do povo por um rei humano (cap. 8). Não que Israel não devesse jamais ter um monarca humano, pois desde muito tempo um rei havia sido antecipado. O que é cen- surável é o desejo do povo de ter um rei "como o têm todas as na- ções" (8.5), porque esse desejo significa a rejeição do maior de todos os reis, o próprio Deus (8. 7). Apesar da estultícia do pedido do povo, Deus o atenderá, sob as condições de que o povo seja alertado a respeito dos abusos potenciais da monarquia e de que o próprio rei esteja disposto a submeter-se ao governo de Deus. O primeiro rei de Israel decepcionou. Saul é apresentado em 9.2 como uma pessoa impressionante de notável aparência, presu- mivelmente como o povo queria. O profeta Samuel falou a Saul que ele governar"1a Israel e então o ungiu em nome do Senhor (9.26-10.1). Logo depois o Espírito do Senhor veio sobre Saul e ele profetizou com um grupo de profetas. Ele reuniu uma força den- tre todo Israel e liderou-a à vitória sobre os amonitas. Ele foi aprova- do pelo povo e Samuel o ungiu publicamente como rei (10.24; 11.14-151. A monarquia em Israel foi claramente concebida como tendo necessidade da orientação especial de Deus. Em duas importantes ocasiões Saul falhou com relação às exi- gências de Deus. Instruído a esperar por Samuel,ele impacien- tou-se e ofereceu um sacrifício que Samuel deveria ter realizado 113.8-14). Depois, quando Deus ordenou a destruição dos amale- quitas, Saul cumpriu somente parte da ordem de Deus (cap. 15). Ele preservou a vida do rei e de muitos animais. Samuel o denunci- ou com rigor e empunhou ele mesmo a espada para esquartejar o rei. Nessa ocasião Samuel profetizou que Saul havia sido rejeitado Esboço de 1 Samuel 1. Período anterior à monarquia: Deus governa e resgata o seu povo (caps. 1-7> "A. O homem de Deus: Samuel e Eli em Siló (caps. 1-3) 1. O nascimento de Samuel e o cântico de ação de graças de Ana (1.1-2.10) 2. A rejeição da casa dé Eli (2.11-36) 3. A iniciação de Samuel como profeta (cap. 3) 8. Poder de Deus: a arca de Deus e a Filístia (4.1-7.1) 1: A área é capturada pelos filisteus (cap. 4) 2. A arca na filístia (cap. 5) 3: A arca é.déVólvidaa Israel (6.1-7.1) C. Vitória de Deus: Samuetcontra os filisteus em Mispa (7.2-17) li. O início da monarquia: o povo exige um rei (caps. 8-12) A. Samuel ouve e Deus atende ao pedido do povo (cap. 8) B. A ascensão de Saul: designação por Samuel e demonstração em batalha (caps. 9-12) Jl1Sfttíé:ungide·por Samuel (9.1-10.16) 2. Saul é selecionado publicamente por sorteio em Mispa (10.17-27) e que Deus havia dado o reino a outro (15.28). Deus retirou de Saul seu favor (28.17). A queda da dinastia de Saul coincide com a ascensão de Davi. Davi, à semelhança de Saul, foi escolhido por Deus para ser rei. Mas em seu caso, a escolha de Deus foi de certa forma mais ÇKG- funda. Davi não estava livre de erros porém Deus lhe prometeu que não o rejeitaria por esse motivo (2Sm 7.8-16). Ele o puniria, mas Deus também o preservaria. Davi casou-se com Mica!, a filha de Saul, e tornou-se amigo íntimo de Jônatas. também filho de Saul. Mesmo que Ga\li tenha agido dessa forma, a inveja e a suspeita de Saul caíram sobre ele. Saul ficou transtornado e tentou matar tanto Davi como Jônatas (18.11; 19.1; 20.33). Davi foi obrigado a fugir da corte e tornar-se um foragido em seu próprio país. Ao final, reacendeu em Saul o chamado original para libertar o seu povo dos filisteus e ele comandou uma batalha desastrosa em Gilboa. Não aceitando que fosse capturado, o rei Saul cometeu sui- cídio, abrindo o caminho de Davi ao trono. De muitas maneiras, a carreira de Davi tipifica a do seu maior fi- lho, Jesus Cristo. Ambos foram confirmados por um profeta, Davi por Samuel (3.20; 16.13) e Jesus por João Batista (Mt 14.5; Jo 1.29-31; 5.31-35). O Espírito do Senhor veio sobre ambos (16.13; Me 1.9-11). Ambos foram rejeitados por reis invejosos (18.9; Mt 2.16) e foram advertidos a fugir para salvar as suas vidas (cap. 20; Mt 2.13-15). Sendo também rejeitados sem motivo pelo seu próprio povo (23.12; Jo 19.15), ambos aprenderam no exílio a depender de Deus. j"="""'-:;..,~.:= Título Os livros de Samuel têm tido vários no-11 · ~ mes. A Septuaginta (a versão grega do Antigo Testa-[! ."-:-;.. menta) e a Vulgata (a tradução latina de toda a Bíblia) agrupam 1 e 2Samuel e 1 e 2Reis como Primeiro, Se- gundo, Terceiro e Quarto "Reinos" ou "Reis". A tradição judaica fa- zia distinção entre Samuel e Reis mas não dividiu Samuel em dois livros até o século XV d.C. 3. Saul livra Jabes-Gileade dos amonitas (cap. 11) C. Samuel promulga advertências sobre a monarquia (cap. 12) Ili. A escolha do povo: o reinado e a rejeição de Saul (caps. 13-15) A. Saul contra os filisteus: a primeira rejeição de Saul (caps. 13-14) 8. Saul contra os amalequitas: Saul é rejeitado (cap. 15) 1. Jônatas ataca os filisteus; Saul falha no teste (cap. 13) 2. Jônatas conduz o povo à vitória; Saul fica isolado (cap. 14) IV. A escolha de Deus: ascensão de Davi e queda de Saul (caps. 16-31) A. A ascensão de Davi agrada a todos, menos a Saul (caps. 16-18) 1. Davi é ungido por Samuel e apresentado a Saul (cap. 16) 2. Davi e Golias (cap. 17) 3. Davi e a <:asa de Saul (cap. 18) B. S-;ru\ \\tocura matar a Davi (cap. 19-23) 1. Frustram-se as tentativas feitas por Saul de assassinar Davi (cap. 19) 313 2. Jônatas ajuda e encoraja Davi (cap. 20) 3. Davi engana Aimeleque em Nobe e foge para Gate (cap. 21) 4. Saul massacra os sacerdotes de Nobe; Davi livra o povo de Queila (22.1-23.6) 5. Saul persegue a Davi mas é impedido pelos filisteus (23.7-29) C. Davi protege a vida de Saul (caps. 24-26) 1. Davi poupa a vida de Saul na caverna (cap. 24) 1SAMUEL1 2. Abigail impede que Davi cometa um assassínio em seu litígio com Nabal (cap. 25) 3. Davi poupa a vida de Saul no acampamento (cap. 26) D. Davi refugia-se entre os filisteus; Saul comete suicídio (caps. 27-31) 1. Davi foge para os filisteus (cap. 27) 2. Saul e a médium em En-Dor (cap. 28) 3. Davi é rejeitado pelos filisteus (cap. 29) 4. Davi recupera o que havia sido tomado pelos amalequitas (cap. 30) 5. Saul, ferido no Monte Gilboa, tira a sua própria vida (cap. 31) --- ------~------ E/cana e suas mulheres 1 Houve um homem de Ramataim-Zofim, da ªregião mon-tanhosa de Efraim, cujo nome era bE!cana, filho de Je- roão, filho de 1Eliú, filho de 2 Toú, filho de Zufe, cefraimita. 2 Tinha ele d duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra, Penina; Penina tinha filhos; Ana, porém, não os tinha. 3 Este homem subia da sua cidade e de ano em ano! a ado- rar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos, em gSiló. Estavam ali os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, como sacerdotes do SENHOR. 4 No dia em que Elcana hoferecia o seu sacrifício, dava ele porções deste a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos e filhas. s A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ;ainda mesmo que o SENHOR a houvesse deixado es- téril. 6 (A sua rivaJia provocava excessivamente para a irritar, porquanto o SENHOR lhe havia cerrado a madre.) 7E assim o fazia ele de ano em ano; e, todas as vezes que Ana subia à Casa do SENHOR, a outra a irritava; pelo que chorava e não co- mia. 8 Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que cho- ras? E por que não comes? E por que estás de coração triste? Não te sou eu 1melhor do que dez filhos? A oração e o voto de Ana 9 Após terem comido e bebido em Si!ó, estando Eli, o sa- cerdote, assentado numa cadeira, junto a um pilar mcto 3tem- plo do SENHOR, 10 n1evantou-se Ana, e, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente. 11 E ºfez ~~~~~~~~~~~~~ ~ CAPÍTULO 1 1 aJs 17.17-18; 24.33 b 1Cr 6.27.33-38cRt1.2 1 Eliel, 1Cr6.34 2Toá, 1Cr 6.34 2 dDt 2115-17 3 ele 2.41/Dt12.5-7; 16.16gJs18.1 4hDt12.17-18 SiGn16.1;30.1-2 6iJó24.21 81Rt4.15 9m1Sm3.330upalácioHebr.heyka/ 1onJó7.11 11ºNm30.6-11 •1.1-7.17 Deus governa e liberta o seu povo antes dos tempos da monarquia. Assim o faz suscitando Samuel (caps. 1-3), intervindo diretamente contra os fi- listeus (4.1-7.1). e dando a Samuel a vitória contra os filisteus (7.2-17). •1.1 um homem. Essa expressão com a genealogia que a acompanha sugere que Elcana era um homem de posição. A referência a uma esposa estéril (v. 2) as- semelha-se à introdução ao nascimento de Sansão (Jz 13.2). Ramataim. Possivelmente significa "montanhas gêmeas." O nome ocorre so- mente aqui no Antigo Testamento. Talvez seja a Arimatéia (Noroeste de Betel) do No"o Testamento. A cidade natal de Samuel é geralmente chamada Rarná, uns oito km ao norte de Jerusalém (1.19; 2.11; 7.17; 8.4; 15.34; 19.18; 25.1 ). de Zufe. "Zufe" é tanto um nome pessoal (1Cr6.35) quanto um território (9.5). efraimita. Efraim era seu lugar de origem, e não necessariamente a tribo dos seus antepassados ( 1 Cr 6. 16-30,33-37) •1.2 duas mulheres. A poligamia é mencionada primeiramente em Gn 4.19. É reconhecida e regulamentada, porém não endossada, em Dt 21.15-17. não os tinha. Ana não tinha filhos e era provocada pela suarival (vs 6-7). Uma esposa estéril, porém favorecida, que recebe como bênção do Senhor um filho especial, não é incomum no Antigo Testamento. Ver Gn 18.1-15 (Sara-lsaque); 25.21-26 (Rebeca-Esaú e Jacó); 30.22-24 (Raquel-José); Jz 13.2-5 (esposa de Manoá-Sansão). No Novo Testamento, ver Lc 1.5-25 (Isabel-João). •1.3 Este homem subia. Talvez estivesse observando a "solenidade do SENHOR em Siló" (Jz 21.19). ou talvez fosse a uma cerimônia familiar (20.6). No Pentateu- co (os cinco livros de Moisés, ou Torá). há referência a três grandes festas anuais de peregrinação (Êx 23.14-17; 34.18-23; Dt 16 1-17). SENHOR dos Exércitos. É aqui que esse título ocorre pela primeira vez no Antigo Testamento. "SENHOR" representa o hebraico ':Javé", o nome pessoal do Deus de Israel, em distinção à designação geral: "Deus." "Exércitos" é a tradução normal de outra palavra. Conforme o contexto, pode incluir as hostes de Israel (17.45), as hostes cósmicas ou os corpos celestiais (Dt 4.19). e as hostes angelicais (Js 5.14) De modo global, o título expressa a soberania do Senhor sobre todos os po- deres terrestres e celestiais. Siló. A meio caminho entre Siquém e Betel, Siló (atualmente Seilun) era um cen- tro religioso israelita importante durante o período antes da monarquia (Js 18.1; Jz 21.19) O santuário ali (Jr 7.12) pode ter sido destruído pelos filisteus depois da batalha de Afeca (4.1-11) Eli. Assim como no caso de outras pessoas bem conhecidas no Antigo Testa- mento !Josué, Êx 17.9; e Jônatas, 1Sm13.2), Eli é apresentado pela primeira vez simplesmente com seu nome. •1.5 porção dupla. A expressão em hebraico é difícil, mas normalmente tem sido interpretada no sentido de uma porção especialmente honrosa. As tentati- vas de Elcana para diminuir a tristeza de Ana expressando seu amor por ela (v. 8) não surtiram efeito. o SENHOR a houvesse deixado estéril. A esterilidade de Ana não proveio do acaso, nem como forma de castigo (2Sm 6.23). mas estava debaixo do controle soberano do Senhor. •1.6 A sua rival. Ver nota em 1 .2. •1. 7 não comia. Ana se recusou a comer até que o Senhor respondesse à sua oração; compare as ações de Davi em 2Sm 12. 16-20, e contraste com as de Saul em 1 Sm 28.23-25. No Novo Testamento, o jejum freqüentemente acompanha assuntos sérios com o Senhor (At 13.2-3; 14.23). •1.9 templo. A menção de "pilares" aqui e "portas" em 3.15, bem como lugares de dormir em 3.2-3, talvez sugira uma estrutura mais permanente do que a tenda dos tempos de Moisés. Outras designações para a estrutura em Samuel são "a Casa do SENHOR" (v. 7; 3.15) e "a tenda da congregação" (2.22). Em 2Sm 7.6, fica claro que antes dos tempos de Davi o tabernáculo ou templo era uma tenda e não uma estrutura permanente. l 1 SAMUEL 1, 2 314 um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos, se benignamente Patentares para a aflição da tua serva, e qde mim te lembra- res, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho va- rão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e 'sobre a sua cabeça não passará navalha. 12 Demorando-se ela no orar perante o SENHOR, passou Eli a observar-lhe o movimento dos lábios, 13 porquanto Ana só no coração falava; seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma; por isso, Eli a teve por embriagada 14 e lhe disse: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti esse vinho! 15 Porém Ana respondeu: Não, senhor meu! Eu sou mulher atri- bulada de espírito; não bebi nem vinho nem bebida forte; porém 5venho derramando a minha alma perante o SENHOR. 16 Não te- nhas, pois, a tua serva por 1filha4 de Belial; porque pelo excesso da minha ansiedade e da minha aflição é que tenho falado até agora. 17 Então, lhe respondeu Eli: "Vai-te em paz, e vo Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste. 18 E disse ela: x Ache a tua serva mercê diante de ti. Assim, a mulher zse foi seu cami- nho e comeu, e o seu semblante já não era triste. Nasce Samuel e é consagrado a Deus 19 Levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e chegaram a sua casa, a Ramá. Elcana ªcoabitou com Ana, sua mulher, e, blembrando-se dela o SENHOR, 20 ela concebeu e, passado o devido tempo, teve um filho, a que chamou 5Samuel, pois dizia: Do SENHOR o pedi. 21 e Subiu Elcana, seu marido, com toda a sua casa, a afere- cer ao SENHOR o sacrifício anual e a cumprir o seu voto. 12 Ana, porém, não subiu e disse a seu marido: Quando for o menino desmamado, dlevá-lo-ei para ser apresentado perante 0 SENHOR e epara lá ficar /para sempre. 23 Respondeu-lhe gElcana, seu marido: Faze o que melhor te agrade; fica até que o desmames; tão-somente 6confirme o SENHOR a 7sua pa- lavra. Assim, ficou a mulher e criou o filho ao peito, até que o desmamou. 24 Havendo-o desmamado, hlevou-o consigo, com um novilho de 8 três anos, um efa de farinha e um odre de vinho, e o apresentou ;à Casa do SENHOR, a Siló. Era o me- nino ainda muito criança. 25 Imolaram o novilho e itrouxe- ram o menino a Eli. 26 E disse ela: Ah! Meu senhor, 1tão certo como vives, eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, orando ao SENHOR. 27 m Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a petição que eu lhe fizera. 28 Pelo que também o trago como 9devolvido ao SENHOR, por todos os dias que vi- ver; pois do SENHOR o pedi. E eles nadoraram ali o SENHOR. O cântico de Ana 2 Então, ªorou Ana e disse: bO meu coração se regozija no SENHOR, caminha 1 força está exaltada no SENHOR; 2 a minha boca se ri dos meus inimigos, porquanto dme alegro na tua salvação. 2 eNão há santo como o SENHOR; porque !não há outro além de ti; e gRocha não há, nenhuma, como o nosso Deus . • PS\25.18qGn8.1.'Nm6.5 l~SSl42.4;62.8 161Dt13.134istoéumamulherímpia 17UMc5.34VSl20.3-5 ,18XRt2.13Z~m 15.13 19 ª Gn 4.1 b Gn 21.1, 30 22 20 5 Lit. Ouvido por Deus 21 ClSm 1.3 22 d Lc 2.22 e 1Sm 1.11,28/Ex 21.6 23 g Nm 30. 7, 10-11 6 ou estabeleça 7 Conforme TM, T, V; MMM, LXX e S tua 24 h Nm 15.9-10 i Js 18.1 8 Cf. MMM, LXX e S 25 i Lc 2.22 2617Rs 2.2,4,6; 4.30 27 m [Mt 7.7] 28 nGn 24.26,52 9dado CAPITULO 2 1 a Fp 4.6 hLc 1.46-55 cs175.10; 89.17,24; 92.10; 112.9 d SI 9.14; 13.5; 35.9 1 Lit. chifre 2Lit. a minha boca se alarga 2 eÊx 15.11; SI 86.8; Ap 15.4/Dt 4.35 g Dt 32.4,30-31, 2Sm 22.32; SI 18.2 •1.11 voto. Sobre votos feitos por mulheres casadas, e a responsabilidade do marido de confirmá-los ou anulá-los, ver Nm 30.6-15. e de mim te lembrares. Ana pede não simplesmente que o Senhor a mantenha em mente, mas que ele faça algo especial para ajudá-la. não passará navalha. O voto de Ana reflete elementos do voto do nazireado (Nm 6.1-21 ). Especificamente, trata-se de abster-se de uvas ou de qualquer coi- sa feita com uvas, deixar de cortar os cabelos e evitar todo e qualquer contato com algum cadáver. Embora semelhantes votos geralmente fossem feitos por um período limitado de tempo, o de Ana era por "todos os dias" da vida do seu fi- lho (ver Jz 13.5, nota). •1.13 embriagada. O fato de Eli ter concluído que Ana estava embriagada cons- titui-se em elemento estranho na narrativa porque sugere que o fervor na oração não era algo familiar a ele. •1.16 filha de Belial. Ou "ímpia". Ver nota textual e 2.12. •1.18 o seu semblante já não era triste. As atitudes de Ana como modo de corresponder à bênção pronunciada no v. 17 evidenciam a sua fé. •1.20 Samuel. Vários significados do nome "Samuel" têm sido sugeridos, inclu- sive "ouvido por Deus" (nota textual), "aquele que provém de Deus," "nome de Deus," e até mesmo "filho de Deus" (como aquele "dado" ou "prometido" por Deus). "Saul" provém do verbo hebraico "pedir," que ocorre freqüentemente nes- sa seção. •1.21 voto. Ver Lv 7.16 e nota. •1.22 desmamado. No antigo Oriente Médio, um filho era desmamado mais tarde do que freqüentemente é o costume hoje (2Macabeus 7.27: "por nove me- ses te trouxe em meu seio e por três anoste amamentei"). O desmame pode também ter sido celebrado com uma festa (Gn 21.8). •1,23 a sua palavra. Ou "a palavra dele". "A tua palavra" (de Ana) (nota textual) talvez deva ser preferida aqui. Elcana, como marido de Ana ( 1.11, nota), invoca a ajuda do Senhor no cumprimento do voto de sua esposa. •1.24 um novilho de três anos ... odre de vinho. Segundo Nm 15.8-1 O, o cumprimento de um voto deveria ser acompanhado pela oferta de um novilho, fa- rinha e vinho. Ana traz tudo, porém, em medida maior do que a exigida. •2.1·1 O Tendo recebido a resposta à sua oração, Ana entoa um cântico jubiloso de ação de graças. Focalizando a soberania do Senhor e a sua graça aos humildes, Ana antecipa os temas principais dos livros de Samuel. Os mesmos temas de soberania, graça e libertação são reiterados no cântico de ação de graças de Davi, de perto do fim de 2Samuel (cap. 22). Os dois cânticos fornecem um arcabouço poético para 1 e 2Samuel. O cântico de louvor (mais breve) de Maria (o Magnificai, Lc 1.46-55) pa- rece ter seguido o modelo de Ana. Os dois cânticos iniciam-se com regozijo por causa do livramento pelo Senhor \v. 1; Lc 1.46-48), exaltam a incomparabilidade e santidade do Senhor (v. 2; Lc 1.49-50), condenam a jactância orgulhosa (v. 3; Lc 1.51), indicam mudança da sorte humana como resultado de intervenções pelo Se- nhor soberano (vs. 4-8; Lc 1.52-53), e expressam o cuidado fiel que o Senhor dedica aos seus (v. 9; Lc 1.54-55). O cântico de Ana tenmina com a asseveração de que o próprio Senhor dará forças ao seu rei, ao seu ungido (vs. 9-10). •2.1 força. Lit. "chifre," palavra esta que [em hebraiço] é usada figuradamente no Antigo Testamento para significar orgulho e força. E Deus quem exalta a força dos justos e abate as forças dos ímpios (SI 75.10). Davi exalta o Senhor como "o meu escudo, a força da minha salvação" (v. 1 O, nota; 2Sm 22.3). •2.2 Rocha. Como metáfora para Deus, esse tenmo está concentrado nos trechos tais como o cântico de Moisés, em Dt 32. o cântico de Davi, em 2Sm 22, os Spoéti- cos almas e Isaías. A metáfora sugere a força e a soberania de Deus, e a segurança daqueles que confiam nele. Aqui recai o enfoque na incomparabilidade do único Deus verdadeiro, em oposição às falsas fontes de segurança (cf. o contraste com os falsos deuses, também chamados "rocha," em Ot 32.31,37; Is 44.8). 315 1SAMUEL2 3 Não multipliqueis palavras de orgulho, hnem sai'iffi\ t<:J\'i.ôS arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus da ;sabedoria e pesa todos os feitos na balança. 410 arco dos fortes é quebrado, porém os débeis, cingidos de força. s Os que antes eram fartos hoje se alugam por pão, mas os que andavam famintos não sofrem mais fome; até 1a estéril tem sete filhos, e ma que tinha muitos filhos perde o vigor. 6 no SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. 7 °0 SENHOR empobrece e enriquece; Pabaixa e também exalta. 8 qLevanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, rpara o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; 5 porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo. 9 tEle guarda os pés dos seus santos, porém "os perversos emudecem nas trevas da morte; porque o homem não prevalece pela força. 10 Os que contendem com o SENHOR são vquebrantados; xdos céus troveja contra eles. zo SENHOR julga as extremidades da terra, ªdá bforça ao seu rei e e exalta o poder do seu ungido . t t Então, Elcana foi-se a Ramá, a sua casa; porém o meni- no ficou servindo ao SENHOR, perante o sacerdote Eli. Os crimes dos filhos de Eli 12 Eram, porém, os filhos de Eli d filhos de Belial3 e enão se importavam com o SENHOR; 13 pois o costume daqueles sacerdo- tes com o povo era que, oferecendo alguém sacrifício, vinha o moço do sacerdote, estando-se cozendo a carne, com um garfo de três dentes na mão; 14 e metia-o na caldeira, ou na panela, ou no tacho, ou na marmita, e tudo quanto o garfo tirava o sacerdo- te tomava para si; assim se fazia a todo o Israel que ia ali, a fSi!ó. lSTarnbém, antes de se gqueimar a gordura, vinha o moço do sacerdote e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não aceitará de ti carne cozida, senão crua. ló Se o ofertante lhe respondia: Queime-se primeiro a gor- dura, e, depois, tomarás quanto quiseres, então, ele lhe dizia: Não, porém hás de ma dar agora; se não, tomá-la-ei à força. 17Era, pois, mui grande o pecado destes moços hperante o SENHOR, porquanto eles idesprezavam4 a oferta do SENHOR. · A mocidade de Samuel 18 /Samuel ministrava perante o SENHOR, sendo ainda me- nino, 'vestido de uma estola sacerdotal de linho. 19 Sua mãe lhe fazia uma túnica pequena e, de ano em ano, lha trazia quando, com seu marido, m subia a oferecer o sacrifício anual. 20Eli nabençoava a Elcana e a sua mulher e dizia: O SENHOR te dê filhos desta mulher, em lugar do filho que ªdevolveu5 ao SENHOR. E voltavam para a sua casa. 21 P Abençoou6 , pois, • 3 h SI 94.4 ilSm 16.7 4 /SI 37 15; 46.9 5 ISI 113 9 m1s 54. 1; Jr 15.9 6 n Dt 32.39; 2Rs 5.7; Já 5.18; [Ap 1. 18] 7 ºDt 8.17-18; Já 1.21 p Já 5.11; SI 75.7; T g 4 1 o 8 q Jó 42. 10-12; SI 75.7; 113.7; Lc 1.5zr Já 36.7; SI 113.8 s Já 38.4-6; SI 75.3; 104.5 9 t SI 37.23-24; 91.11-12; 94 18; 121.3; Pv 3 26; [1Pe 1.5] u [Rm 3. 19] 10 VÊx 15.6; SI 2.9x1 Sm 7. 10; 2Sm 22. 14-15; SI 18.13-14ZSI 96. 13; 98.9; [Mt 25.31-32) a [Mt 28.18) bSI 21.1.7 cs1 89.24 12 dDt 13.13 e Jz 2.10; [Rm 1.28) 3 corruptos. ímpios, sem valor 14/lSm 1.3 15 glv 3.3-5,16 t 7 hGn 6. 11 i[MI 2.7-9) 4aborreciam 18 flSm 2.11; 3.1 IÊx 28.4 19m1Sm 1.3,21 20 nGn 14.19o1Sm 1.11,27-28 5Lit, em Hebr., petição; LXX empréstimo 21 P Gn 21. 1 6 Lit visitou •2.5 tem sete filhos, O número sete expressa o que é idealmente completo (Rt 415) •2,9 porque o homem não prevalece pela força. As narrativas subseqüen- tes confirmam que não é a proeza física, mas a presença de Deus. que traz a vitó- ria. Na narrativa da arca, nos caps. ~. o Senhor faz os filisteus sentirem a sua mão sem a ajuda de agentes humanos (5.6). Outros exemplos desse tipo são a vi- tória do Senhor através de Samuel. no cap. 7; os resultados contrastantes de Saul e Jônatas. nos caps. 13-14; a escolha de Davi, o mais jovem dos filhos de Jes- sé, no cap. 16; e a vitória de Davi sobre Golias, no cap. 17. •2.1 O seu rei. A referência aqui ao rei do Senhor antevê o evento central dos livros de Samuel, a saber, a instituição de uma monarquia, e subentende que a idéia de uma monarquia, corretamente cogitada, não é errada. Que Israel teria um rei é pre- visto em vários trechos do Pentateuco (Gn 49.10; Nm 24. 7, 17-19; Dt 17. 14-20). seu ungido, Numerosos objetos e pessoas estavam sujeitos à unção religiosa no Israel antigo (Êx 30.22-33), mas era o rei que, em última análise. tinha o título de "ungido do SENHOR" ou simplesmente de "ungido." As pessoas escolhidas para servir a Deus eram ungidas para s"imbolizar que essa era a sua vocação, que eram autorizadas para realizá-la. e que Deus lhes daria a ajuda da qual necessitassem. As referências ao rei como o ungido do Senhor predominam nos livros de Samuel (v. 35; 12.3,5; 16.6; 24.6) e nos Salmos (SI 2.2; 18 50) O presente trecho é a pri- meira referência a um rei de Israel como o "ungido" de Deus, embora a idéia de ungir um rei já se encontre na fábula de Jotão (Jz 9.8,15). A palavra "messias", em português, representa a palavra hebraica para "ungido". No Novo Testamen- to, "Cristo" representa a palavra grega Christos, que também significa "ungido." •2.12 filhos de Belial. É uma expressão e~ hebraico que conota pessoas vis. sem valor (que é a tradução literal de belial). E usada a respeito daqueles que inci- tam à idolatria (Dt 13 13) ou à insurreição (10.27; 2Sm 16. 7; 20. 1 ); que são se- xualmente imorais (Jz 19.22);ou que são mentirosos (1Rs 21.10, 13). Infelizmen- te, a expressão podia ser aplicada aos filhos de Eli. não se importavam. Lit "não conheciam." o que forma um contraste irônico en- tre os filhos de Eli e Samuel (3.7, nota). •2. 13 o costume daqueles sacerdotes, A prática descrita nos vs. 13-14 é diferente dos preceitos de Lv 7.28-36; Dt 18.3. A cobiça dos filhos de Eli levou os israelitas a desprezarem a oferta do SENHOR (v. 17). •2.15 antes de se queimar a gordura. Desde os tempos em que Abel ofere- ceu a gordura dos primogênitos do seu rebanho (Gn 4.4). as partes gordurosas eram consideradas as melhores e, por isso mesmo, reservadas para o Senhor. Os sacerdotes tinham o dever de queimar a gordura no altar, como oferenda ao Se- nhor (Lv 3. 16; 731 ). Assim como o sangue. a gordura era rigorosamente proibida para o consumo humano, e quem a comesse seria expulso do meio do povo de Deus (Lv 3.17; 7.23-25). •2, 18 Samuel. O comportamento de Samuel, que ministra fielmente diante do Senhor, e também o de Eli, que regularmente abençoa Elcana com sua esposa (v. 20), está em nítido contraste com os abusos dos filhos de Eli. estola sacerdotal de linho. Algum tipo de roupa interna curta, associada ao serviço sacerdotal (22. 18). que também foi usada pelo rei Davi quando trouxe a arca para Jerusalém (2Sm 6.14) Ver também 2.28, nota. •2, 19 túnica. Uma roupa externa, que deveria ser usada por cima da estola sa- cerdotal de linho. •2.20filho que devolveu. As palavras de Eli relembram as de Ana em 1.27-28. As palavras "dádiva" e "pedir" em hebraico são derivadas da mesma palavra que o nome "Saul" (1.20, nota). l 1SAMUEL2 316 o SENHOR a Ana, e ela concebeu e teve três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel qcrescia diante do SENHOR. Eli repreende os seus filhos 22 Era, porém, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel 7 e de como se deitavam com ras mulheres que serviam à porta da tenda da congregação. 23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Pois de todo este povo ouço constantemente falar do vosso mau procedimento. 24 Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; es- tais fazendo transgredir o povo do SENHOR. 25 Pecando o ho- mem contra o próximo, 5Deus lhe será o 8árbitro; 1pecando, porém, contra o SENHOR, quem intercederá por ele? Entretan- to, não ouviram a voz de seu pai, uporque o SENHOR os queria matar. 26 Mas o jovem Samuel vcrescia em estatura e xno fa- vor do SENHOR e dos homens. para trazer a estola sacerdotal perante mim; e e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de Israel. 29 Por que d pisais aos pés os meus sacrifícios e as minhas ofertas de manjares, que ordenei se me fizessem na minha e morada? E, tu, por que honras a teus filhos mais do que/a mim, para tu e eles vos engordardes das melhores de todas as ofertas do meu povo de Israel? 30 Portanto, diz o SENHOR, Deus de Israel: gNa verdade, dissera eu que a tua casa e a casa de teu pai an- dariam diante de mim perpetuamente; porém, agora, diz o SENHOR: hJ.onge de mim tal coisa, porque aos que me hon- ram, honrarei, porém ios que me desprezam serão desmere- cidos. 31 Eis que /vêm dias em que cortarei o teu 9braço e o braço da casa de teu pai, para que não haja mais velho ne- nhum em tua casa. 32 E verás o aperto da morada de Deus, a um tempo com o bem que fará a Israel; e jamais haverá 1velho em tua casa. 33 O homem, porém, da tua linhagem a quem eu não afastar do meu altar será para te consumir os olhos e Profecia contra a casa de Elí para te entristecer a alma; e todos os descendentes da tua 27 2Veio um homem de Deus a Eli e lhe disse: Assim diz o casa morrerão na flor da idade. 34 Ser-te-á mpor sinal o que so- SENHOR: ªNão me manifestei, na verdade, à casa de teu pai, brevirá a teus dois filhos, a Hofni e Finéias: "ambos morrerão estando os israelitas ainda no Egito, na casa de Faraó? 28 Eu no mesmo dia. 35 Então, ºsuscitarei para mim um sacerdote bo escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser o meu sa- fiel, que procederá segundo o que tenho no coração e na cerdote, para subir ao meu altar, para queimar o incenso e mente; Pedificar-lhe-ei uma casa estável, e andará ele diante A q Jz 13-:;; 1S~2 2G~3 19-;1, L~ 80;-24~ 2; rÊx 3~--;;~~nformeT~. Te V; ~~~e~OO~mitemo~r~stant; do verso 25;Dt117; 25.1-2tNm15.30UJs11.20BTojuiz_ 26V1Sm2.21 xpy34 2721Rs13.1 ªÊx414-16;12.1 28bÊx28.1,4CNm59 29dDt 32.15eDt12.5fMt10.37 30Hx29.9hJr18.9-10iMl2.9-12 3111Rs2.27,359atuaforça 321Zc8.4 34m1Rs 13.3 n1Sm4.11,17 3Sº1Rs2.35P1Rs11.38 •2.21 diante do SENHOR. Ou "com o SENHOR"; a mesma expressão em hebraico é usada no v. 26. •2.22 Eli. Novamente, assim como no v. 12, o enfoque muda do menino Samuel para a casa de Eli. ouvia. Eli tinha que ser informado a respeito daquilo que ele já deveria ter obser- vado e controlado por sua própria iniciativa. Mas seus delitos são muito mais pro- fundos do que a simples falta de atenção lv. 29). se deitavam com as mulh~es. Quanto à "tenda," ver nota em 1.9; quanto às '"mulheres que serviam," ver Ex 38.8. A prostituição cultuai, embora fosse explici- tamente condenada pela Lei IDt 23.17-18), era praticada pelos cananeus e se constituía em perigo constante para os israelitas 11Rs15.12; 2Rs 23.7; Os 4 14). •2.25 Deus lhe será o árbitro. O argumento de Eli é que, embora possa haver al- guma mediação nas disputas entre as pessoas, ninguém poderá intervir quando o delito for contra o próprio Deus. Os filhos de Eli pecaram, antes de mais nada, contra o Senhor lv. 17), e selaram o seu destino ao se recusar a prestar atenção à adver- tência de Eli. o SENHOR os queria matar. Essa declaração clara da soberania de Deus sobre o destino dos ímpios não diminui a responsabilidade das pessoas pelas suas próprias ações. Um exemplo do relacionamento entre a soberania divina e a responsabilida- de ~umana acha-se no endurecimento do coração de Faraó nos primeiros capítulos do Exodo. Em cerça de metade das ocasiões, é declarado que Faraó endureceu seu P[óprio coração !Ex 8.15); nas demais ocasiões, é declarado que Deus o endureceu IEx 4.21; Rm 9.17-18). Deus pode castigar o pecado persistente e deliberado, re- movendo a capacidade de a pessoa se arrepender IJs 11.20; Rm 1.24,26,28). •2.26 no favor do SENHOR. A gravidade da recusa dos filhos de Eli de prestarem atenção aos homens ou a Deus é enfatizada pelo contraste marcante com Samuel, que cresce no favor de Deus e dos homens. A ênfase dada ao crescimento de Sa- muel como sendo mais do que meramente físico prenuncia um tema que é posteri- ormente desenvolvido nas figuras contrastantes de Saul e de Davi. A expressão no v. 6 é usada por Lucas para descrever a infância de Jesus ILc 2.52; ver Pli 3.4). •2.27-36 As palavras do homem de Deus a Eli exibem características típicas dos discursos proféticos de juízo. Há uma acusação !expressa aqui através das pergun- tas acusadoras que enfatizam o contraste entre a graça do Senhor e a desobediên- cia de Eli) e uma proclamação de juízo, confirmada por um sinal. Outros exemplos de discursos proféticos desse tipo acham-se nos caps. 13; 15; 2Sm 12. 7-12. •2.27 homem de Deus. No Antigo Testamento, esse título é freqüentemente empregado com o sentido de "profeta" 198-11; 1Rs13.15-18; 2Rs 5.8; 6.10-12). casa de teu pai ... no Egito. Embora a genealogia de Eli não esteja registrada em nenhuma parte do Antigo Testamento. o v. 28 subentende que ele era um descendente de Arão. A asseveração de que o Senhor se revelou e selecionou a casa de Eli já nos tempos da servidão de Israel no Egito ressalta a ingratidão gros- seira da casa de Eli. •2.28 trazer a estola sacerdotal. A estola sacerdotal mencionada aqui não é a roupa mencionada no v. 18, mas a estola do sumo sacerdote, que continha o "pei- toral do juízo" e o "Urim e o Tumim," através dos quais se podia descobrir a vonta- de do SenhorIÊx 28.4-30). e dei ... as ofertas. Tanto no Antigo Testamento INm 18.8; Dt 18.1) quanto no Novo 11Co9.13-14; 1T m 5.17-18), Deus providencia o sustento daqueles que es- tão a seu serviço. •2.29 honras. Embora os delitos dos filhos de Eli fossem mais atrevidos, ele próprio não fica sem culpa. Como pai e sumo sacerdote, não deveria ter se limitado a confron- tar seus filhos somente com palavras lvs. 23-25). Ter deixado de agir firmemente sig- nificava honrar seus filhos acima do Senhor lv. 30). A palavra hebraica traduzida por "honrar" é uma palavra-chave nos relatos subseqüentes da queda da família de Eli e da captura e devolução da arca (caps. 4-7); ver notas em 4.21; 6.5-6. •2.30 perpetuamente. Contínua ou indefinidamente. •2.31 não haja mais velho nenhum em tua casa. A dizimação da casa de Eli começa com a morte dos seus filhos 14.11) e a sua própria 14.18). Ela continua com o massacre dos sacerdotes de Nobe por Saul 122.17-19) e culmina quando Salomão remove Abiatar do sacerdócio (1Rs 2.26-27). •2.32 o aperto da morada de Deus. Ou '"um inimigo em minha morada". O ter- mo em hebraico é difícil, e partes dos vs. 31-32 faltam na Septuaginta e nos Ma- nuscritos do Mar Morto. Se for correta a tradução "o inimigo na morada de Deus", o versículo aludiria à captura da arca 14.1-11). à destruição da morada do Senhor em Siló IJr 7.12-14), e à sua recolocação em Nobe (21.1 ). •2.34 sinal. Pronunciamentos proféticos eram freqüentemente confirmados por sinais 12.27-36, nota; cf. 10.7,9; 1Rs 13.3,5; 2f\s 1929; 20.8-9). •2.35 sacerdote fiel. Embora a declaração em 3.20 de que Samuel foi "confir- mado" como um profeta do Senhor sugira que Samuel possa ter sido o cumpri- 317 1SAMUEL2, 3 do qmeu ungido para sempre. 36 rserá que todo aquele que Te'i>\'ô.! Ü'ô. t\la casa virá a inclinar-se diante dele, para obter uma moeda de prata e um bocado de pão, e dirá: Rogo-te que me / admitas a algum dos cargos sacerdotais, para ter um pe- daço de pão, que coma. Deus fala com Samuel numa Yisão 3 ªO jovem Samuel servia ao SENHOR, perante Eli. Na-queles dias, ba palavra do SENHOR era mui rara; as visões não eram freqüentes. 2 Certo dia, estando deitado no lugar costumado o sacerdote Eli, e cujos olhos já começavam a es- curecer-se, a ponto de não poder ver, 3 e tendo-se deitado também Samuel, no 1templo do SENHOR, em que estava a arca, antes que d a lâmpada de Deus se apagasse, 4 b SENHOR chamou o menino: Samuel, Samuel! Este respondeu: Eis- me aqui! s Correu a Eli e disse: Eis-me aqui, pois tu mecha- maste. Mas ele disse: Não te chamei; torna a deitar-te. Ele se foi e se deitou. 6 Tornou o SENHOR a chamar: Samuel! Este se levantou, foi a Eli e disse: Eis-me aqui, pois tu me chamaste. Mas ele disse: Não te chamei, meu filho, torna a deitar-te. 7 Porém Samuel e ainda não conhecia o SENHOR, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do SENHOR. 8 O SENHOR, pois, tornou a chamar a Samuel, terceira vez, e ele se levan- tou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, pois tu me chamaste. Então, entendeu Eli que era o SENHOR quem chamava o jo- vem. 9 Por isso, Eli disse a Samuel: Vai deitar-te; se alguém te chamar, dirás: /fala, SENHOR, porque o teu servo ouve. E foi Samuel para o seu lugar e se deitou. 10 Então, veio o SENHOR, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel! Este respondeu: Fala, porque o teu servo ouve. 11 Disse o SENHOR a Samuel: Eis que vou fa- zer uma coisa em Israel, ga qual todo o que a ouvir lhe tinirão ambos os ouvidos. 12 Naquele dia, suscitarei contra Eli htudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o cumprirei. 13 iPorque já lhe disse que ijulgarei a sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque 1seus filhos se fizeram execráveis, e ele mos não repreendeu. 14 Portanto, jurei à casa de Eli que nnunca lhe será expiada a iniqüidade, nem com sacrifício, nem com oferta de manjares. Samuel conta a Yisão a Elí IS Ficou Samuel deitado até pela 2 manhã e, então, abriu as portas da Casa do SENHOR; porém temia relatar a visão a Eli. 16 Chamou Elia Samuel e disse: Samuel, meu filho! Ele respon- deu: Eis-me aqui! 17Então, ele disse: Que é que o SENHOR te fa- lou? Peço-te que mo não encubras; assim ªDeus te faça o que bem lhe aprouver se me encobrires alguma coisa de tudo o que te falou. 18 Então, Samuel lhe referiu tudo e nada lhe encobriu. E disse Eli: PÉ o SENHOR; faça o que bem lhe aprouver. 19 QCrescia Samuel, e ro SENHOR era com ele, 5 e nenhuma de todas as suas palavras deixou 3 cair em terra. 20 Todo o Israel, 1desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava ~~~~~~~~~~~~~~ ~ q SI 18.50 36 r 1 Rs 2.27 1 nomeies a CAPÍTUL03 1ª1Sm2.11,18bSl74.9 2C1Sm4.15 JdÊx27.20-2110upalácio 7e1sm2.12 9/1Rs2.17 11nRs21.12 12h1Sm2.27-36 13 i1Sm 2.29-31 i1Sm 2.22 11 Sm 2.12, 17,22 m 1Sm 2.23,25 14 n Nm 15.30-31 15 2Conforme TM, Te V; LXX acrescenta e ele levantou-se pela manhã 17 ° Rt 1.17 18 Pls 39.8 19 q 1Sm2.21 rGn 21.22; 28.15; 39.2,21,23 s 1Sm9.6 3fracassar 20 t Jz 20.1 menta dessa predição, o cumprimento mais claro vem na pessoa de Zadoque, que serviu como sumo sacerdote lado a lado com Abiatar no reinado de Davi l2Sm 8.17, nota) e que chegou à preeminência no reinado de Salomão (1Rs 2.35). Os descendentes de Zadoque mantiveram-se no sumo sacerdócio desde o reinado de Salomão até aos tempos de Antíoco Epifânio e dos macabeus !para os detalhes, ver Introdução ao Período lntertestamentário). meu ungido. Essa é a segunda alusão neste capítulo ao rei vindouro lv. 1 O, nota). •2.36 um pedaço de pão. Os juízos proféticos eram caracterizados pela corres- pondência entre o crime e o castigo. A fome ameaçada nesse versículo corres- ponde com a satisfação da gula descrita nos vs. 12-27,29. •3.1 a palavra do SENHOR era mui rara. Quando o Senhor retém a sua palavra, é sinal do seu desagrado 114.37; SI 74.9; Lm 2.9; Am 8, 11-12). De maneira inver- sa, sua comunicação com Samuel é sinal do seu favor. visões. Tais visões ou revelações eram necessárias para o bem-estar do povo de Deus IPv 29.18). •3.3 templo. Ver nota em 1.9. arca. Também chamada, em outros textos, "a arca do Testemunho" e "a arca da Aliança," essa caixa de madeira de acácia revestida de ouro é descrita em Êx 25.10-22. A arca assume importância nos caps. 4----6 e de novo em 2Sm 6. antes que a lâmpada de Deus se apagasse. Pode se tratar simplesmente de uma referência ao horário IÊx 27.20-21; Lv 24.1-4). O emprego de "lâmpada" como uma metáfora de esperança e de promessa é muito comum 12Sm 21.17; 22.29; 1Rs 11.36; 15.4; Jó 18.5; SI 132.17; Pv 13 9) e é possível também aqui. Com Samuel no cenário, ainda há uma fagulha de esperança. •3. 7 Samuel ainda não conhecia o SENHOR. A repetição da terminologia do v. 2.12 a respeito de "conhecer" a Deus serve para enfatizar o contraste no sentido. Os filhos de Eli "não se importavam com o SENHOR" porque o desconsideravam impiamente. Samuel era uma criança, e nenhuma revelação ainda viera até ele. •3.8 Então, entendeu Eli. A lentidão de Eli em reconhecer que Deus estava chamando Samuel relembra ocasiões anteriores de falta de percepção 11.12-16) e de consciência 12.22, nota). o que contribui à impressão do leitor de Eli como um sacerdote idoso cujos olhos se escureceram lv. Z) de mais de uma maneira. •3.12 tudo quanto tenho falado. Ver 2.27-36. A repetição a Samuel do oráculo contra Eli confirma o próprio oráculo e estabelece Samuel como um profeta do Senhor lv 20) •3.13 se fizeram execráveis. A Septuaginta lo Antigo Testamento em grego) coloca "Deus" no lugar de "se". Isto representa a mudança de uma única conso- ante no texto hebraico original. Se os filhos de Eli estavam blasfemando contra Deus, tratava-se de um delito que levava à pena da morte llv 24.15-16). e ele os não repreendeu. Eli, tendo em conta a sua posição de sumo sacerdo- te, deveriater tomado medidas para refrear os seus filhos logo que a repreensão verbal tivesse comprovado sua ineficácia 12.29, nota; 2Sm 13.21, nota). •3.14 nunca lhe será expiada a iniqüidade, nem com sacrifício, nem com oferta de manjares. Embora houvesse provisões para a expiação dos pecados não intencionais dos sacerdotes (Lv 4.1-12). os pecados da casa de Eli desafia- vam diretamente a Deus (Nm 15.30-31). Eles tinham desprezado os meios nor- mais de expiação: os sacrifícios e as oferendas 12.17,29). •3.18 É o SENHOR; faça o que bem lhe aprouver. Eli aceita humildemente a sua rejeição, e confessa o direito de Deus em governar os assuntos dos homens. Suas palavras estabelecem um padrão segundo o qual os personagens posterio- res na narrativa deveriam ser julgados: Saul 120.30-31) e Davi 12Sm 15.25-26). •3.19 o SENHOR era com ele. Da perspectiva dos livros de Samuel, é a presen- ça de Deus com alguém que faz a diferença entre a vitória e o fracasso l 16.18; 18.12,14,28) e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra. Ver 9.6. Samu- el, portanto, foi aprovado como verdadeiro profeta (Dt 18.21-22). •3.20 desde Dá até Berseba ... profeta do SENHOR. Embora as responsa- bilidades de Samuel como juiz o levariam a servir numa determinada área nas 1SAMUEL3, 4 318 4 confirmado como profeta do SENHOR. 21 Continuou o SENHOR a aparecer em Siló, enquanto por usua palavra o SENHOR se manifestava ali a Samuel. Os filisteus 11encem os israelitas 4 Veio a palavra de Samuel a todo o 1 Israel. Israel saiu à pe-leja contra os filisteus e se acampou junto a ª Ebenézer; e os filisteus se acamparam junto a Afeca. 2 bDispuseram-se os filisteus em ordem de batalha, para sair de encontro a Israel; e, travada a peleja, Israel foi 2 derrotado pelos filisteus; e estes mataram, no campo aberto, cerca de quatro mil homens. 3 Voltando o povo ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu o SENHOR, hoje, diante dos filisteus? cTraga- mos de Siló a arca da Aliança do SENHOR, para que venha no meio de nós e nos livre das mãos de nossos inimigos. 4 Man- dou, pois, o povo trazer de Siló a arca do SENHOR dos Exérci- tos, dentronizado entre eos querubins; !os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, estavam ali com a arca da Aliança de Deus. A arca é tomada. Hofn.i e Fínéias são mortos 5 Sucedeu que, vindo a arca da Aliança do SENHOR ao ar- raial, rompeu todo o Israel em grandes brados, e ressoou a terra. 6 Ouvindo os filisteus a voz do júbilo, disseram: Que voz de grande júbilo é esta no arraial dos hebreus? Então, souberam que a arca do SENHOR era vinda ao arraial. 7 E se atemorizaram os filisteus e disseram: Os deuses vieram ao arraial. E diziam mais: g AI de nós! Que tal jamais sucedeu .~~~~ antes. s Ai de nós! Quem nos livrará das mãos destes gran- diosos deuses? São os deuses que feriram aos egípcios com toda sorte de pragas no deserto. 9 hSede fortes, ó filisteus! Portai-vos varonilmente, para que não venhais a ser escra- vos dos hebreus, icomo eles serviram a vós outros! 3 Por- tai-vos varonilmente e pelejai! to Então, pelejaram os filisteus; iJsrael foi 4 derrotado, e cada um fugiu para a sua tenda; foi grande a derrota, pois foram mortos de Israel trinta milho- mens de pé. 11 Foi tomada a 1arca de Deus, e mmortos os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias. A morte de Elí 12 Então, correu um homem de Benjamim, saído das filei- ras, e, no mesmo dia, n chegou a Siló; trazia rasgadas as vestes e ºterra sobre a cabeça. 13 Quando chegou, Eli estava Passen- tado numa cadeira, 5 ao pé do caminho, olhando como quem espera, porque o seu coração estava 6 tremendo pela arca de Deus. Depois de entrar o homem na cidade e dar as novas, toda a cidade prorrompeu em gritos. 14 Eli, ouvindo os gritos, perguntou: Que alvoroço é esse? Então, se apressou o ho- mem e, vindo, deu as notícias a Eli. 15 Era Elida idade de no- venta e oito anos; os qseus olhos tinham 7 cegado, e já não podia ver. 16 Disse o homem a Eli: Eu sou o que saí das fileiras e delas fugi hoje mesmo. Perguntou-lhe Eli: rQue sucedeu, meu filho? 17 Então, respondeu o que trazia as novas e disse: Israel fugiu de diante dos filisteus, houve grande morticínio en- tre o povo, e também os teus dois filhos, Hofni e Finéias, foram 4 Ou estabelecido 21 u 1 Sm 3.1,4 CAPÍTULO 4 1 ª 1Sm7.12 1 Conforme TM e T; LXX e V acrescentam E veio a acontecer naqu~les dias que os filisteus reuniram-se para lutar; LXX acrescenta ainda contra Israel 2b1Sm 12.9 2Lit.ferido 3 CNm 10.35; Js 6.6-21 4 d Ex 25.18-21; 1Sm6.2; SI 80.1 eNm 7.89/lSm 2.12 7 gÊx 15.14 9 h 1Co 16.13 iJz 13.1; 1Sm14.21 3 Lit. Sede homens 10 iLv 26 17; Ot 28.15,25; 1 Sm 4.2; 2Sm 18.17; 19.8; 2Rs 14.12; 2Cr 25.22 4Lit.gravemente ferido 11 11Sm2.32; SI 78.60-61 m 1Sm2.34; SI 78.64 12 n2sm 1.2 °Js 7.6; 2Sm 13.19; 15.32; Ne 9.1; Jó 2.12 13P1Sm1.9; 4.18 5Conforme TM e V; LXXao lado da porta, vigiando a estrada ô tremendo com ansiedade 15q1Sm 3.2; 1Rs 14.4 1parado 16 r2sm 1.4 regiões montanhosas centrais (7 .15-17), sua reputação como profeta espalha- va-se por "todo o Israel" (2Sm 3.1 O; 17.11; 24.25; 1Rs 4.25). •3.21 Siló. Ver nota em 1.3. •4.1 Veio a palavra de Samuel a todo o Israel. O episódio que começou com a notícia a respeito da raridade da palavra do Senhor (3.1) termina com a notícia da mudança introduzida pela escolha de Samuel para ser "profeta do SENHOR" (3.20 e nota). filisteus. Os filisteus são um dos "Povos do Mar" mencionados nos textos egíp- cios desde os tempos de Ramessés Ili. Até o tempo dos juízes (Jz 3.31, 13-16), os filisteus tinham se estabelecido ao longo das praias do Sul de Canaã, numa as- sociação de cinco cidades: Asdode, Asquelom, Ecrom, Gate e Gaza (6.17; Jz 3.3). Os filisteus tentavam freqüentemente expandir os seus territórios, e nos tempos de Samuel e da monarquia inicial, estavam em conflito direto com os israelitas ao norte e ao leste. Ebenézer. Este pode ser um local arqueológico cerca de 3 km a leste de Afeca (cf. v. 6). Ebenézer (que significa "Pedra de Socorro") é mencionada de novo em 5.1. A Ebenézer em 7.12 relembra essas primeiras referências (7 .12, nota), mas é um lugar diferente, perto de Mispa. Afeca. Afeca estava na extremidade sul da planície de Saram, cerca de 8 km da praia do Mediterrâneo, perto da nascente do rio Yarquom (29.1). Estava entre as cidades conquistadas por Josué (Js 12.18). ••tl \>ot que nos feriu o SENHOR. A pergunta dos anciãos é apropriada porre- fletir a crença de que "do SENHOR é a guerra" 117.47). Não esperam uma respos- ta, mas imediatamente põem em prática seu próprio plano. Tragamos ... a arca. A convicção aparente dos anciãos de que a arca seria uma garantia mágica da presença do Senhor é semelhante àquela dos filisteus (vs. 7-9). A salvação depende da livre iniciativa de Deus e da sua graça soberana, e não das técnicas ou planos humanos 12Sm 15.25 e nota). •4.4 SENHOR dos Exércitos. Ver nota em 1.3. Hofni e Finéias. Com seus dois filhos ímpios (2.12-17,27-36) encarregados da arca, não é de admirar que o coração de Eli estava "tremendo pela arca de Deus" lv. 13) •4.6 hebreus. Essa palavra ocorre pela primeira vez em Gn 14.13 como uma descrição de Abraão. Documentos extrabíblicos do segundo milênio a.C. mencio- nam um povo diverso e disseminado chamado "habiru." Isso tem levado a deba- tes consideráveis a respeito da identidade desse povo com os hebreus bíblicos. Os habiru pareciam ser uma classe de estrangeiros ou refugiados sem terra, que sobreviviam ou por se empregarem como soldados ou agricultores ou por meio de pilhagem. •4.8 grandiosos deuses ... que feriram aos egípcios. O clamor dos filisteus revela sua perspectiva politeísta, mas deixa pouca dúvida quanto ao impacto que aquele evento teve sobre as nações em derredor (6.6; Js 2.9-11). •4.1 O trinta mil. Ao invés de trazer alívio, os israelitas, na sua tentativa demani- pular o Senhor visando seus próprios interesses, sofreram uma derrota ainda maior (v. 2). •4.11 Foi tomada a arca de Deus. Um evento tão surpreendente quanto desas- troso, a perda da arca certamente deve ter feito tinir ambos os ouvidos (3.11 ). mortos ... Hofni e Finéias. Em cumprimento de 2.34; 3.12. •4.13 seu coração estava tremendo pela arca de Deus. Eli, anteriormente repreendido por honrar mais aos seus filhos do que ao Senhor 12.29), agora de- monstra mais preocupação pela arca de Deus do que pelos próprios filhos lvs. 17-18). 319 1SAMUEL4, 5 mortos, e a arca de Deus foi tomada. 18 Ao fazer ele menção da arca de Deus, caiu Eli da cadeira para trás, junto ao portão, e quebrou-se-lhe o pescoço, e morreu, porque era já homem velho e pesado; e havia ele julgado a Israel quarenta anos. 19 Estando sua nora, a mulher de Finéias, grávida, e próxi- mo o parto, ouvindo estas novas, de que a arca de Deus fora to- mada e de que seu sogro e seu marido morreram, encurvou-se e deu à luz; porquanto as dores lhe sobrevieram. 20 Ao expirar, 5 disseram as mulheres que a assistiam: Não temas, pois tiveste um filho. Ela, porém, não respondeu, nem fez 8caso disso. 21 Mas chamou ao menino 1lcabô 9 , dizendo: "Foi-se a glória de Israel. Isto ela disse, porque a arca de Deus fora tomada e por causa de seu sogro e de seu marido. 22 E falou mais: Foi-se a glória de Israel, pois foi tomada a arca de Deus. A arca na casa de Dagom 5 Os filisteus tomaram a arca de Deus e a levaram ªde Ebe-nézer a Asdode. 2 Tomaram os filisteus a arca de Deus e a meteram na casa de bDagom 1 , junto a este. 3 Levantando-se, porém, de madrugada os de Asdode, no dia seguinte, eis que cestava caído Dagom com o rosto em terra, diante da arca do SENHOR; tomaram-no e dtornaram a pô-lo no seu lugar. 4 Le- vantando-se de madrugada no dia seguinte, pela manhã, eis que Dagom jazia caído de bruços diante da arca do SENHOR; ea cabeça de 2 Dagom e as duas mãos estavam cortadas sobre o limiar; dele ficara apenas o tronco. s Por isso, os sacerdotes de Dagom e todos os que entram no seu templo não lhe /pi- sam o limiar em Asdode, até ao dia de hoje. 6 Porém ga mão do SENHOR castigou duramente os de Asdode, e "os assolou, e os feriu de 1tumores3 , tanto em Asdode como ino seu território. 7Vendo os homens de Asdo- de que assim era, disseram: Não fique conosco a arca do 1Deus de Israel; pois a sua mão é dura sobre nós e sobre Da- gom, nosso deus. B Pelo que enviaram mensageiros, e congre- garam a si todos mos príncipes dos filisteus, e disseram: Que faremos da arca do Deus de Israel? Responderam: Seja levada a arca do Deus de Israel até nGate e, depois, de cidade em ci- dade. E a levaram até Gate. 9 Depois de a terem levado, ºa mão do SENHOR foi contra aquela cidade, com mui grande ter- ror; pois feriu os homens daquela cidade, desde o pequeno até ao grande; 4 e lhes nasceram tumores. to Então, enviaram a arca de Deus a Ecrom. Sucedeu, porém, que, em lá chegan- do, os ecronitas exclamaram, dizendo: Transportaram até nós a arca do Deus de Israel, para nos matarem, a nós e ao nosso • 20 SGn 35.16-19 Bprestou atenção a isso 21 llSm 14.3 us126.8; 78.61 ºLitl~ng~/o~,é~io~~~~~- CAPÍTULO 5 1 a 1Sm 4.1; 7.12 2 bl Cr 10.8-10 I Um ídolo filisteu 3 CJs 19.1; 46.1-2 dls 46.7 4 eMq 1 7 2Conforme LXX, S, Te V; TM Dagon, lit. o peixe, ou seja, o tronco em forma de peixe S !SI 1.9 6 gÊx 9.3h1 Sm 6.5 iDt 28 27; SI 78.66 i Js 15.46-47 3Provavel- mente peste bubônica. LXX e V acrescentam E no meio de seu país surgiram ratos e houve um grande pânico de morte na cidade 7 i 1 Sm 6.5 8 m 1 Sm 6.4 n Js 11.22 9 o Dt 2.15 4 V e eles tiveram tumores em suas partes secretas •4. 18 menção da arca de Deus. Não foram as más notícias das perdas pesa- das sofridas pelos israelitas. nem a notícia da morte dos seus próprios filhos (v 17). mas a informação de que a arca de Deus tinha sido tomada foi o motivo que desencadeou a reação que resultou na morte do próprio Eli. havia ele julgado a Israel. Não há nenhuma contradição necessária quando Eli é descrito tanto como sacerdote quanto como juiz (Dt 17.8-12; 19.17; 1Cr23.2-4; 2Cr 19.8; Ez 44 24). ':Julgado" associa-o com os líderes que Deus suscitou entre a morte de Josué e a instituição da monarquia. quarenta anos. A liderança de Eli, de duração de quarenta anos. deve ter coinci- dido parcialmente com as façanhas de Sansão (Jz 13-16) e possivelmente também com a atividade dos juízes mencionados em Jz 12.8-15. •4.21 lcabô ... Foi-se a glória. A esposa de Finéias, ao morrer, dá ao seu re- cém-nascido o nome de lcabô, que significa tanto: "Nenhuma glória" quanto "Onde está a glória?" (2.29, nota). Conforme deixa claro o v. 22, a "glória" à qual ela se refere não é primariamente a casa de Eli, mas a arca de Deus, que agora se encontrava perdida. Ver também nota em 14.3. •5.1 Ebenézer. Ver 4.1, nota. Asdode. Uma das cinco cidades filistéias principais (4.1 ). Asdode fica cerca de 80 km ao sul de Ebenézer e 4 km afastada da costa do Mediterrâneo. A ocupação de Asdode pelos filisteus é atestada arqueologicamente já nos séculos XII e XI a.C No período do Novo Testamento, o local era chamado Azoto (At 840). •5.2 na casa de Dagom. No Oriente Médio antigo, o exército vitorioso levava os deuses dos derrotados e os depositava no templo dos seus próprios deuses como sinal da inferioridade e subordinação dos deuses conquistados. Embora a arca de Deus não fosse um ídolo, foi tratada assim pelos filisteus. Dagom. Uma deidade de destaque entre os filisteus. bem como na Mesopotâ- mia, na Síria e na Fenícia, desde os meados do terceiro milênio a.C. Dagom era considerado em tempos passados um deus-peixe por causa da semelhança en- tre o nome Dagom e a palavra hebraica dag, que significa "peixe." Agora parece mais provável que esse nome deva estar associado com a palavra hebraica da- gan, que significa "grão,'' de modo que Dagom seria um deus da agricultura ou da fertilidade. Dagom parece ter sido chefe do panteão filisteu (Jz 16.23; 1Cr10.1 O). que incluía a deusa Astarte (plural Astarote) (31.8-1 O) e o deus Baal-Zebul ("O Príncipe Baal"). Baal-Zebul era adorado em Ecrom, e seu nome era distorcido in- ternacionalmente pelos israelitas para formar Baal-Zebube !''senhor das mos- cas"; 2Rs 1.1-6. 16). A adoração de Dagom é atestada ainda no período macabeu (século li a C.; 1 Macabeus 10.83-84) •5.3 Dagom com o rosto em terra. A deidade supostamente vitoriosa está em posição de prestar homenagem à deidade aparentemente vencida (v. 2, nota). •5.4 cabeça ... mãos estavam cortadas. O dano específico ao ídolo deve ser entendido à luz da prática comum na antiguidade de cortar a cabeça e as mãos dos inimigos mortos (Jz 7.25; 8.6; 1Sm 17.54; 31.9; 2Sm 4.12). •5.5 pisam no limiar. Os limiares estão freqüentemente investidos com signifi- cado especial, e a prática de não pisar no limiar de um lugar sagrado era conheci- da. senão mesmo aprovada, em Israel (SI 1.9). Ligar o costume dos sacerdotes de Dagom com esse incidente humilhante talvez visasse ridicularizá-los mais do que transmitir informações a respeito da sua prática ritual. até ao dia de hoje. Essa frase sugere um intervalo significativo de tempo entre o evento e o seu relato (cf. 6.18). •5.6 a mão do SENHOR castigou duramente. Ver v. 11 e as notas nos vs. 1,4; 2.9. O Senhor não é domado por amigos nem inimigos Recusando-se a ser mani- pulado por Israel. Deus revelou a sua presença no território dos inimigos de Israel (4.21 ). Ali, ele demonstrou a sua soberania e levou os filisteus a sentirem o peso da sua mão em julgamento. tumores. A explicação mais plausível para os tumores é a de que eram sintomas da peste bubônica. transmitida por roedores. •5.8 os príncipes dos filisteus. Parece haver referência aos governantes de uma aliança filistéia (4.1, nota). que podiam cooperar entre si em temposde emergência. Gate. É debatida a localização de Gate, mas a melhor candidata é Tell es-Safi, cerca de 20 km ao leste de Asdode. É possível que o plano dos filisteus fosse o de remover a arca para outra cidade na esperança de que a peste não irrompesse ali, e assim poder comprovar que era por mera coincidência que a peste tinha sucedi- do em Asdode. Essa esperança foi dramaticamente esmagada (v. 9). •5. 1 O os ecronitas exclamaram. Após a experiência fracassada em Gate, o povo de Ecrom. pelo menos, já não tem dúvidas a respeito dos perigos de ficar com a arca (v. 8. nota). Ecrom ficava 8 km imediatamente ao norte de Gate. e das cida- des principais do filisteus, era aquela que ficava mais perto do território israelita. l 1SAMUEL5, 6 320 povo. 11 Então, enviaram mensageiros, e congregaram a to- dos os príncipes dos filisteus, e disseram: Devolvei a arca do Deus de Israel, e torne para o seu lugar, para que não mate nem a nós nem ao nosso povo. Porque havia terror de morte em toda a cidade, e a mão de Deus castigara duramente ali. 12 Os homens que não morriam eram atingidos com os tumo- res; e Po clamor da cidade subiu até ao céu. Os filisteus enYiam a arca para/ora da sua terra 6 Sete meses esteve a arca do SENHOR na terra dos filisteus. 2 Estes ªchamaram os sacerdotes e os adivinhadores e lhes disseram: Que faremos da arca do SENHOR? Fazei-nos sa- ber como a devolveremos para o seu lugar. 3 Responderam eles: Quando enviardes a arca do Deus de Israel, não a envieis bvazia, porém enviá-la-eis a seu Deus com cuma oferta pela culpa; então, sereis curados e sabereis por que a sua mão se não tira de vós. 4 Então, disseram: Qual será a oferta pela cul- pa que lhe havemos de apresentar? Responderam: Segundo o número dos príncipes dos filisteus, d cinco tumores de ouro e cinco ratos de ouro, porquanto a praga é uma e a mesma so- bre todos / vós e sobre todos os vossos príncipes. 5 Fazei umas imitações dos vossos tumores e dos vossos ratos, que e andam destruindo a terra, e f dai glória ao Deus de Israel; porventura, 8aliviará2 a sua mão de cima de vós, e hdo vosso deus, e da vossa terra. 6 Por que, pois, endureceríeis o coração, icomo os egípcios e Faraó endureceram o coração? Porventura, de- pois de os haverem tratado tão mal, !não os deixaram ir, e eles não se foram? 7 Agora, pois, fazei 1um carro novo, tomai duas • 12P1Sm9.16;Jr14.2 vacas com crias, msobre as quais não se pôs ainda jugo, e atai·as ao carro; seus bezerros, levá-los-eis para casa. 8 Então, tomai a arca do SENHOR, e ponde-a sobre o carro, e metei num cofre, ao seu lado, nas figuras de ouro que lhe haveis de entre- gar como oferta pela culpa; e deixai-a ir. 9 Reparai: se subir pelo caminho rumo do seu território a ªBete-Semes, foi ele que nos 3 fez este grande mal; e, se não, Psaberemos que não foi a sua mão que nos feriu; foi casual o que nos sucedeu. A arca chega a Bete-Semes 10 Assim fizeram aqueles homens, e tomaram duas vacas com crias, e as ataram ao carro, e os seus bezerros encerra- ram em casa. 11 Puseram a arca do SENHOR sobre o carro, como também o cofre com os ratos de ouro e com as imita- ções dos tumores. 12 As vacas se encaminharam diretamente para Bete-Semes e, andando e berrando, segulam sempre por esse mesmo qcaminho, sem se desviarem nem para a direita nem para a esquerda; os príncipes dos filisteus foram atrás de- las, até ao território de Bete-Semes. 13 Andavam os de Bete-Semes fazendo ra sega do trigo no vale e, levantando os olhos, viram a arca; e, vendo-a, se alegraram. 14 O carro veio ao campo de Josué, o bete- semita, e parou ali, onde havia uma grande pedra; fenderam a madeira do carro e ofereceram as vacas ao SENHOR, em ho- locausto. 15 Os levitas desceram a arca do SENHOR, como também o cofre que estava junto a ela, em que estavam as obras de ouro, e os puseram sobre a grande pedra. No mes- mo dia, os homens de Bete-Semes ofereceram holocaustos e CAPÍTULO 6 2 ª Gn 41.8; Êx 7.11; Is 2.6; 47.13; Dn 2.2; 5.7 3 b Êx 23.15; Dt 16.16 e Lv 5.15-16 4d1 Sm 5.6,9, 12; 6.17 1 Lit. eles 5 e1sm 5.6.(Js 7.19; 1Cr 16.28-29; Is 42.12; Jr 13.16; MI 2.2; Ap 14.7 g1Sm 5.6,11; SI 39.10h1Sm 5.3-4,7 2moderará 6 iÊx 7.13; 8.15; 9.34; 14.17 JEx 12.31 7 i2Sm 6.3 mNm 19.2; Dt 21.3-4 8n1Sm 6.4-5 9 o Js 15.10; 21.16P1Sm 6.3 3fezesta calamidade para nós 12 QNm 20.19 13r1sm12.17 •5.11 Devolvei a arca. Os ecronitas, não podendo suportar estar debaixo da forte "mão do SENHOR" (v 6, nota). agora imploram para que a arca seja devolvida "para o seu lugar." •6. 1 Sete meses. Os eventos registrados no capítulo anterior aconteceram, não em questão de dias, mas de meses. O número sete freqüentemente significa in- tegralidade. •6.2 adivinhadores. Juntamente com a feitiçaria e a magia (Nm 23.23). a adivi- nhação era explicitamente condenada em Israel (Dt 18.1O,14; Jr 27.9; Ez 13.23). Era praticada por alguns dos vizinhos de Israel (Nm 22.7; Ez 21.21 ). Que faremos. Eles tinham o mesmo problema que havia confrontado o povo de Asdode (5.8). Tentar mudar a arca de lugar em lugar do território filisteu fracas- sou, e tomou-se claro que a única solução era devolver a arca a Israel. •6.3 oferta pela culpa. A oferta visa reconhecer a culpa e compensar pelo deli- to de roubar a arca (v. 4). •6.5 Fazei umas imitações dos vossos tumores. O procedimento adotado pelos filisteus tinha vários propósitos. O ouro usado para os modelos era um tipo de indenização por terem roubado a arca (v. 4). ao passo que as imitações dos tu- mores e dos ratos eram, provavelmente, uma forma de magia. O propósito decla- rado pelos filisteus, porém, era "dar glória" ao Deus de Israel: Com essa proclamação, a narrativa da arca quase completa o seu circuito. Foi porque Israel deixara de honrar o Senhor e de lidar corretamente com a arca que Deus a remo- vera do seu povo. do vosso deus. O tratamento opressivo que o Senhor aplicou aos deuses dos fi- listeus é como seu tratamento aos "deuses do Egito" (Êx 12.12). Conforme indica o versículo seguinte, os próprios filisteus perceberam essa comparação. •6.6 Por que, pois, endureceríeis o coração. Formas da palavra hebraica traduzida por "endurecer" nesta frase acham-se freqüentemente na história da rejeição do sacerdócio de Eli e da perda da arca. Noutros contextos, a palavra é traduzida por "glória" (v. 5; 4.21). e "honra" (ver 2.29 e nota). depois de os haverem tratado tão mal. Ou "abusado deles", ou "feito grandes coisas entre eles." A mesma expressão é usada em 31.4; Êx 10.2; Jr 38.19. •6. 7-9 Um texto antigo de ritual heteu revela alguns paralelos com o procedi- mento descrito nestes versículos. No ritual heteu, o alívio de uma peste que, se- gundo se pensava, tinha sido causada por algum deus inimigo é buscado através da coroação cerimonial de um carneiro a fim de pacificar o deus inimigo, para en- tão tanger o carneiro ao longo de uma estrada que leva ao território inimigo. Na versão filistéia, o motivo de escolher vacas que nunca tinham sido submetidas ao jugo e de separá-las dos seus bezerros parece ser para garantir que, se as vacas realmente seguissem na direção de Israel, não seria por causas naturais, nem por coincidência, mas pela influência do Deus de Israel. •6.9 Bete-Semes. Lit. "Casa do Sol." Um entre vários lugares em Israel com este nome, esta Bete-Semes tem sido identificada com Te// er-Rumeileh, uns 12 km ao leste de Ecrom (5.1 O, nota). Bete-Semes era uma cidade fronteiriça (v. 12; Js 15.1 O). freqüentemente sendo disputada por filisteus e israelitas (2Cr 28.18). •6.12 andando e berrando. Obviamente não contentes em deixarem seus be- zerros para trás, as vacas nem por isso se desviaram do seu caminho ordenado por Deus. •6.13 a sega do trigo. Ver 12. 17, nota. •6. 14 Josué, o bete-semita. Embora esse Josué não seja mencionado noutra parte da Bíblia, seu campo e a grande pedra nele localizadaeram aparentemente bem conhecidos na ocasião em que foi escrita a presente narrativa (v. 18). holocausto. Ver nota em 10.8. •6.15 levitas. Bete-Semes era atribuída aos levitas; especificamente aos des- cendentes de Arão (Js 21.16). 321 1SAMUEL6, 7 imolaram sacrifícios ao SENHOR. 16 Viram aquilo os s cinco \)rínci\)es dos filisteus e voltaram para Ecrom no mesmo dia. 17 1São estes, pois, os tumores de ouro que enviaram os filis· teus ao SENHOR como oferta pela culpa: por Asdode, um; por Gaza, outro; por Asquelom, outro; por "Gate, outro; por Ecrom, outro; 18 como também os ratos de ouro, segundo o número de todas as cidades dos filisteus, pertencentes aos cinco príncipes, desde as cidades fortes até às aldeias cam· pestres. A grande pedra, sobre a qual puseram a arca do SENHOR, está até ao dia de hoje no campo de Josué, o bete· semita. A arca chega a QuiriateJearim 19 vFeriu o SENHOR os homens de Bete-Semes, porque olharam para dentro da arca do SENHOR, sim, xferiu4 deles setenta homens; então, o povo chorou, porquanto o SENHOR fizera tão grande morticínio entre eles. 20 Então, disseram os homens de Bete-Semes: zouem poderia estar perante o SENHOR, este Deus santo? E para quem subirá desde nós? 21 Enviaram, pois, mensageiros aos habitantes de ªOui- riate-Jearim, dizendo: Os filisteus devolveram a arca do SENHOR; descei, pois, e fazei-a subir para vós outros. 7 Então, vieram os homens de ªOuiriate-Jearim e levaram a arca do SENHOR à casa de b Abinadabe, no outeiro; e e consagraram Eleazar, seu filho, para que guardasse a arca do SENHOR. Exortação de Samuel ao arrependimento 2 Sucedeu que, desde aquele dia, a arca ficou em Ouiria· te-Jearim, e tantos dias se passaram, que chegaram a vinte anos; e toda a casa de Israel dirigia lamentações ao SENHOR. J Falou Samuel a toda a casa de Israel, dizendo: dSe é de todo o vosso coração que voltais ao SENHOR, e tirai dentre vós os deu- ses estranhos e !os astarotes 1 , e gpreparai o coração ao SENHOR, e hservi a ele só, e ele vos livrará das mãos dos filis- teus. 4 Então, os filhos de Israel tiraram dentre si ;os baalins e os astarotes2 e serviram só ao SENHOR. Os filisteus são vencidos 5 Disse mais Samuel: iCongregai todo o Israel em Mispa, e 'orarei por vós ao SENHOR. 6 Congregaram-se em Mispa, muraram água e a derramaram perante o SENHOR; njejuaram aquele dia e ali disseram: ºPecamos contra o SENHOR. E Sa- muel julgou os filhos de Israel em Mispa. 7 Quando, pois, os filisteus ouviram que os filhos de Israel estavam congregados em Mispa, subiram os prínci- pes dos filisteus contra Israel; o que ouvindo os filhos de Israel, tiveram medo dos filisteus. B Então, disseram os fi- lhos de Israel a Samuel: PNão cesses de clamar ao SE- NHOR, nosso Deus, por nós, para que nos livre da mão dos filisteus. 9 Tomou, pois, Samuel qum cordeiro que ainda mamava e o sacrificou em holocausto ao SENHOR; 'Cla- mou Samuel ao SENHOR por Israel, e o SENHOR lhe respon- deu. 10 Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram à peleja contra Israel; smas trovejou o SENHOR aquele dia com grande estampido sobre os filis· teus e os aterrou de tal modo, que foram derrotados dian- te dos filhos de Israel. 11 Saindo de Mispa os homens de Israel, perseguiram os filisteus e os 3 derrotaram até abaixo de Bete-Car. • 16 sJs 13.3 1711Sm6.4u1 Sm 5.8 19 VÊx 19.21 x2sm 6.7 4Qu Ele feriu setenta homens do povo e cinqüenta bois de um homem; ou feriu do povo cinqüenta mil e setenta homens 20 ZMI 3.2 21 a 1Cr 13.5-6 CAPÍTULO 7 1 a 1Sm6.21 b2Sm 6.3-4 Clv 21.8 3 düt 30.2-10 eGn 35.2/Jz 2.13 g Jó 11.13 h Lc 4.8 /imagens de deusas cananitas 4 i Jz 2.11; 10.16 2 Imagens de deusas cananitas 5 i Jz 10.17; 20.1 11Sm 12.17-19 6 m 2Sm 14.14 n Jz 20.26; Ne 9.1-2; Dn 9.3-5; JI 2.12 o Jz 10.10; 1Sm 12.1 O; 1Rs 8.47; SI 106.6 8P1Sm12.19-24; Is 37.4 9 Hv 22.27r1Sm 12.18; SI 99.6; Jr 15.1 10 s Js 10.10; 2Sm 22.14-15; SI 18.13-14 11 3 feriram gravemente e os puseram sobre a grande pedra. Essa rocha foi usada como um pedestal para a arca e os objetos de ouro. e não como um altar improvisado. •6. 18 até ao dia de hoje. Ver nota no v. 14. •6.19 olharam para dentro da arca. Ver Nm 4.5.20. O manuseio presunçoso da arca levara à sua perda. e um delito semelhante deve agora ser castigado na ocasião da sua devolução. O problema de manusear a arca de modo impróprio surgirá de novo em 2Sm 6. •6.20 Quem poderia estar. Cf. Êx 9 .11 . •6.21 Qui~earim. Localizada uns 15 km ao nordeste de Bete-Semes, Oui- riate-Jearim também é chamada Ouiriate-Baal (Js 15.60; 18.14). Baalá (Js 15.9), e Baalá de Judá (2Sm 6.2). •7.2 vinte anos ... lamentações ao SENHOR. À luz da referência de Samuel a "deuses estranhos" entre os israelitas (v. 3). parece que foi somente no fim des- ses ~inte anos que Israel começou a buscar o Senhor. •7.3 preparai o coração ao SENHOR ... e ele vos livrará. O ciclo da apostasia, da opressão. do arrependimento e do livramento que era tão típico em Juízes (Jz 3. 7-9) é repetido nos eventos deste capítulo. •7.4 os baalins e os astarotes. Ver notas em 5.2; 31.10. •7.5 Mispa. Uma cidade em Benjamim, quase 12 km ao norte de Jerusalém e 13 km ao nordeste de Ouiriate-Jearim. Mispa desempenhou um papel de desta- que em Israel antes da monarquia (10.17; Jz 20.1; 21.1,5,8) Era uma das para- das regulares no circuito de Samuel (v. 16). O nome, que significa algo como "lugar de vigia," subentende um ponto alto estratégico para ver a circunvizinhan- ça. e foi dado a vários locais lp. ex., 22.3). •7.6 tiraram água e a derramaram perante o SENHOR. Embora essa ação não tenha paralelo em outros trechos das Escrituras, parece significar arrependi- mento e, juntamente com o jejum, o desejo de buscar a Deus com sinceridade (cf. 1.15; SI 62.8; Lm 2.19). A ação de Davi em 2Sm 23.16 ocorre num corrtexto diferente e tem um significado diferente. Pecamos contra o SENHOR. As palavras e as ações (v. 4) dos isráelitas dão evi- dência do verdadeiro arrependimento. O tempo já está próximo para o Senhor li- bertar seu povo dos seus opressores filisteus. A reação dos filisteus diante dessa convocação em Mispa lv. 7) oferece uma oportunidade para esse livramento. •7.8 clamar ao SENHOR. Em Juízes, "clamar" ao Senhor era atendido mediante um libertador que o Senhor suscitaria (Jz 3.9, 15). Aqui, as funções de Samuel são as de intercessor e intermediário, enquanto a vitória é claramente obra do Senhor (v. 10). •7.9 holocausto. Ver nota em 10.8. •7.10 trovejou o SENHOR ... sobre os filisteus. Essa declaração relembra dra- maticamente as palavras que Ana proferira anteriormente: "Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles" (2.1 O; cf. 2Sm 22.14). Essas palavras de Ana foram imediatamente antecedidas por esta decla- ração dela: "o homem não prevalece pela força" (2.9). A força humana pesa pou- co na balança quando o Senhor resolve agir. •7.11 Bete-Car. Sua localização é desconhecida. l 1 1 SAMUEL 7, 8 322 12 1Tomou, então, Samuel uma pedra, e a pôs entre Mispa e Sem, e lhe chamou 4Ebenézer, e disse: Até aqui nos ajudou o SENHOR. 13 u Assim, os filisteus foram abatidos e vnunca mais vieram ao território de Israel, porquanto foi a mão do SENHOR contra eles todos os dias de Samuel. 14 As cidades que os filis- teus haviam tomado a Israel foram-lhe restituídas, desde Ecrom até Gate; e até os territórios delas arrebatou Israel das mãos dos filisteus. E houve paz entre Israel e os amorreus. 15 E xjuJgou Samuel todos os dias de sua vida a Israel. 16 De ano em ano, fazia uma volta, passando por Betel, Gilgal e Mispa; e julgava a Israel em todos esses lugares. 17 Porém zvoltava a Ramá, porque sua casa estava ali, onde julgava a Israel e onde ªedificou um altar ao SENHOR. 4 Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vie- ram a Samuel, a Ramá,
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