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Revisão Intercalada (R I) - Livro 2-007-009

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7
R.I. (Revisão Intercalada) 
(...)
Praia de Botafogo. Meu Deus! Pendurou-se nervosa-
mente na campainha, saltou e atravessou a rua sob o 
olhar perseguidor da rapaziada que ia no bonde.
Houve tempo em que Clarete se chamava simplesmente 
Clara. Tinha, então, os cabelos compridos, pestanas 
sem rímel, sobrancelhas cerradas, uma magreza de 
menina que ajuda a mãe na vida difícil e um desejo 
indisfarçável de acabar com as sardas que lhe 8pintal-
gavam as faces e punham no narizinho arrebitado uma 
graça brejeira.
Trabalhava numa fábrica de caixas de papelão e vinha 
para a casa às quatro e meia, quando não havia serão, 
doidinha de fome e recendendo a cola de peixe.
Quando ela passava, os meninos buliam na certa:
– Ovo de tico-tico! Ovo de tico-tico!
Ela arredondava-lhes um palavrãozinho que aprendera 
na fábrica com a Santinha e continuava a subir a 
ladeira comprida, rebolando, provocante. (...)
Verdade é que eles a chamavam de ovo de tico-tico, 
menos pelas sardas do que por despeito. Ela não dava 
confiança a nenhum – vê lá!... – e no coração deles 
andava uma loucura por Clarete. Ai! se ela quisesse!... 
– suspiravam todos intimamente. Ela, porém, não que-
ria, estava mais que visto. E eles ficavam se regalando 
amoravelmente com o palavrãozinho jogado assim num 
desprezo superior, pela boca minúscula que todas as 
noites aparecia, tentadoramente se ofertando, nos seus 
sonhos juvenis.
Marques RebelloContos reunidos. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
3cinemático − que se movimenta em várias direções
6arrumar-lhe − dirigir-lhe
7beque − zagueiro
8pintalgar − pintar 
Considere, nas passagens abaixo, as orações iniciadas 
por preposição:
Olhou para o céu, certificando-se de que não ia chover. 
(ref. 1)
Clarete também teve o bom senso de não insistir, (ref. 2)
Aponte o valor sintático de cada uma dessas orações. 
5. (Unb)
Ajustou, na medida, umas talas de cálamo exatas,
E, do dorso através e da pele, enfiou no quelônio
E, conforme pensava, uma pele de boi esticou
E dois braços extremos dispôs, por travessa ajuntados.
Sete cordas de tripa de ovelha estendeu harmoniosas.
Ao depois de fazê-lo, tomou do amorável brinquedo
E co’um plectro uma a uma provou cada corda, aos seus 
dedos
Ressoava tremenda.
Homero. Hinos homéricos. Hino a Hermes, v. 44-53. Introdução 
e tradução de Jair Gramacho. Brasília: UnB, 2003.
Com referência ao texto acima e a conhecimentos rela-
tivos à propagação de ondas sonoras, julgue o item a 
seguir.
No verso “Ao depois de fazê-lo, tomou do amorável 
brinquedo” (v.6), o emprego do complemento iniciado 
por preposição exemplifica recurso estilístico que não 
altera a transitividade da forma verbal “tomou”. 
6. (Fgv)
TEXTO
(...) ANTES DE CONCLUIR ESTE CAPÍTULO, FUI À JANELA 
INDAGAR DA NOITE POR QUE RAZÃO OS SONHOS HAVIAM 
DE SER ASSIM TÃO TÊNUES QUE SE ESGARÇAVAM AO 
MENOR ABRIR DE OLHOS OU VOLTAR DE CORPO, E NÃO 
CONTINUAVAM MAIS. A NOITE NÃO ME RESPONDEU 
LOGO. ESTAVA DELICIOSAMENTE BELA, OS MORROS 
PALEJAVAM* DE LUAR E O ESPAÇO MORRIA DE SILÊNCIO. 
COMO EU INSISTISSE, DECLAROU-ME QUE OS SONHOS 
JÁ NÃO PERTENCIAM À SUA JURISDIÇÃO. Quando eles 
moravam na ilha que Luciano** lhes deu, onde ela 
tinha o seu palácio, e donde os fazia sair com as suas 
caras de vária feição, dar-me-ia explicações possíveis. 
Mas os tempos mudaram tudo. Os sonhos antigos foram 
aposentados, e os modernos moram no cérebro das 
pessoas. Estes, ainda que quisessem imitar os outros, 
não poderiam fazê-lo; a ilha dos sonhos, como a dos 
amores, como todas as ilhas de todos os mares, são 
agora objeto da ambição e da rivalidade da Europa e 
dos Estados Unidos.
Era uma alusão às Filipinas. Pois que não amo a polí-
tica, e ainda menos a política internacional, fechei a 
janela e vim acabar este capítulo para ir dormir.
(Machado de Assis, Dom Casmurro. Adaptado)
* palejar = tornar-se pálido, empalidecer.
** Luciano= escritor grego, criador do diálogo satírico. 
Com relação às classes de palavras, aponte o valor que: 
a) a preposição DE assume no contexto das frases:
I. “... os morros palejavam de luar...”
II. “De manhã, com a fresca...”
b) a conjunção COMO assume no contexto das frases:
III. “Como eu insistisse...”
IV. “... como a dos amores...” 
8
R.I. (Revisão Intercalada) 
7. (Ufjf-pism 3 2022)
Quem tem medo de Paulo Freire?
Força de uma educação humanista, inclusiva e 
emancipadora sempre prevalecerá
Dagmar ZibasDoutora em educação pela USP 
e pesquisadora aposentada da Fundação Carlos 
Chagas
1Foi um privilégio frequentar, em 1982, o curso que 
Paulo Freire, recém-chegado do exílio, ministrava na 
pós-graduação da PUC-SP; e ousado foi me candida-
tar à função de secretária quando o mestre comen-
tou, em sala de aula, que procurava pessoa que o 
ajudasse a administrar sua correspondência.
Como aluna, compreendi o valor de uma abordagem que 
foca o educando em sua relação dialógica com o educa-
dor e como sujeito de sua aprendizagem, aprendizagem 
das letras e da ciência, mas também do ser no mundo 
e na história.
Adicionalmente, como secretária de Paulo Freire por 
cinco anos, experimentei um sentimento de perplexidade 
por lidar mensalmente com centenas de cartas (prove-
nientes de países tão distintos como EUA, Inglaterra, 
Angola, Suécia, Índia, França, Austrália, Palestina ou 
Uruguai) que traziam as mais variadas solicitações, 
consultas e convites, cartas assinadas por renomados 
intelectuais, reitores de prestigiadas universidades, 
professores universitários e de todos os outros níveis, 
estudantes, líderes comunitários etc. Esse assombro se 
estendia a outros aspectos. Por exemplo, me surpreen-
dia como uma figura de tal status podia se relacionar 
com tanta simplicidade e empatia com qualquer pessoa 
que dela se acercasse.
Outras questões se colocavam: por que um professor, 
armado apenas de giz e de palavras que expressavam 
um pensamento profundamente humanista e com evi-
dente influência cristã, incomodava tanto o governo 
militar?
Qual a razão das ameaças que obrigaram o mestre a se 
exilar para proteger a si e à família? A resposta estava 
dada e, infelizmente, ainda é válida: um educador que 
ajude o aluno a compreender-se como protagonista de 
sua própria história, da história de sua comunidade 
e de seu país será sempre considerado um perigo por 
quem pretende calar voz daqueles que nunca tiveram 
vez nas dinâmicas de poder do Estado e da sociedade.
2Com a queda da ditadura, pensou-se que as tentativas 
de suprimir a concepção freiriana da educação estariam 
definitivamente enterradas. Mas nova perplexidade nos 
aguardava.
No final dos anos 1980 e na década seguinte, a aborda-
gem educacional de Freire, extremamente valorizada no 
exterior, sofria aqui críticas de intelectuais que abraça-
ram uma concepção utilitarista da educação, concepção 
divulgada em documentos do Banco Mundial. 3Como 
aquela instituição financiava reformas educacionais 
aqui e em diversos países, ficou clara a vinculação entre 
os projetos governamentais daquele período e o poder 
econômico da instituição financeira. O aspecto farsesco 
do processo foi a tentativa de atribuir os baixos índices 
de aprendizagem de todo o sistema de ensino a uma 
suposta predominância de método freiriano nas escolas 
públicas.
Pesquisadores rigorosos rebateram essa falsa associa-
ção, divulgando dados e desenvolvendo sólidos argu-
mentos para demonstrar que a adesão a Freire era (e 
é) absolutamente minoritária no conjunto das escolas 
públicas, uma vez que a metodologia exige formação 
sólida e tempo para um trabalho docente centrado 
em profundo conhecimento das condições de vida do 
educando.
Como pôr em prática tal metodologia em um sistema 
em que professores, exercendo profissão de baixo sta-
tus social porque mal paga, circulam por duas ou mais 
escolas, enfrentando salas superlotadas, sem tempo até 
para aprender o nome de todos os alunos? Pesquisas 
sempre demonstraram que, na maioria absoluta das 
escolas públicas, vigora o ensino tradicional, em que 
o estudante,na melhor das hipóteses, apenas reproduz 
mecanicamente o conhecimento veiculado, sem conse-
guir compreender o significado ou a importância dos 
conteúdos escolares para sua vida cotidiana ou para 
seu futuro.
4Neste domingo (19), dia de comemoração do centená-
rio do patrono da educação brasileira, é desalentador 
registrar que, novamente, esferas oficiais estão ten-
tando apagar a extraordinária contribuição de Paulo 
Freire para projetos de desenvolvimento integral dos 
educandos. Entretanto, como nas tentativas anteriores, 
o vigor das ideias freirianas prevalecerá, inspirando, 
aqui e em todo mundo, educadores que acreditam na 
força de uma educação humanista, inclusiva, e, por-
tanto, emancipadora.
TENDÊNCIAS / DEBATES. Fonte https://www1.folha.uol.com.br/
opiniao/2021/09/quem-tem-medo-de-paulo-freire.shtml. 
Acesso em 18/10/2021. 
9
R.I. (Revisão Intercalada) 
Leia o seguinte período, do texto:
Como aquela instituição financiava reformas educacio-
nais aqui e em diversos países, ficou clara a vinculação 
entre os projetos governamentais daquele período e o 
poder econômico da instituição financeira. (ref. 3)
Ao articular as duas orações do período acima, a con-
junção “como” estabeleceu qual relação semântica? 
Justifique sua resposta, reescrevendo o trecho e subs-
tituindo a conjunção por outra de valor semântico 
semelhante.
8. (Uerj 2019)
O fragmento de texto apresentado foi retirado do 
romance O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós.*
FRAGMENTO V
Mas Amaro, radiante de se achar ali, numa praça de 
Lisboa, em conversação íntima com um estadista ilus-
tre, perguntou ainda, pondo nas palavras uma ansie-
dade de conservador assustado: 
– E crê Vossa Excelência que essas ideias de república, 
de materialismo, se possam espalhar entre nós? 
O conde riu: e dizia, caminhando entre os dois padres, 
até quase junto das grades que cercam a estátua de 
Luís de Camões: 
– Não lhes dê isso cuidado, meus senhores, não lhes dê 
isso cuidado! É possível que haja aí um ou dois estur-
rados que se queixem, digam tolices sobre a decadência 
de Portugal, e que estamos num marasmo, e que vamos 
caindo no embrutecimento, e que isto assim não pode 
durar dez anos etc., etc. Baboseiras!... 
Tinha-se encostado quase às grades da estátua, e 
tomando uma atitude de confiança: 
– A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros 
invejam-nos... E o que vou a dizer não é para lisonjear 
a Vossas Senhorias: 1mas enquanto neste país houver 
sacerdotes respeitáveis como Vossas Senhorias, Portugal 
há-de manter com dignidade o seu lugar na Europa! 
Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem! 
– Sem dúvida, senhor conde, sem dúvida, disseram com 
força os dois sacerdotes. 
(CAPÍTULO XXV)
* Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000. 
Observe as conjunções sublinhadas no trecho citado 
(1) e em sua reescritura (2):
(1) mas enquanto neste país houver sacerdotes respei-
táveis como Vossas Senhorias, Portugal há-de manter 
com dignidade o seu lugar na Europa! Porque a fé, 
meus senhores, é a base da ordem! (ref. 1) 
(2) mas quando neste país houver sacerdotes respei-
táveis como Vossas Senhorias, Portugal há-de manter 
com dignidade o seu lugar na Europa! Porque a fé, 
meus senhores, é a base da ordem! 
Apresente a diferença de sentido entre os dois enun-
ciados, a partir do uso de cada conjunção. 
Explique, também, o efeito de sentido produzido pelo 
emprego da conjunção enquanto, considerando a con-
duta do padre Amaro e do cónego Dias ao longo da 
narrativa. 
9. (Ufjf-pism 3)
Para responder à questão, leia o fragmento da
peça Se eu fosse Iracema, de Fernando Marques.
A história do homem branco é história.
A ciência do homem branco é ciência.
A religião do homem branco é religião.
A arte do homem branco é arte.
A filosofia do homem branco é filosofia.
E a história de qualquer outro homem é folclore,
é caso,
é mentira,
é bobagem,
é superstição,
é lenda,
é enredo de escola de samba,
é poesia de livro didático.
Só o homem branco sabe,
Só o homem branco sobe,
Só o homem branco salva,
Os outros homens: selva.
MARQUES, Fernando. Se eu fosse Iracema. 
Rio de Janeiro, 2016. 20p.
Folder elaborado para divulgação.

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