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Simulado ENEM - Linguagens, ciencias humanas

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LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 3
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45
Questões de 01 a 05 (opção Inglês)
QUESTÃO 01
What Is Time?
As spiritual beings, we are responsible for actualizing 
the potential holiness that God imbues in each moment.
One of the easiest questions to answer is: “What time is 
it?”.	One	of	the	most	difficult	questions	to	answer	is:	“What	
is time?”
We measure time’s passage by hours, days, months and 
years, but what is the elusive reality that we are measuring? A 
physicist would answer that time is that way that we measure 
the rotations and revolutions of the heavenly bodies.
But while the movement of the heavenly bodies is circular, 
the human sense of time is linear. On the physical level, the 
Earth turns around today just like it turned around yesterday. 
On the deepest level, however, we know that yesterday 
should not be just a repetition of today, and this year should 
not be just a repetition of last year. We understand intuitively 
that our lives must move not in circles, but in spirals, with 
every rotation higher than the preceding ones.
We also know that time runs out, and our bodies can 
endure only a certain number of years before they perish. 
This subconscious awareness of own mortality also colors 
our relationship to time and its passage.
Disponível em: www.aish.com. Acesso em: 27 abr. 2020.
O texto discorre sobre o conceito de tempo e sua abrangência 
de	significados.	A	partir	da	leitura	do	texto,	um	dos	conceitos	
de tempo é 
A o tempo afeta a mente e o corpo de maneiras diferentes.
B para alguns, o conceito de tempo está relacionado ao 
fato de que ontem deve ser diferente de hoje, e que 
cada dia deve ser vivido de uma forma única.
C a maneira como o ser humano enxerga o tempo é 
contrastante com aquela descrita pela Física.
D o conceito de tempo formulado pela Física é visto por 
muitas	pessoas	como	superficial.
E graças aos efeitos do tempo no corpo, o indivíduo 
consegue ter relacionamentos mais profundos.
QUESTÃO 02
Castle on the Hill
I’m on my way
Driving at ninety down those country lanes
Singing to Tiny Dancer
And I miss the way you make me feel, it’s real
When we watched the sunset over the castle on the hill
Over the castle on the hill
Over the castle on the hill
One friend left to sell clothes
One works down by the coast
One had two kids but lives alone
One’s brother overdosed
One’s already on his second wife
One’s just barely getting by
But these people raised me
And I can’t wait to go home.
SHEERAN, Ed. Divide. Reino Unido: Warner Music, 2017.
Letras de músicas comumente expressam sentimentos e 
sensações. O fragmento acima expressa que
A o músico tem apreço por atividades ao ar livre, como 
andar pelos campos e assistir ao pôr do sol.
B o cantor sente falta da vida no campo assim como das 
pessoas que moram lá.
C o cantor viaja frequentemente de carro para sua antiga 
cidade.
D o intérprete está ansioso para retornar ao lugar onde foi 
criado.
E as pessoas mencionadas no trecho da música ainda 
moram na cidade natal do cantor.
QUESTÃO 03
This Memorial is a tribute of remembrance and honor to 
the 2,977 people killed in the terrorist attacks near the turn of 
the	21st	century.	The	Memorial’s	twin	reflecting	pools	feature	
the largest manmade waterfalls in North America. The pools 
sit within the footprints where the Twin Towers once stood. 
The names of every person who died in the attacks are 
inscribed into bronze panels edging the Memorial pools, a 
powerful reminder of the largest loss of life resulting from a 
foreign attack on American soil and the greatest single loss 
of rescue personnel in American history.
Disponível em: www.911memorial.org/visit/memorial. Acesso em: 27 abr. 2020.
O texto descreve um importante monumento associado a 
um evento histórico ocorrido nos Estados Unidos. De acordo 
com o texto,
A a construção foi feita para lembrar o mundo inteiro do 
ataque aos Estados Unidos da América, ocorrido no 
início do século XXI.
B o memorial remete ao ataque americano que resultou 
na maior quantidade de mortes da história.
C o memorial foi construído com o apoio de mais de 2 977 
pessoas.
D a semelhança do memorial com as maiores quedas- 
-d’água dos Estados Unidos da América é proposital.
E a construção do memorial é um tributo de lembrança e 
honra às pessoas que faleceram no ataque.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 4
QUESTÃO 04
Disponível em: www.adeevee.com/2012/06/protex-antibacterial-hand- 
sanitizer-scissors-paper-rock-print/. Acesso em: 27 abr. 2020.
O texto publicitário faz alusão à brincadeira infantil “pedra, 
papel e tesoura”. O intuito dessa propaganda é
A persuadir o leitor a usar seu produto, pois, assim, ele 
vencerá a batalha contra as bactérias.
B demonstrar que o consumidor sairá ileso de um contato 
com bactérias e verminoses.
C incentivar o consumidor a se portar de uma forma mais 
pueril.
D convencer o leitor de que ele pode fazer brincadeiras 
que envolvem contato físico e, ainda assim, não contrair 
nenhuma bactéria.
E anunciar que o produto previne da exposição a bactérias.
QUESTÃO 05
Being an Adult
I used to think that I’d know I was an adult when I got 
married, bought a home and had children. However, high 
house prices, and the desire to marry only when both partners 
have permanent, secure jobs means that for many people 
these events now come later in their lives than they might 
once have done. Just because at this point, I have none of 
the above, it doesn’t mean that I haven’t grown up. In fact, 
the 2014 Clark Established Adult Poll found that people in my 
generation	now	see	financial	independence	and	making	our	
own decisions as the evidence that we are grown-up.
Modern	 life	gives	those	 in	 their	20s	more	time	to	“‘find	
themselves’ before they settle down. This is a period that is 
unknown in traditional societies, where people get married 
earlier. It has led some researchers labelling them the ‘me 
generation’”. They believe that this focus on the individual is 
bad for democracy and for society. However, Erica Bourne, 
a social scientist, says about contemporary young people: 
“It’s true they are not as interested in politics, but all the data 
shows	that	they	are	interested	in	social	change	and	finding	
creative	ways	to	make	a	difference”.
Disponível em: www.cambridgeenglish.org/learning-english/activities- 
for-learners/b2r002-being-an-adult. Acesso em: 27 abr. 2020.
De acordo com o autor, com o passar do tempo, o conceito 
do	que	é	ser	adulto	sofreu	mudanças.	Ele	afirma	que	a	atual	
concepção de adulto consiste
A no poder aquisitivo do indivíduo para comprar bens a 
longo prazo.
B na capacidade de tomar suas próprias decisões e ter 
independência	financeira.
C nas	pessoas	estarem	aptas	a	casar,	ter	filhos	e	comprar	
a casa própria.
D na necessidade de o indivíduo ter de se encontrar 
quando estiver entre 20 e 30 anos.
E em ter interesse em política e se mostrar adepto das 
mudanças sociais.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45
Questões de 01 a 05 (opção Espanhol)
QUESTÃO 01
Historia del Hip-Hop
El hip-hop es un movimiento artístico y cultural que 
surgió	en	Estados	Unidos	a	finales	de	los	años	1960	en	las	
comunidades afroamericanas y latinoamericanas de barrios 
populares neoyorquinos como Bronx, Queens y Brooklyn, 
donde desde el principio se destacaron manifestaciones 
características de los orígenes del hip-hop; por ejemplo, la 
música (funk, rap, blues, DJing), el baile (hustle, uprocking, 
lindy hop, popping, locking) y la pintura (aerosol, bombing, 
murals, political graffiti).
Afrika	Bambaataa	acuñó	el	término	hip-hop en aquella 
época,	 aunque	 años	 más	 tarde	 KRS	 One,	 originario	 del	
Bronx,	 quiso	 unificar	 en	 cuatro	 los	 elementos	 del	hip-hop: 
el MCing (rapping), el DJing (turntablism), el breakdancing 
(bboying)	y	el	graffiti.	Hizo	esto	con	la	idea	de	simplificar	la	
definición	de	hip-hop; pero para muchos esto puede resultarincompleto, ya que existen otras manifestaciones que 
quedarían	excluidas	de	esta	clasificación,	como	el	beatbox, 
los murales, el beatmakin o producción de fondos musicales 
(beats), el popping, el locking, el uprocking etc.
Disponível em: https://gohanrecords.wordpress.com/historia-del-hip-hop/. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
Existem várias manifestações que compõem esse movi-
mento	artístico,	pois	ele	foi	influenciado	por	diversas	áreas	
culturais, dando origem, assim, ao nome hip-hop. De acordo 
com	o	texto,	porém,	para	KRS	One
A não	deveria	haver	a	unificação,	pois	outras	manifestações	
ficariam	de	fora.
B deveria-se	simplificar	a	definição	do	hip-hop em DJing, 
MCing e breakdancing.
C somente	pinturas	como	o	grafite	e	o	muralismo	deveriam	
definir	o	hip-hop.
D apenas	quatro	elementos	seriam	usados	para	simplificar	
a	definição	de	hip-hop.
E somente	a	música	e	a	dança	deveriam	definir	o	hip-hop.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 5
QUESTÃO 02
—	Mis	manos	son	pequeñas…	¿Qué	hay	en	la	cabeza	
de	un	niño?
—	Mis	manos	 son	 pequeñas	 y	 por	 eso	 se	me	 cae	 la	
leche, aunque no quiera.
— Mis piernas son cortas. Por favor, espérame y camina 
más despacio; así puedo andar contigo.
— Por favor, mírame cuando te hablo. Así, sé que me 
estás escuchando.
—	Mis	sentimientos	todavía	son	tiernos;	no	me	regañes	
todo el día. Deja que me equivoque sin hacerme sentir tonto.
— No esperes que la cama que haga o el dibujo que 
pinto sean perfectos. Ámame por el hecho de haber tratado 
de hacerlo lo mejor posible.
—	Recuerda	que	 soy	un	niño,	 no	un	adulto	 pequeño.	 
A veces no entiendo lo que me dices.
—	Te	quiero	tanto…	Por	favor,	ámame	por	lo	que	soy,	no	
por las cosas que hago.
— No me rechaces cuando estás molesta conmigo y 
vengo a darte un beso. Me siento solo, abandonado y con 
miedo.
— Cuando me gritas, me asusto. Por favor, explícame 
lo que he hecho.
— No te enfades cuando las sombras y la oscuridad me 
dan miedo por la noche, cuando me despierto y te llamo. Tu 
abrazo es lo único que me devuelve la paz.
Disponível em: https://mibebeyyo.elmundo.es/ninos/educacion-infantil/ 
pensamientos-ninos-educacion. Acesso em: 27 abr. 2020.
O fragmento foi retirado de um texto em que estão os 
pensamentos de uma criança que não entende, muitas vezes, 
a forma de atuar dos pais em determinados momentos. De 
acordo com o trecho, a criança
A quer ser ouvida, pois seus pais nunca lhe dão atenção.
B busca que seus pais tenham olhar de criança, para que 
possam entender o que ela sente e o que pode oferecer 
em determinados momentos.
C busca todo o tempo que seus pais mantenham um 
diálogo com ela.
D quer que seus pais tenham paciência com seus erros, 
pois ela é uma criança.
E busca a atenção de seus pais e não entende o porquê, 
em determinados momentos, de eles não lhe darem 
atenção.
QUESTÃO 03
20 poemas de amor 
y una canción desesperada
Para mi corazón basta tu pecho,
para tu libertad bastan mis alas.
Desde mi boca llegará hasta el cielo
lo que estaba dormido sobre tu alma.
Es en ti la ilusión de cada día.
Llegas como el rocío a las corolas.
Socavas el horizonte con tu ausencia.
Eternamente en fuga como la ola.
He dicho que cantabas en el viento
como los pinos y como los mástiles.
Como ellos eres alta y taciturna.
Y entristeces de pronto, como un viaje.
Acogedora como un viejo camino.
Te pueblan ecos y voces nostálgicas.
Yo desperté y a veces emigran y huyen
pájaros que dormían en tu alma.
NERUDA, Pablo. Disponível em: www.poemas-del-alma.com/poema-12.htm. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
Nesse	poema,	o	poeta	chileno	Pablo	Neruda	reflete	sobre	
o(a)
A angústia da perda de um amor e viver de sua recordação 
para sempre.
B desejo de cantar para o vento.
C desejo de um amor platônico.
D angústia de estar sozinho em busca de um amor.
E liberdade de viver sem a pessoa amada.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 6
QUESTÃO 04
Disponível em: www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/healthy-eating-plate/translations/spanish/. Acesso em: 27 abr. 2020.
O cartaz criado pela Escola de Saúde Pública de Harvard é um guia para consumir comidas e bebidas saudáveis e 
balanceadas, de onde infere-se, além disso, a seguinte informação:
A Evite os queijos.
B Evite bebidas açucaradas.
C Não coma batatas.
D Faça exercícios físicos.
E Coma muitas frutas.
QUESTÃO 05
Disponível	em:	www.deportesalud.com/deporte-salud-el-deporte-y-sus-beneficios-en-la-salud-fisica-y-mental-y-psicologica.html.	Acesso	em:	27	abr.	2020.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 7
O esporte traz diversos benefícios para a saúde. O anúncio 
reflete	sobre	o	fato	de	o	exercício	físico
A propiciar benefícios físicos e psíquicos.
B oferecer benefícios físicos e sociais.
C garantir benefícios físicos, psíquicos e sociais.
D proporcionar benefícios para a mente e para o coração.
E gerar benefícios como a diminuição do risco de AVC.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 06 a 45
QUESTÃO 06
Poema à língua portuguesa
A língua portuguesa que amo tanto
Que canto enquanto encanto-me ao ouvi-la
Em cada canto é fala, é riso, é pranto
E nada há que a cale e que a repila.
É essa língua tórrida e faceira
Inebriante e meiga e doce e audaz
Que envolve e enleia a gente brasileira
E quem a utiliza é quem a faz.
É a língua dos domingos, no barzinho
A mesma das segundas, no escritório
A que fala o andrajoso, no caminho
E o cientista, no laboratório.
É a mesma língua, embora evoluída,
Que veio de outras terras com Cabral
Escrita por Caminha, foi trazida
Na descoberta do Monte Pascoal
Não há quem fale errado ou fale mal
De norte a sul, é belo o que é falado
Na língua de Brasil e Portugal.
Para julgar quem fala certo ou fala errado
Não há no mundo lei, nem haverá:
Quem faz da fala língua, é quem a fala
Gramática nenhuma a calará
Gramático nenhum irá cegá-la*!
* Referência ao gramático Domingos Paschoal Cegalla, autor da Novíssima Gramática da 
Língua Portuguesa.
LOPES, Oldney. Disponível em: www.oldney.net/visualizar.php?idt=433893. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
No poema, de natureza metalinguística, é possível notar
A a defesa da prevalência de um registro padrão da 
língua portuguesa falada pelos brasileiros, fundada nos 
aspectos gramaticais.
B a negação da origem europeia da língua utilizada 
atualmente pelos brasileiros em suas diversas 
manifestações.
C a predominância de um sentimento de valorização dos 
cânones lusitanos na abordagem da língua falada pelos 
brasileiros.
D o reconhecimento da existência de variedades 
linguísticas que enriquecem o português que se fala no 
Brasil.
E a distinção valorativa entre as manifestações do 
português no Brasil, representativas das diversas 
regiões do país.
QUESTÃO 07
Texto I
Los Carpinteros é um coletivo fundado, em 1991, pelos 
artistas Marco Antonio Castillo Valdes (1971), Dagoberto 
Rodríguez Sánchez (1969) e Alexandre Jesús Arrechea 
Zambrano (1970) – sendo este último integrante do grupo 
até 2003 – que realiza desenhos, esculturas e instalações 
e discute temas relacionados à arquitetura, ao design e à 
política, aproximando constantemente arte e sociedade e 
construindo seus trabalhos de forma inusitada, muitas vezes 
com humor. Suas obras são cuidadosamente elaboradas e 
pensadas de forma a explorar as contradições entre forma, 
função e inutilidade. Seus trabalhos estão em importantes 
coleções como a do MoMA (NY), o Guggenheim Museum 
(NY), o Museo de Bellas Artes (Havana), o Museo Nacional 
Centro	de	Arte	Reina	Sofia	(Madri),	o	Thyssen-Bornemisza	
Contemporary Art Foundation (Viena) e o Centro Cultural de 
Arte Contemporaneo (Cidade do México).
Disponível em: https://carbonogaleria.com.br/obra/sandalia-303. 
Acesso em: 27 abr. 2020 (adaptado).
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 8
e com nosso “dedinho ansioso” compartilhamos o conteúdo 
em grupos com o intuito de dar “furos de reportagem” que 
até então eram coisa apenas de jornalistas, damos nosso 
aval àquela informação.
As pessoas que criam as fake newsnão estão isentas de 
responsabilidades – pelo contrário. O que desejo é provocar 
o leitor a desenvolver seu senso crítico diante da informação 
que se consome e, com isso, não tomar como verdade tudo 
aquilo que o impacta. O mesmo “poder” que a tecnologia nos 
dá para disseminar informações também nos proporciona a 
possibilidade de investigá-las, contestá-las, analisá-las. No 
entanto, investigar, contestar e analisar é trabalhoso, exige 
esforço de pensamento e queima de fosfato.
A diferença entre as fake news serem desmascaradas 
ou se transformarem em “verdade” está no pequeno 
intervalo de tempo entre o momento em que as consumimos 
e o momento em que clicamos em “encaminhar”.
SAES, Danillo. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/ 
fake-news-as-mentiras-que-viram-noticias-8e0d7206j8rmakza7oy9fpivz/. 
Acesso em: 27 abr. 2020 (adaptado).
Ao discorrer sobre a disseminação das fake news nas redes 
sociais, o autor considera que
A o “poder” como “influencers” que todos os usuários 
das plataformas sociais passaram a ter não pode estar 
submetido a questionamentos da grande mídia.
B é	 preciso	 verificar	 se	 a	 notícia	 que	 queremos	 passar	
adiante nos foi transmitida por algum dos já consagrados 
influenciadores	da	internet.
C os usuários da internet devem analisar previamente o 
impacto causado neles pelas notícias para só então 
encaminhá-las.
D o compartilhamento de notícias na rede, embora 
implique responsabilidade mínima, deve ser precedido 
da necessária averiguação.
E a disseminação de notícias na internet deve ser marcada 
por	 indispensável	atitude	reflexiva	que	procure	validar,	
antecipadamente, o fato noticiado.
QUESTÃO 09
Texto I
Acendedor de lampiões
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
A medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Texto II
Disponível em: www.hojeemdia.com.br/almanaque/coletivo-de-artistas-cubanos- 
los-carpinteros-exp%C3%B5e-mais-de-70-obras-no-ccbb-1.442923. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
A imagem do texto II, intitulada Trash – Shopping Cart (“Lixo – 
Carrinho de compras”), é um trabalho do grupo mencionado 
no primeiro texto. Na concepção de Los Carpinteiros, um 
carrinho de supermercado e uma lixeira formam um único 
objeto. Nesse sentido, infere-se que um dos objetivos dos 
artistas é
A promover a desconstrução de um objeto como forma de 
exaltação do consumismo.
B demonstrar a ausência de uma interseção entre a 
manifestação artística e o meio social.
C provocar	 uma	 reflexão	 sobre	 o	 ciclo	 de	 consumo	 na	
sociedade contemporânea.
D propor um exercício lúdico destituído de qualquer 
fundamento conceitual perceptível.
E estabelecer a reinterpretação de uma lixeira como 
elemento de valorização do capitalismo.
QUESTÃO 08
De meros mortais, como éramos então tratados pela 
grande mídia, depósitos de informações – certas ou erradas, 
boas ou ruins, favoráveis ou contrárias –, passamos a ser 
também protagonistas através do “poder” que a tela de um 
dispositivo móvel nos dá. É incrível e, ao mesmo tempo, muito 
preocupante. Será que todos os que se manifestam sobre 
qualquer tipo de assunto estão devidamente preparados 
para	isso?	Será	que	têm	bagagem	suficiente	para	criticar?	
Os	 ditos	 “influenciadores”	 realmente	 têm	 o	 espírito	 crítico	
necessário	 unido	 à	 sua	 responsabilidade	 de	 “influenciar”	
ao publicar seus posicionamentos? São provocações, 
indagações,	não	afirmações.
Quando nos deparamos com as famosas fake news, por 
sermos ativos através das plataformas sociais, assumimos 
uma parcela (grande) de responsabilidade ao disseminá-las. 
Ao receber aquela notícia através do WhatsApp, ou aquele 
áudio	que	afirmam	ser	de	uma	determinada	figura	pública,	
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 9
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita,
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
LIMA, Jorge de. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Obra Completa. 
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958. p. 208.
Texto II
Modinha do empregado de banco
Eu sou triste como um prático de farmácia,
Sou quase tão triste como um homem que usa costeletas
Passo o dia inteiro pensando num carinhos e mulher
Mas só ouço o tectec das máquinas de escrever,
Lá	fora	chove	e	a	estátua	de	Floriano	fica	linda.
Quantas meninas pela vida afora!
E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.
Se eu tivesse esses contos punha a andar
A roda da imaginação nos caminhos do mundo.
E os fregueses do Banco
Que não fazem nada com esses contos!
Chocam outros contos para não fazerem nada com eles.
Também se o diretor tivesse a minha imaginação
O Banco já não existiria mais
E eu estaria noutro lugar.
MENDES, Murilo. Disponível em: www.jornaldepoesia.jor.br/mu1.html. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
Os	dois	poemas	falam	sobre	profissões	distantes	entre	si	no	
tempo: estão praticamente extintos, hoje, os acendedores 
de lampião, mas a atividade bancária ainda existe nos dias 
atuais. Contudo, há um aspecto de natureza existencial na 
relação com o mundo circundante que aproximaria os dois 
tipos descritos, que é
A o sentimento de elevada autoestima que norteia ambos 
os	profissionais,	que	estão	cientes	de	sua	contribuição	
social.
B a	 pouca	 relevância	 das	 duas	 profissões,	 pois	 uma	 já	
está extinta socialmente e outra está prestes a entrar 
em processo de extinção.
C a	valorização	da	importância	social	das	duas	profissões	
por parte de ambos os poetas.
D o contraste entre os benefícios trazidos pelos dois 
protagonistas e a forma como vivem, sem deles 
desfrutar.
E a tendência, manifestada por ambos, de franca 
resignação diante de seu papel de subserviência.
QUESTÃO 10
É preciso recolocar a utopia
Nos últimos meses, tenho lido a conta-gotas o livro 
No enxame – perspectivas do digital.	 Escrito	 pelo	 filósofo	
Byung-Chul Han, um crítico mordaz da sociedade do 
consumo,	a	obra	afirma	que	vivemos	tempos	de	“indivíduos	
empoderados”.	 São	 pessoas	 que	 confiam	 profundamente	
em suas crenças e que, solitárias, se expressam com 
autoridade pelas redes sociais. Falam todas juntas sem se 
ouvir, num vozerio que lembra um enxame. É um monte de 
gente. Mas são um monte de “uns”. Hoje, os muitos “uns” 
vão para as ruas, mas parecem ainda estar sozinhos, 
com	 dificuldades	 de	 dar	 um	 passo	 atrás	 para	 sonhar	
coletivamente. Haiti, França, Espanha, Colômbia, Hong 
Kong,	Bolívia,	Irã	e	outros	mais	–	em	todos	esses	lugares,	
as pessoas protestam para mostrar que estão desapontadas 
e zangadas com um sistema político que, elas acreditam, 
não foi capaz de melhorar suas vidas. Alguns dizem que, no 
Brasil,	 fizemos	o	mesmo	em	2013.	 Infelizmente,	 na	maior	
parte dos casos, a resposta das autoridades responsáveis 
tem sido violência policial e perseguições, violando o direito 
de livre manifestação que todas e todos têm. O que as 
notícias que nos chegam desses lugares contam? Elas 
sugerem	 que,	 de	 acordo	 com	 a	 perspectiva	 do	 filósofo,	 ir	
para	as	ruas	denunciar	e	protestar	não	tem	sido	suficiente	
para mudar as coisas que precisam e queremos que sejam 
mudadas. Faltaria a esse enxame descobrir e enunciar o 
mundo que se quer construir, para si e para os outros. Falta 
o sonho coletivo. Uma nova utopia.
WERNECK,	Jurema.	Disponível	em:	www.brasildedireitos.org.br/noticias/ 
530-jurema-werneck-preciso-recolocar-a-utopia. Acesso em: 27 abr. 2020. 
A diferença estabelecida pela autora entre as expressões 
“um monte de gente” e “um monte de ‘uns’” é a que se dá, 
respectivamente, entre
A pessoas que falam sem ouvir e outras que ouvem sem 
falar.
B gente que sai às ruas para reivindicar e pessoas que 
não saem de casa.
Cpessoas “empoderadas” e “não empoderadas” nas 
redes sociais.
D indivíduos marcados pela solidão e pessoas de valores 
solidários.
E grupo em que se destaca a quantidade e o conjunto 
marcado por individualidades.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 10
QUESTÃO 11
O nojo e o enjoo
O	nojo	e	o	enjoo	são	flores	nauseabundas	do	mesmo	
arbusto. Na verdade, pode-se até dizer que, em suas formas 
verbais, foram um dia a mesma palavra.
Enojar e enjoar se diferenciaram por metátese, 
fenômeno linguístico que consiste na troca de lugares entre 
fonemas ou sílabas dentro de uma palavra. O deslocamento 
sonoro pode se dar entre línguas (o latim semper virou 
sempre), mas também dentro do mesmo idioma, como em 
certas formas do português não padrão (“tauba”, “estrupo” e 
muitas outras). 
Hora de voltar aos primos nojo e enjoo. Seu antepassado 
comum é o verbo latino enodiare, dentro do qual encon-
tramos odium, ódio, aversão. Supõe-se que o verbo tenha 
sido criado a partir da expressão “esse in odio alicui”, 
estar aborrecido com algo ou alguém. Nojo e enjoo são o 
que se chama tecnicamente de derivações regressivas, 
substantivos formados a partir de verbos. O primeiro deriva 
de	 enojar,	 filho	 evidente	 e	 preferido	 do	 latim	 enodiare. 
O segundo, de enjoar, seu irmão metatético e diferentão.
RODRIGUES, Sérgio. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-
rodrigues/2020/02/o-nojo-e-o-enjoo.shtml. Acesso em: 27 abr. 2020.
Nesse interessante fragmento de artigo, de natureza 
linguística, Sérgio Rodrigues reporta-se à etimologia das 
palavras “nojo” e “enjoo”, referindo-se, em dado momento, 
ao processo de derivação regressiva que teria caracterizado 
a formação desses vocábulos. O autor utiliza-se de palavra 
formada por esse mesmo processo, como se destaca em
A “Seu antepassado comum é o verbo	latino…”
B “…consiste	na	troca	de	lugares…”
C “…são	flores nauseabundas do mesmo arbusto”.
D “…foram	um	dia	a	mesma	palavra”.
E “…filho	evidente	e	preferido	do	latim...”
QUESTÃO 12
O espelho
Por que quatro ou cinco? Rigorosamente eram 
quatro os que falavam; mas1, além deles, havia na sala 
um quinto personagem, calado, pensando, cochilando, 
cuja2 espórtula no debate não passava de um ou outro 
resmungo de aprovação. Esse homem tinha a mesma 
idade dos companheiros, entre quarenta e cinquenta anos, 
era provinciano, capitalista, inteligente, não sem instrução, 
e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia nunca; e 
defendia-se da abstenção com um paradoxo, dizendo que 
a discussão é a forma polida do instinto batalhador, que 
jaz no homem, como uma herança bestial; e acrescentava 
que	os	serafins	e	os	querubins	não	controvertiam	nada,	e,	
aliás3, eram a perfeição espiritual e eterna. Como4 desse 
esta mesma resposta naquela noite, contestou-lha um dos 
presentes,	 e	desafiou-o	a	demonstrar	 o	que	dizia,	 se5 era 
capaz.	Jacobina	(assim	se	chamava	ele)	refletiu	um	instante,	
e respondeu:
— Pensando bem, talvez o senhor tenha razão. 
ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
No fragmento desse conto, a análise de certos elementos 
gramaticais que concorrem para a progressão temática 
permite o reconhecimento de que
A a conjunção “como” (4) introduz uma oração com valor 
significativo	de	causa.
B o vocábulo “aliás” (3) apresenta, em relação à oração 
antecedente, valor conclusivo.
C a conjunção “mas” (1) traz para o período em que se 
encontra uma ideia de adição.
D o pronome relativo “cuja” (2) retoma, com o sentido de 
posse, o substantivo “sala”.
E a palavra “se” (5), de valor condicional, é semanticamente 
equivalente a “embora”.
QUESTÃO 13
Sonata
I
Do imenso Mar maravilhoso, amargos,
marulhosos murmurem compungentes
cânticos virgens de emoções latentes,
do	sol	nos	mornos,	mórbidos	letargos…
II
Canções, leves canções de gondoleiros,
canções do Amor, nostálgicas baladas,
cantai com o Mar, com as ondas esverdeadas,
de lânguidos e trêmulos nevoeiros!
III
Tritões marinhos, belos deuses rudes,
divindades dos tártaros abismos,
vibrai, com os verdes e acres eletrismos
das	vagas,	flautas	e	harpas	e	alaúdes!
IV
Ó	Mar	supremo,	de	flagrância	crua,
de pomposas e de ásperas realezas,
cantai, cantai os tédios e as tristezas
que	erram	nas	frias	solidões	da	Lua…
SOUSA, Cruz e. Poesia completa. Florianópolis: 
 Fundação Catarinense de Cultura, 1985..
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 11
Esse	poema	exemplifica	o	ideário	da	escola	simbolista,	entre	
outras razões, pela presença
A do fortalecimento dos conteúdos lógicos das palavras.
B da musicalidade, com uso de aliterações e assonâncias.
C da objetividade na descrição rigorosa de aspectos 
ambientais.
D da preocupação social, ainda que mascarada pela 
sugestão.
E da predominância dos aspectos descritivos sobre os 
sugestivos.
QUESTÃO 14
Culpadas estão quase todas as que trabalham. Porque 
não estão em casa, onde sempre lhes disseram que 
deveriam	estar.	Porque	não	estão	coladas	nos	filhos.	Porque	
não estão à disposição dos maridos. Porque, cumprindo a 
sua vida, não se sentem cumprindo à perfeição aquelas 
que são consideradas suas atribuições primordiais. Mas 
culpadas	também	estão	as	que,	em	casa,	ao	lado	dos	filhos	
e cuidando das camisas dos maridos, se perguntam se não 
estariam deixando de preencher um destino maior.
COLASANTI, Marina. Mulher daqui pra frente. São Paulo: Círculo do Livro, 1981. p. 7.
Os elementos constitutivos do texto anterior ensejam a 
consideração de que
A a expressão “atribuições primordiais” é empregada para 
referir-se à vida que, segundo a autora, é desejável para 
as mulheres.
B há um matiz crítico no uso das expressões “coladas nos 
filhos”	e	“	à	disposição	dos	maridos”.
C com a repetição da conjunção “porque”, a autora 
destaca razões que, a seu ver, tornam evidente a culpa 
das mulheres que trabalham.
D o emprego das formas verbais na terceira pessoa do 
plural “disseram” e “deveriam” cumpre a missão de 
indeterminar os respectivos sujeitos.
E a	conjunção	“mas”	 introduz	um	período	que	ratifica	as	
razões de culpa anteriormente apresentadas.
QUESTÃO 15
PESQUISA! NA SUA OPINIÃO, A COR-
RUPÇÃO ESTÁ DISSEMINADA
POR TODOS OS SETORES
DA SOCIEDADE BRASILEIRA?
SE RESPONDER
“NÃO” GANHA UM
PRESENTINHO.
Disponível em: https://sifelippe.wordpress.com/2011/01/13/as-cobras/. Acesso em: 27 abr. 2020.
A tira é um gênero textual marcado pela interação entre as linguagens verbal e não verbal em que, junto ao humor, está 
presente, não raro, a ironia. Nessa tira, Luís Fernando Verissimo utilizou-se desses recursos expressivos para
A criticar a ausência de respostas conscientes por parte dos entrevistados.
B destacar a extrema obviedade das perguntas feitas nas pesquisas.
C desqualificar	os	nossos	institutos	de	pesquisa	de	opinião.
D enfatizar a presença generalizada da corrupção na sociedade.
E contestar as negociações que são feitas entre entrevistador e entrevistado.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 12
QUESTÃO 16
Abreviados
Nem faz tanto tempo assim, as pessoas diziam 
“vosmecê”. “Vosmecê concede a honra desta dança?”. 
Com o tempo, fomos deixando a formalidade de lado e 
adotamos uma forma sincopada, o popular você. “Você 
quer ouvir uns discos lá em casa?” Parecia que as coisas 
ficariam	 por	 isso	 mesmo,	 mas	 o	 mundo,	 definitivamente,	
não se acomoda. Nesta onda de tornar tudo mais prático e 
funcional, as palavras começaram a perder algumas vogais 
e se transformaram em abreviaturas esdrúxulas, e você 
virou vc: “Vc q tc cmg?”.
O	 receio	 de	 todo	 cronista	 é	 ficar	 datado,	 mas,	 em	
contrapartida, dizem que é importante esse nosso registro 
do cotidiano, para que nossos descendentes saibam, um dia, 
o que se passava nesta nossa cabecinha jurássica. Posso 
imaginar, daqui a 50 anos, meus netos gargalhando diante 
deste meu texto: “ctd d vc”. Coitada da vovó mesmo. Às 
vezes me sinto uma anciã, lamentando o quanto a vida está 
ficando	miserável.	Não	se	trata	apenas	dos	miseráveis	sem	
comida, sem teto e sem saúde, oque já é um descalabro, 
mas da nossa miséria opcional. Abreviamos sentimentos, 
abreviamos conversas, abreviamos convivência, abreviamos 
o ócio, fazemos tudo ligeiro, atropelando nosso amor- 
-próprio, nosso discernimento, vivendo resumidamente, 
com flashes do que outrora se chamou arte, com uma ideia 
indistinta do que outrora se chamou liberdade. Todos espiam 
todos, sabem da vida de todos, e não conhecem ninguém. 
Modernidade ou penúria?
As vogais são apenas cinco. Perdê-las é uma metáfora. 
Cada dia abandonamos as poucas coisas em nós que são 
abertas e pronunciáveis. Daqui a pouco vamos apenas rugir. 
Grrrrrr. E voltar para as cavernas de onde todos viemos.
MEDEIROS, Martha. O Globo.
Com	 a	 interrogação	 retórica	 feita	 no	 fim	 do	 penúltimo	
parágrafo, infere-se que a autora pretende
A reconhecer como vantajosa a praticidade e a 
funcionalidade da linguagem.
B lamentar a sua condição de escritora, condenada ao 
estigma	de	ficar	datada.
C valorizar aspectos positivos da atualidade, a despeito de 
algumas restrições.
D destacar uma situação paradoxal envolvendo criticáveis 
posturas contemporâneas.
E criticar	 especificamente	 a	 perda	 das	 vogais	 nas	
comunicações via internet.
QUESTÃO 17
Recado ao senhor 903
Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, 
consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta 
em que o senhor reclamava contra o barulho em meu 
apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – 
devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. 
Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou 
inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não 
o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a lei e a polícia. 
Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno 
e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos 
e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir 
quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem 
o	senhor	sabe	o	meu,	ficamos	reduzidos	a	ser	dois	números,	
dois números empilhados entre dezenas de outros.
Todos esses números são comportados e silenciosos: 
apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e 
funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos 
agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da 
Lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, 
de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. 
Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) 
será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 
precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 
783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, 
onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está 
toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável 
quando um número não incomoda outro número, mas o 
respeita,	 ficando	 dentro	 dos	 limites	 de	 seus	 algarismos.	
Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e 
outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e 
dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música 
em tua casa. Aqui estou”. E o outro respondesse: “Entra 
vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui 
estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a 
vida é curta e a Lua é bela”.
E	o	homem	 trouxesse	sua	mulher,	e	os	dois	ficassem	
entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções 
para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio 
da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os 
humanos, e o amor e a paz.
BRAGA, Rubem. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1991. 
Nesses fragmentos da crônica “Recado ao senhor 903”, o 
autor
A valoriza a estrutura dos modernos edifícios residenciais, 
propícios ao maior contato humano.
B mantém-se,	do	 início	ao	fim,	em	uma	postura	que,	ao	
criticar atos de intolerância, aceita como inevitável esse 
comportamento.
C retrata a necessidade que os seres humanos têm de 
manter uma saudável atitude de isolamento.
D confere a um acontecimento corriqueiro uma perspectiva 
que o transforma em fato singular e único.
E aprofunda a descrição psicológica dos personagens 
envolvidos, apresentando-os, metonimicamente, por 
meio de números.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 13
QUESTÃO 18
Se não me engano, é de Edmund Wilson a melhor 
definição	que	conheço	sobre	a	diferença	entra	atividade	do	
crítico e a do artista criador. O crítico, naquilo que escreve, 
sabe mais do que diz, ao passo que o artista criador, em 
sua obra, diz mais do que sabe. Este curioso fenômeno, 
descrito com tão concisa – e precisa – elegância, decorre 
do fato de que o crítico se move, predominantemente, na 
área	 consciente	 e	 reflexiva	 do	 seu	 psiquismo,	 ao	 passo	
que o artista criador, em seu mergulho poético, ordenha 
leite da escuridão, isto é, toma contato pleno com o registro 
inconsciente de sua atividade mental, cujas fantasias e 
desejos nem sempre são redutíveis ao tipo lógico-discursivo 
de conhecimento que caracteriza a atividade da consciência.
O crítico é sempre capaz de explicar o seu texto, 
segundo	 os	 critérios	 claros	 e	 distintos	 que	 definem	 a	
dimensão cartesiana da mente. A malha de referências 
que usa é, quase sempre, denotativa, visando à precisão, 
à discriminação, ao desbastamento de ambiguidades e 
polissemias. Já o artista criador é explicado pela obra que 
faz, muito mais do que é capaz de explicá-la. A linguagem 
criadora é carregada de noite, de refrações simbólicas, de 
confusos rumores, cuja crepitação jamais se deixa capturar 
pela	fome	de	clareza	que	define	o	pensamento	consciente.	
Aliás, há que precatar-se contra a ilusão das claridades 
excessivas. Elas velam a realidade, mais do que revelam, e 
costumam conduzir ao erro – e à arrogância.
PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro: Rocco, 1988, p. 113-114.
Para a progressão temática do fragmento, o autor se vale 
da	linguagem	figurada	para	organizá-lo	e	estruturá-lo.	Nesse	
sentido, ao mencionar a “ilusão das claridades excessivas”, 
ele refere-se 
A ao perigo de que a “fome de clareza” leve o crítico ao 
engano e à soberba.
B àquele que, quanto à produção artística, em seus 
escritos, “diz mais do que sabe”.
C a uma linguagem criadora apresentada metaforicamente 
como “carregada de noite”.
D a um “mergulho poético” do artista criador, com o registro 
inconsciente de sua ação.
E a uma atividade inconsciente, expressa criação que 
envolve “fantasias e desejos”.
QUESTÃO 19
Million Dollar Baby (a menina de um milhão de dólares) 
não entrega o ouro de cara: descreve a protagonista que 
tenta sair da sarjeta por meio do boxe. Emite a ideia de 
um prêmio a coroar a obstinação da heroína, que vive 
sentimentos crus e sem afagos. O título em inglês nos induz 
a	 uma	 expectativa	 que	 será	 redefinida.	 Menina de ouro 
esvazia a ambiguidade original e confere uma afetuosidade 
à personagem que não é a tônica da história.
Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 5, 2006, p. 31-32.
Ao	estabelecer	a	comparação	entre	os	títulos	do	filme	nos	
dois idiomas, o texto conclui que, em português,
A retira do título original a ideia de uma recompensa à 
personagem pelo seu empenho.
B contrapõe-se ao título em inglês, retirando-lhe qualquer 
aspecto de afetuosidade.
C torna-se ambíguo, pois sugere que a protagonista teve a 
vida facilitada pelo afeto.
D torna-se irônico, possibilitando a percepção prévia do 
estado de pobreza da personagem.
E induz a uma ideia de complexidade da personagem que 
o título inglês não revela.
QUESTÃO 20
Da observação
Não	te	irrites,	por	mais	que	te	fizerem…
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu	mais	amável	e	sutil	recreio…
QUINTANA, Mário. Espelho mágico. Rio de Janeiro: Globo, 2005.
Ainda que considerando a possibilidade da coexistência 
de mais de uma função da linguagem em um único texto, 
é	 possível	 identificar	 no	 poema	 de	Mário	Quintana,	 como	
predominante, a função
A referencial, com objetivos voltados para a informação.
Bfática,	focalizando	as	dificuldades	de	comunicação.
C emotiva, voltada para os sentimentos do eu lírico.
D apelativa, centrada no convencimento do receptor.
E metalinguística, com foco na própria língua portuguesa.
QUESTÃO 21
Leia estes dois poemas de Ferreira Gullar.
Meu povo, meu poema
Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova
No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar
No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro
Meu	povo	em	meu	poema	se	reflete
como a espiga se funde em terra fértil
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 14
Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta.
FERREIRA GULLAR. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.
Meu povo, meu abismo
Meu povo é meu abismo.
Nele me perco;
a sua tanta dor me deixa
surdo e cego.
Meu povo é meu castigo
meu	flagelo:
seu desamparo,
meu erro.
Meu povo é meu destino
meu futuro:
se ele não vira em mim
veneno ou canto –
apenas morro.
FERREIRA GULLAR. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.
Com base nos dois poemas, considerando-se a relação 
estabelecida entre o poeta e o povo, 
A o poeta canta para seu povo assim como quem planta; o 
mesmo se dá quando o destino o afasta do povo.
B para o poeta, a poesia já nasce madura, tanto quanto a 
ideia de que o sofrimento já nasce como castigo.
C não	existe	identificação	entre	o	poeta	e	povo,	já	que	o	
segundo constitui apenas a fonte de inspiração para a 
criação poética.
D para o poeta, o povo é não só fonte de criação poética, 
mas também razão da existência do eu lírico.
E os poemas são contraditórios, na medida em que o 
povo, para o poeta, é motivo para distanciar-se.
QUESTÃO 22
Disponível em: www.casablanca.com.br/cases/secretaria-de-estado 
-de-saude-vacinacao-contra-a-gripe/. Acesso em: 27 abr. 2020.
As linguagens verbal e não verbal na propaganda em 
destaque articulam-se a serviço da mensagem pretendida. 
No caso da linguagem verbal, reconhece-se mais claramente 
essa inter-relação pela presença
A da forma pronominal “você”, que assegura à mensagem 
um tom de formalidade.
B de imagens que correspondem ao tipo de interlocutores 
a que a mensagem se dirige.
C de	elementos	gramaticais	que	tipificam	a	função	emotiva	
da linguagem.
D de dois verbos em maior destaque, que se distinguem 
quanto ao modo empregado.
E da crítica feita aos componentes do público-alvo, com o 
emprego do verbo “vacilar”.
QUESTÃO 23
Quando	Emília	sentava-se,	abatendo	com	a	mão	afilada	
os rofos da escócia, parecia-me um cisne colhendo as asas 
à margem do lago, e arrufando as níveas penas. Quando 
erguia-se	 e	 coleava	 o	 talhe	 flexível	 fazendo	 tremular	 as	
brancas roupagens, lembrava o gracioso mito da beleza, que 
surgiu mulher da espuma das ondas. Estive contemplando-a 
de longe. A multidão de seus adoradores a cercava como de 
costume, e ela distribuía aos seus prediletos as quadrilhas 
que pretendia dançar. Pela expressão de júbilo ou de 
contrariedade dos que voltavam, eu conhecia se tinham 
sido ou não felizes. Que interesse tão vivo achava eu nessa 
observação? Já compreendeste sem dúvida, Paulo, que 
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 15
essa menina me preocupava a malgrado meu. Pois sabe, 
que naquele momento tinha inveja dos preferidos; apesar 
do	juramento	que	eu	fizera	de	nunca	dançar	com	ela	depois	
da desfeita que sofri, cometeria a indignidade de ir suplicar-
lhe ainda a graça de uma quadrilha, se não temesse nova 
e humilhante repulsa. Livre um instante de sua roda de 
admiradores,	Emília	correu	a	vista	pelo	salão,	e	fitou-a	em	
mim com uma persistência incômoda. Ela tinha, quando 
queria, olhares de uma atração imperiosa e irresistível 
que cravavam um homem, o prendiam e levavam cativo e 
submisso a seus pés. Eu resistia contudo; mas ela me sorriu. 
Então não tive mais consciência de mim; deixei-me embeber 
naquele sorriso, e fui, cego d’alma que ela me raptara e dos 
olhos que me deslumbrava.
ALENCAR, José de. Diva. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/ 
download/texto/bn000018.pdf. Acesso em: 27 abr. 2020.
À época do Romantismo, de que data o texto de José de 
Alencar, a colocação pronominal ainda não se encontrava 
definitivamente	 padronizada.	 A	 passagem	 do	 fragmento	
na qual se destaca um pronome cuja colocação deixou de 
observar a norma gramatical que hoje prevalece é
A “…cometeria	 a	 indignidade	 de	 ir	 suplicar-lhe	 ainda	
a graça de uma quadrilha, se não temesse nova e 
humilhante repulsa”.
B “Já compreendeste sem dúvida, Paulo, que essa menina 
me preocupava a malgrado meu”.
C “Quando	 erguia-se	 e	 coleava	 o	 talhe	 flexível	 fazendo	
tremular	as	brancas	roupagens…”
D “Estive contemplando-a de longe. A multidão de seus 
adoradores a cercava como de costume”.
E “Então não tive mais consciência de mim; deixei-me 
embeber naquele sorriso, e fui, cego d’alma que ela me 
raptara…
QUESTÃO 24
Todos reconhecemos ser ilusão supor – como já dis-
semos – que se está apto a escrever quando se conhecem 
as regras gramaticais e suas exceções. Há evidentemente 
um	mínimo	de	gramática	 indispensável	 (grafia,	pontuação,	
um pouco de morfologia e um pouco de sintaxe), mínimo 
suficiente	 para	 permitir	 que	 o	 estudante	 adquira	 certos	
hábitos de estruturação de frases modestas mas claras, 
coerentes, objetivas. A experiência nos ensina que as falhas 
mais graves das redações dos nossos colegiais resultam 
menos das incorreções gramaticais do que da falta de 
ideias ou da sua má concatenação. Escreve realmente mal 
o estudante que não tem o que dizer porque não aprendeu 
a pôr em ordem seu pensamento, e porque não tem o que 
dizer, não lhe bastam as regrinhas gramaticais, nem mesmo 
o melhor vocabulário de que possa dispor. Portanto, é 
preciso fornecer-lhe os meios de disciplinar o raciocínio, de 
estimular-lhe o espírito de observação dos fatos e ensiná-lo 
a	criar	ou	aprovisionar	ideias:	ensinar,	enfim,	a	pensar.
Ora, a ciência das leis ideais do pensamento, a “arte 
que nos faz proceder, com ordem, facilmente e sem erro, no 
ato próprio da razão” é a Lógica.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 
Rio de Janeiro: FGV, 1977, p. 275-276.
Nesse fragmento, o autor discorre sobre o ato de escrever. 
Para Othon Maria Garcia,
A a Lógica deve ser preponderante no ato de pensar, pois 
propicia a construção de ideias que devem antecipar a 
boa produção escrita.
B a não observância de regras gramaticais pode ser 
compensada, na boa escrita, pelo domínio amplo de 
vocabulário.
C a escrita precede o ato de pensar e tem seus 
fundamentos no conhecimento das normas gramaticais.
D a gramática da língua é que possibilita o surgimento das 
ideias que serão desenvolvidas na escrita.
E quanto mais frequentes são as incorreções gramaticais, 
mais se deixa de aprender a pensar e a concatenar as 
ideias.
QUESTÃO 25
Apesar da morte da tia, tinha certeza de que com ela 
ia ser diferente, pois nunca ia morrer. (É paixão minha ser 
o outro. No caso a outra. Estremeço esquálido igual a ela.) 
O	definível	está	me	cansando	um	pouco.	Prefiro	a	verdade	
que há no prenúncio. Quando eu me livrar dessa história, 
voltarei ao domínio mais irresponsável de apenas ter leves 
prenúncios. Eu não inventei essa moça. Ela forçou dentro 
de mim a sua existência. Ela não era nem de longe débil 
mental, era à mercê e crente como uma idiota. A moça 
que pelo menos comida não mendigava, havia toda uma 
subclasse de gente mais perdida e com fome. Só eu a amo.
Depois – ignora-se por que – tinham vindo para o Rio, 
o inacreditável Rio de Janeiro, a tia lhe arranjara emprego, 
finalmente	morrera	e	ela,	agora	sozinha,	morava	numa	vaga	
de quarto compartilhado com mais quatro moças balconistas 
das	Lojas	Americanas.	O	quarto	ficava	num	velho	sobrado	
colonial da escura rua do Acre entre as prostitutas que 
serviam a marinheiros, depósitos de carvão e de cimento 
em pó, não longe do cais do porto. O cais imundo dava-lhe 
saudade do futuro. (O que é quehá? Pois estou como que 
ouvindo acordes de piano alegre – será isto o símbolo de 
que a vida da moça iria ter um futuro esplendoroso? Estou 
contente com essa possibilidade e farei tudo para que esta 
se torne real.)
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 5ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 16
Um dos pontos mais inovadores do romance A hora da 
estrela, de Clarice Lispector, é o seu foco narrativo. Clarice 
inventa um narrador para contar a história de Macabéa e 
das vicissitudes que a protagonista, nordestina, enfrenta na 
cidade grande. À medida que descreve a personagem, o 
narrador,	identificando-se	com	ela,	vai	revelando	sua	própria	
identidade, como o faz no fragmento
A “e ela, agora sozinha, morava numa vaga de quarto 
compartilhado”.
B “Ela não era nem de longe débil mental, era à mercê e 
crente como uma idiota”.
C “Apesar da morte da tia, tinha certeza de que com ela ia 
ser diferente”.
D “É paixão minha ser o outro. No caso a outra. Estremeço 
esquálido igual a ela”.
E “havia toda uma subclasse de gente mais perdida e com 
fome”.
QUESTÃO 26
Como vimos, hoje vive-se a revolução do corpo. Valores 
relativos à beleza, saúde, higiene, lazer, alimentação, 
exercício físico, têm reorientado um conjunto de compor-
tamentos na sociedade, imprimindo um novo estilo de vida, 
mais aberto à diversidade por um lado, mas mais narcísico 
e hedonista no que diz respeito à experiência do corpo. 
Percebe-se então que vivemos uma época de contradições, 
no que diz respeito às nossas escolhas, uma vez que hoje 
não há uma obrigação das pessoas se vestirem de acordo 
com a classe social de que fazem parte, como ocorria noutras 
épocas, porém, a moda dita as regras, dita as tendências e 
aquilo que devemos escolher.
É através do nosso corpo que expressamos o efeito 
e	 significados	 que	 as	 relações	 tiveram	 ou	 têm	 em	 nós.	
A nossa existência corporal está imbuída num contexto, 
relacional e cultural, sendo este o canal pelo qual as nossas 
relações são construídas e vivenciadas. Na verdade, quer 
queiramos, quer não, assistimos a um processo de exaustão 
do corpo na sociedade ocidental contemporânea, processo 
que envolve um mito supostamente libertador, mas que, na 
realidade, penetra e transforma a nossa experiência pessoal 
ao introduzir na nossa subjetividade o peso alheio dos 
imperativos sociais.
BARBOSA, Maria Raquel; COSTA, Maria Emília; MATOS, Paula Mena. 
Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0102-7182201100010000. Acesso em: 27 abr. 2020.
Nesse trabalho de cunho acadêmico intitulado “Um olhar 
sobre o corpo: o corpo ontem e hoje”, as autoras tratam do 
corpo e de sua relevância na sociedade contemporânea. 
Infere-se do fragmento que, para elas,
A os valores culturais da nossa época não têm força 
suficiente	para	influenciar	a	nossa	existência	corporal.
B o ideal libertário do corpo livre não escapa de uma certa 
submissão aos ditames da sociedade.
C a	 visão	 atual	 privilegia	 o	 corpo	 como	 exemplificativo	
da autonomia das pessoas, pois não é receptivo a 
influências	do	meio.
D na	atualidade,	o	corpo,	paradoxalmente,	vem	refletindo	
a	 liberdade	 de	 escolha	 e	 as	 limitações	 fixadas	 pelas	
classes sociais.
E existe,	 nos	 tempos	 atuais,	 a	 significativa	 tendência	
à negação absoluta da diversidade nos usos que se 
fazem do corpo.
QUESTÃO 27
 Beijos e abraços
Os franceses se beijam, e não apenas quando estão se 
condecorando. Mas dois franceses só chegam ao ponto de 
se	beijar	no	fim	de	um	longo	processo	de	desinformalização	
do seu relacionamento, que começa quando um propõe ao 
outro que abandone o “Vous”, e eles passem a se tratar por 
“tu”, geralmente depois de se conhecer por alguns anos. 
Não sei se existe um prazo certo para o “Vous” dar lugar 
ao “tu”, mas é um passo importante, e até ele ser dado o 
cumprimento entre os dois jamais passará de um seco 
aperto de mão. Os russos se beijam com qualquer pretexto 
e dizem que a progressão, lá, não é do aperto de mão para 
o abraço e o beijo, mas de beijos protocolares para beijos 
cada vez mais longos e estalados. Na Itália, os homens 
andam de braços dados na rua, sem que isso indique que 
são noivos, e o beijo entre amigos também é comum. Os 
anglo-saxões são mais comedidos e mesmo os americanos, 
que são ingleses sem barbatana, reagem quando você, 
esquecendo onde está, ameaça abraçá-los. Ninguém é 
mais informal que um americano, ninguém mais antifrancês 
na velocidade com que chega à etapa equivalente ao “tu” 
sem nenhum ritual intermediário, mas a informalidade não 
se estende à demonstração física. Até aquele nosso hábito 
de bater no braço do outro quando se aperta a mão, aquela 
amostra grátis de abraço, eles estranham.
Já nós somos da terra do abraço, mas também temos 
nossas hesitações afetivas. O brasileiro é expansivo, mas 
tem, ao mesmo tempo, um certo pudor dos seus sentimentos. 
O meio-termo encontrado é o insulto carinhoso.
Não sei se é uma característica exclusivamente 
brasileira, mas é uma instituição nacional.
—	Seu	filho	da	mãe!
— Seu cafajeste!
São dois amigos que se encontram.
VERISSIMO, Luis Fernando. O Estado de S. Paulo.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 17
A chamada memória cinestésica revela que as pessoas 
precisam do toque para conectar-se com algo ou alguém e 
que	também	não	gostam	de	ficar	paradas,	pois,	para	elas,	
o movimento se mostra bastante estimulante. Na linguagem 
do corpo, um abraço ou um aperto de mão são elementos 
frequentes no modo de estabelecer relacionamentos ou 
comunicação. No fragmento anterior, de uma de suas 
crônicas, Verissimo nos fala, com humor, dos diferentes 
posicionamentos das pessoas de diversas nacionalidades, 
no tocante à aproximação com beijos e abraços. Nesse 
sentido, segundo o autor,
A os americanos superam os franceses em manifestações 
informais, mormente no que diz respeito aos beijos e 
abraços.
B a aproximação entre os italianos se dá de forma menos 
expansiva	do	que	a	que	se	verifica	entre	os	americanos.
C para os franceses, o uso do pronome “Vous” é indicativo 
de um grau maior de intimidade, que enseja o aperto 
de mão.
D os russos são parcimoniosos quanto aos beijos em 
público, aproximando-se, nisso, ao comportamento dos 
franceses.
E os brasileiros disfarçam a sua sentimentalidade com 
inusitadas manifestações aparentemente desrespei-
tosas.
QUESTÃO 28
Ao imaginar o comportamento que os animais teriam caso utilizassem o Instagram, o autor de “quadrinhos ácidos” pretende
A reconhecer a capacidade do Instagram como instrumento de informação e participação colaborativa.
B ironizar	o	excesso	de	exposição	na	rede	social,	marcada	por	amenidades	e	superficialidade.
C demonstrar positivamente a inegável versatilidade de ações que a ferramenta propicia a seus usuários.
D atribuir aos animais as mesmas atitudes e reações praticadas pelos seres humanos no seu dia a dia.
E exaltar a utilização da rede social como veículo empregado para revelar virtudes e defeitos dos usuários.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 18
QUESTÃO 29
Aquele adore as roupas de alto preço,
Um siga a ostentação, outro a vaidade;
Todos se enganam com igual excesso.
Eu não chamo a isto já felicidade:
Ao campo me recolho, e reconheço,
Que não há maior bem, que a soledade
COSTA, Cláudio Manuel da. Poesia. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976.
Algumas das características do Arcadismo foram apre-
sentadas por meio de lemas, resultantes da composição 
de expressões latinas que sintetizavam o ideário árcade.
Nesses versos, integrantes das duas últimas estrofes de um 
soneto	de	Cláudio	Manuel	da	Costa,	é	possível	identificar	a	
presença do lema
A “fugere urbem”, que volta-se para a exaltação da vida 
na cidade.
B “inutilia truncat”, que revela a opção pela simplicidade, 
sem excessos.
C “aurea mediocritas”, que indica a necessidade de se 
aproveitar a vida.
D “carpe diem”, que expressa a fuga da cidade para o 
campo.
E “locus amoenus”, que traduz a ideiade viver 
intensamente o momento.
QUESTÃO 30
Os	 profissionais	 da	 educação	 física	 podem	 e	 devem	
fazer a diferença para frear o grande número de casos de 
bullying escolar. Há uma forma de se conseguir isso.
Basta pensá-la de modo educacional, como acontece 
com as demais disciplinas. Ela deve fazer o estudante 
entender a importância e as diferentes formas de se 
movimentar, compreendendo como o corpo e o organismo 
funcionam	e	como	pode	ficar	debilitado	na	 falta	da	prática	
de	uma	atividade	física.	Os	bons	profissionais	da	educação	
física estudam e têm base para agir assim.
A questão é colocar o conhecimento em prática e, em 
suas aulas, planejar e usar o imenso universo de conceitos 
e ideias da área para explicar, dar base e informações para 
o aluno. Essa mudança de mentalidade do professor fará o 
aluno praticar a atividade física não de forma mecanizada 
e até contra a vontade, mas de um modo que entenda o 
exercício e o corpo, não apenas o seu como também o de 
seu próximo. Isso fará com que cada jovem entenda-se 
melhor e compreenda as limitações e diferenças de seu 
colega, o que é fundamental na construção do respeito e, 
entre outros saudáveis resultados, a redução de casos de 
bullying escolar.
PARENTE, Cristiano. Disponível em: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/ 
treinos/noticia/educacao-fisica-pode-fazer-a-diferenca-para-frear-casos-de- 
bullying-nas-escolas.ghtml. Acesso em: 27 abr. 2020.
Segundo o autor, nos casos de bullying escolar, os 
profissionais	de	educação	física	devem	
A estimular os alunos, ainda que contra a vontade, à 
prática de exercícios físicos que os fortaleçam.
B repetir mecanicamente os mesmos exercícios, de 
modo a propiciar a todos um mesmo desempenho de 
excelência.
C estabelecer ações de imediata repressão e punição aos 
praticantes,	fazendo	com	que	reflitam	sobre	seus	atos.
D promover a concepção de que se devem respeitar 
diferentes limitações para distintos corpos e movimentos.
E fazer com que cada aluno se preocupe apenas com o 
seu próprio desempenho e limitações.
QUESTÃO 31
Educação para a competição 
ou a solidariedade?
Questiono o ensino que prioriza a competição em 
detrimento ao exercício da solidariedade, empatia e 
trabalho de equipe.
O dia a dia é a maior escola sobre “seleção natural” 
no sistema em que vivemos, cujas coordenadas arbitrárias 
nos rendem o obtuso e obscuro caminho da máxima: 
“levar vantagem em tudo”. A escola não deve reproduzir 
esse modelo, mas trabalhar em perspectiva, ou seja, “ver 
entre as coisas”. Abrir-se à sensibilidade da valorização 
do esforço, da participação sem a gradiente do melhor ao 
pior, do vencedor ao perdedor. Ou quem merece exposição, 
visualização e likes; ou quem deve entrar no modo soneca.
Que futuro cidadão se formará com estudantes desta 
forma moldados? (O verbo “moldar” já contém em si o 
intrínseco sentido contrário à pedagogia libertadora).
Onde estará o incentivo na construção de um ser 
pensante e questionador, disposto a contribuir com a 
sociedade ao invés de procurar ser o mais popular? O quão 
vazia será a geração preocupada apenas com seu próprio 
sucesso? 
É ilusão pensar que a vitória nos pertence; em cada 
conquista há, pelo menos, mais um par de mãos; outro 
pensamento; um ou dois conselhos; incentivos, e até o que 
não queríamos ouvir. Dividir nossos troféus é honrado.
Por uma educação que amplie verdadeiros valores, 
aqueles de que carecemos como seres humanos. Valores 
que iniciam na família e devem ser ampliados, pois são 
alicerce, parede construída e solução.
ROMEU, Ana Cecília. Disponível em: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/
opiniao/2019/10/709321-educacao-para-a-competicao-ou-a-solidariedade.html. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 19
A autora inicia seu artigo com um questionamento sobre “a 
educação para a competição”. Na argumentação sobre seu 
posicionamento, ela destaca que 
A uma moldagem dos alunos no sentido da busca de 
vencedores é contrária à desejável formação de um 
cidadão consciente.
B o	ambiente	escolar	é	positivamente	propício	à	definição	
de melhores e piores, pois dispõe de mecanismos para 
essa aferição.
C o caminho que conduz as pessoas a “levar vantagem 
em tudo”, embora seja meritório, não pertence ao âmbito 
da escola.
D a escola cumpre a reprodução da ambiência externa, 
repercutindo tanto os aspectos positivos quanto os 
negativos da sociedade.
E só os alunos intelectualmente diferenciados podem 
chegar à condição de vitoriosos sem o auxílio alheio.
QUESTÃO 32
O vírus das fake news também 
prejudica a saúde
Acompanhando a evolução das ferramentas de comu-
nicação, as fake news vêm ampliando seus impactos no 
cotidiano das pessoas. Na saúde, o tema é visível ao analisar 
que parte da redução do índice de vacinação nacional tem 
sido impactado pelas notícias falsas relacionadas às vacinas. 
Ao longo dos anos, a disseminação das mentiras e enganos 
ganharam velocidade e amplitude demandando novas 
estratégias	para	levar	informação	qualificada	ao	público.	
Compartilhar notícias falsas sobre a saúde, no entanto, 
não é situação sem consequências. Veja o caso do sarampo 
no	país:	7	mortes	e	1	553	casos	foram	notificados	até	o	dia	
28 de agosto. Uma doença completamente evitável. Saber 
que mortes e casos de doenças podem estar relacionados 
à má informação sobre a vacina não é confortante. 
O imunizante foi acusado nas redes, por exemplo, de 
causar uma doença mental. Infelizmente, o tema é cíclico 
e, de tempos em tempos, volta a circular. Saiba: a vacina é 
segura, e a notícia, falsa.
Disponível em: www.policlinicadebotafogo.com.br/o-virus-das-fake- 
news-tambem-prejudica-a-saude/. Acesso em: 27 abr. 2020.
Segundo o texto, há uma relação de causa e efeito entre as 
fake news e a saúde, uma vez que
A as chamadas ferramentas de comunicação vêm sendo 
usadas	de	forma	a	ratificar	o	seu	valor	informativo.
B o estímulo a que determinadas faixas etárias sejam 
vacinadas pode levar ao surgimento de doenças 
mentais.
C o excesso de notícias falsas contamina as pessoas, 
levando-as a crises de dependência.
D informações falsas envolvendo aspectos ligados à 
saúde podem, inclusive, provocar mortes.
E a saúde plena depende da forma como as autoridades 
sanitárias cuidam de distinguir as boas das más vacinas.
QUESTÃO 33
Texto I
Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no 
espaço, na ilusão de ter saído.
Ai de mim, nunca saí.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A ilusão do migrante. 
In: ___. Farewell. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Texto II
No dia em que eu vim-me embora
Minha mãe chorava em ai
Minha irmã chorava em ui
E eu nem olhava pra trás
No dia que eu vim-me embora
Não	teve	nada	de	mais	[…].
VELOSO, Caetano. No dia em que eu vim-me embora. 
Caetano Veloso. Philips: 1968.
Os dois textos estabelecem um diálogo quanto à temática. 
Neste sentido, 
A nos dois textos predomina a expressão dolorida de um 
vínculo jamais perdido com a terra de origem.
B o texto II revela, em contraposição ao texto I, uma 
postura do eu poético marcada pelo desapego.
C ambos colocam em destaque o sentimento de perda em 
função da saída da terra natal.
D ambos apresentam um eu lírico que valoriza 
sentimentalmente a terra que deixou.
E o texto I deixa entrever, ao contrário do texto II, a 
esperança de voltar à terra deixada para trás.
QUESTÃO 34
Em desacordo com a linguagem
Vêm me dizer que o bilionário Bill Gates, fundador da 
Microsoft, passa o dia lendo livros, jornais, documentos – 
não nos tablets e smartphones que fabrica, mas no arcaico 
e	 confiável	 papel.	 E	 que	 Mark	 Zuckerberg,	 criador	 do	
Facebook,	também	regula	o	tempo	que	suas	filhas	passam	
diante dos celulares – no máximo, uma ou duas horas por 
dia. Gates e Zuckerberg são sensatos. Evitam o veneno que 
servem ao resto do mundo.
Significa	 que	 nem	 sempre	 as	 pessoas	 se	 confundem	
com o que as tornou famosas. Santos Dumont, por exemplo, 
não viajava de avião, só de navio. E olhe que, em1932, 
quando ele morreu, a aviação comercial já operava com 
segurança. Há outros exemplos. A estrela Joan Crawford, 
herdeira da Pepsi-Cola, não bebia seu refrigerante. Preferia 
o Johnny Walker. E Garrincha, quase um sinônimo do 
futebol, não gostava de futebol. Pelo menos, não de assistir 
– só de jogar. 
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 20
Juscelino	 Kubitschek	 não	 aguentava	 escutar	 o	 “Peixe	
vivo” – aonde quer que fosse, logo aparecia uma banda para 
tocá-lo. Paulo Francis, tão exigente em literatura, balé e 
ópera, relaxava quando ia ao cinema – gostava mesmo era 
dos	filmes	de	pirata	e	espadachim	com	Errol	Flynn.
E quando os locutores gritam “festa na favela!” a cada gol 
do Flamengo, podiam gritar também “festa nas coberturas!” 
– porque o Flamengo impera igualmente nas coberturas do 
Leblon.
CASTRO, Ruy. Folha de S.Paulo, 16 dez. 2019. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/
colunas/ruycastro/2019/12/em-desacordo-com-a-imagem.shtml. Acesso em: 27 abr. 2020.
Ditados populares são frases curtas que transmitem, de 
geração em geração, conhecimentos sobre a vida em forma 
de conselhos e advertências. Eles se aplicam a situações 
do cotidiano, nos mais diversos locais. Esse fragmento de 
interessante crônica de Ruy Castro apresenta diversos 
fatos de variados âmbitos da realidade que podem, de certa 
forma,	exemplificar	o	seguinte	ditado	popular:
A Cada um sabe onde lhe aperta o sapato.
B Um dia é da caça, outro do caçador.
C Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
D Quem tudo quer tudo perde.
E Casa de ferreiro, espeto de pau.
QUESTÃO 35
RENOIR. Duas irmãs no terraço. 
Disponível em: www.tudoquadros.pt/renoir/duas-irmas-terraco.htm. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
PICASSO. As mulheres de Argel. Disponível em: https://novaescola.org.br/
conteudo/3410/as-10-obras-de-arte-mais-caras-ja-leiloadas-no-mundo. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
Mais de 70 anos separam essas duas obras. Comparando-
-as,	é	possível	identificar,	como	uma	alteração	relevante	no	
ideário artístico que motivou a pintura de Picasso, o(a)
A sentimento lírico.
B desprezo pela forma.
C renúncia à perspectiva.
D retratação realista.
E retorno ao academicismo.
QUESTÃO 36
Conceitua-se	a	ironia	como	a	figura	de	linguagem	em	que	se	
afirma	o	contrário	daquilo	que	se	pretende	dizer.	Ela	pode	
estar a serviço da crítica ou da censura, mas também pode 
referenciar uma situação inusitada. Dentre as imagens a 
seguir, aquela em que se percebe o viés irônico é
A 
Disponível em: www.istockphoto.com/br/vetor/oops-
gm165768930-16017238. Acesso em: 27 abr. 2020.
B 
Disponível em: www.istockphoto.com/br/foto/vela-l%C3%A2mpada-
fluorescente-tungst%C3%AAnio-bulb-e-l%C3%A2mpadas-led-
gm516914099-48439674. Acesso em: 27 abr. 2020.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 21
C 
Disponível em: www.istockphoto.com/br/foto/homem-comendo-
muitos-hamb%C3%BArgueres-m155035324-17097857. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
D 
Disponível	em:	www.istockphoto.com/br/foto/duas-fileiras-de-xadrez-
pawns-com-knight-desafio-centre-gm155260166-10419358.	 
Acesso em: 27 abr. 2020.
E 
Disponível em: www.istockphoto.com/br/foto/conceito-de-
lideran%C3%A7a-gm855515858-140773871. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
QUESTÃO 37
As meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
ANDRADE, Oswald de. As meninas da gare. In: ____. Obras completas. VII. Poesias 
reunidas. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. p. 18.
Vocabulário
gare:	 considerado	 por	 muitos	 um	 galicismo,	 a	 palavra	 significa	
“local de embarque e desembarque de viajantes e mercadorias nas 
estradas de ferro ou por via marítima”.
O texto de Oswald de Andrade – que se apropria de trechos 
da	carta	de	Pero	Vaz	de	Caminha	–	exemplifica	a	estética	
modernista porque
A mantém o ritmo métrico e o rímico próprios da tradição 
poética.
B busca	 reiterar,	 em	 paráfrase,	 o	 discurso	 oficial	 do	
colonizador.
C constitui uma recriação da carta em forma de paródia.
D exemplifica	o	claro	afastamento	entre	a	prosa	e	a	poesia.
E ratifica,	com	o	título	da	estrofe,	a	menção	às	índias	aqui	
encontradas.
QUESTÃO 38
Emília encaminhou-se para o último cubículo, onde 
estava preso um pobre homem da roça, a fumar seu pito.
— E este pai da vida, que aqui está de cócoras? – 
perguntou ela.
— Este é o Provincianismo, que faz muita gente usar 
termos conhecidos em certas partes do país, ou falar como 
só se fala em certos lugares. Quem diz NAVIU, MÉNINO, 
MECÊ, NHÔ etc. está cometendo Provincianismos.
Emília não achou que fosse o caso de conservar na 
cadeia o pobre matuto. Alegou que ele também estava 
trabalhando na evolução da língua e soltou-o.
— Vá passear, Seu Jeca. Muita coisa que hoje esta 
senhora condena vai ser lei um dia. Foi você quem inventou 
VOCÊ em vez de TU, e só isso quanto não vale? Estamos 
livres da complicação antiga do Tuturututu. Mas não se meta 
a exagerar senão volta para cá outra vez, está ouvindo?
LOBATO, Monteiro. Emília no país da gramática. São Paulo: Globo, 2008.
Na obra Emília no país da gramática, de 1934, Monteiro 
Lobato já antecipava concepções atuais sobre as variações 
linguísticas	do	português.	Identifica-se,	no	fragmento,	que
A o purismo que se pretende para o português encontra 
apoio na existência, em nosso país, de falares como o 
de Provincianismo.
B Emília, com a libertação do personagem Provincianismo, 
simboliza o reconhecimento de sua contribuição positiva 
à língua.
C o personagem Provincianismo é representativo de uma 
expressão da língua que até hoje é considerada inferior 
pelos estudos linguísticos.
D a visão da personagem Emília revela-se defensora 
da chamada variedade padrão, de maior prestígio na 
sociedade.
E a língua, como argumenta Emília, tem como marca 
fundamental a aversão à mutabilidade, o que lhe garante 
a integridade.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 22
 QUESTÃO 39
O pai sentou-se na poltrona, botou o garotinho no colo e 
disse: “Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. 
Eu também gostava bastante dela. Porém nós vamos fazer 
para ela um grande funeral” (empregou a palavra difícil de 
propósito). O menininho parou imediatamente de chorar 
e perguntou: “Que é um funeral?” O pai explicou que era 
um enterro: “Olha, nós vamos à rua, compramos uma 
caixa bem bonita, bastantes velas, bombons e doces, e 
voltamos para casa. Depois, botamos a tartaruga na caixa 
em cima da mesa da cozinha, rodeamos de velinhas de 
aniversário. Aí convidamos os meninos da vizinhança, 
acendemos as velinhas, cantamos o ‘Happy Birthday to You’ 
pra tartaruguinha morta e você assopra as velas. Depois 
pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, 
enterramos a tartaruguinha e botamos uma pedra em cima 
com	o	nome	dela	e	o	dia	em	que	ela	morreu…	Isso	é	que	
é um funeral! Vamos fazer isso?” O garotinho estava com 
outra	cara:	“Vamos,	papai,	vamos!	A	tartaruguinha	vai	ficar	
contente lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhar ela.” Saiu 
correndo. Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal: 
“Papai, papai, vem cá, ela está viva!” O pai correu para o 
quintal e constatou que era verdade, a tartaruga estava 
andando de novo, normalmente, e o pai disse: “Que bom, 
heim? Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral.” 
“Vamos sim, papai” – disse o menino ansioso pegando uma 
pedra bem grande – “Eu mato ela”.
FERNANDES, Millôr. Fábulas fabulosas. São Paulo: Círculo do Livro, 1973.
Nesse fragmento de um texto de Millôr Fernandes, algumas 
construções envolvendo o uso de pronomes pessoais 
exemplificam	 o	 registro	 informal	 da	 língua,	 típico	 da	
oralidade.	É	possível	 identificar	esse	emprego	na	seguinte	
passagem:
A “Olha, eu vou apanhar ela”.
B “vamos fazer para ela um grande funeral”.
C “O pai sentou-se na poltrona”.
D “Eu também gostava bastante dela”.
E “Enquanto o pai se vestia”.
QUESTÃO 40
Tiranovírus e outrospatógenos
É	 tempo	 de	 afluência	 de	 agentes	 microscópicos	 que	
fazem os seres humanos adoecer, enrubescer, explodir de 
ódio e desejar a aniquilação do adversário. A coisa não se 
restringe ao terreno da biologia.
O	 vibrião	 da	 cólera,	 não	 o	 do	 cólera,	 deflagra	 na	
pessoa acometida uma marcha à ré evolutiva. Ativado pela 
exposição excessiva a Facebook, Twitter ou WhatsApp, 
anula os dispositivos mentais que possibilitaram à espécie 
conviver e prosperar em comunidades maiores que um 
punhado de indivíduos aparentados.
Quando já está infestado de cólera, o organismo social 
acaba sendo presa fácil de infecções oportunistas. É nesse 
substrato repleto de bile, embora de sinapses rarefeito, que 
o tiranovírus mais gosta de intervir. 
Mas a corrida armamentista não valeu só para um lado. 
A terapia contra o tiranovírus também aumentou bastante. 
O protocolo recomenda paciência e tenacidade na reação.
MOTA, Vinicius. Folha de S.Paulo, 2 mar. 2020.
Nesse fragmento, o autor utiliza-se de linguagem metafórica, 
em construção alegórica com a qual busca, basicamente,
A atribuir a uma reação prevista nas redes sociais a 
possibilidade de maior intervenção do “tiranovírus”.
B lamentar a ausência de respostas positivas ao “vibrião 
do cólera”, que permitam antever a sua superação.
C prevenir as pessoas quanto aos males advindos da 
existência de epidemias como a do coronavírus, que 
podem levar pessoas à morte.
D mencionar malefícios que comportamentos agressivos 
nas redes sociais podem trazer à sociedade.
E exaltar o Facebook e o WhatsApp como detentores da 
paciência e tenacidade necessárias à superação dos 
problemas sociais.
QUESTÃO 41
Poema de circunstância
Onde estão os meus verdes?
Os meus azuis?
O Arranha-céu comeu!
E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros, nos 
 [tiranossauros,
Que	mais	sei	eu…
Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os 
 [arranha-céus!
Daqui
Do fundo
Das suas goelas,
Só vemos o céu, estreitamente, através de suas gar- 
 [gantas ressecas.
Para que lhes serviu beberem tanta luz?!
Defronte
À janela onde trabalho
Há	uma	grande	árvore…
Mas já estão gestando um monstro de permeio!
Sim,	uma	grande	árvore…	
Enquanto há verde,
Pastai,	pastai,	olhos	meus…
Uma	grande	árvore	muito	verde…	Ah!
Todos os meus olhares são de adeus
Como o último olhar de um condenado!
QUINTANA, Mário. Poema de circunstância. In: BRAGA, Rubem. Antologia poética de 
Mário Quintana. São Paulo: Companhia das Letras, 1918. p. 112.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 23
Vocabulário
resseco (adj.): excessivamente seco.
gestar (v.t.d.): elaborar, construir.
de permeio: no meio, entre.
No dicionário Houaiss, o verbo “pastar” apresenta os 
significados	 listados	 nas	 alternativas	 a	 seguir.	 O	 melhor	
registro do sentido no contexto lírico do poema é
A não ter sucesso, não prosperar.
B levar ao pasto, pastorear.
C comer erva não ceifada.
D fazer nutrir-se em pasto.
E comprazer-se, deliciar-se.
QUESTÃO 42
Inteligência Artificial muda a vida 
de todos, para melhor e para pior
A IA (inteligência artificial) é uma das tecnologias 
mais poderosas já criadas pela humanidade.
O conceito gira em torno de um sistema computacional 
que tenta imitar o poder de aprendizagem do ser humano e 
até tomar decisões.
Qualquer pessoa que faz uma busca na internet se 
depara	 com	a	 inteligência	 artificial.	 É	 essa	 tecnologia	 que	
sugere os termos a completar uma pesquisa, entende o que 
se quis dizer e lista os resultados de acordo com aquilo que 
julga	ser	mais	relevante	para	o	perfil	do	usuário.
Na prática, permite que uma busca por “onde comer” 
entenda que o interessado quer, na verdade, endereços 
próximos mesmo sem ele ter escrito o termo “restaurante”. 
Para fazer tal trabalho, uma quantidade imensurável 
de dados de todas as pesquisas feitas no mundo são 
armazenados e analisados para que a IA possa aprender 
com os padrões existentes ali.
As aplicações são diversas e incluem conversar com 
pessoas	 para	 realizar	 atendimentos	 de	 banco,	 configurar	
aplicativos de GPS, ajudar na detecção de doenças, analisar 
contratos, combater vírus de computador, alertar para 
desastres naturais, escolher os assuntos vistos nas redes 
sociais e controlar aviões.
Para alguns especialistas, a IA pode ser a última 
tecnologia que a humanidade precisará criar. Ela própria 
se encarregará de criar novas ferramentas. O outro lado da 
moeda	é	que	esse	poder	todo,	sem	cuidado,	pode	significar	
o	 fim	do	ser	humano.	Daí	 surgem	desafios	para	progredir	
com o máximo de segurança.
Entidades como a ONU, a OCDE (Organização para 
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e a União 
Europeia trabalham em documentos para servir de base 
para	um	uso	ético,	com	limites,	da	inteligência	artificial.
Gigantes como Amazon, Facebook, Google, IBM 
e Microsoft criam regras próprias para evitar um uso 
indiscriminado enquanto uma legislação sobre o assunto 
não aparece. 
HERNANDES, Raphael. Folha de S.Paulo, 20 fev. 2020.
O	 texto	 trata	 da	 inteligência	 artificial	 (IA)	 e	 sua	 marcante	
presença	 na	 atualidade.	Nele,	 identifica-se	 a	 ideia	 de	 que	
a IA
A pode vir a ser, no futuro, a criadora de todas as 
tecnologias, colocando em risco a própria existência dos 
seres humanos.
B copia os pensamentos do ser humano e, à semelhança 
das ações históricas do próprio homem, pode tornar-se 
perniciosa à sociedade.
C veio	 para	 ficar,	 e	 aponta	 para	 a	 inevitável	 extinção	
da Humanidade, com a substituição do homem pelas 
máquinas.
D situa-se, hoje, ainda no plano predominante das 
hipóteses, com poucas manifestações concretas capa-
zes	de	exemplificá-la.
E não escapa a ações de entidades e corporações que 
pretendem combater eventuais limitações ao progresso 
tecnológico.
QUESTÃO 43
Algumas reflexões: 
compondo e cantando nossos versos
Os encontros de danças brasileiras têm se mostrado 
como um importante espaço de convivência com a diver-
sidade, onde as crianças e seus familiares apresentam 
atitudes e falas acerca do diálogo sobre as diferentes 
condições de ser e estar no mundo. Essa convivência e 
o olhar investigativo sobre a práxis educativa permitem 
afirmar	 que	 os	 encontros	 realizados	 vêm	 possibilitando	
ao grupo a construção do diálogo sobre as relações com 
as	 deficiências,	 as	 relações	 étnico-raciais,	 as	 relações	
de gênero e principalmente sobre nossas possibilidades 
de aprender e ensinar uns aos outros, promovendo a 
valorização de diferentes saberes e conhecimentos.
Assim, diversos processos educativos decorrentes 
dos	 encontros	 apresentam	 a	 possibilidade	 de	 reflexão	
sobre como as pessoas envolvidas nessa prática social 
educam e se educam para as relações com a diversidade. 
O contato com a cultura popular tem, principalmente, 
possibilitado a abordagem de questões referentes aos 
valores que atribuímos às nossas práticas cotidianas e de 
nossos familiares, assim como compará-las aos valores 
que atribuímos às diversas manifestações culturais que 
estão à venda entre os meios midiáticos e tecnológicos em 
nossa	sociedade,	provocando	ainda	uma	 reflexão	sobre	a	
construção das identidades.
FOGANHOLI, Cláudia. Danças brasileiras de matrizes africanas e indígenas: dialogando 
com a diversidade. Revista Motricidades. Disponível em: www.ufscar.br/~defmh/spqmh/
pdf/2012/foganholicurso2012.pdf. Acesso em: 27 abr. 2020.
LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 24
O texto é um fragmento de um trabalho acadêmico 
desenvolvido no âmbito da Universidade Federal de São 
Carlos, em São Paulo, a respeito de encontros promovidos 
em uma escola pública daquela cidade desde 2010, que 
propõem, ali, a vivência das danças brasileiras, com um 
grupo	de	crianças	e	adolescentes	com	e	sem	deficiências.	
Segundo o trecho acima, a atividade promovida no colégio
A valoriza a reação dialógica entre as partes envolvidas, 
atribuindo à família, suas práticas e seus valores, a 
posição de preponderância.
B possui alcance multifacetado

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