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LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 3 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção Inglês) QUESTÃO 01 What Is Time? As spiritual beings, we are responsible for actualizing the potential holiness that God imbues in each moment. One of the easiest questions to answer is: “What time is it?”. One of the most difficult questions to answer is: “What is time?” We measure time’s passage by hours, days, months and years, but what is the elusive reality that we are measuring? A physicist would answer that time is that way that we measure the rotations and revolutions of the heavenly bodies. But while the movement of the heavenly bodies is circular, the human sense of time is linear. On the physical level, the Earth turns around today just like it turned around yesterday. On the deepest level, however, we know that yesterday should not be just a repetition of today, and this year should not be just a repetition of last year. We understand intuitively that our lives must move not in circles, but in spirals, with every rotation higher than the preceding ones. We also know that time runs out, and our bodies can endure only a certain number of years before they perish. This subconscious awareness of own mortality also colors our relationship to time and its passage. Disponível em: www.aish.com. Acesso em: 27 abr. 2020. O texto discorre sobre o conceito de tempo e sua abrangência de significados. A partir da leitura do texto, um dos conceitos de tempo é A o tempo afeta a mente e o corpo de maneiras diferentes. B para alguns, o conceito de tempo está relacionado ao fato de que ontem deve ser diferente de hoje, e que cada dia deve ser vivido de uma forma única. C a maneira como o ser humano enxerga o tempo é contrastante com aquela descrita pela Física. D o conceito de tempo formulado pela Física é visto por muitas pessoas como superficial. E graças aos efeitos do tempo no corpo, o indivíduo consegue ter relacionamentos mais profundos. QUESTÃO 02 Castle on the Hill I’m on my way Driving at ninety down those country lanes Singing to Tiny Dancer And I miss the way you make me feel, it’s real When we watched the sunset over the castle on the hill Over the castle on the hill Over the castle on the hill One friend left to sell clothes One works down by the coast One had two kids but lives alone One’s brother overdosed One’s already on his second wife One’s just barely getting by But these people raised me And I can’t wait to go home. SHEERAN, Ed. Divide. Reino Unido: Warner Music, 2017. Letras de músicas comumente expressam sentimentos e sensações. O fragmento acima expressa que A o músico tem apreço por atividades ao ar livre, como andar pelos campos e assistir ao pôr do sol. B o cantor sente falta da vida no campo assim como das pessoas que moram lá. C o cantor viaja frequentemente de carro para sua antiga cidade. D o intérprete está ansioso para retornar ao lugar onde foi criado. E as pessoas mencionadas no trecho da música ainda moram na cidade natal do cantor. QUESTÃO 03 This Memorial is a tribute of remembrance and honor to the 2,977 people killed in the terrorist attacks near the turn of the 21st century. The Memorial’s twin reflecting pools feature the largest manmade waterfalls in North America. The pools sit within the footprints where the Twin Towers once stood. The names of every person who died in the attacks are inscribed into bronze panels edging the Memorial pools, a powerful reminder of the largest loss of life resulting from a foreign attack on American soil and the greatest single loss of rescue personnel in American history. Disponível em: www.911memorial.org/visit/memorial. Acesso em: 27 abr. 2020. O texto descreve um importante monumento associado a um evento histórico ocorrido nos Estados Unidos. De acordo com o texto, A a construção foi feita para lembrar o mundo inteiro do ataque aos Estados Unidos da América, ocorrido no início do século XXI. B o memorial remete ao ataque americano que resultou na maior quantidade de mortes da história. C o memorial foi construído com o apoio de mais de 2 977 pessoas. D a semelhança do memorial com as maiores quedas- -d’água dos Estados Unidos da América é proposital. E a construção do memorial é um tributo de lembrança e honra às pessoas que faleceram no ataque. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 4 QUESTÃO 04 Disponível em: www.adeevee.com/2012/06/protex-antibacterial-hand- sanitizer-scissors-paper-rock-print/. Acesso em: 27 abr. 2020. O texto publicitário faz alusão à brincadeira infantil “pedra, papel e tesoura”. O intuito dessa propaganda é A persuadir o leitor a usar seu produto, pois, assim, ele vencerá a batalha contra as bactérias. B demonstrar que o consumidor sairá ileso de um contato com bactérias e verminoses. C incentivar o consumidor a se portar de uma forma mais pueril. D convencer o leitor de que ele pode fazer brincadeiras que envolvem contato físico e, ainda assim, não contrair nenhuma bactéria. E anunciar que o produto previne da exposição a bactérias. QUESTÃO 05 Being an Adult I used to think that I’d know I was an adult when I got married, bought a home and had children. However, high house prices, and the desire to marry only when both partners have permanent, secure jobs means that for many people these events now come later in their lives than they might once have done. Just because at this point, I have none of the above, it doesn’t mean that I haven’t grown up. In fact, the 2014 Clark Established Adult Poll found that people in my generation now see financial independence and making our own decisions as the evidence that we are grown-up. Modern life gives those in their 20s more time to “‘find themselves’ before they settle down. This is a period that is unknown in traditional societies, where people get married earlier. It has led some researchers labelling them the ‘me generation’”. They believe that this focus on the individual is bad for democracy and for society. However, Erica Bourne, a social scientist, says about contemporary young people: “It’s true they are not as interested in politics, but all the data shows that they are interested in social change and finding creative ways to make a difference”. Disponível em: www.cambridgeenglish.org/learning-english/activities- for-learners/b2r002-being-an-adult. Acesso em: 27 abr. 2020. De acordo com o autor, com o passar do tempo, o conceito do que é ser adulto sofreu mudanças. Ele afirma que a atual concepção de adulto consiste A no poder aquisitivo do indivíduo para comprar bens a longo prazo. B na capacidade de tomar suas próprias decisões e ter independência financeira. C nas pessoas estarem aptas a casar, ter filhos e comprar a casa própria. D na necessidade de o indivíduo ter de se encontrar quando estiver entre 20 e 30 anos. E em ter interesse em política e se mostrar adepto das mudanças sociais. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção Espanhol) QUESTÃO 01 Historia del Hip-Hop El hip-hop es un movimiento artístico y cultural que surgió en Estados Unidos a finales de los años 1960 en las comunidades afroamericanas y latinoamericanas de barrios populares neoyorquinos como Bronx, Queens y Brooklyn, donde desde el principio se destacaron manifestaciones características de los orígenes del hip-hop; por ejemplo, la música (funk, rap, blues, DJing), el baile (hustle, uprocking, lindy hop, popping, locking) y la pintura (aerosol, bombing, murals, political graffiti). Afrika Bambaataa acuñó el término hip-hop en aquella época, aunque años más tarde KRS One, originario del Bronx, quiso unificar en cuatro los elementos del hip-hop: el MCing (rapping), el DJing (turntablism), el breakdancing (bboying) y el graffiti. Hizo esto con la idea de simplificar la definición de hip-hop; pero para muchos esto puede resultarincompleto, ya que existen otras manifestaciones que quedarían excluidas de esta clasificación, como el beatbox, los murales, el beatmakin o producción de fondos musicales (beats), el popping, el locking, el uprocking etc. Disponível em: https://gohanrecords.wordpress.com/historia-del-hip-hop/. Acesso em: 27 abr. 2020. Existem várias manifestações que compõem esse movi- mento artístico, pois ele foi influenciado por diversas áreas culturais, dando origem, assim, ao nome hip-hop. De acordo com o texto, porém, para KRS One A não deveria haver a unificação, pois outras manifestações ficariam de fora. B deveria-se simplificar a definição do hip-hop em DJing, MCing e breakdancing. C somente pinturas como o grafite e o muralismo deveriam definir o hip-hop. D apenas quatro elementos seriam usados para simplificar a definição de hip-hop. E somente a música e a dança deveriam definir o hip-hop. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 5 QUESTÃO 02 — Mis manos son pequeñas… ¿Qué hay en la cabeza de un niño? — Mis manos son pequeñas y por eso se me cae la leche, aunque no quiera. — Mis piernas son cortas. Por favor, espérame y camina más despacio; así puedo andar contigo. — Por favor, mírame cuando te hablo. Así, sé que me estás escuchando. — Mis sentimientos todavía son tiernos; no me regañes todo el día. Deja que me equivoque sin hacerme sentir tonto. — No esperes que la cama que haga o el dibujo que pinto sean perfectos. Ámame por el hecho de haber tratado de hacerlo lo mejor posible. — Recuerda que soy un niño, no un adulto pequeño. A veces no entiendo lo que me dices. — Te quiero tanto… Por favor, ámame por lo que soy, no por las cosas que hago. — No me rechaces cuando estás molesta conmigo y vengo a darte un beso. Me siento solo, abandonado y con miedo. — Cuando me gritas, me asusto. Por favor, explícame lo que he hecho. — No te enfades cuando las sombras y la oscuridad me dan miedo por la noche, cuando me despierto y te llamo. Tu abrazo es lo único que me devuelve la paz. Disponível em: https://mibebeyyo.elmundo.es/ninos/educacion-infantil/ pensamientos-ninos-educacion. Acesso em: 27 abr. 2020. O fragmento foi retirado de um texto em que estão os pensamentos de uma criança que não entende, muitas vezes, a forma de atuar dos pais em determinados momentos. De acordo com o trecho, a criança A quer ser ouvida, pois seus pais nunca lhe dão atenção. B busca que seus pais tenham olhar de criança, para que possam entender o que ela sente e o que pode oferecer em determinados momentos. C busca todo o tempo que seus pais mantenham um diálogo com ela. D quer que seus pais tenham paciência com seus erros, pois ela é uma criança. E busca a atenção de seus pais e não entende o porquê, em determinados momentos, de eles não lhe darem atenção. QUESTÃO 03 20 poemas de amor y una canción desesperada Para mi corazón basta tu pecho, para tu libertad bastan mis alas. Desde mi boca llegará hasta el cielo lo que estaba dormido sobre tu alma. Es en ti la ilusión de cada día. Llegas como el rocío a las corolas. Socavas el horizonte con tu ausencia. Eternamente en fuga como la ola. He dicho que cantabas en el viento como los pinos y como los mástiles. Como ellos eres alta y taciturna. Y entristeces de pronto, como un viaje. Acogedora como un viejo camino. Te pueblan ecos y voces nostálgicas. Yo desperté y a veces emigran y huyen pájaros que dormían en tu alma. NERUDA, Pablo. Disponível em: www.poemas-del-alma.com/poema-12.htm. Acesso em: 27 abr. 2020. Nesse poema, o poeta chileno Pablo Neruda reflete sobre o(a) A angústia da perda de um amor e viver de sua recordação para sempre. B desejo de cantar para o vento. C desejo de um amor platônico. D angústia de estar sozinho em busca de um amor. E liberdade de viver sem a pessoa amada. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 6 QUESTÃO 04 Disponível em: www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/healthy-eating-plate/translations/spanish/. Acesso em: 27 abr. 2020. O cartaz criado pela Escola de Saúde Pública de Harvard é um guia para consumir comidas e bebidas saudáveis e balanceadas, de onde infere-se, além disso, a seguinte informação: A Evite os queijos. B Evite bebidas açucaradas. C Não coma batatas. D Faça exercícios físicos. E Coma muitas frutas. QUESTÃO 05 Disponível em: www.deportesalud.com/deporte-salud-el-deporte-y-sus-beneficios-en-la-salud-fisica-y-mental-y-psicologica.html. Acesso em: 27 abr. 2020. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 7 O esporte traz diversos benefícios para a saúde. O anúncio reflete sobre o fato de o exercício físico A propiciar benefícios físicos e psíquicos. B oferecer benefícios físicos e sociais. C garantir benefícios físicos, psíquicos e sociais. D proporcionar benefícios para a mente e para o coração. E gerar benefícios como a diminuição do risco de AVC. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 06 a 45 QUESTÃO 06 Poema à língua portuguesa A língua portuguesa que amo tanto Que canto enquanto encanto-me ao ouvi-la Em cada canto é fala, é riso, é pranto E nada há que a cale e que a repila. É essa língua tórrida e faceira Inebriante e meiga e doce e audaz Que envolve e enleia a gente brasileira E quem a utiliza é quem a faz. É a língua dos domingos, no barzinho A mesma das segundas, no escritório A que fala o andrajoso, no caminho E o cientista, no laboratório. É a mesma língua, embora evoluída, Que veio de outras terras com Cabral Escrita por Caminha, foi trazida Na descoberta do Monte Pascoal Não há quem fale errado ou fale mal De norte a sul, é belo o que é falado Na língua de Brasil e Portugal. Para julgar quem fala certo ou fala errado Não há no mundo lei, nem haverá: Quem faz da fala língua, é quem a fala Gramática nenhuma a calará Gramático nenhum irá cegá-la*! * Referência ao gramático Domingos Paschoal Cegalla, autor da Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. LOPES, Oldney. Disponível em: www.oldney.net/visualizar.php?idt=433893. Acesso em: 27 abr. 2020. No poema, de natureza metalinguística, é possível notar A a defesa da prevalência de um registro padrão da língua portuguesa falada pelos brasileiros, fundada nos aspectos gramaticais. B a negação da origem europeia da língua utilizada atualmente pelos brasileiros em suas diversas manifestações. C a predominância de um sentimento de valorização dos cânones lusitanos na abordagem da língua falada pelos brasileiros. D o reconhecimento da existência de variedades linguísticas que enriquecem o português que se fala no Brasil. E a distinção valorativa entre as manifestações do português no Brasil, representativas das diversas regiões do país. QUESTÃO 07 Texto I Los Carpinteros é um coletivo fundado, em 1991, pelos artistas Marco Antonio Castillo Valdes (1971), Dagoberto Rodríguez Sánchez (1969) e Alexandre Jesús Arrechea Zambrano (1970) – sendo este último integrante do grupo até 2003 – que realiza desenhos, esculturas e instalações e discute temas relacionados à arquitetura, ao design e à política, aproximando constantemente arte e sociedade e construindo seus trabalhos de forma inusitada, muitas vezes com humor. Suas obras são cuidadosamente elaboradas e pensadas de forma a explorar as contradições entre forma, função e inutilidade. Seus trabalhos estão em importantes coleções como a do MoMA (NY), o Guggenheim Museum (NY), o Museo de Bellas Artes (Havana), o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madri), o Thyssen-Bornemisza Contemporary Art Foundation (Viena) e o Centro Cultural de Arte Contemporaneo (Cidade do México). Disponível em: https://carbonogaleria.com.br/obra/sandalia-303. Acesso em: 27 abr. 2020 (adaptado). LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 8 e com nosso “dedinho ansioso” compartilhamos o conteúdo em grupos com o intuito de dar “furos de reportagem” que até então eram coisa apenas de jornalistas, damos nosso aval àquela informação. As pessoas que criam as fake newsnão estão isentas de responsabilidades – pelo contrário. O que desejo é provocar o leitor a desenvolver seu senso crítico diante da informação que se consome e, com isso, não tomar como verdade tudo aquilo que o impacta. O mesmo “poder” que a tecnologia nos dá para disseminar informações também nos proporciona a possibilidade de investigá-las, contestá-las, analisá-las. No entanto, investigar, contestar e analisar é trabalhoso, exige esforço de pensamento e queima de fosfato. A diferença entre as fake news serem desmascaradas ou se transformarem em “verdade” está no pequeno intervalo de tempo entre o momento em que as consumimos e o momento em que clicamos em “encaminhar”. SAES, Danillo. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/ fake-news-as-mentiras-que-viram-noticias-8e0d7206j8rmakza7oy9fpivz/. Acesso em: 27 abr. 2020 (adaptado). Ao discorrer sobre a disseminação das fake news nas redes sociais, o autor considera que A o “poder” como “influencers” que todos os usuários das plataformas sociais passaram a ter não pode estar submetido a questionamentos da grande mídia. B é preciso verificar se a notícia que queremos passar adiante nos foi transmitida por algum dos já consagrados influenciadores da internet. C os usuários da internet devem analisar previamente o impacto causado neles pelas notícias para só então encaminhá-las. D o compartilhamento de notícias na rede, embora implique responsabilidade mínima, deve ser precedido da necessária averiguação. E a disseminação de notícias na internet deve ser marcada por indispensável atitude reflexiva que procure validar, antecipadamente, o fato noticiado. QUESTÃO 09 Texto I Acendedor de lampiões Lá vem o acendedor de lampiões da rua! Este mesmo que vem infatigavelmente, Parodiar o sol e associar-se à lua Quando a sombra da noite enegrece o poente! Um, dois, três lampiões, acende e continua Outros mais a acender imperturbavelmente, A medida que a noite aos poucos se acentua E a palidez da lua apenas se pressente. Texto II Disponível em: www.hojeemdia.com.br/almanaque/coletivo-de-artistas-cubanos- los-carpinteros-exp%C3%B5e-mais-de-70-obras-no-ccbb-1.442923. Acesso em: 27 abr. 2020. A imagem do texto II, intitulada Trash – Shopping Cart (“Lixo – Carrinho de compras”), é um trabalho do grupo mencionado no primeiro texto. Na concepção de Los Carpinteiros, um carrinho de supermercado e uma lixeira formam um único objeto. Nesse sentido, infere-se que um dos objetivos dos artistas é A promover a desconstrução de um objeto como forma de exaltação do consumismo. B demonstrar a ausência de uma interseção entre a manifestação artística e o meio social. C provocar uma reflexão sobre o ciclo de consumo na sociedade contemporânea. D propor um exercício lúdico destituído de qualquer fundamento conceitual perceptível. E estabelecer a reinterpretação de uma lixeira como elemento de valorização do capitalismo. QUESTÃO 08 De meros mortais, como éramos então tratados pela grande mídia, depósitos de informações – certas ou erradas, boas ou ruins, favoráveis ou contrárias –, passamos a ser também protagonistas através do “poder” que a tela de um dispositivo móvel nos dá. É incrível e, ao mesmo tempo, muito preocupante. Será que todos os que se manifestam sobre qualquer tipo de assunto estão devidamente preparados para isso? Será que têm bagagem suficiente para criticar? Os ditos “influenciadores” realmente têm o espírito crítico necessário unido à sua responsabilidade de “influenciar” ao publicar seus posicionamentos? São provocações, indagações, não afirmações. Quando nos deparamos com as famosas fake news, por sermos ativos através das plataformas sociais, assumimos uma parcela (grande) de responsabilidade ao disseminá-las. Ao receber aquela notícia através do WhatsApp, ou aquele áudio que afirmam ser de uma determinada figura pública, LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 9 Triste ironia atroz que o senso humano irrita: Ele que doira a noite e ilumina a cidade, Talvez não tenha luz na choupana em que habita, Tanta gente também nos outros insinua Crenças, religiões, amor, felicidade, Como este acendedor de lampiões da rua! LIMA, Jorge de. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Obra Completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958. p. 208. Texto II Modinha do empregado de banco Eu sou triste como um prático de farmácia, Sou quase tão triste como um homem que usa costeletas Passo o dia inteiro pensando num carinhos e mulher Mas só ouço o tectec das máquinas de escrever, Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda. Quantas meninas pela vida afora! E eu alinhando no papel as fortunas dos outros. Se eu tivesse esses contos punha a andar A roda da imaginação nos caminhos do mundo. E os fregueses do Banco Que não fazem nada com esses contos! Chocam outros contos para não fazerem nada com eles. Também se o diretor tivesse a minha imaginação O Banco já não existiria mais E eu estaria noutro lugar. MENDES, Murilo. Disponível em: www.jornaldepoesia.jor.br/mu1.html. Acesso em: 27 abr. 2020. Os dois poemas falam sobre profissões distantes entre si no tempo: estão praticamente extintos, hoje, os acendedores de lampião, mas a atividade bancária ainda existe nos dias atuais. Contudo, há um aspecto de natureza existencial na relação com o mundo circundante que aproximaria os dois tipos descritos, que é A o sentimento de elevada autoestima que norteia ambos os profissionais, que estão cientes de sua contribuição social. B a pouca relevância das duas profissões, pois uma já está extinta socialmente e outra está prestes a entrar em processo de extinção. C a valorização da importância social das duas profissões por parte de ambos os poetas. D o contraste entre os benefícios trazidos pelos dois protagonistas e a forma como vivem, sem deles desfrutar. E a tendência, manifestada por ambos, de franca resignação diante de seu papel de subserviência. QUESTÃO 10 É preciso recolocar a utopia Nos últimos meses, tenho lido a conta-gotas o livro No enxame – perspectivas do digital. Escrito pelo filósofo Byung-Chul Han, um crítico mordaz da sociedade do consumo, a obra afirma que vivemos tempos de “indivíduos empoderados”. São pessoas que confiam profundamente em suas crenças e que, solitárias, se expressam com autoridade pelas redes sociais. Falam todas juntas sem se ouvir, num vozerio que lembra um enxame. É um monte de gente. Mas são um monte de “uns”. Hoje, os muitos “uns” vão para as ruas, mas parecem ainda estar sozinhos, com dificuldades de dar um passo atrás para sonhar coletivamente. Haiti, França, Espanha, Colômbia, Hong Kong, Bolívia, Irã e outros mais – em todos esses lugares, as pessoas protestam para mostrar que estão desapontadas e zangadas com um sistema político que, elas acreditam, não foi capaz de melhorar suas vidas. Alguns dizem que, no Brasil, fizemos o mesmo em 2013. Infelizmente, na maior parte dos casos, a resposta das autoridades responsáveis tem sido violência policial e perseguições, violando o direito de livre manifestação que todas e todos têm. O que as notícias que nos chegam desses lugares contam? Elas sugerem que, de acordo com a perspectiva do filósofo, ir para as ruas denunciar e protestar não tem sido suficiente para mudar as coisas que precisam e queremos que sejam mudadas. Faltaria a esse enxame descobrir e enunciar o mundo que se quer construir, para si e para os outros. Falta o sonho coletivo. Uma nova utopia. WERNECK, Jurema. Disponível em: www.brasildedireitos.org.br/noticias/ 530-jurema-werneck-preciso-recolocar-a-utopia. Acesso em: 27 abr. 2020. A diferença estabelecida pela autora entre as expressões “um monte de gente” e “um monte de ‘uns’” é a que se dá, respectivamente, entre A pessoas que falam sem ouvir e outras que ouvem sem falar. B gente que sai às ruas para reivindicar e pessoas que não saem de casa. Cpessoas “empoderadas” e “não empoderadas” nas redes sociais. D indivíduos marcados pela solidão e pessoas de valores solidários. E grupo em que se destaca a quantidade e o conjunto marcado por individualidades. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 10 QUESTÃO 11 O nojo e o enjoo O nojo e o enjoo são flores nauseabundas do mesmo arbusto. Na verdade, pode-se até dizer que, em suas formas verbais, foram um dia a mesma palavra. Enojar e enjoar se diferenciaram por metátese, fenômeno linguístico que consiste na troca de lugares entre fonemas ou sílabas dentro de uma palavra. O deslocamento sonoro pode se dar entre línguas (o latim semper virou sempre), mas também dentro do mesmo idioma, como em certas formas do português não padrão (“tauba”, “estrupo” e muitas outras). Hora de voltar aos primos nojo e enjoo. Seu antepassado comum é o verbo latino enodiare, dentro do qual encon- tramos odium, ódio, aversão. Supõe-se que o verbo tenha sido criado a partir da expressão “esse in odio alicui”, estar aborrecido com algo ou alguém. Nojo e enjoo são o que se chama tecnicamente de derivações regressivas, substantivos formados a partir de verbos. O primeiro deriva de enojar, filho evidente e preferido do latim enodiare. O segundo, de enjoar, seu irmão metatético e diferentão. RODRIGUES, Sérgio. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio- rodrigues/2020/02/o-nojo-e-o-enjoo.shtml. Acesso em: 27 abr. 2020. Nesse interessante fragmento de artigo, de natureza linguística, Sérgio Rodrigues reporta-se à etimologia das palavras “nojo” e “enjoo”, referindo-se, em dado momento, ao processo de derivação regressiva que teria caracterizado a formação desses vocábulos. O autor utiliza-se de palavra formada por esse mesmo processo, como se destaca em A “Seu antepassado comum é o verbo latino…” B “…consiste na troca de lugares…” C “…são flores nauseabundas do mesmo arbusto”. D “…foram um dia a mesma palavra”. E “…filho evidente e preferido do latim...” QUESTÃO 12 O espelho Por que quatro ou cinco? Rigorosamente eram quatro os que falavam; mas1, além deles, havia na sala um quinto personagem, calado, pensando, cochilando, cuja2 espórtula no debate não passava de um ou outro resmungo de aprovação. Esse homem tinha a mesma idade dos companheiros, entre quarenta e cinquenta anos, era provinciano, capitalista, inteligente, não sem instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia nunca; e defendia-se da abstenção com um paradoxo, dizendo que a discussão é a forma polida do instinto batalhador, que jaz no homem, como uma herança bestial; e acrescentava que os serafins e os querubins não controvertiam nada, e, aliás3, eram a perfeição espiritual e eterna. Como4 desse esta mesma resposta naquela noite, contestou-lha um dos presentes, e desafiou-o a demonstrar o que dizia, se5 era capaz. Jacobina (assim se chamava ele) refletiu um instante, e respondeu: — Pensando bem, talvez o senhor tenha razão. ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. No fragmento desse conto, a análise de certos elementos gramaticais que concorrem para a progressão temática permite o reconhecimento de que A a conjunção “como” (4) introduz uma oração com valor significativo de causa. B o vocábulo “aliás” (3) apresenta, em relação à oração antecedente, valor conclusivo. C a conjunção “mas” (1) traz para o período em que se encontra uma ideia de adição. D o pronome relativo “cuja” (2) retoma, com o sentido de posse, o substantivo “sala”. E a palavra “se” (5), de valor condicional, é semanticamente equivalente a “embora”. QUESTÃO 13 Sonata I Do imenso Mar maravilhoso, amargos, marulhosos murmurem compungentes cânticos virgens de emoções latentes, do sol nos mornos, mórbidos letargos… II Canções, leves canções de gondoleiros, canções do Amor, nostálgicas baladas, cantai com o Mar, com as ondas esverdeadas, de lânguidos e trêmulos nevoeiros! III Tritões marinhos, belos deuses rudes, divindades dos tártaros abismos, vibrai, com os verdes e acres eletrismos das vagas, flautas e harpas e alaúdes! IV Ó Mar supremo, de flagrância crua, de pomposas e de ásperas realezas, cantai, cantai os tédios e as tristezas que erram nas frias solidões da Lua… SOUSA, Cruz e. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1985.. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 11 Esse poema exemplifica o ideário da escola simbolista, entre outras razões, pela presença A do fortalecimento dos conteúdos lógicos das palavras. B da musicalidade, com uso de aliterações e assonâncias. C da objetividade na descrição rigorosa de aspectos ambientais. D da preocupação social, ainda que mascarada pela sugestão. E da predominância dos aspectos descritivos sobre os sugestivos. QUESTÃO 14 Culpadas estão quase todas as que trabalham. Porque não estão em casa, onde sempre lhes disseram que deveriam estar. Porque não estão coladas nos filhos. Porque não estão à disposição dos maridos. Porque, cumprindo a sua vida, não se sentem cumprindo à perfeição aquelas que são consideradas suas atribuições primordiais. Mas culpadas também estão as que, em casa, ao lado dos filhos e cuidando das camisas dos maridos, se perguntam se não estariam deixando de preencher um destino maior. COLASANTI, Marina. Mulher daqui pra frente. São Paulo: Círculo do Livro, 1981. p. 7. Os elementos constitutivos do texto anterior ensejam a consideração de que A a expressão “atribuições primordiais” é empregada para referir-se à vida que, segundo a autora, é desejável para as mulheres. B há um matiz crítico no uso das expressões “coladas nos filhos” e “ à disposição dos maridos”. C com a repetição da conjunção “porque”, a autora destaca razões que, a seu ver, tornam evidente a culpa das mulheres que trabalham. D o emprego das formas verbais na terceira pessoa do plural “disseram” e “deveriam” cumpre a missão de indeterminar os respectivos sujeitos. E a conjunção “mas” introduz um período que ratifica as razões de culpa anteriormente apresentadas. QUESTÃO 15 PESQUISA! NA SUA OPINIÃO, A COR- RUPÇÃO ESTÁ DISSEMINADA POR TODOS OS SETORES DA SOCIEDADE BRASILEIRA? SE RESPONDER “NÃO” GANHA UM PRESENTINHO. Disponível em: https://sifelippe.wordpress.com/2011/01/13/as-cobras/. Acesso em: 27 abr. 2020. A tira é um gênero textual marcado pela interação entre as linguagens verbal e não verbal em que, junto ao humor, está presente, não raro, a ironia. Nessa tira, Luís Fernando Verissimo utilizou-se desses recursos expressivos para A criticar a ausência de respostas conscientes por parte dos entrevistados. B destacar a extrema obviedade das perguntas feitas nas pesquisas. C desqualificar os nossos institutos de pesquisa de opinião. D enfatizar a presença generalizada da corrupção na sociedade. E contestar as negociações que são feitas entre entrevistador e entrevistado. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 12 QUESTÃO 16 Abreviados Nem faz tanto tempo assim, as pessoas diziam “vosmecê”. “Vosmecê concede a honra desta dança?”. Com o tempo, fomos deixando a formalidade de lado e adotamos uma forma sincopada, o popular você. “Você quer ouvir uns discos lá em casa?” Parecia que as coisas ficariam por isso mesmo, mas o mundo, definitivamente, não se acomoda. Nesta onda de tornar tudo mais prático e funcional, as palavras começaram a perder algumas vogais e se transformaram em abreviaturas esdrúxulas, e você virou vc: “Vc q tc cmg?”. O receio de todo cronista é ficar datado, mas, em contrapartida, dizem que é importante esse nosso registro do cotidiano, para que nossos descendentes saibam, um dia, o que se passava nesta nossa cabecinha jurássica. Posso imaginar, daqui a 50 anos, meus netos gargalhando diante deste meu texto: “ctd d vc”. Coitada da vovó mesmo. Às vezes me sinto uma anciã, lamentando o quanto a vida está ficando miserável. Não se trata apenas dos miseráveis sem comida, sem teto e sem saúde, oque já é um descalabro, mas da nossa miséria opcional. Abreviamos sentimentos, abreviamos conversas, abreviamos convivência, abreviamos o ócio, fazemos tudo ligeiro, atropelando nosso amor- -próprio, nosso discernimento, vivendo resumidamente, com flashes do que outrora se chamou arte, com uma ideia indistinta do que outrora se chamou liberdade. Todos espiam todos, sabem da vida de todos, e não conhecem ninguém. Modernidade ou penúria? As vogais são apenas cinco. Perdê-las é uma metáfora. Cada dia abandonamos as poucas coisas em nós que são abertas e pronunciáveis. Daqui a pouco vamos apenas rugir. Grrrrrr. E voltar para as cavernas de onde todos viemos. MEDEIROS, Martha. O Globo. Com a interrogação retórica feita no fim do penúltimo parágrafo, infere-se que a autora pretende A reconhecer como vantajosa a praticidade e a funcionalidade da linguagem. B lamentar a sua condição de escritora, condenada ao estigma de ficar datada. C valorizar aspectos positivos da atualidade, a despeito de algumas restrições. D destacar uma situação paradoxal envolvendo criticáveis posturas contemporâneas. E criticar especificamente a perda das vogais nas comunicações via internet. QUESTÃO 17 Recado ao senhor 903 Vizinho, Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a lei e a polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da Lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio. Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou”. E o outro respondesse: “Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a Lua é bela”. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz. BRAGA, Rubem. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1991. Nesses fragmentos da crônica “Recado ao senhor 903”, o autor A valoriza a estrutura dos modernos edifícios residenciais, propícios ao maior contato humano. B mantém-se, do início ao fim, em uma postura que, ao criticar atos de intolerância, aceita como inevitável esse comportamento. C retrata a necessidade que os seres humanos têm de manter uma saudável atitude de isolamento. D confere a um acontecimento corriqueiro uma perspectiva que o transforma em fato singular e único. E aprofunda a descrição psicológica dos personagens envolvidos, apresentando-os, metonimicamente, por meio de números. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 13 QUESTÃO 18 Se não me engano, é de Edmund Wilson a melhor definição que conheço sobre a diferença entra atividade do crítico e a do artista criador. O crítico, naquilo que escreve, sabe mais do que diz, ao passo que o artista criador, em sua obra, diz mais do que sabe. Este curioso fenômeno, descrito com tão concisa – e precisa – elegância, decorre do fato de que o crítico se move, predominantemente, na área consciente e reflexiva do seu psiquismo, ao passo que o artista criador, em seu mergulho poético, ordenha leite da escuridão, isto é, toma contato pleno com o registro inconsciente de sua atividade mental, cujas fantasias e desejos nem sempre são redutíveis ao tipo lógico-discursivo de conhecimento que caracteriza a atividade da consciência. O crítico é sempre capaz de explicar o seu texto, segundo os critérios claros e distintos que definem a dimensão cartesiana da mente. A malha de referências que usa é, quase sempre, denotativa, visando à precisão, à discriminação, ao desbastamento de ambiguidades e polissemias. Já o artista criador é explicado pela obra que faz, muito mais do que é capaz de explicá-la. A linguagem criadora é carregada de noite, de refrações simbólicas, de confusos rumores, cuja crepitação jamais se deixa capturar pela fome de clareza que define o pensamento consciente. Aliás, há que precatar-se contra a ilusão das claridades excessivas. Elas velam a realidade, mais do que revelam, e costumam conduzir ao erro – e à arrogância. PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro: Rocco, 1988, p. 113-114. Para a progressão temática do fragmento, o autor se vale da linguagem figurada para organizá-lo e estruturá-lo. Nesse sentido, ao mencionar a “ilusão das claridades excessivas”, ele refere-se A ao perigo de que a “fome de clareza” leve o crítico ao engano e à soberba. B àquele que, quanto à produção artística, em seus escritos, “diz mais do que sabe”. C a uma linguagem criadora apresentada metaforicamente como “carregada de noite”. D a um “mergulho poético” do artista criador, com o registro inconsciente de sua ação. E a uma atividade inconsciente, expressa criação que envolve “fantasias e desejos”. QUESTÃO 19 Million Dollar Baby (a menina de um milhão de dólares) não entrega o ouro de cara: descreve a protagonista que tenta sair da sarjeta por meio do boxe. Emite a ideia de um prêmio a coroar a obstinação da heroína, que vive sentimentos crus e sem afagos. O título em inglês nos induz a uma expectativa que será redefinida. Menina de ouro esvazia a ambiguidade original e confere uma afetuosidade à personagem que não é a tônica da história. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 5, 2006, p. 31-32. Ao estabelecer a comparação entre os títulos do filme nos dois idiomas, o texto conclui que, em português, A retira do título original a ideia de uma recompensa à personagem pelo seu empenho. B contrapõe-se ao título em inglês, retirando-lhe qualquer aspecto de afetuosidade. C torna-se ambíguo, pois sugere que a protagonista teve a vida facilitada pelo afeto. D torna-se irônico, possibilitando a percepção prévia do estado de pobreza da personagem. E induz a uma ideia de complexidade da personagem que o título inglês não revela. QUESTÃO 20 Da observação Não te irrites, por mais que te fizerem… Estuda, a frio, o coração alheio. Farás, assim, do mal que eles te querem, Teu mais amável e sutil recreio… QUINTANA, Mário. Espelho mágico. Rio de Janeiro: Globo, 2005. Ainda que considerando a possibilidade da coexistência de mais de uma função da linguagem em um único texto, é possível identificar no poema de Mário Quintana, como predominante, a função A referencial, com objetivos voltados para a informação. Bfática, focalizando as dificuldades de comunicação. C emotiva, voltada para os sentimentos do eu lírico. D apelativa, centrada no convencimento do receptor. E metalinguística, com foco na própria língua portuguesa. QUESTÃO 21 Leia estes dois poemas de Ferreira Gullar. Meu povo, meu poema Meu povo e meu poema crescem juntos como cresce no fruto a árvore nova No povo meu poema vai nascendo como no canavial nasce verde o açúcar No povo meu poema está maduro como o sol na garganta do futuro Meu povo em meu poema se reflete como a espiga se funde em terra fértil LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 14 Ao povo seu poema aqui devolvo menos como quem canta do que planta. FERREIRA GULLAR. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000. Meu povo, meu abismo Meu povo é meu abismo. Nele me perco; a sua tanta dor me deixa surdo e cego. Meu povo é meu castigo meu flagelo: seu desamparo, meu erro. Meu povo é meu destino meu futuro: se ele não vira em mim veneno ou canto – apenas morro. FERREIRA GULLAR. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000. Com base nos dois poemas, considerando-se a relação estabelecida entre o poeta e o povo, A o poeta canta para seu povo assim como quem planta; o mesmo se dá quando o destino o afasta do povo. B para o poeta, a poesia já nasce madura, tanto quanto a ideia de que o sofrimento já nasce como castigo. C não existe identificação entre o poeta e povo, já que o segundo constitui apenas a fonte de inspiração para a criação poética. D para o poeta, o povo é não só fonte de criação poética, mas também razão da existência do eu lírico. E os poemas são contraditórios, na medida em que o povo, para o poeta, é motivo para distanciar-se. QUESTÃO 22 Disponível em: www.casablanca.com.br/cases/secretaria-de-estado -de-saude-vacinacao-contra-a-gripe/. Acesso em: 27 abr. 2020. As linguagens verbal e não verbal na propaganda em destaque articulam-se a serviço da mensagem pretendida. No caso da linguagem verbal, reconhece-se mais claramente essa inter-relação pela presença A da forma pronominal “você”, que assegura à mensagem um tom de formalidade. B de imagens que correspondem ao tipo de interlocutores a que a mensagem se dirige. C de elementos gramaticais que tipificam a função emotiva da linguagem. D de dois verbos em maior destaque, que se distinguem quanto ao modo empregado. E da crítica feita aos componentes do público-alvo, com o emprego do verbo “vacilar”. QUESTÃO 23 Quando Emília sentava-se, abatendo com a mão afilada os rofos da escócia, parecia-me um cisne colhendo as asas à margem do lago, e arrufando as níveas penas. Quando erguia-se e coleava o talhe flexível fazendo tremular as brancas roupagens, lembrava o gracioso mito da beleza, que surgiu mulher da espuma das ondas. Estive contemplando-a de longe. A multidão de seus adoradores a cercava como de costume, e ela distribuía aos seus prediletos as quadrilhas que pretendia dançar. Pela expressão de júbilo ou de contrariedade dos que voltavam, eu conhecia se tinham sido ou não felizes. Que interesse tão vivo achava eu nessa observação? Já compreendeste sem dúvida, Paulo, que LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 15 essa menina me preocupava a malgrado meu. Pois sabe, que naquele momento tinha inveja dos preferidos; apesar do juramento que eu fizera de nunca dançar com ela depois da desfeita que sofri, cometeria a indignidade de ir suplicar- lhe ainda a graça de uma quadrilha, se não temesse nova e humilhante repulsa. Livre um instante de sua roda de admiradores, Emília correu a vista pelo salão, e fitou-a em mim com uma persistência incômoda. Ela tinha, quando queria, olhares de uma atração imperiosa e irresistível que cravavam um homem, o prendiam e levavam cativo e submisso a seus pés. Eu resistia contudo; mas ela me sorriu. Então não tive mais consciência de mim; deixei-me embeber naquele sorriso, e fui, cego d’alma que ela me raptara e dos olhos que me deslumbrava. ALENCAR, José de. Diva. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/ download/texto/bn000018.pdf. Acesso em: 27 abr. 2020. À época do Romantismo, de que data o texto de José de Alencar, a colocação pronominal ainda não se encontrava definitivamente padronizada. A passagem do fragmento na qual se destaca um pronome cuja colocação deixou de observar a norma gramatical que hoje prevalece é A “…cometeria a indignidade de ir suplicar-lhe ainda a graça de uma quadrilha, se não temesse nova e humilhante repulsa”. B “Já compreendeste sem dúvida, Paulo, que essa menina me preocupava a malgrado meu”. C “Quando erguia-se e coleava o talhe flexível fazendo tremular as brancas roupagens…” D “Estive contemplando-a de longe. A multidão de seus adoradores a cercava como de costume”. E “Então não tive mais consciência de mim; deixei-me embeber naquele sorriso, e fui, cego d’alma que ela me raptara… QUESTÃO 24 Todos reconhecemos ser ilusão supor – como já dis- semos – que se está apto a escrever quando se conhecem as regras gramaticais e suas exceções. Há evidentemente um mínimo de gramática indispensável (grafia, pontuação, um pouco de morfologia e um pouco de sintaxe), mínimo suficiente para permitir que o estudante adquira certos hábitos de estruturação de frases modestas mas claras, coerentes, objetivas. A experiência nos ensina que as falhas mais graves das redações dos nossos colegiais resultam menos das incorreções gramaticais do que da falta de ideias ou da sua má concatenação. Escreve realmente mal o estudante que não tem o que dizer porque não aprendeu a pôr em ordem seu pensamento, e porque não tem o que dizer, não lhe bastam as regrinhas gramaticais, nem mesmo o melhor vocabulário de que possa dispor. Portanto, é preciso fornecer-lhe os meios de disciplinar o raciocínio, de estimular-lhe o espírito de observação dos fatos e ensiná-lo a criar ou aprovisionar ideias: ensinar, enfim, a pensar. Ora, a ciência das leis ideais do pensamento, a “arte que nos faz proceder, com ordem, facilmente e sem erro, no ato próprio da razão” é a Lógica. GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1977, p. 275-276. Nesse fragmento, o autor discorre sobre o ato de escrever. Para Othon Maria Garcia, A a Lógica deve ser preponderante no ato de pensar, pois propicia a construção de ideias que devem antecipar a boa produção escrita. B a não observância de regras gramaticais pode ser compensada, na boa escrita, pelo domínio amplo de vocabulário. C a escrita precede o ato de pensar e tem seus fundamentos no conhecimento das normas gramaticais. D a gramática da língua é que possibilita o surgimento das ideias que serão desenvolvidas na escrita. E quanto mais frequentes são as incorreções gramaticais, mais se deixa de aprender a pensar e a concatenar as ideias. QUESTÃO 25 Apesar da morte da tia, tinha certeza de que com ela ia ser diferente, pois nunca ia morrer. (É paixão minha ser o outro. No caso a outra. Estremeço esquálido igual a ela.) O definível está me cansando um pouco. Prefiro a verdade que há no prenúncio. Quando eu me livrar dessa história, voltarei ao domínio mais irresponsável de apenas ter leves prenúncios. Eu não inventei essa moça. Ela forçou dentro de mim a sua existência. Ela não era nem de longe débil mental, era à mercê e crente como uma idiota. A moça que pelo menos comida não mendigava, havia toda uma subclasse de gente mais perdida e com fome. Só eu a amo. Depois – ignora-se por que – tinham vindo para o Rio, o inacreditável Rio de Janeiro, a tia lhe arranjara emprego, finalmente morrera e ela, agora sozinha, morava numa vaga de quarto compartilhado com mais quatro moças balconistas das Lojas Americanas. O quarto ficava num velho sobrado colonial da escura rua do Acre entre as prostitutas que serviam a marinheiros, depósitos de carvão e de cimento em pó, não longe do cais do porto. O cais imundo dava-lhe saudade do futuro. (O que é quehá? Pois estou como que ouvindo acordes de piano alegre – será isto o símbolo de que a vida da moça iria ter um futuro esplendoroso? Estou contente com essa possibilidade e farei tudo para que esta se torne real.) LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 5ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 16 Um dos pontos mais inovadores do romance A hora da estrela, de Clarice Lispector, é o seu foco narrativo. Clarice inventa um narrador para contar a história de Macabéa e das vicissitudes que a protagonista, nordestina, enfrenta na cidade grande. À medida que descreve a personagem, o narrador, identificando-se com ela, vai revelando sua própria identidade, como o faz no fragmento A “e ela, agora sozinha, morava numa vaga de quarto compartilhado”. B “Ela não era nem de longe débil mental, era à mercê e crente como uma idiota”. C “Apesar da morte da tia, tinha certeza de que com ela ia ser diferente”. D “É paixão minha ser o outro. No caso a outra. Estremeço esquálido igual a ela”. E “havia toda uma subclasse de gente mais perdida e com fome”. QUESTÃO 26 Como vimos, hoje vive-se a revolução do corpo. Valores relativos à beleza, saúde, higiene, lazer, alimentação, exercício físico, têm reorientado um conjunto de compor- tamentos na sociedade, imprimindo um novo estilo de vida, mais aberto à diversidade por um lado, mas mais narcísico e hedonista no que diz respeito à experiência do corpo. Percebe-se então que vivemos uma época de contradições, no que diz respeito às nossas escolhas, uma vez que hoje não há uma obrigação das pessoas se vestirem de acordo com a classe social de que fazem parte, como ocorria noutras épocas, porém, a moda dita as regras, dita as tendências e aquilo que devemos escolher. É através do nosso corpo que expressamos o efeito e significados que as relações tiveram ou têm em nós. A nossa existência corporal está imbuída num contexto, relacional e cultural, sendo este o canal pelo qual as nossas relações são construídas e vivenciadas. Na verdade, quer queiramos, quer não, assistimos a um processo de exaustão do corpo na sociedade ocidental contemporânea, processo que envolve um mito supostamente libertador, mas que, na realidade, penetra e transforma a nossa experiência pessoal ao introduzir na nossa subjetividade o peso alheio dos imperativos sociais. BARBOSA, Maria Raquel; COSTA, Maria Emília; MATOS, Paula Mena. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0102-7182201100010000. Acesso em: 27 abr. 2020. Nesse trabalho de cunho acadêmico intitulado “Um olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje”, as autoras tratam do corpo e de sua relevância na sociedade contemporânea. Infere-se do fragmento que, para elas, A os valores culturais da nossa época não têm força suficiente para influenciar a nossa existência corporal. B o ideal libertário do corpo livre não escapa de uma certa submissão aos ditames da sociedade. C a visão atual privilegia o corpo como exemplificativo da autonomia das pessoas, pois não é receptivo a influências do meio. D na atualidade, o corpo, paradoxalmente, vem refletindo a liberdade de escolha e as limitações fixadas pelas classes sociais. E existe, nos tempos atuais, a significativa tendência à negação absoluta da diversidade nos usos que se fazem do corpo. QUESTÃO 27 Beijos e abraços Os franceses se beijam, e não apenas quando estão se condecorando. Mas dois franceses só chegam ao ponto de se beijar no fim de um longo processo de desinformalização do seu relacionamento, que começa quando um propõe ao outro que abandone o “Vous”, e eles passem a se tratar por “tu”, geralmente depois de se conhecer por alguns anos. Não sei se existe um prazo certo para o “Vous” dar lugar ao “tu”, mas é um passo importante, e até ele ser dado o cumprimento entre os dois jamais passará de um seco aperto de mão. Os russos se beijam com qualquer pretexto e dizem que a progressão, lá, não é do aperto de mão para o abraço e o beijo, mas de beijos protocolares para beijos cada vez mais longos e estalados. Na Itália, os homens andam de braços dados na rua, sem que isso indique que são noivos, e o beijo entre amigos também é comum. Os anglo-saxões são mais comedidos e mesmo os americanos, que são ingleses sem barbatana, reagem quando você, esquecendo onde está, ameaça abraçá-los. Ninguém é mais informal que um americano, ninguém mais antifrancês na velocidade com que chega à etapa equivalente ao “tu” sem nenhum ritual intermediário, mas a informalidade não se estende à demonstração física. Até aquele nosso hábito de bater no braço do outro quando se aperta a mão, aquela amostra grátis de abraço, eles estranham. Já nós somos da terra do abraço, mas também temos nossas hesitações afetivas. O brasileiro é expansivo, mas tem, ao mesmo tempo, um certo pudor dos seus sentimentos. O meio-termo encontrado é o insulto carinhoso. Não sei se é uma característica exclusivamente brasileira, mas é uma instituição nacional. — Seu filho da mãe! — Seu cafajeste! São dois amigos que se encontram. VERISSIMO, Luis Fernando. O Estado de S. Paulo. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 17 A chamada memória cinestésica revela que as pessoas precisam do toque para conectar-se com algo ou alguém e que também não gostam de ficar paradas, pois, para elas, o movimento se mostra bastante estimulante. Na linguagem do corpo, um abraço ou um aperto de mão são elementos frequentes no modo de estabelecer relacionamentos ou comunicação. No fragmento anterior, de uma de suas crônicas, Verissimo nos fala, com humor, dos diferentes posicionamentos das pessoas de diversas nacionalidades, no tocante à aproximação com beijos e abraços. Nesse sentido, segundo o autor, A os americanos superam os franceses em manifestações informais, mormente no que diz respeito aos beijos e abraços. B a aproximação entre os italianos se dá de forma menos expansiva do que a que se verifica entre os americanos. C para os franceses, o uso do pronome “Vous” é indicativo de um grau maior de intimidade, que enseja o aperto de mão. D os russos são parcimoniosos quanto aos beijos em público, aproximando-se, nisso, ao comportamento dos franceses. E os brasileiros disfarçam a sua sentimentalidade com inusitadas manifestações aparentemente desrespei- tosas. QUESTÃO 28 Ao imaginar o comportamento que os animais teriam caso utilizassem o Instagram, o autor de “quadrinhos ácidos” pretende A reconhecer a capacidade do Instagram como instrumento de informação e participação colaborativa. B ironizar o excesso de exposição na rede social, marcada por amenidades e superficialidade. C demonstrar positivamente a inegável versatilidade de ações que a ferramenta propicia a seus usuários. D atribuir aos animais as mesmas atitudes e reações praticadas pelos seres humanos no seu dia a dia. E exaltar a utilização da rede social como veículo empregado para revelar virtudes e defeitos dos usuários. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 18 QUESTÃO 29 Aquele adore as roupas de alto preço, Um siga a ostentação, outro a vaidade; Todos se enganam com igual excesso. Eu não chamo a isto já felicidade: Ao campo me recolho, e reconheço, Que não há maior bem, que a soledade COSTA, Cláudio Manuel da. Poesia. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976. Algumas das características do Arcadismo foram apre- sentadas por meio de lemas, resultantes da composição de expressões latinas que sintetizavam o ideário árcade. Nesses versos, integrantes das duas últimas estrofes de um soneto de Cláudio Manuel da Costa, é possível identificar a presença do lema A “fugere urbem”, que volta-se para a exaltação da vida na cidade. B “inutilia truncat”, que revela a opção pela simplicidade, sem excessos. C “aurea mediocritas”, que indica a necessidade de se aproveitar a vida. D “carpe diem”, que expressa a fuga da cidade para o campo. E “locus amoenus”, que traduz a ideiade viver intensamente o momento. QUESTÃO 30 Os profissionais da educação física podem e devem fazer a diferença para frear o grande número de casos de bullying escolar. Há uma forma de se conseguir isso. Basta pensá-la de modo educacional, como acontece com as demais disciplinas. Ela deve fazer o estudante entender a importância e as diferentes formas de se movimentar, compreendendo como o corpo e o organismo funcionam e como pode ficar debilitado na falta da prática de uma atividade física. Os bons profissionais da educação física estudam e têm base para agir assim. A questão é colocar o conhecimento em prática e, em suas aulas, planejar e usar o imenso universo de conceitos e ideias da área para explicar, dar base e informações para o aluno. Essa mudança de mentalidade do professor fará o aluno praticar a atividade física não de forma mecanizada e até contra a vontade, mas de um modo que entenda o exercício e o corpo, não apenas o seu como também o de seu próximo. Isso fará com que cada jovem entenda-se melhor e compreenda as limitações e diferenças de seu colega, o que é fundamental na construção do respeito e, entre outros saudáveis resultados, a redução de casos de bullying escolar. PARENTE, Cristiano. Disponível em: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/ treinos/noticia/educacao-fisica-pode-fazer-a-diferenca-para-frear-casos-de- bullying-nas-escolas.ghtml. Acesso em: 27 abr. 2020. Segundo o autor, nos casos de bullying escolar, os profissionais de educação física devem A estimular os alunos, ainda que contra a vontade, à prática de exercícios físicos que os fortaleçam. B repetir mecanicamente os mesmos exercícios, de modo a propiciar a todos um mesmo desempenho de excelência. C estabelecer ações de imediata repressão e punição aos praticantes, fazendo com que reflitam sobre seus atos. D promover a concepção de que se devem respeitar diferentes limitações para distintos corpos e movimentos. E fazer com que cada aluno se preocupe apenas com o seu próprio desempenho e limitações. QUESTÃO 31 Educação para a competição ou a solidariedade? Questiono o ensino que prioriza a competição em detrimento ao exercício da solidariedade, empatia e trabalho de equipe. O dia a dia é a maior escola sobre “seleção natural” no sistema em que vivemos, cujas coordenadas arbitrárias nos rendem o obtuso e obscuro caminho da máxima: “levar vantagem em tudo”. A escola não deve reproduzir esse modelo, mas trabalhar em perspectiva, ou seja, “ver entre as coisas”. Abrir-se à sensibilidade da valorização do esforço, da participação sem a gradiente do melhor ao pior, do vencedor ao perdedor. Ou quem merece exposição, visualização e likes; ou quem deve entrar no modo soneca. Que futuro cidadão se formará com estudantes desta forma moldados? (O verbo “moldar” já contém em si o intrínseco sentido contrário à pedagogia libertadora). Onde estará o incentivo na construção de um ser pensante e questionador, disposto a contribuir com a sociedade ao invés de procurar ser o mais popular? O quão vazia será a geração preocupada apenas com seu próprio sucesso? É ilusão pensar que a vitória nos pertence; em cada conquista há, pelo menos, mais um par de mãos; outro pensamento; um ou dois conselhos; incentivos, e até o que não queríamos ouvir. Dividir nossos troféus é honrado. Por uma educação que amplie verdadeiros valores, aqueles de que carecemos como seres humanos. Valores que iniciam na família e devem ser ampliados, pois são alicerce, parede construída e solução. ROMEU, Ana Cecília. Disponível em: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/ opiniao/2019/10/709321-educacao-para-a-competicao-ou-a-solidariedade.html. Acesso em: 27 abr. 2020. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 19 A autora inicia seu artigo com um questionamento sobre “a educação para a competição”. Na argumentação sobre seu posicionamento, ela destaca que A uma moldagem dos alunos no sentido da busca de vencedores é contrária à desejável formação de um cidadão consciente. B o ambiente escolar é positivamente propício à definição de melhores e piores, pois dispõe de mecanismos para essa aferição. C o caminho que conduz as pessoas a “levar vantagem em tudo”, embora seja meritório, não pertence ao âmbito da escola. D a escola cumpre a reprodução da ambiência externa, repercutindo tanto os aspectos positivos quanto os negativos da sociedade. E só os alunos intelectualmente diferenciados podem chegar à condição de vitoriosos sem o auxílio alheio. QUESTÃO 32 O vírus das fake news também prejudica a saúde Acompanhando a evolução das ferramentas de comu- nicação, as fake news vêm ampliando seus impactos no cotidiano das pessoas. Na saúde, o tema é visível ao analisar que parte da redução do índice de vacinação nacional tem sido impactado pelas notícias falsas relacionadas às vacinas. Ao longo dos anos, a disseminação das mentiras e enganos ganharam velocidade e amplitude demandando novas estratégias para levar informação qualificada ao público. Compartilhar notícias falsas sobre a saúde, no entanto, não é situação sem consequências. Veja o caso do sarampo no país: 7 mortes e 1 553 casos foram notificados até o dia 28 de agosto. Uma doença completamente evitável. Saber que mortes e casos de doenças podem estar relacionados à má informação sobre a vacina não é confortante. O imunizante foi acusado nas redes, por exemplo, de causar uma doença mental. Infelizmente, o tema é cíclico e, de tempos em tempos, volta a circular. Saiba: a vacina é segura, e a notícia, falsa. Disponível em: www.policlinicadebotafogo.com.br/o-virus-das-fake- news-tambem-prejudica-a-saude/. Acesso em: 27 abr. 2020. Segundo o texto, há uma relação de causa e efeito entre as fake news e a saúde, uma vez que A as chamadas ferramentas de comunicação vêm sendo usadas de forma a ratificar o seu valor informativo. B o estímulo a que determinadas faixas etárias sejam vacinadas pode levar ao surgimento de doenças mentais. C o excesso de notícias falsas contamina as pessoas, levando-as a crises de dependência. D informações falsas envolvendo aspectos ligados à saúde podem, inclusive, provocar mortes. E a saúde plena depende da forma como as autoridades sanitárias cuidam de distinguir as boas das más vacinas. QUESTÃO 33 Texto I Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no espaço, na ilusão de ter saído. Ai de mim, nunca saí. ANDRADE, Carlos Drummond de. A ilusão do migrante. In: ___. Farewell. Rio de Janeiro: Record, 2002. Texto II No dia em que eu vim-me embora Minha mãe chorava em ai Minha irmã chorava em ui E eu nem olhava pra trás No dia que eu vim-me embora Não teve nada de mais […]. VELOSO, Caetano. No dia em que eu vim-me embora. Caetano Veloso. Philips: 1968. Os dois textos estabelecem um diálogo quanto à temática. Neste sentido, A nos dois textos predomina a expressão dolorida de um vínculo jamais perdido com a terra de origem. B o texto II revela, em contraposição ao texto I, uma postura do eu poético marcada pelo desapego. C ambos colocam em destaque o sentimento de perda em função da saída da terra natal. D ambos apresentam um eu lírico que valoriza sentimentalmente a terra que deixou. E o texto I deixa entrever, ao contrário do texto II, a esperança de voltar à terra deixada para trás. QUESTÃO 34 Em desacordo com a linguagem Vêm me dizer que o bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, passa o dia lendo livros, jornais, documentos – não nos tablets e smartphones que fabrica, mas no arcaico e confiável papel. E que Mark Zuckerberg, criador do Facebook, também regula o tempo que suas filhas passam diante dos celulares – no máximo, uma ou duas horas por dia. Gates e Zuckerberg são sensatos. Evitam o veneno que servem ao resto do mundo. Significa que nem sempre as pessoas se confundem com o que as tornou famosas. Santos Dumont, por exemplo, não viajava de avião, só de navio. E olhe que, em1932, quando ele morreu, a aviação comercial já operava com segurança. Há outros exemplos. A estrela Joan Crawford, herdeira da Pepsi-Cola, não bebia seu refrigerante. Preferia o Johnny Walker. E Garrincha, quase um sinônimo do futebol, não gostava de futebol. Pelo menos, não de assistir – só de jogar. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 20 Juscelino Kubitschek não aguentava escutar o “Peixe vivo” – aonde quer que fosse, logo aparecia uma banda para tocá-lo. Paulo Francis, tão exigente em literatura, balé e ópera, relaxava quando ia ao cinema – gostava mesmo era dos filmes de pirata e espadachim com Errol Flynn. E quando os locutores gritam “festa na favela!” a cada gol do Flamengo, podiam gritar também “festa nas coberturas!” – porque o Flamengo impera igualmente nas coberturas do Leblon. CASTRO, Ruy. Folha de S.Paulo, 16 dez. 2019. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/ colunas/ruycastro/2019/12/em-desacordo-com-a-imagem.shtml. Acesso em: 27 abr. 2020. Ditados populares são frases curtas que transmitem, de geração em geração, conhecimentos sobre a vida em forma de conselhos e advertências. Eles se aplicam a situações do cotidiano, nos mais diversos locais. Esse fragmento de interessante crônica de Ruy Castro apresenta diversos fatos de variados âmbitos da realidade que podem, de certa forma, exemplificar o seguinte ditado popular: A Cada um sabe onde lhe aperta o sapato. B Um dia é da caça, outro do caçador. C Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. D Quem tudo quer tudo perde. E Casa de ferreiro, espeto de pau. QUESTÃO 35 RENOIR. Duas irmãs no terraço. Disponível em: www.tudoquadros.pt/renoir/duas-irmas-terraco.htm. Acesso em: 27 abr. 2020. PICASSO. As mulheres de Argel. Disponível em: https://novaescola.org.br/ conteudo/3410/as-10-obras-de-arte-mais-caras-ja-leiloadas-no-mundo. Acesso em: 27 abr. 2020. Mais de 70 anos separam essas duas obras. Comparando- -as, é possível identificar, como uma alteração relevante no ideário artístico que motivou a pintura de Picasso, o(a) A sentimento lírico. B desprezo pela forma. C renúncia à perspectiva. D retratação realista. E retorno ao academicismo. QUESTÃO 36 Conceitua-se a ironia como a figura de linguagem em que se afirma o contrário daquilo que se pretende dizer. Ela pode estar a serviço da crítica ou da censura, mas também pode referenciar uma situação inusitada. Dentre as imagens a seguir, aquela em que se percebe o viés irônico é A Disponível em: www.istockphoto.com/br/vetor/oops- gm165768930-16017238. Acesso em: 27 abr. 2020. B Disponível em: www.istockphoto.com/br/foto/vela-l%C3%A2mpada- fluorescente-tungst%C3%AAnio-bulb-e-l%C3%A2mpadas-led- gm516914099-48439674. Acesso em: 27 abr. 2020. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 21 C Disponível em: www.istockphoto.com/br/foto/homem-comendo- muitos-hamb%C3%BArgueres-m155035324-17097857. Acesso em: 27 abr. 2020. D Disponível em: www.istockphoto.com/br/foto/duas-fileiras-de-xadrez- pawns-com-knight-desafio-centre-gm155260166-10419358. Acesso em: 27 abr. 2020. E Disponível em: www.istockphoto.com/br/foto/conceito-de- lideran%C3%A7a-gm855515858-140773871. Acesso em: 27 abr. 2020. QUESTÃO 37 As meninas da gare Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas Que de nós as muito bem olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha. ANDRADE, Oswald de. As meninas da gare. In: ____. Obras completas. VII. Poesias reunidas. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. p. 18. Vocabulário gare: considerado por muitos um galicismo, a palavra significa “local de embarque e desembarque de viajantes e mercadorias nas estradas de ferro ou por via marítima”. O texto de Oswald de Andrade – que se apropria de trechos da carta de Pero Vaz de Caminha – exemplifica a estética modernista porque A mantém o ritmo métrico e o rímico próprios da tradição poética. B busca reiterar, em paráfrase, o discurso oficial do colonizador. C constitui uma recriação da carta em forma de paródia. D exemplifica o claro afastamento entre a prosa e a poesia. E ratifica, com o título da estrofe, a menção às índias aqui encontradas. QUESTÃO 38 Emília encaminhou-se para o último cubículo, onde estava preso um pobre homem da roça, a fumar seu pito. — E este pai da vida, que aqui está de cócoras? – perguntou ela. — Este é o Provincianismo, que faz muita gente usar termos conhecidos em certas partes do país, ou falar como só se fala em certos lugares. Quem diz NAVIU, MÉNINO, MECÊ, NHÔ etc. está cometendo Provincianismos. Emília não achou que fosse o caso de conservar na cadeia o pobre matuto. Alegou que ele também estava trabalhando na evolução da língua e soltou-o. — Vá passear, Seu Jeca. Muita coisa que hoje esta senhora condena vai ser lei um dia. Foi você quem inventou VOCÊ em vez de TU, e só isso quanto não vale? Estamos livres da complicação antiga do Tuturututu. Mas não se meta a exagerar senão volta para cá outra vez, está ouvindo? LOBATO, Monteiro. Emília no país da gramática. São Paulo: Globo, 2008. Na obra Emília no país da gramática, de 1934, Monteiro Lobato já antecipava concepções atuais sobre as variações linguísticas do português. Identifica-se, no fragmento, que A o purismo que se pretende para o português encontra apoio na existência, em nosso país, de falares como o de Provincianismo. B Emília, com a libertação do personagem Provincianismo, simboliza o reconhecimento de sua contribuição positiva à língua. C o personagem Provincianismo é representativo de uma expressão da língua que até hoje é considerada inferior pelos estudos linguísticos. D a visão da personagem Emília revela-se defensora da chamada variedade padrão, de maior prestígio na sociedade. E a língua, como argumenta Emília, tem como marca fundamental a aversão à mutabilidade, o que lhe garante a integridade. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 22 QUESTÃO 39 O pai sentou-se na poltrona, botou o garotinho no colo e disse: “Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. Eu também gostava bastante dela. Porém nós vamos fazer para ela um grande funeral” (empregou a palavra difícil de propósito). O menininho parou imediatamente de chorar e perguntou: “Que é um funeral?” O pai explicou que era um enterro: “Olha, nós vamos à rua, compramos uma caixa bem bonita, bastantes velas, bombons e doces, e voltamos para casa. Depois, botamos a tartaruga na caixa em cima da mesa da cozinha, rodeamos de velinhas de aniversário. Aí convidamos os meninos da vizinhança, acendemos as velinhas, cantamos o ‘Happy Birthday to You’ pra tartaruguinha morta e você assopra as velas. Depois pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos a tartaruguinha e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em que ela morreu… Isso é que é um funeral! Vamos fazer isso?” O garotinho estava com outra cara: “Vamos, papai, vamos! A tartaruguinha vai ficar contente lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhar ela.” Saiu correndo. Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal: “Papai, papai, vem cá, ela está viva!” O pai correu para o quintal e constatou que era verdade, a tartaruga estava andando de novo, normalmente, e o pai disse: “Que bom, heim? Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral.” “Vamos sim, papai” – disse o menino ansioso pegando uma pedra bem grande – “Eu mato ela”. FERNANDES, Millôr. Fábulas fabulosas. São Paulo: Círculo do Livro, 1973. Nesse fragmento de um texto de Millôr Fernandes, algumas construções envolvendo o uso de pronomes pessoais exemplificam o registro informal da língua, típico da oralidade. É possível identificar esse emprego na seguinte passagem: A “Olha, eu vou apanhar ela”. B “vamos fazer para ela um grande funeral”. C “O pai sentou-se na poltrona”. D “Eu também gostava bastante dela”. E “Enquanto o pai se vestia”. QUESTÃO 40 Tiranovírus e outrospatógenos É tempo de afluência de agentes microscópicos que fazem os seres humanos adoecer, enrubescer, explodir de ódio e desejar a aniquilação do adversário. A coisa não se restringe ao terreno da biologia. O vibrião da cólera, não o do cólera, deflagra na pessoa acometida uma marcha à ré evolutiva. Ativado pela exposição excessiva a Facebook, Twitter ou WhatsApp, anula os dispositivos mentais que possibilitaram à espécie conviver e prosperar em comunidades maiores que um punhado de indivíduos aparentados. Quando já está infestado de cólera, o organismo social acaba sendo presa fácil de infecções oportunistas. É nesse substrato repleto de bile, embora de sinapses rarefeito, que o tiranovírus mais gosta de intervir. Mas a corrida armamentista não valeu só para um lado. A terapia contra o tiranovírus também aumentou bastante. O protocolo recomenda paciência e tenacidade na reação. MOTA, Vinicius. Folha de S.Paulo, 2 mar. 2020. Nesse fragmento, o autor utiliza-se de linguagem metafórica, em construção alegórica com a qual busca, basicamente, A atribuir a uma reação prevista nas redes sociais a possibilidade de maior intervenção do “tiranovírus”. B lamentar a ausência de respostas positivas ao “vibrião do cólera”, que permitam antever a sua superação. C prevenir as pessoas quanto aos males advindos da existência de epidemias como a do coronavírus, que podem levar pessoas à morte. D mencionar malefícios que comportamentos agressivos nas redes sociais podem trazer à sociedade. E exaltar o Facebook e o WhatsApp como detentores da paciência e tenacidade necessárias à superação dos problemas sociais. QUESTÃO 41 Poema de circunstância Onde estão os meus verdes? Os meus azuis? O Arranha-céu comeu! E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros, nos [tiranossauros, Que mais sei eu… Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os [arranha-céus! Daqui Do fundo Das suas goelas, Só vemos o céu, estreitamente, através de suas gar- [gantas ressecas. Para que lhes serviu beberem tanta luz?! Defronte À janela onde trabalho Há uma grande árvore… Mas já estão gestando um monstro de permeio! Sim, uma grande árvore… Enquanto há verde, Pastai, pastai, olhos meus… Uma grande árvore muito verde… Ah! Todos os meus olhares são de adeus Como o último olhar de um condenado! QUINTANA, Mário. Poema de circunstância. In: BRAGA, Rubem. Antologia poética de Mário Quintana. São Paulo: Companhia das Letras, 1918. p. 112. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 23 Vocabulário resseco (adj.): excessivamente seco. gestar (v.t.d.): elaborar, construir. de permeio: no meio, entre. No dicionário Houaiss, o verbo “pastar” apresenta os significados listados nas alternativas a seguir. O melhor registro do sentido no contexto lírico do poema é A não ter sucesso, não prosperar. B levar ao pasto, pastorear. C comer erva não ceifada. D fazer nutrir-se em pasto. E comprazer-se, deliciar-se. QUESTÃO 42 Inteligência Artificial muda a vida de todos, para melhor e para pior A IA (inteligência artificial) é uma das tecnologias mais poderosas já criadas pela humanidade. O conceito gira em torno de um sistema computacional que tenta imitar o poder de aprendizagem do ser humano e até tomar decisões. Qualquer pessoa que faz uma busca na internet se depara com a inteligência artificial. É essa tecnologia que sugere os termos a completar uma pesquisa, entende o que se quis dizer e lista os resultados de acordo com aquilo que julga ser mais relevante para o perfil do usuário. Na prática, permite que uma busca por “onde comer” entenda que o interessado quer, na verdade, endereços próximos mesmo sem ele ter escrito o termo “restaurante”. Para fazer tal trabalho, uma quantidade imensurável de dados de todas as pesquisas feitas no mundo são armazenados e analisados para que a IA possa aprender com os padrões existentes ali. As aplicações são diversas e incluem conversar com pessoas para realizar atendimentos de banco, configurar aplicativos de GPS, ajudar na detecção de doenças, analisar contratos, combater vírus de computador, alertar para desastres naturais, escolher os assuntos vistos nas redes sociais e controlar aviões. Para alguns especialistas, a IA pode ser a última tecnologia que a humanidade precisará criar. Ela própria se encarregará de criar novas ferramentas. O outro lado da moeda é que esse poder todo, sem cuidado, pode significar o fim do ser humano. Daí surgem desafios para progredir com o máximo de segurança. Entidades como a ONU, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e a União Europeia trabalham em documentos para servir de base para um uso ético, com limites, da inteligência artificial. Gigantes como Amazon, Facebook, Google, IBM e Microsoft criam regras próprias para evitar um uso indiscriminado enquanto uma legislação sobre o assunto não aparece. HERNANDES, Raphael. Folha de S.Paulo, 20 fev. 2020. O texto trata da inteligência artificial (IA) e sua marcante presença na atualidade. Nele, identifica-se a ideia de que a IA A pode vir a ser, no futuro, a criadora de todas as tecnologias, colocando em risco a própria existência dos seres humanos. B copia os pensamentos do ser humano e, à semelhança das ações históricas do próprio homem, pode tornar-se perniciosa à sociedade. C veio para ficar, e aponta para a inevitável extinção da Humanidade, com a substituição do homem pelas máquinas. D situa-se, hoje, ainda no plano predominante das hipóteses, com poucas manifestações concretas capa- zes de exemplificá-la. E não escapa a ações de entidades e corporações que pretendem combater eventuais limitações ao progresso tecnológico. QUESTÃO 43 Algumas reflexões: compondo e cantando nossos versos Os encontros de danças brasileiras têm se mostrado como um importante espaço de convivência com a diver- sidade, onde as crianças e seus familiares apresentam atitudes e falas acerca do diálogo sobre as diferentes condições de ser e estar no mundo. Essa convivência e o olhar investigativo sobre a práxis educativa permitem afirmar que os encontros realizados vêm possibilitando ao grupo a construção do diálogo sobre as relações com as deficiências, as relações étnico-raciais, as relações de gênero e principalmente sobre nossas possibilidades de aprender e ensinar uns aos outros, promovendo a valorização de diferentes saberes e conhecimentos. Assim, diversos processos educativos decorrentes dos encontros apresentam a possibilidade de reflexão sobre como as pessoas envolvidas nessa prática social educam e se educam para as relações com a diversidade. O contato com a cultura popular tem, principalmente, possibilitado a abordagem de questões referentes aos valores que atribuímos às nossas práticas cotidianas e de nossos familiares, assim como compará-las aos valores que atribuímos às diversas manifestações culturais que estão à venda entre os meios midiáticos e tecnológicos em nossa sociedade, provocando ainda uma reflexão sobre a construção das identidades. FOGANHOLI, Cláudia. Danças brasileiras de matrizes africanas e indígenas: dialogando com a diversidade. Revista Motricidades. Disponível em: www.ufscar.br/~defmh/spqmh/ pdf/2012/foganholicurso2012.pdf. Acesso em: 27 abr. 2020. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 24 O texto é um fragmento de um trabalho acadêmico desenvolvido no âmbito da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, a respeito de encontros promovidos em uma escola pública daquela cidade desde 2010, que propõem, ali, a vivência das danças brasileiras, com um grupo de crianças e adolescentes com e sem deficiências. Segundo o trecho acima, a atividade promovida no colégio A valoriza a reação dialógica entre as partes envolvidas, atribuindo à família, suas práticas e seus valores, a posição de preponderância. B possui alcance multifacetado
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