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6ºAula DURAÇÃO DO TRABALHO Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • definir com precisão a jornada de trabalho e os efeitos decorrentes; • compreender a contratação de empregador por tempo parcial; • identificar as situações de trabalho extraordinário, noturno e por turnos e suas consequências; • identificar os repousos regulamentares e seus efeitos. Olá pessoal! Sejam bem-vindos a nossa sexta aula. Vamos continuar nossa viagem pelo mundo do Direito Trabalhista e estudaremos agora como é que se desenvolve o dia a dia do trabalhador, ou seja, o período em que o empregado está executando as ordens do empregador ou está à sua disposição. Resumindo, vamos estudar a duração do trabalho. Mas antes de iniciar, vamos analisar os objetivos e verificar as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bons estudos! Bons estudos! 58 Seções de estudo 1 – Jornada de trabalho 2 – Repousos 3 – Férias 1 - Jornada de trabalho Jornada de trabalho: duração e horário Jornada de trabalho é o tempo em que o empregado se encontra executando a prestação de serviços ou estando à disposição do empregador (artigo 4º da CLT). A jornada de trabalho está regulada nos incisos XIII, XIV e XVI do artigo 7° da CF de 1988 e também pelos artigos 57 a 75 da CLT (leitura obrigatória). A limitação da jornada de trabalho sempre foi um dos anseios do trabalhador, tanto assim que as primeiras leis trabalhistas trataram da jornada de trabalho. A duração da jornada de trabalho subordinado nos séculos XVIII e XIX chegava ao absurdo de durar 14 a 16 horas diárias, inclusive aos sábados. O clamor dos trabalhadores fez com que, gradativamente, fosse reduzido o número de horas de trabalho. Com o Tratado de Versalhes, em 1919, o número de horas normais de trabalho foi estabelecido como oito horas diárias ou 48 horas semanais. O Brasil adotou esse limite em 1932. A Constituição Federal de 1988, artigo 7°, inciso XIII, estabeleceu o padrão de 8 horas diárias, no máximo e 44 horas semanais, salvo disposição em contrário. Esse é o limite máximo, embora possa ser adotada duração menor. Um grande número de empresas adota 40 horas semanais, suprimindo as 4 horas que seriam trabalhadas no sábado. A CLT regulamenta, nos artigos 224 a 320, uma série de situações sobre condições especiais de duração de trabalho para algumas atividades profi ssionais. Para os bancários, 6 horas diárias e 30 semanais; para os empregados em telefonia e assemelhados, o limite é de 6 horas diárias e 36 semanais; para os operadores cinematográfi cos, o limite é de 6 horas diárias, sem determinar o número de horas semanais; para os jornalistas profi ssionais, o limite é de 5 horas diárias; para os professores, o limite é de 4 aulas consecutivas ou 6 intercaladas. Já em seu artigo 62, a CLT exclui dos limites de jornada de trabalho os empregados que exercem atividade externa, devido à impossibilidade de estabelecer um horário verifi cável. Também os gerentes, chefes e diretores, em virtude de ocuparem uma posição de confi ança nas empresas, não têm um limite específi co indicado, tampouco horário prefi xado, assim como os trabalhadores em regime de teletrabalho. Quanto aos horários de trabalho não há nenhuma norma a regular a matéria, o que pressupõe liberdade total para o empregador estabelecer os melhores e mais convenientes horários de trabalho para a sua atividade. Na prática, contudo, predominam os usos e costumes para o comércio e serviços em geral, durante o dia, em período comumente chamado de horário comercial. No setor rural, o trabalho é realizado durante o dia, iniciando-se antes do nascer do sol. As grandes variações ocorrem na indústria, onde é comum o trabalho em vários turnos ininterruptos ou não. O estudo da jornada de trabalho compreende a duração do trabalho, os horários, o intervalo, além de outros aspectos. Jornada in itinere Questão de relevância está relacionada com a jornada in itinere ou tempo de deslocamento. O conceito de horário in itinere, fruto de construção jurisprudencial e consagrado pelo artigo 58, §§ 2º, da CLT, está ligado a três critérios que fundamentam a extensão e limites da jornada de trabalho: tempo efetivamente trabalhado para o empregador; tempo à disposição do empregador; e o próprio tempo in itinere, que engloba as duas anteriores, consubstanciando-se no período em que o empregado despende no trajeto ida-e-volta para o local de trabalho. De fato, a posição da lei brasileira, por força dos artigos 4º e 58, §§ 2º e 3º, da CLT, conjugava as duas últimas teorias: Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fi xado expressamente outro limite. (…) § 2º - O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução. § 3º Poderão ser fi xados, para as microempresas e empresas de pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o tempo médio despendido pelo empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração. Jornada ou horário in itinere é o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, em condução fornecida pelo empregador. O TST, por meio da Súmula 90, trata da matéria nos seguintes termos: HORAS “IN ITINERE”. TEMPO DE SERVIÇO I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho. II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é 59 circunstância que também gera o direito às horas“in itinere”.. III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas “in itinere”.. IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas “in itinere”. remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público. V - Considerando que as horas “in itinere”. são computáveis na jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo. Súmula nº 320 do TST HORAS “IN ITINERE”. OBRIGATORIEDADE DE CÔMPUTO NA JORNADA DE TRABALHO O fato de o empregador cobrar, parcialmente ou não, importância pelo transporte fornecido, para local de difícil acesso ou não servido por transporte regular, não afasta o direito à percepção das horas “in itinere”. Entretanto, o direito ao pagamento pelas horas itinerárias restringe-se aos empregados contratados a até 11 de novembro 2017, data em que a lei nº 13.467/2017 passou a considerar que o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. Regime de tempo parcial Em algumas atividades profissionais, há o costume de jornadas diárias de trabalho reduzidas, também chamadas de meio expediente ou meio turno. Assim, nos termos do artigo 58-A da CLT, considera-se trabalho a tempo parcial aquele cuja duração não exceda 30 horas na semana. O trabalhadorcomum terá módulo de 44 horas. Já o trabalhador a tempo parcial prestará serviços por, no máximo 30 horas por semana. Isso corresponde a 6 horas por dia, multiplicado por 5 dias úteis, totalizando 30 horas por semana. Contudo, nada impede de o trabalhador ser contratado para trabalhar menos horas por dia, como três ou quatro. Na verdade, a natureza jurídica do contrato de trabalho a tempo parcial é de ajuste especial, em que prepondera um numero de horas por semana de trabalho, que pode ser distribuído entre os dias trabalhados. Sobre esse tipo de contrato, algumas regras devem ser observadas: • o salário que será pago ao empregado em regime de tempo parcial, não pode ter um valor da hora inferior ao do empregado que trabalhe em regime de tempo normal; • o valor final do salário do trabalhador em regime de tempo parcial será proporcional ao seu tempo de trabalho, mas sempre observando o valor da hora pago aos demais empregados que exercem jornada integral; • para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva, ou seja, o empregador não poderá alterar unilateralmente o regime de trabalho dos atuais empregados; e • os empregados sob o regime de tempo parcial em contratos cuja duração não exceda a 26h semanais poderão prestar até 6 horas extras semanais. ATENÇÃO: Os empregados com jornada reduzida devem ser registrados, normalmente, em livro, ficha ou sistema informatizado, da mesma forma que os demais empregados, devendo, entretanto, ser anotadas as condições especiais da jornada de trabalho e se o contrato é ou não sob regime de tempo parcial. Trabalho extraordinário O objetivo da limitação da jornada é evitar a fadiga do trabalhador, quando fica mais exposto aos acidentes, assim como combater o desemprego, entre outros. As normas que limitam a jornada de trabalho são de ordem pública, portanto, irrenunciáveis pelas partes. Assim, a legislação estipula duração máxima da jornada e estabelece remuneração adicional para o trabalho extraordinário. Contudo, o legislador entende que o empregador necessita, muitas vezes, cumprir exigências de seus clientes quanto a prazos de entrega de seus produtos, e que, nessas ocasiões, necessita de um prolongamento da jornada do empregado após as horas normais de trabalho. Considerando que essa sobrecarga de trabalho contribui para maior esgotamento das energias do trabalhador, nada mais justo que a lei prever um adicional a ser pago, calculado em pelo menos 50% do valor da hora normal trabalhada. Dessa forma, o empregado recebe as horas normais da jornada, as horas além do horário normal e, sobre estas, o adicional de, no mínimo, 50% sobre seu valor conforme determina o artigo 7°, inciso XVI da Constituição Federal. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu um limite para a duração da jornada de trabalho no Brasil, que é de no máximo 8 horas por dia e, no máximo, 44 horas semanais (CF, artigo 7°, inciso XIII). Como visto, o mesmo dispositivo autoriza a compensação de horários e a redução da jornada mediante acordo ou convenção coletiva. De qualquer modo, o número de horas extraordinárias que podem ser trabalhadas é de, no máximo, duas horas por dia, salvo casos excepcionais. A habitualidade de horas extraordinárias acarreta reflexos sobre o cálculo das verbas salariais e rescisórias. A jornada de trabalho contratual tem como limite máximo, a duração estabelecida pela lei ou pelo contrato, sendo que as horas excedentes a essa jornada deverão ser remuneradas com adicional mínimo de 50%. As horas extras comumente são cumpridas nas seguintes hipóteses: • Horas extras resultantes de acordo de prorrogação; • Horas extras resultantes de sistema de compensação: • Horas extras destinadas à conclusão de serviços inadiáveis cuja inexecução possa causar prejuízos ao empregador; • Horas extras prestadas para recuperação de horas de 60 paralisação; e • Horas extras cumpridas nos casos de força maior. O acordo de prorrogação de horas é o ajuste de vontades, individual ou coletivo, que tem por objetivo legitimar a prorrogação da jornada normal de trabalho, e está previsto nos artigos 7°, inciso XIII da Constituição e 59 da CLT. Qualquer empregado pode celebrar esse acordo de prorrogação de jornada? Vejam só. É permitido prorrogar a jornada diária em até duas horas por dia, acrescido do adicional mínimo de 50%. Tal acordo pode ser feito, em geral, com todo empregado. Contudo, temos alguns empregados que foram excluídos, como é o caso dos: • Menores de 18 anos (artigo 7°, XIII, da CF e artigo 413 da CLT); • Cabineiros de elevador (Lei nº 3.270/57); • Bancários (artigo 225 da CLT e Súmula nº 199 do TST); • Atividades insalubres (artigo 60 da CLT), só admissível mediante licença prévia do Ministério do Trabalho e Emprego; e • Atividades perigosas. Quanto à duração, a prorrogação decorrente de um acordo poderá ter o prazo determinado ou indeterminado. O acordo de prorrogação tem natureza contratual, de modo que poderá ser desfeito do mesmo modo que o originou, portanto, bilateral e expresso. Considera-se a compensação de horas como a distribuição das horas da jornada em outras jornadas, sem a percepção de adicional, pois as horas trabalhadas, acrescentadas numa jornada, não serão trabalhadas em outra jornada. Da mesma forma que o acordo de prorrogação, o limite máximo para a compensação é de duas horas por dia, não sendo acumuladas com as horas de prorrogação. Na hipótese de existirem horas compensadas e prorrogadas na mesma jornada, o somatório não poderá ser superior a duas horas por dia. OJ-SDI1-323 ACORDO DE COMPENSAÇ ÃO DE JORNADA. “SEMANA ESPANHOLA”. VALIDADE É válido o sistema de compensação de horário quando a jornada adotada é a denominada “semana espanhola”, que alterna a prestação de 48 horas em uma se- mana e 40 horas em outra, não violando os arts. 59, § 2º, da CLT e 7º, XIII, da CF/1988 o seu ajuste mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Como vimos, no início, a compensação de horas era semanal. Contudo, modernamente ela pode ser estendida até por um ano, desde que prevista em acordo ou convenção coletiva, nos termos do artigo 59, § 2° da CLT, a que se denomina banco de horas. Excepcionalmente, o banco de horas poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. As empresas podem usar o recurso do banco de horas de trabalho para adequar a sua produção, em decorrência do mercado, ou da sazonalidade de seus produtos, ou ainda em razão de intempéries. É o caso das fábricas de brinquedos, que têm uma demanda maior no segundo semestre do ano, até meados do mês de dezembro. A convenção ou acordo coletivo pode ajustar que sejam trabalhadas mais horas diárias naquele período do que no restante do ano. Em muitas empresas, após épocas de intensa atividade produtiva, sobrevêm outras de redução na demanda, o que pode provocar a dispensa de trabalhadores ou a suspensão do contrato, o que importa no não pagamento de salários. Para evitar essas situações, o banco de horas pode ser a solução, pois em época de muita demanda o empregado estará obtendo créditos em horas de trabalho, que serão usufruídos em período de pouca demanda. De qualquer forma, o limite da jornada diária, somando- se as horas normais e as extraordinárias, não pode ser superior a dez horas. Caso o empregado seja dispensado antes de poder usufruir as horas que tem como crédito, a empresa fi cará obrigada a pagar-lhe tais horas com o respectivo adicional. Por fi m, vale lembrar que o acordo de compensação depende de acordo individual escrito ou tácito, acordo ou convenção coletiva para ter efi cácia. Também pode ser utilizado para a compensação antecipada de horas de trabalho para repor folgas especiais em datas convenientes para ambas as partes, como emdias entre um domingo e um feriado, ou nos dias que se seguem a feriados prolongados, que costumam ser chamados de “ponte”, por emendarem dias sem atividade. Serviços inadiáveis são os que devem ser concluídos na mesma jornada de trabalho. Como exemplo temos o trabalho com produtos perecíveis, que devem ser acondicionados em refrigeradores e que não podem ser interrompidos, sobe pena de deterioração do produto. Nessa hipótese não há necessidade de acordo e o limite é de quatro horas por dia. É possível que causas acidentais ou força maior provoquem a paralisação da empresa e, nesses casos, esta está autorizada, mediante prévia autorização de autoridade competente em matéria de trabalho, a exigir trabalho extraordinário para a reposição das horas decorrentes da paralisação, não excedentes a duas horas por dia em período não superior a 45 dias por ano, nos termos do artigo 61 da CLT. O artigo 501 da CLT dispõe que força maior é todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente. Por exemplo: incêndio, inundação etc. Por sua vez o artigo 61 da CLT permite a realização de horas extras nos casos de força maior, hipótese em que o empregador deve assegurar o pagamento do adicional, no mínimo de 50% para as horas extras realizadas, excetuando, apenas, o não pagamento adicional na hipótese de compensação. Quanto à duração, o limite será de quatro horas por dia, permitindo-se o trabalho do menor nessas condições, conforme preceitua o artigo 413, inciso II da CLT. 61 Professor, o empregador pode suprimir as horas-extras quando bem entender, ainda que habitualmente prestadas. Nós já sabemos que o risco do negócio é do empregador e, em função disso, ele pode organizar a empresa como melhor lhe convier. Da mesma forma, se o empregador entender que as horas extraordinárias não são mais necessárias, na há qualquer impedimento legal para que haja a supressão. Contudo, não podemos ignorar o fato de que as horas extraordinárias habitualmente prestadas pelo empregado proporcionam a ele certa expectativa econômica. Pensando nisso, o TST editou a súmula 291, estabelecendo uma indenização no caso de supressão de horas-extras habitualmente prestadas a mais de um ano. SUM-291 HORAS EXTRAS. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO. INDENIZAÇÃO A supressão total ou parcial, pelo empregador, de serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou parcialmente, para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo observará a média das horas suplementares nos últimos 12 (doze) meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supressão. Trabalho noturno A Constituição Federal de 1988 assegura a remuneração do trabalho noturno superior à do diurno, subsistindo as disposições previstas na CLT. A CLT, em seu artigo 73 dispõe sobre o trabalho noturno do empregado urbano, fi xando o período de tempo que é considerado como noturno entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. A hora noturna é reduzida, isto é, de 52 minutos e 30 segundos, para efeito de cálculo, sendo que o adicional noturno corresponde ao acréscimo de 20%, no mínimo, sobre o valor normal do salário por hora diurna. Para o trabalhador rural, distingue-se o trabalho da lavoura daquele exercido na pecuária; para o primeiro, o período considerado noturno inicia-se às 21 horas de um dia e fi nda-se às 5 horas do dia seguinte, para o segundo, o período é das 20 horas de um dia às 4 horas do dia seguinte. O acréscimo em ambos os trabalhos noturnos é de 25%, sem a redução da hora. Trabalho por turnos Em muitas empresas, pela natureza de seu trabalho, é necessário que não sofra interrupção em nenhum momento, sob pena de ocorrerem grandes prejuízos. Exemplos: usinas siderúrgicas, exploração e refi no de petróleo, hidrelétricas, hospitais e outras atividades. Para poderem operar 24 horas, todos os dias, essas empresas podem usar o sistema de trabalho por turnos com revezamento, ou não, de horário. Caso os turnos sejam fi xos, a sua duração poderá ser de até oito horas por dia. Caso os turnos sejam em revezamento, isto é, o empregado trabalhando uma semana no período da manhã, na outra, à tarde, em outra, no período vespertino e ainda na próxima no horário noturno, a jornada terá a duração de seis horas por dia, salvo convenção ou acordo coletivo nos termos da CF de 1988, artigo 7°, XIV, em razão de o trabalho em tais condições ser extenuante para o empregado. O fato de a empresa conceder intervalo para refeição e descanso aos empregados que trabalham em turno ininterrupto de revezamento não afasta a limitação da jornada em seis horas. SUM-360 TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. INTERVALOS INTRAJORNADA E SEMANAL A interrupção do trabalho destinada a repouso e alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo para repouso semanal, nã o descaracteriza o turno de revezamento com jornada de 6 (seis) horas previsto no art. 7º, XIV, da CF/1988. SUM-423 TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. FIXAÇ Ã O DE JORNADA DE TRABALHO MEDIANTE NEGOCIAÇ Ã O COLETIVA. VALIDADE. Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento nã o tem direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras. 2 - Repousos Repousos ou intervalos para descanso são períodos na jornada de trabalho, ou entre uma ou outra, em que o empregado não presta serviços, seja para se alimentar ou para descansar. A questão está em avaliar os intervalos de tempo em que se tornam necessários os repousos, e quanto tempo seria sufi ciente para um repouso adequado. Dessa matéria ocupa-se a Medicina do Trabalho, que tem recomendado, pela experiência em diversos países e com base nos usos e costumes, alguns critérios práticos. De acordo com juristas de largo saber, os períodos de trabalho e descanso são infl uenciados pelo calendário, em diferentes unidades: o período de trabalho de um dia (jornada diária), o período de trabalho semanal (jornada semanal) e o período de trabalho anual, correspondendo um período de repouso adequado a cada um deles. Destarte, é universalmente aceita a divisão dos períodos ou intervalos de repouso em: repouso diário, que se subdividem em intrajornadas e interjornadas; o repouso semanal, que é o descanso semanal remunerado (DSR) e o repouso anual, que são as férias. Nesta seção vamos cuidar dos três primeiros, sendo que as férias serão estudadas não seção 3. Repouso intrajornadas e interjornadas Existem intervalos dentro da jornada de trabalho (intrajornadas) e outros entre duas jornadas (interjornadas). Dentro da jornada diária de trabalho ocorrem períodos de repouso para descanso e alimentação. É o repouso intrajornada, que divide a jornada diária em dois turnos de trabalho. A CLT estabelece, como parâmetro básico de trabalho contínuo, ainda que de modo indireto, o tempo de quatro horas sem que seja necessário parada para repouso (artigo 71). Sendo esse tempo ultrapassado, mas inferior a seis horas, 62 já se torna necessário um intervalo de 15 minutos. Sendo a jornada diária de trabalho superior a seis horas, o intervalo para repouso será de, no mínimo e como regra geral, uma hora, podendo ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho e Emprego, e chegar ao máximo de duas horas, podendo ser superior, desde que previsto em acordo escrito ou coletivo. Desse modo, vê-se que a legislação conforma-se aos usos e costumes, ocorrendo o intervalo de descanso por volta do horário normal de refeições. Não existindo nenhuma determinação sobre horário certo de parada para o repouso, cabe ao empregador estabelecer os horários que melhor convenham aotrabalho. Os períodos de repouso não são contados como horas trabalhadas. Concluindo: nas jornadas até quatro horas não há intervalo (art. 71, §1°, CLT): nas jornadas de mais de quatro até seis horas, o intervalo é de 15 minutos (art. 71, §1°, CLT); nas jornadas superiores a seis horas, o intervalo é de uma a duas horas (art. 71, CLT). E se esses repousos intrajornada não forem concedidos? Nessa situação, o § 4° do artigo 71 da CLT determina que, quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este fi cará obrigado ao pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. Assim, esses intervalos não são computáveis na jornada de trabalho e, caso não concedidos pelo empregador, serão indenizados como adicional de hora extraordinária. Ainda no campo do repouso intrajomada, prevê a CLT um período de repouso especial para atividades intensivas, ou seja, aquelas de atividade física ou mental ininterrupta. O artigo 72 da CLT estabelece o repouso de 10 minutos a cada 90 minutos de atividade contínua para as profi ssões de mecanografi a (datilografi a, escrituração e cálculo), o que é estendido os seus efeitos às atividades assemelhadas, por exemplo, digitação. Aliás, para os digitadores, o Ministério do Trabalho normatizou o intervalo de 10 minutos de descanso a cada 50 trabalhados, cujo repouso faz parte da jornada de trabalho. Isto é, o intervalo já é pago pelo empregador, posto que incluso no salário do empregado. Outros dispositivos da CLT criam intervalos igualmente especiais para os trabalhadores em câmaras frias (artigo 253), trabalhadores na extração de minérios (artigo 298), e também para a empregada mulher em período de amamentação do fi lho até seis meses de idade (artigo 396). Em síntese, há descansos que integram a jornada, portanto, já integrantes da remuneração e devidos aos empregados que trabalhem em condições especiais, a saber: • nos serviços de mecanografi a - intervalo de 10 minutos a cada 90 minutos de trabalho (artigo 72 da CLT); • nos serviços de digitação - intervalo de 10 minutos a cada 50 minutos de trabalho. Portaria nº 3.751/90, do MTE; • nos serviços de telefonia, radiotelefonia e radiotelegrafi a – intervalo de 20 minutos a cada 3 horas trabalhadas (artigo 229 da CLT); • trabalho em câmaras frias (artigo 253 da CLT) - intervalo de 20 minutos após 100 minutos de trabalho contínuo; • nas minas e em subsolo - intervalo de 15 minutos a cada 3 horas de trabalho (artigo 298 da CLT); • a mulher, em fase de amamentação - tem direito a 2 períodos de intervalo de 30 minutos cada um (artigo 396 da CLT). Por fi m, o intervalo interjornada, isto é, o período de tempo entre duas jornadas diárias de trabalho deve ser de, no mínimo, 11 horas consecutivas, conforme artigo 66 da CLT. Caso não sejam concedidas as horas correspondentes, deverão ser pagas como extraordinárias. SUM-346 DIGITADOR. INTERVALOS INTRAJORNADA. APLICAÇ Ã O ANALÓ GICA DO ART. 72 DA CLT Os digitadores, por aplicação analógica do art. 72 da CLT, equiparam- se aos trabalhadores nos serviços de mecanografi a (datilografi a, escrituração ou calculo), razão pela qual tem direito a intervalos de descanso de 10 (dez) minutos a cada 90 (noventa) de trabalho consecutivo. Repouso semanal e em feriado O repouso semanal remunerado é o período em que o empregado deixa de prestar serviços uma vez por semana ao empregador, de preferência aos domingos e nos feriados, mas percebendo remuneração. Esse período é de 24 horas consecutivas conforme determina o artigo 1º da Lei nº 605/49. A natureza jurídica do repouso semanal remunerado é salarial. Embora o empregado não preste trabalho nesse intervalo, recebe salário por determinação legal. Repouso semanal remunerado é a denominação mais comum para esse tipo de período de descanso. A já citada Lei nº 605 estabeleceu condições para a aquisição do direito ao repouso semanal remunerado. Nesse sentido, esclarece o artigo 6º que não será devida a remuneração quando, sem motivo justifi cado, o empregado não tiver trabalhado durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente o seu horário de trabalho. Note-se que o empregado sempre tem direito ao descanso semanal mas pode perder a remuneração se não for assíduo ou pontual. Para a perda do direito em razão da impontualidade do empregado não há o critério da proporcionalidade. Se o empregado chegou atrasado apenas uma hora, perderá o direito à remuneração do descanso integralmente. Contudo, o mesmo artigo 6º apresenta situações que justifi cam a falta ou atraso, destacando as hipóteses do artigo 473 da CLT (leitura obrigatória). Os feriados são dias nos quais não ocorrerá trabalho, constituindo-se em dias de repouso remunerado. A Lei nº 605/49 e a Lei nº 9.093/95 disciplinaram a matéria sobre feriados civis ou religiosos, visto que tais datas apresentam uma extensa de variação de uma localidade para outra. A Lei nº 662/49 fi xou cinco datas como feriados nacionais e a Lei nº 63 6.802/80 estabeleceu mais um feriado nacional, perfazendo, assim, o total de sete feriados nacionais, assim distribuídos: a) feriados civis (5): • 1° de janeiro, Dia da Confraternização Universal (Lei nº 662/49); • 21 de abril, homenagem a Tiradentes (Lei nº 662/49); • 1° de maio, Dia do Trabalho (Lei nº 662/49); • 7 de setembro, comemoração da Independência do Brasil (Lei nº 662/49) e; • 15 de novembro, comemoração pela Proclamação da República (Lei nº 662/49). b) feriados religiosos (2): • 12 de outubro, homenagem à Padroeira do Brasil (Lei nº 6.802/80) e; • 25 de dezembro, Natal (Lei nº 662/49). Também é feriado a data magna do Estado, fi xada em lei estadual (Lei nº 9.093/95) e as datas religiosas que forem declaradas como feriado por lei municipal, desde que em número não superior a quatro, incluída a sexta-feira da paixão (Lei nº 9.093/95). Apenas para concluir, o feriado de Corpus Christi também está inserido entre os feriados municipais. ATENÇÃO: A terça-feira de Carnaval e os dias próximos não são feriados, embora os usos e costumes tenham criado o hábito. Constitui-se numa simples liberalidade feita pelo empregador. A Constituição Federal, em seu artigo 7°, inciso XV dispõe que o descanso semanal deve ser concedido, preferentemente, aos domingos, entretanto, em não sendo possível no domingo, pela atividade empresarial (hospital, postos de combustível, aeroportos etc.) o empregador deverá conceder em outro dia da semana. Nessas hipóteses, a Portaria nº 417/66 do Ministério do Trabalho e Emprego, em seu artigo 2°, alínea “b”, determina que seja concedido um descanso aos domingos no máximo a cada sete semanas de trabalho. A remuneração do descanso semanal tem por base a média diária da remuneração do empregado, sendo que esta já está incluída no salário do empregado mensalista. Finalmente, caso o empregado trabalhe no dia de descanso semanal sem que haja outro dia de folga, o empregador deverá pagar a remuneração do descanso em dobro conforme determina o artigo 9º da Lei nº 605/49. 3 - Férias Férias é o período de tempo em que o empregado fi ca dispensado de prestar trabalho, embora tenha garantida a sua remuneração, para a fi nalidade de descanso e lazer, como forma de se recuperar mental e fi sicamente de um ciclo de um ano de atividades. O direito e as condições para a habilitação são estabelecidos pela legislação, embora a época de concessão permaneça a de conveniência do empregador. As férias podem ser individuais ou coletivas, preferencialmente sem que o período seja fracionado. Outro aspecto de grande relevância sobre o instituto é que o período de afastamento obrigatório do empregado é considerado como tempo trabalhado, para todos os efeitos. O direito de férias está regulado pela Constituição Federal, em seu artigo 7°, incisoXVII, e pelos artigos 129 a 153 da CLT (leitura obrigatória). Natureza jurídica Há divergência quanto à natureza jurídica do instituto. Alguns consideram como indenização pelo esforço prolongado, semelhantemente ao repouso semanal. Para outros, um prêmio pela dedicação e produtividade. Outros há que ressaltam a sua natureza de higiene e saúde de trabalho. Evidente que há dois aspectos contratualísticos compulsórios: o primeiro, a obrigação de fazer o afastamento do empregado e a de dar, pagando o salário ao empregado, pelo empregador. O segundo, pelo empregado, o direito de exigir do empregador a concessão do período de férias e a obrigação de abster-se de trabalhar. O direito às férias é irrenunciável pelo empregado. Pode-se, portanto, aceitar que a natureza jurídica das férias seja a de cláusulas contratuais tornadas compulsórias pelo Estado, em benefício do empregado, do empregador e, em última análise, do bem- estar social da nação. Períodos aquisitivo, concessivo e de prescrição Por conveniência didática, estuda-se o direito de férias subdividindo-o em períodos: aquisitivo, concessivo (também chamado de período de concessão, de fruição e de gozo das férias) e de prescrição do direito de férias. Período de aquisição A cada período de 12 meses - contado do início da sua admissão - o empregado, mesmo a tempo parcial, adquire o direito a um período de férias, cuja duração será fi xada pela sua assiduidade ao longo desses 12 meses, ou seja: • 30 dias corridos de férias, até 5 faltas; • 24 dias corridos de férias, de 6 a 14 faltas; • 18 dias corridos de férias, de 15 a 23 faltas; • 12 dias corridos de férias, de 24 a 32 faltas. O empregado que tenha mais de 32 faltas injustifi cadas perde o direito às férias. Note-se que não há o desconto no período de férias proporcional ao número de dias de faltas, de tal modo que está errado descontar, por exemplo, os 10 dias de falta do empregado, concedendo-lhe apenas 20 dias de férias; nessa hipótese o empregado tem direito a 24 dias de férias, como visto. A CLT estabelece em seu artigo 131 as hipóteses em que a falta ao serviço não será considerada para a aquisição do direito de férias: • nos casos referidos no artigo 473 (leitura obrigatória); • durante o licenciamento compulsório da empregada por motivo de maternidade ou aborto não criminoso, observados os requisitos para percepção do salário- 64 maternidade custeado pela Previdência Social; • por motivo de acidente de trabalho ou de enfermidade atestada pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, excetuada a hipótese do inciso IV do artigo 133; • justifi cada pela empresa, entendendo-se como tal a que não tiver determinado o desconto do correspondente salário; • durante a suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo ou de prisão preventiva, quando for impronunciado ou absolvido; • nos dias em que não tenha havido serviço, salvo na hipótese do inc. III do artigo 133. SUM-46 ACIDENTE DE TRABALHO As faltas ou ausências decorrentes de acidente do trabalho não são consideradas para os efeitos de duração de férias e cálculo da gratifi cação natalina. SUM-89 FALTA AO SERVIÇO Se as faltas já são justifi cadas pela lei, consideram-se como ausências legais e não serão descontadas para o cálculo do período de férias. O tempo correspondente à licença-gestante é considerado como tempo de serviço e é computado para a aquisição das férias. Por outro lado, o artigo 133 estabelece quando o empregado, no curso do período aquisitivo, perde o direito a férias: • deixar o emprego e não for readmitido dentro dos 60 dias subsequentes à sua saída; • permanecer em gozo de licença, com percepção de salário, por mais de 30 dias; • deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 dias em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; • tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de seis meses, embora descontínuos (ver exemplos na seção 3 da aula 4). Quando o empregado se afasta para o serviço militar obrigatório, o tempo de trabalho anterior à apresentação para esse serviço é computado no período aquisitivo, com o que, ao retornar ao trabalho, aquele será computado para a aquisição do direito de férias, independentemente do tempo que tenha fi cado afastado, desde que compareça ao estabelecimento no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da baixa do serviço militar, nos termos do artigo 132 da CLT. Período concessivo Após o período de aquisição, inicia-se o período de 12 meses, denominado período de concessão, no qual o empregador é obrigado a conceder em um único período as férias adquiridas pelo empregado, nos termos do artigo 134 da CLT. Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. Há o direito de coincidência dos períodos de férias ao empregado estudante menor de 18 anos de idade que pode fazer coincidir o período de férias escolares com o seu período de férias no trabalho e aos empregados membros de uma mesma família para que tenham férias na mesma época, desde que sem prejuízo ao serviço, a teor do artigo 136 da CLT. De qualquer forma, é do empregador o direito de determinar a época da concessão das férias, desde que dentro do período de concessão. O artigo 135 da CLT estabelece que o empregador deve participar por escrito e com a antecedência de 30 dias a concessão das férias. As férias serão remuneradas com base na mesma remuneração que o empregado receberia se estivesse trabalhando, acrescida do denominado terço constitucional (33,33%), previsto na Constituição Federal em seu artigo 7°, inciso XVII. Como visto, a remuneração é o conjunto de verbas recebidas pelo empregado, como gorjetas, adicionais, gratifi cações ajustadas, entre outras, inclusive o salário utilidade, isto é, o somatório dos valores correspondentes serão a base de cálculo da remuneração das férias. O pagamento das férias pode ser de forma simples ou em dobro. Será paga de forma simples quando o empregador conceder as férias dentro do período concessivo e, em dobro, quando concedidas fora do referido período. Registre-se que o que dobra é a remuneração e não os dias de férias, tudo nos termos do artigo 137 da CLT. SUM-7 FÉRIAS A indenização pelo não-deferimento das férias no tempo oportuno será calculada com base na remuneração devida ao empregado na época da reclamação ou, se for o caso, na da extinção do contrato. SUM-81 FÉRIAS Os dias de férias gozados após o período legal de concessão deverão ser remunerados em dobro. SUM-450 FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT. É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. A remuneração das férias poderá ser proporcional isto é, por não ter o empregado completado o período aquisitivo, em razão de ter sido dispensado sem justa causa, terá direito a receber, considerando-se o período trabalhado, na razão de 1/12 para cada mês ou fração superior a 14 dias conforme determina o 146 da CLT. SUM-171 FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO. EXTINÇÃO Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da CLT) 65 SUM-261 FÉRIAS PROPORCIONAIS. PEDIDO DE DEMISSÃO. CONTRATO VIGENTE HÁ MENOS DE UM ANO O empregado que se demite antes de complementar 12 (doze) meses de serviço tem direito a férias proporcionais. Posso vender minhas férias?ATENÇÃO: É absolutamente ilegal a venda das férias. Contudo, o artigo 143 da CLT faculta ao empregado converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. O empregador pode optar em conceder as férias para parte ou para todos os empregados - férias coletivas -, as quais poderão ser concedidas em dois períodos, desde que um destes não seja inferior a dez dias. Na hipótese de concessão de férias coletivas, o empregador deverá comunicar ao sindicato da categoria dos trabalhadores e à Secretaria Regional do Trabalho, com antecedência de 15 dias. Ao completar o período de aquisição, o empregado adquire o direito às férias, de modo que se o contrato de trabalho for rescindido, seja qual for o motivo, a remuneração das férias, simples ou em dobro, conforme o caso, deverá ser paga ao empregado, em razão do direito adquirido, conforme o artigo 146 da CLT. No que diz respeito às férias proporcionais, não há que se falar em direito adquirido, pois o empregado não completou o período aquisitivo, tendo direito, apenas, às férias proporcionais quando for dispensado sem justa causa ou pedir demissão, independente do tempo de serviço; contrariamente, perderá o direito à correspondente remuneração se for dispensado pela prática de falta grave. O período de prescrição de férias é contado a partir do término do período de concessão. Vale lembrar que a prescrição é a perda da pretensão pelo decurso de um prazo, que a Constituição Federal, em seu artigo 7°, inciso XXIX, estabelece em cinco anos até o limite de dois anos após a extinção do contrato. SUM-10 PROFESSOR. DISPENSA SEM JUSTA CAUSA. TÉRMINO DO ANO LETIVO OU NO CURSO DE FÉRIAS ESCOLARES. AVISO PRÉVIO O direito aos salários do período de férias escolares assegurado aos professores (art. 322, caput e § 3º, da CLT) não exclui o direito ao aviso prévio, na hipótese de dispensa sem justa causa ao término do ano letivo ou no curso das férias escolares. PN-100 FÉRIAS. INÍCIO DO PERÍODO DE GOZO (positivo) O início das férias, coletivas ou individuais, não poderá coincidir com sábado, domingo, feriado ou dia de compensação de repouso semanal. PN-116 FÉRIAS. CANCELAMENTO OU ADIANTAMENTO (positivo) Comunicado ao empregado o período do gozo de férias individuais ou coletivas, o empregador somente poderá cancelar ou modifi car o início previsto se ocorrer necessidade imperiosa e, ainda assim, mediante o ressarcimento, ao empregado, dos prejuízos fi nanceiros por este comprovados. Retomando a aula Pessoal, acabamos mais uma aula, com muita informação. Mas não podia ser diferente em razão da complexidade do assunto. Vamos agora fazer uma rápida revisão. 1 – Jornada de trabalho Na seção 1 nos vimos que jornada de trabalho está defi nida no artigo 4º da CLT como sendo o tempo em que o empregado se encontra executando a prestação de serviços ou estando à disposição do empregador. Estudamos que a jornada de trabalho está regulada nos incisos XIII, XIV e XVI do artigo 7° da CF de 1988 e também pelos artigos 57 a 75 da CLT, cuja leitura é obrigatória . Alem disso, também vimos os casos em que é possível a prorrogação da jornada de trabalho, o trabalho noturno e o trabalho em turnos. 2 – Repousos Nesta seção nós aprendemos que repousos ou intervalos para descanso são períodos na jornada de trabalho, ou entre uma ou outra, em que o empregado não presta serviços, seja para se alimentar ou para descansar. Vimos também que é universalmente aceita a divisão dos períodos ou intervalos de repouso em: repouso diário, que se subdividem em intrajornadas e interjornadas; o repouso semanal, que é o descanso semanal remunerado (DSR) e o repouso anual, que são as férias. 3 – Férias Finalmente, na terceira seção nós aprendemos férias é o período de tempo em que o empregado fi ca dispensado de prestar trabalho, embora tenha garantida a sua remuneração, para a fi nalidade de descanso e lazer, como forma de se recuperar mental e fi sicamente de um ciclo de um ano de atividades. Vimos que o direito e as condições para a habilitação são estabelecidos pela legislação, embora a época de concessão permaneça a de conveniência do empregador. Aprendemos que as férias podem ser individuais ou coletivas, preferencialmente sem que o período seja fracionado. Por fi m, vimos que o direito de férias está regulado pela Constituição Federal, em seu artigo 7°, inciso XVII, e pelos artigos 129 a 153 da CLT, cuja leitura é obrigatória. 66 Vale a pena MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Editora Atlas. Pág. 485 a 580. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO – artigos 57 a 75; 127 a 149 (leitura obrigatória). Lei nº 605/49 (Repouso semanal remunerado). Vale a pena ler Tribunal Superior do Trabalho – <www.tst.jus.br>. Ministério do Trabalho e Emprego – <www.trabalho.gov.br>. Vale a pena acessar Meus amigos, as atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta “Sala Virtual – Atividades”. Após responder, envie por meio do Portfólio – ferramenta do ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Se ao fi nal desta aula surgirem dúvidas, você poderá saná-las através das ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”. Ou ainda poderá enviá-las para o e-mail jkrewer@unigran.br. Minhas anotações
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