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AUTORREALIZAÇÃO, PROPÓSITO E SENTIDO DE VIDA 1 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 MOTIVAÇÃO ........................................................................................... 5 AUTORREALIZAÇÃO............................................................................ 10 SIGNIFICADO E PROPÓSITO .............................................................. 12 BEM ESTAR E FELICIDADE ................................................................. 16 DIMENSÕES DO BEM ESTAR PSICOLÓGICO ................................... 23 CONCLUSÃO ........................................................................................ 26 REFERÊNCIA ........................................................................................ 27 2 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 3 INTRODUÇÃO Imagine que ao vir ao mundo seja entregue a você uma caixa. Ali dentro estão todos os tipos de objetos que representam quem você é. Ferramentas que indicam as suas habilidades e competências. Condimentos e essências para o seu temperamento. Traquitanas e quebra-cabeças que só você consegue montar, para o seu conhecimento. Sabemos que o nosso planeta é moradia de milhares de pessoas. Cada uma dessas pessoas, dentro da sua subjetividade, possui sonhos, expectativas, planos, escolhas que são traçadas para levá-los a um objetivo maior: SUA AUTORREALIZAÇÃO. Maslow costumava usar a frase “O que o homem pode ser, ele dever ser”. Esse conceito é facilmente compreensível. Ou seja, quando usamos o máximo do nosso potencial, nos desafiando ao máximo, nos sentimos o máximo! A autorrealização pode ser definida como um estado máximo de satisfação pessoal. Em outras palavras, é se sentir completo, é o famoso estado PLENO. É você se sentir feliz, contente, equilibrado em todas as áreas da sua vida. É ver sentido e conexão com tudo que você faz. Os gregos já pensavam assim lá na época de Aristóteles. Eles acreditavam nos daemons, supostos espíritos bons que habitavam cada um de nós. Como se fossem uma carga atributos e potencialidades que vieram ao mundo conosco. Um gênio interior. Eudaimonia, que seria estar habitado por um bom espírito, significa felicidade ou bem-estar. Um estado de plenitude por estar usando nossa caixa inteira Sei que parece complicado se imaginar vivendo nessa situação em decorrência da vida que levamos hoje em dia. A princípio, esse conceito pode até parecer utópico. No entanto, se pararmos para entender de fato o que é essa autorrealização, que tanto procuramos e queremos para nós, vamos perceber que não é tão complicada encontrá-la e que boa parte dela está relacionada com as nossas escolhas e como nosso nível de autoconhecimento. 4 4 Devíamos antes de qualquer coisa, sermos ensinados a nos conhecer, a sermos estimulados à autodescoberta, à construirmos e desenvolvermos o nosso próprio eu, baseado unicamente nas nossas características individuais e assim, tomar decisões mais alinhadas com quem somos de fato. Isso não iria excluir as possibilidades de errar na hora de fazer escolhas, mas minimizaria esse risco. Algumas vezes, nossas decisões podem não ser as melhores e nos desviar do caminho que queríamos percorrer. Porém, tudo é aprendizado e isso também pode ser considerado como uma oportunidade de ampliar o nosso autoconhecimento. A partir das experiências que temos, vamos entendendo que caminho faz mais sentido, do que gostamos ou não etc. Se tivermos o conhecimento de quem somos e do que queremos para nós automaticamente, podemos traçar os nossos caminhos e fazer nossas escolhas em busca desses propósitos. Dessa maneira, teremos mais chance de encontrar a nossa auto realização, uma vez que ela está diretamente ligada à compreensão e o entendimento de si mesmo e, vivenciar aquela velha sensação de bem-estar físico e mental. Nessa apostila, você não aprenderá uma fórmula de sucesso que guiará você ou a qualquer outra pessoa até a autorrealização. Até porque somos seres particulares, subjetivos, singulares, de vontades e desejos diferentes, o que torna esse conceito distinto para cada um. 5 5 MOTIVAÇÃO Motivação, assim como aprendizagem, é um termo largamente usado em compêndios de psicologia e, como aprendizagem, é usado em diferentes contextos com diferentes significados. A seguir veremos através do texto de Bergamini (1997), um exemplo de como o termo motivação pode assumir significados distintos em um mesmo contexto. Se, no início do século, o desafio era descobrir aquilo que se deveria fazer para motivar as pessoas, mais recentemente tal preocupação muda de sentido. Passa-se a perceber que cada um já traz, de alguma forma, dentro de si, suas próprias motivações. Aquilo que mais interessa, então, é encontrar e adotar recursos organizacionais capazes de não sufocar as forças motivacionais inerentes às próprias pessoas... (p. 23)... não existe o pequeno gênio da motivação que transforma cada um de nós em trabalhador zeloso ou nos condena a ser o pior dos preguiçosos. Em realidade, a desmotivação não é nenhum defeito de uma geração, nem uma qualidade pessoal, pois ela está ligada a situações específicas (p. 27) No trecho acima, no primeiro momento, a motivação está relacionada a um lócus de controle interno, ela está dentro do indivíduo. No segundo momento, a motivação passa a estar relacionada a um lócus de controle externo, ou seja, ela depende de situações específicas, depende do que está acontecendo com o indivíduo. O autor afirma que, no início do século, procurava-se “ descobrir aquilo que se deveria fazer para motivar as pessoas, ou seja, as situações específicas que tornam o indivíduo motivado. Logo em seguida afirma que este é o caminho errado: a motivação não ocorre de fora para dentro, mas de dentro para fora. Entretanto, ao final do trecho, o autor parece expor a idéia que é rechaçada no início de sua argumentação: a motivação - ou desmotivação - depende de situações específicas, logo, o que deve ser feito é buscar por tais situações específicas (aquilo que se deveria fazer) para motivar os indivíduos ou, no mínimo, não desmotivá-los. Birney e Teevan (1962) notam que o interesse contemporâneo pela pesquisa da motivação humana origina-se de três fontes: psicoterapia, psicometria, e teoria da aprendizagem. Além de serem áreas diferentes, há entre6 6 elas divergências quanto aos objetivos do trabalho dos pesquisadores, e também quanto aos métodos a serem empregados. Psicoterapia: Para os psicoterapeutas, o problema maior sempre foi o alívio dos desconfortos do cliente. Especialmente com Freud, esses desconfortos eram vistos como resultantes de um jogo de equilíbrio dinâmico de forças psíquicas (motivacionais), e o próprio psicoterapeuta era o instrumento de medida dessas forças. Não se colocava como importante o problema de diferenças individuais, pois o modo de definir o objetivo de seu trabalho levava à preocupação primordial com o caso individual. Buscava-se a melhor caracterização possível para essas forças hipotetizadas, desenvolvendo um sistema motivacional que pudesse ser aplicado ao entendimento das aflições de diferentes indivíduos. Psicometria: O desenvolvimento dos testes psicológicos de aptidões e de desempenho representou uma fonte de interesse em motivação muito diferente da psicoterapia. Constatou-se, de início, que a utilização desses testes para a classificação e/ou seleção de indivíduos dependia de um pressuposto fundamental, o de igualdade na dedicação às tarefas. O interesse por testes de aptidões levou, necessariamente, ao desenvolvimento de testes de motivação. Obviamente, os estudos sobre motivação originários dessas duas áreas, psicoterapia e psicometria, não se desenvolveram totalmente independentes. Birney e Teevan (1962) lembram esforços de aproximação das duas abordagens. Historicamente, entretanto, não há como negar o desenvolvimento inicial independente. Teorias da aprendizagem: Considerando-se que da psicoterapia e da psicometria desenvolveram-se interesses pela psicologia da motivação humana, seria lícito esperar-se o mesmo de outra área aplicada, a educação. Como veremos, o estudo de problemas de aprendizagem levou à invocação de variáveis motivacionais. A influência dos interesses da área educacional é indireta, via psicologia da aprendizagem e pesquisas de laboratório. Os principais teóricos da aprendizagem estudaram experimentalmente o papel de 7 7 variáveis motivacionais na memória, na aprendizagem, etc. O trabalho mais complexo nessa direção, sem dúvida, foi o de Hull (1943). Dessa tradição de laboratório vem a associação de variáveis motivacionais às diversas teorias de reforço, culminando com Skinner (1953) e a colocação do tópico motivação dentro de um contexto mais geral dos vários tipos de interação organismo- ambiente. o conceito de motivação é abordado de maneiras muito diferentes e, muitas vezes, contraditórias. Essa miscelânea conceitual evidência não a quantidade de conhecimento que se tem sobre a motivação, mas a falta dele. Skinner (1953), ao justificar a necessidade de uma psicologia científica, afirma que a ciência evolui dos erros, não da confusão. Considerando como corretas as palavras de Skinner, podemos concluir então que grande parte da abundante produção teórica sobre motivação não levará a psicologia a compreender melhor este fenômeno. Para que a psicologia possa lidar melhor com tão importante assunto é necessário refinar os conceitos que se referem a ele (Cunha & Isidro- Marinho, 2005; Michael, 1982, 1993, 2000) estabelecendo referenciais teóricos que possam ser falseados, que possam ser testados. Logo abaixo estão listadas algumas frases que tentam definir o conceito de motivação, baseadas em uma pesquisa bibliográfica acerca do tema: Um motivo é um desejo ardente que impulsiona o ser à ação; A motivação está intrinsecamente relacionada aos desejos e impulsos humanos; Os impulsos estão intrinsecamente relacionados à motivação e desejos humanos; Motivação pode ser entendida como um motivo que leva o indivíduo à ação. Motivação é uma força que aciona e direciona o comportamento. Motivação é uma energia que aciona e direciona o comportamento. Impulso é uma energia que aciona e direciona o comportamento. Desejo é uma energia que aciona, motiva e direciona o comportamento. 8 8 Um motivo é um desejo imbuído de significação em si mesmo que impulsiona o ser à execução e consecução de metas, que orienta e estrutura a dinâmica psicológica que, por seu turno, energiza o comportamento. Maslow (1954) propôs um sistema hierárquico de necessidades básicas que tem influenciado especialmente o trabalho na psicologia organizacional e na psicologia do desenvolvimento. Maslow classifica as necessidades humanas, na ordem de prioridade, em fisiológicas, de segurança, de amor e atenção, de estima, e de autorrealização. A hierarquização utiliza dois sistemas de categorias, das necessidades mais puramente biológicas às mais socializadas e das mais simples às mais complexas. Os problemas com a hierarquia começam por aí. Deixando de lado uma preocupação apriorística com hierarquias, vemos que a lista de necessidades obedece à sequência temporal de desenvolvimento do indivíduo, e refere-se a tipos de interação organismo-ambiente que podem ser observados em diferentes tempos de seu desenvolvimento. 9 9 Mas da constatação de que certos tipos de interação surgem antes que outros na história do indivíduo, não decorre necessariamente a conclusão de que há necessidades hierarquicamente superiores ou inferiores. Vejamos, por exemplo, o tratamento alternativo dado por Bijou e Baer (1961) à questão. O conceito de hierarquia utilizado na classificação é um conceito a priori, pertencente a um sistema ideológico que se antepõe aos dados de observação. As razões para essa utilização do conceito não serão encontradas nos dados provenientes da experimentação e da observação em psicologia. Por fim, todas as vezes que atribuímos ao ser humano uma essência intangível pela ciência, que não pode ser compreendida, que não pode ser controlada ou estudada, e que é dada pela subjetividade de cada um, estamos fechando as portas para nós mesmos, fechando as portas para a construção de uma Psicologia mais efetiva, que produza mais resultados e em menos tempo. A essência, por ser essência, não pode ser tocada ou modificada. Cada um dos seis bilhões de habitantes do planeta Terra é um ser diferente, único. Nossa tarefa, de psicólogos, não é contemplar a subjetividade ou a essência de cada ser humano, mas sim compreender como ela é construída ou, colocado de maneira mais adequada, compreender como são aprendidos os padrões comportamentais a partir dos quais inferimos a existência de um motivo, de uma essência, de uma força propulsora, de uma motivação intrínseca, de uma força motriz, de um instinto, de um impulso, de um desejo, de uma energia libidinal, de uma necessidade, de uma vontade. 1 0 10 AUTORREALIZAÇÃO Para início de análise, a autorrealização é definida, aqui, de maneira bastante simplificada, como uma necessidade existencial. É tida pela maioria dos psicólogos humanistas como o postulado básico do desenvolvimento psicológico da pessoa humana. As necessidades de autorrealização são necessidades de crescimento e revelam uma tendência do ser humano em realizar plenamente o seu potencial, podendo ser expressas como o desejo do indivíduo de tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser (MASLOW, 1954). As necessidades de autorrealização estão relacionadas a sentimentos de autonomia, independência, autocontrole, competência e plena realização naquilo que cada pessoa tem de potencial. McClelland (1972) desenvolveu uma abordagem dividindo as necessidades como sendo de realização, de afiliação e de poder. A necessidade de realização é a necessidade de desafio para a realização pessoal, a qual leva o indivíduo a testar seus limites para obter o sucesso em situaçõescompetitivas. A necessidade de afiliação é o desejo de estabelecer, manter, ou restabelecer Para alcançar seu potencial completo, Maslow classificou a autorrealização como a única necessidade de crescimento baseada em valores do "ser", do "tornar-se o que é", ou seja, "realizar-se". As pessoas realizadas sabem quem são, o que são e, talvez mais importante, sabem o que não precisam ser. 1 1 11 relações emocionais positivas, evitando conflitos com outras pessoas. A necessidade de poder é o desejo de influenciar ou controlar os demais indivíduos, exercendo forte poder sobre eles. Nesse sentido, fazendo um paralelo com a teoria de Maslow, a necessidade de afiliação poderia ser relacionada às necessidades sociais dos indivíduos. Por outro lado, as necessidades de realização e poder tem grande relação com necessidades de autorrealização, no sentido de que envolvem maximização do potencial, competitividade, controle e reconhecimento perante os demais, a partir das próprias ações. Conforme estabelecem Hersey e Blanchard (1996, p. 35), “autorrealização é a necessidade que as pessoas sentem de maximizar seu próprio potencial”. Nota-se que a motivação provocada por necessidades de autorrealização leva o indivíduo a realizar ações que visem à maximização do próprio potencial, e que a satisfação de tais necessidades ocorre com o próprio sentimento de realização. Murray apud Myers definiu as necessidades de autorrealização do indivíduo como “um desejo de um feito significativo, de dominar habilidades ou ideias, de controlar e atingir depressa um padrão elevado” (1999, p. 269). Refere- se à vontade de dar o máximo de si, obter êxito, realizar tarefas que requerem habilidade e esforço, ser uma autoridade reconhecida, realizar algo importante, fazer bem um trabalho difícil (WAGNER III e HOLLENBECK, 2000). Desta forma, a ação que pode levar à recompensa em termos de realização encontra-se associada a atingir resultados e desempenhar tarefas que envolvam dificuldades ou grande importância, o que pode levar ao reconhecimento do indivíduo perante os demais. Percebe-se aqui a importância do sentimento de realização própria, associada ao reconhecimento dos demais indivíduos e ao controle da situação. Partindo-se das definições apresentadas, pode-se apreender que a motivação por necessidades de realização de um indivíduo pode surgir de um estado interior ou ser uma resposta a fatores ambientais, e que consiste na força que o impulsiona a realizar algo, com o propósito de obter recompensas materiais ou psicológicas. Refere-se à sua autoconfiança em realizar esforços 1 2 12 para vencer os desafios, bem como leva o indivíduo a maximizar seu potencial, realizando tarefas difíceis, no sentido de atingir, além da própria realização, o reconhecimento dos demais. Desta forma, observa-se que as necessidades de autorrealização levam a uma motivação do indivíduo no sentido de desempenhar ações que visem romper os próprios limites, proporciona sentimentos de autonomia, independência, autocontrole, habilidade e esforço em situações competitivas, e leva ao reconhecimento por realizações de trabalhos difíceis ou importantes. SIGNIFICADO E PROPÓSITO O significado ou propósito da vida trata da conexão do indivíduo com “algo maior que ele mesmo”. Para Seligman, o pai da psicologia positiva, esse é um dos fatores mais difíceis de trabalhar. O autor citado apresenta a visão de 1 3 13 felicidade em três dimensões: a vida agradável, a vida boa e a vida significativa. Nesta última se insere a ideia de significado e propósito: Para Seligman, o propósito é aquilo que nos conecta “a algo maior”, o que dá sentido à nossa existência. É algo que nos preenche e que, inclusive, pode nos prevenir de distúrbios como a depressão, por exemplo. Suas pesquisas demonstraram que os indivíduos com seu lado espiritual mais bem desenvolvido acabam tendo também uma vida com mais significado. Em relação às nossas atividades diárias, também é essencial que façam algum sentido em nossas vidas e possam transformar tanto a nossa existência, como a vida dos outros para melhor. Quando alcançamos este patamar, aquilo que fazemos diariamente ganha um brilho especial e nos tornamos mais felizes. Aqui temos a noção de missão pessoal. Tal qual o uso nas organizações, a missão nos dá um senso de direção e ajuda a nos mantermos focados naquilo que realmente importa para nós. Missão é a declaração de como você vai viver seus valores, considerando seus principais talentos, forças e capacidades, como irá utilizá-los e com que objetivo. Requer uma reflexão sobre propósito e significado, relacionado à crença individual de que sua vida é relevante, que tem um propósito maior que transcende o presente. Podemos ilustrar a importância desse elemento da psicologia positiva ao refletirmos sobre pessoas que atravessaram situações-limite como luto, doenças, violências, entre outras. Para elas, a busca de um significado revela-se crucial para a manutenção da força interior: “Entender o significado que foi atribuído às experiências negativas e ressignificá-las é um passo relevante para promover mudanças comportamentais necessárias ao bem-estar da pessoa […].” 1 4 14 Um dos expoentes do assunto é o psiquiatra e psicoterapeuta austríaco Viktor Frankl, que publicou em 1946 o livro Em busca de sentido. O livro retrata as experiências do autor na busca do sentido da vida em um campo de concentração nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Apresenta, ainda, os conceitos básicos da logoterapia, sua teoria psicológica, explicando como, para prosperar e sobreviver, precisamos descobrir nosso significado pessoal da vida. Atualmente, há diversos estudos que correlacionam o senso de propósito a sensações de bem-estar, satisfação, engajamento no trabalho e um melhor enfrentamento do estresse. Ter um propósito, assim, é possuir crenças que nos orientam em direção a objetivos aos quais atribuímos valor. O sentido de vida (SV), enquanto construto psicológico, foi inicialmente teorizado e divulgado pela Logoterapia (Frankl, 1946/2004). Ao longo de sua obra, Frankl (1978, 2003, 1946/2004) sugeriu que a busca por sentido era a principal motivação do ser humano, e que o SV seria um componente fundamental tanto para o bem-estar psicológico quanto para o bem-estar subjetivo das pessoas. Sentido de vida pode ser definido como a percepção de ordem e coerência na própria existência, aliada à busca e ao cumprimento de metas/objetivos significativos, que resulta na sensação de realização existencial (Reker, 2000; Steger, 2009). Para Frankl (1946/2004), seria imprescindível que as pessoas tivessem clara noção sobre o propósito da própria existência e, mais que isto, que agissem no mundo em consonância com esta percepção, constituindo um senso de coerência existencial. Desde as suas primeiras publicações, os pressupostos teóricos e filosóficos da Logoterapia e Análise Existencial têm sido amplamente discutidos e mensurados empiricamente na literatura norte-americana e europeia. Décadas de pesquisas têm corroborado os principais postulados de Frankl, demonstrando que o SV é um importante preditor de saúde física (Jim & Andersen, 2007), de bem-estar psicológico e de qualidade de vida (Fillion et al., 2009; Ho et al., 2010; Melton & Schulenberg, 2008). Já a falta de sentido tem sido relacionada com 1 5 15 maiores níveis de depressão (Mascaro & Rosen, 2006), ideação suicida (Edwards & Holden, 2001), drogadição (Henrion, 2002), dentre outros. O funcionamento do SV na saúde mental e física das pessoas é complexo. Algumas hipóteses sugerem que o SV,enquanto processo cognitivo, é um recurso central na autorregulação e na autopercepção, auxiliando na utilização de comportamentos adaptativos e oferecendo uma sensação de significado existencial. O SV, por si só, não regula o comportamento, porém, direciona os sujeitos para que, por meio da utilização de seus recursos psicossociais, estes possam superar mais facilmente os eventos estressores por meio de decisões congruentes com um organizado sistema de valores pessoais (McKnight & Kashdan, 2009). Apesar de haver uma ampla literatura demonstrando o papel preditor e moderador do SV na saúde física e psicológica das pessoas, tais estudos se centram, em sua maioria, em amostras de estudantes e idosos, sendo que estudos em amostras ocupacionais ainda são escassos (Halama & Bakosova, 2009; Ho et al., 2010; Mascaro & Rosen, 2005). Considerando os benefícios deste recurso à saúde física e psicológica dos sujeitos, a investigação de índices de SV em profissionais é relevante por diversas razões. Em geral, o trabalho assume um papel imprescindível na construção da identidade dos sujeitos, podendo ser uma das principais fontes de sentido e direcionar o ser à sensação de realização existencial (Frankl, 2003). Diversos estudos empíricos sugerem que tal pressuposto é consistente, demonstrando que o trabalho tem sido um dos principais preditores de SV em diversas amostras e em diversas faixas etárias (Rosso, Dekas, & Wrzesniewski, 2010; Steger & Dik, 2009). Outro importante aspecto a considerar em estudos ocupacionais é o fato de que sujeitos com maiores índices de SV tendem a apresentar maior nível de bem-estar no trabalho e maior comprometimento profissional (De Klerk, 2005). Além disso, como um recurso protetivo, o SV auxilia na adequada utilização de recursos de coping e manejo de situações de estresse, protegendo os sujeitos de eventos e sentimentos negativos vivenciados no trabalho (Bonebright, Clay, & Ankenmann, 2000; Mascaro & Rosen, 2006). 1 6 16 BEM ESTAR E FELICIDADE N os últimos anos têm aumentado os estudos sobre os aspectos positivos das emoções e do comportamento humano. Historicamente, a ciência psicológica tem dado maior ênfase a pesquisas em psicopatologia e aos aspectos menos saudáveis dos indivíduos. A Psicologia clássica priorizou o patológico e, seguindo este caminho, esqueceu-se de aspectos emocionais construtivistas como o bem-estar psicológico, a satisfação com a vida, a paz ou prazer, ignorando os benefícios que eles proporcionam aos indivíduos (Seligman & Csikszentmihalyi, 2001). O psicólogo Martin Seligman, um dos pioneiros da Psicologia Positiva (PsP), escreveu um livro intitulado Florescer - uma nova e visionária interpretação da felicidade e do bem-estar (2011), que tenta mostrar esse paradigma da Psicologia fora do âmbito científico. O autor dos livros "Felicidade Autêntica" (2002) e "Otimismo aprendido" (2004) apresenta em sua nova publicação aspectos teóricos e práticos para desenvolver o otimismo, a motivação e as características da resiliência que são necessárias para que as pessoas desenvolvam o bem-estar psicológico. 1 7 17 Neste livro o autor apresenta a teoria da felicidade autêntica a partir de cinco elementos básicos: 1) a emoção positiva, que é a pedra angular da teoria de bem-estar; 2) a entrega (viver o momento presente); 3) o sentido (as idiossincrasias da vida); 4) sucessos (indivíduos que perseguem o sucesso); e 5) relações (os outros indivíduos). O livro é dividido em duas partes, das quais a primeira se intitula "Nova psicologia positiva", e a segunda tem como título "Os caminhos para o crescimento pessoal". Na primeira parte Seligman destaca o paradigma da PsP, analisando como é este novo paradigma do conhecimento psicológico. O autor faz distinção entre a Teoria da Felicidade Autêntica e a Teoria do Bem-Estar. A primeira analisa como seria medir o construto psicológico por meio da satisfação com a vida, e a segunda trata de como aumentar a emoção positiva, ou seja, as relações positivas e a autorrealização. Assim, o autor propõe exercícios PsP para aumentar o bem-estar e diminuir fatores inerentes à depressão. Um primeiro exercício seria "Visita de agradecimento", que consiste em alguém escrever uma carta de agradecimento a uma pessoa importante em sua vida. Outro exercício seria o das "Três bênçãos", em que se escrevem três coisas que correram bem durante um dia, considerando-se o porquê de isso ter acontecido dessa forma. Além disso, propõe uma terceira tarefa sobre as fortalezas pessoais: a de encontrar novas formas de uso e frequência. Posteriormente é apresentada a psicoterapia positiva, em que inicialmente são identificados os níveis de bem-estar de uma pessoa por meio de respostas a um questionário contido no site www.authentichhappiness.org; em seguida são analisados sintomas depressivos e realizadas sessões de psicoterapia positiva para adaptação positiva. Na Educação, este livro destaca o capítulo intitulado "Educação Positiva: o ensino do bem-estar da juventude", em que o autor afirma que o tema Emoções positivas deve ser abordado com os alunos na escola, a fim de evitar futuros problemas psicológicos e fortalecer a vidas das pessoas. O programa Resiliência é destaque na Universidade da Pensilvânia (EUA), pois reduz e previne sintomas depressivos, desesperança e ansiedade e melhora os comportamentos 1 8 18 relacionados à saúde. Para concluir esta primeira parte do libro, Seligman sugere que o PIB (produto interno bruto) não seja quantificado pelos bens e serviços que as pessoas possuem, mas pela produção de bem-estar. Na segunda parte do livro, inicialmente é apresentada a "Determinação, caráter e realizações", em que o autor ainda afirma não saber nada sobre a forma de aumentar o ritmo de aprendizagem, mas o que se sabe de verdade é que o tempo gasto na tarefa funciona, basicamente de duas maneiras 1) com a capacidade e 2) com o conhecimento existente. Assim, a ciência da PsP poderá ser importante para a geração de comportamentos que aumentam a determinação e o autocontrole. O autor ensina uma experiência, talvez uma das mais gratificantes, para ilustrar o uso prático do conhecimento da PsP na vida das pessoas. É um procedimento chamado "Um exército em formação: aptidão militar global", em que se tenta construir a resiliência como um modelo para prevenir, entre os militares dos EUA, o estresse pós-traumático, a depressão e o suicídio. Com a ajuda do Pentágono, é oferecido aos militares um curso de formação em que os participantes respondem inicialmente a um instrumento chamado Ferramenta de Avaliação Global (FAG), com quatro áreas: competência emocional, competência social, aptidão familiar e aptidão espiritual. As conclusões iniciais mostram que os sintomas de estresse pós-traumático diminuem com o aumento da competência emocional. Não há como negar que a resiliência tem ajudado na superação de adversidades nas forças armadas. No capítulo seguinte, o autor relata como "Converter o trauma crescendo", com o objetivo de abordar os exercícios usando seus pontos fortes ao invés de apenas explorar os pontos fracos, como na psicologia tradicional. No penúltimo capítulo de "Saúde física positivo: a biologia do otimismo", o autor afirma que a PsP considera a saúde mental não apenas como a ausência de doença mental. Observa que a Medicina e a Psicologia necessitam mudar o paradigma e criar um novo que leve em conta os efeitos do fortalecimento das situações positivas. 1 9 19 O autor destaca um ponto interessante: as pessoas pessimistas se deprimem mais do que as otimistas, do mesmo modo que têm baixo desempenho no trabalho, em sala de aula e nos esportese que nas relações são mais instáveis. Um fato interessante que se destaca neste capítulo é que o bem-estar funciona como um fator protetor contra doenças futuras como insuficiência renal, acidente vascular cerebral e HIV. No final deste capítulo Seligman (2011) faz uma declaração pouco parcimoniosa: "Concluo que o risco de câncer pode ser menor para muito otimista. Conclui-se que o risco de mortalidade é menor para pessoas saudáveis com alto bem-estar psicológico" (p.239). Finalmente, o autor escreve um capítulo em sintonia com o contexto da crise econômica internacional, intitulado "Política e economia do bem-estar", que começa com a pergunta "O que é riqueza?". O capítulo constitui-se de uma interessante reflexão sobre o abismo do PIB e sua relação com o bem-estar. É relatado que o PIB não traduz o bem-estar tenham as pessoas, mas apenas a quantidade de riqueza material (bens e serviços) produzida pela humanidade. Propõe-se uma "Economia positiva", em que o bem é desenvolvido nos campos da emoção positiva, entrega, realizações positivas, relacionamentos positivos e significado. Seligman termina o livro afirmando que "tudo o que podemos dizer sim é para mais bem-estar." “identidade designa algo como uma compreensão de quem somos, nossas características definitórias fundamentais como seres humanos.” A Psicologia Positiva e dedica-se a estudar os estados afetivos e as virtudes positivas, como a felicidade, a resiliência, o otimismo e a gratidão. Foi desenvolvida a partir da década de 1990 e investiga os sentimentos, as emoções, as instituições (como a família, escolas, comunidades e a sociedade em geral) e os comportamentos positivos que têm como finalidade a felicidade humana. (Seligman, 2000). Acredita-se que o foco nas experiências positivas pode contribuir para a prevenção e promoção de saúde, ajudando também nos mecanismos de enfrentamento das doenças (Calvetti et al., 2007). Pode também trazer 2 0 20 elementos para a compreensão do bem-estar subjetivo, que é definido pela ausência de depressão e presença de estados cognitivos e emoções positivas (Seligman, 2011). O conceito de bem-estar subjetivo, nesta teoria, vai de acordo com o conceito de saúde da Organização Mundial de Saúde (1946): "o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade" (Preâmbulo da Constituição da OMS) e isso mostra mais uma importância do estudo dos aspectos positivos do ser humano. Seligman e Csikszentmihaly (2000) apontam que o bem-estar subjetivo se refere ao que as pessoas pensam e sentem sobre suas vidas. De acordo com os autores, na prática, bem-estar subjetivo é apenas um termo que soa mais científico para o que as pessoas geralmente descrevem como felicidade. Há muitas definições para o termo felicidade. No dicionário Houaiss (2009) da língua portuguesa encontramos a definição: "1. Qualidade ou estado de feliz, estado de uma consciência plenamente satisfeita, satisfação, contentamento, bem-estar; 2. Boa fortuna, sorte; 3. Bom êxito, acerto, sucesso" (p. 884). Já se acreditou que a felicidade dependia dos desígnios dos deuses, e que uma vida de felicidade seria "superior ao nível humano", equivalente ao divino. Essa visão pode ser aplicada tanto ao sábio socrático como ao filósofo platônico, ao asceta estóico como ao sábio epicurista, ao santo católico como ao eleito predestinado de Calvino. Em todas estas visões, o homem feliz era idealizado como alguém que se aproximava dos deuses, que ultrapassara o meramente humano, que alcançara uma forma de transcendência (McMahon, 2009). Durante grande parte da história ocidental, a felicidade funcionou como um indicador da perfeição humana, um ideal imaginado de um ser completo, sem mais carências, desejos ou necessidades. Até o surgimento da filosofia socrática quando se inaugurou um paradigma que propõe que buscar ser feliz seria uma tarefa de responsabilidade pessoal. Com o Iluminismo, apareceu a ideia de que todo ser humano tem o direito de atingir a felicidade e que o objetivo da 2 1 21 sociedade deve ser a obtenção deste sentimento dos seus cidadãos (Ferraz, Tavares & Zilberman, 2007). Atualmente, a felicidade é considerada um valor extremamente importante, tanto que foi proposto, em 2010, uma emenda ao artigo 6º da Constituição Federal brasileira para incluir o direito à busca da felicidade por cada indivíduo e pela sociedade, colocado junto com o direito à educação, saúde, previdência social, proteção, maternidade e infância (Senado Federal, 2010). Dessa forma, o estudo da felicidade se mostra cada vez mais importante. A Psicologia Positiva é baseada em três principais conceitos: (1) o estudo das emoções positivas; (2) o estudo dos traços positivos (forças, virtudes, inteligência, capacidade atlética) e (3) o estudo das instituições positivas (democracia, família, liberdade) (Seligman, 2004). De acordo com Seligman (2004), esse movimento propõe que o bem estar subjetivo pode ser medido em 5 fatores: 1. Emoção positiva; 2. Engajamento; 3. Sentido na vida; 4. Realização positiva; 5. Relacionamentos positivos (relação com outros indivíduos). A emoção positiva é uma variável subjetiva, definida pelo o que se pensa e sente. Engajamento também é uma variável subjetiva, enquanto o sentido, os relacionamentos e a realização têm componentes subjetivos e objetivos e o bem- estar não pode existir somente no pensamento: é uma combinação de todos esses fatores que fundamentam o movimento, e o modo como escolhemos viver deve levar em conta maximizar todos esses cinco elementos. 2 2 22 Estudos que procuram identificar as causas da felicidade têm sido feito há anos por vários autores. Em sua revisão de literatura, Ferraz, Tavares e Zilberman (2007) reúnem os resultados dos principais estudos que procuravam avaliar a relação dos aspectos sócio demográficos e culturais com a felicidade. Um aspecto estudado foi o poder aquisitivo. De acordo com esses autores, a literatura aponta que tanto para nações quanto para indivíduos, quando se supera o necessário para sobreviver com dignidade (água, comida e saneamento básico), o aumento do poder aquisitivo não tem correlação com um aumento significativo nos níveis de felicidade (Csikszentmihaly, 1999; Veenhoven, 1991 apud Ferraz, Tavares & Zilberman, 2007). Outros aspectos que já foram estudados e são trazidos nessa revisão são idade e gênero. Inglehart (1990) analisou seis faixas etárias diferentes e obteve níveis de satisfação com a vida virtualmente idênticos. Stock et al. (1983) conduziram uma meta-análise investigando a correlação entre idade e bemestar e concluíram que é praticamente nula (apud Ferraz, Tavares & Zilberman, 2007). Com relação ao gênero, Haring et al. (1984), através de uma meta-análise composta por 146 estudos, descobriram que o gênero contribuiu com menos de 1% para a variação dos índices de bem-estar reportados. Além deles, Inglehart (1990) entrevistou mais de 150 mil pessoas ao longo de 16 países e obteve índices equivalentes de satisfação com a vida entre os dois gêneros (apud Ferraz, Tavares & Zilberman, 2007). No estudo de Brickman et al. (1978), os pesquisadores descobriram que, ao longo da vida, nossos índices de felicidade costumam ser estáveis e que dependem menos de eventos externos do que se imagina. Observaram que as pessoas reagem a eventos bons ou ruins de modo intenso, mas que tendem a se adaptar rapidamente a estes eventos, voltando para o nível de felicidade relativamente estável e semelhante ao que era anteriormente (Brickman et al, 1978). 2 3 23 DIMENSÕES DO BEM ESTAR PSICOLÓGICO O bem-estar psicológico é um construto baseado nateoria psicológica a respeito do funcionamento positivo ou ótimo. Os pontos de convergência entre definições provenientes de teorias do desenvolvimento humano, psicologia humanista-existencial e saúde mental constituem suas dimensões: autoaceitação, relações positivas com outros, autonomia, domínio sobre o ambiente, propósito na vida e crescimento pessoal. O bem-estar psicológico está associado a processos positivos relacionados à saúde. A questão sobre o que constitui o bem-viver tem sido um tema central na civilização ocidental desde os antigos filósofos gregos. Contudo, a inclusão do estudo do bem-estar no âmbito psicológico no domínio da investigação científica deu-se apenas na década de 1960, impulsionada por grandes transformações sociais (por exemplo o fim da Segunda Guerra Mundial) e pela necessidade de desenvolver indicadores sociais de qualidade de vida (Diener, 1984; Galinha & Ribeiro, 2005; Keyes, 2006; Ryff, 1989). 2 4 24 Durante esse período, psicólogos sociais e do comportamento perceberam que, até então, tinham-se explorado a fundo questões sobre as doenças mentais e o sofrimento humano, porém sabia-se muito pouco sobre aspectos como a saúde mental e a felicidade (Diener, 1984; Ryff, 1989). Diversos termos eram empregados nessas pesquisas, tais como: felicidade, satisfação, estado de espírito, moral, afeto positivo, avaliação subjetiva da qualidade de vida, entre outros (Diener, 1984). O trabalho de Diener (1984) é um marco na tentativa de sistematização dos estudos na área, cunhando o termo Bem-Estar Subjetivo (BES) para representá-la. O BES é definido como um conjunto de fenômenos que incluem respostas emocionais, domínios de satisfação e julgamentos globais de satisfação de vida. Existem, entretanto, três componentes básicos do BES: satisfação de vida, altos níveis de afeto positivo e baixos níveis de afeto negativo. Aristóteles em sua doutrina ética propõe que o bem-viver resulta da eudaimonia, isto é, provém da ação em direção ao desenvolvimento dos potenciais únicos 589BEM-ESTAR PSICOLÓGICO Estudos de Psicologia I Campinas I 29(4) I 587-595 I outubro - dezembro 2012 de cada pessoa (Ryff, 1989; Waterman, 1993). Consequentemente, a eudaimonia está relacionada às experiências de desenvolvimento pessoal, autorrealização e sentido de vida. Existem pelos menos três importantes conclusões derivadas das investigações a respeito dos correlatos desenvolvimentais, psicossociais e sociodemográficos do BEP. A primeira sugere que com o avançar da idade, as pessoas tendem a ser mais confiantes em suas crenças e experiências pessoais, e também manejam melhor o ambiente a fim de atender às suas necessidades. Entretanto, o mesmo processo conduz a uma minimização da busca de objetivos de vida e do investimento no desenvolvimento pessoal. A segunda conclusão é que existe uma forte conexão entre o nível de desigualdade social e o BEP, já que maiores níveis de bem-estar estão presentes em pessoas que possuem melhores oportunidades e condições socioeconômicas. Por fim, no que tange à personalidade, fica evidente que não somente os traços neuroticismo e extroversão desempenham uma influência 2 5 25 relevante nos níveis de BEP, mas que outros traços de personalidade também se relacionam com o construto. Isso demonstra uma maior complexidade entre a associação do BEP e traços de personalidade, comparada a outros indicadores de bem-estar. O Bem-Estar Psicológico é um construto multidimensional que reflete características relativas ao funcionamento psicológico positivo ou ótimo. Ao basear- -se na teoria psicológica, reúne avanços conceituais e achados empíricos de décadas de pesquisas nas áreas do desenvolvimento humano, psicologia humanista- -existencial e saúde mental. Do ponto de vista metateórico, o BEP representa a tradição eudaimonica do estudo do bem-estar, resgatando o sentido original do bem-viver na doutrina aristotélica. 2 6 26 CONCLUSÃO Cada indivíduo exibe características mais fortemente que os outros, não havendo perfeição. O ser humano está sempre em busca da autorrealização, pois ela não é estática, faz parte do desenvolvimento humano, independente da cultura, tornando a abordagem de Maslow claramente humanista, sobrevivendo até hoje. Portanto, para vivenciar, na prática, o seu potencial infinito e, ser tudo aquilo que deseja ser, em sua carreira; o indivíduo precisa ter todas as suas necessidades atendidas e o domínio de competências e habilidades técnicas, emocionais e comportamentais que lhe ajudem a maximizar seu sucesso. A autorrealização pode ser impulsionada pela qualidade do ambiente de trabalho, mas, sobretudo, é um resultado do profissional e daquilo que ele acredita ser o melhor caminho para conquistar autossatisfação e grandes realizações em sua vida. Por fim, podemos concluir que, de modo geral, para conquistar sua autorrealização, a pessoa também precisa sentir que: física, emocional e espiritualmente, está pleno e equilibrado. Precisa ainda criar as condições necessárias para transformar a si, para evoluir continuamente, transcender suas possibilidades e tornar, por meio de seus esforços, conhecimentos, talentos e habilidades, os seus sonhos, desejos, ideias e objetivos em realidade. Então, invista em conhecer mais sobre si mesmo, defina o seu conceito de sucesso, investigue, se auto questione, busque a sua verdade interior, valorize cada experiência, absorva os aprendizados e lute incessantemente, para ter uma vida com propósito e que faça sentido para você. Se livre das verdades absolutas (elas não existem) e principalmente, de agradar os outros. Tenha ousadia e coragem para SER você mesmo! 2 7 27 REFERÊNCIA BARROS, R. M. A.; MARTIN, J. I. G. & CABRAL PINTO, J. F. V. (2010) INVESTIGAÇÃO E PRÁTICA EM PSICOLOGIA POSITIVA. PSICOL. CIENC. PROF., 30(2): 318-327. BERGAMINI, C. W. (1997). MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES. SÃO PAULO: ATLAS. BIJOU, S. W. & BAER, D. M. (1961). DESENVOLVIMENTO INFANTIL. VOL. 1. A SYSTEMATIC AND EMPIRICAL THEORY. NEW YORK: VAN NOSTRAND. BIRNEY, R. C. & TEEVAN, R. C. (1962). MEASURING HUMAN MOTIVATION. NEW YORK: VAN NOSTRAND. BORGES, L. O., & ARGOLO, J. C. T. (2002). 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