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SAÚDE-FÍSICA-E-EMOCIONAL

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TITULO- MODELO DE APOSTILA 
SAÚDE FÍSICA E EMOCIONAL 
 
 
1
 
1 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
O QUE É SAÚDE EMOCIONAL? ............................................................ 6 
CORPO E MENTE SÃO INSEPARÁVEIS ............................................... 8 
PSICOSSOMÁTICA............................................................................... 11 
QUALIDADE DE VIDA ........................................................................... 14 
SAÚDE MENTAL ................................................................................... 15 
HUMANIZAÇÃO .................................................................................... 21 
A RELAÇÃO ENTRE SAÚDE EMOCIONAL E SAÚDE FÍSICA ............ 26 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 28 
 
 
 
 
 
2
 
2 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 
3 
INTRODUÇÃO 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998) desde que alterou o 
conceito, define saúde não mais apenas como ausência de doença e sim com 
um estado de bem-estar físico, psíquico, social e espiritual. Partindo dessa 
premissa, o papel das ciências da saúde não é apenas a prevenção e a cura, 
mas a promoção de saúde. Desta maneira, torna-se necessário que se tenha 
uma visão holística a respeito do ser humano, que comtemple não apenas a 
doença, a patologia, mas também inclua suas virtudes e potenciais, para se 
entender o significado de promoção de saúde. Neste cenário, a psicologia se 
inseriu buscando estudar as características positivas dos seres humanos, 
promotoras de saúde e bem-estar. 
A partir de 1998, o psicólogo Martin Seligman, passou a defender em seus 
discursos e escrever artigos em favor de uma psicologia que olhasse para o lado 
positivo do ser humano, olhando potenciais e virtudes, denunciando que a 
psicologia negligenciava esse aspecto da existência humana, preferindo sempre 
compreender o homem como neurótico e patológico. Um novo olhar foi lançado 
acerca do sujeito, um olhar mais amplo e crítico, notando não apenas a doença 
ou a ausência dela, mas sim todo o contexto que permeia a situação. 
 
 
4
 
4 
Seligman e Csikszentmihalyi denominaram de psicologia positiva, o 
conjunto de trabalhos e esforços da psicologia interessados em estudar os 
fenômenos positivos da existência humana. Esse primeiro passo dados por 
esses teóricos, possibilitou um aumento exponencial das pesquisas nessa nova 
área de conhecimento, o que fez com que a Psicologia positiva se tornasse um 
movimento em pleno desenvolvimento. Alguns dos campos de estudo que 
receberam uma maior atenção foram a felicidade ou bem-estar subjetivo, 
resiliência, qualidade de vida, altruísmo, etc. (Schultz e Schultz, 2005) 
 
Nossa mensagem é lembrar que o campo da psicologia não é somente o estudo 
da patologia, fraqueza e danos; é também o estudo da força e virtude. 
Tratamento não é somente consertar o que está quebrado; é alimentar o que é 
melhor. Psicologia não é somente uma filial da medicina preocupada com saúde 
e doença; é muito mais. É sobre trabalho, educação, amor, crescimento; e viver 
(SELIGAMN e CSIKSZENTMIHALYI, 2000, p.7). 
 
Pode-se definir então que o objeto de estudo da psicologia positiva então, 
é buscar compreender como, porque e sob quais condições as positivas 
emoções, positivas instituições e positivos traços aparecerem (SELIGMAN, 
STEEN, PARK e PETERSON, 2003). Sendo assim, ela faz um convite aos 
psicólogos a analisarem e buscarem as causas ou efeitos do lado positivo que o 
ser humano é capaz de demonstrar, porém parte do pressuposto que os seres 
humanos são capazes de viver de maneira virtuosa e com felicidade 
(SELIGMAN, STEEN, PARK e PETERSON, 2005). 
O intuito não é acabar com os estudos ou os atendimentos voltados para 
a patologia ou as neuroses, mas sim, estabelecer um entendimento mais 
completo do ser humano que leve em consideração suas potencialidades ou até 
mesmo as fragilidades. Uma boa parte das ideias defendidas por essa nova 
concepção, tem muitas semelhanças com a psicologia humanista. Um dos 
grandes pioneiros dessa nova abordagem foi Maslow. 
 
 
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5 
Outra característica comum se refere à concepção de personalidade, 
como coloca Vianna (2005), para a psicologia positiva, o homem é capaz de ser 
auto-organizado, autodirigido e adaptável. Esta concepção vai de encontro com 
as noções de personalidade de Maslow e Rogers, psicólogos humanistas. 
Paludo e Koller (2007) afirmam que houve um resgate dos conceitos e objetivos 
da psicologia humanista, havendo importantes discussões entre as relações 
entre a psicologia positiva e a psicologia humanista, com os psicólogos 
humanistas se dividindo em dois grupos, os que aceitam as ideias de Seligman 
(RESNICK e SERLIN, 2002, TAYLOR, 2001) e os que a rejeitam (PAVAREM, 
2001 e SOLODOD, 2000). 
Ao desenvolver as forças e virtudes do ser humano, pode-se proporcionar 
a possibilidade uma vida mais saudável (LEMOS e CAVALCANTE, 2006) e com 
os resultados das investigações da psicologia positiva sobre estes fatores abre-
se a possibilidade do trabalho do psicólogo no planejamento de saúde pública 
(CALVETTI, MULLER e NUNES). Nessa nova etapa, iremos nos aprofundar nos 
aspectos da saúde física e emocional. 
 
 
 
 
 
 
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6 
O QUE É SAÚDE EMOCIONAL? 
 
 
A saúde emocional ou saúde mental é o bem-estar psicológico em geral. 
Isso inclui a forma de se sentir em relação a si mesmo, a qualidade das relações 
e a capacidade de controlar os sentimentos e de enfrentar as dificuldades. A boa 
saúde emocional não é apenas a ausência de problemas de saúde mental. Estar 
mentalmente ou emocionalmente saudável é muito mais que estar livre da 
depressão, ansiedade ou outros problemas psicológicos. 
A saúde mental e emocional se refere a presença de características 
positivas, como autoconfiança, capacidade de lidar com o estresse e se 
recuperar de uma adversidade, amor pela vida, capacidade de rir e se divertir, 
capacidade de construir e manter relações satisfatórias e flexibilidade para 
aprender coisas novas e se adaptar às mudanças, entre outras. 
 
 
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7 
Essas características positivas da saúde emocional nos permitem 
participar da vida de maneira plena através de atividades importantes e 
relacionamentos sólidos. Além disso, essas características positivas também 
nos ajudam a encarar os desafios e astensões da vida. 
Estar emocionalmente saudável não significa não passar por maus 
momentos ou nunca experimentar problemas emocionais. A diferença é que as 
pessoas com boa saúde emocional têm uma grande capacidade de se recuperar 
das adversidades, do trauma e do estresse. Essa capacidade é conhecida como 
resiliência. As pessoas que estão emocionalmente saudáveis têm as 
ferramentas para encarar situações difíceis e manter uma atitude positiva. 
Um dos fatores chave da resiliência é a capacidade de equilibrar o 
estresse e as emoções. A capacidade de reconhecer as emoções e expressá-
las adequadamente ajuda a evitar que você fique preso na depressão, ansiedade 
ou outros estados de ânimo negativos. Outro fator chave é ter uma rede de apoio 
forte. Ter ao seu lado gente de confiança para ajudar na busca de incentivo e 
apoio aumentará a capacidade de recuperação em tempos difíceis. 
Cuidar do corpo é muito importante para ter uma boa saúde emocional.. 
Quando se melhora a saúde física, automaticamente é possível notar um bem-
estar mental e emocional maior. É que o exercício não apenas fortalece o 
coração e os pulmões, mas também libera endorfinas, substâncias químicas 
poderosas que nos dão energia e elevam nosso estado de ânimo. 
Descansar adequadamente, manter uma boa alimentação, fazer 
exercícios, receber luz solar natural e evitar o consumo de álcool, tabaco e 
drogas é o básico para iniciar o caminho rumo a uma boa saúde física. Para 
melhorar a saúde mental você deve cuidar de si mesmo. 
Para manter e reforçar a sua saúde mental e emocional é importante 
prestar atenção às suas próprias necessidades e sentimentos. Não deixe que o 
estresse e as emoções negativas se acumulem. Trate de manter um equilíbrio 
entre suas responsabilidades diárias e as coisas de que você gosta. Se você 
cuida de si mesmo, estará mais preparado para enfrentar os desafios quando 
eles surgirem. 
 
 
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CORPO E MENTE SÃO INSEPARÁVEIS 
 
 
Uma das impossibilidades da vida, é separar as emoções da biologia. 
Alguns exemplos de emoções como o medo, a tristeza, a ira, a raiva, a fúria e a 
frustração, entre outras, se vividas repetidamente, tornam-se tóxicas e 
funcionam como venenos emocionais que contaminam o nosso organismo. O 
impacto das emoções negativas em no organismo podem ser devastadores, e 
podem ocasionar doenças graves como estresse e ansiedade, alterações do 
sono ou doenças crônicas ou mais graves como AVC, colesterol elevado, 
depressão, ataques cardíacos e úlceras no estômago. 
Se, pelo contrário, vivenciamos emoções positivas, o corpo pode ficar 
mais relaxado, o que diminuirá consideravelmente os níveis de estresse, e o 
estado de vigilância, isso ocasionará uma melhora geral no bem-estar. Para se 
cuidar do corpo, torna-se imperativa que a mente também seja bem cuidada. 
Como nossas emoções são produtos de tudo o que pensamos sobre nós 
mesmos, as pessoas a nossa volta, sobre a vida como um todo, podemos fazer 
do pensamento um grande aliado no processo de cura. 
 
 
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9 
 
Uma das formas de aprender a lidar com esses problemas que possam 
surgir nas nossas vidas, é através de terapia, podendo ser ela individual, de 
casal, familiar ou coletiva. Conhecer os nossos gatilhos de ansiedade e medo, 
técnicas de como voltar, como lidar com pessoas difíceis ou desagradáveis ao 
nosso redor, etc., são partes da terapia. 
Pessoas felizes adoecem menos. Essa afirmativa é comprovada pela 
neurociência. Através de estudos, ficou comprovado que pessoas mais felizes 
ou emocionalmente equilibradas tendem a adoecer menos, e quando 
acometidas por algum tipo de patologia, apresentam uma melhora mais rápida e 
significativa, e ainda demonstram menos riscos de recaídas. 
É possível moldar as emoções, este é um gesto a empreender para 
conseguir uma vida melhor. Em primeiro lugar, é necessário perceber para onde 
dirigimos o nosso diálogo interior. Da qualidade dos nossos pensamentos, 
resultará a qualidade das nossas emoções. Se desejamos estar bem e com 
saúde, então não nos devemos focar no estar doente e no mal que sentimos. O 
foco deve estar no presente e naquilo que, neste momento, consegue controlar 
e no que quer alcançar. 
 
 
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Existem quatro emoções básicas que regem a nossa vida, são elas, raiva, 
medo, alegria e tristeza. Todas as outras emoções que experenciamos são 
derivadas dessas iniciais. Para que se tenha o controle dessas emoções se faz 
necessário que as conheça e compreenda. 
 
 
 
 
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PSICOSSOMÁTICA 
 
 
 
Esse conceito parte do princípio de que somos seres biopsicossocial-
ecológico-energético-espiritual. Ter essa concepção mais integrativa, traz 
alterações até mesmo para o contexto sócio educacional terapêutico, pois faz 
com que se tenha uma nova compreensão acerca do adoecimento, já que os 
componentes emocionais se tornam evidentes no equilíbrio (ou não) das 
estruturas orgânicas. 
Se torna imperioso reconhecer o elo existente entre os estados 
emocionais e os aspectos relacionados ao bem-estar físico, ou de forma mais 
simplista, entre os sentimentos e as doenças. E se identifica a correlação que 
todos os órgãos têm com o significado emocional e psicológico. Diante de tal 
constatação, pode-se dizer que o adoecimento revela uma desordem interna, e 
 
 
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nossos conflitos emocionais se traduzem em somatizações que perturbam o 
equilíbrio físico. 
Uma das características comum dos Transtornos considerados 
psicossomáticos, é a presença de sintomas físicos que sugerem uma condição 
médica geral, não sendo, porém, completamente explicados por essa condição 
nem pelos efeitos de qualquer substância ou nem, ainda, por um outro transtorno 
mental. Nos anos 1930, com o regime nazista da Alemanha se expandindo, 
muitos psicanalistas europeus radicaram-se nos Estados Unidos, entre eles 
Alexander, Felix Deutsch e Dunbar, fundando posteriormente a "Escola de 
Psicossomática de Chicago". Os pesquisadores alinhados a essa escola 
tentavam distinguir ponto por ponto o mecanismo de conversão histérica e a 
patogênese psicossomática. 
Quando os médicos não conseguiam encontrar agentes infecciosos ou 
outras causas diretas para uma determinada doença, Alexander levantava a 
hipótese de que fatores psicológicos poderiam estar envolvidos. Segundo o seu 
modelo de conflito nuclear, a presença de determinados conflitos inconscientes 
podia levar à manifestação de queixas físicas, sendo que cada doença física 
poderia ser compreendida como o resultado de um conflito psicológico 
fundamental ou nuclear. 
Ele pensava, por exemplo, que pessoas com "personalidade reumática" 
tendiam a reprimir a raiva e seriam incapazes de expressar emoções, o que as 
tornaria propensas a desenvolver artrite. Descreveu minuciosamente um grande 
número de transtornos físicos possivelmente causados por conflitos 
psicológicos, ajudando a estabelecer assim os pilares da medicina 
psicossomática. Por definição, a medicina psicossomática diz respeito ao 
diagnóstico e ao tratamento de doenças físicas que poderiam ser causadas por 
processos deficientes na mente (Andrade, 2003). 
Para Marty (1993, 1998), a unidade essencial do organismo está na 
hierarquização progressiva de todas as funções de sua organização. Quando os 
elementos de um certo nível evolutivo não se encontram presentes no momento 
desejado, devido à influência de traumatismos passados ou atuais, a nova 
 
 
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organização funcional é prejudicada, ocorrendo, assim, um movimento contra 
evolutivo de desorganização. Isso leva a uma regressão no nível das bases 
funcionais do início da eventual organização, mais evoluída, a qual não 
consegue se realizar. Essa regressão reorganizadora servede ponto de partida 
para uma reedição do movimento inicial para uma eventual organização mais 
evoluída, ocorrendo então uma repetição da tentativa de construção. 
No pensamento de McDougall (1996), as afecções psicossomáticas são 
resultados de determinados modos de funcionamento mental adquiridos nos 
primeiros meses de vida, antes da aquisição da palavra, predispondo o corpo a 
eclosões psicossomáticas, em vez de soluções neuróticas, psicóticas ou 
perversas. Embora sejam encontrados pontos divergentes nas concepções dos 
autores, algumas semelhanças podem ser observadas (como a função materna 
na organização psíquica do bebê), além da consideração sobre as eclosões 
somáticas que, na maioria das vezes, coincidem com acontecimentos os quais 
ultrapassam a capacidade de tolerância habitual das pessoas. 
Nota-se ainda que o organismo possui três vias de respostas para 
descarga das excitações: a orgânica, a ação e o pensamento, sendo esta última 
a mais evoluída delas. Diante de uma perturbação em seu funcionamento, o 
indivíduo pode, segundo as características de seu desenvolvimento e do seu 
momento de vida, ser acometido por patologias "psíquicas" ou "somáticas". 
Quando a dor psíquica e o conflito psíquico decorrentes de uma fonte de 
estresse ultrapassam a capacidade habitual de tolerância, em vez de serem 
reconhecidos e elaborados, eles podem ser descarregados em manifestações 
somáticas, remetendo a uma falha na capacidade de simbolização e de 
elaboração mental. Desse modo, com certas dificuldades de enfrentar tensões, 
o adoecer pode ser considerado uma tentativa de estabelecimento de um 
equilíbrio para o corpo, assim como o sintoma neurótico representa a saída para 
um conflito psíquico. 
 
 
 
 
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QUALIDADE DE VIDA 
 
Durante a vida, sofremos influência de vários fatores como por exemplo, 
fatores orgânicos como doenças, estresse, falta de vigor, falta de energia. 
Fatores sociais como casamento, filhos, emprego, escola. Ou ainda, fatores 
psicológicos aceitação, valorização, progresso, crescimento. Em linhas gerais, 
os efeitos de tudo isso podem ser observados através de fadiga, abandono, 
baixa auto-estima, desinteresse sexual, falta de compromisso, pessimismo, falta 
de fé, falta de perspectivas. 
Uma das formas de lidar com esses problemas, é através do 
desenvolvimento da resiliência. O termo RESILIÊNCIA vem da física e significa 
a capacidade humana de superar tudo, tirando proveito dos sofrimentos, 
inerentes às dificuldades. O equilíbrio humano é semelhante à estrutura de um 
prédio: se a pressão for superior à resistência, aparecerão rachaduras (isto é, 
doenças, lesões, problemas de ordem psicológica etc.). 
Dentre as mais diferentes doenças psicossomáticas que se manifestam 
no indivíduo que não possui resiliência, estão não apenas o estresse, mas 
doenças graves como a gastrite até a síndrome do pânico, incluindo ainda 
problemas como vaginites, doenças intestinais, hipertensão arterial, entre outros 
males. Durante o ciclo de vida normal, é necessário o indivíduo desenvolver a 
resiliência para conseguir ultrapassar as passagens com "ganhos", nas 
diferentes fases: infância, adolescência, juventude, fase adulta e velhice, 
incluindo mudanças como de solteiro para casado. 
Quanto mais resiliente for o indivíduo, haverá menos doenças e perdas e 
mais desenvolvimento pessoal será alcançado e, portanto, mais qualidade de 
vida. 
 
 
 
 
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SAÚDE MENTAL 
 
 
 
 
A saúde mental (ou sanidade mental) é um termo usado para descrever 
um nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional ou a ausência de uma 
doença mental. Na perspectiva da psicologia positiva ou do holismo, a saúde 
mental pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar 
um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência 
psicológica. A Organização Mundial de Saúde afirma que não existe definição 
"oficial" de saúde mental. Diferenças culturais, julgamentos subjetivos, e teorias 
relacionadas concorrentes afetam o modo como a "saúde mental" é definida. 
A rede de atenção à saúde mental brasileira, foi instituída no Brasil na 
década de 90, como parte integrante do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
 
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Compartilhando dos mesmos princípios do SUS, é uma rede pública, com base 
municipal, comunitária e articulada, voltadas para os cuidados da saúde mental. 
Essas redes são compostas por Centros de atenção Psicossocial (CAPS); 
Centros de Convivência; Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); 
Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Gerais. Os Conselhos Municipais, 
Estaduais e Nacional de saúde e as Conferências de Saúde Mental, garantem 
que haja a participação e o protagonismo dos usuários de saúde mental e de 
seus familiares na gestão do SUS, assim como na construção da rede de 
atenção à Saúde Mental. 
A Redes de Saúde Mental é uma rede ampla, não se restringindo apenas 
aos serviços de saúde mental do município. Para a construção dessa rede estão 
articuladas, de forma permanente, outras associações, instituições, 
cooperativas, e vários espaços da cidade, com o objetivo de promover a 
emancipação das pessoas em sofrimento mental. A rede de Saúde mental 
também busca incluir essas pessoas, que foram estigmatizadas ao longo do 
tempo, promovendo autonomia e a cidadania dessas pessoas. 
A articulação e os serviços promovidos pelas redes de atenção à saúde 
mental substituem o hospital psiquiátrico, a partir da construção de uma rede 
comunitária de cuidados, que visa acolher a pessoa em sofrimento mental ao 
invés de institucionalizá-la, consolidando assim, o que é proposto pela Reforma 
Psiquiátrica. 
A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação do Governo Federal, 
coordenada pelo Ministério da Saúde, que compreende as estratégias e 
diretrizes adotadas pelo país para organizar a assistência às pessoas com 
necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental. Abrange 
a atenção a pessoas com necessidades relacionadas a transtornos mentais 
como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno 
obsessivo-compulsivo etc., e pessoas com quadro de uso nocivo e dependência 
de substâncias psicoativas, como álcool, cocaína, crack e outras drogas. 
O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma estratégia de 
atenção fundamental para a identificação das necessidades assistenciais, alívio 
 
 
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do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e terapêuticas, 
se e quando necessárias, conforme cada caso. Os indivíduos em situações de 
crise podem ser atendidos em qualquer serviço da Rede de Atenção 
Psicossocial, formada por várias unidades com finalidades distintas, de forma 
integral e gratuita, pela rede pública de saúde. Além das ações assistenciais, o 
Ministério da Saúde também atua ativamente na prevenção de problemas 
relacionados a saúde mental e dependência química, implementando, por 
exemplo, iniciativas para prevenção do suicídio. 
 
 
Todos nós experimentamos, em determinadas situações da vida, 
sentimentos como ansiedade, tristeza, nervosismo, medo, vontade de ficar 
sozinho, desesperança, sensação de que alguém está querendo nos fazer algum 
mal, alterações constantes de humor e etc. Todas essas alterações de humor e 
pensamentos podem estar compreensivelmente relacionadas a circunstâncias 
de vida sobre a qual temos pouco controle ou que não podemos prever as 
consequências com exatidão. 
Quando falamos de um transtorno mental de caráter crônico e persistente 
sabemos que o indivíduo se deparara com uma ou mais barreiras que limitam 
sua igualdade de participação plena na sociedade e, portanto, considera-se este 
indivíduo com deficiência psicossocial. Assim, desde então, a definição do 
conceitode pessoa com deficiência tem possibilitado amparar, à luz da 
 
 
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legislação ,as pessoas que sofrem com transtornos mentais crônicos como, por 
exemplo, a esquizofrenia, transtorno bipolar, autismo, epilepsia e depressão que, 
até então, ficavam à margem da sociedade devido as barreiras sociais impostas: 
estigmas, relações interpessoais, preconceito, acesso à saúde, fatores de 
proteção, dentre outras. 
Os impactos de um transtorno mental na vida de uma pessoa são muitas 
vezes devastadores e somente com o apoio de equipe multiprofissional e bom 
suporte familiar e psicossocial é possível o controle e superação. No entanto, as 
marcas que a ruptura de um estado de saúde tido como normal para a transição 
em um quadro diagnosticado de transtorno mental traz em si um contexto 
histórico de perdas, frustrações e fragilidades que são por vezes estigmatizastes 
e excludentes. Indivíduos com transtornos mentais crônicos e persistentes, como 
a esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão grave, apresentam prejuízos 
funcionais e intelectuais que comprometem sua capacidade para atividades e 
desempenho. 
Entende-se por matriciamento, o suporte realizado por profissionais e 
diversas áreas especializadas dado a uma equipe interdisciplinar com o intuito 
de ampliar o campo de atuação e qualificar suas ações. (FIGUEIREDO apud 
SILVA; LIMA; ROBERTO; BARFKNECHT; VARGAS; KRANEN e NOVELLI, 
2010). Ou seja, “matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de produzir 
saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção 
compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica” 
(Ministério da Saúde, 2011, p. 13). O apoio matricial, formulado por Gastão 
Wagner em 1999, tem possibilitado, no Brasil, um cuidado colaborativo entre a 
saúde mental e a atenção primária (Ministério da Saúde, 2011 p. 13), e essa 
relação amplia a possibilidade de realizar a clínica ampliada e a integração e 
diálogo entre diferentes especialidades e profissões (CAMPOS e DOMITTI apud 
Ministério da Saúde, 2011). 
Em outras palavras, o matriciamento consiste em uma prática voltada à 
estruturação da rede de saúde por meio do fortalecimento das relações entre os 
profissionais e, consequentemente, destes com os outros atores sociais, 
 
 
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incluindo usuários e gestores. O matriciamento é tratado aqui em sua capacidade 
de fortalecimento dos sujeitos e coletivos, pela sua proposta de 
compartilhamento de saberes e práticas entre atores diversos, pela 
democratização das relações e pela transformação e superação de modelos 
hierarquizados (BERTUSSI, 2010; BRASIL, 2004). 
Para tanto, torna-se imprescindível a abertura de novos canais de diálogo, 
o que implica, necessariamente, civilizar fronteiras, dissolver as barreiras 
existentes entre especialistas e generalistas, entre clínica e gestão, entre quem 
formula e quem executa. Nesse sentido, a estratégia de matriciamento busca 
promover encontros entre equipes que devem estar juntas em um processo 
contínuo de comunicação para a integração de saberes e práticas. Vale ressaltar 
que não se trata apenas de um compartilhamento de saber como transmissão 
de informação, mas da construção de saberes, que se dá por intermédio desses 
encontros produtivos e, sobretudo, de corresponsabilização pela prática de 
cuidado. 
 
Principais fatos sobre Saúde Mental 
 
 A saúde mental é mais do que a ausência de transtornos mentais; 
 A saúde mental é uma parte integrante da saúde; na verdade, não há saúde 
sem saúde mental; 
 A saúde mental é determinada por uma série de fatores socioeconômicos, 
biológicos e ambientais; 
 Estratégias e intervenções custo-efetivas de saúde pública e intersetoriais 
existem para promover, proteger e restaurar a saúde mental. 
 
A saúde mental é uma parte integrante e essencial da saúde. A 
constituição da OMS afirma: “saúde é um estado de completo bem-estar físico, 
mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. Uma 
 
 
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implicação importante dessa definição é que a saúde mental é mais do que a 
ausência de transtornos mentais ou deficiências. 
Trata-se de um estado de bem-estar no qual um indivíduo realiza suas 
próprias habilidades, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar 
de forma produtiva e é capaz de fazer contribuições à sua comunidade. Saúde 
mental e bem-estar são fundamentais para nossa capacidade coletiva e 
individual, como seres humanos, para pensar, nos emocionar, interagir uns com 
os outros e ganhar e aproveitar a vida, lembra a organização. 
Nesta base, a promoção, proteção e restauração da saúde mental podem 
ser consideradas como uma preocupação vital dos indivíduos, comunidades e 
sociedades em todo o mundo. A promoção da saúde mental envolve ações para 
criar condições de vida e ambientes que apoiem a saúde mental e permitam às 
pessoas adotar e manter estilos de vida saudáveis. 
Um ambiente que respeite e proteja os direitos básicos civis, políticos, 
socioeconômicos e culturais é fundamental para a promoção da saúde mental. 
Sem a segurança e a liberdade asseguradas por esses direitos, torna-se muito 
difícil manter um elevado nível de saúde mental, de acordo com a organização. 
Políticas nacionais de saúde mental não devem se ater apenas aos transtornos 
mentais, mas também reconhecer e abordar as questões mais amplas que 
promovem a saúde mental. Elas incluem a integração da promoção da saúde 
mental às políticas e programas em setores governamentais e não 
governamentais. Além da saúde, é essencial envolver os setores de educação, 
trabalho, justiça, transporte, meio ambiente, habitação e bem-estar. 
 
 
 
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21 
HUMANIZAÇÃO 
 
Nessa etapa buscamos estabelecer possíveis conexões e repercussões 
entre duas políticas públicas de saúde: a Política de Saúde Mental, na 
perspectiva da Reforma Psiquiátrica, e a Política Nacional de Humanização 
(PNH). A imagem da ponte é aqui utilizada como metáfora das possíveis 
conexões existentes entre as duas políticas, forjadas no contexto do Sistema 
Único de Saúde e que, apesar de não terem sido inicialmente construídas uma 
para a outra, guardam estreitas relações entre si. Compartilham, entre outras 
afinidades, a promoção da autonomia e do protagonismo dos sujeitos; a inclusão 
das diferenças, como incremento às experiências coletivas; e a mudança nos 
modos de produção do cuidado em saúde. 
Para passar de um lado a outro do canyon, é 
necessária uma ponte. A ponte é o elemento que 
permite conectar uma ideia a outra, um tempo a outro. 
Pontes e viadutos são elementos que servem para 
transpor os abismos das gargantas. Transportar, 
transitar, reduzir distâncias. Elementos que 
estabelecem ligações, laços. São passagens. (FUÃO, 
2001) 
 
 
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A possibilidade de transformação e de qualificação das práticas de 
cuidado em saúde mental, na interface com a Política Nacional de Humanização 
(PNH), constitui-se, portanto, no fio condutor desse estudo. A interação proposta 
é fruto de um esforço para a construção de laços entre ambas, que apontem 
para a possibilidade de contribuir com o processo de qualificação das práticas 
de produção de um cuidado humanizado em saúde mental. Possibilidade, 
portanto, de construir pontes. 
Uma primeira ponte que se ergue é o diálogo profícuo entre os princípios 
do SUS e as diretrizes da PNH com o modo de cuidar em saúde mental, 
demandado pela Reforma Psiquiátrica (RP). O cuidado em saúde vem se 
constituindo, cada vez mais, como um dos principais desafios para a qualificação 
dos modos de produção da saúde. Configura-se como uma tecnologia que Merhy 
(2006) designou por “leve”, de caráter relacional e que se produz nos encontros 
entre usuários e trabalhadoresno campo da saúde. 
Em contrapartida, as dificuldades vividas pelo SUS nos colocam frente ao 
impasse de efetivar e garantir na prática os princípios que estão assegurados 
em lei. Temos hoje uma trajetória de fragmentação da rede de assistência e do 
processo de trabalho, onde o baixo investimento na qualificação profissional 
 
 
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incide sobre o despreparo das equipes para lidar com a dimensão subjetiva nas 
práticas de atenção e, não raro, resulta em desrespeito aos direitos dos usuários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma segunda ponte a ser erguida diz respeito à necessidade de 
diminuição do abismo existente entre a academia e os serviços de saúde. Os 
resultados nefastos dessa distância podem ser constatados, por um lado, 
quando os trabalhadores ressentem-se da dificuldade em obter um suporte 
teórico e metodológico condizente com seus impasses cotidianos e, por outro 
lado, quando as organizações acadêmicas se consomem na produção de 
conhecimento para si mesmas, caracterizando uma espécie de autofagia com 
poucos efeitos para a sociedade. Nesse sentido, a PNH tem desenvolvido 
estratégias de formação-intervenção que procuram incidir na lacuna existente 
entre bancos acadêmicos e demandas emergenciais dos serviços de saúde. 
(HECKERT; NEVES, 2010; PAVAN et. al, 2009; PASSOS; PASCHE, 2010) 
Autores como Benevides e Passos (2005) chamam a atenção para um 
processo de esvaziamento do conceito de humanização que tem desencadeado 
o enfraquecimento de sua capacidade de disparar movimentos de mudanças, 
responsáveis pela problematização e pelo arejamento das práticas de atenção e 
de gestão da saúde. Desse modo, muitas ações de cunho estritamente 
voluntarioso e assistencialistas têm sido desenvolvidas sob a genérica referência 
à humanização. 
 
 
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Desnaturalizar o conceito de humanização impõe, portanto, apontar 
para o jogo de forças, de conflitos ou de poder que institui sentidos 
hegemonizados nas práticas concretas de saúde, apostando, em 
contrapartida, na criação de um novo modo de fazer (BENEVIDES; 
PASSOS, 2006, p. 62). 
 
 
Como processo de transformação estrutural da visão da sociedade sobre 
a loucura e como política pública do SUS, a Reforma Psiquiátrica tem alterado, 
significativamente, as relações da sociedade com a loucura e o sofrimento 
mental. Apesar dos avanços inquestionáveis, desafios importantes se fazem 
presentes à consolidação desse processo reformista em nosso país. Entre eles, 
está a efetivação de um cuidado produtor de autonomia e protagonismo, que 
coloque em análise permanente nossas práticas de gestão e de atenção. O 
processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil iniciou no final da década de 1970, 
no contexto de redemocratização do Estado, e desenvolveu-se pari passu ao 
surgimento do movimento da Reforma Sanitária. 
Foi fortemente inspirado na experiência da Psiquiatria democrática 
italiana, cujas políticas de suporte social e garantias legais fizeram prosperar o 
processo de fechamento dos manicômios naquele país. Como todo processo 
reformista, no entanto, é importante frisar que, para além de mera reestruturação 
administrativa ou técnica, a Reforma Psiquiátrica requer profundas mudanças 
culturais, o que implica estabelecer um diálogo permanente com a sociedade, 
“[...] que possibilite a transformação do valor social desses sujeitos como ponto 
de partida para a construção de uma rede de relações e suporte” (AMARANTE; 
GULJOR, 2005, p. 71). 
Como processo social complexo, a Reforma Psiquiátrica aciona um 
conjunto de estratégias, no campo da macro e da micropolítica, que se desdobra 
em várias dimensões: política, social e clínica. Bezerra Jr. (2007) considera que 
no enfrentamento dos “nós” críticos presentes em cada uma dessas três 
dimensões residem os principais desafios para a consolidação da Reforma 
Psiquiátrica no Brasil. Na dimensão da clínica trata-se de questionar o agir 
terapêutico que supervaloriza uma relação com a doença, enquanto fato objetivo 
e natural, perdendo de vista o que deveria considerar como sua principal 
preocupação: o sujeito em sofrimento. 
 
 
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O autor destaca a importância do comprometimento por parte da gestão 
de saúde mental, em todos os seus níveis, na indução de transformações nas 
práticas de assistência. Esse comprometimento passa por mecanismos de 
financiamento que garantam a ampliação e a sustentabilidade de uma rede de 
serviços, além de estratégias efetivas de educação permanente e crítica dos 
profissionais de saúde. 
 
[...] produzir uma nova sensibilidade cultural para com o tema da 
loucura e do sofrimento psíquico. Trata-se de promover uma 
desconstrução social dos estigmas e estereótipos vinculados à loucura 
e à figura do doente mental, substituindo-os por um olhar solidário e 
compreensivo sobre a diversidade e os descaminhos que a experiência 
subjetiva pode apresentar, olhar fundado numa atitude de respeito, 
tolerância e responsabilidade com aqueles que se encontram com sua 
normatividade psíquica restringida (BEZERRA JR., 2007, p. 247). 
 
 
 
Assim, as estratégias adotadas pelo movimento da Reforma Psiquiátrica 
organizaram-se com base em dois eixos: a desconstrução do modelo 
hospitalocêntrico e a expansão de uma nova proposta de cuidados em saúde 
mental. Com isso, pretende-se avançar no que é mais complexo e fundamental 
para se levar a cabo um processo de reforma, que é a dimensão institucional. 
Recorremos ao conceito de desinstitucionalização na compreensão da complexa 
tarefa de cuidar em liberdade. 
Desse modo, o processo de desinstitucionalização requer mudanças 
significativas nas relações da sociedade como um todo, com o portador de 
sofrimento mental e com a loucura. Mudanças que apontem na direção de 
ampliar as possibilidades de encontros com o diferente, que transversalizem os 
processos de comunicação entre os sujeitos e que produzam modos de 
subjetivação mais autônomos. 
 
 
 
 
 
 
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26 
A RELAÇÃO ENTRE SAÚDE EMOCIONAL E SAÚDE 
FÍSICA 
 
Quando falamos de saúde, geralmente a associação que fazemos é com 
o corpo e suas necessidades. É de conhecimento geral que o ser humano, para 
alcançar um bom nível de saúde física, precisa se comportar de determinada 
maneira, incluindo em seu cotidiano visitas regulares ao médico, prática de 
exercícios físicos e alimentação equilibrada. Resumidamente, se as pessoas 
cumprirem este script, terão saúde física garantida, não é mesmo? 
Chama a atenção as inúmeras internações que ocorrem sem diagnóstico, 
ficando difícil, até mesmo impossível para o médico naquele momento, entender 
a causa do desconforto do paciente em questão. Nesses casos, a psicologia 
hospitalar pode ser acionada, pois o médico passa a desconfiar que a queixa do 
paciente esteja relacionada mais com a saúde mental do que com a saúde física. 
Em muitas situações observamos que os sintomas físicos sem 
diagnóstico têm relação com quadros de ansiedade (taquicardia, sudorese 
excessiva, tremores, sensação de desmaio) e depressão (dores no corpo, 
cansaço extremo, insônia). Pacientes psiquiátricos graves (psicoses, transtornos 
de personalidade) podem manifestar muito desconforto no corpo, e o mesmo 
pode ocorrer em situações de luto (a perda de um ente querido, do emprego, o 
término do casamento, um aborto). Existem diversos motivos capazes de causar 
dor emocional, por isso a importância de uma entrevista detalhada com o 
paciente, a fim de construir um caminho que possibilite a reflexão. 
De modo geral, a dor física pode se manifestar no corpo como resposta a 
uma dor emocional não elaborada. Quando não resolvemos algo, de alguma 
maneira essa situação fica “cutucando” e a sensação dolorosa acontece. 
Pacientes que já fizeram ou fazem psicoterapia ou mesmo acompanhamento 
psiquiátrico costumam aceitarcom mais facilidade a hipótese de dor emocional 
do que pacientes que nunca entraram em contato com equipe de saúde mental. 
 
 
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27 
Eles podem, inclusive, ser resistentes à intervenção da psicologia ou 
psiquiatria. Geralmente, essas pessoas ficam insatisfeitas com a ausência de 
diagnóstico e esperam do médico que continue pedindo exames até encontrar 
uma causa direta (o que, para elas, seria algo realmente concreto). É importante 
respeitar o posicionamento de cada um e deixar o paciente à vontade para 
rejeitar a hipótese emocional levantada pela equipe médica. 
Muitas vezes, a saúde mental é negligenciada pelo próprio paciente em 
nome de medicações que trazem alívio dos sintomas físicos como ansiolíticos e 
antidepressivos – uma vez que pensar sobre a vida e suas implicações costuma 
incomodar, até mesmo doer. Portanto, tratar somente com medicações não 
resolve a causa do problema e da dor. O tratamento deve ser de forma integral, 
incluindo aí o acompanhamento psicológico, caso contrário há um grande risco 
de reincidência, com o paciente apresentando o mesmo quadro de dor, inclusive 
com possibilidade de uma nova internação. 
A psicoterapia é uma das ferramentas indicadas para a melhora da saúde 
mental do paciente, podendo reduzir episódios de dor. À medida que a dor ganha 
significado, é possível verbalizá-la, ou seja, traduzi-la em forma de palavras, 
fazendo com que se dissipa. A verbalização significa que a dor foi elaborada pelo 
paciente, e isso pode evitar que ela se torne crônica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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