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PROJETO MsC 2

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Linha de Pesquisa: Desigualdades Sociais e Políticas de Desenvolvimento Territorial
AS DESIGUALDADES SOCIAIS DE SÃO FÉLIX PELA ÓTICA DO JORNAL CORREIO DE SÃO FÉLIX (1942-1962)
1. PROBLEMATIZAÇÃO
A disparidade social enquanto fenômeno apresenta-se em diversos contextos históricos e em diferentes sociedades. Nesta forma de pensar e analisar as questões sociais, leva-se em conta o gênero[footnoteRef:1] humano e em última análise a própria condição social dos indivíduos. Com efeito as Ciências humanas e os debates ideológicos buscam conhecer, ou definir os homens e a origem das disparidades em sociedades dissemelhantes, buscando desta maneira, analisar e desvendar a origem das diferenças dos homens. [1: Para gênero, utilizaremos aqui o ponto de vista próprio das Ciências Sociais. Conceitos referenciados por. Lévi-Strauss (1970): Leris (1970) e contribuições de Bourdieu (2007/2008).
] 
Esta pesquisa pretende analisar as desigualdades sociais sob o prisma dos meios de comunicação, em especial através das notícias publicadas no Jornal correio de São Félix, no período compreendido entre 1942-1962. Desse modo buscando aferir a relevância social das notícias jornalísticas. 
Os jornais são uma importante fonte de pesquisa por sua notória eficácia no processo de transmissão das informações. “[...] ao lado da História da imprensa e por meio da, o próprio jornal tornou-se objeto da pesquisa histórica.”. (PINSKY, 2006, p.118). Sendo os jornais necessariamente condutores da produção; circulação e consumo das notícias, abordando assuntos diversos, no âmbito político, econômico e social. 
Esta pesquisa busca analisar o contexto social em que o Jornal Correio de São Félix está inserido, avaliando deste modo a conjuntura político-social da sociedade sanfelista. Os periódicos são objeto de investigação em si, por apresentar e transmitir as informações, fatos sociais e/ou fenômenos. Através da análise das fontes, pretende-se relacionar a utilização dos meios de comunicação com a produção de notícias de cunho político-social, realizando desta forma uma abordagem qualitativa das notícias no âmbito local, da cidade de São Félix.
Este viés representativo dos meios de comunicação (rádio/jornais) deve-se a sua importância e abrangência social nas décadas de 1940-60, funcionando como veículos eficazes de vinculação, influencia e/ou direcionamento dos conceitos e comportamentos sociais.
2. OBJETIVOS 
2.1 Geral
1.	 Analisar as desigualdades de São Félix sob a ótica do Jornal Correio de São Félix.
2.2 Específicos
1. Realizar uma abordagem qualitativa do Jornal de São Félix.
2. Analisar o contexto social do município de São Félix.
3. Analisar os meios de comunicação.
3. REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO
Referencial Teórico 
Apesar de todos os progressos de afastar da espécie humana seu “estado primitivo”, tanto mais somos incapazes de conhecer o homem. Diz Rousseau (2001) e mais ainda sobre a constituição humana em sua essência.
É fácil ver que é nessas mudanças sucessivas da constituição humana que é preciso procurar a primeira origem das diferenças que distinguem os homens, os quais, de comum acordo, são naturalmente tão iguais entre si quanto o eram os animais de cada espécie antes de diversas causas físicas terem introduzido em alguns as variedades que notamos. Efetivamente, não é concebível que essas primeiras mudanças, por quaisquer meios que se tenham realizado, tenham alterado, ao mesmo tempo, e da mesma maneira, todos os indivíduos da espécie; mas, tendo uns se aperfeiçoado ou deteriorado e adquirido diversas qualidades, boas ou más, que não eram inerentes à sua natureza, permaneceram os outros mais tempo em seu estado original; e tal foi, entre os homens, a primeira fonte da desigualdade, mais fácil de demonstrar assim, em geral, do que assinalar com precisão as suas verdadeiras causas. (ROUSSEAU, 2001, pp.29-30).
De certa maneira Rousseau, nos alerta para a dificuldade das Ciências Humanas em definir um Paradigma racional de estudo sobre estas questões relacionadas as desigualdades sociais e as mudanças constitutivas dos seres humanos.
François Marie Arouet[footnoteRef:2] (Voltaire), contrapõe-se a Rousseau, quando levanta questionamentos sobre o direito natural. Ou seja, se a intolerância pode ser de fato direito natural dos homens. Isto é, questiona principalmente se a “origem” das desigualdades dos homens, provem da sua intolerância, seja ela política, cultural ou religiosa. [2: Conf. VOLTAIRE, François Marie Arouet. Tratado sobre a Tolerância. Tradução de Willian Lagos. Editora L&PM 2008. ISBN-13: -978.85.254.1801-2. A obra de Voltaire, relata a História da condenação e morte de Jean Calas, Toulouse (1762) e a intolerância religiosa. Para Voltaire a origem das desigualdades dos homens provem das suas propensões (índole, natureza, gênio) e intolerância, sejam elas políticas, culturais e ou religiosas.] 
Para Voltaire (2008) o direito natural é um direito universal. “O direito humano não pode ser fundamentado em nenhum caso senão sobre esse direito da natureza; e o grande princípio, o princípio universal de um e do outro, é o mesmo em toda a terra”. (VOLTAIRE 2008, p.28). Seguindo esta lógica das escolas francesas de conhecimento. “As leis no seu sentido mais amplo, são relações necessárias que derivam da natureza das coisas.”. (MONTESQUIEU,1985, p.25). Neste sentido Montesquieu, afirma que as leis naturais e as leis criadas pelos homens determinam a natureza e as disposições das coisas.
Para Montesquieu (1985) existem dois tipos de leis[footnoteRef:3] e uma correlação diretamente proporcional entre elas. “Existe, portanto, uma razão primeira e as leis são as relações que se encontram entre ela e os diferentes seres, e as relações desses diversos seres entre si.”. (MONTESQUIEU, ibid., p.25). Esta linha de pensadores franceses, influenciada pelo Iluminismo, movimento fundamentado nos dos direitos humanos instituídos na Revolução Francesa[footnoteRef:4]. “Liberté, Égalité, Fraternité”. [3: “As leis naturais, de origem divina feitas por um ser supremo, que ordena e rege a natureza, que são perfeitas e inquestionáveis. As leis determinadas pelo homem.”. (MONTESQUIEU. op. cit., p.25).] [4: Sobre a Revolução Francesas. Conf. Vovelle (2007).] 
No âmbito nacional temos a Constituição Federal de 1988, que disponha sobres os Direitos e Garantias Fundamentais e Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. “Art. 5º.Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade[...]”. (BRASIL. 2016, p. 13). 
Segundo os Princípios Constitucionais da Igualdade todos são “iguais” perante a Lei. “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”. (BRASIL. Ibid., p. 18).
Segundo Nancy Leys Stepan (2004) as desigualdades sociais devem-se em grande mediada as origens estruturais e sociais do Brasil entre 1900 e 1940.
Aqui, é examinada a eugenia no Brasil, maior país da América Latina e o primeiro da região a ter um movimento eugênico organizado. Entre1900 e 1940, o Brasil passou por profundas mudanças sociais e políticas provocadas por uma industrialização tardia e ‘dependente’, pela urbanização e por uma maciça imigração européia. Em outras partes do mundo, muitas dessas mudanças estiveram associadas à eugenia. (STEPAN, 2004, p. 334).
Conforme Leris (1970), diversos fatores são determinantes para a origem da diferenciação dos homens. Deve-se a influência de correntes teóricas, “evolucionistas”, como a eugenia, que em geral fundamentam-se em caraterísticas físicas (genéticas) de diferenciação.
A noção de “raça”, como vimos, funda-se na ideia de caracteres físicos transmissíveis que permitem distribuir a espécie Homo sapiensem vários grupos que equivalem ao que botânica se chama “variedade “. Ora o que torna a questão delicada, mesmo dêsse ponto de vista, é que não podemos ater-nos a uma única característica para definir uma raça (há por exemplo, hindus de pele escura que se diferenciam dos negros em muitos outros pontos para que se possa considera-los como tais). (LERIS, 1970, p. 197).
A formação de critérios que justifique a superioridade de uns sobre os outros, constituem para Rousseau (2001). “O problema da formação e da identificação da vontade geral.”. Pode-se notar que estás teorias fundamentam-se genericamente nas caraterísticas físicas, utilizando também parâmetros para diferenciar os homens por suas diferenças linguísticas, culturais, politicas (ideológicas) e religiosas. 
Para Lévi-Strauss (1970), esta tentativa de diferenciação pertence a um processo histórico de racismo. “Seria inútil ter consagrado tanto talento e tantos esforços para mostrar que nada no atual estado da ciência, permite afirmar a superioridade intelectual de uma raça em relação a outra [...].”. (STRAUSS, 1970, p. 231).
A cultura, a vida social, a política, o cenário econômico são pertinentes a qualquer sociedade. As notícias dos jornais funcionavam como porta voz de um indivíduo ou de um grupo, as publicações jornalísticas de modo geral representavam os interesses de uma classe hegemônica, influenciadas pelo Estado ou Instituições. 
Sobre o controle do Estado e interesses de classes, tomemos como exemplo a Prússia (1848), que volta-se contra a imprensa, com intervenções violentas. “A “Montanha[footnoteRef:5]”, por sua vez, está ocupada com a mesma constância em rechaçar esses ataques e assim defender os “eternos direitos humanos”. (MARX, 2011, p.59). [5: Fração dos pequeno-burgueses democratas presente na Assembleia Nacional de 1848. (Nota do autor).] 
O vínculo entre as produções jornalísticas e a sociedade brasileira, remonta ao século XIX, a princípio controladas pelo poder régio. Carregados de elementos sociais e ideológicos.
Os elementos sócio- históricos e ideológicos, não são apenas extras aos quais o texto se soma para se tornar discurso. Não há sujeito que não seja constituído pela ideologia, não existe discurso que esteja a ela alheio. Os elementos sócio- históricos e ideológicos constituem a língua de modo inexorável, indicando um funcionamento linguístico que vai além da sua estrutura formal. (ALVAREZ, 2017, p.09).
As formas de controle das informações, instituídas pelo Estado (controle social), eram uma prática comum em diversos Países. No Brasil temos o DIP[footnoteRef:6] instituído por Getúlio Vargas (1937-1945). A censura, o controle dos jornais e o cerceamento da liberdade de expressão, no caso brasileiro, teria seu desfecho mais sangrento no período da ditadura militar (1964-1985). [6: Departamento de Imprensa e Propaganda. “O DIP foi criado por decreto presidencial em dezembro de 1939, com o objetivo de difundir a ideologia do Estado Novo junto às camadas populares. Mas sua origem remontava a um período anterior. Em 1931 foi criado o Departamento Oficial de Publicidade, e em 1934 o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC). Já no Estado Novo, no início de 1938, o DPDC transformou-se no Departamento Nacional de Propaganda (DNP), que finalmente deu lugar ao DIP.”. (FGV: CPDOC. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. A Era Vargas: dos anos 20 a 1945. Disponível <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/EducacaoCulturaPropaganda/DIP>. Acesso em: 07 de out de 2019.] 
As produções dos periódicos de certa mentira reproduzem uma cultura política. Que para Pierre Bourdieu corresponde diretamente a uma “construção da realidade”. Esta construção se dá através dos logos (discurso). Esta construção tem características subjetivas[footnoteRef:7].“Nesta tradição idealista, a objectividade do sentido do mundo define-se pela concordância das subjctividades estruturantes (senso= consenso).”. (BOURDIEU, 2007, p. 08). [7: Para Bourdieu (2007). “O sujeito é integrado ao Campo”, pertencendo à um Espaço Simbólico, portanto segue padrões singulares de diferenciação ou seja. Padrões sociais; culturais; educacionais e de classe, que de certa maneira integram as relações subjetivas do campo simbólico] 
Através da transcrição das notícias do Jornal Correio de São Félix, busca-se analisar o contexto político social do município no período 1942-1962. Desta maneira abordando as desigualdades sociais deste período. Em um cenário conturbado[footnoteRef:8] em que a mídia impressa funciona como meio (veículo) de comunicação social, reproduzindo ideologias, discursos, comportamentos, tendências. [8: O cenário mundial, estava de certa maneira dominado pelos sistemas totalitários. Como o Fascismo; Nazismo; Stalinismo que se utilizavam de métodos similares de controle. Invasões e guerras, eclodiam na Europa e Ásia, a Segunda Guerra Mundial dava seus primeiros passos (1939). Deste modo busca-se analisar as relações sociais no Município de São Félix, abordando este cenário conturbado, em um terreno de contradições e afirmativas, dialogadas com o bloco de poder hegemônico e os movimentos sociais.] 
Os meios de comunicação podem desempenhar diferentes papéis, na divulgação de fatos pertinentes no âmbito social. A título de exemplo tomemos a manchete “Raízes do escalracho” do Jornal Correio de São Felix.
A vida social, em quase todos os seus aspectos, é uma luta incessante, a vaidade cresce, cada vez mais. A ostentação tem alta primazia ... estabelece enorme promiscuidade ... da qual resulta uma dolorosa e lamentável confusão moral [...] A imprensa é isto. Deve falar a verdade. Si mentir, desmoraliza-se. Como intérprete do sentimento popular[...]. (APMSF. Jornal Correio de São Félix, 1944, Nº 04, p. 01).
A abordagem qualitativa das notícias do Jornal Correio de São Félix, visa explorar o contexto social da cidade de São Félix no período compreendido entre 1942-1962 analisando de que maneira os periódicos abordavam as desigualdades sociais[footnoteRef:9]. [9: A pesquisa, busca analisar as desigualdades sociais sob a ótica do Jornal Correio de São Félix, durante os governos de Getúlio Dornelles Vargas (1930-45/ 1951-1954); Eurico Gaspar Dutra (1946-1951); Juscelino Kubitschek (1956-1961) e João Goulart (1961-1962). Segundo Rodrigo Alsina (2009). Os meios de comunicação; representados principalmente pelo jornal e o rádio na década de 1940, representavam os meios de comunicação de massa mais eficazes no processo de transmissão das notícias. Este viés representativo dos meios de comunicação (jornal/rádio) faz parte dos processos que são construídos politicamente e socialmente.] 
Ao realizar uma análise do município de São Félix através de fontes documentais, tomando como referência os jornais da época (1942-1962) que encontram-se disponíveis no Arquivo Público Municipal de São Félix (APMSF) pretende-se desta forma estabelecer uma relação entre as desigualdades sociais e seus efeitos.
Esta análise será complementada por bibliografia especifica, que versam sobre debates sociológicos sobre as desigualdades sociais, cultura; política e sociedade. Assim buscando aprofundar estudos sobre: Desigualdades sociais. Cultura política. Controle social.; Imaginário social.
A elaboração de um imaginário é parte integrante da legitimação de qualquer regime. É por meio do imaginário que se podem atingir não só a cabeça mas, de modo especial, o coração, isto é, as aspirações, os medos e as esperanças de um povo. É nele que as sociedades definem suas identidades e objetivos, definem seus inimigos, organizam seu passado, presente e futuro. O imaginário social é constituído e se expressa por ideologias e utopias, sem dúvida, mas também – e é o que me interessa – por símbolos, alegorias, rituais, mitos. Símbolos e mitos porém, por seu caráter difuso, por uma leitura menos codificada, torna-se elementos poderosos de projeção de interesses, aspirações e medos coletivos. (CARVALHO, 1990, p. 10).
Portanto busca-seanalisar a influência política sobre a imprensa do município de São Félix, realizando uma abordagem de seus efeitos no âmbito social, refletidos em uma consciência ou cultura de classe. “[...] - as pessoas podem, dentro de limites, viver as expectativas sociais ou sexuais que lhes são impostas pelas categorias conceptuais dominantes. (THOMPSON, 1981, p. 17).
Segundo Barros Filho (2008). A produção das notícias, incorpora os estudos de comunicação de massa, transformando-a em um sistema denominado ‘indústria cultural”, que tem como objetivo primordial uma vinculação a efeitos sociais. 
Política e sociedade são de certa maneira integrados. A práxis política e o jogo de interesses, são responsáveis por grandes mazelas sociais. As práticas políticas só podem ser compreendidas e analisadas, no instante em que são exercidas. A dominação política “Corresponde a uma imposição de interesses de uma classe hegemônica.” Gramsci (1980). Política e Estado para Gramsci são “indissociáveis”. Ou seja, existe um nexo entre política e controle social. Correspondendo a “interesses” e “decisões”, de classes dominantes. 
Questões políticas, necessariamente envolvem questões sociais e compõem o imaginário popular. “Mitos, emblemas, sinais”. Ginzburg (1989). A práxis política, ou seja, a forma de governar segundo Foucault (2010) é um fator determinante que tem reflexos sociais. 
Desta forma contextualizando historicamente os discursos e as formas de governar e seus efeitos no sentido comportamental da sociedade. “[...] análise dos comportamentos efetivos às expressões que podem acompanhar esses comportamentos [...].”. (FOUCAULT, 2010, p. 04). Complementando esta linha de pensamento, temos a constituição do “corpo social”. 
A questão tradicional da filosofia política poderia ser esquematicamente formulada nestes termos: como pode o discurso da verdade, ou simplesmente a filosofia entendida como o discurso da verdade por excelência, fixar limites de direito do poder? Eu preferia colocar outra, mais elementar e muito mais concreta em relação a essa pergunta tradicional, nobre e filosófica; de que regras de direito as relações de poder lançam mão para produzir discursos de verdade? Em uma sociedade como a nossa, que tipo de poder é capaz de produzir discursos de verdade dotadas de efeitos tão poderosos? Quero dizer que, em uma sociedade, como a nossa, mas no fundo em qualquer sociedade, existem relações de poder múltiplas que atravessam, caracterizam e constituem o corpo social e que essas relações de poder não podem se dissociar, se estabelecerem funcionar sem uma produção, uma acumulação, uma circulação e um funcionamento do discurso. (FOUCAULT, 2013, pp. 278-79).
De acordo com Foucault (2010, p. 06) a “governamentalidade” fundamenta-se no logos (discurso). “Ou seja, procurei colocar a questão da norma de comportamento primeiramente em termos de poder, e de poder que se exerce, e analisar esse poder que se exerce como um campo de procedimentos de governo.”. Os discursos políticos influenciam ideologicamente os indivíduos de uma sociedade e compõem as interações sociais mais elementares e muito mais concretas em relação a essa pergunta tradicional, nobre e filosófica; de que regras de direito as relações de poder lançam mão para produzir discursos de verdade. 
Desta forma, pretende-se analisar os padrões constitutivos das notícias e a influência ideológica (discurso), que seguem portanto um padrão. “[...] a construção do discurso jornalístico se compõe um pouco de três fases que, por sua vez, estão correlacionados, são elas: a produção, a circulação e o consumo ou reconhecimento.”. (RODRIGO ALSINA, 2009, p. 19).
Nesta perspectiva, de análise dos conteúdos dos periódicos, temos diversos autores que abordam os jornais como objeto de estudo e direcionamento dos conteúdos produzidos. A análise qualitativas das notícias do Jornal Correio de São Félix, seguira informações e conceitos referenciados quanto: “A imprensa como objeto”. (Carla Bassanezi Pinsk, 2006). “Os grupos de poder e as determinações de conteúdo”. (Gisela Svetlana Ortriwano, 1985). “A construção da notícia”. (Miquel Rodrigo Alsina, 2009) e “Imprensa e contexto”. (Juvenal Zanchetta, 2004). “A apuração da notícia”. (Luiz Costa Pereira Junior, 2006). Segundo Ortriwano. “A publicidade subvenciona os meios de comunicação de massa e, assim, condiciona todos os seus conteúdos, principalmente a informação.”. (ORTRIWANO, 1985, p. 63). 
Assim, pretende-se analisar os padrões constitutivos das notícias, que seguem, portanto, um padrão. “[...] a construção do discurso jornalístico se compõe um pouco de três fases que, por sua vez, estão correlacionados, são elas: a produção, a circulação e o consumo ou reconhecimento.”. (RODRIGO ALSINA, 2009, p. 19).						
										
Metodologia
O município de São Félix - Ba, preenche as expectativas da realização de uma pesquisa com foco direcionado ao contexto especifico (local) no período compreendido entre 1942 e 1962. Deste modo buscando a compressão dos fatos sociais (desigualdades). “Qualquer fonte de informação está presa a uma temporalidade particular, além de estar inserida em dinâmicas sociais específicas e realidades sócio-culturais peculiares.” (KLANOVICZ,2006, p.64).
A pesquisa se dará através da investigação dos conteúdos dos periódicos e da análise das abordagens sociais do Jornal Correio de São Félix, com foco nas questões sociais e das estruturas políticas. “Ainda que a relação de pesquisa se distinga da maioria das trocas de existência comum, já que tem por fim o mero conhecimento, ela continua, apesar de tudo, uma relação que exerce efeitos (variáveis segundo os diferentes que podem afetar) sobre os resultados obtidos”. (BOURDIEU,2008, p. 694).
Para analisar as desigualdades sociais, sob a ótica do Jornal correio de São Félix em principio utilizaremos estudos referenciados quanto a imprensa como “objeto de estudo”, pretende-se analisar os conteúdos dos periódicos, quanto a sua relevância social. Assim, avaliando a qualidade na construção/reprodução do discursos ideológicos e consequentemente, avaliando os reflexos sociais.
Em um segundo momento, complementaremos a abordagem com pesquisa bibliográfica especializada. “A pesquisa bibliográfica é a que se desenvolve tentando explicar um problema, utilizando o conhecimento disponível a partir das teorias publicadas em livros ou obras congêneres. (KÖCHE, 2011, p.122). A metodologia utilizada neste projeto de pesquisa, fundamentar-se-á nos métodos específicos das Ciências Sociais. (LAKATOS, 2003, p.106)). Utilizando assim a analise pertinente as Ciências sociais com o “olhar social”. Nas palavras de Émile Durkheim, a priori antes de qualquer coisa deve-se identificar os “fatos sociais”.
Antes de procurar qual método convém ao estudo dos fatos sociais, importa saber quais fatos chamamos assim. A questão é ainda mais necessária porque se utiliza essa qualificação sem muita precisão. Ela é empregada correntemente para designar mais ou menos todos os fenômenos que se dão no interior da sociedade, por menos que apresentem, com uma certa generalidade, algum interesse social. Mas, dessa maneira, não há, por assim dizer, acontecimentos humanos que não possam ser chamados sociais. (DURKHEIM,2007, p.01).
Em resumo Durkheim, afirma que a análise social deve ser identificada enquanto fenômeno, analisado as causas e efeitos dos “fatos” sociais.
4. CRONOGRAMA
	MES/ETAPAS
	FEV
2020
	ABR
2020
	JUN
2020
	AGO
2020
	OUT
2020
	DEZ
2020
	FEV
2021
	ABR
2021
	MAI
2021
	JUN
2021
	JUL
2021
	Escolha do tema
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Levantamento bibliográfico
	
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	Elaboração do anteprojeto
	
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	Apresentação do projeto
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Coleta de dados
	
	
	X
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	Análise dos dados
	
	
	
	X
	X
	X
	X
	
	
	
	
	Organização do roteiro/partes
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	
	
	
	Redação do trabalho
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	
	
	
	Revisão e redação final
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	
	Entrega da monografia
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	Defesa da monografiaX
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, Palmira Virgínia Bahia Heine. Discursos em materialidades diversas/ Palmira Virgínia Bahia Heine Alvarez. (Organizadora). Curitiba, CRV, 2017.
BARROS FILHO, Clóvis de. O Habitus na Comunicação / Clóvis de Barros Filho, Luís Mauro Sá Martino – São Paulo: Paulus, 2008.
BOURDIEU, Pierre. A Miséria do mundo. (Coord). Pierre Bourdieu; com contribuições de A. Accardo ..[et. al.] 17. ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico / Pierre Bourdieu; tradução Fernando Thomaz (português de Portugal) – 11º ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 5º. Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016.p. 13.
______, Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 6º. Dos Direitos Sociais– Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016.p. 18.
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da Republica no Brasil / José Murilo de Carvalho – São Paulo. Companhia das Letras.1990.
DURKHEIM, Émile. 1858-1917. As regras do método sociológico I Émile Durkheim; tradução Paulo Neves; revisão da tradução Eduardo Brandão. -3ª ed. -São Paulo: Martins Fontes, 2007.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais, morfologia e histórica / Carlo Ginzburg; tradução: Frederico Carotti. – São Paulo: Companhia das Letras, 1989. 
 
GRAMSCI, A. Maquiavel, a política e o Estado moderno. Tradução de Luiz Mário Gazzaneo. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
FGV: CPDOC. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. A Era Vargas. Disponível <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-45/EducacaoCulturaPropaganda/DIP>. Acesso em: 07 de out de 2019.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e iniciação à pesquisa / José Carlos Köche. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica 1 Marina de Andrade Marconi, Eva Maria Lakatos. - 5. ed. São Paulo. Atlas 2003.
LERIS, Michel. In:______, LÉVI-STRAUSS, Claude. [et al]. O que é uma raça? Editora Perspectiva. São Paulo. 1970. pp. 197-207.
LÉVI-STRAUSS, Claude. [et al]. Raça e Ciência I. Editora Perspectiva. São Paulo. 1970.
MARX, Karl, 1818-1883. O 18 de brumário de Luís Bonaparte / Karl Marx; [tradução e notas Nélio Schneider ; prólogo Herbert Marcuse]. - São Paulo: Boitempo, 2011.
MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondat, baron de la Bréde et de.1689-1755. Do Espírito das Leis / Montesquieu; introdução de Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues - 3 ed.- São Paulo, Abril Cultural,1985.
ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdo/ Gisela Swetlana Ortriwano. - São Paulo: Summus, 1985.
PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia: métodos de investigação na imprensa / Luiz Costa Pereira Junior. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
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FONTES
APMSF. Arquivo Público Municipal de São Felix.
Jornal Correio de São Félix (1944)

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