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Desenvolvimento na idade adulta e terceira idade Prof.ª Patricia Rossi Carraro Descrição Desenvolvimento na idade adulta, terceira idade e conflitos emergentes, como assuntos fundamentais para a psicologia da saúde, organizacional e educacional. Propósito O conhecimento do desenvolvimento na idade adulta, terceira idade e os conflitos emergentes nesse período da vida é essencial para a formação e atuação do profissional da saúde. Objetivos Módulo 1 Mudanças físicas na vida adulta e terceira idade Identificar as mudanças físicas na vida adulta e terceira idade. Módulo 2 Mudanças cognitivas na vida adulta e terceira idade Analisar as mudanças cognitivas na vida adulta e terceira idade. Módulo 3 Mudanças psicossociais na vida adulta e terceira idade Reconhecer as mudanças psicossociais na vida adulta e terceira idade. Módulo 4 Con�itos emergentes na vida adulta Avaliar os conflitos emergentes na vida adulta. O desenvolvimento humano é definido como processos de transformações que acontecem durante todo o ciclo vital e estão relacionados a um conjunto complexo de fatores. Porém, a maioria dos estudos sobre o desenvolvimento humano está relacionada às mudanças e às transformações que ocorrem na infância, na adolescência e vida adulta. O ciclo vital, que se inicia com a concepção e termina com a morte, e cada período da vida é um processo contínuo e dinâmico que será influenciado por um conjunto de aspectos, sejam genéticos ou ambientais. Assim, para a área da Psicologia, a noção de ciclo vital está ligada aos estágios de desenvolvimento humano, uma maneira de organizar as etapas da vida humana. É importante compreender que as passagens pelas diferentes fases do desenvolvimento são vistas pela cultura de maneiras diversas. Introdução 1 - Mudanças físicas na vida adulta e terceira idade Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as mudanças físicas na vida adulta e terceira idade. Ligando os pontos A chegada na idade adulta nem sempre tem relação com a idade cronológica. Vamos pensar que a idade é apenas um marcador do tempo e não uma padronização do comportamento e atitudes. Veremos, ao longo deste conteúdo, que as transformações sociais impactaram a Não se enfatiza apenas os aspectos biológicos ao envelhecer, um processo natural, mas também a maneira como a cultura olha para a criança, para o jovem, para o adulto e para o idoso pertencentes a determinados contextos de uma época. Conheceremos os aspectos e as características do desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial do jovem adulto, do adulto que se encontra na meia-idade e do idoso. Neste conteúdo, portanto, entenderemos a importância das mudanças que ocorrem na vida adulta. Veremos também, os conflitos emergentes nessa fase. compreensão do desenvolvimento humano durante todo seu percurso. Para relacionarmos o conteúdo teórico que será apresentado, vamos conhecer duas mulheres, a Selma e a Helena, protagonistas deste estudo de caso, cujas histórias nos ajudarão propondo reflexões integrativas ao conteúdo teórico com o viés prático sobre a vida e a terceira idade. Selma e Helena são amigas há anos e fazem parte, há 8 meses, de um programa de extensão universitária de qualidade de vida para mulheres em uma universidade pública do Rio de Janeiro. Selma tem 52 anos e Helena tem 68 anos. Ambas praticam várias modalidades de atividades no programa, como yoga, fisioterapia, aula de informática, dança e música. Apesar de terem 16 anos de diferença, Selma e Helena vivenciam muitas questões em comum. Selma estudou até o ensino fundamental, ainda trabalha como caixa em um supermercado, é casada e não possui filhos. Atualmente faz tratamento de saúde para artrite e hipertensão arterial, além de já ter tido um câncer de mama quando tinha 41 anos. Já Helena é divorciada, reside com a única filha e a neta de 30 anos, tem graduação em Pedagogia e é aposentada como servidora pública. Financeiramente, Helena usufrui de uma vida mais confortável e estável em relação a Selma. Quanto à saúde, Helena faz apenas tratamento para hipotireoidismo. As amigas, de um modo geral, tentam estar em atividade. Por isso e porque os vínculos sociais de ambas diminuíram com a idade, buscaram participar do programa para que pudessem ter mais qualidade de vida e socializarem. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Questão 1 Selma pertence à vida adulta intermediária ou meia-idade. Nessa fase, ocorrem peculiaridades importantes no processo de desenvolvimento humano. Marque a alternativa que, na sua opinião, se relaciona com aspectos que podem surgir com a chegada da meia-idade, ou seja, que tenha maior probabilidade de acontecer. Parabéns! A alternativa D está correta. Observamos que Selma teve câncer de mama aos 41 anos, o que se correlaciona com a afirmativa correta da questão. Sabe-se que os índices de doenças e mortalidade se mostram aumentados nesta fase. Os adultos na meia-idade possuem a chance de desenvolver mais doenças crônicas, se comparados aos adultos jovens, com maior tendência entre as mulheres. Quanto à capacidade reprodutiva, tanto para homens como para mulheres há um declínio. Questão 2 A prescrição de atividades físicas ao longo do processo de envelhecimento tem alguns pré-requisitos importantes e que o caso em questão nos mostra. Qual conselho, considerando o envelhecimento na idade adulta, você daria para uma pessoa nessa fase da vida? Escolha entre as alternativas abaixo: A O índice de doenças e mortalidade mostram-se diminuídos nessa fase. B Os adultos na meia-idade possuem mais doenças crônicas, se comparados aos idosos. C Os homens nessa fase apresentam mais doenças do que as mulheres. D Nessa fase há uma tendência maior de as mulheres desenvolverem câncer de mama, chances essas que aumentam com a idade. E Não há declínio na capacidade de reprodução para homens e mulheres. A Faça atividades de alto impacto, vai te ajudar a se sentir viva. B Peça autorização a família, afinal você está envelhecendo. Parabéns! A alternativa E está correta. Um dos desafios do envelhecimento é o processo de solidão e fragilização. Em virtude disso, ações como manter-se próximo a amigos e familiares, interagir e criar relações melhoram a condição cognitiva e a sensação de bem-estar. Questão 3 Ao olharmos os fatores relacionados à saúde de Selma, pode-se afirmar que, em comparação com sua amiga Helena, Selma apresenta mais problemas de saúde, mesmo sendo mais nova em termos cronológicos. Quais aspectos da vida das amigas você conseguiria relacionar que pudessem colaborar para essas diferenças de saúde entre elas? Digite sua resposta aqui Chave de resposta Segundo pesquisas, gozar de uma boa saúde e ser longevo está relacionado a uma boa condição socioeconômica e ao nível educacional. Desse modo, observamos que Helena, mesmo tendo uma idade mais avançada, não apresenta tantos problemas de saúde como sua amiga, o que pode estar relacionado com a sua situação financeira mais confortável e com o seu nível de instrução mais elevado. C Desafie-se a atividades nunca feitas, são as únicas podem ajudar seu corpo. D Evite exercícios de impacto, você está ficando velho e pode ser perigoso. E Busque atividades físicas que permitam interações sociais, fazer e manter amigos é terapêutico. Considerações sobre o desenvolvimento na vida adulta Entendendo o desenvolvimento após a adolescência Davidoff (2001), ao abordar a transição para a vida adulta, destaca que as expectativas em relação ao adulto são muito semelhantes em todo lugar. Espera-se que as pessoas que tenham chegado a essa fase vivam de forma independente e assumam responsabilidades por suas ações. Mas podemos nos perguntar: o que define ser adulto? A posição de adulto é adquirida aos poucos. Para algumas pessoas, ser adulto começa com a permissão para dirigir o carro dos pais, beber em público e até votar. Terminar ensino médio ou a faculdadepode ser outra referência. Para alguns, mudar da casa dos pais, começar a trabalhar, casar e até a chegada do primeiro filho podem ser considerados o ponto inicial da vida adulta. Andrade (2010) afirma que, com as novas alterações sociais, novas configurações ocorrem na transição para a idade adulta, como no reconhecimento de papéis de adulto por parte dos jovens. Por um lado, acontece a continuação dos estudos e uma instabilidade profissional irá atrapalhar a inserção dos jovens no mundo do trabalho. Nesse contexto, a saída da casa dos pais ocorre mais tarde, o que interfere na idade para a constituição de uma família própria. Tornar-se pai ou mãe é transferido para outro momento de vida. É comum vermos uma separação da idade adulta em grupos de idades para compreendermos melhor cada momento. No entanto, você já ouviu dizer que a idade por si mesma não nos explica tudo? E que a passagem do tempo não nos dá todo o conhecimento do qual precisamos para entender os processos de desenvolvimento? Segundo Palacios (2004), não podemos prever o comportamento de uma pessoa apenas pela idade. Percebemos que no processo do desenvolvimento existem determinadas mudanças características de uma idade e não de outra, mas não é a idade em si que produz as mudanças. O interessante é descobrirmos as diferentes divisões que os estudiosos do desenvolvimento realizam sobre a vida adulta e que de uma certa forma são semelhantes. Papalia e Feldman (2013) dividem a vida adulta em: jovem adulto, vida adulta intermediária e vida adulta tardia. Coll, Marchesi e Palacios (2004) consideram idade adulta, meia- idade e velhice. Bee (1997) estabelece a seguinte demarcação: início da vida adulta, vida adulta intermediária e vida adulta tardia. Conheça a seguir os termos que adotaremos para nossos estudos: Jovem adulto Encontra-se no início da vida adulta, com idade de 20 aos 40 anos. Meia-idade Adultos que estão no período da vida adulta intermediária, cuja idade seria em torno dos 40 a 60 anos. Idoso Faz parte da classificação da vida adulta tardia, com 66 anos em diante. Mudanças físicas no jovem adulto Auge físico do jovem adulto Coll, Marchesi e Palacios (2004) afirmam que o corpo humano alcança sua maturidade entre 25 e 30 anos, período caracterizado pelos maiores índices de energia e saúde. Entretanto, é difícil apontar quando se inicia o envelhecimento biológico, pois não ocorre de modo simultâneo em todos os indivíduos: o processo acontece de forma distinta entre as diferentes funções biológicas e os diferentes órgãos corporais. Dentro de um mesmo órgão, como, por exemplo, no cérebro, distintas partes seguem padrões diferentes de envelhecimento, cujo processo evidencia grandes diferenças entre os seres humanos. Exemplo Existem pessoas que com 40 anos ou mais precisam usar óculos para compensar as perdas de capacidade visual, mas outras não necessitam desse tipo de apoio durante a vida toda. Bee (1997) ressalta que, dos 20 aos 30 anos, a pessoa tem mais tecido muscular, mais cálcio nos ossos, mais massa cerebral, melhor visão, audição e olfato, bem como maior capacidade respiratória e um forte sistema imunológico. Nessa faixa etária, somos mais fortes, mais rápidos e temos melhor habilidade para nos recuperar do exercício ou nos adaptar às mudanças corporais. As pessoas nessa fase atingem e mantêm um excelente funcionamento físico até por volta dos 40 anos, período em que se iniciam mudanças, na maioria dos aspectos do desempenho. É certo que essas mudanças já acontecem bem antes dos 40 anos, porém de uma forma quase imperceptível. Entretanto, precisamos saber que, na maior parte das pessoas, não percebemos uma queda significativa na função física antes da meia-idade. Para Papalia e Feldman (2013), os jovens adultos geralmente aproveitam os benefícios de uma boa saúde, mas estão cada vez mais expostos a vários riscos relacionados aos estilos de vida que a modernidade oferece. A saúde é influenciada pela parte genética, mas não podemos desconsiderar que fatores comportamentais contribuem, e muito, para o bem-estar. Na medida em que os jovens adultos comem com qualidade ou não, bebem, fumam, praticam exercícios, usam drogas, seus hábitos irão impactar sua condição física e na sua saúde. Nessa faixa etária, as causas mais comuns de limitações de atividade são: artrite e outros transtornos musculares e esqueléticos, acidentes (causa principal de morte e ferimento), homicídio e uso de substância. Fatores relacionados ao estilo de vida podem afetar a saúde e a sobrevivência, assim como: dieta, obesidade, exercício, estresse, sono (insônia), tabagismo e uso de álcool. De acordo com Papalia e Feldman (2013), ter uma boa saúde e viver mais tempo estão relacionados a uma boa condição socioeconômica e ao estudo. As pessoas de classe social e econômica menos favorecida correm mais riscos de morrer de doenças transmissíveis, ferimentos, moléstias crônicas ou de se tornarem vítimas de homicídio ou suicídio. A saúde mental é boa no início da vida adulta, mas certas condições, como a depressão e o abuso de álcool, tornam-se mais comuns. Os relacionamentos sociais, o casamento, por exemplo, impactam a saúde física e mental. Com relação aos aspectos sexuais e de reprodução, no início da vida adulta, existem preocupações quanto a infecções sexualmente transmissíveis, transtornos menstruais e à infertilidade. A causa mais comum de infertilidade nos homens é a baixa contagem de espermatozoides e nas mulheres relaciona-se a problemas hormonais, problemas nos ovários, úteros e tubas uterinas, além de endometriose. Mudanças físicas na meia-idade Declínio físico na meia-idade? Conforme Papalia e Feldman (2013), atualmente, nas sociedades industrializadas, a meia-idade é um período da vida com suas próprias regras sociais, funções, oportunidades e seus desafios. Os aspectos físicos nessa fase estão em pleno funcionamento. Várias são as responsabilidades e os papéis que assumem e que se sentem capazes para enfrentar. Podemos apontar que as pessoas de meia-idade são saudáveis, na maioria, e não têm restrições funcionais. Para Bee (1997), o declínio físico é esperado na meia-idade, mesmo que as mudanças sejam insignificantes e lentas aos 40, 50 e 60 anos. Ocorre uma redução da clareza e nitidez da visão, devido às camadas acrescidas ao cristalino do olho, e perda da elasticidade, durante os 40, 50 anos. Já a perda da acuidade auditiva acontece aos poucos. As mulheres que se encontram na menopausa têm uma alteração significativa na massa óssea, que inicia antes desse momento específico da vida. Caso elas vivenciem uma menopausa precoce, ou estejam abaixo do peso normal, ou se fizerem pouco exercício ou dietas com baixo teor de cálcio, a perda óssea será mais rápida. A menopausa acorre entre 45 e 55 anos, por causa das diversas mudanças hormonais, o que inclui diminuição de estrogênio e progesterona, e um dos principais sintomas é a onda de calorões. Mulheres após a menopausa tornam-se mais suscetíveis a doenças cardíacas bem como à perda óssea, levando à osteoporose. As chances de desenvolver câncer de mama também aumentam com a idade, e recomenda-se que as mulheres façam exames de mamografia, a partir dos 40 anos. Evidências sugerem que os riscos da terapia hormonal superam seus benefícios. Muitos homens nessa fase têm disfunção erétil. As causas podem ser físicas, mas também podem estar ligadas à saúde, ao estilo de vida e ao bem-estar emocional. A atividade sexual geralmente diminui lentamente na meia-idade. Há um declínio na capacidade de reprodução para homens e mulheres, porém é mais lento neles e mais rápido nelas. Ressaltamos que os homens produzem cada vez menos esperma e frequência de orgasmo. Atenção! Os índices de doença e mortalidade aumentam de forma considerável nessa fase. Os adultos na meia-idade possuem mais doenças crônicas, se comparados aos jovens adultos, sendo que estes últimospossuem uma tendência maior de doenças agudas. As mulheres apresentam mais doenças do que os homens, mesmo que venham a morrer mais tarde. O câncer e as doenças cardíacas são considerados as duas principais causas de morte na meia-idade, sendo que nos homens a taxa é maior. Adultos nessa faixa etária evidenciam índices mais altos de problemas emocionais de todos os tipos, se os compararmos com os jovens. De acordo com Papalia e Feldman (2013), os insignificantes e lentos declínios nas habilidades psicomotoras e sensoriais são bem compensados. Perdas de densidade óssea e da capacidade vital são normais. A hipertensão é um problema de saúde importante que se inicia nessa fase. Atualmente, temos um aumento do diabetes, sendo essa a quarta principal causa de morte nessa faixa etária. O estresse é bem maior na meia-idade e pode estar ligado a diversos problemas objetivos. O nível de estresse alto pode impactar no funcionamento imunológico. A personalidade e a emotividade negativa podem afetar a saúde. Emoções positivas tendem a estar associadas com boa saúde. Mudanças físicas no idoso O que esperar �sicamente do idoso? Rodrigues, Diogo e Barros (1996) revelam que, de maneira geral, o organismo de uma pessoa idosa caracteriza-se por alterações nas estruturas e nas funções do corpo. Um dos aspectos mais visíveis do envelhecimento é a aparência pessoal, destacando-se a presença de rugas e cabelos brancos. Veja abaixo algumas mudanças nos sistemas no corpo humano: Sistema locomotor No idoso, as estruturas relacionadas à locomoção também estão alteradas. Os ossos ficam mais frágeis e, portanto, com maior risco de fratura. Ocorre perda da massa e da força muscular, ocasionando dificuldade de manter o equilíbrio. Como consequência, o idoso pode apresentar o andar lento e arrastado, e ainda diminuição da agilidade. Em virtude das alterações das estruturas das juntas (endurecimento), da artrose, pode haver diminuição da estrutura (altura) e o idoso tende a se inclinar para frente (em consequência da acentuação da curvatura do osso). Sistemas respiratórios Os sistemas respiratórios (pulmonar) e cardiovascular (coração e circulação do sangue) estão intimamente relacionados, portanto, uma mudança em um deles influi diretamente sobre o outro. As alterações no sistema respiratório resultam em uma respiração menos profunda, na diminuição do reflexo da tosse e da sua eficácia, facilitando o aparecimento de infecções pulmonares. Sistema cardiovascular No sistema cardiovascular, ocorrem modificações no coração e nos vasos sanguíneos (artérias e veias), levando a alterações no funcionamento de ambos. Como resultado dessas mudanças, o idoso pode apresentar aumento da pressão arterial, batimento do coração irregular dentro de determinados limites, e lesões dos vasos, principalmente das extremidades. Sistema sensorial Com relação aos órgãos dos sentidos, ocorre redução principalmente da audição e da visão. O idoso também terá prejuízos com o olfato e o paladar, e quando isso acontece passa a não diferenciar o gosto dos alimentos, que poderá ocasionar a falta de apetite e o perigo de envenenamento acidental. Alguns idosos podem apresentar diminuição do tato, isto é, não distinguem com facilidade o calor, o frio e a dor. Sistema endócrino Ao pensarmos no sistema endócrino (responsável pela produção de hormônios), notamos que a produção de hormônios diminui com o avançar da idade e as mudanças são variadas. Ocorrem aIterações na capacidade de adaptação do organismo a novas situações, que se torna reduzida. Portanto, o idoso tem maior dificuldade de retornar ao seu estado normal, quando submetido a estresse e tensão. Existem outras mudanças além dessas que são bastante relevantes também. Quanto ao sistema urinário, na velhice, ocorre diminuição da estrutura e da função dos rins. A bexiga pode deixar de se esvaziar completamente durante o ato de urinar, sobretudo nos homens. A incontinência urinária, isto é, a perda involuntária de urina, é bastante frequente. As alterações ocorridas no sistema digestivo incluem a dificuldade de mastigação, decorrente da perda dos dentes, a diminuição da saliva e demais secreções que agem no processo de digestão, mais lento em virtude das alterações de estrutura e funções dos órgãos envolvidos, como o esôfago, o estômago e os intestinos. Como algumas consequências dessas alterações, o idoso pode apresentar "intestino preso" (constipação intestinal), gases, falta de apetite ou incontinência fecal (falta de controle da saída das fezes). Com relação às alterações sexuais, as mudanças no corpo do homem e da mulher podem comprometer a função sexual, mas não a impedir. Na mulher, ocorre redução dos pelos na área genital (pelos pubianos), as mamas tornam-se flácidas e a vagina mais ressecada. No homem, pode ocorrer aumento da próstata, o pênis pode apresentar menor sensibilidade e o volume da ejaculação é menor. Comentário Não podemos afirmar que os idosos não gostam ou não conseguem ter relação sexual. Ocorre uma alteração da manifestação da sexualidade, assim como em qualquer outra idade. As alterações no sistema nervoso (que coordena e integra todas as atividades corporais) incluem mudanças do comportamento, falta de memória para fatos mais recentes e distúrbios do sono. As mudanças ocorridas no processo de envelhecimento não devem ser vistas isoladamente, ou seja, o homem é um ser complexo e, portanto, as alterações nos diversos órgãos e sistemas são inter-relacionadas. Não podemos isolar os aspectos biológicos dos psicossociais, pois também interagem na vida do ser humano. Bee (1997) ressalta que a demência é mais comum com o avanço da idade e afeta 15% ou mais dos que têm acima de 85 anos. A causa mais comum é a doença de Alzheimer. Papalia e Feldman (2013) destacam que a maior parte dos idosos tem uma boa saúde mental. A depressão, o alcoolismo e outros problemas podem até ser revertidos com tratamentos, porém o mal de Alzheimer é irreversível. Ele se torna mais frequente com a idade e é hereditário; mas dieta, exercício e outros aspectos do estilo de vida podem fazer grande diferença. Estudos mostram que a atividade cognitiva pode ser protegida construindo-se uma reserva cognitiva que possibilite ao cérebro funcionar em condições de estresse. Terapias comportamentais e medicamentos podem diminuir a velocidade da deteriorização. É importante ficar atento, pois uma redução da capacidade cognitiva pode ser um sinal precoce da doença. Qualidade de vida na fase adulta Neste vídeo, você conhecerá a importância da qualidade de vida para o jovem adulto, para a pessoa que está na meia-idade e para o idoso. Vamos lá! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A idade adulta jovem é considerada por muitas pessoas como a melhor fase da vida. Considerando o desenvolvimento físico nesse período, podemos dizer que Parabéns! A alternativa D está correta. Estudos apontam que, no início da fase adulta, o jovem adulto, cuja idade gira entre 20 e 40 anos, está no seu auge físico. Apresenta ótimo funcionamento muscular, cerebral, excelente acuidade sensorial, maior potencial cardíaco, pulmonar, tem mais força, energia, resistência e coordenação motora. Questão 2 Carlos Drummond de Andrade, na poesia - Fazer 70 anos traz uma reflexão sobre o envelhecer: “Fazer 70 anos não é simples A vida exige, para o conseguirmos, Perdas e perdas no íntimo do ser, Como, em volta do ser mil outras perdas [...]” (ANDRADE, Carlos Drummond. Amar se aprende amando. Rio de Janeiro: Record, 1985). Ao pensarmos no desenvolvimento físico do idoso, a partir do trecho da poesia, podemos considerar que A o sistema imunológico começa a se mostrar menos eficiente. B as principais causas de morte nessa fase seriam o câncer e as doenças cardíacas. C as mulheres apresentam mais dificuldades circulatórias devido aos problemas hormonais. D há maisvitalidade, saúde e um melhor desempenho. E apresenta muitos problemas sexuais e de infertilidade. Parabéns! A alternativa B está correta. Verificamos que na velhice várias são as perdas também no plano físico. O processo do envelhecimento está programado pelo nosso sistema biológico. As células do nosso corpo não podem se dividir infinitamente para produzir novas células, pois a capacidade de regeneração é limitada. Com o tempo, diminui a capacidade para se defender das infecções e aumentam os transtornos. O sistema endócrino, que controla diversas funções corporais, também envelhece, e isso ocorre em todos os órgãos e sistemas do ser humano: neurológico, sensorial e psicomotor. Por mais que encontremos vários idosos em boas condições de saúde, sabemos que o corpo humano está programado para morrer. As perdas irão ocorrer, são inevitáveis. A a desaceleração generalizada em todas as reações é quase imperceptível nessa fase da vida. B baixo funcionamento neurológico, sensorial e psicomotor. C artrite, hipertensão e doenças cardíacas são doenças pouco prováveis de ocorrer nessa fase. D o idoso tem mais massa e tecido muscular, mais massa cerebral e também maior capacidade aeróbica devido a todas as experiências e influências ambientais. E a demência é muito rara nesse período da vida adulta. 2 - Mudanças cognitivas na vida adulta e terceira idade Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as mudanças cognitivas na vida adulta e terceira idade. Ligando os pontos Será que existe idade para aprender? Será que, quando chegamos a uma determinada idade, perdemos nossa capacidade de aprendizado? E você, o que acredita? Veremos a resposta dessas e outras indagações com um estudo de caso sobre a vida de Selma e Helena. Selma, 52 anos e Helena, 68 anos, protagonistas deste estudo de caso, seguem com os desafios impostos pelo envelhecimento, enquanto participam de diversas atividades de um programa de extensão universitária para mulheres. Nesse programa participam diversos profissionais, entre eles o psicopedagogo, com o desenvolvimento de oficinas e orientações para as mulheres que se interessam ou são direcionadas para esse profissional. Em um dado momento, Helena convida Selma a se inscrever em um curso de educação de jovens e adultos para que a amiga conclua a formação na educação básica. Selma no primeiro momento se negou, afirmando que com sua idade já não tem mais “cabeça” para aprender nada e que tinha certeza de que teria muitas dificuldades pedagógicas. Contudo, Helena não se cansou, continuou a estimular sua amiga a continuar os estudos, tendo em vista que Selma sempre teve muita vergonha de não ter concluído todas as etapas da educação básica. Isso muito a incomodava, porém acreditava que, à beira dos seus 52 anos, já não teria capacidade de aprender. Helena, com a melhor das intenções, solicitou ao profissional psicopedagogo do programa que conversasse com Selma de forma mais profissional e que pudesse demonstrar para a amiga as possibilidades de retornar dos estudos. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Questão 1 Considerando que o profissional de psicopedagogia está focado na aprendizagem e nos cuidados relativos ao processo de desenvolvimento humano, qual entre as alternativas abaixo você escolheria para um conselho inicial para Selma? Parabéns! A alternativa E está correta. A “Aprender fará de você cidadã de direitos que hoje lhe são excluídos.” B “Voltar a estudar lhe possibilitará um diploma e ser finalmente alguém na vida.” C “Você nunca aprenderá como antes, mas vale pelo menos para passar tempo e fazer novos amigos.” D “Aprenda em uma classe especial, já que você não acompanhará os alunos mais jovens.” E “Você não tem com o que se preocupar, se tiver dificuldade, posso ajudar a elaborar um programa específico de estudos e dialogar com a escola.” A aprendizagem ocorre ao longo de toda a vida. É discutível sobre a forma e o grau de ensino-aprendizagem, mas é inegavelmente um problema menor do que o de não estimular o cérebro a continuar ativo e se desafiando. Questão 2 A psicopedagoga se ofereceu para fazer uma anamnese com Selma, a fim de perceber suas dificuldades e identificar que suportes poderia dar para que ela tivesse êxito nessa volta aos estudos. Ao detectar que Selma tinha graves problemas na alfabetização, assinale a alternativa que seria seu aconselhamento como psicopedagogo: Parabéns! A alternativa C está correta. O foco de um psicopedagogo deve ser apoiar o desenvolvimento humano e desenhar soluções de aprendizagem. Conselhos genéricos e opinativos não fazem parte do rol de opções de atuação do profissional psicopedagogo. Questão 3 A Sugerir que ela desista, pois infelizmente teria muitas dificuldades. B Indicar a participação em projetos que a estimulassem e a permitissem relembrar seus primeiros anos na escola. C Organizar um plano e atividades e oferecer suporte para essa primeira fase de adaptação na volta aos estudos. D Solicitar exames, pois certamente Selma tinha algum transtorno de aprendizagem. E Apoiar Selma em sua decisão de não voltar a estudar. Imaginando que você é o psicopedagogo, como você conversaria com a Selma sobre os aspectos relacionados à crença limitante que ela possui de não aprender e por isso se recusar a retomar os estudos? Digite sua resposta aqui Chave de resposta Nessa posição de psicopedagogo, seria importante pontuar para Selma que suas capacidades cognitivas não têm relação apenas com a idade e que há indícios de um aumento da inteligência nessa fase do desenvolvimento em que se encontra. A memória se mantém quase intacta, havendo perda insignificante. A questão central é que não podemos deixar a cabeça sem função, não podemos parar! Assim, a prática de exercícios constantes colabora para o funcionamento cognitivo, o que quer dizer: não perca essa oportunidade, dona Selma! Mudanças cognitivas no jovem adulto Papalia e Feldman (2013) esclarecem que alguns pesquisadores do desenvolvimento propõem formas de cognição adulta distintas que vão além das operações formais propostas por Jean Piaget. Uma linha da teoria e da pesquisa neopiagetiana diz respeito aos níveis mais altos de pensamento reflexivo, ou raciocínio abstrato. Assim, vamos encontrar nesta fase: Destaca a lógica complexa, possibilita questionamento contínuo dos fatos, faz inferências e conexões. A capacidade para esse tipo de pensamento pode ocorrer entre os 20 e 25 anos. Pensamento reflexivo De modo geral, quase todos os adultos desenvolvem a capacidade de se tornarem pensadores reflexivos, mas poucos têm competência para essa habilidade, e um número ainda menor sabe aplicá-la a diversos tipos de problemas. Esse tipo de pensamento permite que a pessoa consiga uma visão crítica de uma opinião pública, ou de uma notícia, de maneira que possa refletir sobre ela, sem aceitar informações fornecidas pelos diferentes meios de comunicação como verdades absolutas. É flexível, aberto, adaptativo e individualista. É um tipo de pensamento que busca na intuição, nas emoções e na lógica uma forma de ajudar as pessoas a enfrentarem um mundo um pouco confuso. Esse pensamento é caracterizado pela capacidade de lidar com a ambiguidade, incerteza, inconsistência, contradição, imperfeição e tolerância. Inicia no começo da vida adulta em virtude da exposição à educação superior. K. Warner Schaie caracteriza o desenvolvimento intelectual dentro de um contexto social. Ele propôs sete estágios relacionados às metas motivadoras que passam para o primeiro plano nas várias etapas da vida. Essas metas vão mudando e estão relacionadas ao que eu preciso saber; como utilizar o que sei e o motivo que eu deveria saber (apud PAPALIA; FELDMAN, 2013). Ainda de acordo com Papalia e Feldman (2013), a partir dessa perspectiva teórica, destacamos que no início da fase adulta vamos encontrar: Pensamento pós-formal Estágio realizador Final da adolescência ou início dos 20 anos até o começo dos 30. Os jovens adultos não apresentam mais o conhecimento por seu próprio valor. Eles passam a usar o que conhecem para alcançar metas, como carreira profissional e família. Estágio responsável Fi l d 30 té i í i d 60 A Mudanças cognitivas na meia-idade Para Papalia e Feldman (2013), a partir da perspectiva teórica de Schaie sobre o desenvolvimento intelectual na meia-idade, destacamos que na vida adulta intermediária encontramos o estágio responsável e executivo, já estudado anteriormente. Atenção! Uma característica importante do pensamento pós-formal encontrado na meia-idade é a sua natureza integrativa. Adultos na meia-idade integram lógica com intuição e emoção; fatos com ideias conflitantes e informações novas em relação às que já possuem. Eles interpretam o que leem, veem ou ouvem em termos do significado que isso tem para eles. Muitos adultos entram na universidade em uma idade que não é comum, com o objetivo de aperfeiçoar habilidades e conhecimentos relacionados ao trabalho, ou procuram fazer uma modificação de carreira. O interessante é que, ao participar das atividades educativas, eles têm condições de expandir suas relações sociais, além do seu círculo familiar. Final dos 30 anos até início dos 60 anos. As pessoas nessa fase usam a mente para solucionar problemas práticos ligados às responsabilidades com os outros, como os membros da família ou empregados. Estágio executivo Dos 30 anos até a meia-idade. As pessoas são responsáveis por sistemas sociais (organizações governamentais ou comerciais) ou movimentos sociais. Enfrentam relacionamentos complexos em múltiplos níveis. O conhecimento passa a ser utilizado para sustentar esses sistemas. Para Morris e Maisto (2004), os adultos gradualmente percebem que não existe somente uma solução correta para todos os problemas, como os adolescentes pensam. Consideram que pode até não existir uma solução correta, ou existirem muitas. Os adultos percebem que a verdade frequentemente varia de acordo com a situação e com o ponto de vista adotado. E o que podemos encontrar sobre a inteligência nessa fase da vida? Papalia e Feldman (2013) afirmam que a Teoria Triárquica da Inteligência, de Sternberg, identifica três elementos ou aspectos da inteligência na vida adulta, conforme podemos ver a seguir. Relaciona-se ao enfoque analítico da inteligência. Determina a eficiência da informação, a qual é realizada pelas pessoas. É usado para resolução de problemas, monitoramento de soluções e avaliação dos resultados. Está ligado à introspecção e criatividade. Vai indicar como as pessoas conseguem realizar tarefas novas ou familiares. Possibilita a comparação de uma nova informação com aquilo que já sabem e descobrem novas maneiras de unir fatos, ou seja, pensar originalmente. Elemento componencial Elemento experiencial Elemento contextual É extremamente prático. Demonstra como as pessoas enfrentam o ambiente. É a habilidade que possibilita a avaliação de uma situação e a decisão do que fazer, por exemplo, adaptar-se a ela, modificá-la ou sair da situação. De acordo com essa teoria, os adultos têm esses três tipos de habilidades, em maior ou menor grau. Uma pessoa pode destacar-se em um, dois ou em todos os três elementos. Para Bee (1997), as capacidades cognitivas estão bem nesse estágio da vida, mas há uma variabilidade individual. O desenvolvimento da inteligência aumenta, assim como o vocabulário. A perda de memória é normal nessa fase, mas é muito insignificante, e esse fenômeno acaba sendo evidente bem depois da meia-idade, pelo menos em relação à maioria das medidas. A importância do exercício é um assunto constante na pesquisa sobre o funcionamento físico e cognitivo na vida adulta intermediária. O exercício auxilia as pessoas a continuarem com as habilidades em melhor estado do que os que levam uma vida mais sedentária. Mudanças cognitivas no idoso Para Papalia e Feldman (2013), estudos com idosos apontam que o funcionamento cognitivo nessa fase é muito questionado. Encontramos pessoas que declinam em todas ou na maior parte das áreas, mas também muitas que até melhoram em algumas. Os problemas práticos são resolvidos com mais eficiência, se forem importantes emocionalmente para eles, e uma diminuição no funcionamento do sistema nervoso central pode impactar a velocidade do processamento de informação. As memórias sensorial, semântica e de procedimento funcionam tão bem quanto em adultos mais jovens. Entretanto, a capacidade da memória de trabalho e da memória episódica não é tão eficiente. Notamos que, com o passar do tempo, a complexidade gramatical e o conteúdo da fala declinam. As mudanças neurológicas e as dificuldades de codificação, armazenamento e recuperação podem estar relacionadas ao declínio da memória funcional nos idosos. Pessoas idosas podem apresentar considerável plasticidade em desempenho cognitivo e podem se beneficiar de treinamento. De acordo com Papalia e Feldman (2013), a partir da perspectiva teórica de Schaie sobre o desenvolvimento intelectual do adulto, destacamos que no idoso encontramos os seguintes estágios: Estágio reorganizativo Fim da meia-idade e início da vida adulta tardia: as pessoas, ao se aposentarem, terão que reorganizar suas vidas e habilidades intelectuais, a partir de objetivos que tenham significados para ocupar o espaço do trabalho remunerado. Estágio reintegrativo Vida adulta tardia: os idosos, por estarem vivenciando alterações biológicas e cognitivas, procuram selecionar as atividades nas quais desejam investir esforço. Focam no objetivo do que realizam e nas tarefas que têm mais significado para eles. Estágio de criação de herança Velhice avançada: para os idosos, como a certeza que possuem é a morte, procuram elaborar instruções para a distribuição do que eles têm de valor, preparam-se para o funeral, contam histórias ou procuram escrever a autobiografia como forma de deixar alguma lembrança ou legado para os parentes e amigos que amam. A construção da sabedoria ao longo da vida Neste vídeo, você aprenderá como a sabedoria é considerada pelos estudiosos do desenvolvimento a partir de diferentes visões e que não está relacionada diretamente com a velhice. Ela vai além da inteligência e é baseada também em valores sociais, éticos e morais. Vamos lá! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Ao considerarmos o desenvolvimento cognitivo, no início da vida adulta, podemos ressaltar que o desempenho do jovem adulto tem um potencial significativo. Entretanto, estudos apontam que as habilidades cognitivas nessa fase também sofrem uma queda, porém esta vai ocorrer bem depois em capacidades como Parabéns! A alternativa E está correta. A linguagem, raciocínio matemático, percepção. B emoção, Inteligência, atenção seletiva. C percepção, audição, consciência. D raciocínio, vocabulário, sensação. E vocabulário, problemas diários de memória e solução normal de problemas. Dos 20 aos 35/40 anos, ocorrerá maior desempenho em diversas tarefas mentais que exigirão velocidade e maior habilidade de memória. Além disso, encontraremos um aumento do quociente de inteligência (QI), e significativas melhorias no desempenho intelectual, como vocabulário ou solução de problemas. Contudo, é preciso lembrar que os declínios vão ocorrer na dimensão cognitiva de forma bem sutil, e serão a partir dos 20 anos. Questão 2 Teóricos do desenvolvimento humano consideram que a meia-idade é um momento primordial na vida do ser humano. Partindo desse pressuposto, no desenvolvimento cognitivo, que vai dos 40 a 65 anos, é correto afirmar que Parabéns! A alternativa A está correta. Podemos constatar que, na meia-idade, o QI vai ter um aumento por volta dos 50, 55 anos, porém pesquisas demonstram que depois ocorre uma queda gradativa. Notamostambém perda de habilidades menos praticadas, como, por exemplo, visualização espacial. A memória sofre pouco impacto de declínio, nesse período, mas percebemos uma perda superficial na velocidade da lembrança, também influenciada por estresse. A há aumento do QI e pouca mudança na memória até bem depois dessa fase. B o funcionamento cognitivo é extremamente desorganizado. C a pessoa tem muita dificuldade de comunicação clara e objetiva. D o pensamento é um confuso nessa fase. E a compreensão costuma estar em declínio significativo. 3 - Mudanças psicossociais na vida adulta e terceira idade Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as mudanças psicossociais na vida adulta e terceira idade. Ligando os pontos É fato que nossos círculos sociais são importantíssimos para a manutenção da nossa saúde emocional e que nem sempre permanecem os mesmos ao passo que envelhecemos. Você já pode notar isso em sua vida? Seus amigos permanecem os mesmos? E as relações familiares, como vem se estabelecendo? Sobre esses laços tão relevantes em nossas vidas, vamos acompanhar o caso das amigas Selma e Helena. É com grande alegria que Selma, 52 anos, decide retomar os estudos, com muito incentivo da amiga Helena e apoio do psicopedagogo do programa do qual fazem parte. Ao ingressar no curso EJA (educação de jovens e adultos), Selma faz novas amizades e passa a sentir-se mais alegre e motivada a se engajar em outras atividades. Já Helena, em um momento de partilha em uma das oficinas do programa, relata com muito pesar a morte do único filho que tivera, vítima de uma pneumonia que resultou no seu falecimento aos 12 anos de idade. Desde então, Helena vem se engajando em várias atividades para tentar suprir o “vazio” que sente. Helena participa de vários projetos e ainda é voluntária em sua igreja, na pastoral da família. Em conversa com a equipe interdisciplinar do programa para mulheres de que Helena e Selma fazem parte, os profissionais verbalizam para Helena que ela se apresenta sempre com bom humor, alegre, disposta e animada, apesar da falta do seu único filho, e a questionaram: qual é o seu segredo? Questão 1 A equipe, ao debater o assunto, discutiu duas possibilidades: uma positividade tóxica que disfarça seu sofrimento ou um exercício de superação surpreendente. Ao buscar na bibliografia sobre o luto e o envelhecimento, como profissional você defende que A Helena apenas mente sobre seus sentimentos. B Helena pode ter algum tipo de psicopatia. C Helena opta por se ocupar para não lembrar do seu sofrimento. D Helena trabalha para modificar e transformar sofrimento em energia. Parabéns! A alternativa D está correta. A relação de Helena com sua dor não significa que ela a está negando, mas sim que, diante de fenômenos que beiram o insuperável, como a morte de um filho, é preciso lidar com o imponderável. Helena optou por buscar a ocupação do espaço deixado pela separação, preenchendo seu tempo com atividades que tragam a sensação de ser útil, de fazer a diferença, como o voluntariado. Questão 2 Os profissionais descobriram que Helena faz acompanhamento com o psicólogo e já participou de diversos grupos alternativos, mas só conseguiu uma mudança quando sentiu que podia fazer diferença por meio do voluntariado. Você, como psicopedagogo, como explicaria tal mudança? Parabéns! A alternativa A está correta. E Helena não devia gostar muito do filho. A A interação social promovida pelos espaços e as terapias propiciam uma saúde mental positiva a Helena. B A formação de grupos religiosos dentro dos projetos trouxe paz à Helena. C A estrutura de Helena aponta para uma grande farsa. Ela esconde os sentimentos para não se sentir tão mal. D Helena reconhece a dor, lida com ela, e começa pensar como ela pode ser preenchida. E Helena deve participar de algum tratamento psiquiátrico, pois essa vivência não seria possível. O profissional psicopedagogo acolhe, escuta e analisa o comportamento humano. Na terceira idade, a interação social é um elemento importante das saúdes física, emocional e mental. No caso de Helena, ao participar de atividades de voluntariado, além de ajudar outras pessoas, ela tem a oportunidade de reconhecer seus traumas, suas fragilidades, se expor, falar, se relacionar e redimensionar a solidão. Questão 3 Analisando o caso em pauta, como psicopedagogo, descreva o que você acredita que colabora para que Helena mantenha-se engajada em seus afazeres com alegria e bom humor, mesmo com a perda do seu único filho. Digite sua resposta aqui Chave de resposta A dinâmica complexa não tem uma resposta fechada. Mas podemos citar a importância da interação social na qualidade de vida e nas saúdes física, emocional e mental dos idosos. Ao participar de atividades, Helena tem a possibilidade de construir e estreitar laços afetivos que contribuem para seu estado emocional. No entanto, é preciso considerar que cada ser humano responderá de forma diferente tanto a eventos de perda e conflito como a novas conquistas. Mudanças psicossociais no jovem adulto De acordo com Papalia e Feldman (2013), o início da vida adulta oferece certa tranquilidade das cobranças do desenvolvimento e possibilita aos jovens a autonomia de vivenciar vários papéis e estilos de vida. É um período de experimentação e um momento que ele tem antes de aceitar os papéis e as responsabilidades de adulto. A busca por um emprego que traga certa estabilidade e por relacionamentos amorosos de longo prazo pode ocorrer até os 30 anos ou depois. Nessa fase, ocorre a recentralização, relacionada ao desenvolvimento gradativo de uma identidade adulta em busca da estabilidade. É a principal tarefa no início da vida adulta. Ocorre em três estágios e o poder, a responsabilidade e tomada de decisão vão aos poucos sendo transferidos da família de origem para o adulto jovem independente. Vamos conhecer esses estágios? Estágio 1 A pessoa ainda pertence à família de origem, porém espera-se que a autoconfiança e o autodirecionamento comecem a aumentar. A sua casa é ainda identificada como aquela em que vivem os pais. Estágio 2 A pessoa pode estar de certa forma ligada à família de origem, e depender dela financeiramente, porém, não sente que pertence mais a ela. Envolvimentos ainda não definitivos, universidade, trabalho e relacionamentos íntimos são aspectos dessa fase. Ao final desse estágio, a pessoa procura assumir relacionamentos mais sérios e obter condições para mantê-los. Estágio 3 Perto dos 30 anos, esse período relaciona-se com a independência dos pais (mas tem relacionamento próximo com eles), o compromisso com uma profissão, com um relacionamento afetivo, e quem sabe até filhos. Na atualidade e em muitas ocasiões, morar na casa dos pais é muito comum entre adultos jovens devido a questões financeiras, causando certas dificuldades de negociar um relacionamento adulto com os pais. Por mais que saiam da casa dos pais, eles precisam negociar a finalização da autonomia, iniciada na adolescência, e dar um novo rumo ao relacionamento com os pais, agora como adultos. Pais que não querem admitir essa mudança podem atrasar o desenvolvimento de seus filhos. Mesmo que os pais saibam que os filhos não são mais crianças, os jovens adultos ainda precisam de aceitação, empatia e apoio deles, e o apego a eles continua sendo um elemento importante do bem-estar. A formação de novos relacionamentos (como com parceiros amorosos) e a renegociação de relacionamentos existentes (como com os pais) têm implicações na personalidade. Hoje em dia, mais do que antigamente, mais adultos acabam adiando o casamento ou não se casam. Estudos apontam que as razões para uma pessoa não querer se casar podem ser: possibilidades de carreira; liberdade sexual; viagens e estilo de vida; busca por autorrealização; não ter pressão social para casar; limitações financeiras; medo da separação; dificuldade para encontrar um parceiroapropriado; e falta de possibilidades de namoro ou de pessoas que estejam namorando. Verificamos que, na atualidade, muitos casais podem optar por morar junto sem se casar. Esse tipo de relacionamento aumentou nos últimos tempos. Parece refletir o momento de experimentação do início da vida adulta e uma maneira de adiar o casamento. As pessoas estão se casando mais tarde do que em gerações passadas. Pesquisas constatam que, atualmente, as mulheres têm menos filhos e bem mais tarde na vida, e um número significativo de mulheres não quer tê-los. Os pais, de modo geral, se envolvem menos na educação dos filhos do que as mães, mas são mais presentes do que em gerações anteriores. A satisfação, para quem é casado, diminui durante os anos de criação dos filhos. Na maioria das vezes, mesmo o casal trabalhando, a responsabilidade maior da casa e dos filhos fica a cargo da mulher, que se sente sobrecarregada. O divórcio continua a ocorrer. Segundo dados do IBGE, em 2020, no momento do divórcio, as mulheres tinham, em média, 40 anos e os homens, 43. As estatísticas apontam que, no Brasil, 49,8% dos casais que se divorciam mantiveram um casamento de até 10 anos. Porém, os que ainda permanecem casados apontam maior nível educacional e o atraso na idade de casamento. Sabemos também que várias pessoas divorciadas procuram casar-se novamente dentro de poucos anos, mas os novos relacionamentos têm uma tendência de menor estabilidade do que os primeiros. Mudanças psicossociais na meia- idade Para Papalia e Feldman (2013), apesar de alguns teóricos afirmarem que a personalidade está essencialmente formada na meia-idade, há um consenso crescente de que o desenvolvimento nessa fase mostra mudança e estabilidade. Apesar de ser divulgada a existência de uma crise de meia-idade, pesquisas não apoiam uma crise normativa nessa fase. É mais correto referir-se a uma transição, que pode ser um momento psicológico decisivo. Crise normativa São os eventos esperados socialmente, marcantes, frequentes e específicos em determinado momento do ciclo de vida. A saúde física e mental é influenciada positivamente pelos relacionamentos, mas eles também podem apresentar vários momentos estressantes. Estudos sobre a qualidade dos casamentos sugerem uma melhora no relacionamento do casal após os filhos deixarem a casa dos pais. O divórcio na meia-idade pode ser estressante e ocasionar uma importante mudança de vida. Segundo diferentes pesquisas, as pessoas casadas tendem a ser mais felizes na meia-idade do que indivíduos em qualquer outro estado civil, especialmente os homens. As pessoas de meia-idade não têm muito tempo para estar com os amigos, se comparado aos adultos mais jovens, mas o apoio emocional e a ajuda em determinadas situações dos amigos são importantes. O ninho vazio pode ser libertador para muitas mulheres, mas pode ser complicado para casais, cuja identidade depende do papel de pais, ou para aqueles que agora têm de enfrentar problemas conjugais anteriormente ignorados. Atualmente, devido a diversos problemas financeiros ou emocionais, adultos que saíram da casa dos pais estão retornando a ela, e algumas vezes com suas famílias. Na meia-idade, constatamos que mais e mais pais idosos são dependentes dos cuidados de seus filhos. A aceitação dessas necessidades pode ser considerada um aspecto marcante da maturidade do filho e a finalização de uma crise relacionada aos filhos. As possibilidades de tornar-se cuidador de um pai idoso aumentam na meia-idade, sobretudo para as mulheres. Notamos que é muito comum, na meia-idade, os adultos tornarem-se avós, mas seus filhos têm menos filhos que as gerações anteriores. É comum que um divórcio e um novo casamento de um filho possam influenciar o relacionamento entre avós e netos. Encontramos também avós criando os netos, cujos pais estão impossibilitados de fazê-lo. Criar os netos pode acarretar tensões físicas, emocionais e financeiras. Mudanças psicossociais no idoso Na perspectiva de Papalia e Feldman (2013), mesmo aposentados, os idosos continuam trabalhando. Encontramos também pessoas aposentadas começando novas profissões, trabalhando em algum período, ou até como voluntárias. As idosas estão mais inclinadas do que os idosos a viver sozinhas. A permanência em instituições de longa permanência (ILP) não é comum em países em desenvolvimento. Os idosos preferem morar sozinhos ou não participam de atividades sociais. Porém, é importante destacar que cada vez mais os estudos apontam o fator socialização como um importante elemento associado à qualidade de vida e à boa saúde no final da vida. Na medida em que a pessoa mantém seus laços afetivos e busca uma vida social dinâmica, maior é a possibilidade de apresentar ótima saúde física e mental. Os relacionamentos são importantes para os idosos, ainda que não se vejam com frequência. Os idosos gostam de passar seu tempo com outras pessoas que aumentem seu bem-estar emocional. A interação social vai impactar a saúde e a satisfação do idoso. Já o isolamento é um fator de risco para mortalidade. Com o aumento da expectativa de vida, aumenta também a longevidade do casamento. Os casamentos que permanecem até o final da velhice são relativamente felizes. É cada vez maior o número de idosos viúvos que se casam novamente. Já as mulheres conseguem viver sem o marido, e dificilmente se casam novamente. É raro ocorrer separação ou divórcio entre os idosos, e grande parte dos idosos que se divorciou casou-se de novo. Encontramos também alguns idosos que nunca se casaram, os quais, segundo pesquisas, são menos solitários do que os divorciados e os viúvos. Muitos idosos têm amigos próximos e são mais saudáveis e felizes. Pais idosos e seus filhos adultos têm contato com frequência e se ajudam. Vários idosos estão cuidando de filhos adultos, netos ou até bisnetos. Por outro lado, idosos com saúde precária ou deficiências físicas podem sobrecarregar os cuidadores, especialmente quando se trata de algum familiar. Não ter tido filhos não parece ser algo negativo na velhice. Na grande maioria das vezes, os irmãos oferecem suporte emocional uns aos outros. As irmãs procuram conviver com seus irmãos. Os bisavós parecem não se envolver muito com os bisnetos, mas muitos encontram satisfação nesse papel. O adulto emergente e suas relações Neste vídeo, você conhecerá quem é o adulto emergente, ou adultez emergente, e a sua passagem para idade adulta. Vamos lá! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Os psicólogos, de modo geral, partilham algumas ideias em comum relacionadas ao desenvolvimento social do adulto que se encontra na meia-idade. Considerando a afirmação, podemos concluir que Parabéns! A alternativa D está correta. Apesar das várias mudanças que a mulher vivencia na meia-idade, essas estão inclinadas muito mais a ver um campo de possibilidades extraordinárias abrindo-se diante de si. Uma sensação real de perigo e medo pode dar espaço a um fortalecimento. Para muitas delas, ainda há muitas coisas a fazer. É A é pouco provável que as mulheres assumam o papel de provedor principal de cuidados de um dos pais idosos que se encontra fragilizado. B na meia-idade, as pessoas possuem muitos amigos. A amizade traz grandes benefícios para o crescimento pessoal. C o aumento nas exigências do papel pode contrubuir para maior qualidade de vida e satisfação de vida, nessa idade. D exitem várias evidências de que os anos da meia- idade são menos estressantes para as mulheres e mais felizes do que o início da vida adulta. E grande parte das pessoas que são avós nessa fase está envolvida de forma intensa no cuidado diário dos netos. um período de satisfação e felicidade, com grandes mudanças na forma de enxergar o mundo e de se relacionar. Questão 2 Analise o trecho a seguir: “O que torna mais tranquilo o enfrentamento dos declínios na velhice é a mudança que ocorreao mesmo tempo nas exigências de muitos papéis sociais. Adultos mais velhos conseguem adaptar-se a perdas físicas ou mentais, em parte, porque estão menos limitados pelas expectativas dos papéis. Naturalmente que não é acidental o enfraquecimento do domínio dos papéis sociais no período em que o corpo se torna mais sensível. Na velhice, as obrigações sociais vão diminuindo aos poucos, e não são oferecidos novos papéis” (BEE, Helen. O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artmed, 1997, p. 580). O texto apresentado retrata que Parabéns! A alternativa C está correta. Na velhice, desaparecem muitos papéis grandes (profissional, de filho, de cônjuge, principalmente para as mulheres) ou pequenos A os papéis que pemanecem na velhice possuem mais deveres ou expectativas e mais destaque. Diversos idosos têm muita vitalidade. B uma minoria de idosos mais velhos continua a ocupar o papel de pai e mãe, e nesses anos esse papel costuma ser mais complicado e mais exigente. C alguns papéis desaparecem, com a aposentadoria e a morte de pais e cônjuge, proporcionando maior liberdade para expressar sua individualidade. D estudos apontam que a perda de definição traz pouco risco identificado de isolamento e solidão. E é cada vez mais frequente que bisavós estejam envolvidos com a vida das crianças, e essa relação oferece muita satisfação. (participação em organizações religiosas ou comunitárias, presidente de associação de bairro, membro do conselho escolar – dando lugar para pessoas mais jovens). Os que permanecem possuem menos participação nas atividades rotineiras, não mais estruturadas por meio de papéis específicos, proporcionando, para alguns teóricos do desenvolvimento, maior liberdade para a individualidade e escolhas. 4 - Con�itos emergentes na vida adulta Ao �nal deste módulo, você será capaz de avaliar os con�itos emergentes na vida adulta. Ligando os pontos E finalmente chegamos à fase final de nossa história. Você já conhece um pouco mais de Selma, 52 anos, e Helena, 68 anos, seus enfrentamentos e superações. Vamos pensar um pouco nos conflitos que elas experimentam. Quem já não ouviu a frase: “Crescer dói”? Você concorda? Desenvolver- se implica envelhecer. De certa forma, o processo de desenvolvimento na vida adulta e na velhice é permeado por uma grande trajetória, sendo a maior das etapas da nossa vida, um trajeto de conflitos, desafios e superação. Selma e Helena juntas seguem superando os desafios impostos a cada uma. Em uma festividade no programa, os profissionais dedicaram o dia a falar sobre saúde mental na maturidade, em formato de roda de conversa. Em um momento de fala, Selma verbaliza que tem sofrido muito preconceito em relação à sua idade em seu ambiente de trabalho, tanto por parte de alguns colegas como por parte de alguns clientes. Nesse momento, várias mulheres do grupo que já haviam passado dos 50 anos compartilharam que essa também era uma realidade da vida delas. Contudo, Selma agradece muito ao programa que tem a cada dia colaborado para a ampliação dos seus conhecimentos e suporte em suas necessidades, sejam técnicas ou emocionais. Já Helena partilhou da falta que sente de estar no mercado de trabalho, e por isso vem se engajado em projetos sociais e no voluntariado. Buscando cada uma seu espaço e a superação dos desafios, as amigas seguem confiantes e engajadas com seus ideais, mesmo que os percalços apareçam. Questão 1 Frequentemente, a pessoa em processo de envelhecimento tenta negar suas mudanças, com receio de exclusão e preconceitos, como apontamos no estudo de caso de Selma e Helena. Na roda de conversa sobre saúde mental, Helena verbaliza sobre o desejo e a falta que sente de estar no mercado de trabalho — esse é um dos relevantes conflitos que permeiam a vida do idoso. Escolha, entre as alternativas, aquela que está relacionada ao sentimento descrito por Helena. A Solidão B Dependência Parabéns! A alternativa E está correta. Como observamos, Helena tem se envolvido em trabalhos sociais como forma de se manter ativa e interagindo socialmente. A perda da posição social se relaciona com a aposentadoria, o que gera um sentimento de inutilidade, podendo levar a um quadro depressivo. Questão 2 Nas rodas de conversa, a psicopedagoga chamou atenção para a necessidade de compreender o desenvolvimento humano na terceira idade, entender o que pode ser esperado e como lidar com os desafios que venham a surgir. O psicopedagogo tem a oportunidade de observar o idoso e colaborar com suas demandas tendo como princípio o fato de que cada sujeito encara o seu “passar dos anos” ou mesmo sua “jornada” de forma diferente. Sobre o envelhecimento e os riscos e desafios enfrentados em situações limites, a psicopedagoga falou sobre o “último estágio”. Na sua opinião, qual entre as alternativas abaixo descreve o “último estágio” citado pela psicopedagoga? C Pobreza D Aflição ou angústia E Perda da posição social A Quando a vida se aproxima do fim, os idosos precisam aceitar e não se importar com os desafios. B Nesse último estágio, se os idosos não conseguirem aceitar o passado como algo digno e de valor, tendem à depressão e ao desespero. C Esse último estágio culmina na virtude da sabedoria ou na negação da vida e da morte iminente. D Parabéns! A alternativa B está correta. De acordo com a teoria dos estágios, proposta por Eric Erikson, o desenvolvimento humano se dá em oito estágios, sendo o último na etapa da velhice. Assim, é importante compreender que esse estágio culmina com a valorização da vida, com a aceitação do passado e com o envolvimento desse sujeito com toda a sociedade. Tal visão é importante para o enfrentamento de cada desafio ou crise nessa etapa da terceira idade. Tendo isso em mente, o profissional psicopedagogo poderá colaborar para a manutenção e melhoria da saúde mental do público com o qual estiver trabalhando. Questão 3 Os desafios e conflitos enfrentados por cada uma das amigas levaram todas as mulheres do grupo a pensarem e discutirem sobre seus diversos papéis e a forma de alcançarem seus objetivos. Do ponto de vista da psicopedagogia e do desenvolvimento humano, como você descreveria os desafios e conflitos enfrentados por Selma e Helena relacionando com a fase adulta de cada uma delas? Digite sua resposta aqui Chave de resposta A questão é bem aberta, mas temos algumas chaves para você criar suas hipóteses e teorias. Podemos pensar sobre como o conflito faz parte e marca a vida dos adultos e dos mais velhos; como suas consequências podem ser atrozes, por exemplo, no caso da solidão e da saúde; e como a relação da sociedade com o tempo mudou e isso tem gerado O último estágio seria quando os indivíduos idosos precisavam ter um envolvimento apenas com sua própria vida e com sua família. E O último estágio é o enfrentamento de cada uma das crises de maneira produtiva, o que levará ao aumento da saúde física. uma inversão de percepções do idoso como um sábio para um estorvo. Crises previstas na vida adulta Segundo Sheehy (1984), “envelhecer é um processo normal do ciclo da vida”, e a cada passagem de um estágio do crescimento humano para outro, temos que mudar uma estrutura de proteção. Ficamos expostos e vulneráveis, mas também entusiasmados, parecendo que sempre vamos iniciar algo novo, com a capacidade de nos expandir de modo antes ignorado. Observamos que essas mudanças podem durar vários anos. Entretanto, ao sairmos de cada uma das passagens, entramos em um período mais prolongado e mais estável, no qual podemos esperar relativa tranquilidade e uma sensação de reconquista de equilíbrio. Para a compreensão do desenvolvimento humano, tanto a mudança quanto a estabilidade são centrais e devem ser consideradas em uma relação dialética e de equilíbrio dinâmico. Todos os eventos que vivenciamos, sejam formaturas, casamento, filhos, divórcio, morte de uma pessoa querida, um emprego, ou um desemprego, aposentadoria,têm impacto sobre nós. Esses acontecimentos que nos marcam são os fatos concretos de nossas vidas. Eles podem ser entendidos como crises e, para alguns autores, demarcam o desenvolvimento no ciclo de vida de uma pessoa. Delimitar o desenvolvimento em estágios ou por idade cronológica responde ao objetivo do estudo do desenvolvimento humano que busca entender a mudança das pessoas ao longo do tempo. Porém, é importante sempre considerarmos diversas perspectivas e fatores, entendendo o desenvolvimento como processo, observando o significado das mudanças e continuidades no tempo e o papel do próprio sujeito, assim como o da cultura e dos contextos ecológicos em que se circunscreve o desenvolvimento, ao longo do curso de vida. Um estágio do desenvolvimento não é definido em termos de acontecimentos que nos marcam, e sim pelas mudanças que se iniciam interiormente. Para Rodrigues, Diogo e Barros (1996), o envelhecer do homem está sujeito a transformações, a alguns ganhos e perdas. A maneira de lidar com essas situações vai depender da forma como o homem viveu, de valores, crenças e atitudes assumidas ao longo da vida. Davidoff (2001) aponta que as teorias da vida adulta enfatizam os desafios, os problemas, os conflitos e as mudanças intelectuais e de personalidade que surgem em momentos diferentes. Existem autores que defendem que o desenvolvimento humano pode ser estudado a partir de estágios. Considera-se que os estágios adultos têm uma sequência fixa e são similares para todos os membros de determinada cultura que vivem em uma mesma época específica. A Teoria de Erik Erikson é uma das mais influentes de toda a Psicologia. Esse teórico acredita que todas as pessoas passam por oito estágios e cada um deles recebe influências da sociedade humana. Para ele, em qualquer período, um conflito ou uma crise principal surgem. O enfrentamento de cada uma das crises de maneira produtiva aumenta a saúde mental. Deixar de lidar com elas contribui para desajustes posteriores. São fases críticas e períodos decisivos (DAVIDOFF, 2001). Quem disse que é fácil viver a vida adulta? Se alguém falou isso, ainda não chegou a essa fase. Para Sheehy (1984), como na infância, cada passo implica novas tarefas que funcionaram anteriormente. A cada passagem, é preciso renunciar a alguma magia, lançar fora alguma ilusão de segurança e algum sentido confortavelmente familiar de identidade e levar em conta a expansão de nossa própria individualidade. Ser adulto é um período de muitas responsabilidades, desafios e que, às vezes, as situações não saem muito bem como desejamos. Entretanto, podemos construir caminhos que nos ofereçam muitas alegrias, realizações e interações significativas. Vai depender muito de nós! Con�itos emergentes no jovem adulto Papalia e Feldman (2013) afirmam que, na Teoria de Erikson, o jovem adulto luta com o desafio de construir intimidade, um laço duradouro caracterizado por cuidado, compartilhamento e confiança. Esse é um grande conflito, uma crise que tem que enfrentar. Caso os adultos jovens não consigam assumir relacionamentos sérios com os outros, afirma Erikson, eles podem tornar-se muito isolados e absorvidos em si mesmos. Entretanto, eles precisam de algum isolamento para refletirem sobre suas vidas. Ao tentarem resolver as situações conflitantes de intimidade, competitividade e distância, eles acabam tendo um sentido ético, que Erikson considera o ponto principal para se tornarem adultos. Os relacionamentos íntimos nos pedem sacrifício e compromisso. Re�exão O resultado desse estágio é a virtude do amor. É praticamente uma devoção mútua entre as pessoas que escolheram ficar juntas, ter filhos e ajudá-los a alcançar seu próprio desenvolvimento saudável. De acordo com Sheehy (1984), perto dos 30 anos, nos defrontamos com a questão de como nos firmamos no mundo adulto. Cheios de energia, talvez já tendo deixado de morar com a família e superado o tumulto dos anos de transição, sentimo-nos mais livres na nossa maneira própria de viver no mundo. Ou enquanto procuramos essa maneira, desejamos experimentar alguma outra, provisória. Nessa fase, não só estamos tentando provar nossa competência na sociedade, como também estamos intensamente conscientes de estar sendo testados. Por mais diferentes que sejam as formas que o jovem adulto escolha, concentram-se sempre em dominar aquilo que entendem que devem fazer. A diferença é entre a transição anterior, os anos da adolescência, quando sabíamos o que não queríamos fazer, e a transição seguinte, a dos 30 anos, que nos estimulará no sentido de fazer o que queremos. Ser universitário é uma forma segura e comum para aqueles que podem responsabilizar-se com as despesas, seja com a ajuda da família seja com o próprio trabalho. Procurar ganhar um diploma é uma coisa que os jovens já sabem como fazer. A situação adia o momento em que eles terão de provar a que vêm, em um cenário maior, mais turbulento. Na atualidade, espera-se que aos 25 anos, ou até mais, o indivíduo determine o rumo da vida. Dada a permissividade de experimentação, a escolarização mais longa à disposição, não é nada incomum que uma pessoa esteja perto dos 30 anos antes de firmar definitivamente em um caminho. Um dos aspectos amedrontadores no início da vida adulta é a convicção de que nossas escolhas são definitivas. Se escolhemos uma faculdade ou trabalhar, casar ou não se casar, mudar para um lugar melhor ou abrir mão de uma viagem para o exterior, decidir por ter filhos ou fazer carreira, temos medo de que tenhamos que viver com essa opção o resto da vida. Em grande parte, esse medo não tem fundamento. A mudança não só é possível, como certa alteração de nossas primeiras escolhas parece inevitável. Entretanto, como aos 20 e poucos anos não temos experiência na tomada de importantes decisões, não conseguimos imaginar que oportunidades de melhor integração venham a ocorrer depois de um pouco de crescimento interior. Na visão de Sheehy (1984), a perda da juventude, a incerteza de forças físicas que sempre sentíamos como naturais, o embaraço do propósito de papéis caracterizados com que até então havíamos nos identificado, a dúvida espiritual de não termos sequer respostas absolutas, todas essas turbulências podem dar a essa passagem o caráter de crise, que vai dos 35 a 40 anos. Atenção! Essa é uma época de perigo e, ao mesmo tempo, oportunidade. Todos temos a chance de moldar novamente a estreita identidade com a qual nos definimos no início da vida adulta. E quem entre nós que não aproveitar ao máximo a oportunidade passará por uma grave crise de autenticidade. Para conseguirmos superar essa crise, precisamos reexaminar nossos propósitos e reavaliar como usar nossos recursos de agora em diante. Con�itos emergentes na meia-idade Na meia-idade, Davidoff (2001) ressalta que os adultos precisam transpor a ponte entre gerações e assumir compromisso significativo com o futuro e com a próxima geração. Se as pessoas permanecem absorvidas em si mesmas, elas param. Na visão de Morris Maisto (2004), na meia-idade, de acordo com a Teoria de Erikson, o principal desafio e enfrentamento é a produtividade (generatividade) versus a estagnação. Produtividade relaciona-se à capacidade de continuar sendo produtivo e criativo, especialmente de maneiras que orientem e encorajem as gerações futuras. Se o indivíduo não consegue atingir esse estágio, a vida se torna uma rotina monótona e sem sentido, e a pessoa se sente estagnada e entediada. Para Carvalho-Barreto (2013), o foco primordial desse momento é como a pessoa enxerga a vida, o que pode realizar no percurso dela, quais metas foram alcançadas e as suas contribuições para melhorar o mundo. Sendo assim, a generatividade vai se direcionar para além do contexto familiar, dando importância à sociedade e às gerações futuras. Nesse estágio, para resolver parte da crise dessa fase, a parentalidade aparece como um eficiente plano paracuidar, por exemplo, de um filho ou outra pessoa, com vistas a contribuir para o futuro. Na visão de Sheehy (1984), apesar de todas as crises impostas na meia- idade, em meio aos 40 anos e poucos, o equilíbrio poderá ser recuperado. Atinge-se uma nova estabilidade, que poderá ser mais ou menos satisfatória. Se a pessoa se recusou a enfrentar os seus dilemas, por ocasião da transição da meia-idade, a sensação de inutilidade se fortalecerá e poderá se transformar em resignação. Um a um, a segurança e os apoios serão retirados da pessoa que estiver parada. Os pais se tornarão crianças, as crianças crescerão e sairão de casa, um companheiro poderá se afastar, e cada um desses acontecimentos será visto como um abandono. Comentário É provável que a crise volte a surgir por volta dos 50 anos, e embora a desestabilização possa ser maior, o golpe poderá ser necessário para levar a pessoa considerada madura a buscar uma revitalização. Por outro lado, se nos confrontarmos conosco na passagem intermediária e encontrarmos uma renovação de propósito em torno da qual estaremos ansiosos por construir uma estrutura de vida mais autêntica, esses poderão ser os melhores anos. A felicidade pessoal aumenta significativamente para aqueles que forem capazes de aceitar o fato de que ninguém nessa fase vai compreendê-lo perfeitamente. Os pais podem ser perdoados por acontecimentos ruins, dificuldades de nossa infância. Os filhos podem ir embora sem que os pais se fechem em um silêncio dolorido. Aos 50 anos e pouco mais, há um novo calor e novos sentimentos. Os amigos podem se tornar mais importantes, mas a privacidade também se torna fundamental. Con�itos emergentes no idoso Rodrigues, Diogo e Barros (1996) consideram que são vários os conflitos que impactam no envelhecimento. Vamos conhecer os mais relevantes: Esse fator é muito comum entre os idosos inativos; após a aposentadoria, sentem-se inúteis na sociedade, perdem o espaço no lar, há maior dificuldade no relacionamento, considerando as diversas perdas das interações sociais. Há um sentimento de inutilidade que pode levar à depressão. Perda da posição social Considerando a pobreza associada ao analfabetismo, as pessoas idosas, muitas vezes, apresentam dificuldade em aprender novas habilidades. A pobreza dificulta as condições mínimas para sobrevivência, como alimento, habitação adequada e outras necessidades da vida. Dificulta a participação dos idosos nos eventos culturais e em atividades similares. Muitas vezes, os idosos têm pouco contato com as pessoas. Algumas causas que interferem são: dificuldade para tomar um transporte, transporte inadequado, dificuldade financeira, incapacidade física, falta de companhia decorrente do número reduzido de familiares ou de amigos. Outro aspecto de grande importância no envelhecimento é a perda de parentes próximos ou de amigos, por morte ou mudança de local, e também a perda de órgãos, em decorrência de doenças. A doença pode levar os idosos à depressão e muitas vezes tem como consequência o suicídio. Dependência física ou psicossocial afeta a saúde dos idosos. A dependência pode ser a causa de doenças, isolamento, depressão, falta de companhia para desenvolver atividades básicas, como a alimentação, o banho, o caminhar, o transporte, entre outras que colaboram para uma vida digna do ser humano. Os idosos mencionam o medo, não só da solidão, mas também da doença, da dependência de terceiros e alguns ainda têm medo Pobreza Solidão Aflição ou angústia Dependência Medos diversos da morte, principalmente, diante da perda de amigos ou do companheiro. De acordo com Davidoff (2001), a última crise na Teoria de Erikson que vamos enfrentar e que ocorre na velhice aponta que, quando a vida se aproxima do fim, os idosos precisam fazer as pazes consigo mesmos. Se não conseguirem aceitar o passado como tendo sido digno de valor, eles confrontam a probabilidade de depressão e desespero. O estágio final de Erik Erikson, integridade do ego versus desespero, culmina na virtude da sabedoria, ou na aceitação da vida e da morte iminente. Erikson considerava que os indivíduos precisam ter um envolvimento de qualidade com a sociedade. Chegamos ao final dos nossos estudos, e compreendemos que viver crises e conflitos não deve ser encarado como algo ruim ou negativo, pelo contrário, são enfrentamentos, momentos diferenciados de crescimento. Exige aprendizagem, sentimentos, reflexões e atitudes. É rever nosso mundo interior e buscar o melhor em cada um de nós. O envelhecimento na sociedade atual: con�itos emergentes Neste vídeo, você conhecerá quais são as concepções que a sociedade tem sobre o envelhecimento, quais são as imagens que se cria sobre a pessoa idosa e os conflitos emergentes. Vamos lá! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Erikson elaborou uma teoria que explica a vida desenvolvimental ocorrendo a partir de uma sequência. Em cada estágio, surge uma crise entendida não como uma catástrofe, mas como um momento de virada, um período delicado, mas potente. Ao considerarmos a fase do jovem adulto, a crise que é preciso enfrentar, de acordo com essa teoria, refere-se à Parabéns! A alternativa B está correta. De acordo com Erikson, o jovem adulto precisa adquirir a capacidade de intimidade, sem perder nesse processo qualquer coerência do ego. O isolamento pode trazer um momento de reflexão necessária, mas também pode causar solidão e incompletude. Para essa teoria, se a pessoa não tiver um firme senso de identidade pessoal (tarefa a ser finalizada na adolescência), não terá condições de se comprometer em um relacionamento íntimo. Questão 2 Analise o trecho a seguir: “A dor ou a crise, ou o estresse podem ser necessários, ainda que não suficientes para certos tipos de crescimento psicológico, exatamente como a ostra, que só forma uma pérola se houver um grão de areia em seu interior. Esta, inclusive é uma hipótese reconfortante, já que ela sugere a existência, sempre, de algo a ser A iniciativa e culpa. B intimidade e ao isolamento alternativo. C produtividade e estagnação. D identidade e confusão. E integridade do ego e ao desespero. ganho, em decorrência de toda a vida dolorosa” (BEE, Helen. O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artmed, 1997, p. 508). O texto apresentado aborda que Parabéns! A alternativa D está correta. Seria muito estranho se não experimentássemos alguma dor ao deixar um estágio que já estamos acostumados, pela incerteza do próximo. Se não mudamos, não crescemos. Se não crescemos, não estamos realmente vivendo, nem nos desenvolvendo. O crescimento exige uma mudança temporária à segurança. Crises, perdas e conflitos acontecem. Podem ser passageiras também, se assim desejarmos. A coragem de dar novos passos nos permite abandonar cada estágio com suas satisfações e encontrar as novas respostas, que libertarão o potencial do estágio anterior. Isso tudo está dentro de cada um de nós. A reconhecer o que estamos fazendo e a autocompreesão são pontos vivenciais insuficientes para ampliar o espaço das nossas escolhas e enfrentamentos das crises. B olhar para os conflitos, perdas e crises é ver o quanto é impossível a relação com o crescimento psicológico e o sofrimento. C as pessoas que somos e a vida que vivemos são pouco determinadas, para melhor ou para pior, pelas nossas experiências com as crises. D nas crises e nos conflitos e até em perdas que, muitas vezes, são necessárias, tornamo-nos pessoas plenamente desenvolvidas. E os enfrentamentos impactam negativamente nosso desenvolvimento, principalmente na fase adulta. Considerações �nais Em nosso estudo, discutimos as diferentes fases da vida adulta. Além disso, estudamos os conflitos emergentes nesse período. Destacamos o quanto esse conhecimento é imprescindível para a formação e atuação do profissional da saúde em diferentes contextos, sejam educacionais, clínicos,hospitalares ou organizacionais. Verificamos o quanto o jovem tem excelentes condições de saúde. Entendemos também que, na meia-idade, alguns problemas nessa área começam a ocorrer, mas o declínio é bem lento e gradativo. Quanto ao idoso, por incrível que pareça, a maioria dos sistemas corporais continua a funcionar, mas problemas e limitações que surgem nessa fase podem ser amenizados. Estudamos também o desenvolvimento cognitivo na fase adulta. Notamos que as capacidades, por exemplo, de pensamento, vocabulário, solução de problemas, raciocínio, inteligência, linguagem e memória podem se aperfeiçoar significativamente. O exercício de habilidades cognitivas melhora o desempenho, embora possa declinar ao longo dos anos. Destacamos que o desenvolvimento psicossocial é primordial em todas as fases da vida adulta, e o quanto cada momento será vivido com perdas e ganhos, próprios de cada momento da vida. O enfrentamento ainda é a melhor saída. Por fim, é um grande desafio compreender a vida adulta. Desse modo, é primordial conhecer as características físicas, cognitivas e psicossociais e as crises de cada fase. Podcast Neste podcast, a especialista irá demonstrar que o ser humano passa por estágios ao longo do ciclo vital, os quais assumem vários significados, porém é na fase adulta que pensamos mais sobre esse assunto que muitas pessoas têm medo. Vamos lá! Explore + Assista ao vídeo O que é ser uma pessoa madura?, do psiquiatra Flávio Gikovate. Você terá noções de aspectos fundamentais sobre maturidade emocional, formação moral, habilidades emocionais, entre outros, para poder pensar na sua postura, interações sociais e visão de mundo frente às adversidades, mudanças que vive como pessoa e como profissional. Para ampliar seus conhecimentos, leia o artigo Ninho cheio: uma nova etapa do ciclo vital familiar?, de Ana Caroline Sari Vieira e Paula Grazziotin Silveira Rava. Verifique que em vez de o jovem adulto buscar sua autonomia, independência ao sair da casa dos pais, ele está ficando por mais tempo com seus familiares. É um movimento inverso e muito interessante. Assista ao vídeo Amor no século XXI, da psicanalista e escritora Regina Navarro Lins e do historiador Leandro Karnal. Você vai desconstruir muitas ideias sobre os relacionamentos amorosos e preconceitos na fase adulta. Além disso, poderá verificar que as crenças sobre o amor romântico são impostas às pessoas e baseadas na idealização. As pessoas buscam a individualidade, querem se descobrir e se relacionar com outras pessoas. Esses desejos estão na contramão do amor romântico que valoriza a monogamia. Você não vai se arrepender. Para ampliar seus conhecimentos, assista ao vídeo Envelhescência, dirigido por Gabriel Martinez e realizado por Lado B Digital Films. Compreenda melhor os aspectos relacionados ao envelhecimento, ao idoso. Você vai se surpreender com as explicações do médico e gerontólogo Alexandre Kalache e os vários depoimentos de diferentes pessoas que estão vivendo essa fase da vida. Assista ao documentário Em busca da Memória, do neurocientista Eric R. Kandel, Prêmio Nobel de Medicina, em 2000. Ele nos esclarece que as experiências que temos com grande intensidade mudam totalmente os estímulos bioquímicos em nossas células, ampliam a nossa memória e a nossa forma de aprender. Ele também escreveu um livro sobre esse assunto. Vale a pena se aprofundar nesse tema. Referências ANDRADE, Cláudia. Transição para a idade adulta: das condições sociais às implicações psicológicas. Análise Psicológica, v. 28, n. 2, p. 255-267, 2010. BEE, Helen. O Ciclo Vital. Tradução Regina Garcez. Porto Alegra: Artmed, 1997. CARVALHO-BARRETO, André de. A parentalidade no ciclo de vida. Psicologia em Estudo, v. 18, n. 1, p. 147-156, jan./mar. 2013. COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesus. 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