Apostila Doenças Hipertensivas na Gestação

1 Luiza Riccio OBS T ETR ÍCIA DOE NÇ AS HIPERTENSIV AS N A G E S T AÇ ÃO 2 SUM ÁRIO DOENÇAS HIPER TENSIV AS NA GEST AÇÃ O .............................. 3 1. Intro duç ão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2. Hipertensão ar terial c rônica (HA C) .............................................. 4 2. 1. Complicações ........................................................................ 4 2.2. Manejo .............................................................................. 5 3. Pré - eclâ mpsi a (PE) ............................................................. 5 3. 1. Fis iopatologia ........................................................................ 6 Mapa mental 1. Fisiopatologia da pré-eclâm psia ........................... 8 3. 2 . Fa t ores d e ris co ...................................................................... 9 3.3. Prev enção ........................................................................... 9 3.4. Manejo .............................................................................. 10 4. Pré-eclâmpsia com cri tério de gra vidade ........................................ 10 4. 1. Complicações ....................................................................... 11 4. 2 . Sínd rom e HELLP .................................................................... 12 4.3 . Eclâmps ia ........................................................................... 12 5. Hipertensão gest acional ....................................................... 13 5. 1. Co mplicações ........................................................................ 13 5.2. Manejo .............................................................................. 13 6. Pré - ec lâm psia so brep ost a à hi per tens ão crô nic a ................................ 14 6. 1. Manejo .............................................................................. 14 7 . T rat am ento da h ipe r ten sã o na ge st ante ......................................... 14 7 . 1. Man ejo d a ge st a nte se m hip er ten sã o gr ave .......................................... 14 7 .2 . Mane jo da g es t ant e com hip er ten sã o gr ave .......................................... 15 Mapa mental 2. Doenças hipertensivas na gestação ........................ 18 Referência s ...................................................................... 19 Bibliogra\ufb01a consul t ada ........................................................... 19 Questões c omentadas ............................................................ 20 3 DOE NÇ AS HIPERTENSIV AS N A G E S T AÇ ÃO O QUE VOCÊ PRECIS A SAB ER? u De \ue61fniç õe s de p ré - e c lâmp sia , hip er tens ão ges ta cio nal , pré - ec lâm psia c om c ri téri os de g ravida de , hip er- tensão a r te rial c rô nica , p ré - ec lâmp sia so bre pos ta , sí ndro me H EL LP e e clâ mps ia. u Rec on he cim e nto das me did as e\ue61f caze s para p reven ção d e pré - e clâm psia . u Condução da s síndrome s hiper tensiv as. u Co nhe c er os e squ ema s de sul fataç ão. 1. I NTRODU Ç ÃO BA SE S DA MED IC IN A Na gr avid ez n or mal , oc or re q ue da da p res são a r te ria l no 2º tri me st re, e m ra zão da m arc an te red uç ão da res istê nc ia pe rifé ric a tota l. De \ue61f ne -se h ip er ten são ar ter ial q uan do a pre ssão a r te ria l sis tólic a é ig ual o u sup er io r a 1 4 0 m mH g , e/ou a pres são ar ter ial d ias tólic a é ig ual o u su pe rio r a 90 m mH g , co m a pac ie nte se nt ada , d even do se r re pe tid a em d uas m ed idas . As doe nças hi per tensivas da ges tação in clue m um grupo heterog ê neo de d oenças , de ntre elas a hipe r tensão ar terial c rônica , hipe r tensão gest acio - nal, pré - ec lâmpsia ( e suas form as graves, inclui ndo síndrom e HEL LP e e clâm psia ) e pré - ec lâmpsia sobre pos ta à hipe r tensão c rônic a. São dis túrbios , em e spe cial a Pré - Ec lâmpsia (PE ), que acar retam r isco real e im pac to signi \ue61fcati vo nos indic ado res rela ciona dos à saú de ma terna e i nfantil , pois era m a prin cipal causa d e mor bimor talidad e materna no B rasil ( antes da pande mia da covid - 1 9 ), e ger am graves proble mas neo natais assoc iados à prematu ridade. Sab emos qu e a mor bimor talidade d ec orre nte da pré - e clâm psia é inversamen te proporc ional aos níveis socioe conô micos da p opulaç ão, demo ns - trando qu e a doe nç a pode s er pr evenida e co rre - tame nte man ejada c om ass istê ncia es pec ializada em atenç ão pré - natal. Devido ao se u gran de impac to, é de ex tre ma impo r - tância sab er diagn ostica r e con duzir essas síndro - mes , para evita r danos mater nos e fetais futu ros. DI A A DI A M ÉD ICO Lem b re - se d e que , pa ra p roc e de r co m a afer içã o co rre ta da pre ssã o ar ter ial , rec o me nda - se q ue a m ed ida se ja fei ta apó s alg um te mp o de r ep ous o, c om a pa cie nte s en tad a, um do s an teb raç os e levad o à al tur a do á tri o ( m et ade d o osso e s ter no), utiliz and o ma ng ui to de ta man ho a de qua do e man ten do o b raç o na a ltu ra d o co raç ão. A p res são ar ter ial sis tólic a deve se r d ete rm ina da na fase I d e Koro tkoff, e a dias tólic a , na fas e V de Koro tkoff (cor res po nd en te ao desaparecimento da bulha ). BA SE S DA MED IC IN A É ne ce ssá rio d ifere nc iar a h ip er tens ão qu e an tec ed e a grav ide z daq ue la qu e é um a co ndi ção e sp ec í\ue61f ca d el a. Na pr im eir a , a el evaçã o da pre ssã o ar teria l vem c om o asp ec to \ue61fsi opa toló gic o bás ico d a doe n ça , e a se gu nd a é resu lt ado d e um a má ada pt açã o do or gan ism o mate r no à grav ide z , sen do a h ip er tens ão um a man ifes taç ão c líni ca de um q uad ro ma ior e m ais g rave. \ue61e\ue61d\ue61c\ue61b\ue61a\ue619 \ue618\ue617\ue616\ue61e\ue615 /\ue61c\ue61a\ue614\ue613 \ue615\ue612\ue611 \ue617\ue616\ue61e\ue615 Doenças hipertensivas na gestação 4 Obstetrícia Diversas são as classi\ue61f caçõ es prop ostas na li teratura para as doe nças hipe r tensivas gestacio nais. Nes te capítu lo, as formas clínic as serão ap resen tadas de acord o com a c lassi\ue61fc ação do A meric an Colle ge of Obstetricians and Gy nec ologists (ACOG; Quadro 1 ). Qu adr o 1 . For mas clínicas das síndromes hiper tensivas na gestação. Pré - e clâ mps ia (PE ) e s uas c om pli caç õe s: \u2022 Eclâm psia \u2022 Síndrome HELLP Hiper tensão Gestacio nal ( H G) Hiper tensão A r te r ial C r ô n i c a ( H A C) Hip er ten são a r te ria l crô nic a co m Pré - Ecl âmp sia so br ep os ta (PE s obreposta ) Fon te : ACOG 1 . DI A A DI A M ÉD ICO A clas si \ue61fc açã o po de se r dif ícil s e a hip er ten são for o bse r - vada e m uma g es ta nte ap ós as 20 s em anas , se m c on he - cim en to dos n íveis p res sór ic os pr évio s. S e a ge st ante n ão for pr imi ge st a, t iver á ci do úr ic o sé ric o me no r do q ue 4 , 5 mg / d L e uma c al ciú ria d e 24 ho ras > 100 mg , o di agn ós tico de H AC é mais p rovável. P oré m , o dia gnó sti co d e\ue61f ni tivo de H AC só po de rá s er fe ito no p ue r pé ri o. 2 . HI PERT EN SÃO ARTE RI AL CRÔNICA ( HAC ) A hipe r tensão a r terial c rônic a é de\ue61f nida co mo pres - são ar ter ial sistólica (P A S) maior ou igual a 1 4 0 mmH g e/ ou P A dias tólica (P AD) maior ou igual a 90 mm Hg , em d uas medidas , antes da gravide z ou antes de 20 se manas de ges tação. Até 5% das grávidas t ê m hipe r tensão crônic a. A idade materna av ançada no n ascime nto da crian ça e a obesidade contribuem pa ra a crescent e prev alência de hipe r tensão a r ter ial crônic a duran te a gravidez. A hipe r tensão c rônica é mais diag nosticada e m mulh er com hip er tensão pré - ges tacional d ocum entada , espe cialme nte se ela já es tiver rece be ndo tera pia anti- h ipe r tensiva. Muit as vezes, o pré - natal é o m ome nto em qu e a mulhe r proc ura u m ser viço de saú de e realiza a aferição da pressão ar terial. Por isso, é c omu m fazer o diagnós tico de H AC no início do pré - natal. No en tanto, um dile ma diagnós tico surg e em mulh e - res com p ré - natal ta rdio, pois os valores p ressór icos tende m a se nor malizar duran te o 2º trimes tre da ges tação, devi do a uma vasodilataç ão pe riférica \ue61fsiológi ca da ges tação. A par tir do \ue61fnal do 2º pa ra o 3º trimes tre, os ní veis pressóric os tende m nova- men te a ascende r . É difícil disting uir a hip er tensão crônic a da hipe r tensão g estac ional e, m uitas vezes, da pré - eclâm psia, d uran te o ciclo gravídico. Nes tes casos, se a hip er tensão pe rsistir ap ós o per íodo de 1 2 se manas pós - par to, classi\ue61fc a- se com o hipe r tensão ar terial c rônica m edian te diagnós tico retrospe c tivo . DI A A DI A M ÉD ICO Muitas mulheres com hiper tensão preexistente bem documentada podem permanecer normot ensas sem terapia durant e a gravidez. 2 .1 . COMP LI C AÇÕES Algumas complicações que podem ocorrer durant e e fora da gravidez in clue m pr incipal men te insu\ue61f - ciên cia re nal, aci den te vascular ce re bral e d oen ças cardiovascula res . No en tanto, a co mplic ação mais signi\ue61f cativa da hip er tensão crô nica é o des en - vol v im e n to d e pré - e clâmp sia sobre pos ta , que se dese nvolve em 20% a 4 0% dessas m ulhe res. As taxas de mor bimo r ta lidade mater na são maiores em pacie ntes co m pré - eclâm psia sobre pos ta em com paração c om mulh eres c om pré - ec lâmpsia na ausênc ia de hipe r tensão preexis tente. Da mesma forma , a hipe r tensão c rônica a prese nta risc os subs - tanciais para o feto, inc luindo a bor to espont âneo , Desco lame nto Prematu ro de Place nta (DP P), Cresci - men to Intrauteri no Restr ito ( CI UR), par to pre maturo e mor te perinat al. Doenças hipertensivas na gestação 5 2.2. MANEJ O A par tir do d iagnós tico atual, o u prévio de H AC, deve- se investigar acometime nto de órgãos-alvo com o objetivo de ras trear possíveis lesões e e stab ele ce r valores labora toriais basais para uma paciente que pode a presen tar pré - ec lâmpsia sob repos ta. S en do assim, faz-se n ece ssário solic itar e letrocardiograma e ecocardiog rama, funç ão renal, proteinúria basal, plaqu etas , tra nsami nases , ácido ú rico e exame d e fund o de olh o . No mom ento de c ontrolar os valo res de pressão duran te a gestaç ão, deve -se te r em me nte que um con trole ri goro so dem ais pod e ser p reju dicial à circ ulação p lace ntá ria e , consequentement e , ao feto . Po r isso, a P AD -alvo não deve ser inferior a 80 mm Hg. A reco men dação atual é qu e a terapia an ti- hip er - tensiva deve ser indicada v isando man ter um alvo terapê utic o de P A D en tre 81 e 85 mmHg. Ac ima desse valor, dev e -se intro duzir ou aum enta r a dose de anti - hipe r ten sivo. Abaixo de 80 mmH g, d eve- se reduzir a dose o u suspe nde r a me dicação. BA SE S DA MED IC IN A Os diu ré tic os p oss ue m ris co te ór ico d e res tr iç ão de cre sc ime n to fetal p or c au sar d ep le çã o de vol um e. Os ini bid ore s da e nzima c onve rs ora d a an giote nsi na e os blo qu ead ore s dos re c ep tore s da an gio tens ina I I têm si do asso cia dos a a no rma lid ade s feta is, i nc lui nd o ano ma lias ren ais e c ran ian as, p or i sso nã o deve m se r uti lizad os na ge s ta ç ã o. As mulh eres devem se r cuidad osame nte moni to - radas para o dese nvolvimen to de pré - eclâ mpsia sobreposta durante a gravidez . A biome tria ser iada é reco men dada , dado o aume nto do risc o de restr ição do cresc ime nto fetal em pacie ntes co m hipe r ten são crônic a. O risco d e mor te fetal é duas a três vezes maior e m mulhe res co m hipe r tensão c rônic a, e m com paração c om ges taçõ es não co mplicadas p ela doença. DI A A DI A M ÉD ICO Em hi pe r tens as co m do en ça n ão co mp lic ad a, é r ec om e n - dado o p ar to com 3 9/ 4 0 s em anas d e ge st aç ão. 3. PRÉ-E CL Â MPSIA ( PE) Carac teriza -se p or níveis elevados de p ressão ar terial (P AS \u2265 1 4 0 mmH g e/ ou P A D \u2265 90 m mH g em duas aferições c om inter valo reco men dado de 4 ho ras ) em ges tan te previamen te normotensa , ap ós a 20ª semana d e gest ação, associad os à evidên cia de acom etime nto sistêmico, c arac terizado por p elo men os um dos c ritér ios aprese ntados na T abe la 1 . T ab el a 1 . Cr itérios diagnósticos de pré - e clâmpsia. P AS \u2265 14 0 m mH g e/ o u PAD \u2265 90 mm Hg (A pó s a 20 ª se ma na , e m pa cie nt e sem h is tó rico d e HAC) Associação com pelo menos 1 c ritério de qualquer das 3 c olunas abaix o: Proteinúri a A lterações clínic as e laboratoriais ( disfunçõ es de órgãos-alvo ) Disfunções uteroplacentárias \u2022 Valor \u2265 30 0 m g e m pro tein úr ia de 24 h. \u2022 Relação proteína/creatinina na uri na \u2265 0 , 3 ( a mbas e m m g/dL). \u2022 Prote in úri a de \ue61f ta p osi tiva \u2265 2+. \u2022 Plaq ue top en ia ( 0 0.0 0 0), he mó lise o u Coagulação Intravascular Disse minada ( CIV D ). \u2022 Disfunção he pática: elevação de transaminases (> 7 0 U/L). \u2022 Disf un ção re na l: cre atin ina > 1, 1 m g/dL ou 2 x o valo r basal . \u2022 Edema pulmonar . \u2022 Alterações neuroló gicas ou visu ais recentes: cefa lei a, t ur vação v isu al , esc otom as ou convulsões. \u2022 Res tri ção d e c resc im en to fetal assimétric o. \u2022 Dopple r umbilical alterado (p rin ci palm e nte se as soc iado à alte ra ção d e Do pp le r nas d uas ar té rias uter inas mate rnas) . Fon te : ACOG 1 ; Brown e t al. 2 Doenças hipertensivas na gestação 6 Obstetrícia A proteinúria já foi con sider ada cri tério ob rigatório para o diagnós tico da p ré - e clâm psia , poré m passou a ser ap enas um do s cri térios. DI A A DI A M ÉD ICO O ed em a já fez pa r te do s cr ité ri os pa ra dia gn óst ico d e pré - e clâ mps ia. E ntr et anto , ed em a leve de m ãos , de fa ce e de me m bro s infer io res é c om um na g rav ide z no rm al, pri nc ipa lme nte n o se u pe río do \ue61f nal , o qu e tor na a avalia ção des te sin al cl ínic o mu ito s ubj eti va. Po r t an to, el e não de ve ser m ais u tiliz ado p ara o d iag nós tic o de P E. N o e nta nto, a pre se nç a de e de ma g en er aliza do o u gan ho exag e rad o de pe so (> 1 .0 0 0 g / se ma na), mesm o se m faze r par te dos critérios diagnós ticos, deve ser valorizada e a valiada na gestante. 3 .1 . FISIOP A TOL OGIA BA SE S DA MED IC IN A A ond a de invasã o trofob lást ica n or mal tr ans form a as ar térias e sp ira ladas e m vasos c om pla ce nte s, d e baixa resis tê nci a, p ara c on duzi r o au me nto do \ue60f uxo sa ngu ín eo ute ri no (1 0 vezes m aio r do q ue o n or mal na g rav ide z). Ess e fen ôm en o é \ue61fsi oló gic o, e é f unç ão d o trofob las to fazer a d es tr uiç ão da m usc ula tu ra vasc ula r e da m em - bra na e lás tica d o vaso, a um en tan do o se u diâ me tro. Is so oc or re ini cia lme n te no 1 º tr im es tre , qua nd o o trofob las to inte rs tic ial pr om ove a deso rga nizaç ão do m úsc ul o liso vascu lar. Depo is dis so, o co rr e a ch eg ada do t rofobl asto en dovasc ula r, consi de ra da a se gu nd a on da de i nvasão trofobl ást ica , e m qu e oc or re a invas ão da c ama da mu s- cul ar mé di a das ar tér ias es pi rala das do e n dom é tri o pe lo sinciciotrof oblasto, diminuindo a r esistência vascular e aumentando o \ue60fuxo sanguíneo placentár io. Alg umas evidê ncias apoia m a hipótese de que , a par tir d e problemas i munogené ticos e ambientais , oc orre ria m alteraç ões na pe r fus ão do trofobl asto , além de u ma cons eque nte hipóxia . Essas alteraçõe s primá rias seriam o ga tilho de uma sé rie de fen ôme - nos loc ais de hipóxia e de re oxigen ação, res ulta ndo em ativaç ão ge ner alizada do sis tem a in\ue61ea matório mater no, disfu nção e nd otelial u nivers al e limit ação na vascular ização plac en tária . Qu adr o 2 . T eorias relacionadas à eti olo gia da p ré - e clâ mps ia. De\ue61fciência da invas ão tro foblástica Disf un ção e nd otel ial e al ter aç õe s in\ue60f ama tóri as Fat ores imunológicos Fato re s ge n é tic o s Fon te : Adapt ado d e Zug aib et al . 3 Dura nte a place ntação , a segu nda o nda d e invasão trofoblástic a , e m torno da 20ª s emana , oc or re de for m a i nadequada . N o dec orre r desse p roce sso, a camada média das ar teríolas espiraladas nos vasos place ntá rios não é de str uída e pe rma nec e responsi va aos vasopressores circ ulantes. A falta de remo delam en to das ar teríolas espir aladas leva a um aum en to da resis tência a o \ue61euxo sang uíne o e a conse que nte diminuiç ão desse \ue60f uxo, gera ndo um ambi ente de hip óxia. Fig ur a 1 . Plac entação nor mal e defeituosa. Fon te : Acer vo Sanar. Doenças hipertensivas na gestação 7 Den tre as repe rcussõ es sistêmic as, o espasmo ar te - riolar univ e rsal , uma de co rrê ncia da ativação e ndo - telial, resul ta em pro cesso i nsidioso e prog ressivo, culminando na insu \ue61fciê nc ia de múl tiplos ó rgãos . A ativação end otelial deter mina a vas oconstrição e conse qu ente au me nto da resis tên cia pe riféric a . A hipóxia estimula a libe ração d e med iadores in\ue60famatórios p ela plac ent a doen te na circulaç ão mat e rna, induzi ndo uma disfun ção e ndote lial ge ne - ralizada , a qual, p or sua vez, a nunc ia as manifesta - ções c lássicas da doe nça: u Rins: glom er uloe ndoteliose e esc lerose foc al \u2192 alteraç ão da T a xa de Filtr ação Glo mer ular ( T FG ) \u2192 perda de p roteína. u Fígado: isquemia em in tensidade variável \u2192 dis - função \u2192 e levação dos níveis de transaminases . u Coagulaç ão: ativação e consumo d e plaque tas \u2192 instalaç ão de coag ulação disse minada. u Cérebr o: isqu emia \u2192 edema difuso \u2192 convulsão ( eclâ mpsia ) o u acide ntes vasculares. u Edema: al teraçõ es na pe rmea bilidade ca pilar . Doenças hipertensivas na gestação 8 Obstetrícia Placentação anormal Hipertensão Fat ores genéticos \u2191 Estresse oxidativ o, \u2191 Espécies reativas de oxigênio Fat ores imunológicos e inflamatórios \u2193 da perfusão placentária Estágio 1 (0-14 semanas) Recém-nascidos com restrição do crescimento intr auterino Disfunção endotelial Estágio 2 (\u2265 14 semanas) Ativação da coagulação \u2191 permeabilidade vascular Vasoespasmo Convulsão Oligúria Descolamento Prematur o de Placenta (DPP) Isquemia hepática T rombocitopenia Proteinúria Edema Hemoconcentração Mapa mental 1. Fisiopatologia da pr é-eclâmpsia Fon te : Elabora do pela aut ora. Doenças hipertensivas na gestação 9 A relação e ntre doe nça vascular p reexisten te e sus - cetibili dade ao dese nvolvimen to de pré - e clâm psia pode se r devid o ao dano p reexis tente na s célu - las end oteliais . Danos e ndoteliais pre existentes també m po dem exp licar p or que as mul heres q ue desenvolv em pré - e clâmpsia também apresentam maior risc o de dese nvolver doenç a cardiovascular mais tarde , no de cor rer da vida . 3.2. F A TORES DE RISCO Os prin cipais fatores de risc o são primi ges tação, história prévia ou familiar d e PE , hipe r tensão c rô - nica , diabe tes, c olage noses , raça n egr a, o besidad e e trom bo\ue61f lias. Qu adr o 3. Fator es de r isc o par a pr é - e c lâm psia . Fatore s de r isco d e alta e vidência Fatore s de r isco d e baixa evidência Diabe tes mellitus (DM) Sangramento no 1 º trimes tre SA AF Ida de ma ter na > 4 0 an os Nov o parceir o Uso d e mé todo anticonc epcio nal de barreira Gestação molar Maio r du ra ção d a atividade sexual Hid rop sia fet al ( não imune ) Ab or to pré vio c om me nos d e 10 semana s co m o mes mo p arc ei ro PE e m ges ta çã o prév ia Gan ho exc ess ivo de p eso IM C \u2265 25 , 8 T é c nic as de re p rod uç ão assisti da HAC \u201c Ho me m de r isc o\u201d (pa rc ei ra an ter ior teve P E ) Gestação geme lar Ges ta nte qu e nas ce u co m baixo p eso Irm ã co m PE Irm ã , mãe o u avó com eclâmps ia Fon te : FEBR A S GO 4 . Ou tras referências me nci onam os ex tremos de idade como fator de r isco; então, g esta ntes men ores de 1 8 an os tamb ém po ssue m maiores c hance s de desenvolver PE. A lgu ns fatores aparece m com o protetores, tais co mo tabagismo, a bor tame nto prévio e plac en ta p révia. DI A A DI A M ÉD ICO Ges ta nte s co m his tór ia pré via de p ré - e clâ mp sia me re - ce m ate nç ão es pe cia l em n ova ges ta ção , po is há ri sco de recorrência. 3.3. PREVENÇÃ O Rast rear pac ien tes de baixo risco par a desord ens hipe r tensi vas na gestação c om bio marcad ores ou ultrasso nogr a\ue61fa es tá associado a u m valor pre di- tivo positivo baixo ( 8 - 33%), indepe nden teme nte do método u tilizado, alé m de não se r possível p redizer PE. Em relação à p revenção das deso rdens hi per tensi - vas na gestação , o uso de A AS na dos e de 1 0 0 - 1 50 mg /noite está recomendado para mu lheres c on - sider adas de alto risc o, com p elo me nos u m dos cri térios do q uad ro abaixo. O uso ainda d eve ser consid er ado em m ulhe res co m pel o meno s dois cri térios de r isco mo de rado . Doenças hipertensivas na gestação 10 Obstetrícia Qu adr o 4. C ri tér ios pa ra u so do A A S. Alto risco (pelo meno s um dos seguintes ): Risc o moderado ( dois ou mais dos seguint es): \u2022 Anteced ente de PE, e special mente se de sfecho adv erso \u2022 Gestação múltipla \u2022 Diab e tes tip o 1 ou 2 \u2022 Doenç a renal \u2022 Doença auto imune \u2013 lúpus, síndrome do anticorpo antifosfolípide \u2022 Nulíparas \u2022 Obesidad e* \u2022 His tóri a fami liar d e PE \u2022 Ida de ma ior q ue 35 a nos \u2022 Desf echo a dvers o em ge stação anter ior . \u2022 Inter valo intergestaç ões maior que 1 0 anos \u2022 Pacientes afr odesc enden tes \u2022 Pacientes com baixo nível s o cioec onômic o \u2022 His tóri a pes soa l de bai xo pes o ao nasc e r *N o Manu al de g est aç ão de al to risc o do Min istér io da S aúd e (202 2) 5 , a ob esid ade ap arec e co mo c ri tério d e alto ris co, di vergi ndo d os guideli nes atuais. Fon te : ACOG 1 . O A AS deve ser iniciado e ntre 1 2- 2 8 sema nas (pre - f erencia lment e an tes da 1 6ª semana de g estaç ão ) e deve ser mantido a té 36 seman as . A suple men - tação de c álcio só tem evidê ncia de re duzir risco de doe nça hi per tensiva na gravide z nas pacien tes que têm ingesta insu\ue61fciente . DI A A DI A M ÉD ICO O A A S e o c álc io, q uan do in dic ad os , deve m se r ini ciad os em tor no d e 1 2 se man as, p ara q ue c om ec em a fa zer efei to ante s da 2ª on da d e mig raç ão tr ofoblás tic a na fo rma ção plac e ntá ria , m ec ani smo re lac io nad o à \ue61fsio pato log ia da PE . 3. 4 . MANEJ O O objeti vo do tratame nto é diminuir as complicações mate r n as , c omo ac ide ntes vasculares ce rebr ais, a mor bidade e a mo r t alidade po r ec lâmpsia. S abe mos que o trat ame nto de \ue61fni tivo é o par to , mas alc ança r o con trole da doe nça re duz as taxas de pre matu - ridade e o temp o de pe rman ênc ia hospita lar do recé m - nascido. Por ser u ma en tidade de ca ráter evolutivo, po de com plicar e m 2 a 8% dos c asos e progre dir par a formas graves de pré - eclâm psia, c omo a i minê ncia de ec lâmpsia , ec lâmpsia e síndro me HE LLP . As c om - plicaçõ es pod em se r divididas e m causas mater nas e fe t ai s. Embo ra , por d e\ue61fn ição, a pré - ec lâmpsia se resol va no pe ríodo pós - par to, as pacientes que tiver am PE permane cem em risco para o desenv olvime nto de ou tras con diçõe s médic as não relacio nadas à ges tação. A pré - eclâm psia aume nta o risc o de complicaçõ es cardiov asculares, com o hiper ten - são ar ter ial crônic a, d oen ça ca rdíaca isquê mica , doen ça ce reb rovascular , diabe tes, doe nça re nal e tromboembolismo . DI A A DI A M ÉD ICO T od as as mu lh ere s deve m se r ins tr uíd as sob re si nais d e ale r t a e avaliad as pr on tam en te qua nto a p oss íveis c om - plic aç õe s hip er ten sivas a té 1 2 se man as ap ós o pa r to. 4. PRÉ-EC L ÂMPSIA CO M CRITÉRIO DE G R A VIDADE Os cri térios de g ravidade da PE es tão aprese ntados no Quadro 5 .

Apostila Doenças Hipertensivas na Gestação

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Medicina

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