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Convivência familiar e comunitária da criança e do adolescente na situação do art. 98 do ECA Ante a magnitude do direito em apreço, reconhecido como fundamental pelas normas internacionais 231 e pela Lei Maior do País, a convivência familiar e a comunitária transcenderam a mera letra dos textos normativos antes enumerados e alargaram a sua discussão e implementação nacional, notadamente para as crianças que se encontram na situação do art. 98 do ECA, com a edição do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária 232 que prioriza a recuperação do ambiente familiar vulnerável 233 , prevendo novas políticas públicas a fim de evitar o afastamento de crianças e de adolescentes do convívio familiar. Reforçando este paradigma, cabe ressaltar a importância da observância das normas contidas nas Orientações Técnicas do Conanda 234 . Neste documento de âmbito nacional, resta claro que os vínculos da criança com a família natural são fundamentais nessa etapa do desenvolvimento humano, de modo a oferecer ao infante condição para uma formação saudável, que favoreça a construção de sua identidade, sua constituição como sujeito de direitos e fortaleça a sua cidadania. Nesse sentido, conclui a orientação técnica ser importante que essa conservação dos liames familiares ocorra nas ações cotidianas dos serviços de acolhimento – visitas e encontros com as famílias e com as pessoas de referências da comunidade da criança e do adolescente, por exemplo. Por tal razão, os serviços de acolhimento devem estar localizados em áreas residenciais, sem distanciar-se excessivamente, do ponto de vista geográfico e socioeconômico, do contexto de origem das crianças e adolescentes. Em hipóteses excepcionais, e somente por determinação judicial, quando necessário o afastamento do convívio familiar e encaminhamento para serviço de acolhimento, esforços devem ser empreendidos para manter a criança e o adolescente o mais próximo possível de seu domicílio, a fim de facilitar o contato com a família e o trabalho pela reintegração familiar. A proximidade com o contexto de origem tem como objetivo, ainda, preservar os vínculos comunitários já existentes e evitar que, além do afastamento da família, o acolhimento implique a privação da criança e do adolescente do convívio com seus colegas, vizinhos, escola e das atividades realizadas na comunidade 235 . O direito à convivência familiar teve aperfeiçoada a sua sistemática por meio da Lei n. 12.010, de 29 de julho de 2009, com ênfase na necessidade de implementação de políticas públicas específicas destinadas à orientação, apoio e promoção social da família de origem que, por força do dispositivo do art. 226, caput, da Constituição Federal, tem direito à especial proteção do Estado.
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