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Obs.: Às vezes, a ambiguidade – quando bem empregada – pode ter valor expressivo, criativo. Se o seu problema é a vista, nós vendemos a prazo. (Propaganda de uma ótica.) – Doutor, já quebrei o braço em vários lugares. – Se eu fosse o senhor, não voltava mais para esses lugares. (Piada... péssima) Intertextualidade Sugiro que você leia as sábias palavras de Platão e Fiorin, autores do excelente livro Lições de texto: leitura e redação: “Com muita frequência um texto retoma passagens de outro. Quando um texto de caráter científico cita outros textos, isto é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas e em nota indica-se o autor e o livro donde se extraiu a citação. Num texto literário, a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito de obras que compõem um determinado universo cultural. Os dados a respeito dos textos literários, mitológicos, históricos são necessários, muitas vezes, para a compreensão global de um texto.” Em suma, a intertextualidade trata da relação de identidade e semelhança entre dois textos em que um cita o outro com referência implícita ou explícita. Um texto B faz menção, de algum modo, a um texto A. A intertextualidade se apresenta, normalmente, nas provas de concursos públicos, pela paráfrase ou pela paródia. Alguns exemplos e suas explicações a seguir são baseados em algumas questão feitas pela banca do vestibular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Paráfrase É uma reescritura em que se ratifica, positivamente, a ideologia do texto original, ou seja, é dizer o mesmo com outras palavras: A escola, embora não tenha plena consciência do processo que desencadeia, é a base para a evolução profissional do ser humano. As instituições de ensino, apesar de não se darem conta da interferência na psique alheia, são o alicerce do desenvolvimento secular do homem. Paródia É a intertextualidade em que se subverte ou se distorce a ideologia do texto original, normalmente com objetivo irônico: Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá; As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá (Gonçalves Dias) Minha casa tem goteiras, Pingam daqui pingam de lá; Quando chove é uma tristeza, Pegue um balde para ajudar. (Abraão S. Dias) Há outros tipos de intertextualidade, como a citação, o plágio e a alusão: Citação Como de costume, muitas definições dessa gramática se basearão no sensacional dicionário Caldas Aulete. Não poderia ser diferente agora. Segundo ele, “é uma frase ou passagem de obra escrita, reproduzida geralmente com indicação do autor original, como complementação, exemplo, ilustração, reforço ou abonação daquilo que quer dizer”. Os dois-pontos e as aspas simples ou duplas (principalmente) costumam aparecer nas citações. Concordo com Machado de Assis quando disse: “A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”. Plágio É a apresentação de imitação ou cópia de obra intelectual ou artística alheia como sendo de própria autoria. As aspas são ignoradas, como se as palavras fossem autênticas e de sua autoria. Segundo penso, a vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal. Alusão É uma referência vaga, breve e indireta que se faz a/de alguma pessoa ou coisa. Às vezes é difícil perceber. É preciso que haja um bom conhecimento de mundo, uma boa “mina” cultural. Meu partido É um coração partido E as ilusões estão todas perdidas Os meus sonhos foram todos vendidos Tão barato que eu nem acredito Eu nem acredito Que aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo) (...) (Cazuza e Frejat) Este verso pode ser lido como uma alusão a um livro intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de Balzac. Para que eu não fique com a consciência pesada, cito mais três tipos de intertextualidade: Capítulo 4 – Semântica e Lexicologia Intertextualidade Paráfrase Paródia Citação Plágio Alusão