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Livro introdução a teologia

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Introdução à 
Teologia
Sergio de Goes Barboza 
Phoenix Maria Finardi Martins
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
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Presidência 
Rodrigo Galindo
Vice-Presidência de Produto, Gestão 
e Expansão
Julia Gonçalves
Vice-Presidência Acadêmica
Marcos Lemos
Diretoria de Produção e 
Responsabilidade Social
Camilla Veiga
Gerência Editorial
Fernanda Migliorança
Editoração Gráfica e Eletrônica
Renata Galdino
Luana Mercurio
Supervisão da Disciplina
Ana Paula Moraes da Silva 
Maccafani
Revisão Técnica
Ana Paula Moraes da Silva 
Maccafani 
Conrado Puglia Barbosa
José Tadeu de Almeida
Luciana Colin Talavera
Vanessa Moreira Crecci
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Barboza, Sérgio de Goes
B239i Introdução à teologia / Sérgio de Goes Barboza, Phoenix Maria Finardi 
Martins. - Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020.
 176 p.
 
 ISBN 978-85-522-1680-3
 
 1. Teologia. 2. Igreja. 3. Cristianismo. I. Martins, Phoenix 
 Maria Finardi. III. Título. 
 
CDD 230 
Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753
mailto:editora.educacional@kroton.com.br
http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1
A teologia como saber sistematizado da experiência cristã ..................... 7
Seção 1
A teologia como ciência ..................................................................... 9
Seção 2
A relação entre fé e a razão ..............................................................22
Seção 3
A igreja e a sociedade .......................................................................34
Unidade 2
A natureza e função da teologia ................................................................53
Seção 1
Teologia Natural ...............................................................................55
Seção 2
Teologia Revelada .............................................................................68
Seção 3
A função da teologia ........................................................................80
Unidade 3
A existência de Deus e seus atributos .......................................................96
Seção 1
A natureza trinitária de Deus ..........................................................98
Seção 2
Criação e providência ...................................................................108
Seção 3
História do Cristianismo ..............................................................121
Unidade 4
Criador e criatura ....................................................................................136
Seção 1
As criaturas e os filhos de Deus ...................................................139
Seção 2
Os anjos e o homem ......................................................................148
Seção 3
A natureza humana segundo a bíblia ..........................................159
Palavras do autor
A teologia é uma ciência ou estudo sobre a existência de Deus, das questões referentes ao conhecimento da divindade, assim como de sua relação com o mundo e com os homens. Ela faz parte de uma área 
conhecida como Ciências Humanas e preocupa-se em buscar os conheci-
mentos históricos e práticos, tendo como objetivo a capacidade de estratégias, 
identificação e interpretação de problemas contemporâneos relacionados às 
categorias temáticas, tais como teologia e ciência, fé e razão, teologia natural 
e revelada, etc. Portanto, em nosso estudo, o foco principal é a pesquisa e a 
reflexão sobre temas da área teológica, assim como mostrar os contrapontos 
existentes, caracterizando, assim, uma introdução à teologia. Nesse sentido, 
não temos a pretensão de trabalhar a questão do que é certo ou errado, mas 
sim trazer à luz do conhecimento temas que perfazem a essência dessa área 
e propor uma reflexão sobre a importância de cada categoria, sendo elas 
antagônicas ou não.
Embora a teologia se limite ao cristianismo, considerando seu sentido 
amplo, ela aplica-se também a qualquer religião. Porém, mais do que compre-
ender as diferentes práticas religiosas, rompendo-se, assim, a lógica carte-
siana, o propósito é mostrar os seus efeitos e a interferência desses efeitos 
no desenvolvimento da sociedade, assim como a importância desse conheci-
mento para o exercício prático dessa função.
Esperamos que você entenda a importância da teologia como uma nova 
possibilidade para a sua formação, capacitação e atualização como agente 
religioso para atuação profissional em diferentes contextos. É fundamental 
que, independentemente de crença, você utilize dessa linguagem para o 
conhecimento histórico e epistemológico. Tenha um excelente estudo!
Unidade 1
Sergio de Goes Barboza
A teologia como saber sistematizado da 
experiência cristã
Convite ao estudo
Esta unidade está organizada em três seções, as quais são importantes 
para a compreensão teórico-científica da teologia de forma contextualizada.
Na primeira seção, iniciaremos a discussão da teologia como ciência, 
caracterizando-a como uma ciência singular. Um teólogo cientista precisa 
ter confiança ou fé em sua obra para sistematizar os meios necessários para 
se obter conhecimento. Nesse sentido, a pergunta que se faz é: quanto ao 
método, há dados para sistematizar esses meios necessários? Buscaremos, 
então, compreender o seu objeto de estudo, o método e consequentemente 
a sua divisão. Uma vez conhecendo a estrutura teológica, vamos analisar 
posteriormente como a religião influenciou culturas e sociedades, sob pontos 
de vistas e contextos históricos.
Já na segunda seção vamos analisar os contrapontos quanto à relação 
entre a fé e a razão na Bíblia, considerando-as como duas ferramentas impor-
tantes para a vida. Vamos verificar e sintetizar historicamente a fé e a razão 
no pensamento medieval; Idade Média – reformas religiosas e a fé e a ciência 
nos dias atuais. Portanto, neste estudo vamos pensar um pouco mais sobre fé 
e razão, refletindo a hipótese de que ambas são compatíveis.
Na terceira seção, utilizaremos da teologia contextual para vermos os 
princípios bíblicos para além de seu contexto cultural, os desafios atrelados a 
igreja de hoje e a reflexão sobre o papel da igreja na sociedade.
Nesse sentido, você, ao refletir sobre a teologia como ciência, desen-
volverá a capacidade de relacionar as várias temáticas da área teológica 
e compreender como se dá a relação entre a ciência e a religião, perceber 
a possível harmonia entre a fé e a razão e estar apto a analisar o contexto 
sócio-cultural-religioso.
Para desenvolver o estudo das temáticas mencionadas anteriormente, 
elaboramos um contexto fictício. Num reencontro de amigos, a discussão 
sobre ciências e teologia deixou uma pergunta a ser respondida. Pedro está 
concluindo o curso de Filosofia e afirma, categoricamente, que ciência e 
teologia são apenas esforços humanos na busca do conhecimento e que a 
ciência, embora importante, não atingiu um avanço considerado na contem-
poraneidade, não é infalívele dificilmente chega a uma solução definitiva 
em muitas outras perguntas que a humanidade ainda faz, pois o que é certo 
hoje, amanhã já não poderá ser. Lúcio discorda, por acreditar que não há 
concordância entre ciência e teologia, e sendo ele adepto da ciência, defen-
de-a concluindo que a ciência é o único caminho para se chegar ao conheci-
mento de fato. Portanto, é um dilema a ser refletido.
Desafio apresentado, agora chegou a hora de desenvolver as reflexões 
necessárias para a sua reflexão. Bom estudo!
9
Seção 1
A teologia como ciência
Diálogo aberto
Para desenvolver o estudo das temáticas sugeridas, elaboramos um 
contexto fictício, onde alguns amigos se encontraram e, após algumas refle-
xões sobre ciências e teologia, ficaram visíveis os contrapontos e os diferentes 
entendimentos sobre o assunto. Pedro está concluindo o curso de filosofia e 
afirma, categoricamente, que ciência e teologia são apenas esforços humanos 
na busca do conhecimento e que a ciência, embora importante, não atingiu 
um avanço considerado na contemporaneidade, não é infalível e dificilmente 
chega a uma solução definitiva em muitas outras perguntas que a humani-
dade ainda faz, pois o que é certo hoje, amanhã já não poderá ser.
Isso inquieta profundamente Lúcio, que discorda por acreditar que não 
há concordância entre ciência e teologia e, sendo ele adepto da ciência, 
defende-a, concluindo que a ciência é o único caminho para se chegar ao 
conhecimento de fato. Portanto, é um dilema a ser refletido.
Um novo dilema aparece contrapondo essa discussão quando Fábio, que 
está no 3º ano de Teologia defende que a teologia já foi considerada a “Rainha 
das Ciências”, portanto, é possível reconhecer as diferentes formas de conhe-
cimento e que certamente há uma interação entre elas. Ao analisarmos mais 
precisamente os conteúdos que propomos para reflexão “o que é a teologia”, o 
seu “objeto de estudo” e os “seus métodos”, e que consequentemente os carac-
terizam como também uma ciência, é pertinente analisá-la e buscarmos mais 
profundamente as respostas que, se nem mesmo a ciência consegue entender, 
isso significa que as possibilidades estão abertas para as conclusões tanto da 
ciência, como da filosofia e da própria teologia.
A ciência enfrenta muitas perguntas sem respostas até mais importantes 
do que aquelas que atormentavam Galileu Galilei, Nicolau Copérnico e 
outros cientistas. Existem muitos mistérios a serem desvendados e todas 
as possíveis formas de conhecimentos são bem-vindas para desvendá-los. 
Nesse sentido, são importantes os estudos desta unidade, primeiro para que a 
possamos conhecer melhor, segundo para propor a reflexão de outras possi-
bilidades para as perguntas sem respostas e, em terceiro, para chegarmos a 
uma conclusão quanto ao debate dos nossos personagens.
Para adentrarmos em nossa reflexão, é importante destacar o pensamento 
de Popper (apud LANA, 2019, [s.p.]), considerado um dos maiores filósofos 
do século XX. Ele defendeu que, “se a ciência se baseia na observação e 
10
teorização, só se podem tirar conclusões sobre o que foi observado, nunca 
sobre o que não foi”.
Não pode faltar
Quando utilizamos o jargão “religião, política e futebol não se discutem”, 
é porque, de fato, cada um tem uma forma de pensar, e isso depende muito da 
educação, da influência familiar, dos amigos e tudo depende da forma com 
que cada um vivenciou a sua vida. Temos essa percepção na discussão que 
vimos no contexto de aprendizagem, em que Pedro e Lúcio têm uma forma 
de pensar diferente com relação ao tema teologia e ciência. Mas indepen-
dentemente da forma como pensamos, precisamos pesquisar, analisar, 
independentemente de nossas concepções, e observar o outro lado, para 
que possamos ter certeza de que as nossas convicções são realmente verda-
deiras. Não podemos vivenciar apenas os nossos conhecimentos naturais e 
não nos permitir verificar outras possibilidades. É claro que isso não signi-
fica ser volúvel em nosso comportamento. Precisamos ter uma direção, ter 
bom senso e observar o que tem mais sentido. Um dilema a ser refletido, 
como vimos no contexto de aprendizagem, é o de Pedro, o qual faz filosofia 
e entende que ciência e teologia são apenas esforços humanos na busca de 
conhecimento; Lucio, o qual discorda por acreditar que não há concordância 
entre esse tema; e Fábio, que afirma que é possível analisar as diferentes 
formas de conhecimento e que é possível haver interação entre elas.
Reflita
De acordo com a nossa história, há concordância entre ciência e 
teologia? Considerando o pensamento de Fábio, como a ciência e 
teologia se relacionam? Como seria uma possível interação? Podemos 
caracterizar ambas como dois esforços humanos na busca do conheci-
mento? Vamos refletir sobre esses questionamentos.
O que percebemos nesta discussão não é muito diferente do que acontece 
no cotidiano das pessoas. Muito se tem discutido sobre a teologia ou qual é o 
seu significado, colocando em debate o seu “objeto de estudo” e a sua divisão. 
Os embates ocorrem, geralmente, entre a teologia e a ciência.
Etimologicamente, o termo teologia é a junção de dois prefixos: theos + 
logia (Deus + ciência) e tem como significado atual o estudo da existência 
de Deus, da divindade e sua relação com o mundo e os homens. No mundo 
antigo, o termo theos tinha um significado pagão e foi usado para descrever 
algo sobrenatural, seres com poderes além da capacidade humana.
11
Embora o termo teologia já havia sido utilizado em outros momentos, 
ainda que de forma não objetiva, Platão, em seu livro A República, foi o 
filósofo que pela primeira vez utilizou o termo teologia com uma conotação 
mais específica. Para esse autor, o termo refere-se à compreensão da natureza 
divina por meio da razão.
Figura 1.1 | Significado do termo teologia
Fonte: elaborada pelo autor.
A raiz desse termo é grega e versava sobre o aparecimento dos deuses 
“theologeion”, referindo-se às influências divinas, à ciência das coisas divinas 
ou até mesmo à oração e ao louvor a um deus. Portanto, todo aquele que 
discursava sobre deuses ou sobre a cosmologia eram considerados theologos. 
Esses são significados pertencentes à filosofia primeira que estudava as 
causas eternas e imutáveis. Percebe-se que, no decorrer da história, tivemos 
diferentes usos do termo, conforme aponta Libanio e Murad: 
A semântica estuda o significado das palavras. Debruça-se 
sobre as transformações de sentido que um termo sofreu 
ao longo da história. Como o termo “teologia” tem longa 
história, pode-se acompanhar-lhe as transformações de 
acepção. Não se trata no momento de tecer história da 
teologia, mas simplesmente de perseguir alguns momentos 
históricos em que o conceito de teologia passou por 
mudanças semânticas. (LIBANIO; MURAD, 2010, p. 64)
Embora o termo teologia tenha, em sua origem, um significado diferente 
do que entendemos hoje, para a concepção cristã clássica, todas as vezes que 
utilizamos o termo ou qualquer reflexão teológica, referimo-nos de alguma 
maneira a Deus. Ou seja, a teologia é o estudo de Deus em sua relação ao 
ser humano, que começa pela revelação da palavra por meio de Jesus Cristo.
Portanto, para que possamos ter uma compreensão teológica adequada, 
precisamos extrair tais conhecimentos de uma fonte correta, que nos coloque 
rumo ao reconhecimento e glorificação de sua pessoa, ou seja, reconhecer 
12
a pessoa e os atos de Deus. Por outro lado, não é qualquer estudo ou decla-
ração acerca de Deus que se pode chamar de teologia, pois precisa ser um 
estudo fundamentado, com critérios, com conhecimentos válidos, sistema-
tizados. A falta de formação teológica pode representar um problema para a 
interpretação e contextualização referente aos dilemas que ocorrem na socie-
dade contemporânea.
Diante dessa questão histórica, é importante refletir: qual o objetivo da 
teologia nos dias de hoje? Já vimos que teologia é o estudo da existência 
de Deus, portanto, tem-se como objetivo o conhecimento deDeus, seus 
atributos e a revelação ao homem por meio de Jesus Cristo.
O campo de estudo da teologia é bastante abrangente: Deus 
e suas relações com o mundo. Tudo que existe pode ser 
assunto da teologia, desde que considerado na sua relação 
com Deus. Pannenberg resume isto, dizendo que “Deus é o 
ponto de referência unificador de todos os objetos e temas 
que são tratados na teologia, e nesse sentido, então, ele é 
naturalmente o objeto da teologia em si”. O assunto básico 
da teologia é “Deus - Deus, na história de suas ações”. 
(SEVERA, 2010, p. 4)
Como pudemos perceber, faz-se teologia sempre que reflete algo à luz da 
fé ou da revelação. E isso pode se aplicar a todas as religiões, se a teologia é 
considerada uma ciência, é preciso que ela tenha um objeto de estudo, pois 
toda ciência tem seu objeto de estudo independentemente de suas caracterís-
ticas, sejam elas especulativas, naturais ou sociais. E como seria o objeto de 
estudo da teologia? Como os das outras ciências. A diferença é que, no caso 
da teologia, o teólogo não pode colocar-se acima do objeto, como ocorre 
nas demais ciências, mas sob o objeto de seu conhecimento. No caso da 
concepção clássica cristã, é por meio da revelação que o pesquisador conhece 
a Deus, que é o objeto formal enquanto revelado, e por consequência tudo 
que se relaciona a Ele. No entanto, é Deus que se faz descobrir à luz da fé.
É importante entender que, embora, nessa concepção, a essência seja 
Deus e é a partir dessa realidade que tudo acontece, a teologia também 
estuda outros assuntos, obtém-se reflexões sobre dois pontos importantes, 
como as informações bíblicas ou de estudos afins e a realidade social (nesse 
caso, tem por objetivo propor soluções para resolver situações de injustiças 
na sociedade). Portanto, a teologia não é importante apenas para as insti-
tuições religiosas e cristãs, mas também para o bom desenvolvimento da 
sociedade. Nesse sentido, para que a teologia seja relevante, é preciso que 
13
se tenha diálogo com a cultura e com o mundo visível, até porque, no caso 
do cristianismo, e as demais crenças, por exemplo, não se estuda Deus da 
mesma maneira que se estuda outras formas utilizadas pelas ciências.
Assimile
Por que, neste estudo, a frase “objeto de estudo” está sempre entre 
aspas? Estranha-se falar que Deus é nosso “objeto de estudo”, pois dá 
uma conotação de algo inferiorizado, não é mesmo? Como se o homem, 
ou o pesquisador, estivesse acima daquilo que está sendo estudado. 
Mas pense, nesse caso em específico, o “objeto de estudo” tem como 
significado a busca de conhecimento, buscar algo que nos foi ordenado. 
Se olharmos para as escrituras, por exemplo, no Livro do profeta Oséias, 
capítulo 6, versículo 3, nos é ordenado a conhecer e buscar a Deus. Esta 
é a razão pela qual a teologia se torna necessária. Da mesma forma, 
cada religião tem a sua necessidade de buscar conhecer o que ainda não 
se tem conhecimento.
Considerando que a teologia é um estudo sistemático sobre a divindade, 
e que ela se ocupa dos sistemas das crenças religiosas, existem, portanto, 
diversas teologias, como a cristã, a islâmica, a judaica e outras. Em todas, 
um dos objetivos principais, ou o mais comum, é sempre estudar a existência 
da divindade ou daquilo que se acredita levando sempre em consideração 
as questões que a elas se relacionam. Vejamos mais sobre a teologia, nas 
palavras do teólogo Afonso Murad:
A teologia é um saber organizado, com regras próprias. 
Não se limita a repetir, mas pensa, cria, organiza e elabora” 
nesse sentido a teologia não é um saber aleatório, feito de 
qualquer forma, mas um saber organizado e sistêmico como 
uma ciência. Afonso Murad observa que a teologia tem em 
comum com o saber científico os seguintes aspectos: Possui 
objeto próprio, um método e a linguagem correspondente, e 
elabora conceitos e termos técnicos; pauta-se pelas normas 
da metodologia científica para gerar e difundir seu saber. 
Possui um grupo de pesquisa e produz novos conhecimentos: 
os teólogos (as) profissionais; difunde o ensino e promove a 
especialização em instituições de ensino superior; tem um 
espaço prático de validação de seus conhecimentos, que é a 
ação evangelizadora; serve-se das contribuições das ciências 
humanas afins. (FRAGA, 2019, [s.p.])
14
Portanto, como pudemos perceber e assimilar, toda e qualquer religião, 
toda crença e a fé que a pessoa tem naquilo que acredita, na perspectiva teoló-
gica, encontra-se a busca permanente de estudo, pesquisa e conhecimento. 
Percebemos, também, que a teologia não está direcionada apenas às questões 
espirituais, mas também participa do cotidiano das pessoas, propondo 
soluções para uma sociedade mais justa. Se a teologia tem um “objeto de 
estudo”, caracteriza-se como uma ciência, e necessitamos, portanto, entender 
qual é o seu método.
Em relação ao método teológico, cuja a perspectiva é o modo como é feita 
a investigação para obter dados seguros e certos da realidade, temos, num 
primeiro momento, como fonte central, as escrituras sagradas, com as quais 
precisamos estar em constante conversação.
Exemplificando
O método em teologia passa por um processo de investigação que se 
compõe em diversas fases, mas um importante momento é a investi-
gação onde se verifica os dados necessários e relevantes para a investi-
gação teológica. Nesse momento, utiliza-se textos bíblicos e de pesquisa 
sobre assuntos desejados, imagens, os símbolos, etc. A pesquisa teoló-
gica deve seguir um cuidado minucioso para que se chegue a um resul-
tado fidedigno, fundamentado e sistêmico.
Há vários métodos que são utilizados no estudo teológico. Outras fontes 
que o teólogo precisa ter conhecimento são as línguas e as culturas antigas. 
Além disso, o conhecimento é importante para os estudos teológicos, ainda 
que seja, em linhas gerais, das disciplinas como psicologia, sociologia, antro-
pologia, arqueologia, política, economia, filosofia, as ciências naturais, bem 
como as fontes teológicas sobre as questões doutrinárias, etc. Quanto ao 
método, apresentamos seis passos, conforme menciona Zacarias:
a) definir e esclarecer o problema ou a questão teológica 
a ser estudada. Exemplo: a Pessoa de Cristo, o Pecado, o 
Espírito Santo, a Salvação. b) identificar as várias soluções do 
problema que foram sugeridas na história cristã. Isto ajuda 
a entender a questão nos diversos contextos históricos. c) 
estudar a fonte da teologia cristã, a Bíblia, para determinar 
exatamente o que dizem os textos, e chegar a conclusões 
preliminares. d) relacionar as conclusões preliminares com 
a revelação em geral e com as outras doutrinas já estabele-
cidas para concretizar a resposta teológica. e) defender essa 
15
conclusão diante da oposição das ideologias contrárias. f) 
aplicar as conclusões teológicas às situações específicas da 
vida neste mundo. Há uma verdade divina, mas há muitas 
aplicações nos diferentes contextos e situações em que vive 
o ser humano (SEVERA, 2010, p. 6, grifo nosso)
Considerando o vasto campo teológico, seja ele cristão ou revelado, identi-
ficamos várias áreas que nos ajudam a compreender essa ciência. São elas:
• Teologia bíblica: a teologia se ocupa das histórias e dos ensinamentos 
bíblicos tanto do Antigo testamento quanto do Novo Testamento. 
No Antigo Testamento temos, ainda, três divisões da teologia: a do 
Pentateuco, que é composto pelos cinco primeiros livros da bíblia; a 
dos Profetas, aqueles que anunciaram os desígnios divinos; e a dos 
Salmos, cujos textos são considerados verdadeiras poesias religiosas.
• Teologia histórica: nesta área, estudamos as doutrinas da igreja, seu 
desenvolvimento e progresso. Portanto, temos como fonte de estudo a 
teologia patrística, cujo nome deve-se à filosofia cristã dos primeiros 
séculos. O termo Patrística refere-se aos pais da igreja que elaboraram 
a doutrina da verdade de fé do cristianismo. Teologia medieval, 
teologia dos reformadores, teologia contemporânea e a teologia de 
um movimento ou correntesteológicas da atualidade.
• Teologia sistemática: teologia sistemática é a apresentação ordenada, 
racional, harmônica, coerente da fé e das crenças cristãs. Ela busca as 
verdades teológicas a fim de alcançar a unidade e a totalidade.
• Teologia prática: a teologia prática nos orienta como viver, como 
orar, como pregar, como evangelizar. Inclui disciplina como teologia 
pastoral, teologia do evangelismo, etc.
Sem medo de errar
Vamos buscar agora a resposta ou delinear algumas reflexões para a situa-
ção-problema elaborada no início desta seção? Para isso, devemos consi-
derar os conhecimentos que já foram apresentados, adquiridos e construídos 
neste texto.
Lembre-se que os personagens debatiam suas ideias referentes à ciência e 
à teologia e que tinham diferentes entendimentos sobre o assunto: Pedro, por 
exemplo, entende que tanto a teologia quanto a ciência são esforços humanos 
na busca de conhecimento e que a ciência, embora importante, não é infalível 
16
e dificilmente chega a uma solução definitiva em muitas outras perguntas 
que a humanidade ainda faz; Lúcio, por sua vez, discorda por acreditar que 
não há concordância entre ciência e teologia, e sendo ele adepto da ciência, 
defende-a, concluindo que a ciência é o único caminho para se chegar ao 
conhecimento de fato; já Fabio, que faz Teologia, contrapondo essa discussão, 
defende que a teologia já foi considerada a “Rainha das Ciências”, portanto, é 
possível reconhecer as diferentes formas de conhecimento e que certamente 
há uma interação entre elas, sendo a teologia uma ciência importante.
Antes de refletirmos sobre as considerações de Fábio, vamos pensar um 
pouco sobre a fala de Pedro. Ele certamente não errou quando disse que 
teologia e ciência são esforços humanos na busca de conhecimento. De fato, 
a teologia, como ciência, e as demais ciências buscam constantemente desco-
brir e entender o desconhecido. Está correta também a sua afirmação de que 
a ciência não é infalível e dificilmente chega a uma solução definitiva em 
muitas outras perguntas que a humanidade ainda faz, pois o que é certo hoje, 
amanhã já não poderá ser. A ciência é importante para a humanidade, é quase 
difícil imaginar o mundo sem a sua contribuição, seus métodos científicos 
são fundamentais para as ciências modernas. No entanto, se considerarmos 
algumas linhas de pesquisas é percebível a sua não infalibilidade. Existem 
muitas questões ainda não respondidas pela ciência. Com relação aos limites 
da ciência, vemos o que diz Popper (apud LANA, 2019, [s.p.]):
Os limites da ciência se definem claramente. A ciência produz 
teorias falseáveis, que serão válidas enquanto não refutadas. 
Por este modelo, não há como a ciência tratar de assuntos do 
domínio da religião, que tem suas doutrinas como verdades 
eternas ou da filosofia, que busca verdades absolutas.
Contrariando o pensamento de Lúcio, é importante dizer que a Ciência 
não é o único caminho para se chegar ao conhecimento de fato e também não 
pode responder todas as coisas, até porque, para a ciência, o que ainda não 
foi descoberto não existe. Mas isso não significa que algo não existe só por 
que a ciência ainda não comprovou. Cabe aqui o pensamento de que se não 
é possível dizer que existe, também não se pode comprovar que não existe.
No entanto, a pergunta a ser respondida, considerando o pensamento de 
Lúcio, é: há concordância entre ciência e teologia? Primeiramente vemos a 
teologia como uma ciência, pois tem um “objeto de estudo”, além de aplicar 
os mesmos princípios para a verificação das causas.
O fato de haver, muitas vezes, um diálogo crítico entre ciência e teologia, 
não significa necessariamente que não haja interação entre ambas. Aliás, isso 
17
faz parte do próprio método científico. A ciência pode oferecer à teologia 
elementos importantes sobre a lógica de seus objetos, assim como a teologia 
pode contribuir com as reflexões aos pressupostos científicos.
A interação é possível, pois se a ciência é capaz de contestar é também 
capaz de confirmar as afirmações teológicas:
Por outro lado, a ciência pode também confirmar as afirma-
ções religiosas. Por exemplo, uma das principais doutrinas 
da fé judaico-cristã é que Deus criou o universo do nada num 
tempo finito do passado. A Bíblia começa com as palavras: 
“No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1). A 
Bíblia, portanto, ensina que o universo teve um começo. 
Esse ensinamento foi repudiado tanto pela filosofia grega 
como pelo ateísmo moderno, inclusive pelo materialismo 
dialético. Assim, em 1929, com a descoberta da expansão 
do universo, essa doutrina foi radicalmente confirmada. Ao 
falarem sobre o começo do universo, os físicos John Barrow 
e Frank Tipler explicam: “Nessa singularidade, espaço 
e tempo vieram à existência; literalmente, nada existia 
antes da singularidade, assim, se o universo se originou 
em tal singularidade, poderíamos ter verdadeiramente 
uma criação ex nihilo (do nada) ”. Contrariamente a toda 
expectativa, a ciência, portanto, confirmou essa predição 
religiosa. Robert Jastrow, diretor do Instituto Goddard 
para Estudos Espaciais, da NASA, a vislumbra da seguinte 
maneira: [O cientista] escalou as montanhas da ignorância; 
está para conquistar o cume mais alto; ao galgar por sobre 
a última rocha, é recebido por um bando de teólogos que 
estão sentados lá em cima há séculos. (CRAIG, 2019, [s.p.])
Até quando é considerada válida a teoria científica? Até quando serem 
consideradas falsas por outras observações, com mais profundidade que as 
utilizadas na pesquisa original.
Ao contrapor as falas de Pedro e Lúcio, Fábio está correto quando diz 
ser possível reconhecer as diferentes formas de conhecimento e que certa-
mente há uma interação entre elas, sendo a teologia uma ciência importante. 
Vemos isso de forma resumida nos diversos modos diferentes pelos quais há 
relevância na relação entre ciência e teologia.
18
a) A religião fornece a estrutura conceitual em que a ciência 
pode florescer; (b) A ciência é capaz tanto de contestar 
como de confirmar as afirmações da religião; c) A ciência 
encontra problemas metafísicos que a religião pode ajudar 
a resolver; d) A religião pode ajudar a decidir entre teorias 
científicas; e) A religião pode ampliar a capacidade explana-
tória da ciência; f) A ciência pode estabelecer uma premissa 
num argumento que tenha conclusão com importância 
religiosa. (CRAIG, 2019, [s.p.])
Embora tanto a ciência quanto a teologia passem por alguns momentos 
conflitantes, em linhas gerais, elas interagem e dialogam quando o assunto 
é a busca pelo conhecimento, desvendar questões ainda sem respostas ou 
confirmar as afirmações já conhecidas.
Avançando na prática
Reflexão: acreditar em deus por uma razão lógica
Um certo dia, Jeffrey, um rapaz estudioso das escrituras, fez uma expla-
nação aos seus amigos, os quais não acreditavam em nada que se relacionava 
à Bíblia. Estes até mesmo confrontavam Jeffrey por não “aproveitar a vida” 
da forma como eles faziam. É certo que esse grupo de amigos exageravam, 
tinham comportamentos que, para o padrão social, eram inadequados. Jeffrey 
começou dizendo que acreditava nas escrituras e praticava os princípios ali 
estabelecidos. Mas naquele momento, em sua sabedoria, fez um questiona-
mento a eles: “Diante da Bíblia temos apenas duas possibilidades: ou ela é 
verdadeira ou é falsa. Portanto, imaginemos que um dia eu descubra que 
este livro é apenas um livro velho, sem valor, o qual contém apenas histórias. 
Eu, nessas condições, independentemente dele ser verdadeiro ou não, ainda 
assim não me arrependeria de tê-lo seguido, pois, sendo verdadeiro, eu teria 
ganhado a minha vida, e caso não fosse verdadeiro, teria vivido um bom 
relacionamento com a minha família, meus amigos, teria percorrido um 
caminho de solidariedade, de respeito ao outro e às diversidades. Ou seja, de 
qualquer forma, eu teria ganhado a minha vida, portanto, eu não perco em 
nenhuma das duas possibilidades, sendo este livroverdadeiro ou não. Agora 
vamos imaginar vocês, que aproveitam a vida sem respeito aos princípios. 
Sendo essas escrituras falsas, nada teria acontecido, vocês teriam aproveitado 
ao máximo a vida, apenas com as consequências decorrentes dos próprios 
19
atos. Mas, neste caso, vocês teriam apenas 50% de chances de estarem certos. 
Ou seja, se as escrituras foram verdadeiras, para vocês, nada teria valido a 
pena e as consequências seriam fatais”.
Diante do exposto podemos afirmar que a crença em um ser superior é 
exclusividade da fé ou também é acessível pela razão?
Resolução da situação-problema
Essa pergunta sobre crer em Deus considerando a fé e a razão é estimu-
lada para uma profunda reflexão. Primeiro é importante entender o que 
é razão, depois a questão importante a ser pensada é que a própria fé 
precisa ser racional, caso contrário não é fé. Uma outra questão básica é a 
pergunta: por que deveríamos acreditar em Deus? Segundo Craig (apud 
PIRES, 2016, [s.p.]): “Porque os argumentos e evidências que apontam para 
a sua existência são mais plausíveis do que aqueles que apontam para a 
negação”. Considerando, ainda, as questões entre a fé e a razão, ambas são 
compatíveis, de acordo com Tomás de Aquino:
Podemos aferir que o pensamento de Tomás de Aquino 
defende o fato de que as verdades reveladas não são 
incompatíveis com a reflexão racional, mas pelo contrário, 
é perfeitamente possível que por vias racionais de análise, a 
razão alcance sem nenhum prejuízo as verdades reveladas 
ou as verdades teologais da fé. (DOM TOTAL, 2019, [s.p.])
Enfim, é importante refletir sobre o verdadeiro significado do termo 
razão assim como qual tipo de fé estamos nos referindo. Nesse caso, estamos 
nos referindo não à fé emotiva, mas a fé inteligente, sobrenatural que vem do 
Espírito de Deus. Ou seja, a fé consciente e equilibrada nas suas práticas, está 
sendo, porém, compatível com a razão.
Faça valer a pena
1. Considerando o vasto campo teológico, seja ele cristão ou revelado, 
identificamos várias áreas que nos ajudam a compreender essa ciência. 
Em uma delas, estudamos as doutrinas da igreja, seu desenvolvimento 
e progresso. Portanto, temos como fonte de estudo a teologia patrística, a 
teologia medieval, a teologia dos reformadores, a teologia contemporânea e a 
teologia de um movimento ou correntes teológicas da atualidade.
Assinale a alternativa que apresenta a área descrita no texto.
20
a. Teologia bíblica.
b. Teologia sistemática.
c. Teologia histórica.
d. Teologia prática.
e. Teologia natural.
2. O campo de estudo da teologia é bastante abrangente, em nossos estudos, 
vimos que a teologia é um saber organizado, com regras próprias. Ele não se 
limita a repetir, mas pensa, cria, organiza e elabora, ou seja, não é um saber 
aleatório, feito de qualquer forma, mas um saber organizado e sistêmico, 
como uma ciência. Conforme menciona o teólogo Afonso Murad (apud 
FRAGA, 2019, [s.p.]), a teologia tem em comum com o saber científico os 
seguintes aspectos:
I. Possui objeto próprio, um método e a linguagem correspondente, e 
elabora conceitos e termos técnicos.
II. Pauta-se pelas normas da metodologia científica para gerar e difundir 
seu saber.
III. Possui um grupo de pesquisa e produz novos conhecimentos.
IV. Não tem um espaço prático de validação de seus conhecimentos.
Nesse contexto, é correto o que se afirma em:
a. I, II e III, apenas.
b. I, II e IV, apenas.
c. I, III e IV, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II, III e IV.
3. Embora tanto a ciência quanto a teologia perpassem por alguns momentos 
conflitantes, em linhas gerais, elas se interagem e dialogam quando o assunto 
é a busca pelo conhecimento. Existem diversos modos diferentes pelos quais 
há relevância na relação entre ciência e teologia.
Nesse contexto, assinale a alternativa correta.
a. A religião pode ajudar a decidir entre teorias filosóficas, porém, não 
as científicas.
21
b. A ciência é capaz de contestar ou confirmar as afirmações da religião.
c. A ciência encontra problemas metafísicos que a religião não pode 
ajudar a resolver.
d. A religião fornece a estrutura conceitual em que a ciência pode 
florescer.
e. A religião não se relaciona com a ciência em relação à capacidade 
explanatória.
22
Seção 2
A relação entre fé e a razão
Diálogo aberto
Considerando a relação entre fé e a razão e o antagonismo que se tornou 
evidente na cultura ocidental, essas crenças estão constantemente em meio a 
discussões. Esse confronto se deu pelas posições inexatas dos temas, porém, 
pela análise teológica e filosófica é possível compreendermos de forma 
serena as diferenças e os fatores que as unem. É nessa discussão sobre ciência 
e teologia, fé e razão, que os amigos Pedro, Lúcio e Fábio chegaram a um 
acordo e resolveram assistir ao filme Contato, de 1997, do gênero drama e 
ficção científica, para prosseguirem com as reflexões, conforme sugestão de 
Fábio. O filme escolhido pelos amigos fala sobre fé e ceticismo e aborda como 
esses conceitos se contrapõem. Fábio sugeriu que todos assistissem ao filme 
para propor uma reflexão com relação à ciência e à teologia e convencer os 
demais amigos.
Você se lembra que eles debatiam sobre essa relação e Pedro, que cursa 
Filosofia, discordava da possível harmonia entre ciência e teologia, pois, 
para ele, elas são apenas esforços humanos na busca por conhecimento e 
não podem responder um monte de perguntas que a humanidade faz? Você 
também se lembra de Lúcio, que é adepto da ciência e entende que ela é o 
único caminho para se chegar ao conhecimento? Diante dessa concepção, 
já vimos, na primeira sessão, o que é a teologia, quais são os seus métodos 
e a sua importância como ciência e que consequentemente a ciência tradi-
cional não é o único caminho para se chegar ao conhecimento, pois existem 
diversos outros tipos de conhecimento, sendo um deles a própria teologia. 
Conhecemos, também, Fábio, que estuda teologia, defende-a enquanto 
ciência e entende que é possível reconhecer as diferentes formas de conheci-
mento e que certamente há uma interação entre elas.
Nessa discussão, fortaleceu-se a ideia de analisar os contrapontos quanto 
à relação entre a fé e a razão na Bíblia. Vamos verificar e sintetizar histori-
camente a fé e razão no pensamento medieval, Idade Moderna – reformas 
religiosas e a fé e ciência nos dias atuais. Portanto, nesta seção, vamos pensar 
um pouco mais sobre fé e razão, refletindo a hipótese de que ambas são 
compatíveis de acordo com o entendimento de Fábio, pois existem muitos 
contrapontos sobre essa temática, e o importante é que nossos amigos que 
começaram essa discussão, embora, num primeiro momento, defendam 
suas concepções, ainda assim estejam abertos a buscar o conhecimento 
sobre essa relação tão mencionada em nossos dias. Entende-se que novos 
23
conhecimentos, muitas vezes causam temores e estranhamento, o que nos 
faz sair da zona de conforto comportamental e intelectual. Considerando a 
relação entre fé e razão, é possível mencionarmos, também, alguns pensa-
mentos da Idade Média, como os de Agostinho de Hipona e Tomás de 
Aquino, e depois adentrarmos nessa reflexão mais profundamente.
Não pode faltar
Uma das primeiras questões que surgem quando se fala em fé e razão é se 
ambas são compatíveis. Se observarmos no Livro Sagrado (Bíblia), percebe-
remos que esses dois termos são ferramentas importantes para a existência 
humana. Considerando essa concepção e refletindo sobre o assunto é possível 
perceber o quanto essas duas ferramentas são necessárias em nossas vidas, 
portanto, é relevante pensarmos na seguinte questão: se de um lado a razão 
não salva, por outro, a fé não deve ser emotiva, sem racionalidade. Ou seja, 
se de um lado o homem é um ser racional e não pode usar isso como a única 
proposta para o entendimento do ser e do que no mundo existe, por outro 
lado, a fé não é um instrumento único excluindo outras formas da relação 
do homem com Deus, não se fechando, assim, ao fideísmo ou fundamenta-lismo. Nesse sentido, a partir dessa reflexão, já é possível entender e refletir se 
há ou não compatibilidade. Para entendermos essa importância precisamos 
primeiramente compreender o significado dessas crenças separadamente: o 
que é a fé? E o que é a razão?
A fé racional está presente num simples fechar de olhos e no levantar 
das mãos, um gesto que representa a adoração. Essa fé é oposta à fé emotiva, 
que está relacionada ao “sentimento do coração”, enquanto a fé racional está 
ligada ao intelecto, à mente, tende para o espírito, para a vida. É algo que 
temos certeza.
A razão nos permite chegar a conclusões e explicações a partir da relação 
entre a causa e efeito. Pensa-se aqui em algo lógico, que se fundamenta em 
uma situação possível, que tenha mais sentido, seja mais real, enfim, é algo 
que se posiciona de forma contrária às emoções e que se realiza por meio 
de argumentos e de abstrações. A pessoa com esse sentimento “pensa racio-
nalmente” considerando as consequências, as possibilidades, o individual e 
o coletivo. Portanto, vamos aprofundar o entendimento da fé em suas duas 
dimensões: a fé emotiva e a fé racional. A primeira nos remete àquilo que 
sentimos, que se inclina às paixões, acontece de repente, muitas vezes não 
leva em consideração as consequências ou aquelas pessoas que apresentam 
atitudes momentâneas em que se têm em primeiro plano os seus próprios 
desejos independentes da coletividade. Já a fé racional é o que nos permite 
refletir sobre a compatibilidade com a razão. É nesse ponto que Fábio propôs 
24
aos amigos que assistissem ao filme Contato e posteriormente tirassem as 
conclusões sobre a relação ciência e teologia, fé e razão, se há ou não compa-
tibilidade, se é possível pensarmos na relação entre as duas.
Os amigos observaram, após assistirem ao filme, que uma das primeiras 
questões que se apresenta é motivo de reflexão quanto à distinção e posicio-
namento que cada um tinha anteriormente e o fato de que a teologia ou os 
teólogos não são contra a tecnologia, mas são, sim, contra os homens que 
evitam a Deus ou questionam sua existência à custa da “verdade humana”. 
Percebeu-se, também, a necessidade de unir os aspectos políticos, filosóficos 
e religiosos quando o assunto é analisar um determinado acontecimento que 
foge do entendimento humano, quando tal acontecimento força a busca de 
evidências, considerando a necessidade de ser do próprio homem, o qual 
questiona se o fato realmente existe.
Por outro lado, há aqueles que, pela fé, e ao ter uma experiência mais direta 
com o fato, persistem em seus conhecimentos e percepções, querendo provar 
aos céticos que essa fé é verdadeira. Enfim, quando todas as coisas são iguais, 
a explicação mais simples tem que ser a certa. No entanto, a personagem 
do filme teve uma experiência que não pôde provar, mas reconheceu, assim 
como os céticos, que, no mundo, alguma coisa é maior que nós mesmos. No 
roteiro do filme, é possível entender que, embora haja uma dicotomia entre 
a teologia e a ciência, e embora a crença de um seja diferente da crença de 
outro, a meta é uma só: a “busca da verdade”. No resultado de seus objetivos, 
aqui as crenças se igualam. O tópico concernente à ciência e à teologia é 
que ambos se esforçam para a busca de conhecimento. Enquanto a primeira 
busca estudar o mundo físico conduzido pela indução ou dedução, ou seja, 
tudo que se refere ao mundo natural, o segundo consiste no esforço para se 
compreender Deus e sua relação com o mundo e com os homens.
Para a ciência, quando não se tem a explicação comprovada para algo, 
dá-se o nome de remissão espontânea para explicar o que não pode ser expli-
cado. Uma diferença que podemos destacar entre o que tem fé e o que não 
tem é que este último não tenta ao menos experimentar, descarta logo de 
início a possibilidade de conhecer um fato novo, devido à sua descrença. No 
entanto, o que tem fé, tem ao mesmo tempo, persistência, busca conhecer 
profundamente algo, ainda que não se possa comprovar aos olhos humanos.
Reflita
Será que a fé e a razão são sempre incompatíveis? A fé na Bíblia não 
envolve a razão? Para entender essas indagações é preciso conhecer o 
significado dessas ferramentas e entender de que fé estamos falando 
quando nos referimos à compatibilidade com a razão.
25
Agora que conhecemos um pouco sobre fé e razão, vamos entender como 
se dá a relação desses termos no pensamento Medieval. Sabemos que na 
Idade Média houve o predomínio do cristianismo e do pensamento greco-
-romano, portanto, o conflito dessa relação ocupou os pensadores cristãos. 
Se olharmos para o Antigo Testamento, vamos entender a fé como uma 
submissão a Deus, submissão de pensamentos e atos.
Para entender a essência desse pensamento, vamos nos ater, aqui, à 
Filosofia Medieval e à grande pergunta que, naquele momento, pairava sobre 
a questão: é possível conciliar razão e fé? Na transição, no final da Idade 
Antiga, no período que ocorre a queda do Império Romano para o início 
da Idade Média (4000 a.C – 476 d.C), surge Agostinho de Hipona (354-430 
d.C.), o qual tem uma frase que marca bem a questão da razão e fé: “Creio 
tudo o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que 
compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço. ” Isso quer dizer 
que ele acreditava conciliação entre a fé e razão, e que a fé supera a razão. 
Podemos considerar, dessa forma, que, para compreender algo, precisamos 
primeiro crer, pois se não cremos, o caminho para se chegar à compreensão 
se tornaria mais complexo. Certamente esse é o princípio para entender a 
relação entre fé e razão, pois “entender” se refere à capacidade do ser racional. 
Todas as nossas inquietações teóricas e práticas se satisfazem pela fé, é o 
primeiro momento que precisamos para dar início ao entendimento de algo.
Exemplificando
Tudo o que concretizamos na vida é de praxe que primeiramente 
sonhemos e, para que esses sonhos se realizem, é preciso que tenhamos 
persistência, de forma que a sequência de trabalho na busca desses 
sonhos tenha estrutura. No entanto, nos caminhos dessas buscas, 
a persistência depende de fé, não uma fé cega, mas uma fé racional: 
crer que realmente é possível. E em todos os nossos sonhos em obter 
algo, é preciso pensar nas consequências, tanto na perspectiva indivi-
dual quanto na perspectiva coletiva, levar em consideração o outro. É 
preciso compreender cada etapa, entender cada momento e, assim, 
chegar aos objetivos pretendidos. Dessa forma caminham a fé e a razão.
Os muitos conflitos que surgiram nos tempos antigos devem-se ao fato de 
relacionarem a fé emotiva com a razão, o que se torna complexo e difícil se 
chegar a uma conciliação lógica, mas o objetivo da nossa reflexão é compa-
rarmos com a própria racionalidade da fé, o que possibilita tal entendimento.
Com os questionamentos da filosofia (como busca da verdade), a teologia 
(como verdade encontrada) surgiu com o propósito de explicar e substanciar 
26
os textos históricos trazendo-os para uma reflexão mais “científica”, mais 
racional, ou seja, surgiu para fundamentar e debater alguns temas, explicar 
alguns enigmas que são difíceis de se ter uma explicação perante a razão 
humana. A teologia é a ciência que busca traduzir em entendimento o que a 
ciência tradicional denomina remissão espontânea, por não encontrar uma 
explicação lógica de um determinado fato ou acontecimento.
Diante de tantos questionamentos que se enfatizaram na Idade Média, os 
caminhos foram abertos e facilitados para, mais tarde, as reformas religiosas 
se tornarem uma nova realidade, trazendo novas perspectivas às pessoas, 
porém, como é de praxe, novos questionamentos surgiram.
Um dos motivos que ocasionou a Reforma foi devido à crise espiritual 
que se abatia sobre a Igreja daquele período. Portanto, quando questionamos 
o que ocorre no pensamento humano e nas interações sociais que tornam 
necessária essa reformulação, é certo e cabível refletirmos as transformações 
e as causas que proporcionarama nova forma de entender essa relação entre 
a fé e a razão.
Figura 1.2 | A Reforma: Matinho Lutero
Fonte: Pixabay.
Quando entramos na Modernidade, e com o surgimento do Renascimento, 
foi possível notar o porquê do conflito entre razão humana e a fé e, a partir 
daí, entendemos, então, essa mesma relação que houve na Idade Média.
27
Com o Renascimento muito se buscava a razão humana contrária à fé cega 
das crenças religiosas, sendo o iluminismo a expressão desse movimento, o 
qual pautava-se pela razão. Assim, entrava-se em conflitos contra as crenças 
que se aprofundavam em heresias e superstições infundadas. Se de um lado 
a religião criticava a filosofia situando-a como uma ciência incrédula, da 
mesma forma, a filosofia fazia sua réplica contra a religião pela sua desatu-
alização e sua forma de disseminar e refletir os valores da doutrina cristã. 
Esses movimentos defendiam o uso da razão em oposição às heresias e às 
incredulidades que a Igreja da época pregava, ou seja, em oposição à tradição 
e ao pensamento religioso de forma geral.
Uma dessas transformações foi a Reforma Protestante, que ocorreu 
no século XVI, a partir do ano de 1517, durante a Idade Moderna. Esses 
movimentos nasceram para se contrapor às práticas da Igreja católica 
romana, que tinha uma forte estrutura política e econômica, e questionavam 
os dogmas da Igreja que se disseminaram por toda a Europa. Nessa época, 
a Igreja tinha grande influência política em muitos países monárquicos. Era 
um período de mudanças de ideias inspiradas no novo.
Uma das coisas que esses movimentos criticavam era a cobrança de 
indulgências, ou seja, a Igreja da época vendia “terrenos no paraíso”. Nesse 
cenário, somente os ricos tinham condições de comprar e ter espaço garan-
tido a todos os seus familiares. Além disso, anteriormente as missas, além 
se serem realizadas em latim, eram feitas de costa para o público, e as escri-
turas só poderiam ser lidas pelo alto clero, ou seja, a Igreja monopolizava o 
conhecimento. No entanto, as pessoas passaram a ter hábitos de leitura, e o 
que não era acessível aos fiéis da Igreja passou a ser por meio das traduções 
da Bíblila, feitas por homens que se rebelaram contra as ideias da instituição 
predominante na época.
Muitos dos que clamaram por uma reforma na religião daquele período, 
foram torturados, enforcados ou queimados, como o monge Girolamo 
Sayarola, enforcado a pedido do Papa Julio II, o jurista Thomas Morus e 
muitos outros.
Na história temos grandes nomes que fazem parte da Reforma Protestante, 
como Martinho Lutero, João Calvino e outros. Martinho Lutero foi um 
monge católico alemão do século XVI, doutor em Teologia, e uma de suas 
inquietações era o fato da Igreja católica da época dizer que algumas pessoas 
possuíam méritos que poderiam ser transferidos por meio de pagamentos a 
outras pessoas, cuja salvação era duvidosa.
28
Assimile
Quando estudamos um determinado tema, precisamos considerar as 
análises também para aquele tempo, pois para compará-los com outras 
épocas, ou épocas posteriores, é preciso fazer uma conversão dos 
acontecimentos, ou seja, acompanhar a própria evolução e a forma de 
pensar de cada época. Uma instituição, hoje, não pode ser considerada 
pelos seus erros do passado, mas sim ser caracterizada e refletida sobre 
o que ela é na atualidade. Assim como devemos ter em mente que um 
dos conflitos que ocorreram entre fé e razão são provenientes da forma 
como a fé se portava naquele momento da história.
É inegável que um diálogo entre a fé e a razão ou entre a teologia e a 
ciência é, ao mesmo tempo, necessário e frutífero, porém, por falta de conhe-
cimento, muitas vezes de ambos os lados, a história nos mostra que essas 
questões continuam perpassado por tensões. Assim é o debate entre fé e 
ciência no século XXI.
A maior parte da discussão contemporânea sobre o suposto 
conflito entre fé e razão surgiu no contexto de discussões a 
respeito de ciência e religião. Limitações espaciais impedem 
uma discussão completa sobre essa questão, mas alguns 
pontos gerais devem ser avaliados para nos ajudar a entender 
como pensar sobre quaisquer supostos conflitos que 
venham surgir. Em primeiro lugar, devemos reconhecer com 
Agostinho, João Calvino e muitos outros que toda verdade é 
verdade de Deus. O que é verdade, é verdade porque Deus 
revelou, criou ou decretou. (MATHISON, 2019, [s.p.])
Portanto, como vimos, desde a antiguidade, ciência e religião estão em 
conflito e uma das premissas desses conflitos se deve a toda uma estrutura 
apresentada pela Igreja naquele momento da história. Pois qualquer teoria 
científica que surgisse, mas que fosse divergente da opinião da Igreja, ainda 
que correta, era fortemente repreendida. Mas hoje, muita coisa mudou, a 
própria Igreja Católica, com relação a este quesito, reconhece seus erros. E 
nos dias atuais, sobre a relação entre fé e ciência já é possível esboçar uma 
interação que em muitos momentos se torna harmoniosa.
29
Sem medo de errar
Considerando o primeiro momento de discussão entre os amigos Pedro, 
Lúcio e Fábio sobre ciências e teologia e as formas distintas de entendimento 
e compreensão expressadas por eles, Fábio propôs, procurando defender a 
ideia de que há interação entre ciência e teologia, e de que não há motivo para 
por ambas em situação de conflito, que todos aprofundassem os estudos sobre 
o tema começando pela relação entre fé e razão, se desprendendo de suas 
primeira convicções, ou seja, fazendo uma pesquisa de forma neutra, procu-
rando primeiro refletir sobre o tema por meio de estudos, com o objetivo de 
compreender as diversas possibilidades e consequentemente as coerências e 
as incoerências apresentadas. O exercício era que cada integrante do grupo 
escolhesse situações diferentes de suas concepções, mas que até certo ponto 
tinham coerência. Para isso, além da pesquisa bibliográfica, eles deveriam 
também assistir a alguns filmes que os fizessem refletir sobre o assunto. 
Contato, de 1997, do gênero drama e ficção científica, foi o primeiro filme 
escolhido pelos amigos. Essa produção aborda a fé e o ceticismo e trata como 
esses conceitos se contrapõem. O segundo filme escolhido foi Milagres do 
Paraiso. Esse filme tem um forte apelo emocional e é focado na fé humana, 
no sobrenatural. A diferença é que a história é real, aconteceu em 2011 na 
cidade de Cleburne, no Texas.
Fábio sinalizou aos amigos que o objetivo não era fazer uma análise 
técnica de um filme a respeito do roteiro ou cenário, mas observar a essência 
da história narrada com a própria realidade. Após o filme e com base em 
estudos, Pedro chegou à conclusão, por exemplo, que milagres não são neces-
sariamente fenômenos que desafiam a ciência, mas são ocorrências diárias 
de benevolência acessíveis a todos. Nesse sentido, chegamos a um primeiro 
ponto: nem tudo é concorrência ou desafios para se relacionar ciência e 
teologia, para expor quem está certo ou errado, pois ambas as crenças têm 
a sua função na sociedade e cada qual representa um tipo de conhecimento 
relevante para o crescimento humano. Para Fábio, os conflitos que existem 
entre ciência e religião são fruto do próprio homem pela sua própria comple-
xidade, pois, para ele, a própria ciência faz parte da sabedoria entregue por 
Deus aos homens.
Os mistérios grandes podem até desafiar a lógica, por isso são chamados 
de milagres, mas não têm objetivo de desafiar a ciência e nem deveriam ser 
da responsabilidade da ciência tentar desvendar mistérios no âmbito da 
religião, a não ser por questões completamente históricas, como os objetos 
encontrados por meio da arqueologia que afirmam a existência de determi-
nado fato bíblico. Portanto, ambas as crenças devem existir para contribuir 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Drama
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filme_de_fic%C3%A7%C3%A3o_cient%C3%ADfica
30
com a verdade e não para aniquilar uma a outra. Cabe às ciências outros 
fatores mais concretos e importantes, direcionados para soluções dosproblemas humanos.
A conclusão que os amigos Pedro e Lúcio chegaram é que concordam 
com Fábio em uma questão importante, que razão e fé não podem ser duas 
situações totalmente separadas da vida humana. Sabe-se que a fé sem razão é 
apenas emotiva e, por outro lado, a razão sem a fé pode levar a uma vida vazia, 
sem estímulo ou sem objetivo. Fé e razão são campos que têm autonomia e 
características próprias, mas podem interagir usando a própria razão. Fábio 
completa sua reflexão citando uma passagem bíblica, em Romanos 8:28: “E 
sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles 
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.
Enfim, a teologia teve que percorrer um longo caminho antes de ser 
acolhida no horizonte da fé cristã e da revelação. Ela legitima-se na alta 
Idade Média como ciência da fé, fundamentada sobre a natureza racional do 
homem e sobre a auto manifestação de Deus, no testemunho e na Sagrada 
Escritura, pois ela é obra da razão e da fé. Quando a teologia, como pergunta 
nascida no coração da própria fé, deixa de filosofar, ela facilmente cai num 
biblicismo fundamentalista ou num positivismo dogmático. Talvez, a atual 
crise da fé em relação ao homem possa oportunizar à teologia cristã um 
estudo mais criativo do encontro histórico entre a revelação judeu-cristã e o 
pensamento filosófico e científico contemporâneo.
A fé inclui a capacidade de compreender e conhecer o que Deus revela ao 
homem, ou seja, para crer, o homem não precisa nem deve renunciar à sua 
razão. É verdade que o velho problema da fé e razão, atualmente, também se 
formula, de maneira nova, como questão da fé e da ciência, da relação entre 
conhecimento científico e conhecimento da fé.
A teologia trata da experiência de Deus, de nossa experiência com Deus 
enquanto membros de uma comunidade de fé. É o esforço de reflexão siste-
mática e científica, para compreender e interpretar a experiência de fé de 
uma comunidade e expressar essa experiência em linguagem compreensível 
em seu contexto histórico cultural concreto.
Já a razão, enquanto uma filosofia, destaca-se por seu conhecimento 
científico pautado na experiência, se o esquecermos cairemos no risco de 
um isolamento cultural, cada vez maior, refugiando-se no conhecimento 
pré-científico e pré-crítico do homem e da sociedade.
31
Avançando na prática
Os fatos que são entendidos apenas por teorias, 
mas não têm nada de concreto
Fábio mencionou a seguinte questão: “Sabe-se que existe um fato e que 
não há entendimento concreto sobre ele por parte dos diversos aspectos de 
conhecimento, sejam eles científicos, políticos, teológicos, filosóficos, etc. 
Como esse fato, muitos enigmas são alvos da curiosidade da ciência, que 
busca evidências constantemente, porém não as encontra. Nesse sentido, 
lembremo-nos das diversas teorias, como a do Big Bang, que está entre as 
mais aceitas na atualidade para explicar a origem do Universo, entre outras 
teorias, que podem até falar que o universo era eterno e estático. Também 
temos a teoria da evolução com relação ao surgimento do homem, porém, 
são apenas teorias, não tendo sido definidas de forma concreta. 
Portanto, já perceberam que muitos dos acontecimentos que tentam 
explicar a origem do mundo e que estão ligados à religião, nem a ciência nem 
a filosofia ou outras filosofias conseguem efetivar uma resposta concreta. 
Diante disso, esses acontecimentos seriam apenas teorias, correto? Então 
por que muitos gostam de afirmar “concretamente” que Deus não existe ou 
que o Universo não teve um início, como descrito pelas Escrituras? Para 
refletir: quando não se pode provar que Deus existe, também não se pode 
provar que Ele não existe. E aí, como ficamos? Ciência e teologia têm coisas 
a dizer uma à outra, uma vez que temos a teologia como a verdade encon-
trada e a filosofia como a busca da verdade? As suas preocupações podem 
interagir racionalmente?
Resolução da situação-problema
Esse enunciado tem uma característica definida, são questionamentos 
para reflexão, para pensar sobre a nossa fé ou como nos comportamos com 
relação à fé do outro. Sim, é possível que a ciência e a teologia tenham coisas 
a dizer uma à outra, considerando que ambas têm um propósito compa-
tível, ou seja, a própria “verdade”. Considerando que muitas perguntas não 
são respondidas pelas categorias de conhecimentos existentes, a verdade, 
dependendo das circunstâncias, pode estar com uma ou com outra e 
assim sucessivamente.
32
Faça valer a pena
1. Uma das primeiras questões que surge quando se fala em fé e razão é 
se ambas são compatíveis ou não. Se refletirmos no Livro Sagrado (Bíblia), 
perceberemos que esses dois termos são ferramentas importantes para 
a existência humana. Considerando essa concepção e refletindo sobre o 
assunto, é possível perceber o quanto essas duas ferramentas são necessárias 
em nossas vidas.
Nesse contexto, sobre a razão, assinale a alternativa correta.
a. A razão nos permite chegar a conclusões e explicações a partir das emoções.
b. Na razão pensa-se em algo lógico, que se fundamenta em uma 
situação possível.
c. A razão é algo que se posiciona a favor das emoções.
d. A razão não é algo que se realiza por meio de argumentos e de abstrações.
e. A razão é particularmente associada apenas aos estudos filosóficos.
2. Uma personagem do filme Contato teve uma experiência que não pôde 
provar, mas reconheceu, assim como os céticos, que no mundo alguma coisa 
é maior que nós mesmos. Do roteiro do filme, dá para entender que embora 
haja uma dicotomia entre a teologia e a ciência, e que embora a crença de 
um seja diferente da crença do outro, a meta é uma só: a busca da verdade. 
No resultado de seus objetivos, as duas crenças se igualam. Nesse contexto, 
analise a afirmativa a seguir e complete as lacunas:
Para a ciência, quando não se tem a explicação comprovada para algo, dá-se 
o nome de ____________ para explicar o que não pode ser explicado. No 
Entanto, a ciência e a teologia têm coisas a dizer uma à outra, uma vez que 
temos a teologia como a ____________ e a filosofia como ____________.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
a. reflexão momentânea / a busca da verdade / incertezas contínuas.
b. comprovação suspeita / verdade encontrada / dados improváveis.
c. remissão espontânea / verdade encontrada / a busca da verdade.
d. dados improváveis / a busca da verdade / comprovação suspeita.
e. resultado lógico / remissão espontânea / verdade encontrada.
33
3. No que tange à discussão sobre fé e razão, teologia e ciência, fortale-
ce-se a ideia, por meio da qual podemos analisar os contrapontos quanto à 
relação entre os dois temas – razão e fé – no pensamento medieval; na Idade 
Moderna; nas reformas religiosas e a fé e ciência nos dias atuais. Portanto, 
refletimos a hipótese de que ambas são compatíveis, pois existem muitos 
contrapontos sobre essa temática, e o importante é que nossos amigos que 
começaram essa discussão, embora, num primeiro momento, defendam suas 
concepções, ainda assim estejam abertos a buscar o conhecimento sobre essa 
relação tão mencionada em nossos dias. Sobre o texto, analise as afirmativas 
a seguir:
I. A fé racional é o que nos permite refletir sobre a compatibilidade 
com a razão.
II. O conflito da relação entre fé e razão ocupou os pensadores cristãos 
na Idade Média.
III. A teologia surgiu com o propósito de explicar e substanciar os 
textos históricos trazendo-os para uma reflexão mais “científica”, 
mais racional.
IV. A teologia surgiu para fundamentar e debater alguns temas, explicar 
alguns enigmas que são difíceis de explicação perante a razão 
humana.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e II, apenas.
b. II e III, apenas.
c. III e IV, apenas.
d. I, II e IV, apenas.
e. I, II, III e IV.
34
Seção 3
A igreja e a sociedade
Diálogo aberto
Vamos iniciar esta conversa sobre a importância da comunicação, do 
diálogo entre as pessoas.Como exemplo, podemos citar o encontro dos 
amigos. Vamos relembrar os nossos personagens? Pedro está concluindo o 
curso de Filosofia e não acredita muito na ciência, Lúcio defende a ciência 
e Fábio está fazendo Teologia e acredita na possibilidade de relação entre 
ciência e religião. Veja que, ao fazerem questionamentos, embora tendo 
pensamentos distintos, tiveram respeito um pelo outro, e de forma sábia, 
desafiaram-se a buscar conhecimentos sobre o assunto debatido. O diálogo é, 
muitas vezes, a solução de muitos conflitos. O que poderia ser constrangedor 
inicialmente se tornou um momento de descontração e de aprendizagem.
Portanto, após um debate entre amigos, permeado de oposições e conflitos 
que se originaram pela contradição entre princípios teóricos ou fenômenos 
empíricos e pela relação entre igreja e sociedade, que mudou muito ao longo 
da história do cristianismo de acordo com as diferentes denominações cristãs, 
é sempre possível fazer uma releitura, repensar concepções e se atualizar para 
se compreender as circunstâncias que se apresentam constantemente. 
São exatamente esses contrapontos que tentaremos compreender a partir 
das seguintes indagações: a partir dessa relação com a igreja, é possível o 
desenvolvimento da sociedade? Ou seja, o desenvolvimento da sociedade foi 
influenciado por esses contrapontos que existiram e existem até hoje? Para 
isso, veremos a Teologia Contextual, a Teologia Política e os desafios e o papel 
da igreja hoje.
Assim como na Teologia Contextual analisamos os princípios da Bíblia 
para além do contexto cultural, para chegarmos à compreensão, também 
precisaremos olhar para além do que nos parece óbvio, pois como dizem os 
filósofos, nem tudo que aparenta ser no primeiro plano é, de fato. É preciso 
que demonstremos um grau de maturidade e que nos coloquemos no lugar 
do outro para, então, nos relacionarmos de forma saudável. Aliás, esses são 
comportamentos que devem acompanhar qualquer profissional, principal-
mente o Teólogo. As contradições muitas vezes nos forçam a sair da nossa 
zona de conforto ou das nossas verdades absolutas para olharmos outras 
possibilidades e aumentar nossa área de conhecimento.
35
Não pode faltar
Notamos neste debate entre amigos permeado de oposições e conflitos 
oriundos de uma contradição entre os princípios teóricos e fenomênicos que 
a relação entre a Igreja e a sociedade mudou muito ao longo da história do 
cristianismo de acordo com as diferentes denominações cristãs. Em toda a 
história do cristianismo, a relação entre a igreja e a sociedade perpassaram 
por profundos conflitos, pois é possível perceber essas oposições entre ambas 
durante as perseguições do Império Romano e outros acontecimentos ao 
longo da história.
Para respondermos as seguintes indagações sobre o desenvolvimento 
da sociedade a partir desta relação com a igreja e se o desenvolvimento da 
sociedade foi influenciado por esses contrapontos que existiram e existem até 
hoje, temos que observar alguns contextos históricos.
É impossível olhar para a história da humanidade e não relacioná-la à 
própria história do cristianismo ou da religião, pois ambas se relacionam.
Houve uma tolerância religiosa nos movimentos cristãos nos primeiros 
anos de sua existência, ou seja, os romanos não se preocuparam em seguir o 
cristianismo nascente porque achavam que ele fosse apenas mais uma “seita 
judaica”, mais um movimento que surgiu ali por alguma discórdia religiosa e 
que não iria representar qualquer perigo a eles. 
De acordo com o Novo Testamento, mais precisamente no Atos dos 
Apóstolos e também nas Epístolas aos Gálatas, vemos os registros das 
primeiras comunidades da Igreja Cristã. (Igreja que queria dizer “Reunião”). 
Essa etapa da história ocorreu aproximadamente nos Séculos I, II, III e no 
início do Século IV.
Porém, desde as primitivas comunidades cristãs, muitas outras doutrinas 
surgiram, o que se deu em plena expansão do Império Romano. Os cristãos, 
nesse período descrito acima, foram perseguidos por vários Imperadores, e 
entre os primeiros, encontra-se Nero. A religião cristã só deixou de ser perse-
guida no Século IV, a partir do ano 323, pelo Imperador Constantino.
O Imperador, que se considerava uma figura religiosa máxima de seu 
Império, começou a ver as demais “religiões” como prejudiciais ao seu poder 
absoluto, portanto, as comunidades cristãs começaram a ser perseguidas.
Por que o Cristianismo é tão importante quando falamos de sociedade? 
Porque, muitas das ocorrências devem-se à sua interferência. Essa crença 
desempenhou um papel importante para o controle, por exemplo, de sacri-
fício humano, a escravidão, poligamia, infanticídio, o divórcio, incesto, 
36
infidelidade, controle da natalidade, aborto, criminalidade e muitas outras 
situações que, muitas vezes, são despercebidas pelo mundo com relação aos 
feitos da igreja. Essas questões são frequentemente temas que a sociedade 
busca controlar para que ela mesma não entre em estado de anomia.
A Igreja, ao interferir na vida social e política dos estados antigos, depois 
na idade média, renascimento, modernidade e pós-modernidade, traz para 
dentro do contexto social a moral Cristã, que, por diversas vezes, tende a 
controlar os impulsos humanos, regulando, dessa forma, a ética e moral social.
Reflita
Imagine que desde o começo do mundo a religião fosse ausente ou 
não existisse. Como seria o modelo de conduta das pessoas na sua 
interação em meio à sociedade. Percebe-se hoje a influência da fé cristã 
nos ordenamentos jurídicos, na declaração da ONU, na Declaração 
dos Direitos Humanos, etc. Enfim, os preceitos cristãos tiveram e têm 
até hoje a influência no modo de vida social, político e econômico. Os 
mandamentos tiveram como princípio direcionar as pessoas para um 
comportamento correto, mas se essa influência não existisse, se nada 
tivesse acontecido em termos de religião, como seria o mundo, a vida 
em sociedade? Nesse sentido, podemos refletir a importância e o papel 
da igreja na sociedade.
Quando falarmos de anomia, lembremo-nos do sociólogo francês Emile 
Durkheim (1858-1917): seu conceito significa ausência ou desintegração das 
normas sociais.
A igreja tem um papel preponderante que influencia e ajuda de forma 
considerável no controle dessas questões. Qual era o objetivo desse conceito? 
Descrever as patologias sociais da sociedade ocidental moderna, raciona-
lista e individualista considerando, principalmente as condições que vive a 
sociedade hoje, com o acelerado processo de urbanização, falta de solidarie-
dade e as novas formas de organização social, e não podemos deixar, ainda, 
de mencionar a influência da economia na vida das pessoas, o que implica 
dizer que a cada momento da história, a sociedade se identificava com algum 
tipo de anomia que se ampliavam conforme o desenvolvimento das cidades. 
Nesse sentido, a sociedade necessita cada vez mais do envolvimento e da 
participação de cada instituição, inclusive e principalmente do Estado, que 
não deve eximir de suas responsabilidades.
De acordo com Durkheim (apud BARBOZA, 2015, p. 82), “a sociedade é 
semelhante a um corpo vivo, é composta de várias partes, cada parte cumpre 
uma função em relação ao todo”. Analisando o Quadro 1 a seguir, podemos 
37
fazer um exercício de verificação a respeito de qual função cada uma das 
instituições ali nomeadas cumpre para o bom funcionamento da sociedade.
Quadro 1.1 | As Instituições
Família Religião Trabalho Escola
Exército Leis Governo Lazer
Fonte: Barboza (2015, p. 83).
Apresentaremos a seguir algumas das funções de cada instituição: 
Família: formador social de opinião e conceitos. A sua importância está 
em transmitir os primeiros valores. A convivência familiar nos faz absorver 
as regras de comportamento e maneiras de pensar.
Escola: da mesma forma, a escola, com todas as suas normas que 
envolvem os critérios de avaliação de desempenho, os horários, a convivência 
com professores e outros profissionais, educa,forma e prepara o indivíduo 
em sociedade ensinando normas, regras aquilo que se espera do indivíduo 
no meio social, bem como afirma uma perspectiva de futuro para as novas 
gerações de crianças e jovens.
Religião: as igrejas possuem uma coesão social bem estruturada e tendem 
a se ajustar aos valores da sociedade. A religião é formadora de opinião social 
e reguladora de normas junto ao Governo. Ela traz para dentro do contexto 
social a moral Cristã, que, por diversas vezes, tende a controlar os impulsos 
humanos, regulando, dessa forma, a ética e a moral.
Trabalho: Para Durkheim, a Divisão Social do Trabalho, que é típico das 
sociedades modernas, leva à coesão social – os laços de interdependência 
funcional entre os indivíduos. são fatores que unem os indivíduos numa 
sociedade, pois geram um sentimento de solidariedade. Nesse sentido, a 
divisão social do trabalho seria responsável por manter a harmonia desse 
sistema de órgãos que compõe o organismo.
Exército: de acordo com Weber (1864 – 1920), essa instituição, assim 
como a polícia, detém o monopólio do uso legítimo da violência. Ele procura 
explicar que o Estado é a única instituição que pode fazer o uso legítimo da 
força física e da repressão. Os indivíduos devem aprender a respeitar essa 
instituição ou não cometer crimes (contra lei), para não sofrer esta punição, 
o objetivo é conter casos de anomia ou conflitos sociais.
Governo: o Estado não é apenas um agente de poder, o Estado é também 
um agente moral, que estando também inserido na Divisão Social do 
Trabalho, desempenha funções sociais que ultrapassam a questão política per 
se. Como no desenvolvimento no exercício da cidadania, cuidando da vida 
38
pública para além da política, como a saúde da comunidade, educação, meio 
ambiente, etc.
Lazer: o lazer é ócio, é o descanso, fundamental para o desenvolvimento 
psicossocial dos indivíduos.
É claro que, por outro lado, é possível ajudar moldar ou modificar as 
instituições. Os movimentos sociais, por exemplo, contribuem para que o 
Estado garanta um direito do cidadão.
Exemplificando
Independentemente da denominação religiosa, as igrejas têm um papel 
fundamental na estruturação de uma sociedade. Há muitos países 
cujo descaso com a população e com a qualidade de vida das pessoas 
é imenso, mas temos na Igreja a esperança de uma melhor situação, 
pois a igreja ensina, cuida, orienta, incentiva as pessoas a se libertarem. 
Além de orientar as famílias, governos e estruturas sociais, o papel da 
igreja é dar uma formação humana, desenvolvendo nos jovens e adultos 
seus principais atributos e dons, algo que é característico de cada ser 
humano. As suas missões têm por objetivo cuidar e instruir as comuni-
dades locais por meio da caridade, papel exercido por nosso Senhor 
Jesus Cristo e confiado aos seus seguidores. As missões possuem um 
engajamento social, exercendo atividades públicas em países onde 
a educação, o alimento e os cuidados mínimos são escassos. Nesse 
cenário, o Cristão pode exercer sua missão evangélica, como instruir, 
comunicar, cuidar e anunciar o Reino de Deus.
A partir disso, vamos refletir mais sobre a religião, qual é a sua função 
social enquanto uma instituição que participa do todo social. É possível 
notar que a igreja, além de sua importância individual, enquanto instituição 
pertencente ao corpo social, também tem algum tipo de participação ou 
influência em cada uma dessas outras instituições.
39
Figura 1.3 | Igreja e Sociedade
Fonte: Pixabay.
Se observarmos as leis, vamos perceber que os conceitos de religião e 
direito, por exemplo, sempre estiveram interligados de alguma forma durante 
a história. Agostinho de Hipona (354 d.C.-430 d.C.), que foi um dos mais 
importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos, dizia que a justiça 
era dita como humana e divina, em que a lei humana se inspiraria na divina.
Nesse sentido, embora do ponto de vista cultural, uma das maiores 
mudanças das sociedades ocidentais nos últimos anos foi a secularização do 
Estado deparando-se, vez e outra, com algum fato entre religiosos e secula-
ristas no âmbito jurídico. Como já vimos anteriormente em nossa reflexão, é 
constante a influência da fé cristã nos ordenamentos jurídicos, na declaração 
da ONU, na Declaração dos Direitos Humanos, etc. É possível perceber que 
nos preâmbulos da Constituição brasileira, há a invocação de Deus como 
garantidor dos direitos.
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos 
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
40
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, 
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica 
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, 
a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil. 
(BRASIL,1988, p. 1; grifo nosso)
Existem algumas instituições sociais nas quais podemos notar com maior 
profundidade a influência da moral cristã e de seus atos evangélicos; tais 
instituições não tiveram influências somente no período em que o Império 
romano dominou, mas também, na Idade Média, período em que o cristia-
nismo exerceu seu poder em todas as instituições sociais. Depois, nos outros 
períodos da história humana, com menos influência, ainda conseguiu 
manter a questão da moral como modelo a ser seguido pela sociedade até 
nos dias atuais.
Não podemos nos esquecer de que a influência do cristianismo ainda se 
dá fortemente por meios das obras sociais em vários continentes. 
Figura 1.4 | Mensagem Cristã: liberdade
Fonte: iStock.
A mensagem cristã expressava a ideia de que não haveria mais distinção 
entre senhor e escravo, ideia de igualdade e liberdade em um mundo 
41
desigual, portanto, muitos se convertiam por meio da pregação cristã. Da 
mesma forma, os soldados que estavam nos constantes combates, porém ao 
se depararem com a mensagem falando de paz, propondo um mundo sem 
guerra, um mundo com novas relações sociais e em consequência disso, tinha 
esperança de um mundo novo, convertiam-se ao cristianismo. Um outro 
grupo importante que vai ser atraído pela mensagem cristã são as mulheres. 
A mulher era extremamente descriminada ainda no contexto greco-romano, 
além de pouquíssimo espaço , não era alfabetizada e vivia em submissão dos 
pais, a princípio, e depois do marido, conforme menciona Menezes e Proença 
(2016, p.10):
O valor dado à mulher é outro aspecto marcante no 
contexto das primeiras comunidades cristãs. No ambiente 
judaico havia se formatado, desde os tempos vétero-tes-
tamentários uma mentalidade patriarcal com absoluta 
superioridade do homem sobre a mulher. Exemplo disso, 
era o rigor com que a Lei religiosa se impunha em relação à 
mulher, sendo, por isso, sua participação nos cerimoniais e 
cultos legada a uma condição de inferioridade e submissão. 
Durante as cerimônias religiosas havia espaços próprios e 
limites para a sua restrita participação, sendo obrigada, 
inclusive, a permanecer em silencio durante o evento. Na 
filosofia grega, à época, também não era muito diferente: a 
liberdade era atributo do homem. Platão e Xenofonte, por 
exemplo, a rmavam que as mulheres haviam sido criadas 
exclusivamente para trabalhos domésticos.
A mensagem cristã que levou alívio e esperança às mulheres e aos 
escravos está em Gálatas 3: 38, “em Cristo não há mais distinção entre senhor 
e escravo, entre judeus e gentios e nem entre homem e mulher”. Sendo assim, 
o cristianismo valorizou o papel da mulher no meio social, entregando a 
ela uma liberdade que até então não havia sido experimentada por outras 
crenças monoteístas. Como a igreja proibia o aborto, e acolhia as crianças 
abandonadas, e em consequência disso praticava também ações de acolhida 
às mães que precisavam de apoio. Todas essas atitudes atraiam as mulheres,

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