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Mestres_da_Filosofia_BOX_COM_5_LIVROS_Uma_Jornada_-547-549

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cotidiana. No entanto, os fundamentos da Teoria do Valor de Marx são, em
sua essência, uma tentativa de desvendar os mistérios que governam as
transações e trocas que realizamos todos os dias. Imagine que cada produto
que compramos tem uma história oculta, como a trama de um filme que só
vemos o final. Marx busca nos mostrar os bastidores dessa produção,
questionando o verdadeiro valor das coisas e revelando as engrenagens
ocultas que movem o capitalismo. Neste capítulo, desvendaremos os
conceitos-chave da Mercadoria e Mais-Valia, explorando os pilares básicos
da economia política marxista e suas críticas à visão burguesa da economia.
Além disso, mergulharemos na dinâmica do capitalismo, analisando como o
sistema de produção se organiza e perpetua. Prepare-se para uma jornada
reveladora através da economia sob a perspectiva de Marx, onde cada
conceito é uma peça do quebra-cabeça que compõe nossa sociedade
moderna.
Mercadoria e Mais-Valia
Imagine que você está em um mercado e vê uma maçã à venda. A maçã é
apenas uma fruta, certo? Mas por trás dela, há uma história complexa que
Marx queria que todos nós entendêssemos. Ele olhava para essa maçã não
apenas como uma simples fruta, mas como uma mercadoria, algo produzido
para ser vendido. E essa ideia de mercadoria é uma peça central na
economia política marxista.
A maçã não cresce nas prateleiras dos supermercados. Ela vem de uma
árvore, em um pomar, cuidada por agricultores. O tempo, o esforço e os
recursos investidos nesse processo determinam o que Marx chama de "valor
de uso". É o propósito real e tangível da maçã: alimentar alguém. Mas,
quando essa maçã é colocada à venda, ela assume um novo papel e um
novo valor, o "valor de troca". É esse valor que determina quanto você paga
por ela.
Entretanto, existe uma diferença entre o quanto foi gasto para produzir a
maçã e o quanto ela é vendida, e essa diferença é a chave para entender a
ideia de mais-valia. Suponha que o agricultor tenha gastado 1 real no
processo de cultivo da maçã, mas a venda dela no mercado seja por 2 reais.
Essa diferença de 1 real não surge do nada; é o resultado do trabalho
excedente do agricultor, mas que ele não vê como lucro. Em vez disso, essa
quantia extra, essa mais-valia, vai para os bolsos do dono do pomar ou do
comerciante.
Agora, se olharmos para essa situação de um ponto de vista mais amplo,
poderíamos comparar com um artista pintando um quadro. O artista gasta
tempo, esforço e materiais. O valor desses insumos pode ser semelhante ao
valor de uso da maçã. No entanto, quando o quadro é vendido, o preço é
muitas vezes superior ao custo dos materiais e ao tempo investido pelo
artista. A diferença entre o custo de produção e o preço de venda é,
novamente, a mais-valia.
Marx via a mais-valia como o motor do capitalismo. Os capitalistas, ou os
donos dos meios de produção (como o dono do pomar ou a galeria que
vende o quadro), buscam maximizar seus lucros. E uma maneira de fazer
isso é através da extração de mais e mais mais-valia dos trabalhadores. Isso
pode ser feito de várias maneiras: estendendo as horas de trabalho,
reduzindo os salários ou implementando tecnologias que permitam produzir
mais em menos tempo.
A ideia de mais-valia é um olhar revelador sobre a natureza da produção
capitalista e as relações de trabalho. Faz-nos questionar quem realmente se
beneficia do nosso trabalho e nos dá uma perspectiva diferente sobre o
verdadeiro valor das coisas. Como a maçã no mercado, as relações de
trabalho e produção estão por trás de todos os produtos que consumimos, e
entender esse processo é o primeiro passo para perceber nosso papel nele e
como podemos buscar uma relação mais justa e equitativa no mundo da
produção.
Crítica à Economia Política Burguesa
Quando pensamos em críticas, é comum vir à mente a imagem de um
crítico de cinema analisando um filme. Eles olham para o roteiro, atuação,
direção e outros elementos para avaliar se a obra é boa ou não. Da mesma
forma, Marx atuou como um "crítico" da economia de sua época,
dissecando seus mecanismos e expondo as falhas que via no sistema
capitalista. Entender sua "crítica à economia política burguesa" é como
assistir a uma análise detalhada de um filme que todos nós vivenciamos: o
drama da sociedade capitalista.
Para começar, imagine que a economia seja como uma peça de teatro, onde
todos têm um papel específico a desempenhar. No palco do capitalismo,
temos dois protagonistas principais: os capitalistas, que possuem os meios
de produção (como fábricas e terras) e os trabalhadores, que vendem sua
força de trabalho em troca de um salário. Parece um arranjo justo à primeira
vista, certo?
Marx, no entanto, via isso mais como um filme de suspense. Para ele, sob
essa aparente harmonia, esconde-se um enredo de exploração. Afinal, os
trabalhadores produzem mais valor com seu trabalho do que recebem em
salários. E essa diferença, como mencionado anteriormente, é a mais-valia
que acaba nos bolsos dos capitalistas. É como se os atores de um filme
recebessem apenas uma pequena fração do lucro, enquanto o estúdio ficasse
com a maior parte, apesar de todo o trabalho duro e talento dos atores.
Além disso, a economia política burguesa, como Marx a via, tinha uma
espécie de "efeito especial" que obscurecia essa realidade: a mercadoria.
Em nossa sociedade, damos um valor tremendo às mercadorias, como se
elas tivessem vida própria. Marx chamou isso de "fetichismo da
mercadoria". Imagine que você compre uma camiseta. Para você, ela tem
um valor porque é útil e bonita. No entanto, raramente pensamos no
trabalho envolvido em sua criação. Esse "fetichismo" mascara a exploração
por trás de cada produto.
Porém, a crítica de Marx não parou por aí. Ele também apontou que o
sistema capitalista era inerentemente instável. Como um filme de ação, está
cheio de altos e baixos, crises e recuperações. A busca incessante por lucros
leva a superprodução, onde mais mercadorias são produzidas do que podem
ser vendidas. Isso, por sua vez, pode levar a recessões e desemprego.
Finalmente, Marx argumentou que o capitalismo criava divisões profundas
na sociedade. Assim como um filme pode ter heróis e vilões, o capitalismo,
na visão de Marx, tinha vencedores (capitalistas) e perdedores
(trabalhadores). E essa divisão não era acidental, mas uma característica
inerente do sistema.
A "crítica à economia política burguesa" de Marx é uma análise profunda
do sistema capitalista, destacando seus mecanismos de exploração e as
contradições que podem levar a sua queda. Como qualquer crítico, ele não
apenas apontou os problemas, mas também sugeriu uma alternativa: uma
sociedade socialista onde os trabalhadores controlam os meios de produção
e o valor que produzem. Se sua crítica é aceita ou não, é uma questão de
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