Prévia do material em texto
Capítulo 1 - SINTAXE DE ORAÇÃO - TERMOS ESSENCiAIS DA ORAÇÃO •393\ O sujeito indeterminado aparece quando não se deseja ou não se consegue determinar, identificar o autor da ação verbal. Portanto, o que torna indetermi nado o sujeito é a intenção ou a situação do falante, que não sabe ou não quer individuar, precisar, apontar o agente, o autor da ação. O conceito de sujeito indeterminado, por isso, tem de partir da intenção ou da ignorância do falante, já que, em português, a maioria das construções apresenta sujeito. Existem duas situações em que um sujeito pode ser ou aparecer indeterminado: a) Com verbos na 3.a pessoa do plural, sem fazer referências a nenhum substantivo anteriormente ou posteriormente expresso, nem ao pronome pessoal do caso reto "eles" Veja: > imitaram o professor de Português na última aula. (Perceba que não se sabe quem fez a ação de imitar.) > Vão telefonar para você hoje à tarde para tratar de um assunto do seu interesse. (Se não se pode determinar quem praticou a ação, logo o sujeito é indeterminado. 0 verbo auxiliar da locução verbal -' ir + telefonar - encontra-se flexionado na 3.a pessoa do plural). > "Dizem que sou loucoí" (0 sujeito do verbo "dizer" é indeterminado.) > Consideram-no o pai da turma pela inteligência e experiência que possui. (0 sujeito do verbo "considerar" é indeterminado.) b) Com verbos intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação acompanhados da partícula "se". Essa partícula funcionará como o "índice de indeterminação do sujeito" O mais importante é notar que nesse caso o verbo, obrigato riamente, permanecerá na 3.a pessoa do singular. V.I. V.T.l. + V.L SE _► índice de indeterminação do sujeito Verbo fica na 3.a p.s. Exemplos: > No Brasil, já não mais se recorre a confiscos para a obtenção de fluxo de caixa. (Verbo transitivo indireto + se) 394 NOVA GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA CONCURSOS - SINTAXE » Na apresentação dele, desconfiava-se dos acordos que eLe propunha. (Verbo transitivo indireto + se) > Os Livros dos quais se precisava foram doados para uma "instituição de ca ridade. (Cuidado para não dizer dos quais se precisavam..." ^ 0 verbo é transitivo indireto e está acompanhado do pronome "se") > Cria-se mais nas palavras do membro do que nas palavras do Líder espiritual da igreja. (Verbo transitivo indireto + se) > Tratava-se de problemas de difícil resolução. (Verbo transitivo indireto + se) > Era-se mais feliz noutros tempos. (Verbo de ligação + se) > Come-se muito bem em diversas regiões do Brasil. (Verbo intransitivo + se) > "Escorrega-se no sangue, tropeça-se sobre cadáveres, mas a luta continua ardentemente acesa." (Visconde de Ouro Preto). (Verbos intransitivos + se) * Observações: a) Atente para os termos "a confiscos", "dos acordos", "dos quais" "nas palavras" e "de problemas" dos cinco primeiros exemplos acima. Eles funcionam como objetos indiretos para os seus respectivos verbos. b) Quem literalmente promove a indeterminação do sujeito é a partícula "se". Se ela for retirada, passa-se a ter sujeitos ocultos, elípticos. c) Procure imediatamente correlacionar o estudo do sujeito indetermi nado com o estudo do sujeito passivo ou paciente. Muitas questões exploram essa distinção. É básico para um candidato diferenciar um índice de indeterminação do sujeito de uma pa*$ícula ou pronome apassivador. V - Sujeito passivo ou paciente (a partícula ou pronome apassivador) Dica; Procure correlacionar o conteúdo do sujeito passivo ou paciente com o assunto "a voz passiva". Um dos casos mais explorados em concursos públicos e vestibulares é a concordância com o sujeito passivo ou paciente. Para qüe se faça a perfeita harmonização entre o verbo e o seu sujeito, convém primeiro saber identificar esse tipo de sujeito e diferenciá-lo de outros tipos, notadamente do sujeito indeterminado. Capítulo 1 - SiNTAXE DE ORAÇÃO -TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO S3Í j Í | | Compare: > Come-se bem no interior de muitas capitais brasileiras. (Sujeito indetermi nado ^ VI + SE) > Come-se bem, no interior de muitas capitais brasileiras, pratos bastante requintados. (Erro comum!!!) (Sujeito passivo ou paciente = pratos). Perceba que no primeiro exempio não se diz o que se come - o verbo, portanto, está empregado comó intransitivo. A estrutura apenas faz referências à ação de comer de forma genérica. Logo, indeterminou-se o sujeito. Já no segundo caso, o que se está comendo são "pratos bastante requintados", termo que representa o sujeito da oração. No caso acima, estamos diante de uma voz passiva sintética, formada de um VTD + SE. Logo, o verbo deve obrigatoriamente concordar com este sujeito. A frase correta será: > Comem-se bem, no interior de muitas capitais brasileiras, pratos bastante requintados. Outros exemplos de sujeitos passivos ou pacientes: » Estão sendo avaliadas pela banca todas as monografias entregues no dia 30. (Sujeito passivo « as monografias. Estamos diante de uma voz passiva analítica.) > Eleger-se-ão os novos diretores do clube no próximo domingo. (Sujeito passivo «■ os novos diretores. Aqui a voz passiva é sintética.) >. Seria ‘de se esperar que se associassem à moderna tecnologia apenas os be nefícios reais, que a ela se tributassem tão somente vantagens inequívocas. (Sujeitos passivos * os benefícios reais; vantagens inequívocas.) > Não se delegue às escolas a missão exclusiva de preparar os jovens para sua inserção no mercado de trabalho. (Núcleo do sujeito passivo = missão.) > Não se impute aos adolescentes de hoje a exclusiva responsabilidade pelo fato, lastimável, de aspirarem a tão pouco. (Sujeito passivo = aexclusiva responsabilidade.) > Ê muito difícil que se cumpram os propósitos que se formulam a cada início de ano. (Sujeitos passivos = os propósitos; que - pronome relativo.)