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Prof. Marco Túlio 
 
 
 
AULA 03 – BRASIL IMPÉRIO II 
 
Branco, buscou aumentar a tributação dos itens estrangeiros, com o intuito de aumentar a 
arrecadação do Estado. 
Com a nova política alfandegária, esta porcentagem subia para 30%, ou 60% nos casos em 
que o produto fosse semelhante a outros produzidos no Brasil. A diferença no valor final fez com 
que o consumidor optasse pelos produtos nacionais, enquanto investidores viram vantagens na 
criação de manufaturas. Ao final dos anos 1880, o país contava com 600 indústrias. Mesmo sem 
intenção, a Tarifa Alves Branco teve um efeito protecionista, estimulando a indústria nacional. 
 
3.3. A pressão inglesa e a Lei Eusébio de Queirós (1850) 
Após abolir o tráfico negreiro em suas colônias (1807) e decretar o fim da escravidão 
(1833), a Inglaterra passou a exercer forte pressão para que o mesmo acontecesse no Brasil, 
território que apresentava um importante mercado consumidor para os interesses econômicos 
britânicos. 
Inicialmente, isso ocorreu por meio dos Tratados de 1810, durante o período joanino. Já 
em 1815, a Inglaterra e Portugal assinaram um tratado que considerava proibido o tráfico 
negreiro acima da linha do Equador, o que atingia certos portos fornecedores de cativos para o 
Brasil, como São Jorge da Mina. Por fim, os governos joanino e britânico se comprometeram a 
reprimir o tráfico conjuntamente em alto-mar, mas somente a Inglaterra levou isso adiante. 
Em 1822, a Inglaterra estabeleceu o fim do tráfico negreiro como condição para que 
reconhecesse a independência do Brasil, mas isso não apresentou efeito prático. Em 3 de 
novembro de 1826, um novo tratado assinado entre os dois estabeleceu que o tráfico deveria 
ser extinto em até três anos, passando a ser considerado um ato de pirataria. Finalmente, em 07 
de novembro de 1831, foi assinada no Brasil a Lei Feijó, que estabeleceu, sem sucesso, 
estabelecer o fim do tráfico negreiro no Brasil, durante o período regencial. 
Diante da inércia do Brasil, o governo inglês aprovou, em 1845, o Bill Aberdeen, lei 
inglesa que legalizava a captura de navios negreiros no Atlântico pela Marinha britânica e o 
julgamento de seus capitães. Naquele momento, o Brasil era um dos últimos países do Ocidente 
a sustentar o tráfico, o que aumentava a pressão internacional para que abolisse o sistema de 
trabalho escravo. 
Em resposta à pressão externa, foi aprovada a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o 
tráfico negreiro para o Brasil. E diferentemente do que aconteceu com a Lei Feijó (1831), que 
não apresentou efeito prático, a Lei Eusébio de Queirós fez cessar a entrada de novos cativos no 
país. 
Podemos destacar três consequências da Lei Eusébio de Queirós: 
→ Aumento do tráfico interno: diante da escassez de novos escravizados, as regiões cafeeiras, 
especialmente o Vale do Paraíba, passaram a estimular a compra de escravizados de outras 
regiões do Brasil. 
→ Encarecimento da mão de obra escravizada: com a diminuição da oferta de cativos no Brasil, 
a mão de obra se encareceu drasticamente. 
→ Impulso à modernização: a lei acabou por disponibilizar a verba que até então era utilizada 
 
 
 
 
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para a importação de escravizados vindos da África, que passou a ser investida por alguns 
grandes proprietários na diversificação de seus negócios econômicos. 
 
 
4. TRANSFORMAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO 
 
Após 1850, com a dificuldade para obtenção de mão-de-obra escrava, a produção do Vale 
do Paraíba entrou em declínio. Outros dois fatores também contribuíram para isso: o 
esgotamento de terras cultiváveis na região e o envelhecimento dos cafezais, que geralmente 
rendiam colheitas produtivas por 15 anos. 
Já no Oeste Paulista, o fim do tráfico negreiro fez com que cafeicultores passassem a 
investir na substituição do trabalho compulsório pela mão de obra livre, sobretudo a de 
imigrantes vindos da Europa. O conturbado processo de unificação vivido na Itália e na 
Alemanha fez com que muitos camponeses se vissem forçados a buscar uma vida melhor na 
América, o que estimulou muitos a optarem pelo Brasil. Além de italianos e alemães, muitos 
imigrantes também eram portugueses, espanhóis e de outras nacionalidades. 
Para o Império, a entrada destes imigrantes era benéfica não somente para suprir a 
demanda por trabalhadores nas lavouras de café diante do lento fim da escravidão, mas também 
ia ao encontro de um ideal de embranquecimento em voga no período, inspirado em teorias 
racistas trazidas da Europa que defendiam a superioridade da raça branca sobre outros povos. 
 
Sistema de parcerias e a imigração subvencionada 
Em 1847, o senador Nicolau Vergueiro (1778-1859) introduziu o sistema de parcerias para 
estimular a vinda de europeus, modelo no qual todos os custos das viagens e instalação para o 
país eram financiados pelos cafeicultores. Em troca, os recém-chegados deveriam trabalhar nas 
lavouras de café até ressarcirem seus “parceiros” de seu investimento, com juros de 6% ao ano. 
Também se exigia que estes estrangeiros adquirissem produtos dos armazéns das fazendas 
de café, que em geral possuíam preços mais elevados que o dos centros urbanos. A fazenda 
Ibicaba em Limeira (SP), de propriedade do senador Vergueiro, foi a primeira a ser abastecida 
PRESSÃO 
INGLESA
LEI FEIJÓ 
(1831)
LEI EUSÉBIO 
DE QUEIRÓS 
(1850)
▪ Aprovada durante o Segundo 
Reinado. 
▪ Fim do tráfico negreiro para o Brasil. 
▪ Aprovada durante o período regencial. 
▪ Não acabou com o tráfico de cativos. 
 
 
 
 
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com imigrantes trazidos por meio de parcerias com sua empresa, a “Vergueiro & Cia”. 
Estas condições mencionadas contribuíam para que as dívidas dos estrangeiros com os 
fazendeiros só aumentassem, o que os colocava em situação análoga à escravidão. Os maus 
tratos impostos aos imigrantes geraram revoltas e fugas de imigrantes em várias fazendas de São 
Paulo, para onde boa parte destas famílias eram encaminhadas. O suíço Thomas Davatz (1815-
1888), um destes emigrados, registraria em seu livro de memórias publicado em 1858: 
 
 Os colonos sujeitos a esse sistema de parceria não passam de pobres coitados 
miseravelmente espoliados, de perfeitos escravos, nem mais nem menos. Os próprios 
filhos de certo fazendeiro não hesitaram em apoiar essa convicção, dizendo que "os 
colonos eram os escravos brancos (de seu pai), e os pretos seus escravos negros". E 
outro fazendeiro enunciou a mesma crença, quando declarou abertamente aos seus 
colonos: "Comprei-os ao Sr. Vergueiro. Os senhores me pertencem". 
DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 1951. p. 123. 
 
A partir o final da década de 1850 a imigração passa a ser subvencionada, ou seja, os 
governos imperial e provinciais se encarregaram de financiar a viagem dos imigrantes para o 
país. Para isso são divulgadas propagandas na Europa que ofereciam salários aqueles que 
aceitassem se estabelecer no “Novo Mundo”. 
 
 
Vale do Paraíba X Oeste Paulista 
 
SI
ST
E
M
A
 D
E
 T
R
A
B
A
L
H
O
ESCRAVIDÃO
PREDOMINANTE NO VALE 
DO PARAÍBA E NO 
NORDESTE AÇUCAREIRO
EM CRISE APÓS A LEI 
EUSÉBIO DE QUEIRÓS
TRABALHO LIVRE E 
IMIGRANTE
PREDOMINANTE NO 
OESTE PAULISTA
SISTEMA DE PARCERIAS
IMIGRAÇÃO 
SUBVENCIONADA

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