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13 Prof. Marco Túlio AULA 04 – BRASIL REPÚBLICA I No Rio de Janeiro, os últimos destacamentos da Revolta da Armada foram contidos pela "esquadra de papelão", apelido pejorativo dado pelos rebeldes aos efetivos recém-adquiridos por Floriano Peixoto. A ação enérgica do governo para conter as duas revoltas fez com que ele ficasse conhecido como o "Marechal de Ferro". Figura 7 - Tropa legalista demonstra manuseio de canhão, 1893. Fonte: Rio Memórias. Ao final do mandato de Floriano Peixoto, os cafeicultores paulistas conseguiram eleger o civil Prudente de Morais como presidente da República, juntamente com o florianista Manoel Vitorino como vice-presidente. A ascensão de Prudente representou as seguintes transformações: ▪ Encerramento da República da Espada; ▪ Enfraquecimento dos positivistas e jacobinos; ▪ Início da consolidação dos cafeicultores civis no poder. 4. REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1894-1930) A República Oligárquica se iniciou com a posse de Prudente de Morais (1894-1898), ligado aos interesses dos cafeicultores paulistas. A partir daí, os civis passaram predominar na política nacional. Podemos dividir a República Oligárquica em três fases. Vejamos: 14 Prof. Marco Túlio AULA 04 – BRASIL REPÚBLICA I ▪ Transição (1894-1898): corresponde ao governo de Prudente de Morais, marcado por grande instabilidade institucional diante da presença de florianistas e o possível retorno dos militares ao poder. ▪ Apogeu (1898-1914): iniciado pela "política dos governadores", arranjo político iniciado pelo presidente Campos Sales e mantido pela maioria de seus sucessores, que conferiu o pleno domínio oligárquico sobre a política nacional. ▪ Declínio (1914-1930): período marcado pelo enfraquecimento da ordem oligárquica, encerrado pela Revolução de 1930. 4.1. Governo Prudente de Morais (1894-1898) Os anos do governo Prudente de Morais devem ser encarados como um momento de transição, tendo em vista a grande instabilidade constitucional vivenciada pelos últimos conflitos entre cafeicultores liberais e florianistas jacobinos. O período foi marcado pelos seguintes pontos: ▪ Pacificação da Revolução Federalista (1895), a partir da concessão de anistia aos maragatos; ▪ Reatamento de relações diplomáticas com Portugal, rompidas por Floriano Peixoto diante do suposto apoio dado pelo país aos rebeldes da Segunda Revolta da Armada. ▪ Tomada de posse da Ilha de Trindade, que alguns anos antes havia sido tomada pela Inglaterra. ▪ Resolução dos conflitos de fronteira com a Argentina, a partir da mediação do presidente Cleveland, dos Estados Unidos. ▪ Condução da Guerra de Canudos (1896-1897), conflito travado entre sertanejos pobres da Bahia e as tropas ligadas ao governo central. ▪ Decretação de estado de sítio pelo presidente, o que serviu para derrotar os últimos inimigos da hegemonia dos cafeicultores sobre a política nacional. Guerra de Canudos (1896-1897) Ao final do século XIX, o interior do Nordeste era marcado pela concentração de terras nas mãos de poucos proprietários, pela existência de fortes secas que assolavam a região pelo descaso das autoridades públicas diante situação socioeconômica da população. Diante desse cenário, três alternativas se colocavam para muitos sertanejos: TRANSIÇÃO (1894-1898) APOGEU (1898-1914) DECLÍNIO (1914-1930) 15 Prof. Marco Túlio AULA 04 – BRASIL REPÚBLICA I ▪ a emigração para o litoral, em busca de melhores condições de vida; ▪ o banditismo social, expresso sob a forma do cangaço; ▪ o misticismo religioso, por meio do qual buscava conforto espiritual. Um exemplo de misticismo religioso foram as pregações de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro. Trata-se de um líder messiânico, ou seja, uma figura carismática e de discurso religioso, capaz de atrair multidões de seguidores. Segundo ele, Deus o havia enviado para amenizar as penúrias sofridas pelos sertanejos pobres, garantindo-lhes a salvação. Após perambular por anos, Conselheiro se estabeleceu com os seus seguidores na antiga fazenda de Canudos, às margens do rio Vaza-Barris, no sertão da Bahia. Ali, fundaram o arraial de Belo Monte, cujo sistema comunitário (repartição da produção) atraiu milhares de pessoas. Aos poucos, Canudos se tornou uma alternativa à miséria social e à exploração exercida pelos grandes proprietários (coronéis), o que incomodou os poderosos locais. Além disso, Conselheiro se tornou um forte crítico do casamento civil e de outras realizações da República, consideradas estranhas às tradições morais do país. Não demorou muito para que Canudos ganhasse a fama de ser um reduto de monarquistas. Figura 8 - Representação do arraial de Belo Monte, erguido na antiga fazenda de Canudos, sertão da Bahia. OBSERVAÇÃO: Beatos como Antônio Conselheiro, ou seja, homens que realizavam pregações e eram vistos como santos pelo povo, sem necessariamente fazerem parte dos quadros da Igreja, foram frequentes no interior do Brasil ao longo da História. Outros exemplos de beatos foram o monge José Maria, da Guerra do Contestado, e o padre Cícero, da Revolta de Juazeiro – ambos movimentos messiânicos dos quais falaremos mais adiante. Diante da pressão dos coronéis locais, as autoridades locais e federais organizaram quatro expedições militares para reprimir o movimento de Canudos, a maioria delas vencidas pelos sertanejos. Vejamos: ▪ Primeira expedição (novembro de 1896): organizada pelo governo da Bahia, foi derrotada pelos rebeldes de Canudos. A partir daí, o governo federal se envolveu no conflito.
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