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Gerativismo e Conexionismo

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Gerativismo e Conexionismo
 O gerativismo e o conexionismo são correntes bem distintas, mas, que igualmente tentam explicar como funciona a linguagem humana. O gerativismo, criado pelo linguista Noam Chomsky em 1957, defende a existência de uma gramática universal (GU), com um número limitado de regras gramaticais que possibilitariam transformar uma sentença em outra criando assim, sentenças infinitas (KENNEDY, 2008). Além disso, segundo Bezerra e Souza (2013) e Finger e Quadros (2007), Chomsky acreditava que a linguagem é o produto de um mecanismo inato e independente, pertencente apenas ao ser humano. Ou seja, para os adeptos de tal teoria, já nascemos com a capacidade de nos comunicarmos, pois há um órgão cerebral responsável pela comunicação. 
 Como a teoria surgiu em oposição ao Behaviorismo com a publicação do livro Estruturas Sintáticas de Noam Chomsky, é importante comentar que Chomsky não nega a influência externa, mas afirma que a linguagem é uma capacidade biológica e não comportamental. Corroborando com esse pensamento Oliveira e Pereira (2019), apontam o “fato de toda criança, independente do lugar no mundo em que viva, começar a desenvolver sua capacidade de falar mais ou menos na mesma idade, por volta de um a dois anos de idade, bastando para isso que haja algum contato social com a criança, o qual vai definir o idioma que está vai adquirir”. 
 Já o conexionismo, é definido por Ferreira Júnior (2005) como “um sistema estruturado em níveis, o grau dessa estruturação está diretamente relacionado aos padrões probabilísticos de conectividade/interação observados nos vários níveis de organização sistêmica”. Assim sendo, as conexões linguísticas se diferem a partir da interatividade e observação do indivíduo. Ellis (2003) delibera que os conexionistas não aceitam o inatismo da linguagem e representam o processamento da informação de forma mental. Finger e Quadros (2007) falam sobre o modelo cognitivo, através do qual também representa processos mentais. As autoras dissertam ainda que “se caracteriza por apresentar modelos de aprendizagem em analogia à configuração de redes de neurônios interconectadas no córtex cerebral”. Vê-se então, que a aprendizagem e aquisição de línguas para os conexionistas se dá por meio de processos cognitivos, diferenciados em cada ser humano, mas que envolvem associações mentais. 
 Embora haja autores que rejeitam o inatismo dentro do conexionismo (Ellis, 2003), encontram-se adeptos da aprendizagem estatística, como afirmado por Zimmer (2004) que não se dizem nem a favor nem contra. Visto isso, pode-se dizer que o inatismo não é característica exclusiva do gerativismo, mas, é capaz de se associar ao conexionismo também. Ambas teorias tem seu valor e é incrível analisar como tais pesquisadores chegaram às conclusões estabelecidas. Ainda há muito espaço para estudo e novos trabalhos na área linguística. Fora as aplicações dos conceitos comentados, como citado por Magro (2007) com o conexionismo, há a possibilidade de trabalhar em cima da ontogênese, embriogênese entre outros fenômenos. Com o gerativismo, é viável discutir mais sobre as estruturas sintáticas da língua e buscar outras formas de descrever o funcionamento da linguagem nos seres humanos. 
Referências
BEZERRA, Gitanna Brito; SOUZA, Luciene Barbosa de. A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CHOMSKY E POR TOMASELLO. DLCV - João Pessoa, v.10, n.1 e 2, jan/dez 2013, 19-32 
KENEDY, E. Gerativismo. In: Mário Eduardo Toscano Martelotta. (Org.). In.: Manual de lingüística. São Paulo: Contexto, 2008, v. 1, p. 127-140. 
MAGRO, Cristina.Dificuldades e Perspectivas. VEREDAS ON LINE – ATEMÁTICA – 1/2007, P. 06-16 – PPG LINGÜÍSTICA/UFJF – JUIZ DE FORA - ISSN 1982-2243 
OLIVEIRA, Maria Vanessa Soares de; PEREIRA, Jocimario Alves. TEORIA GERATIVA E A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM. Anais VI CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2019. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/62716>. Acesso em: 24/11/2021 16:34
ELLIS, N. C. Constructions, Chunking, and Connectionism: The Emergence of Second Language Structure. In: DOUGHTY, C.; LONG, M. (Eds.). The Handbook of Second Language Acquisition. Oxford, UK: Blackwell, 2003. p. 63-103.
FERREIRA JUNIOR, Fernando G.. Dos grupos de discussão às redes neurais: reflexões sobre o desenvolvimento de um léxico mental. Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, v. 5, n. 2, 2005
QUADROS, Ronice Müller de; FINGER, Ingrid. Teorias de Aquisição da Linguagem. Florianópolis: Editora da USFC, 2007. p. 8 24.
ZIMMER, M.C. A transferência do conhecimento fonético-fonológico do PB (L1) para o inglês (L2) na recodificação leitora: uma abordagem conexionista. 2004. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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