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60 Unidade II Unidade II 5 SEGURANÇA COM RADIOISÓTOPOS Os átomos são constituídos de prótons, nêutrons e elétrons. O número atômico de determinado elemento, representado pela letra Z, corresponde ao número de prótons existentes no núcleo dos átomos. Um elemento químico é caracterizado por seu número atômico. No entanto, seu número de nêutrons pode variar, o que caracteriza a chamada isotopia, ou seja, conjunto de átomos com o mesmo número atômico (Z) e correspondendo ao mesmo elemento químico, mas com diferente número de massa (A). O número de massa corresponde à soma de prótons e nêutrons. São conhecidos mais de 3 mil isótopos instáveis na natureza, dos quais, pouco mais de 80 são de ocorrência natural, sendo o restante produzido artificialmente. Considera-se isótopo radioativo, radioisótopo ou radionuclídeo aquele que é instável, ou seja, pode passar por um processo chamado decaimento radioativo ou desintegração radioativa. Os radioisótopos, devido à propriedade de emitirem radiações, possibilitam múltiplas aplicações, tendo em vista que as radiações podem atravessar a matéria ou serem absorvidas por ela. Mesmo em quantidades cuja massa não pode ser determinada pelos métodos químicos, a radiação por eles emitida pode ser detectada. Pela absorção da energia das radiações, células ou pequenos organismos podem ser destruídos. A propriedade de penetração das radiações possibilita identificar a presença de um radioisótopo em determinado local. Técnicas como tomografia computadorizada, ultrassom e ressonância magnética destacam aspectos morfológicos e anatômicos, embora seja impossível observar, por esses métodos, muitos processos metabólicos e transformações que as substâncias químicas sofrem no interior do organismo, informação importante para o diagnóstico e tratamento corretos de muitas doenças, como o câncer. A medicina nuclear possibilita a observação desses processos. Vale ressaltar que a quantidade de radiação que o paciente recebe em um exame de medicina nuclear é inferior àquela recebida em uma radiografia ou tomografia computadorizada que visualize as mesmas estruturas. As importantes aplicações das radiações ionizantes na medicina podem salvar vidas através de radiodiagnóstico e radioterapia. Como essas radiações também produzem danos biológicos, seu uso deve ser feito de forma criteriosa, a partir de avaliação de riscos e benefícios. 5.1 Radioisótopos mais utilizados na medicina (CARDOSO, s.d.) Apesar de existirem milhares de isótopos radioativos, nem todos podem ser aproveitados pela medicina. Sua utilização em procedimentos de medicina nuclear envolve requisitos, conforme determinação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 61 BIOSSEGURANÇA A medicina nuclear é a área da medicina em que são utilizados os radioisótopos, com o objetivo de realizar diagnósticos ou como parte de terapias. Radioisótopos administrados a pacientes passam a emitir suas radiações do lugar (no caso, órgão) onde têm preferência em ficar. Um exemplo prático bem conhecido é o uso do iodo-131 (I-131), que emite partículas beta e radiação gama, com meia-vida de oito dias. O elemento iodo, radioativo ou não, é absorvido pelo organismo humano preferencialmente pela glândula tireoide, onde se concentra. O funcionamento da tireoide influi muito no comportamento das pessoas e tem relação direta com a absorção do iodo pela tireoide. É muito importante ressaltar que o fato de ser radioativo não implica qualquer influência no comportamento de um elemento químico em relação aos demais elementos. Para possibilitar a execução de diagnósticos de alterações na função da tireoide, o paciente ingere uma solução de iodo-131, que será absorvido pela glândula. Com a utilização de um detector, passado pela frente do pescoço do paciente, pode-se observar se o iodo foi muito ou pouco absorvido em relação ao normal (padrão) e como é sua distribuição na glândula. Os radiofármacos utilizados em medicina no Brasil são, em grande parte, produzidos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), da CNEN, em São Paulo. Esses produtos são distribuídos semanalmente pelo Ipen para os locais que os utilizam. O ideal é que tenham meia-vida curta, sejam eliminados rapidamente pelo organismo, absorvidos em maior quantidade por um órgão específico e liberem baixa quantidade de radiação. É o caso do iodo-131, utilizado tanto na avaliação da tireoide quanto no combate a lesões nessa glândula. O tecnécio-99 é bastante usado em cintilografia e diagnóstico de infarto do miocárdio e em outras cintilografias, como renal, cerebral, hepato-biliar, pulmonar e óssea. Pacientes com metástase óssea têm a dor reduzida a partir da injeção de doses de samário-153, como tratamento paliativo para a dor. O cobalto-60 e césio-137 são aplicados na radioterapia, enquanto o sódio-24 trata lesões vasculares. A radioterapia teve origem na aplicação do elemento rádio pelo casal Curie, para destruir células de câncer. A partir daí, outros radioisótopos com maior rendimento foram utilizados. O iodo-131 também pode ser usado em terapia para eliminar lesões, identificadas em diagnósticos da glândula tireoide, aplicando-se, no caso, dose superior àquelas usuais para diagnósticos. O iodo radioativo apresenta as características ideais para aplicação na medicina. Apresenta meia-vida curta; é absorvido preferencialmente por um órgão, no caso, a tireoide; é eliminado rapidamente do organismo e a energia da radiação gama é baixa. Fontes radiativas de césio-137 e cobalto-60 são usadas para eliminar células de tumores, mais sensíveis à radiação do que os tecidos normais. 62 Unidade II A bomba de cobalto, usada em tratamento do câncer, é um dos equipamentos de radioterapia mais conhecidos. Trata-se de uma fonte radiativa de cobalto-60 (Co-60), hermeticamente fechada e blindada, de forma a impedir a passagem de radiação. Anteriormente eram utilizadas fontes de césio-137, que foram substituídas pelas de cobalto-60, com maior rendimento terapêutico. Lembrete As aplicações das radiações ionizantes na medicina podem salvar vidas através de radiodiagnóstico e radioterapia. As radiações também produzem danos biológicos e seu uso deve ser feito de forma criteriosa, a partir de avaliação criteriosa, considerando riscos e benefícios. As fontes radioativas, conforme citado, devem ser hermeticamente fechadas e blindadas para impedir vazamentos. Em setembro de 1987, aconteceu o maior acidente radiológico do Brasil, na capital do estado de Goiás, Goiânia. A fonte responsável pelo desastre foi um equipamento utilizado para tratamentos de radioterapia que foi abandonado em uma clínica desativada. O equipamento contendo o césio-137 foi encontrado por catadores de lixo e levado para um ferro-velho com a intenção de vender as partes que continham aço e chumbo. Ao desmontar o equipamento, um dos catadores encontrou uma cápsula contendo um pó de cor branca que no escuro apresentava brilho azul forte. Sem nenhuma noção do perigo, ele mostrou o material para a família, amigos e vizinhos, desencadeando a contaminação que levou a centenas de vítimas diretas e indiretas por causa da radioatividade do cloreto de césio. Os sintomas de intoxicação se iniciaram poucas horas após o contato com o césio-137, levando pessoas com tontura, diarreia e vômito aos hospitais. Inicialmente os médicos acharam que se tratasse de uma doença infecciosa. Somente no final de setembro o acidente radioativo foi confirmado por um físico nuclear que foi ao ferro-velho e utilizou detectores, encontrando altos níveis de radiação. A CNEN foi acionada para implementar um plano de emergência. Os efeitos da radiação foram sentidos por moradores que tiveram o contato direto com o material e por médicos, enfermeiros, bombeiros e policiais que trabalharam no acidente. Dados oficiais apresentaram quatro vítimas fatais um mês após o contato com a substância, embora existam estimativas de que mais pessoas morreram em decorrênciade complicações. As principais causas relatadas foram hemorragia e infecção generalizada. Cerca de 112.800 pessoas foram monitoradas e agrupadas de acordo com a exposição e sintomas apresentados. O lixo nuclear recolhido foi armazenado em contêineres, concretados e enterrados na cidade de Abadia de Goiás, próxima a Goiânia. A atividade dos rejeitos radioativos é monitorada pelo Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste. A figura seguinte apresenta imagens do acidente. 63 BIOSSEGURANÇA Figura 15 – Imagens do acidente radioativo ocorrido em Goiânia, GO, em 1987 Disponível em: http://tiny.cc/pemnuz. Acesso em: 17 jan. 2022. Saiba mais Para mais informações sobre o acidente em Goiânia, acesse os links: PAPPON, T. Como césio-137 em Goiânia pôs Brasil no mapa de piores acidentes radioativos do mundo. BBC News, 14 out. 2018. Disponível em: https://bbc.in/3Kms3oz. Acesso em: 11 jan. 2022. BATISTA, C. Acidente com césio-137 em Goiânia. TodaMatéria, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3H8aSp7. Acesso em: 11 jan. 2022. 5.2 Efeitos biológicos das radiações ionizantes O efeito das radiações ionizantes em um indivíduo é dependente de vários fatores: dose absorvida; taxa de exposição, crônica ou aguda; e da forma da exposição, se foi no corpo inteiro ou localizada. Qualquer dose absorvida, inclusive das doses provenientes de radiação natural, apresenta potencial para induzir alterações celulares e câncer ou matar células. As questões que devem ser consideradas referem-se às probabilidades de danos e de mutações precursoras de câncer, além do número de células mortas. Quanto maiores forem as doses aplicadas e absorvidas, maiores as probabilidades de dano, de mutações precursoras de câncer e de morte celular. 64 Unidade II Danos podem ser reparados, mas mutações podem tanto representar falhas nos mecanismos de reparo como nos mecanismos de eliminação de células, inviabilizados pelo dano. A morte celular, resultante de quebras na molécula de DNA, da mesma forma que a eliminação de células mutantes, pode ocorrer em razão de um mecanismo de eliminação de produtos inviabilizados pela presença de danos. Assim, as questões principais a serem consideradas envolvem o número de células destruídas, o momento ou estágio de vida em que a morte celular ocorre e o gênero do indivíduo irradiado. Independentemente do caso, o desenvolvimento de sintomatologia clínica reflete a morte de uma quantidade significativa de células, com comprometimento de órgão e tecidos. 5.3 Eliminação de rejeitos Rejeito radioativo é qualquer material resultante de atividades humanas que contenha radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção de acordo com Norma da CNEN e para o qual a reutilização é imprópria ou ainda não prevista – Resolução CNEN 014/89 (CNEN, 1990). A quantidade e as características desses rejeitos variam em função da quantidade de pacientes atendidos, do tipo de procedimento realizado e do radioisótopo utilizado. A gestão desses rejeitos abrange todas as atividades técnicas e administrativas envolvidas no manuseio dos rejeitos desde a sua geração até seu destino. Deve ser considerada e planejada desde o momento da implementação do serviço de medicina nuclear. O objetivo principal da gestão de rejeitos radioativos é garantir a proteção do homem e a preservação do meio ambiente. A Norma CNEN NE 6.05 trata da gerência de rejeitos radioativos em instalações radiativas. Apesar de representar um marco na gestão dos rejeitos radioativos e nortear projetos de sistemas de gestão dessas instalações, aborda os tópicos de forma generalizada, sem considerar aspectos particulares das diferentes instalações, como é o caso dos serviços de medicina nuclear (BARBOZA, 2009). Já a Norma CNEN NE 6.06 trata da seleção e escolha de locais para depósitos de rejeitos radioativos. Tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos aplicáveis ao processo de seleção e escolha de locais para depósitos desses rejeitos, buscando o confinamento seguro desses materiais pelo tempo que se fizer necessário à proteção e segurança do homem e do meio ambiente (CNEN, 1990). É muito importante ressaltar que o recebimento e armazenamento de rejeitos radioativos constitui atividade de responsabilidade legal e exclusiva da CNEN em atendimento às instalações geradoras desses rejeitos radioativos para destinação apropriada. Eles são recolhidos e armazenados em depósitos existentes nos institutos da CNEN localizados em locais específicos no país. 6 BIOTERISMO A pesquisa científica, o ensino e as atividades relacionadas ao desenvolvimento tecnológico, bem como à produção e ao controle da qualidade de vacinas e medicamentos, utilizam-se de animais de laboratório. Essa atividade com objetivos científicos é necessária, uma vez que ainda não existem sistemas alternativos disponíveis que permitam a substituição completa dos animais (BORBA et al., 2009). 65 BIOSSEGURANÇA É fundamental ter consciência de que o animal, como ser vivo, possui hábitos de vida próprios da sua espécie, apresenta memória, preserva o instinto de sobrevivência e é sensível à angústia e à dor, razões que preconizam posturas éticas tanto na criação quanto na pesquisa. Na maioria dos países, a produção e padronização dos animais de laboratório mais utilizados em pesquisa encontram-se em pleno aperfeiçoamento. As técnicas atuais de engenharia genética e de biologia molecular abriram muitos caminhos para a criação e produção desses animais. Tudo converge para a aquisição de modelos genéticos, ecológica e sanitariamente definidos, solicitados para a realização dos trabalhos dos pesquisadores. A área dos transplantes de órgãos e tecidos é cada dia mais impulsionada, bem como a de produção de derivados biológicos para uso em humanos com base na obtenção de animais transgênicos. O controle das doenças hereditárias também se desenvolve à proporção que os dias passam. O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal na Resolução Normativa n. 12, de 20 de setembro de 2013, baixa a Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais para Fins Científicos e Didáticos (DBCA). A finalidade dessa diretriz é apresentar princípios de condutas que permitam garantir o cuidado e o manejo éticos de animais utilizados para fins científicos ou didáticos. Os princípios estabelecidos nessa diretriz orientam pesquisadores, professores, estudantes, técnicos, instituições, Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUAs) e todos os envolvidos no cuidado e manejo de animais para fins científicos ou didáticos. São responsabilidades de todos que utilizam animais: • Garantir que a utilização de animais seja justificada, levando em consideração os benefícios científicos ou educacionais e os potenciais efeitos sobre o bem-estar dos animais. • Garantir que o bem-estar dos animais seja sempre considerado. • Promover o desenvolvimento e o uso de técnicas que substituam a utilização de animais em atividades científicas ou didáticas. • Minimizar o número de animais utilizados em projetos ou protocolos. • Refinar métodos e procedimentos a fim de evitar a dor ou distresse (sentimentos de aflição, angústia e sofrimento) de animais utilizados em atividades científicas ou didáticas. Essa diretriz, assim como a legislação brasileira, estabelece a responsabilidade primária das CEUAs em determinar se a utilização de animais é justificada e garante a adesão aos princípios de substituição (replacement), redução (reduction) e refinamento (refinement). Vale ressaltar que, sempre que possível, as pesquisas com animais devem ser substituídas por ensaios in vitro e outros. 66 Unidade II Para que o manejo de animais de laboratório seja conduzido de maneira adequada, é necessária a interação de fatores físicos, químicos e biológicos, além do profissionalismo e da responsabilidade do bioterista. Biotérios são instalações capazes de produzir e manter espécies animais destinadas a diversos tipos deensaios controlados com o objetivo de atender às necessidades dos programas de pesquisa, ensino, produção e controle de qualidade nas áreas biomédicas, farmacológicas e biotecnológicas. Os biotérios podem ser classificados em dois tipos básicos: criação e experimentação. Os de criação são destinados à reprodução e/ou manutenção das diferentes espécies e linhagens de animais, com foco na manutenção dos padrões genéticos e sanitários das colônias. Já os biotérios de experimentação são para o desenvolvimento de experimentos e testes com animais selecionados para aquele fim. Vale ressaltar que os cuidados éticos são fundamentais em qualquer situação (BORBA et al., 2009). 6.1 Necessidades básicas de um biotério Os biotérios são planejados de forma a atender às diretrizes de biossegurança e garantir as condições adequadas de trabalho com animais, suas secreções e seus tecidos, além de considerar a transmissão de zoonoses, bem como os riscos inerentes aos agentes potencialmente perigosos (BORBA et al., 2009). Seu planejamento e construção devem obedecer a rígidos critérios de biossegurança, com atenção também à sua organização funcional e espacial, permitindo a criação ou a experimentação animal, sempre dentro dos padrões preconizados de higiene, assepsia e segurança (REIS; FRANCO, 2012). As instalações devem ser específicas para esse fim, sendo projetadas de forma a atender às recomendações para a criação e/ou manutenção de animais, bem como às necessidades particulares de cada instituição. Instalações adequadas para criar ou manter animais de laboratório garantem que suas necessidades básicas serão totalmente atendidas, para que possam sobreviver e tenham assegurado seu desenvolvimento fisiológico. Os ambientes devem possuir temperatura, umidade, ventilação e pressão conforme as exigências de cada espécie a ser criada ou mantida, e de acordo com a finalidade do biotério. Como regra geral, recomenda-se a seguinte distribuição de áreas: 46% para sala de animais e quarentena; 14% para circulação (corredores); 14% para depósitos (alimentos, materiais e insumos); 11% para higienização e esterilização; 8% para laboratório; 7% para administração (COUTO, 2002). A estrutura física deve possuir três elementos básicos: salas de animais, corredor de distribuição e corredor de recolhimento. As salas de animais devem estar compreendidas entre os dois corredores. O fluxo de acesso e retorno das salas de animais, efetuado por corredores independentes, permite diferenciar duas áreas distintas, segundo Couto (2002): • Área destinada ao preparo do material a ser enviado para as salas de animais, incluindo o corredor de distribuição, denominada área de preparo/corredor de acesso ou de distribuição de materiais, ou “área limpa”. 67 BIOSSEGURANÇA • O corredor de retorno das salas e a área destinada à higienização e esterilização de materiais provenientes das salas, denominada área de limpeza/corredor de retorno e/ou de recolhimento, ou “área suja”. O fluxo de pessoal e de materiais deve ser feito no sentido unidirecional (“área limpa” para “área suja”). É importante também ressaltar que o fluxo de animais entre as salas de criação e de experimentação é unidirecional. Se o animal é retirado da sala de criação e vai para a de experimentação, ele não pode retornar de forma alguma. As instalações são fisicamente separadas de outras construções e planejadas visando a correta higienização e desinfecção, bem como para facilitar a manutenção predial e de seus equipamentos. Assim, os fluxos de processos e pessoal devem ser delineados para que não ocorra o cruzamento entre a entrada e saída desses elementos, evitando a contaminação (BORBA et al., 2009). Na necessidade de aumentar a área destinada aos animais, preconiza-se, mesmo em biotérios de alto padrão sanitário, que possam operar com um corredor tanto para acesso e/ou distribuição quanto para retorno e/ou recolhimento. Nesse caso, todo o material a ser enviado para as salas de animais passa por autoclave de dupla porta, enquanto o material de retorno das salas sairia, também, pela autoclave. Vale salientar a importância da existência de um acesso independente para os bioteristas que trabalham na área de criação, uma área para materiais e insumos processados e uma área de higienização e desinfecção/ esterilização com acesso próprio, bem como um depósito de materiais e insumos não processados. Dada a especificidade do trabalho, torna-se necessária a utilização de equipamentos especiais para a obtenção dos resultados desejados (máquinas de lavar gaiolas, autoclaves etc.). O modelo animal a ser criado deve estar de acordo com as pesquisas e os testes a serem realizados. O pesquisador trabalha com modelos animais que diferem do homem, embora possam ser comparados com o homem, considerando-se, principalmente, uma semelhança geral sob o aspecto de caracteres anatômicos e fisiológicos. Os animais criados para esse fim deverão possuir as seguintes características: fácil manejo; prolificidade; docilidade; pequeno porte; baixo consumo alimentar; fisiologia conhecida e ciclo reprodutivo curto. Para o cuidado no biotério, devem ser adotadas rotinas diárias para poder cumprir um programa de produção, de controle ou de pesquisa. Os procedimentos operacionais dos equipamentos devem ser rigorosamente observados para sua melhor utilização e para a segurança do operador. As atividades desenvolvidas em um biotério exigem pessoal qualificado para que sejam obtidos bons resultados. Além de pessoal capacitado, bem treinado e que goste de animais, o bioterista deve apresentar alguns requisitos conforme acentuado a seguir, de acordo com Andrade (2002): • A saúde deve ser controlada, periodicamente, para assim evitar a transmissão de doenças aos animais. A periodicidade desse controle depende do tipo de biotério e das condições particulares de cada instituição. 68 Unidade II • Para que possa cumprir com acerto todas as tarefas e determinações, deve possuir autocontrole e disciplina, além de ser tranquilo nas ações, a fim de evitar o estresse dos animais. • Para desenvolver seu trabalho sem causar nenhum prejuízo aos animais, o bioterista deve ter responsabilidade suficiente para não deixar, sob hipótese nenhuma, de executar suas tarefas, principalmente, quando se trata de alimentação dos animais; respeito para com o animal, como um ser vivo, que sente dor, fome, sede e medo, para que possa ter assegurada a sua sobrevivência. • Deve ter o máximo de cuidado com o material de trabalho, a fim de se preservá-lo e tê-lo sempre à disposição. É importante ressaltar que todos os materiais que entram em contato com os animais mantidos em isoladores, como maravalha, ração e água, são sempre esterilizados com utilização de autoclaves específicas para esse fim. Abaixo são apresentadas imagens de equipamentos e manuseio de animais em laboratório. Figura 16 – Manipulação de camundongo em pesquisa Disponível em: http://tiny.cc/remnuz. Acesso em: 17 jan. 2022. Figura 17 – Manipulação de caixa de roedores Disponível em: http://tiny.cc/temnuz. Acesso em: 17 jan. 2022. 69 BIOSSEGURANÇA Figura 18 – Sistema de isoladores para manutenção de animais de laboratório Disponível em: https://bit.ly/3FGORfm. Acesso em: 17 jan. 2022. Figura 19 – Estantes isoladoras para camundongos Disponível em: https://bit.ly/3qNITVK. Acesso em: 17 jan. 2022. 70 Unidade II A) B) Figura 20 – Mini-isolador e bebedouros Disponível em: A) https://bit.ly/3qNlVhn; B) https://bit.ly/3qPUunt. Acesso em: 17 jan. 2022. 6.2 Biossegurança em biotérios de experimentação As doenças podem ser transmitidas do homem para os animais e vice-versa, como ocorre no caso das zoonoses. Essa transmissão pode ser evitada por monitoramento cuidadoso da saúde dos animais e dos técnicos. Andrade (2002), falando de biossegurança em biotérios, faz as seguintes colocações: • A higiene pessoal constitui importante barreira contra infecções. • O hábito delavar as mãos antes e após manipular qualquer animal reduz o risco de disseminar doenças, bem como o de autoinfecção. Para facilitar esses procedimentos, cada sala de animal deveria ser provida de uma pia, sabão e toalha de papel. • Fumar, comer ou beber não deve ser permitido em qualquer sala de animal ou em outra área em que existam microrganismos patogênicos ou que tenham sido manipulados recentemente. 71 BIOSSEGURANÇA • Pessoas com ferimentos abertos não devem trabalhar onde haja a possibilidade de ter contato com microrganismos patogênicos, a não ser que os ferimentos possam ser protegidos. • As roupas de laboratório usadas em áreas de risco devem ser autoclavadas antes de serem lavadas. • Sapatos descartáveis ou protetores de sapatos devem ser usados como barreira em áreas de alto risco e se houver necessidade de manipular material contaminado, deve-se usar luvas de borracha. • Animais experimentalmente infectados com patógenos devem ser mantidos em gaiolas protegidas no fundo e dos lados, em vez de gaiolas de arame ou tela. Essas gaiolas devem ser manuseadas adequadamente e os técnicos devem usar luvas protetoras, até mesmo quando fornecem alimentos a esses animais. • Se agentes altamente infecciosos ou nocivos são manipulados, o animal deve ser isolado em unidade de fluxo laminar ou mesmo em isoladores, nos quais o ar que entra e sai é convenientemente filtrado, por meio de filtros absolutos (filtro Hepa). Animais são reservatórios naturais de várias zoonoses, constituindo risco biológico importante nos biotérios. Podem abrigar ou serem susceptíveis a agentes infecciosos e levar doenças ao ser humano. Também apresentam potencial alergênico para quem os manipulam. Dependendo da sensibilidade do indivíduo, podem desencadear reações de hipersensibilidade, tanto de baixa gravidade quanto até doença respiratória grave (MAJEROWICZ, 2013). Infecções associadas à experimentação animal ocorrem em decorrência de diversos fatores associados às atividades desenvolvidas. Se os animais forem utilizados para o estudo de doenças que envolvam agentes infecciosos, tanto o agente quanto o reservatório estão presentes. Em outras situações, a presença do agente será dependente de infecções ou do estado de saúde ou doença do animal. É de extrema importância a utilização de animais com padrão sanitário certificado, o que reduz o potencial de veicularem ou serem portadores de agentes infecciosos. Além disso, pode ser necessário um período de quarentena previamente definido, antes de sua utilização em pesquisa ou testes, buscando prevenir infecções para técnicos e animais. Vale ressaltar que a susceptibilidade do técnico depende de seu estado imunológico. Existem três outros fatores que podem estar ligados ao desenvolvimento de doenças por trabalho em biotérios, conforme apresentado em seguida: se houver escape do agente da área de experimentação; se o agente for transmitido para o técnico ou se o agente invadir o local de trabalho. Práticas de biossegurança e outros métodos para o controle dos riscos biológicos conhecidos devem ser utilizados. O total conhecimento dos fatores apresentados anteriormente e, em especial, do agente manipulado, possibilita a seleção apropriada das medidas de biossegurança. 72 Unidade II Saiba mais Para saber sobre tipos de biotérios, modelos animais e tipos de atividades, consulte os biotérios de universidades como a Unicamp e USP, entre outras instituições: CEMIB. Cemib – institucional. Unicamp, [s.d.]. Disponível em: https://tinyurl.com/2p8hrvc3. Acesso em: 18 jan. 2022. DTAPEPI. Serviço de apoio à pesquisa pré-clínica. FMUSP, 2009. Disponível em: https://tinyurl.com/mvdcpdtu. Acesso em: 18 jan. 2022. FIOCRUZ. Biossegurança em biotérios. Portal EPSJV, 17 out. 2018. Disponível em: https://tinyurl.com/ymttvt5k. Acesso em: 18 jan. 2022. 7 LEVANTAMENTO DE RISCOS NO AMBIENTE DE TRABALHO São considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e do tempo de exposição a eles, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador (BRASIL, 2020b). Em laboratórios, os riscos físicos, químicos e biológicos representam considerável ameaça à saúde dos trabalhadores, tendo em vista sua predisposição à ocorrência de acidentes de trabalho, com afastamento temporário ou definitivo do profissional da atividade (VIEIRA; PADILHA, 2008). A avaliação de riscos no local de trabalho constitui o processo sistemático de coleta de informações para avaliação da probabilidade e consequências da exposição ou liberação de perigos, determinando-se, também, medidas de controle para reduzir o risco a níveis aceitáveis. Já na análise de riscos, verifica-se a probabilidade de exposição a um perigo, bem como a gravidade em potencial do dano, em circunstâncias predeterminadas, como para um procedimento laboratorial específico. Busca determinar se o risco avaliado é aceitável ou se outras medidas de controle de risco devem ser implementadas para prevenir ou reduzir os riscos. Para efetuar a avaliação dos riscos ambientais, é importante conhecer os tipos de risco a serem avaliados, bem como aqueles a serem quantificados de forma numérica, com atribuição de um valor de concentração ou exposição do funcionário ao agente. Os riscos também podem ser avaliados de maneira subjetiva, quando a presença do risco é caracterizada sem efetuar medições que comprovem sua existência no ambiente de trabalho. 73 BIOSSEGURANÇA É fundamental que sejam disponibilizados ao trabalhador no laboratório os procedimentos de segurança para cada tipo de análise a ser realizada, as características dos produtos a serem manipulados, instruções para a utilização dos equipamentos, bem como os equipamentos de proteção individual necessários ao exercício da profissão. Vale ressaltar que o colaborador precisa conhecer os tipos de riscos a que pode estar exposto no exercício da atividade. Relembrando o que foi dito anteriormente, os riscos são classificados em cinco grupos: • Riscos físicos: aqueles provocados por algum tipo de energia (calor, frio, ruídos, vibrações, radiações etc.), relacionados com os equipamentos ou o ambiente. • Riscos químicos: os relacionados com a manipulação de substâncias químicas, com características tóxicas, cancerígenas, voláteis, corrosivas, combustíveis etc. • Riscos ergonômicos: relacionados com postura inadequada, movimentos repetitivos, transporte manual e levantamento de peso etc. • Riscos biológicos: aqueles relacionados à exposição aos agentes patogênicos ou microrganismos. Podem ser veiculados sob diversas formas, como aerossóis, poeira, alimentos, instrumentos de laboratório, água, efluente, solo etc. • Risco de acidentes: causados pelo uso de máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio/explosão, armazenamento inadequado, iluminação, queda, cortes etc. O ambiente de trabalho também deve ser avaliado com utilização de metodologias descritas nas normas de higiene ocupacional (NHOs), com descrição detalhada de cada agente causador de risco. As técnicas apresentadas nas normas devem ser seguidas na íntegra para que a coleta realizada seja considerada válida. Então, as avaliações de riscos podem ser qualitativas e quantitativas, conforme apresentado em seguida. 7.1 Avaliação qualitativa Possibilita a identificação do risco que pode estar presente no ambiente, sem que a ele seja atribuído um valor para provar que ele realmente está no local de trabalho. É uma etapa anterior à avaliação quantitativa, quando ocorre a verificação, sem medições, do que pode ser considerado risco químico, físico ou biológico. Essas avaliações são feitas para identificar todos os riscos no ambiente de trabalho, possibilitando, em etapas posteriores, efetuar as avaliações quantitativas dos riscos identificados. 74 Unidade II 7.2 Avaliação quantitativa Consiste na utilização de instrumentode avaliação em que são atribuídos valores de concentração ou exposição ao agente em questão. Os tipos de riscos que podem ser monitorados por meio de medições realizadas por instrumentos de avaliação ambiental são os riscos físicos e químicos. Vale ressaltar que nem todos os riscos físicos podem ser monitorados. São avaliações importantes para fins de laudos técnicos, periciais, caracterização de insalubridade e identificação da concentração ou exposição do trabalhador ao risco. Assim, é possível implementar uma medida de controle com o objetivo de proteger a integridade física e a saúde dos trabalhadores. 7.3 Limites de tolerância Os agentes classificados como quantitativos são aqueles que têm um parâmetro comparativo, apresentando valores de referência que as normas regulamentadoras brasileiras (NRs) ou as demais normas técnicas nacionais e internacionais definem como limite. Quando o limite para determinada exposição deixa de ser seguro aos trabalhadores, ele passa a ser chamado de limite de tolerância (LT). Os limites de tolerância definem as concentrações ou a intensidade de determinados agentes de risco nos ambientes ocupacionais. Acredita-se que a maioria dos trabalhadores pode executar suas atividades exposta aos agentes de risco sem que a sua saúde seja comprometida. A NR-15, publicada em 1978, trata de atividades e operações insalubres no ambiente de trabalho. Passou por várias atualizações desde sua criação. A última delas foi publicada na Portaria MTP n. 426, de 7 de outubro de 2021. Define limite de tolerância como “concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (BRASIL, 2019a). 7.4 Mapa de riscos Diversas definições podem ser adotadas para o mapa de risco. Teixeira e Valle (1996) o definem como uma representação gráfica do local de trabalho onde são registrados os riscos ambientais, suas naturezas e intensidades, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores, estando vinculados direta ou indiretamente ao processo, à organização e às condições de trabalho. Já de acordo com a Portaria n. 5, do Ministério do Trabalho e Emprego, o mapa de risco pode ser simplificado como “uma representação gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos diversos locais de trabalho” (BRASIL, 1992). O mapa de risco reproduz o leiaute do ambiente de trabalho sob análise, localizando e informando os fatores de riscos presentes através de uma legenda. O leiaute deve representar de maneira fiel o local em que a atividade é executada. 75 BIOSSEGURANÇA A apresentação do mapa de riscos tem como objetivo conscientizar os trabalhadores e visitantes dos riscos aos quais podem estar expostos ao entrarem nos locais de trabalho. Busca a participação dos trabalhadores tanto na elaboração do mapa quanto na prevenção dos riscos existentes. Deve ser atualizado sempre que ocorra alguma mudança (medidas preventivas que eliminem o risco, mudança de leiaute, mudança de atividade e outras). O modelo atual do mapa de risco foi estabelecido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e passa por atualizações desde 1994. A NR-5 determina que a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) das empresas seja a responsável por sua elaboração, com participação de todos os trabalhadores expostos aos riscos, com auxílio do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). O mapa é de leitura fácil e serve para auxiliar na conscientização dos riscos, sendo considerado eficiente para prevenção. É um documento obrigatório, auxilia no diagnóstico e alerta os colaboradores que atuam na empresa sobre os riscos aos quais estão vulneráveis. Para sua elaboração, é necessário conhecer o processo e a rotina do trabalho; trabalhadores e jornada de trabalho; instrumentos e materiais de trabalho, além do ambiente de trabalho. Os riscos devem ser identificados e separados por grupos, conhecendo sua intensidade, concentração e tempo de exposição dos trabalhadores. O mapa de riscos é elaborado sobre a planta baixa do local, indicando os riscos com círculos de cores e tamanhos diferentes. Os riscos físicos são representados pela cor verde; os químicos, pela cor vermelha; e os biológicos, pela cor marrom; e ergonômicos, pela cor amarela; e os riscos de acidente, pela cor azul. Já considerando a intensidade ou concentração, os círculos variam de tamanho, em pequeno, médio e grande. O que interessa aos trabalhadores é que sua elaboração seja um processo pedagógico em que se ampliem os espaços de elaboração da identidade desses trabalhadores e que exerçam realmente o seu papel. A figura a seguir mostra um exemplo de um mapa de risco. Ela apresenta as diversas salas, indicando os perigos associados às atividades executadas ali e o número de pessoas envolvidas nessas atividades. 76 Unidade II Risco químico (elevado)Risco químico (elevado) Risco químico (elevado)Risco químico (elevado) Risco químico (elevado) Risco químico Risco químico (elevado)(elevado) Risco químico Risco químico (elevado)(elevado) Risco ergonômico (elevado)Risco ergonômico (elevado) Risco ergonômico (elevado)Risco ergonômico (elevado) Risco ergonômico (elevado) Risco ergonômico Risco ergonômico (moderado)(moderado) Risco Risco ergonômico ergonômico (moderado)(moderado) Risco Risco ergonômico ergonômico moderadomoderado Risco Risco ergonômico (elevado)) Risco Risco ergonômico ergonômico (elevado) Risco Risco ergonômico ergonômico (leve)(leve) Risco ergonômico Risco ergonômico (elevado)(elevado) Risco Risco ergonômico ergonômico (leve)(leve) Risco biológico (elevado)Risco biológico (elevado) Risco de acidentes Risco de acidentes (elevado)(elevado) Risco físico (elevado) Risco físico (elevado) (ruídos)(ruídos) Risco Risco físico físico (leve)(leve) SanitáriosSanitários SanitáriosSanitários SanitáriosSanitários Área de lavagemÁrea de lavagem ParasitologiaParasitologia Microbiologia Microbiologia UrináliseUrinálise AdministraçãoAdministração Recebimento de amostrasRecebimento de amostras Digitação de Digitação de examesexames Agência Agência transfusionaltransfusional Sala de coletaSala de coleta DMLDML Laboratório de Laboratório de patologiapatologia EntradaEntrada Risco físico (leve)Risco físico (leve) Risco físico (leve)Risco físico (leve) Risco físico (calor)Risco físico (calor) Risco físico Risco físico (elevado) (elevado) (explosão)(explosão) Risco físico (elevado)Risco físico (elevado) Risco de acidentes Risco de acidentes (elevado)(elevado) Risco de Risco de acidentes acidentes (médio)(médio) Risco biológico (elevado) Risco biológico (elevado)Risco biológico (elevado) Risco biológico Risco biológico (elevado) Risco Risco biológico biológico (elevado)(elevado) Risco Risco biológico biológico (elevado)(elevado) Risco Risco biológico biológico (moderado)(moderado) Risco Risco biológico biológico (moderado)(moderado) Risco Risco biológico biológico (leve)(leve) Risco biológico (moderado)Risco biológico (moderado) Risco biológico (moderado)Risco biológico (moderado) Risco biológico (elevado) Figura 21 – Exemplo de um mapa de risco Fonte: Souza e Souza et al. (2013, p. 1517). Observação Existem disponíveis na internet vários modelos de mapas de risco. Trata-se da representação qualitativa dos riscos existentes nos locais de trabalho, utilizando cores e círculos em tamanhos diferentes de acordo com a planta do ambiente analisado, podendo apresentar o ambiente de forma completa ou setorizada. 7.5 Risco ocupacional – acidentes com materiais perfurocortantes A relação entre doença e trabalho já é descrita há décadas. Entretanto, a sistematização da etiologia ocupacional surgiu com o questionamento sobre a atividade profissional do paciente na anamnese médica. Durante a evolução da abordagem da relação entre saúde e trabalho, verificou-sea modificação da noção de causalidade; até mesmo a relação entre a doença e um risco foi substituída pela compreensão da multiplicidade de causas. 77 BIOSSEGURANÇA As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados representam um sério risco aos profissionais da área da saúde no seu local de trabalho. Os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos são os mais relatados. Os perfurocortantes são seringas, agulhas, escalpes, ampolas, vidros ou qualquer material pontiagudo capaz de causar perfurações ou cortes, como ocorre com agulhas de seringas. Vários estudos mostram que as agulhas causam lesões em todas as fases da sua utilização, desmontagem ou eliminação. Mas há divergências a respeito do que faz com que esses acidentes sejam tão comuns entre os profissionais de saúde. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (s.d.) elaborou recomendações para prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes, com condutas primárias para reduzir o risco de profissionais de saúde sofrerem acidentes com materiais perfurocortantes. Como primeira recomendação, reforça-se o cumprimento das normas estabelecidas pelos órgãos competentes, incluindo a utilização de equipamentos de proteção individual, medidas de manuseio e descarte apropriado dos materiais. Os profissionais devem ter conhecimento do assunto e materiais para utilização que ofereçam maior segurança durante seu manuseio e descarte. Desde a publicação dos padrões estabelecidos, uma grande variedade de dispositivos tem sido desenvolvida para reduzir os riscos com acidentes com perfurocortantes. O uso de dispositivos inovadores para agulhas ou sistemas sem agulha com ports autosselantes reduz o risco de acidentes. Vale lembrar que em qualquer etapa do procedimento de coleta poderá ocorrer algum acidente. As condições de trabalho que possam contribuir para um aumento no número de ferimentos com seringas incluem: • Redução de pessoal com profissionais assumindo funções adicionais. • Situações difíceis nos cuidados com o paciente. • Iluminação do local de trabalho reduzida. • Funcionários com menor experiência profissional, mais sujeitos a sofrer lesões com agulhas do que aqueles mais experientes. • Reencapar a agulha pode representar de 25 a 30% de todos os ferimentos com seringas, constituindo, muitas vezes, a causa mais comum. Ainda que a prevenção de exposição ao sangue seja considerada uma medida primária para prevenção da infecção ocupacional, o manuseio cuidadoso desse material é importante para a promoção da segurança do ambiente de trabalho. 78 Unidade II O laboratório deve ter um programa para reportar incidentes, injúrias, acidentes e doenças ocupacionais, bem como os perigos potenciais. A documentação do incidente deverá ser feita detalhadamente, com descrição completa do evento, a causa provável, recomendações para prevenir incidentes similares e ações para que haja adesão às normas estabelecidas pelos profissionais. 7.6 Gerenciamento de resíduos em serviços de saúde A geração de resíduos pelas diversas atividades humanas constitui grande desafio a ser enfrentado pelas administrações municipais, especialmente considerando os grandes centros urbanos. O descarte inadequado de resíduos no ambiente compromete os recursos naturais e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações. Os resíduos dos serviços de saúde (RSS) vêm assumindo grande importância nos últimos anos, originando políticas públicas e legislações tendo como eixo de orientação a sustentabilidade do meio ambiente e a preservação da saúde. Grandes investimentos são feitos em sistemas e tecnologias de tratamento desses resíduos. No Brasil, órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) têm assumido o papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes agentes no que se refere à geração e ao manejo dos resíduos de serviços de saúde com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente, garantindo a sua sustentabilidade. Os esforços no sentido da gestão correta dos RSS remontam ao início da década de 1990, buscando o correto gerenciamento desses resíduos, bem como a responsabilização do gerador. Um marco desse esforço foi a publicação da Resolução Conama n. 005/93, que definiu a obrigatoriedade aos serviços de saúde de elaborarem o plano de gerenciamento de seus resíduos, o que foi reforçado, posteriormente, com as publicações da Resolução RDC n. 306/2004 e Resolução Conama n. 358/2005. Os geradores dos resíduos de serviços de saúde são todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, entre outros similares. É importante lembrar que os RSS correspondem a parte importante do total de resíduos sólidos urbanos pelo potencial de risco que representam à saúde e ao meio ambiente. Sua classificação evolui com a introdução de novos tipos de resíduos e o conhecimento de seu comportamento no ambiente, o que permite estabelecer uma gestão adequada e segura dos riscos identificados. São classificados em função de suas características e riscos que podem acarretar. De acordo com a Resolução RDC n. 306/2004 da Anvisa e a Resolução Conama n. 358/2005, os RSS são classificados em cinco grupos: 79 BIOSSEGURANÇA • Grupo A: engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. Exemplo: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, entre outras. • Grupo B: contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Exemplo: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, entre outros. • Grupo C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da CNEN, a exemplo dos serviços de medicina nuclear e radioterapia etc. • Grupo D: não apresenta risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparado aos resíduos domiciliares. Exemplo: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc. • Grupo E: materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares. Para avaliar os riscos potenciais dos resíduos, considera-se que os estabelecimentos de saúde vêm passando por evolução no que diz respeito ao desenvolvimento da ciência médica, com o incremento de novas tecnologias incorporadas aos métodos de diagnósticos e tratamento. Como resultado, verifica-se a geração de novos materiais, substâncias e equipamentos, com componentes mais complexos, muitas vezes, mais perigosos para o homem que os manuseia bem como para o meio ambiente que os recebe. Os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque, pois merecem atenção especial em todas as suas fases de manejo (segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final) em decorrência dos graves riscos quepodem oferecer, por apresentarem componentes químicos, biológicos e radioativos. Entre os componentes químicos, destacam-se as substâncias ou preparados químicos: tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos, mutagênicos; produtos mantidos sob pressão – gases, quimioterápicos, pesticidas, solventes, ácido crômico; limpeza de vidros de laboratórios, mercúrio de termômetros, substâncias para revelação de radiografias, baterias usadas, óleos, lubrificantes usados etc. Entre os componentes biológicos, destacam-se os que contêm agentes patogênicos que podem causar doença, e entre os radioativos estão os utilizados em procedimentos de diagnóstico e terapia, com materiais emissores de radiação ionizante. 80 Unidade II Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela definição das políticas públicas pelos resíduos de serviços saúde (Anvisa e Conama), esses resíduos representam um potencial de risco em duas situações: para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo e para o meio ambiente, como consequência da destinação inadequada de qualquer tipo de resíduo, alterando as características do meio. O gerenciamento dos RSS constitui-se de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde, dos recursos naturais e do meio ambiente. O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo desses resíduos. O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, correspondendo às etapas de segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Deve considerar as características e riscos dos resíduos, as ações de proteção à saúde e ao meio ambiente. Respeitando os princípios da biossegurança, deve empregar medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir acidentes. O PGRSS deve contemplar medidas de envolvimento coletivo. Devem fazer parte do plano ações para emergências e acidentes, ações de controle integrado de pragas e de controle químico, compreendendo medidas preventivas e corretivas assim como de prevenção de saúde ocupacional. Os recipientes de coleta interna e externa, assim como os locais de armazenamento onde são colocados os RSS, devem ser identificados em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando símbolos, cores e frases, além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e aos riscos específicos de cada grupo de resíduos. A simbologia adequada está apresentada a seguir: 81 BIOSSEGURANÇA Os resíduos do grupo A são identificados pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos. Os resíduos do grupo B são identificados através do símbolo de risco associado e com discriminação de substância química e frases de risco. Os rejeitos do grupo C são representados pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da expressão material radioativo. Os resíduos do grupo D podem ser destinados à reciclagem ou à reutilização. Quando adotada a reciclagem, sua identificação deve ser feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de recipientes, usando código de cores e suas correspondentes nomeações, baseadas na Resolução Conama n. 275/01, e símbolos de tipo de material reciclável. Para os demais resíduos do grupo D deve ser utilizada a cor cinza ou preta nos recipientes. Pode ser seguida de cor determinada pela Prefeitura. Caso não exista processo de segregação para reciclagem, não há exigência para a padronização de cor destes recipientes. Os produtos do grupo E são identificados pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de RESÍDUO PERFUROCORTANTE, indicando o risco que apresenta o resíduo. Figura 22 – Símbolos de identificação dos grupos de resíduos Adaptada de: Anvisa (2006, p. 43). 82 Unidade II 8 PROCEDIMENTOS GERAIS DE DESCONTAMINAÇÃO Descontaminação é o processo que envolve redução ou eliminação do risco biológico por meio da remoção de microrganismos patogênicos de objetos e superfícies contaminados, tornando-os seguros para serem manuseados. O processo pode ser químico, com uso de soluções germicidas, ou físico, por lavagem, autoclavação e incineração. Qualquer superfície ou material utilizado nas atividades conduzidas em laboratórios pode ser contaminado por microrganismos. Tendo em vista essa possibilidade, é preciso respeitar os requisitos essenciais de biossegurança e executar todas as atividades com o máximo de cuidado para controlar os riscos de contaminação. Para decidir o destino e o tratamento final dos resíduos segregados, é necessário conhecer e analisar vários fatores, como tipo de material, agente biológico, métodos de descontaminação, bem como protocolos disponíveis. São necessários cuidados especiais para perigos de outra natureza, como produtos químicos ou materiais perfurocortantes, para minimizar ou controlar esses riscos. O quadro seguinte apresenta os resíduos produzidos em laboratório e o destino recomendado. Quadro 1 – Materiais segregados e destino recomendado, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde Categorias de materiais e resíduos de laboratório Tratamento recomendado Material não contaminado Pode ser reutilizado, reciclado ou descartado como lixo municipal geral Objetos perfurocortantes contaminados (agulhas hipodérmicas, bisturis, facas e vidros quebrados) Devem ser coletados em recipientes à prova de perfurações, equipados com tampas e tratados como infecciosos Material contaminado para reutilização ou reciclagem Deve ser primeiro descontaminado e lavado; depois disso, pode ser tratado como material não contaminado (não infeccioso) Material contaminado para descarte Descontaminar no local ou armazenar com segurança antes do transporte para outro local para descontaminação e descarte Material contaminado para incineração Incinerar no local ou armazenar com segurança antes do transporte para outro local para incineração Resíduos líquidos (contaminados ou não) para descarte no sistema de esgoto sanitário Descontaminar antes do descarte no esgoto sanitário Fonte: Opas (2021, p. 36). Conforme apresentado anteriormente, existem requisitos essenciais que devem ser respeitados no manuseio de resíduos contaminados, sendo necessária a adoção de processos de identificação e de segregação, antes de proceder à descontaminação e ao descarte. Vale ressaltar que a descontaminação pode ocorrer no local de trabalho ou fora. Caso tenha de ser efetuada em outro local, os resíduos contaminados devem ser embalados com material apropriado para depois serem transferidos ao local onde ocorrerá a descontaminação. 83 BIOSSEGURANÇA A descontaminação de superfícies ou materiais deve ser conduzida utilizando-se métodos específicos, validados para os agentes biológicos em questão, além de serem compatíveis com os materiais e equipamentos para evitar corrosão ou qualquer outro dano. A eficácia e a eficiência do método devem ser comprovadas para ter certeza de que houve a descontaminação. Saiba mais Você pode saber mais sobre processos de desinfecção acessando os links seguintes: HC. Limpeza e desinfecção de superfícies fixas e bancadas em laboratório. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3nN1Aao. Acesso em: 12 jan. 2022. E sobre métodos de esterilização de produtos de laboratório:KASVI. Esterilização: quais os tipos e sua importância na saúde. 14 nov. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3qQHyxy. Acesso em: 12 jan. 2022. 8.1 Graus de descontaminação A limpeza é o primeiro passo para o processamento de descontaminação. É um processo de remoção mecânica de sujidades físicas e químicas. Nessa remoção, ocorre também a redução de microrganismos como resultado da ação mecânica. A desinfecção é um processo mais severo cujo objetivo é destruir os microrganismos no estado vegetativo, sejam patogênicos ou não, por utilização de processo físico ou químico, com auxílio de desinfetantes. É importante ressaltar que partículas, incrustações, gorduras e qualquer outro tipo de sujidade funcionam como uma camada protetora dos microrganismos. Assim, antes de se executar uma desinfecção, é fundamental que se faça a limpeza prévia. No processo de esterilização, ocorre a destruição de todos os microrganismos, inclusive aqueles esporulados, utilizando-se de processo químico ou físico. 8.2 Processos físicos de desinfecção O principal processo físico de desinfecção é a elevação da temperatura. Em altas temperaturas, interrompe-se a divisão celular dos microrganismos e começa a acontecer a morte das células. Quanto 84 Unidade II maior for o tempo em temperatura alta, maior será a morte celular. Quanto mais alta a temperatura, mais rápido esse processo acontece. Esse é o chamado binômio tempo x temperatura. Quando se aumenta a temperatura, tanto a membrana celular quanto as proteínas são afetadas. Isso porque os ácidos graxos que compõem a parede celular aumentam sua permeabilidade, permitindo a entrada de substâncias indesejáveis no interior da célula. Além disso, o aumento da temperatura acelera as reações dentro das células, atingindo níveis inaceitáveis para o funcionamento celular, ou, ainda, desnaturando proteínas. Consideram-se altas as temperaturas acima de 60 °C. O tempo de exposição vai depender do tipo de microrganismo (forma vegetativa ou esporulada) e da quantidade de células a serem eliminadas. Cada microrganismo tem características próprias na determinação desses parâmetros. Lembrete O efeito dos processos de eliminação de microrganismos é proporcional à quantidade inicial de microrganismos e do tratamento térmico utilizado. Após a exposição à alta temperatura, um recurso muito utilizado é a redução da temperatura, para que os microrganismos sobreviventes não voltem a se multiplicar em processo conhecido como choque térmico. O processo mais conhecido de desinfecção por meios físicos é a pasteurização do leite. Até 1952, o leite era vendido de porta em porta, vindo diretamente da fazenda produtora. Porém, nessa mesma época, ocorria no Brasil um surto de tuberculose. A bactéria responsável por esse surto era a Mycobacterium bovis, a da tuberculose bovina. Ao perceber essa relação, foi instituída a obrigação da pasteurização do leite, proibindo o comércio in natura (Decretos n. 39.093/1956 e 66.183/1970). Os parâmetros de pasteurização são fixados por lei (BRASIL, 1952) nos seguintes valores: • Pasteurização lenta: 62 °C durante 30 minutos. • Pasteurização rápida: 72 °C durante 15 segundos. Esses valores são calculados para a eliminação da M. bovis. Além disso, a pasteurização não é um processo para recuperar um leite de má qualidade, mas um tratamento para prolongar a conservação do leite, sem alterar suas propriedades organolépticas, físicas e nutritivas. Por esse motivo, o binômio tempo x temperatura é muito bem estabelecido. 85 BIOSSEGURANÇA 8.3 Processos químicos de desinfecção Nem todos os materiais suportam temperaturas elevadas. Para esses casos, é necessário lançar mão de produtos químicos para fazer a desinfecção, tomando muito cuidado na avaliação da compatibilidade química com os utensílios. A desinfecção química acontece porque algumas substâncias têm a capacidade de danificar a parede celular. A desinfecção por produtos químicos pode ser dividida em três níveis, dependendo da resistência do microrganismo a ser combatido: Desinfecção de nível baixo Ocorre quando há eliminação de bactérias, alguns fungos e vírus, exceto micobactérias e esporos. Um dos produtos mais utilizados nesse processo é o quaternário de amônia, utilizado na limpeza de superfícies, paredes e mobiliários. Como vantagem, é pouco tóxico para humanos, embora possa causar irritações na pele. Antes de utilizar qualquer produto, é preciso verificar as orientações do fabricante. Desinfecção de nível médio Ocorre quando há a eliminação das micobactérias como o bacilo da tuberculose, bactérias na forma vegetativa, vírus, fungos, com exceção de esporos. São utilizados para esse fim o álcool etílico a 70%, compostos fenólicos entre 2 e 5% e hipoclorito de sódio a 1%. Os compostos fenólicos com concentração de 2 a 5% precisam de um período de exposição de 20 a 30 minutos. O consumo desses produtos é relativamente baixo, pois são pouco afetados por matéria orgânica, embora apresentem a desvantagem de se impregnar em materiais porosos, não sendo indicado para artigos que entrem em contato com o trato respiratório (borracha, látex). São contraindicados para uso em berços e incubadoras. O hipoclorito a 1%, além de outros compostos clorados, tem ação rápida e baixo custo, mas é corrosivo para metais, inclusive o aço inox. É irritante das vias respiratórias e inativado por matéria orgânica. O álcool etílico a 70% também é de ação rápida e de baixo custo, mas ataca plásticos, borrachas e verniz, além de ser inflamável. Curiosamente, o aumento da concentração do álcool reduz a eficiência do produto, pois ele evapora antes de degradar a parede celular dos microrganismos. Desinfecção de nível alto Elimina micobactérias e esporos, além dos microrganismos citados anteriormente. Os produtos mais usados são o glutaraldeído a 2% e o ácido peracético. 86 Unidade II O glutaraldeído precisa de tempo de exposição de 20 a 30 minutos. Não produz corrosão de instrumentais e não altera componentes de borracha ou plástico, mas se impregna em matéria orgânica e pode ser retido por materiais porosos, além de ser irritante de vias aéreas, ocular e cutânea. O ácido peracético a 0,2% precisa de tempo de exposição de 5 a 10 minutos, é pouco tóxico, mas bastante irritante das vias aéreas. É corrosivo para metais (aço, bronze, latão, ferro galvanizado). Observação Não faz sentido enxaguar o utensílio após a desinfecção química, pois a água de enxague também possui uma carga microbiana própria. Além disso, o resíduo do produto ajuda a garantir a qualidade da operação. Por isso, é muito importante especificar corretamente o processo e o produto a serem utilizados. 8.4 Esterilização O processo de esterilização é geralmente utilizado como um complemento mais eficaz para a eliminação de todas as formas de vida presentes nos materiais de laboratório, finalizando a limpeza de maneira eficaz. Quando realizada corretamente, a esterilização elimina todas as bactérias, fungos, vírus e esporos. Considera-se um artigo estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos microrganismos contaminantes é menor do que 1:1.000.000. Existem vários métodos de esterilização. A escolha do método mais eficiente dependerá do tipo de produto usado. São utilizados agentes químicos, físicos e físico-químicos conforme o tipo de material laboratorial e sua resistência ao vapor ou calor. A esterilização física é feita utilizando-se autoclaves, radiação ultravioleta, flambagem, estufas, raios gama e pasteurizadores. Já a esterilização química é obtida com aldeídos como glutaraldeído e formaldeído ou com utilização de ácido peracético. O uso da autoclave é o método mais usado nas instituições de saúde e pesquisa, assegurando a completa destruição de microrganismos. Esse processo geralmente envolve aquecimento da água em uma câmara sob pressão gerando vapor sob uma pressão de 15 psi, o que ocorre em temperatura de cerca de 121 °C, por tempo mínimo de 15 minutos.O tempo é medido após a temperatura do material envolvido atingir 121 °C. O fator crítico nessa fase é a garantia que não fique ar preso no interior da autoclave, o que pode impedir que a temperatura no interior do aparelho atinja os 121 °C. O resultado de um processo de eliminação de microrganismos é proporcional à quantidade inicial de microrganismos; é muito importante fazer uma limpeza e uma desinfecção antes da esterilização. 87 BIOSSEGURANÇA Observação Na esterilização, ocorre a destruição de todos os microrganismos, inclusive os esporulados, por utilização de processo químico ou físico. Processos físicos de esterilização O processo de esterilização mais conhecido no processamento de alimentos é a produção do leite longa vida ou UHT (ultra-high-temperature). O leite é inicialmente homogeneizado e submetido a uma temperatura de 130 a 150 °C, entre 2 e 4 segundos, e imediatamente resfriado a uma temperatura inferior a 32 °C. Outro processo de esterilização bastante difundido é aquele que ocorre por meio de radiações. As mais usadas são a radiação gama, as micro-ondas e a radiação ultravioleta. A radiação gama, emitida pelo cobalto-60 ou pelo césio-137, é utilizada em materiais sensíveis ao calor, mas sua eficiência é condicionada à densidade do material, que vai determinar o grau de penetração da radiação. Afeta diretamente alguns processos fisiológicos, eliminando microrganismos e inativando enzimas. As micro-ondas são ondas eletromagnéticas com frequência em torno de 2,5 GHz. Elas afetam diretamente a água, elevando sua temperatura. A radiação ultravioleta, além de afetar diretamente os processos fisiológicos, forma como resíduo o ozônio, uma substância que ataca a parede celular dos microrganismos, porém sua penetrabilidade é menor que a da radiação gama. Processos químicos de esterilização Existem duas formas de esterilização com produtos químicos: com produtos líquidos e com produtos gasosos. A esterilização com produtos líquidos é feita por meio da imersão do utensílio num banho contendo o produto. Os esterilizantes mais utilizados nesse processo são o glutaraldeído a 2%, o ácido peracético a 0,2% e o peróxido de hidrogênio a 6%. São produtos semelhantes aos da desinfecção, mas o tempo de exposição é maior. Essa imersão deve ser feita com muito cuidado para que não fiquem bolhas de ar adsorvidas nas superfícies dos utensílios, tendo em vista que essas bolhas não permitem o contato entre a superfície a ser esterilizada e o produto esterilizante. Por essa razão, não é recomendável a esterilização por produtos líquidos. Esse problema não ocorre com o uso de produtos químicos gasosos. 88 Unidade II O produto gasoso de esterilização mais comum, muito usado em hospitais, é o óxido de etileno (EtO). Apesar de ser inflamável e carcinogênico, quando misturado com dióxido de carbono (8,5% de EtO e 91,5% de CO2), torna-se seguro para trabalhar. O óxido de etileno é um gás incolor e muito reativo. A esterilização ocorre por alquilação, quando o EtO substitui um átomo de hidrogênio por um grupo alquilo, inibindo a produção de proteínas específicas. Dessa forma, o EtO penetra nas células microbianas e reage principalmente com os materiais nucleares, provocando danos ao DNA, resultando na incapacidade da célula para metabolizar e se reproduzir normalmente, levando à morte do microrganismo. Por ser um processo de baixa temperatura (tipicamente entre 37 e 63 °C), é usado principalmente para produtos que não suportam o calor e/ou vapor da esterilização por outras técnicas, como a autoclave. Monitoramento do processo de esterilização O grande problema dos riscos biológicos é que não vemos os microrganismos. Por isso, é necessário que se façam testes para verificar se a esterilização foi eficiente, de fato. O teste mais seguro para garantir que o produto foi esterilizado é promover a cultura dos microrganismos, o que leva dias para apresentar algum resultado. Em um hospital onde se fazem milhares de esterilizações por mês, isso seria inviável. Para resolver essa questão, fazem-se avaliações práticas periódicas dos procedimentos e dos equipamentos, colocando-se indicadores químicos ou biológicos da eficiência da esterilização. Essas verificações são feitas nas seguintes situações: • na instalação e após a manutenção de equipamentos envolvidos no processo; • após qualquer modificação proposta no processo de esterilização; • periodicamente, para se estabelecer um histórico de confiabilidade do processo. Para exemplificar, veja a situação apresentada. Um laboratório comprou uma autoclave nova. Apesar de nova, não dá para garantir que o equipamento é eficiente, pois, se a distribuição de temperaturas no interior dele não for uniforme, alguma região do equipamento pode não ser esterilizada. Algo semelhante acontece no forno de um fogão doméstico que não apresenta a mesma temperatura em todos os locais. Como consequência, a característica do produto assado não é homogênea. No primeiro teste do equipamento, posiciona-se o indicador na pior posição possível e inicia-se o procedimento. Se ocorrer a esterilização, o equipamento está liberado para produção. Esse teste deverá ser repetido, por exemplo, a cada 12 horas. 89 BIOSSEGURANÇA Se, após alguns dias, o equipamento continuar eficiente, o tempo entre os testes pode ser estendido, já que o equipamento tem se mostrado confiável. Para testes rápidos, podem ser utilizados: • Tiras indicadoras: são tiras impregnadas com tinta termoquímica que muda de coloração quando exposta à temperatura. São colocadas sobre todos os produtos a serem esterilizados. • Teste Bowie e Dick: teste semelhante às tiras indicadoras que avalia a remoção de ar, penetração do vapor, tempo e temperatura. Normalmente, é usado na primeira operação do dia. • Indicadores biológicos: culturas padronizadas de microrganismos comprovadamente resistentes a processos térmicos menos severos. Caso essa cultura sobreviva à esterilização, existe falha no processo. 8.5 Classificação dos artigos médico-hospitalares Dependendo da aplicação do utensílio, será exigido um nível de descontaminação. Na área da saúde, cada instrumento ou utensílio utilizado é um transmissor de infecções em potencial. Os artigos médico-hospitalares são classificados de acordo com a possibilidade de contaminação. Os artigos não críticos são aqueles que não entram em contato com pacientes ou que interagem apenas com a pele íntegra. Apesar de apresentarem baixo risco de transmissão de infecções, podem servir de disseminação de microrganismos entre os pacientes, a exemplo de comadres, jarros, bacias, aparelhos de pressão e termômetros. Os artigos semicríticos são os que entram em contato com a membrana mucosa que reveste os órgãos internos, como tubo digestivo, intestino ou pulmões, ou com a pele não íntegra. A pele íntegra é impermeável a microrganismos, o mesmo não ocorrendo com a rompida. Nessa categoria, estão os endoscópios, equipamentos de terapia respiratória etc. Os artigos críticos são aqueles que penetram em tecidos ou têm contato com o sangue ou secreções, constituindo alto risco de infecção. Como exemplo desses materiais, estão as agulhas hipodérmicas, instrumentos cirúrgicos, cateteres etc. De acordo com a classificação do artigo médico-hospitalar, o processo de descontaminação deve ser especificado da seguinte forma: • Artigos não críticos: devem receber apenas a limpeza. • Artigos semicríticos: devem receber a limpeza e, posteriormente, a desinfecção. • Artigos críticos: devem receber a limpeza, a desinfecção e, posteriormente, a esterilização. 90 Unidade II Observação Existem diversos catálogos sobre instrumentação cirúrgica disponíveis na internet. Por meio deles, você pode se familiarizar com os nomes específicos de diversos artigos médico-hospitalares. 8.6 Recolhimento e desativação de resíduos do laboratório Resíduos infectantes Os resíduos infectantes podem ser classificados conforme apresentado:• Material proveniente de áreas de isolamento: sangue e secreções de pacientes que apresentam doenças transmissíveis. • Material biológico: composto por culturas ou estoques de microrganismos provenientes de laboratórios clínicos ou de pesquisa, meios de cultura, placas de Petri, instrumentos usados para manipular, misturar ou inocular microrganismos, vacinas vencidas ou inutilizadas, filtros e gases aspiradas de áreas contaminadas. • Sangue humano e hemoderivados: composto por bolsas de sangue com prazo de utilização vencida, inutilizada ou com sorologia positiva, amostras de sangue para análise, soro, plasma e outros subprodutos. As disposições inadequadas dos resíduos gerados em laboratório poderão constituir focos de doenças infectocontagiosas, caso não sejam observados os procedimentos para seu tratamento. O lixo contaminado deve ser embalado em sacos plásticos para o lixo tipo 1, de capacidade máxima de 100 litros, indicados pela NBR 9190 da ABNT (2002). Os sacos devem ser totalmente fechados, de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destinação final do resíduo. Não se admite abertura ou rompimento de saco contendo resíduo infectante sem tratamento prévio. Em caso de derramamento do conteúdo, todo o material deve ser coberto com uma solução desinfetante (por exemplo, hipoclorito de sódio a 10.000 ppm), para posterior recolhimento. Todos os utensílios que entrarem em contato direto com o material deverão passar por desinfecção posterior. Os sacos plásticos deverão ser identificados com o nome do laboratório de origem, sala, técnica responsável e data do descarte. Esse material deve ser autoclavado a 121 °C durante pelo menos 20 minutos. 91 BIOSSEGURANÇA Resíduos perfurocortante Os resíduos perfurocortantes constituem a principal fonte potencial de riscos, tanto de acidentes físicos como de doenças infecciosas. Devem ser descartados em recipientes de paredes rígidas, com tampa e resistentes à autoclavação. Esses recipientes devem estar localizados tão próximo quanto possível da área de uso dos materiais. Materiais contaminados devem ser autoclavados. Resíduos radioativos São compostos por materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos com baixa atividade provenientes de laboratórios de pesquisa em química e biologia, laboratórios de análises clínicas e serviços de medicina nuclear. São normalmente sólidos ou líquidos (seringas, papel absorvente, frascos, líquidos derramados, urina, fezes etc.). Resíduos radioativos, com atividade superior às recomendadas pela CNEN, deverão ser acondicionados em depósitos de decaimento (até que suas atividades se encontrem dentro do limite permitido para sua eliminação). Os procedimentos específicos para descarte são apresentados na Norma CNEN NN 6.02 (CNEN, 2014). Resíduos químicos Os resíduos químicos apresentam riscos potenciais de acidentes inerentes às suas propriedades específicas. São compostos por resíduos orgânicos ou inorgânicos tóxicos, corrosivos, inflamáveis, explosivos, teratogênicos etc. Tanto os resíduos químicos quanto os materiais utilizados em laboratórios oferecem risco de contaminação para o meio ambiente, tendo em vista que muitas dessas substâncias têm potencial agressivo aos ecossistemas, gerando também poluição. É de fundamental importância tratar os resíduos de laboratório de maneira adequada, desde a segregação e coleta, até o descarte, de forma a minimizar as chances de contaminação de seres vivos bem como a poluição ambiental. A Resolução Conama n. 358 (BRASIL, 2005b) define Resíduo Químico de Serviços de Saúde (RQSS), como “material ou substância com característica de periculosidade, quando não forem submetidos a processo de reutilização ou reciclagem, que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade”. Compõem o grupo dos RQSS os seguintes materiais (BRASIL, 2005b): produtos hormonais, antimicrobianos, citostáticos e antineoplásticos; imunossupressores, digitálicos, imunomoduladores e antirretrovirais; resíduos saneantes, desinfetantes, desinfestantes, resíduos contendo metais pesados, reagentes para laboratório e seus recipientes; efluentes de processamento de imagem, como os reveladores e fixadores ou de equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas, além de outros produtos tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos. 92 Unidade II Vale ressaltar que entre os resíduos químicos citados anteriormente existem aqueles que são considerados de alta periculosidade, por serem mais corrosivos, reativos, inflamáveis, tóxicos, explosivos e radioativos. São compostos químicos de alta persistência e baixa biodegradabilidade, como bifenilas policloradas (PCBs); trifenilas policloradas (PCTs); catalisadores gastos, não limpos e não tratados; solventes; pesticidas de alta persistência; sais de cianato, nitritos; ácidos e bases; explosivos; cádmio e seus compostos; mercúrio e seus compostos; substâncias carcinogênicas (FEEMA, 1990). Qualquer programa de gerenciamento de resíduos deve também estar focado em minimizar a quantidade gerada desses resíduos. Além disso, é importante pensar em reutilizar soluções alcalinas ou ácidas para neutralizar a acidez ou basicidade, possibilitando tornar inerte o produto que seria liberado na rede de esgoto (FERREIRA; ARAÚJO; DAMASCENO, 2015). Devem ser consideradas todas as etapas de seu descarte com a finalidade de minimizar, não só acidentes decorrentes dos efeitos agressivos imediatos (corrosivos e toxicológicos), como os riscos cujos efeitos venham a se manifestar em mais longo prazo, tais como os teratogênicos, carcinogênicos e mutagênicos. Para a realização dos procedimentos adequados de descarte, é importante a observância do grau de toxicidade e do procedimento de não mistura de resíduos de diferentes naturezas e composições, evitando o risco de combinação química e combustão, além de danos ao ambiente de trabalho e ao meio ambiente. A coleta desses tipos de resíduos deve ter periodicidade estabelecida e devem ser tratados antes de descartados. Os que não puderem ser recuperados devem ser armazenados em recipientes próprios para posterior descarte. No armazenamento de resíduos químicos, deve ser considerada a compatibilidade dos produtos envolvidos, bem como a natureza e o volume. 8.7 Rotulagem de resíduos de laboratório Quando um laboratório adquire um produto químico no Brasil, o recipiente desse produto deve possuir um rótulo contendo informações de acordo com o especificado na norma NBR 14725. Agora, descreveremos a simbologia especificada na norma NBR 7500, além de discutirmos outras maneiras de se especificarem as características de produtos químicos e contaminantes biológicos. Rotulagem em fracionamentos Quando um laboratório compra um produto químico, dificilmente o faz em pequenas quantidades. Normalmente, esses produtos vêm em frascos de grande porte, o que torna impraticável o seu uso em bancadas de trabalho. Nesse caso, o trabalhador precisará fracionar o material e acondicioná-lo em um novo frasco. Da mesma forma, quando é necessário fazer uma mistura, uma solução ou qualquer outro tipo de preparação, será preciso acondicionar esses produtos em frascos específicos, para uso posterior. 93 BIOSSEGURANÇA Esses frascos podem representar um perigo, tendo em vista que o acúmulo de vários frascos pode dificultar a identificação dos conteúdos pelo trabalhador. Cada laboratório possui, especificado nas suas rotinas de trabalho, algum procedimento de rotulagem de fracionamentos, porém algumas informações são fundamentais. Todos esses frascos devem conter um rótulo com as seguintes informações: • Nome do produto. • Quem o preparou. • Data de preparo. • Data de validade. É importante ressaltar que ao se reutilizar um frasco, é necessária a remoção completa da etiqueta
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