Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO DE PARAPENTE Parte I Metereologia Elaboração e responsabilidade por: MAXIMILIAN HOCHSTEINER – Piloto N III – UP PG – DAC 003 – I Parte I – Metereologia 2 CURSO DE PARAGLIDING PARTE I – METEREOLOGIA BÁSICA METEREOLOGIA AERONÁUTICA É o estudo dos fenômenos do tempo, que ocorrem na atmosfera, visando a economia e a segurança do vôo. É utilizada operacionalmente na proteção ao vôo, através das seguintes frases: - Observação: verificação visual pelo piloto das condições de um determinado local e hora para vôo. - Análise: estudo e interpretação dos dados coletados para avaliação e decisão do vôo. - Divulgação e exposição: é a entrega das observações, previsões e análise para demais pilotos. Troposfera e Estratosfera são as áreas de vôo. Estratosfera Troposfera 35.000 pés 11.000 m 18.000 pés 6.000 m 10.000 pés 3.000 m Começa o uso do oxigênio - 55 o C - 9 o C 0 o C Parte I – Metereologia 3 METEREOLOGIA AERONÁUTICA O que é – inodora, incolor e insípida massa de ar presa à terra pela ação da gravidade, acompanhando em seus movimentos. Mistura mecânica de vários gases e partículas sólidas, como: areia, poeira, sal, fuligem de centros industriais, partículas orgânicas, pólen e bactérias. Camadas da atmosfera – quanto à sua estrutura, a atmosfera terrestre é composta por várias camadas superpostas. Estabeleceu-se uma divisão vertical, sendo: Troposfera: a primeira camada em contato com a superfície da terra. Sua espessura considerada é de 17 km no equador. É onde ocorrem na totalidade, os fenômenos metereológicos. Estratosfera: é a camada seguinte, tendo deixado uma fina camada, a tropopausa. Entre si e a troposfera. Sua espessura média é de 50 km. Mesosfera: está logo acima da estratosfera e tem de 50 a 85 km de espessura. Exosfera: é a passagem gradativa da atmosfera terrestre para o espaço interplanetário. A partir de 500 km de altitude até 1.000 km. Camadas da Atmosfera 10 25 50 500 Satélites 250.000 m Space Shuttle Sonda Picard 1931 Exosfera Ionosfera Mesosfera Estratosfera Tropopausa Troposfera Everest Aconcágua Pico Paraná Cu Stc Cb Ac Jatos Gliders Aviões Ci +20 +15 0 -15 -20 -45 -60 oC Perfil vertical de temperaturas km Parte I – Metereologia 4 FENÔMENOS METEREOLÓGICOS O movimento de rotação da terra no sentido anti-horário arrasta a massa de ar imediatamente encostada a ela (troposfera), a medida que a altitude aumenta este arrasto, vai perdendo intensidade. Ou seja, a terra gira para leste e massa de ar a sua volta fica retardada para oeste. A força centrífuga, que atua nos pólos força o ar para escapar para o equador, forçando para fora de seu eixo. Esta associação de movimentos e seu desvio, recebeu o nome de Efeito Coriolis, em homenagem ao seu descobridor (pesquisador). Assim, teremos deslocamentos periódicos de massas de ar frio dos pólos em direção ao equador e centrifugada pela rotação da terra. Sempre tendendo ao equilíbrio, deslocando-se de uma região de alta pressão (frio, pólos), para um região de baixa pressão (calor, equador). Estes tipos de deslocamentos de massa de ar recebe o nome de ventos metereológicos ou ventos dinâmicos. Ventos ocidentais Anticiclone subtropical Alísios Zona Tropical equador Monções alísios Anticiclone subtropical Ventos ocidentais 35o 7o 2o 35o e e N w e ew S w e tropopausa A A A A A A estes predominantes 60o Frente polar Ártica oestes predominantes 30o Cinturão de anticiclones 20o Alíseos de nordeste 0o Equador - doldruns 20o Alíseos de nordeste 30o Cinturão de anticiclones 60o Frente polar Antártica oestes predominantes estes predominantes 60o 30o 0o 30o 60o Parte I – Metereologia 5 Alta pressão – é definido por todo gás mantido ou exercendo pressão em um determinado local. O ar frio existente sobre a terra é atraído pela gravidade, sendo apertado contra o solo, aumentando a pressão barométrica. Baixa pressão – é definido como o aumento da temperatura de um local. Aumenta a agitação entre as moléculas, aumentando o espaço ocupado pelo gás. Exerce menor pressão sobre o solo, diminuindo a pressão barométrica. N S E O A A A A B Divergência numa ALTA PRESSÃO no Hemisfério Sul. Convergência numa BAIXA PRESSÃO no Hemisfério Sul. Parte I – Metereologia 6 FRENTES METEREOLÓGICAS Zona de transição, de descontinuidade entre duas massas de ar de características diferentes, de circulação ciclônica. Superfície frontal é sempre inclinada em forma de cunha e variando de 50 a 300 km, raramente acima de 6.000 metros de altitude. Denominação Abreviação Origem Período de aparição Frio marítimo MPK Atlântico norte / Labrador Todo o ano Polar Frio continental cPK Rússia central Inverno Cálido marítimo mPW Atlântico norte / latitude 50 Inverno Cálido continental cPW Rússia do sul / Balcans Verão Tropical Cálido marítimo mTW Mares subtropicais / Açores Todo o ano Cálido continental CTW Continentes subtropicais Todo o ano Declive Massas de ar frio na América do Sul - Trajetórias mT mPK 45o S Parte I – Metereologia 7 Podem ser de dois tipos: Frente fria: o ar frio desloca o ar quente da superfície, levantando-o e ocupando o seu lugar. São mais rápidas e violentas que as frentes quentes e apresentam mais riscos ao vôo. A temperatura cai e a pressão aumenta após sua passagem. Sinais: as nuvens se alternam rapidamente de estágios altos para baixos (alto-cirrus, alto- stratus, stratus-nimbus). Ventos pré-frontais: NW – W – SW, girando em sentido anti-horário, para latitudes próximo de 45 graus sul. Frente quente: o ar quente substitui o ar frio na superfície, impedindo-o de ocupar o seu lugar, por vezes deslizando sobre o ar frio e deslocando-o. desloca-se do equador para os pólos, a temperatura sobe, predominam os ventos quentes. Sinais: o sistema de nuvens pode estender-se até 1.500 km adiante da posição frontal em superfície, predominam nuvens de estágio alto; formações de cirrus, até se instalar completamente. Ventos pré-frontais: E – NE – N, girando em sentido anti-horário, para latitudes próximo de 45 graus sul. CUMULONIMBUS Ar quente FRENTE FRIA Ar frio Ar quente Ar frio NIMBOSTRATUS ALTOSTRATUS CIRROSTRATUS CIRRUS FRENTE QUENTE Parte I – Metereologia 8 AEROLOGIA – CONDIÇÕES DE VÔO - MICROMETEREOLOGIA Vento – Aerologia Vento é simplesmente o ar em movimento. São as diferenças de pressão, ou gradientes de pressão entre as zonas atmosféricas que o produzem. Os ventos planetários se movem das zonas subtropicais em direção aos pólos e tomam a direção oeste. Já os ventos que sopram ao equador se transformam em ventos alísios orientais. Os ventos que se movem nas alturas atmosféricas são determinados pelos gradientes de pressão e pela força de “coriolis”. Perto do solo, esse movimento é mais complexo e influi na presença de terra, mar ou variações do relevo. Tanto as brisas marítimas como os furacões e tornados são classificados como ventos, embora sejam muito diferentes entre si. Podem transportar chuva e poeiras, contribuindo para a formação do solo. Parte I – Metereologia 9 Meteograma da cidade de Curitiba, em 30/05/2000. Parte I – Metereologia 10 Obs: os tons mais claros (branco) correspondem a áreas com nuvens enquanto os tons mais escuros referem-se a regiões com céu limpo. Ao lado, vista do espaço, a movimentação das massas de ar. A esquerda e abaixo, o efeito “Coriolis” no hemisfério sul. Abaixo a formação de nuvens em cima do Hawai. Parte I – Metereologia 11 AEROLOGIA – CONDIÇÕES DE VÔO Vento – Aerologia Vento é toda movimentação de ar, deslocamentos de ar que tendem a manter o equilíbrio de pressão. Sempre sopra de uma região de alta pressão parauma região de baixa pressão. Quando o ar circula muito próximo ao solo (relevo), o atrito com obstáculos, a vegetação, o solo produz uma ação freante de sua velocidade. Parte I – Metereologia 12 Orografia É a formação do relevo com suas formas diversas, vales, colinas, dobramentos. A orografia também influencia e desvia as movimentações de ar de uma região. Condições de vôo – Ventos locais Na colina que se deseja voar, é preciso avaliar o comportamento do ar. A observação do lugar, o tamanho da encosta que se deseja voar, a evolução das condições meteorológicas durante o período do dia, a análise do percurso do vôo e das condições para aproximação do pouso. Estes fatores agem de modo diferente em cada local específico, é o que chamamos de micro-meteorologia. Ventos marítimo e terrestre Ocorrem durante o período do dia, quando a terra esquenta mais rápido que a água. Sobre a terra forma-se uma região de baixa pressão, assim, o ar sopra do mar para a terra, podendo alcançar até 50 km terra adentro. Durante a noite, ocorre uma inversão, sopra da terra para o mar, devido ao resfriamento mais lento das águas dos mares, criando uma região de baixa pressão sobre o mar. Chamamos de brisa terrestre. Vento Barlavento Sotavento ar aquecido sobre a terra subindo ar quente resfriando e descendo ar mais frio sobre a água movendo-se em direção à terra ar esfriando e descendo ar frio sobre a terra movendo-se para a água ar mais quente sobre a água subindo Parte I – Metereologia 13 Ventos de encosta Também podemos chamar de brisa de ladeira. É quando uma colina possui um de seus lados muito exposto ao sol, favorecendo um aquecimento rápido e fácil, arrastando a massa de ar diretamente em contato para cima, por convecção, até que e a encosta se resfrie o suficiente, cessando a brisa. Ventos de vale Quando a região que se pretende voar é formada por um relevo muito acidentado, com diferentes altitudes, o fundo dos vales faz com que o ar siga por estes caminhos recortados no relevo. Também a encosta exposta ao sol aspira o ar, impulsionando-o para cima, mudando sua direção. MUITO CUIDADO COM VALES ESTREITOS OU MUITO PROFUNDOS, POIS O VENTO TENDE A MUDAR DE DIREÇÃO E ACELERAR, DEVIDO AO ESTREITAMENTO. Ventos anabáticos e catabáticos Chama-se de corrente anabática, os ventos que sobem as ladeiras e encostas do relevo, devido ao aquecimento da terra, por convecção. Chama-se de corrente catabática, os ventos que por sua vez descem as encostas e ladeiras, devido ao resfriamento da terra, por advecção. Parte I – Metereologia 14 Inversão Térmica Quando correntes de ar frio descem pelas encostas e encontram o fundo dos vales e baixadas, massas de ar mais quente, enfiam-se por debaixo destas, obrigando-as a subir, criando um fenômeno chamado de inversão térmica (restituição térmica). Corrente de Föehn É o ar quente e úmido que sobe o lado de barlavento de uma montanha ou cordilheira, perdendo energia, resfriando-se até condensar e formar nuvens orográficas. Ao ultrapassar o cume, quando desce o lado de sotavento e encontra o ar quente e úmido, desfaz-se imediatamente. São nuvens formadas na serra do mar do Paraná, tipo uma cascata. Zona de estancamento Nível de condensação Föehn 30o C 17o C 37o C 300 m 2.000 m Parte I – Metereologia 15 Turbulências - Aerologia São flutuações casuais da densidade do ar, variações no fluxo do vento. São instantâneas e irregulares, sem sentido de direção. Podem ser consideradas como: leve, moderadas e fortes. Turbulência convectiva - térmica Causada por correntes de ar ascendentes verticais, decorrentes do aquecimento do solo, do ar instável (advecção), correntes descendentes de ar frio sobre o solo. É mais comum na crosta terrestre, durante o período do dia e nas épocas de verão. Quanto mais próximo do solo, mais instável será o ar, aumentando a turbulência. Turbulência de cisalhamento Sempre que dois ventos mudam de direção e intensidade, em função de seus sentidos, aparece um plano divisor, marcado pela fricção do contato dos ventos. O cisalhamento (ruptura) pode ser horizontal em relação ao solo, quando o vento meteorológico que muda de direção e vertical ou inclinado em relação ao solo, quando é um função de uma atividade térmica do ar (convecção e advecção). Quanto maior for a diferença de intensidade dos ventos, maior será a turbulência formada. Vôo agitado abaixo de nuvens Plano de cisalhamento Cisalhamento vertical Parte I – Metereologia 16 Turbulência orográfica Atrás das montanhas e formações do relevo, dependendo da força dos ventos, é possível sentir uma enorme variação dos deslocamentos do ar, e por vezes, até uma total ausência. Muito cuidado ao voar baixo sobre os contornos do terreno, pode-se por vezes, perder totalmente o vôo. Turbulência de obstáculo Obstáculos a longa distância, muito verticais, podem deixar esteiras de vazios que chocam-se com o piloto mais tarde. Conforme a velocidade do vento, a distância pode chegar até dez vezes a altura do objeto. Muito cuidado com árvores enfileiradas em campos escolhidos para o pouso e com copas de árvores que se sobressaem nas encostas. Turbulência na trilha de aeronaves – esteira do arrasto induzido Turbulência formada pelo desprendimento dos filetes de ar do corpo atravessado, recomposição das diferenças de pressão causadas pelo “spoiler” de aeronaves. Aeronaves muito lentas provocam turbulências maiores. Caso haja necessidade de se ultrapassar outro parapente, ou mesmo passar ao lado, deve- se ficar preparado para um chacoalhão, causado pela esteira deste. Vento fraco Vento forte Turbulência devido à causas mecânicas Vento Turbulência causada por obstruções Parte I – Metereologia 17 Ascendência de encosta – Aerologia “Voar no lift é descobrir onde está a sustentação na encosta. Permanecer no lift é fazer curvas sem perder altura”. Como se originam – Aerologia O ar é pegajoso, está grudado em tudo o que conhecemos, não é diferente lá fora com a natureza e com o relevo. Assim, se não houvesse nenhum deslocamento, não haveria vento. Quando o ar desloca sobre o relevo, tende a acompanhar seus contornos, permanecer grudado a ele. A medida que aumenta sua intensidade, tende a deslocar-se sobre o relvo, criando ondulações conforme as contorna. Quando atinge uma colina, uma encosta, uma cordilheira, cria na face exposta (barlavento – contra o vento) uma onda, com correntes de ar ascendentes e, na face protegida (sotavento – a favor do vento) o retorno, gerando correntes descendentes. O ar contorna o relevo até não ser mais desviado, normalmente até um terço da altura do que causou o desvio. Pode-se assim, subir com o parapente, até esta altura máxima. Aumento de velocidade Perda de pressão 1/3 h h Sombra do vento Perda de velocidade Aumento de pressão Vento Inclinação de barlavento Inclinação de sotavento 900 1500 3 x h h 35o Parte I – Metereologia 18 Envelope de sustentação – aerologia Também podemos chamar de bolsa de sustentação ou simplesmente, região de sustentação. Conforme o tipo de relevo e a intensidade do vento, assim teremos a forma do envelope de sustentação. Quanto mais fraco for o vento, mais próximo do relevo está a corrente ascendente que forma a região de sustentação. Quanto mais forte for o vento, maior, mais alto e mais distante do relevo podem estar as correntes ascendentes. A inclinação da encosta (montanha) – quanto menos inclinado mais baixo será o envelope de sustentação e quanto mais inclinado, mais alto será a região de sustentação. Podemos atingir até 1/3 da altitude da encosta, que forma a região de sustentação, sobre seu ponto mais alto. Assim, conjugando estes fatores, teremos descoberto como voar no envelope de sustentação da encosta (lift). Comp. horiz. Componente verticalVento Zona de ascendência aproveitável Região de sustentação Vento 10 m/s 1500 m 600 m 100 m 0,5 m/s 1 1,5 2 3 25o Parte I – Metereologia 19 Condições de vôo Colinas arredondadas Quando o vento contorna uma colina arredondada, gera um envelope de sustentação largo e baixo em relação à encosta. Observação: cuidado com as mudanças de direção e de velocidade do vento durante a permanência no vôo. Colinas íngremes Quando o vento contorna uma montanha ou encosta muito íngreme, às vezes até com paredes verticais (falésias), teremos um envelope de sustentação, direto sobre as maiores verticalidades e alto, pois o vento sofre um grande desvio. Observação: Cuidado com as planícies (arestas) logo atrás das paredes e cuidado com a avaliação da velocidade do vento. Montanhas altas Quando avaliamos o comportamento do vento em montanhas altas, devemos levar em conta que esta não forma região de sustentação. Devido à altitude, o relevo divide o vento antes deste conseguir ultrapassá-lo. Vento Ar estável Encosta larga Encosta Vento forte Vento fraco Vento camada alta Vento de superfície Monte cônico Parte I – Metereologia 20 Ascendências Térmicas – Aerologia “A arte de voar planado está em descobrir no invisível do ar, onde estão as correntes de ar ascendentes.” “Prolongar o vôo é desafio para todos os pilotos de vela.” Propagação do calor - como se originam: O sol bombardeia a terra com sua radiação essencial à vida. Uma parte desta energia é absorvida pelo planeta. Toda superfície sofre algum tipo de aquecimento, transformando a radiação eletromagnética em calor. O que nos interessa é a convecção, que é a movimentação do meio em que nos encontramos, por agitação das moléculas, sempre tendendo a um equilíbrio de temperatura e pressão. Nesta caso, o ar é o nosso meio e esta movimentação irá causar correntes de ar. O ar mais quente é menos denso e mais leve, assim sobe. Bem próximo à superfície, o aquecimento por condução (transferência de energia de molécula para molécula) se dá com maior eficiência, portanto, perto do solo em níveis baixos, o ar tende a esquentar mais depressa e subir para níveis mais altos. O ar, a medida que sobe, perde calor, pois se distancia da fonte de calor. Perde energia para as moléculas menos agitadas, mais frias e tende a equilibrar o meio, enquanto o ar mais quente sobe, o ar mais frio desce, ocupando seu lugar. Equador Trópico de Câncer Círculo polar Trópico de Capricórnio Círculo polar S N 66o 27’ S 66o 27’ N 27o 27’ N 27o 27’ S 0o SOL Eclítica Vento Advecção Convecção Condução Radiação Parte I – Metereologia 21 FORMAÇÃO DA TÉRMICA – CORRENTE ASCENDENTE As correntes de ar ascendentes originam-se, normalmente, sobre uma área que aquece o ar em contato. Este aquece o ar logo acima e assim sucessivamente. O ar perto do solo aumenta sua temperatura, expandindo-se, até que se tenha energia suficiente para se desprender e elevar-se. Esta ascendência de ar pode ter diversas fontes de calor, diversas formas, diversas velocidades. O seu comportamento varia conforme a massa de ar que é deslocada. Parte I – Metereologia 22 CONDIÇÕES DE VÔO: FONTES TÉRMICAS A superfície esquenta de maneira desigual, dependendo de sua natureza. Isto envolve alguns fatores: • Tipo de terreno: solo coberto ou não por vegetação, altura desta cobertura natural (grama ou floresta), solos ásperos ou lisos, irregulares ou planos, como bons ou maus condutores de calor, pedras, terra, locais secos ou úmidos (lagoas, pântanos, alagados, represas); • Locais protegidos do vento que aquecem-se mais rapidamente em terrenos muito dobrados; • Ângulo com que o raios solares incidem sobre a superfície; • Zonas de contraste térmico, como uma área já preparada para o plantio e cercada de mata nativa, como uma grande laje de pedra em um pasto ou campo verde; • Nas horas centrais do dia, quando a perpendicularidade dos raios solares é máxima e nas encostas voltadas para o deslocamento do sol. Efeito de correntes convectivas Ângulo de planeio normal Terreno rochoso Terra arada Estrada pavimentada Campo de pouso Correntes convectivas (ascendência) Extrato aquecido por condução Superfície quente Superfície menos quente Superfície fria Lago: radiação absorvida em profundidade Praia: radiação absorvida em pouco profundidade Bosque: radiação absorvida pela espessura dos galhos Ângulo Parte I – Metereologia 23 FORMAÇÃO DA TÉRMICA – CORRENTE ASCENDENTE As correntes ascendentes normalmente originam-se sobre uma área que aquece o ar em contato, este aquece o ar logo acima e assim sucessivamente. O ar perto do solo aumenta sua temperatura expandindo-se, até que tenha energia suficiente para se desprender e elevar-se. Esta ascendência de ar pode ter diversas fontes de calor, diversas formas, diversas velocidades e o seu comportamento varia conforme a massa de ar que é deslocada. Térmica sem vento Térmica com vento Vento / deriva Primeira hora da manhã Hora de máxima insolação Ar estável Sotavento Vento Vento Perfil núcleo Plano de cisalhamento Descendente - 3 m/s +1 +2 +3 Seção térmica regular Parte I – Metereologia 24 NUVENS – AEROLOGIA “Sempre, uma nuvem já foi uma ascendência térmica, mas nem sempre uma térmica pode gerar uma nuvem”. Gotículas de água ou cristais de gelo, as nuvens são formadas pelo processo de condensação. A condensação é a perda de energia armazenada no processo de evaporação. Quando o ar esquenta próximo ao solo e sobe, arrasta junto consigo a umidade existente junto ao chão, evaporação. Isto significa que a medida em que o ar se resfria quando sobe, a água em estado gasoso volta a se unir em pequenas gotas. A medida em que sobe mais em virtude da potência das correntes ascendentes, pode transformar-se em cristais de gelo. A formação das nuvens ainda depende do grau de saturação de umidade (grau de umidade). Em média, há uma perda de 0,6 graus Celsius para cada 100 metros de altitude que o ar subir. Isto em um gradiente de umidade normal (seco), e 1 grau Celsius para cada 100 m em um gradiente úmido (logo após uma chuva, por exemplo). Num ambiente muito seco, há pouca probabilidade de formação de nuvens. Neste caso, acontece o que chamamos de “térmicas azuis” ou ainda, “térmicas secas”. Existem as ascendentes térmicas, mas não existe a formação de nuvens. Nível de condensação Ar quente sobe com vapor d’água Vento Subida através da montanha Ar quente Ar frio Rotor Subida através do encontro -3 0C -1 0C 4 0C 80C 13 0C 180C Perda de calor com a altitude Parte I – Metereologia 25 TIPOS DE NUVENS - AEROLOGIA As nuvens em sua constituição podem ser totalmente líquidas ou mistas. Quanto ao aspecto, podem ser de dois tipos: • Estratiformes: estratificadas, ou seja, em camadas; • Cumuliformes: acúmulo ou aglomeradas. Cumuliformes Estratiformes Parte I – Metereologia 26 Quanto a altitudes de suas bases, se classificam em dez gêneros: Estágio alto: cirrus, cirrus-cúmulus, cirrus-stratus. Bases: de 3 a 8 km nos pólos, de 5 a 13 km nas regiões temperadas e de 6 a 18 km nos trópicos. Cirros-stratus Cirrocumulus Cirros Cirros Parte I – Metereologia 27 Estágio médio: alto-cúmulus, alto-stratus Bases: de 2 a 4 km nos pólos, de 2 a 7 km nas regiões temperadas e de 2 a 8 km nos trópicos. Alto-cumulus Alto-stratos Parte I – Metereologia 28 Estágio baixo: stratus, strato-cumulus, nimbus-stratus, cumulus, cumulus-nimbus. Bases de até 2 km Existem algumas nuvens que merecem atenção especial por parte do piloto, quer por serem sinal de condição favorável de vôo ou de eminente perigo. Stratus Stratocumulus Nimbus-stratusCumulus Cumulus Cumulus-nimbus Parte I – Metereologia 29 CLASSIFICAÇÃO DAS NUVENS 11000 m 6000 m 3000 m CUMULUS STRATUS LENTICULARES NUVENS DE VÁRIAS CAMADAS Cirrocumulus (CC) Cirrus (CI) Cirrostratos (CC) Altocumulus Lenticualres (AC LE) Altostratus (AS) Altocumulus (AC) Cumulus (CU) Stratus (ST) Cumulus nimbus (CB) Nimbostratus (NS) 0 m CAMADA BAIXA CAMADA MÉDIA CAMADA ALTA Parte I – Metereologia 30 Nosso especial “amigo” (inimigo) Cúmulus É uma nuvem de contornos bem definidos. Assemelha-se a uma couve-flor, de máxima freqüência sobre a terra de dia e sobre a água à noite. Podem ser orográficas ou térmicas convectivas. Os muitos desenvolvimentos são chamados de cumulus-congestus, quando apresentam fracionados são chamados de fractocumulus. Quando apresentam precipitação em forma de pancadas, nuvem de trovoada, chamamos de cumulus-nimbus, de bases entre 700 e 1500 metros e quando bem desenvolvidos, os topos chegam de 9 a 12 km. As vezes em forma de bigorna, são nuvens mistas, formadas por cristais de gelo, gotas d’água, gotas super-resfriadas, flocos de neve e granizo. Produzem trombas de água e funil de rotação violenta (tornados), que possuem em seu interior, correntes de ventos que podem chegar a 180 km/h, têm formação de atividade imprevisível e violenta, deixando rastos devastadores. Para a condição de vôo, por exemplo, durante um dia de sol, quando a umidade do ar é média, por volta das dez horas, começa a atividade térmica. A seguir, começam as primeiras formações de nuvens em função da condensação. Este intervalo pode ser de uma hora e meia e segue durante todo o dia, até que cesse o aquecimento do solo. O aparecimento de cumulus é um bom sinal para a condição de vôo. No entanto, quando a atividade térmica é muito intensa, estes “bons cumulus” podem se tornar cumulus-congestus e até cumulus-nimbus (CB). Cabe ao piloto avaliar o melhor período para voar. “CB NO AR, PILOTO NO BAR” (Dito popular) 10 h 12 h 18 h Chuva forte ou granizo Chuva fraca Cumulus Maturação Cumulus congestus Dissolução Parte I – Metereologia 31 MICROMETEREOLOGIA MICROMETEREOLOGIA DOS LOCAIS DE VÔO NO PARANÁ Esta parte da apostila refere-se exclusivamente para pilotos que pretendam voar nas rampas abertas no estado do Paraná. Queremos com este capítulo, ajudar o piloto na sua avaliação e decisão de voar ou não, descrevendo como são os locais de vôo. Morro da Palha – Campo Magro – Bateias – 30 km de Curitiba Local: Conceição dos Correias, Conceição da Meia Lua ou simplesmente Conceição. Conhecido como Morro da Cruz ou Morro da Palha. Rampa: 1070m (nível do mar) Pouso: 330 metros desnível – fundo do vale do rio Conceição (campo de futebol). Vento: Face principal Norte, com decolagens para W-NW-N-NE-E-SE-S, sendo inviável somente a decolagem SW. Período durante o dia, o sol esquenta a face norte, sendo possível o vôo termo-dinâmico. Em dias encobertos, pode-se voar lift conforme a orientação do vento. Recomendações: Avaliar com bom senso o comportamento do vento. Fazer plano de vôo e pouso com detalhamento. Abusar da experiência de outros pilotos na rampa. Local é bastante freqüentado. Tomar cuidado com a aproximação para o pouso (existem fios energizados de 13 KV. Frita mesmo ! ! !). Morro do Cascalho – Campo Magro – Bateias – 30 km de Curitiba Local: próximo ao Morro da Palha. Conhecido como morro do Tira-pele. Rampa: 980m do nível do mar (morro alongado a oeste). Pouso: 120 m de desnível, roça no pé do morro. Vento: face principal para leste, com decolagem para NE-E-SE. Outras orientação são inviáveis e perigosas. Período durante meio período do dia, o sol esquenta a face leste, possibilitando o vôo termo-dinâmico. Em dias de ventos do quadrante leste, pode-se voar lift. Recomendações: Avaliar o número de pilotos no ar. Tomar cuidado com o pouso, pois o terreno é acidentado. Cautela quanto à velocidade do vento, estar preparado para procedimentos para perda de altura. Abusar da experiência de outros pilotos na rampa. Local não muito freqüentado. Morro do Pires – Rio Branco do Sul – Itaperuçu Local: Pico do Morro do Pires – Morro da Glória – Serra das Pombas. Decolagem: 1213 do nível do mar (Pico do Triângulo). Pouso: 350 m de desnível paralelo à estrada principal com destino à Queimados. Vento: Face principal Sul, com decolagem para E-SE-S-SW-W-NW, sendo inviável as decolagens para N e NE. Parte I – Metereologia 32 Período: durante o dia o sol esquenta a face norte. Somente quando o vento dinâmico é mais forte, podemos voar sul, do contrário, as decolagens acontecem conforme a condição do momento. Lift bastante técnico conforme o dia. Recomendações: Avaliar com extrema cautela o comportamento do vento. Primar pelo bom senso na análise metereológica. Tomar cuidado com ciclos térmicos de direções diferentes. Pouso ondulado, mas muito tranqüilo, sem obstáculos. Local não muito freqüentado. Abusar da experiência de outros pilotos no local. Parte I – Metereologia 33 Elaboração e responsabilidade por: MAXIMILIAN HOCHSTEINER - Piloto N III – UP AG – DAC 003-I Digitalização gráfica e Internet: MAURO H. M. TAMBURINI – Piloto N II – FPVL B 2260 Bibliografia I AMBROSINI, Sílvio Carlos e VIVANCO, Denis, Apostila Ciclo de Palestras Técnicas de Paraglider - Ventomania Paragliding School. AUPETTIT, Hubert. Visitar el cielo. Tradução Mário Arqué Domingo. 2a. Edição, editora Perfils. 1996. Espanha. BRADBURY, Tom. Vuelo Libre – Condiciones de Vuelo – Ascendêncyas y térmicas - Adaptação Pedro Chapa. Editora Perfils, 1996. Espanha. Ciclo de Aeronáutica – Metereologia de Aviación. Coleción Aeronautica Argentina, vol. 21, Buenos Aires, 1950. Curso Teórico de Pilotos de Planadores – Apostila – Aeroclube de Rio Negrinho. CHEDE, Farid César e GAMA, Igor Cezar. Manual de metereologia para pilotos privados. Escola de Aperfeiçoamento e preparação Aeronáutica Civil, Rio de Janeiro, 1984. DOMINGO, Mário Arqué. Parapente Iniciación Manual Práctico – Editora Perfils, 5ª Edição, 1995 – Espanha. HOMA, Jorge M. Aerodinâmica e Teoria do Vôo – Asa Edições e Artes Gráficas, São Paulo. KARSON, Paul e colaboradores. A conquista dos ares (romance da aviação) – Editora Globo, 1a. Edição, 1948, Rio de Janeiro. PAGEN, Dennis. Walking on the Air ! Paragliding Flight. 14ª Edição, Estados Unidos. Janeiro, 1990. PINTO, Paulo Cmte. Manual do Piloto de Parapente – MAPIL . Gávea Sky Walkers, 3ª Edição, Rio de Janeiro, 1996. PORTA, Dante. Curso de Parapente – Editora Devecchi S.A., Barcelona, Espanha. PRADI, Ari Carlos. Parapente, o Caminho Mais Curto Para Voar. Fun Gliders Equipamentos Esportivos, 1994. Jaraguá do Sul – SC. Publicações Periódicas: Revista Parapente Vuelo Libre, nos 35 a 42. Editora Perfils, Espanha. Revista Sky News – Editora Sky Center Rio, anos 96 e 97. 8 Exemplares. RIZZO, Ermano. Volare in Parapendio. Editora Mursia, 1990 – Milão, Itália. ROCHA, Luiz Carlos Weigert – Teoria de vôo de baixa velocidade – Escola de Aperfeiçoamento e Preparação da Aeronáutica Civil – Seção Gráfica – 1a Edição, 1991. SCHWENCK, Antônio e MENEGHETTI, Adalberto J. Vôo à vela – Planadores, Escola de Aperfeiçoamento e Preparação da Aeronáutica Civil, 1977. Rio de Janeiro. SEMENOFF, Stefan.. Curso de Paragliding. Apostila Ar Livre. SONNEMAKER, João Baptista. Metereologia. 9a. Edição, Asa Edições e Artes Gráficas, Brasil, 1987. CURSO DE PARAPENTE Parte II Aerodinâmica Elaboração e responsabilidade por: MAXIMILIAN HOCHSTEINER – Piloto N III – UP PG – DAC 003 – I Lift no Morro da Palha – Região metropolitana de Curitiba - PR Parte II – Aerodinâmica 2 AERODINÂMICA – MECÂNICA DE VÔO • Geometria da aeronave • Conceito de perfil Spoiler • Tipos de perfil • Princípio da sustentação • Forçasatuantes no vôo, vetores e forças aerodinâmicas • Estabilidade pendular, lateral, longitudinal e vertical Gama de velocidades, “polar” de velocidade mínima, de velocidade máxima e penetração, velocidade mínima vertical, velocidade ideal “finesse” e velocidade com acelerador / trimmer. Glider de Otto Lilienthal – Enciclopédia Multimídia Grolier – 1997 Parte II – Aerodinâmica 3 INTRODUÇÃO À AERODINÂMICA AERODINÂMICA: é a parte da física que estuda o comportamento dos corpos envoltos em um fluido, neste caso tal fluido é o ar, e o corpo é o nosso parapente. O ar, como já vimos em Metereologia, é um fluido comprimível, ou seja, a cada aumento de pressão, corresponde a uma diminuição de volume específico e vice-versa. Também é um meio pegajoso, ou seja, mantém-se grudado nos corpos que nele permanecem. Na Aplicação Aerodinâmica para Aeronaves de Baixa Velocidade ou Subsônica (menor que 340 m/s): vamos considerar o ar como um fluido não comprimível até uma velocidade de 200 m/s, dificilmente chegaremos a este limite. Vamos analisar o movimento relativo e o comportamento do ar criado por um corpo durante o evento, e imaginar como o fluido se comporta em relação ao sólido em seu interior, olhando a figura a seguir. Cx = 1 Cx = 1,3 Cx = 1 Cx = 0,6 Cx = 0,8 Cx = 0,5 Cx = 0,3 Cx = 0,3 Cx = 0,05 Parte II – Aerodinâmica 4 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DO PARAPENTE DENOMINAÇÃO OU NOMENCLATURA: Aerofólios: são todas as partes que produzem forças úteis ao vôo. A figura abaixo mostra a nomenclatura das partes integrantes da asa (spoiler ou aerofólio) de um parapente. A função de cada uma dessas partes será visto a seguir. Perfil Extradorso bordo de fuga intradorso Bordo de ataque estabilizador Parte II – Aerodinâmica 5 ELEMENTOS DE UM PERFIL Perfil: é o formato em corte de um aerofólio e suas partes, possuem as mesmas denominações da asa, pois a asa é formada por inúmeros perfis, conforme figura abaixo: TIPOS DE PERFIL Perfil simétrico Perfil assimétrico Extradorso Linha de curvatura média Corda Intradorso Bordo de ataque Bordo de fuga Posição da curvatura máxima curvatura máxima Raio de curvatura do bordo de ataque Linha de curvatura média Bordo de ataque Bordo de fuga Perfil α α α Ângulo de incidência Parapente (torção positiva) Biconvexo simétrico Biconvexo assimétrico Plano- convexo Côncavo Dupla curvatura (autoestável) Supersônico Perfil de Planadores Rígidos Irmãos Wright (1906) Planador de 1980 – perfil laminar Flexíveis Asa delta (1970) Asa delta (1985) Parapente (1980) Parapente (1991) Parte II – Aerodinâmica 6 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DA ASA E SEUS ELEMENTOS • Superfície: se define como a área ocupada por um objeto em duas dimensões (cm2, m2, km2, etc.). Para o parapente, queremos especificar dois parâmetros: Área real: é o valor encontrado se estendêssemos o tecido (vela) do parapente em uma superfície plana e medíssemos a sua extensão total. Área projetada: é o valo encontrado se projetarmos a sombra de um parapente sobre uma superfície plana, para podermos descontar a curva que faz a vela. Observe a figura: • Envergadura: é a distância máxima de um extremo a outro da asa, medido em metros. Também existe uma diferença entre envergadura real e projetada, cujas características já vimos acima. Superfície projetada Superfície real com estabilizadores Envergadura projetada Envergadura real Envergadura real com estabilizadores S = b . c c b S A = E2 / S Envergadura: 8,7 m Superfície: 25 m2 Alargamento: 3 Envergadura: 11,2 m Superfície: 25 m2 Alargamento: 5 Parte II – Aerodinâmica 7 • Corda: é a distância entre o extremo do bordo de ataque e o bordo de fuga. • Enflechamento: é a curva que descreve o bordo de ataque, pode ser positiva, nula ou negativa. Corda Espessura máxima Enflechamento negativo Diminui a estabilidade Enflechamento positivo Aumenta a estabilidade Arrasto maior vento vento vento vento Arrasto maior vento vento Eixo transversal ou lateral enflechamento Sustentação maior na asa esquerda Sustentação maior na asa esquerda vento vento Asa com enflechamento positivo tende a ser estável Asa com enflechamento negativo tende a ser instável α Flecha: 10o α Flecha: 15o Corda mínima Corda máxima Corda média aerodinâmica Cordas Parte II – Aerodinâmica 8 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DA ASA E SEUS ELEMENTOS Porque o parapente voa? Sempre que forçamos a passagem de um fluido por um tubo, este obedece ao princípio de escoamento. Diz a equação do escoamento “quanto mais estreito for um tubo, maior será a velocidade do fluido e vice-versa”, desde que o volume não se altere. Assim, através do tubo de venturi, podemos demonstrar o princípio de perda de pressão no local de estreitamento, com aumento da velocidade do fluido, isto para um volume constante, conforme figura: Pensemos agora que um lado do tubo é o perfil de um parapente, onde o ar tem uma distância maior a percorrer por cima do perfil do que por baixo, para uma mesma velocidade. Isto fará com que a partícula de ar que se desloca para cima, exerça menor pressão do que a partícula que se desloca para baixo, pois acelera mais. Modelo No estreitamento, o ar escoa mais rapidamente motor Ventilador Túnel Aerodinâmico Ar acelerado pressão menor parado no infinito Depressão Sobrepressão Deflexão da circulação ao redor do perfil ponto de aceleração ponto de impacto α - ângulo de incidência Trajetória Vento relativo Parte II – Aerodinâmica 9 Assim, sobre o extradorso da superfície do parapente, aparece uma região invisível que exerce menos pressão que no intradorso, onde a pressão não se altera. Num perfil assimétrico, o caminho mais comprido na parte superior do perfil é construído. A maior velocidade sobre a parte superior tem como efeito as partículas de ar nesta parte tornarem-se mais espaçadas (menor densidade) do que na parte inferior, onde as partículas de ar tornam-se mais juntas, pressionadas (maior densidade). 2/3 1/3 Sustentação no aerofólio Filetes mais velozes Filetes menos velozes Trajetória da asa -2/3 +1/3 Parte II – Aerodinâmica 10 Arrasto induzido: na formação da sustentação do perfil, aparece uma diferença de pressão entre o extradorso e o intradorso, que acompanha todo o comprimento da asa (envergadura). Quando estas diferenças de pressão encontram-se no final da asa, provocam um turbilhonamento em espiral do ar. A isto chamamos de arrasto induzido. O arrasto induzido pode ser atenuado através de dispositivos na ponta das asas (spoilers estabilizadores). É impossível se eliminar o arrasto induzido, somente com uma asa de envergadura infinita. O turbilhonamento induzido ou vórtice induzido é maior nas baixas velocidades, quando o parapente aumenta o ângulo de ataque (pousos e decolagens). Acima da asa: baixa pressão Abaixo da asa: alta pressão Turbilhonamento induzido Asa de grande alongamento b c Vento relativo Vento relativo Filetes de ar no extradorso Filetes de ar no intradorso Vórtices marginais Vórtices marginais Vórtices livres Parte II – Aerodinâmica 11 PERFIL E SUA COMPOSIÇÃO DE VETORES “A toda ação, corresponde uma reação de igual intensidade, mas de sentido contrário”, é o enunciado do equilíbrio de forças , dito de um gênio da física, Isaac Newton, no século XVII. Então, à toda força vetorial, corresponde um vetor reação de igual intensidade, mas de sentido contrário, para que haja equilíbrio no sistema. Na figura acima, vamos começar analisando os vetores que compõem o sistema. Resultante aerodinâmica Carga Centro de pressão Resistência Ângulo de incidência Ângulo de disposição do vôo Corda Horizonte Ângulo de planeio TrajetóriaTração Peso real Peso aparente Reação do plano Peso Reação do plano Resistência Tração Peso real Peso aparente Centro de pressão Parte II – Aerodinâmica 12 O piloto possui um peso (carga), e terá uma reação oposta, que chamamos de RFA de igual valor. Na trajetória do vôo, terá um vetor oposto que chamamos de resistência, já levando em consideração todo o arrasto do conjunto formado por piloto, plano de linhas e vela. Conforme vimos no Princípio de Sustentação Aerodinâmica do Aerofólio, este quando em movimento, gera um vetor que chamamos de sustentação. Todos estes vetores ação e reação, encontram-se no interior do perfil em um local denominado centro de pressão (CP). RFA Sustentação Resistência Centro de pressões (CP) Trajetória do CP Trajetória do CG Centro de gravidade (CG) do conjunto ASA-PILOTO Peso I O E C I – impulso ou sustentação O – resistência C – carga E - empuxo Parte II – Aerodinâmica 13 Quando este conjunto de forças atuantes está em equilíbrio, o parapente está em vôo contínuo, em sua razão de planeio, podemos dizer que tem atitude de vôo. Toda vez que desequilibrarmos o conjunto de forças atuantes no CP, teremos reações e atitudes de vôos diferentes. Ainda, entre a trajetória executada pelo parapente e a corda do perfil, aparece uma outra grandeza chamada Ângulo de Ataque ou Ângulo Alfa. É a variação do ângulo de ataque, através dos comandos ou deslocamento do centro de gravidade, que percebemos as variações no conjunto de forças vetoriais atuantes no CP. E O C C1 90o O α Alta velocidade α menor Média velocidade Baixa velocidade α maior Vento relativo Vento relativo Trajetória Trajetória α L/D Trajetória l α l - inclinação L/D - ângulo de planeio α – ângulo de incidência Parte II – Aerodinâmica 14 Por exemplo: Para aumentar o vetor sustentação do conjunto, basta diminuir o vetor resistência, o piloto não pode emagrecer? É claro que pode ! ! ! Ou, já que a resistência não pode ser alterada porque faz parte do projeto do equipamento, um piloto mais leve significa maior vetor de sustentação. Esperamos que tenha sido esclarecedor em partes, como o perfil ajuda na elevação do conjunto, também existem outras variáveis envolvidas, com por exemplo a superfície da vela, conceitos do parapente, etc. Todos esses aspectos devem ser levados em consideração na hora de voar. +S -P C Parte II – Aerodinâmica 15 ESTABILIDADE PENDULAR Existem 3 tipos definidos no conceito de equilíbrio de um objeto: equilíbrio estável, equilíbrio instável e equilíbrio indiferente. Dizemos que algo está em equilíbrio estável, quando, com o passar do tempo, seu centro de gravidade não se altera. Analogamente para o parapente, este equilíbrio estável diz respeito a voltar para a sua posição de origem, já que o piloto encontra-se suspenso. A esta situação, chama-se efeito pendular. O parapente, por ter uma forma arqueada, precisa ser compensado na pilotagem, para manter este equilíbrio pendular. estável instável indiferente Peso real e peso aparente coincidem instável estável estável instável Parte II – Aerodinâmica 16 A ação pendular pode ocorrer em 3 eixos: • Eixo transversal ao deslocamento de vôo: neste caso, o piloto atua nos comandos de maneira equalizada, freiando e acelerando de modo a aumentar o cabeceio para frente e para trás, até o limite chamado “ponto de virada”. Se o piloto estiver na frente, cairá para trás, pois a velocidade foi exposta ao máximo em seu ataque, os filetes de ar se descolam e geram turbulência e não mais sustentação; se o piloto estiver para trás, a vela por ter velocidade, tende a completar o giro com o centro no piloto, as linhas perdem tração pois o piloto começa a cair no mesmo sentido da vela. Vertical (giro) Longitudinal (balanço) Transversal (cabeceio) ponto de virada Rotação no eixo de cabeceio ou eixo transversal Eixo transversal Eixo central Parte II – Aerodinâmica 17 • Eixo central ou longitudinal: o piloto atua nos comandos de maneira assimétrica, primeiro força um dos lados, depois alivia bruscamente e força o lado oposto (freio direito e esquerdo ou vice-versa), de modo a aumentar o balanço para os lados até o limite, chamado “estabilidade pendular”. Se o piloto estiver muito para o lado, de modo que o eixo transversal da vela aponte para o plano do chão, as linhas da parte de baixo perderão tração, e a asa fechará assimetricamente, fazendo com que o piloto caia até o conjunto recuperar seu vôo. f.c. p.a. p.a. Freio puxado f.c. = força centrífuga p.a. = peso aparente p.r. = peso real Soltando o freio, a força centrífuga desaparece Rotação no eixo longitudinal peso peso tendência tendência Parte II – Aerodinâmica 18 • Eixo vertical: o piloto gira em torno de si mesmo, caso a vela sofra algum tipo de colapso quando à retomada do vôo, o piloto encontra-se virado para um lado e o bordo de ataque da vela deslocado em sentido oposto. Este giro pode ser acentuado pela turbulência durante o vôo, o piloto pode decolar de costas e ter que girar para a frente na direção do vôo (twist). Rotação no eixo vertical twist Parte II – Aerodinâmica 19 PARÂMETROS DE UM PARAPENTE Conjunto asa-piloto tem uma configuração muito especial, distinta de qualquer outro tipo de aeronave conhecida. Alguns fatores pesam muito nesta escolha de equipamento, o parapente, sendo o vôo lento um dos aspectos mais críticos a serem analisados. Piloto: Carlos – Morro da Palha – Curitiba - PR Piloto: Bira – Morro da Palha – Curitiba - PR Piloto: Mauro – Morro do Careca – Camboriú - SC Parte II – Aerodinâmica 20 RAZÃO DE PLANEIO É a diferença entre a sustentação e o arrasto. Hoje, alguns parapentes mais competitivos apresentam razão de planeio entre 7 e 9, ou seja, são capazes de voar 7 ou 9 metros para frente e descer somente um. A título de cultura aeronáutica: L/D de parapente.....................................................................7 a 9 L/D de Xavante com motor parado ....................................10 a 12 L/D de Asa-delta.................................................................10 a 12 L/D de planador ..................................................................30 a 60 A razão de planeio demonstra o comportamento do impulso e da resistência. Ela é a medida que mostra a quantidade de metros percorrida durante a perda de um metro de altura. h d finesse = _______ h d Razão de planeio = _______ D L Vento caudal Vento contra Sem vento 1 km 2 km 3 km 4 km 5 km 1000 m Parte II – Aerodinâmica 21 CARGA ALAR É o quociente entre o peso total sustentado (piloto mais equipamentos), pela área total da vela. É a carga que cada metro quadrado da vela terá que sustentar, expresso em kg / m2. Carga alar grande: maior que 3,5 quilos por metro quadrado. • Maior velocidade; • Maior afundamento; • Maior rigidez na vela. Carga alar pequena: menor que 3,5 quilos por metro quadrado. • Menor velocidade; • Menor afundamento; • Menor rigidez na vela. OBS: A carga alar não tem influência nenhuma sobre a razão de planeio. Piloto: Paulo – Morro do Careca – Camboriú - SC Parte II – Aerodinâmica 22 GAMA DE VELOCIDADES O parapente possui dois tipos de velocidade: uma horizontal, para frente, no sentido de seu deslocamento, que chamamos de velocidade relativa e outra vertical, para baixo, afundando. Primeiro vamos analisar as velocidades horizontais: • Velocidade máxima: obviamente será aquela velocidade máxima possível determinada pelo tipo e concepção do parapente. Hoje já existem parapentes com velocidades superiores a 60 km/h. • Velocidade mínima: é aquela determinada pelo equipamentoantes dos filetes de ar que escorregam pelo perfil se desprenderem e gerarem sobre a vela uma turbulência. Alguns parapentes possuem velocidade mínima de 20 km/h, é o “objeto” voador mais lento possível já idealizado pelo homem. Observação: atuando nos freios até 100 %, o equipamento perde toda a sua velocidade horizontal e o filetes de ar geram uma turbulência sobre a vela e o piloto tende a cair. Esta situação é denominada estol (stall). L L L Pré-estol Estol Evolução do ângulo Alfa até o estol α α α α Parte II – Aerodinâmica 23 • Velocidade de melhor planeio: é a velocidade horizontal em que o equipamento responde pelo seu melhor rendimento, planando o máximo, nem sempre com menor afundamento. A curva polar de cada parapente é definida pela tangente que toca a curva e passa pela origem do sistema. • Velocidade de menor afundamento: coincide com a velocidade de melhor planeio, pois o equipamento voa mais tempo, perdendo altura devagar. Velocidades verticais: São medidas por instrumentos (variômetros) e normalmente são expressas em m/s. Afundamento: é a velocidade vertical, mostrada quando o equipamento desce, os parapentes quando novos, possuem afundamentos bem suaves, em torno de 1,2 m/s. Maior afundamento: o afundamento máximo que pode ser alcançado sem a utilização de sistemas de aceleração disponíveis no equipamento. Em geral, pode-se conseguir os afundamentos máximos, nas velocidades horizontal mínima (pré-estol) e na horizontal máxima, com tudo acelerado, conforme o modelo e a performance do parapente. Parte II – Aerodinâmica 24 CURVA POLAR É um sistema didático montado sobre dois eixos para análise de performance e evolução de pilotagem. • Eixo horizontal registra as velocidades horizontais em km/h. • Eixo vertical com origem para cima, registra as velocidades verticais, ou seja, afundamentos em m/s. A tangente à curva que passa pela origem, demarca o ponto onde o equipamento desempenha a melhor performance. A curva é construída baseada em dados práticos coletados por pilotos de prova, voando equipados e registrando valores. Pontos na curva A- Estol B- Estol C- Pré-estol D- Menor razão de descida: 1 m/s com 27 km/h E- Melhor L/D: 29 km/h com 1,2 m/s G – Maior velocidade: 35 km/h Melhor L/D = Vh (29 km/h): Vv (1,2 m/s) = (29.000 : 3600) : 1,2 = 8,05 : 1,2 = 6,7 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 22 23 25 27 29 32 35 A B C D E F G Vv Vh (km/h) Vv (m/s) Velocidade mínima Velocidade de estol Velocidade de máx. eficiência Velocidade máxima Máxima finesse Taxa mínima de queda Pré-estol Estol Taxa de queda na velocidade m/s E D C B A Parte II – Aerodinâmica 25 Na figura, podemos ver que o peso do piloto não interfere no planeio do equipamento, pois, se o parapente tem uma razão de planeio de 5/1, a curva polar continua tangenciando o melhor rendimento. Assim, o peso do piloto só interfere na velocidade vertical, ou seja, mais pesado afunda mais rápido. 1 m/s Piloto de 70 kg Piloto de 40 kg Vh Vv Parte II – Aerodinâmica 26 Elaboração e responsabilidade por: MAXIMILIAN HOCHSTEINER - Piloto N III – UP AG – DAC 003-I Digitalização gráfica e Internet: MAURO H. M. TAMBURINI – Piloto N II – FPVL B 2260 Bibliografia II AMBROSINI, Sílvio Carlos e VIVANCO, Denis, Apostila Ciclo de Palestras Técnicas de Paraglider - Ventomania Paragliding School. DOMINGO, Mário Arqué. Parapente Iniciación Manual Práctico – Editora Perfils, 5ª Edição, 1995 – Espanha. HOMA, Jorge M. Aerodinâmica e Teoria do Vôo – Asa Edições e Artes Gráficas, São Paulo. KARSON, Paul e colaboradores. A conquista dos ares (romance da aviação) – Editora Globo, 1a. Edição, 1948, Rio de Janeiro. PAGEN, Dennis. Walking on the Air ! Paragliding Flight. 14ª Edição, Estados Unidos. Janeiro, 1990. PINTO, Paulo Cmte. Manual do Piloto de Parapente – MAPIL . Gávea Sky Walkers, 3ª Edição, Rio de Janeiro, 1996. PORTA, Dante. Curso de Parapente – Editora Devecchi S.A., Barcelona, Espanha. PRADI, Ari Carlos. Parapente, o Caminho Mais Curto Para Voar. Fun Gliders Equipamentos Esportivos, 1994. Jaraguá do Sul – SC. RIZZO, Ermano. Volare in Parapendio. Editora Mursia, 1990 – Milão, Itália. ROCHA, Luiz Carlos Weigert – Teoria de vôo de baixa velocidade – Escola de Aperfeiçoamento e Preparação da Aeronáutica Civil – Seção Gráfica – 1a Edição, 1991. SCHWENCK, Antônio e MENEGHETTI, Adalberto J. Vôo à vela – Planadores, Escola de Aperfeiçoamento e Preparação da Aeronáutica Civil, 1977. Rio de Janeiro. SEMENOFF, Stefan.. Curso de Paragliding. Apostila Ar Livre. CURSO DE PARAPENTE Parte III Técnicas de Pilotagem Noções Práticas Elaboração e responsabilidade por: MAXIMILIAN HOCHSTEINER – Piloto N III – UP PG – DAC 003 – I Lift Morro da Palha – Região Metropolitana de Curitiba – Piloto: Bira Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 2 Teoria de Vôo – Descrições Práticas – Técnicas de Pilotagem Introdução: Parapente ou paraglider, as duas palavras são de origem estrangeira. Parapente (francês), é a fusão de parachute + pente, ou seja, pára-quedas de encosta. Paraglider (inglês), é a fusão de parachute + glider, que significa pára-quedas de planar. Paraglider é um esporte praticado em encostas e em montanhas, como vimos na definição, planando com um “pára-quedas”. Paraglider é um equipamento de vôo derivado inicialmente dos pára-quedas retangulares de salto, que evoluiu, enquadrando-se hoje nos esportes de vôo planados assim como as asas delta e os planadores, isso tudo devido à sua performance atual. Aproveitando as mesmas condições técnicas, metereológicas e de relevo dos outros tipos de equipamentos de vôo livre, o paraglider é o recurso de vôo planado mais lento já idealizado pelo homem, e também, a maneira mais nova de se voar, e com certeza, uma das mais emocionantes. O paraglider atingiu um grau de aperfeiçoamento, que hoje eles são capazes de voar distâncias acima de 200 km e permanecer no ar por mais de 20 horas; aproveitando correntes ascendentes, ciclos térmicos e ascendentes de relevo. No Brasil, o paraglider chegou em 1988 trazido por um francês que veio voar nas pedras do Rio de Janeiro. Assim, desde então, os brasileiros envolveram-se com o esporte e criaram escolas de vôo para discriminar as técnicas de pilotagem da nova forma de voar. Hoje, o número de praticantes é bastante grande e crescente, pois o Brasil tem grandes potenciais para a prática do esporte. Lift Morro do Boi – Caiobá – PR. Pilotos: Mauro (frente) e Renê (fundo) Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 3 1 - Teoria de Vôo – Partes do Equipamento O parapente está dividido em três partes para fins de reconhecimento do piloto: 1) Velame ou vela – é o tecido que forma o aerofólio 2) Conjunto de linhas (suspensores) e os tirantes (elevadores) 3) A sellete (francês), silla (espanhol), cinto ou cadeirinha Linha de freio Linha de direção Extradorso Orifícios de compensação Bordo de ataque Intradorso Células Vela Linhas Elevadores sellete Estabilizador batoque Bordo de ataque estabilizador Designação das linhas Linha suspensora frontal Bordo de fuga Linha suspensora traseira Elevador traseiro Mochila • Vista Lateral Detalhe do mosquetinho A B C D Elevador dianteiro Aberturas / bocas Extradorso Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 4 A vela ou velame é assim chamado por ser um tecido reforçado (nylon + malha de kevlar), impermeável e construído de forma a proporcionar os componentes aerodinâmicos necessários ao vôo. Suas principais partes são: 1.1 – Bordo de Ataque e Bordo de Fuga: são, respectivamente, as partes da frente e a parte de trás do aerofólio, sendo que o bordo de ataque é aberto para que o ar entre na horade inflar. Quando a pressão interna é a ideal para o vôo, o ar tenta sair e o que tenta entrar fazem com que o perfil se complete. 1.2 – Intradorso e extradorso: são as partes do aerofólio de baixo e de cima, respectivamente, são medidos em metros quadrados (m2), e sua área é um dado importante para cálculo da capacidade de vôo para o piloto. 1.3 – Perfil: é a divisão entre os compartimentos. Dois perfis paralelos formam uma boca, e esses perfis possuem cortes que fazem com que o ar se comunique com o compartimento vizinho. Cada par de bocas forma uma célula, dependendo do plano de linhas. Nas extremidades da vela, onde o intradorso se une com o extradorso, chamamos de estabilizador, sendo que a parte da asa mais arqueada tem a função de aproar o parapente com o vento lateral na decolagem, e também atenuar o turbilhonamento do arrasto induzido. Bordo de ataque da vela Bordo de fuga da vela Extradorso Intradorso Bordo de ataque Linha de controle ou direção (linha de freio) Tira de suspensão dianteira Bordo de fuga Estabilizador Tira de suspensão posterior Linha A/B Linha C / D Abertura / bocas Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 5 2 – O conjunto de linhas (suspensores) O projeto do parapente prevê uma maneira mais proporcional de repassar o peso do piloto (carga) para a asa (vela); assim, nasce um plano de linhas. Para efeito de manutenção do parapente, é importante ter o plano de linhas no manual do equipamento. 2.1 – Elevadores (tirantes) ou tiras de sustentação: são as tiras que unem as linhas ao ponto único de fixação no piloto, respeitando a simetria do parapente (lado direito e lado esquerdo). Pode haver no mínimo dois tirantes (A e B), nesta ordem, da frente para trás, como no plano de linhas; existem projetos mais sofisticados com tirantes A, B, C, e D para dividir melhor a carga na vela. Linhas suspensores Mosquetinhos Tirantes elevadores Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 6 2.2 – Linha de freio: também chamada de linha de comando e de direção. São as linhas que passam no bordo de fuga, seguindo por trás do conjunto de elevadores e suspensores do parapente. Permitem deformar o velame e assim dirigir o parapente, variar sua velocidade e criar uma sustentação adicional na decolagem e no pouso. 3. A Sellete: acomoda o piloto durante o vôo, mas deve-se avaliar os três tipos existentes, para que se escolha o tipo ideal de cada piloto. Sellete Standart: ultra leve, algumas até derivadas de cintos de paraquedistas. Para pilotos que desejam fazer o parapente em montanha (para-alpinismo). Sellete Comfort: são apropriadas para uso em média e longa duração. Proporcionam o máximo de segurança, conforto e boa pilotagem. Para muitos pilotos que desejam voar por prazer. Sellete de competição: são apropriadas para pilotos com experiência em pilotagem de performance, ajudam a melhorar marcas de velocidade. Ideal para pilotos que desejam se aperfeiçoar como desportistas. Morro do Careca – Camboriú – Piloto: Paulo Kessler Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 7 Sellete – Proteção Dorsal (Jean-François Clapé) Como todos nós devemos saber, Jean-François Clapé, médico da Federação Francesa de Vôo Livre, testou as selletes mais vendidas na Europa em 1996, e emitiu um parecer científico sobre o que é realmente protetor, o que nos engana, fingindo que nos protege, mas não o faz, pondo em risco nossa coluna vertebral, principalmente a passagem dorso-lombar. Novamente, em 1998, voltou ao Laboratório de Medicina Aeroespacial do Centro de Provas de Vôo de Brétigny, e realizaou nova e criteriosa investigação no que concerne a nossa segurança. Estimou que 85 % dos impactos ocorrem a um velocidade vertic al de 6 m/s – Refere-se a revista, que o Air Bag Signus Keller, com recomendações para otimizá-lo, continua um ponto de referência. Após várias considerações que recomendamos a todos ler, concluiu com uma: Recomendação aos construtores A. Ergonomia geral do Produto • Considerar: que 85% dos voadores de parapente não são competidores, e assim desenvolver um produto destinado ao grande público (com estudo do peso / tamanho da maioria dos pilotos a que se destina); • Adaptar: rapidamente as selletes e sua proteção às diferentes conformações morfológicas e tamanhos, para melhor definir um padrão STANDARD; • Adaptar: o produto à posição média de conforto (não posição deitada), com a utilização do apoio de pé, o que permite manter o tônus muscular necessário no momento da aterragem, inclusive em condições normais (prevenção de dorsalgia → dor na coluna vertebral); • Possibilitar: a regulagem da sellete dentro dos limites estudados de conforto numa posição compreendida entre os ângulos limites superior e inferior; • Posicionar: o pára-quedas de emergência dentro de um raio mínimo de ação reflexa da parto do piloto (ventral); • Fornecer: um manual de uso que deixe evidente os limites de regulagem e os possíveis danos que podem ocorrer quando forem ultrapassados B. Segurança passiva do produto • Respeitar: as curvas da coluna vertebral (posição de sentar e regulagem); • Oferecer: a possibilidade de passar instantaneamente da posição sentada para a de pé e vice-versa, em qualquer que seja a regulagem da sellete ou o procedimento de vôo; • Limitar: a regulagem da cinta vertebral de maneira inflexível → aproximadamente 38 cm como limite máximo; • Oferecer: a possibilidade de continuar a pilotar a vela mantendo a posição fixa vertical (“croisillons”), útil em caso de situação crítica (aterragem de emergência, vôo e aterragem em condições muito turbulentas); • Desvincular: o assento da parte dorsal, no intuito de evitar que a onda de impacto transmita do assento para a coluna dorsal; • Manter: o piloto na sellete BEM em contato com a proteção dorsal, com o espaldar perfeitamente em contato com o dorso, para evitar uma brusca flexão anterior com conseqüente dano à região dorso-lombar da coluna vertebral (região tóraco- abdominal). Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 8 • Fixar: a proteção na sua sede, para que não seja possível sair da sua posição de proteção no momento do impacto; • Reforçar: a proteção sob o assento, com uma espessura de no mínimo 20 cm. • Projetar: a espessura de proteção de modo que vá diminuindo progressivamente do assento até o nível dorsal (função de manutenção em baixo, e função de manutenção do piloto em posição adequada no alto); • Proteger: a cabeça do piloto dos violentos movimentos ântero-posteriores (golpe de chicote) na fase de impacto, com uma proteção mole cérvico-dorsal no alto (eventualmente inflável); • Racionalizar: a ação das proteções laterais tornando-as solidárias (integradas ou adaptáveis) ao assento e a parte dorsal da proteção. Tem assim a finalidade de evitar o seu deslocamento, mas também de aumentar a função de proteção em caso de rolamento e a repartir a onda de choque sobre um superfície comum maior; • Estandartizar: o uso de mosquetões de abertura rápida: “uma mão, dois pontos”; • Generalizar: um dispositivo de hidratação na sellete e de prático uso; • Proteger: o piloto de tudo que possa causar trauma em caso de impacto (rádio, objetos dos bolsos laterais e posteriores, etc.). Enfim, visto que é de interesse geral: 1. Proibir: em vez de desaconselhar, a venda e o uso de proteções monobloco rígidas (lâmina de Kevlar ou similar); 2. Proibir: a publicidade que convida o piloto média a transgredir a norma de utilização e usar a proteção dorsal como bola de saltar (temos um caso de paraplegia – lesão irreversível para as pernas dos nervos da coluna !). Termina o redator dizendo: “Estas referências são indicações: poderiam ser normas de lei, porém estamos convencidos de que é do interesse dos construtores colocar em prática para definir uma melhor qualidade dos seus próprios produtos, associadosa um custo aceitável que permita a maior parte dos pilotos a ele terem acesso.” Quanto aos pilotos, é essencial conhecer quais são os perigos que podem atingí-los no caso de uso impróprio da sellete e quais são as soluções adotadas (e porque !) do construtor da sua sellete. (Tradução: Dr. Sérgio A. Manfredini Vianna: médico ortopedista; piloto de planadores, parapente nível III. Fonte: Delta & Parapendio nº 76, pg 77, julho / 98). Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 9 Equipamentos Básicos. Acessórios e instrumentos Como o piloto é a “carenagem” de sua aeronave, é importante que também pense em sua segurança e conforto. Equipar-se, neste caso, não é somente usar objetos decorativos e atrativos, mas sim, visando principalmente preservar a integridade física do piloto. Existem 3 itens básicos que já garantem uma boa segurança. São eles: Capacete: Existem duas opções aceitáveis: os abertos, ou seja, ajustam-se na cabeça, mas não protegem a face; integrais, que possuem protetores dianteiros de maxilar. Devem ser o mais leve possível, e ter aberturas que permitem ao piloto ouvir e falar sem dificuldades, e também possibilitar o uso de óculos (facultativo). Os capacetes são de uso obrigatório. Botas: as pernas do piloto são seu “trem de pouso”. Assim, não possuindo rodas, boas botas de cano alto são fundamentais para minimizar os impactos e traumas de situações que as exigem. Não são bloqueadores de torção, mas devem agir como amortecedores contínuos de distribuição de impacto, e ainda, proporcionarem aquecimento e facilidade de locomoção, melhorando a performance do piloto. Pára-quedas de emergência (reserva): não está integrado ao piloto, mas é proporcional à suas medidas. O pára-quedas de emergência obedece ao peso mínimo e máximo para atenuar a queda. Este equipamento geralmente não é dirigível, ele simplesmente cai, a aproximadamente 3, 4 ou 5 metros por segundo, dependendo do modelo e do peso do piloto. Há no mercado, um modelo de reserva dirigível, porém ainda não foi homologado. É de uso obrigatório como item de segurança. Existem selletes que possuem um compartimento para a instalação do reserva, ou pode-se usar um compartimento próprio acoplável a qualquer sellete. Dados Técnicos Modelo 28(*) 32 34(*) 36 Tamanho m2 28 32 34 36 No. de painéis 16 16 16 18 Peso min. Recomendado kg 60 60 70 70 Peso máx. recomendado kg 125 100 140 125 (*) Recomendado para asa-delta Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 10 Rádio VHF: o rádio para comunicação em freqüência VHF é conhecido como HT (hand transmitter), de comprimento de onda 2 metros. É uma faixa de freqüência de transmissão permitido pelo Minicon somente para rádio-amadores devidamente regulamentados pelos órgãos competentes. O uso do rádio não é obrigatório, mas é sempre bom ter um nas situações diversas de vôo e de resgate. Existe no Brasil, associações que ministram cursos e habilitam interessados em operar rádio de freqüências homologadas (Labre – 224 4996). Converse com seus colegas radioamadores. A roupa: o que usar para voar é sempre uma dúvida cruel. São vários os pilotos que por escolha inadequada, já passaram por situações indesejáveis. Um macacão apropriado, luvas, meias gola ou cachecol, “Joanna D’Arc”, japonas impermeáveis; tudo é necessário ou não, conforme o dia. O importante é estar preparado para aquele frio acima dos 2.000 metros, para aquele lift na praia de 4 horas, aquela caminhada de 50 km lá na terra de Marlboro, portanto, boa escolha ! Instrumentos: variômetro, wind meter, GPS, rádio, inclinômetro, variômetro acústico, bússola, etc. Todas as considerações destes equipamentos são importantes para pilotos que queiram melhorar sua avaliação e performance. Para a pilotagem básica é importante uma boa formação, um caminho levará a outro. Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 11 DESCRIÇÕES PRÁTICAS – TÉCNICAS DE PILOTAGEM As Primeiras Práticas – Fases do vôo Estar interessado em aprender a pilotar um parapente irá exigir do futuro piloto uma boa dose de paciência e muita prática. Vamos dividir o vôo de parapente em 3 fases: decolagem, planeio e pouso. Vejamos o que precisa ser analisado antes de ir para a rampa e se equipar: 1- Situar-se em relação ao vento. 2- Checar a decolagem. 1 – Situar-se em relação ao vento Quando vamos iniciar o nosso treinamento, devemos olhar o terreno em que nos encontramos, a encosta e o vento. Se tudo que iremos executar nesta encosta for com o vento de frente, ótimo! Com um vento de 0 a 5 km/h (fraco) iremos ter que nos esforçar mais para inflar o velame: caso esteja entre 5 e 15 km/h (moderado), já será uma condição perfeita e de bom rendimento; ultrapassando os 15 e indo até os 22 km/h (forte), precisaremos então da ajuda de um companheiro para não sermos arrastado; acima disto (muito forte), só para pilotos experientes, dentro de seus limites. 2 – Checar a área de decolagem Quando o vento está favorável ao vôo, nossa preocupação seguinte é se temos espaço para decolar, inclinação da rampa, comprimento da corrida, espaço para correção da vela, onde será o desprendimento. Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 12 3 – Decolagem É a fase inicial do vôo, merece ser bem estudada e treinada, pois metade dos acidentes acontecem nesta fase. Com o passar do tempo, o piloto passa a ter uma maior experiência, freqüentando várias rampas, adquirindo autoconfiança e conhecimento e já faz esta avaliação em segundos e escolhe a melhor hora para voar, segundo o seu critério. 4 – Preparação da vela Se temos optado por voar e as condições ao nosso redor já foram avaliadas, preparar então a vela será nosso próximo passo. Sempre estender a vela com o bordo de fuga na direção do vôo, com o extradorso para baixo, tomando cuidado de abrir e olhar se todas as bocas estão viradas para cima. Com o vento fraco, a vela deve estar completamente estendida e com as bocas bem abertas. Com vento forte, devemos estender o centro da vela mais alto do que as extremidades, formando uma acentuada “ferradura”, para que o ar passe do meio para as pontas através das aberturas internas do perfil. Vento Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 13 Elevador frontal O elevador frontal é seguro entre o polegar e o indicador Elevador traseiro por cima do ombro até o cotovelo Linha de freio Batoque de freio Elevador frontal Detalhe da posição da mão Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 14 5 - Ajuda na decolagem Em locais em que o terreno não ofereça condições para estender o parapente ou devido ao vento seja difícil estendê-lo, pode-se utilizar a ajuda de uma ou duas pessoas na fase de erguer o parapente. No caso de somente uma pessoa, ela deve ficar atrás do parapente na parte central, erguendo o bordo de ataque até a altura do peito, com os braços bem abertos. No caso de duas pessoas, elas ficam distribuídas na parte traseira e erguem da mesma forma o parapente, só que cerca de ¼ dele nas extremidades, não devem ser erguidos com as mãos. Olhar todas as linhas, elevadores e suspensores, colocando em ordem os tirantes (A, B, C, D, ...). Verificar a linha de freio, principalmente se ela não está presa em nada, e deve passar sempre por baixo. Manter o bordo de ataque esticado Correr com determinação ⇒ Vento fraco Abaixo de 5 km/h 1 ajudante 2 ajudantes Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 15 6 – Equipagem do piloto Uma vez feitas as checagens de vento, rampa e vela, o piloto inicia seu ritual de equipagem. Colocar roupa adequada, tirar tudo o que for desnecessário, trocar de calçado, apertar os cadarços da bota, colocar a sellete, afivelar as pernas, peitoral, cruzilhões, verificar os ajustes, checar o rádio, instalarinstrumentos necessários ao vôo, colocar o capacete, sentir-se confortável e seguro, posicionar-se na frente da vela para finalmente se conectar, verificar os mosquetões, olhar para a ordem dos tirantes ABC, da frente para trás, verificar se a linha de freio está por fora e por baixo, e todas as linhas desembaraçadas e livres. Inflar a vela, velocidade e pressão, controle da vela Inflar – significa encher os compartimentos estanques do parapente de ar, uma vez que ele já esteja cheio, partiremos para outra fase. Para que a vela suba sobre a cabeça, deveremos estar posicionado no centro da vela, e manter o tirante “A” para cima. Podemos optar por correr de frente, inflando a vela de modo que ela se posicione sobre a cabeça, situação favorável para ventos fracos ou nulos, ou ainda inflar a vela olhando sua montagem, de costas para a direção do vôo, depois desvirar e correr para frente, situação aconselhada para decolagens com ventos moderados ou fortes. ⇒ ⇒ Vento moderado Até 15 km/h ⇐ vento Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 16 Vento e pressão – a medida em que corremos puxando a vela, o ar no seu interior vai adquirindo pressão, até o momento que as forças aerodinâmicas atuam no aerofólio, fazendo o vôo acontecer. Se o vento for fraco, a corrida deverá ser mais vigorosa. No entanto, se o vento for forte, quase não há necessidade de se correr. Uma vez que a vela já esteja na cabeça e feitas as devidas correções, basta soltar do tirante “A” e deslocar-se na direção do vôo. Controle da vela – atuando nas linhas de freio, teremos condição de transmitir para a vela os comando necessários para seu domínio e controle. Para corrigir a vela, há a necessidade de se realizar um movimento coordenado entre freiar o lado que está voando mais alto correndo para o que está mais baixo, sempre com o intuito de se posicionar no centro do aerofólio: devemos nesta fase manter o tirante “A” nas mãos, até que a vela esteja no seu eixo vertical perpendicular ao piloto. Muito bem, não iremos decolar neste momento. Este exercício serve para familiarizarmos com o comportamento da vela. Devemos sempre repetir estes procedimentos nas mais variadas condições até que ele esteja decorado de forma sistemática. A cada tentativa, devemos revisar todos os passos novamente e praticar os aspectos retardados. Posicionar a vela de uma forma arqueada, com o piloto no centro com as linhas esticadas, facilita a montagem. Vamos lá, PUXE ! ! Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 17 Corrida, linha imaginária de decolagem, desprendimento OK, vela estendida e verificada, vento bom na cara, então vamos correr, inflar e manter a vela sobre a cabeça através das linhas de controle e de direção até o limite de velocidade máxima para a sustentação aparecer e decolar o piloto (nº 1). Não sentar. Ainda não. Este procedimento deve ser tomado pelo piloto depois que o equipamento entrar em vôo e se afastar da rampa e do chão, o piloto não deverá sentar-se imediatamente após a decolagem. Todo este processo deve ser previamente pensado e calculado pelo piloto, é o que chamamos de linha imaginária de decolagem. Desprendimento – assim chamado por ser aquele momento em que o piloto é arrancado do chão, isso acontece quando a coordenação dos procedimentos com atuação dos comandos faz aparecer a sustentação (nº 2). 1 1 1 2 Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 18 Erros e vícios da decolagem prática: 1. Correr, correr, correr, sem atuar os freios. 2. Atuar demasiadamente nos freios, empurrando-os para a frente. 3. Puxar os tirantes “A” para baixo, ou empurrá-lo para a frente. 4. Não soltar os tirantes “A”. 5. Não olhar para a vela, tentar corrigir no “chute” ou no “eu acho” ! 6. Não entrar em baixo da vela, ou puxar para o lado contrário. Erro: Freio demais Ufa! Fim da ladeira Não decola Freio excessivo. Ângulo de ataque estolado. Não atacou o velame, não soltou o elevador e não travou o avanço Erro: O avanço do velame diminui o ângulo de ataque, tornando-o vulnerável a fechamento. Às vezes o velame fica na cabeça sem pressão. Decolagem normal Soltou o freio bruscamente e cedo. Voltou para o chão Erro: não aliviar o freio progressivamente após decolar Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 19 Planeio – a partir do momento em que o parapente arranca o piloto do solo, está automaticamente em sua razão de planeio. Na melhor ou na pior, conforme o piloto estiver comandando. Vôos retos – uma vez no ar, o piloto deve perceber se está voando em linha reta, ou seja, para o local que deseja, ou se está fora de sua rota pré-determinada. É importante marcar uma trajetória a frente, se este ponto estiver vindo para baixo do piloto, estaremos voando para a frente: este ponto é traçado a cada certeza de planeio, para voar em linha reta, basta manter os freios atuados com a mesma intensidade. Caso haja um vento lateral, é necessário compensar o desvio, depois de ter marcado o ponto referencial, os comandos neste caso podem ficar desiguais. Sem vento Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 20 Curvas e correções de deriva – no solo para realizar uma curva, atuamos no freio do lado que queremos virar e corremos para este lado. No ar, pendurados, quando atuamos no freio, o parapente gira no eixo vertical e nossa frente vira para este lado: aliviando o freio, aumentaremos o raio de curva, atenuando o efeito pendular. Atuando de um lado e aliviando o outro progressivamente e com coordenação, nos dá o controle de direção de vôo. Sempre que o vento soprar na nossa frente (proa náutica), as curvas são regulares, mas se estivermos de lado (través náutico), a curva para o lado do contra será mais lenta e estável, e a curva a favor do vento será rápida e com perda.. Pouso / Aterrissagem – é a fase final do vôo. Requer do piloto sempre muita atenção e total controle sobre o equipamento. Muitos acidentes acontecem nesta fase. Vejamos o que é necessário para saber se pousar com segurança. A partir de uma determinada altura, é necessário coordenar a intensidade de freio com a percepção da velocidade. Elaborar mentalmente o percurso do seu deslocamento marcar referências, para fazer as curvas, de olho no chão que se aproxima. A poucos metros do chão, manter os freios com 20 a 25 % de atuação, aproximando ainda mais do chão, progressiva e coordenadamente, os freios devem partir para um acionamento até chegar finalmente a 100%, mão embaixo, fazendo coincidir com o toque dos pés no solo, uma pequena corrida se faz necessária. Inclinação 10o Inclinação 30o Curva 90o Curva 180o 25% 50% Limite máximo Curvas em oito para perder altura ⇐ Vento h (percurso mental) Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 21 Caso a redução de velocidade não seja total, manter as pernas em posição para imediatamente após o toque, executar alguns passos. Ficar em pé na sellete a partir da altura que marcamos para a reta final, ajuda a baixar o centro de gravidade e melhora a percepção da aproximação (nº 3). Bom pouso, derrubar a vela atrás de si e preparar para o ritual de se desequipar, dobrar a vela e guardar tudo na mochila. Janela para pouso h h 3 Parte III – Técnicas de Pilotagem – Noções Práticas 22 Caso se chegue alto sobre a área escolhida para o pouso, iniciaremos então uma série de curvas até que a reta final seja a de aterrissagem. Existe um procedimento padrão respeitado por toda aeronave. Tal procedimento deve ser pensado, planejado e executado pelo piloto quando da sua aproximação para o pouso. Baseado na altura em que se encontra, o piloto fará um percurso a favor do vento (perna do vento), um percurso com o vento de lado (perna transversal), e o pouso será sempre feito contra o vento (reta final). A velocidade que este parapente
Compartilhar