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Apostila - Unidade III - Do Feudalismo Ao Capitalismo Transição

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Prévia do material em texto

História Moderna
Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Edgar da Silva Gomes. 
Revisão Textual:
Prof. Ms. Fátima Furlan. 
5
• Introdução
• A gênese da circulação de mercadorias feudo-cidade
• O sistema feudal em cheque
 
 Atenção
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as 
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
 · Nesta unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um dos 
temas mais importantes da formação da Idade Moderna: “A 
transição do Feudalismo para o Capitalismo”.
 · Procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o 
material complementar. Não esqueça: a leitura é um momento 
oportuno para registrar suas dúvidas, por isso não deixe de 
registrá-las e enviá-las ao professor-tutor. 
 · Para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais 
interativo possível, na pasta de atividades, você também 
encontrará a atividade de sistematização, o fórum de discussão 
e a vídeo-aula.
Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
• Nova burguesia comercial
• A Revolução dos Preços
6
Unidade: Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
Contextualização
A Transição do Feudalismo para o Capitalismo foi um momento marcante para a sociedade na 
politica e na economia que se processou por séculos. Até os dias atuais, o capitalismo apresenta 
metamorfoses para não perder seu posto de política econômica dominante!
Nesse espaço de contextualização, achamos importante inseri-los numa reflexão crítica sobre 
o assunto apresentado, para isso, indicamos a seguir alguns documentários e debates sobre a 
sociedade feudal e a Idade Média. 
Observem as informações adquiridas no texto teórico e relacionem com os documentários. 
Assistam com muita atenção aos dois primeiros vídeos, pois eles refletem o capitalismo na 
atualidade e suas consequências sociais.
Fala, Doutor - Danilo Enrico Martuscelli: Crises Políticas e Capitalismo Neoliberal no Brasil
http://www.youtube.com/watch?v=wEe5tOrooiQ
O Capitalismo hoje: A Globalização Neoliberal, as ondas longas e a financeirização 
http://www.youtube.com/watch?v=8LqWx477S3c
A Vida Na Idade Média
http://www.youtube.com/watch?v=-wjrm6lkLI0
Modo de Produção Feudal
http://www.youtube.com/watch?v=fDybVPrr0c4
Mercantilismo
http://www.youtube.com/watch?v=Y2pQ4_KFyzM
Idade Moderna – Economia
http://www.youtube.com/watch?v=Wz-OPtP_32U
A ASCENÇÃO DAS CIDADES COMERCIAIS 26:31
http://www.youtube.com/watch?v=1dtqgGZRojM
Guerra dos 30 Anos (1)
http://www.youtube.com/watch?v=JBW6f7gqwEM
Guerra dos 30 Anos (2)
http://www.youtube.com/watch?v=qa-3uoQZBuk
Guerra Dos 30 Anos (3
http://www.youtube.com/watch?v=nWuQWV4UH2E
Canção do Século XVI 
http://www.youtube.com/watch?v=A22WYpnrBw4
Links
http://www.youtube.com/watch?v=wEe5tOrooiQ
http://www.youtube.com/watch?v=8LqWx477S3c
http://www.youtube.com/watch?v=-wjrm6lkLI0
http://www.youtube.com/watch?v=fDybVPrr0c4
http://www.youtube.com/watch?v=Y2pQ4_KFyzM
http://www.youtube.com/watch?v=Wz-OPtP_32U
http://www.youtube.com/watch?v=1dtqgGZRojM
http://www.youtube.com/watch?v=JBW6f7gqwEM
http://www.youtube.com/watch?v=qa-3uoQZBuk
http://www.youtube.com/watch?v=nWuQWV4UH2E
http://www.youtube.com/watch?v=A22WYpnrBw4
7
Introdução
É difícil responder brevemente o que é feudalismo e o que é capitalismo! Torna-se mais 
difícil ainda analisar historicamente o processo de transição do sistema feudal para o sistema 
capitalista de produção. Não se trata aqui apenas de analisar como se deu a metamorfose das 
relações econômicas na sociedade, pois essa transformação envolveu mudanças na politica e 
nas relações sociais. 
É importante ressaltar também que o recorte geográfico-temporal para as análises desse 
período se dá na maioria dos países da Europa Ocidental como, por exemplo, Alemanha, 
França, Espanha, Itália, Portugal, Holanda, Bélgica e na Inglaterra, ou seja, a historiografia 
privilegia a análise eurocêntrica. Em outras regiões da Europa e da Ásia esse processo pode ter 
durado até mais ou menos o inicio do século XX, como é o caso da Rússia.
As principais características do feudalismo nesses países foram: poder descentralizado, 
economia baseada na agricultura de subsistência e amonetária e sem comércio onde predominou 
o escambo. O rei, maior suserano nessa cadeia de senhores feudal, dividia suas terras aos 
nobres no sistema de vassalagem, que se tornavam senhores de feudos que agrupava um 
número de servos e colonos nas propriedades que pagavam pesados impostos na forma de 
mão-de-obra e produtos. Essa sociedade estamental não propiciava à base da pirâmide social 
nenhuma possibilidade de ascensão social. Um destaque que deve ser observado é que na 
estrutura intermediária da pirâmide social, além da nobreza também estava o alto clero que 
administrava as grandes propriedades da igreja. O alto clero descendia de famílias de nobres.
A situação social e econômica começou a mudar 
lentamente com o aumento demográfico que se deu 
a partir do século XI. Esse aumento demográfico 
ocasionou um aumento da produção de produtos 
agrícolas. Novas áreas foram sendo cultivadas e novas 
técnicas agrícolas foram surgindo como, por exemplo, o 
arado de ferro1 que substituiu o arado de madeira e a 
construção de moinhos hidráulicos. 
1 Na baixa-idade média além do arado de ferro ter substituído o arado de madeira, outra conquista nessa técnica foi a substituição 
do boi pelo cavalo, além de se utilizar novas maneiras de se atrelar os animais permitindo que fossem utilizados à plena força. Para saber mais 
sobre o arado: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/arroz/arvore/CONT000fq6x5lxh02wyiv80bhgp5ps6ra6re.html
Fonte: Thinkstock / Getty Images | Wikimedia Commons
http: / / le i turasdahistor ia.uol.com.br/ESLH/Edicoes/47/
artigo244648-1.asp
http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/47/artigo244648-1.asp
http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/47/artigo244648-1.asp
8
Unidade: Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
O excedente produzido no campo era comercializado pelos camponeses nas vilas e burgos. 
Produtos artesanais faziam parte desse incipiente comércio. A partir do século XIV começaram 
a surgir em algumas regiões revoltas2 camponesas motivadas pela rigidez politica dos senhores 
feudais. Um dos motivos para essas revoltas se relacionou ao arrocho na cobrança de impostos, 
e a consequência muitas vezes foi o abandono dos feudos pelos servos que foram buscar 
proteção dos senhores dos burgos onde passaram a viver. 
A mercantilização do excedente da produção dos feudos transformou aos poucos as relações 
sociais e politicas entre os senhores feudais e seus servos e colonos, por meio das modificações 
estruturais dessa sociedade levada a cabo pelos mercadores profissionais que comerciavam nas 
vilas e burgos fazendo com que o escambo fosse gradualmente substituído pela comercialização 
da produção forçando o retorno a monetarização, extinta há séculos. Outros fatores como, por 
exemplo, as Cruzadas também transformaram as relações comerciais e monetárias desse período 
fazendo a transição feudalismo capitalismo. No entanto, a grande massa dos trabalhadores dos 
feudos se limitava a consumir o que produzia, não comparecendo às feiras nas vilas para trocar 
seus produtos por outros. 
Em Síntese
Mercantilização: Transformação em mercadoria, em objeto de comércio, visando a interesses 
particulares (...) realização de transações mercantis, comerciais, comercialização. “Para superação 
da alienação, o ponto de partida insuperável é a constatação de que vivemos, como nunca, em um mundo 
dominado pela mercadoria, pela lógica mercantil, pela mercantilização das pessoas e das relações sociais.” 
(Correio Braziliense, 22.09.2004) http://www.aulete.com.br/mercantilização.
A gênese da circulação de mercadorias feudo-cidade
A economia agrícola produzida nos feudos era para consumo próprio, mas não foi essencialmente 
utilizada peloscolonos já que havia as trocas do que se produzia em excesso nas feiras das vilas e 
burgos. A partir do momento em que passou a existir no seio da sociedade rural indivíduos dedicados 
exclusivamente a artesania, parte da produção, como acontecia com os produtos agrícolas, passava 
às mãos dos senhores que negociavam com artigos de luxo vindos do Oriente. Sendo assim, a 
economia feudal não era totalmente blindada, pois além dos senhores negociarem com os mercadores 
os produtos adquiridos do trabalho dos seus servos, o escambo também ocorria entre os colonos dos 
feudos ou mesmo entre os moradores das vilas e burgos. 
2 Exemplos de Revolta Camponesa deste período: Rebelião de Tyler (Inglaterra), Jacquerie (França).
Fonte: Wikimedia Commons
9
Veremos a seguir como se deu a especialização do trabalho, das trocas e negociações no 
período do feudalismo e a crescente urbanização na transição do feudalismo para o capitalismo. 
A cidade: local de disputas e trabalho livre
A confecção de produtos de primeira necessidade dos camponeses foi se desenvolvendo 
lentamente desde o inicio da Idade Média. Gradualmente começou a se traçar uma divisão 
entre a produção artesanal de mercadorias e a agricultura. O resultado desse desenvolvimento 
foi o aparecimento da relação produto-moeda.
Houve a partir do século XI uma crescente especialização dos camponeses que, além de 
se dedicarem a agricultura, começaram a desenvolver outra atividade profissional como, por 
exemplo, tecelões, alfaiates, sapateiros e ferreiros. Com o passar do tempo muitos desses 
camponeses passaram a viver em vilas e pequenas cidades e trocavam seus produtos por 
gêneros agrícolas para sobreviverem com suas famílias, ou seja, ainda estavam na fase do 
escambo. Esses artesãos viviam muitas vezes sob a proteção de mosteiros ou no interior das 
fortificações dos castelos, onde ainda pagavam com seus produtos os impostos a um suserano.
Nesse ambiente, passou a conviver com os artesãos alguns mercadores que passaram a 
negociar seus produtos alimentando uma rede de comércio extinta desde a queda do império 
romano no ano de 476 D.C. O primeiro tipo de comércio que se restabeleceu na Europa foi 
o de produtos de luxo trazidos do Oriente. Aos poucos, a produção que era restrita às vilas 
que a produzia passou a ganhar outros mercados, pois os mercadores começaram a negociar 
as mercadorias produzidas pelos artesãos nas outras cidades que estavam se desenvolvendo 
na Europa fazendo assim o intercâmbio desses produtos com outras regiões. As cidades que 
não passavam de pequenos aglomerados populacionais começaram a se desenvolver e seus 
habitantes que eram ao mesmo tempo agricultores e artesãos passaram a se especializar cada 
vez mais, pois a demanda pelas mercadorias negociadas para além de suas fronteiras passou a 
requisitar cada vez mais tempo e mão-de-obra. 
A especialização dos artesãos foi responsável pelo aparecimento da guilda: corporações de 
ofícios que surgiram a partir do século XII, para regulamentar o processo produtivo artesanal. 
Essas associações eram hierarquizadas (mestres, oficiais e aprendizes) e controlavam a técnica 
de produção de determinado ofício. O associado da guilda tinha como beneficio a defesa de 
seus interesses como o monopólio. Um artesão só poderia exercer uma função no burgo se fosse 
associado à guilda de seu oficio que garantia a eficiência na negociação de seus produtos, fixava 
preços e controlava a qualidade. A desobediência às regras determinadas pela guilda poderia 
causar a expulsão do artesão da vila ou burgo. O aprendiz estava na base dessa hierarquia e 
pagava seu aprendizado com o trabalho.
Com o desenvolvimento do comércio, as vilas e cidades começaram a se desenvolver. 
Cidades italianas como Veneza, Genova, Florença e Milão passaram a comercializar com o 
Oriente e seus mercadores prosperaram rapidamente transformando-as em cidades-estados, 
ou seja, passaram a se autogovernar. As cidades que atingiram esse nível de desenvolvimento 
conquistaram o direito de ter sua própria câmara e de eleger seus funcionários, assegurando 
certa liberdade a seus habitantes em relação aos senhores feudal, bispos e até mesmo príncipes. 
Além das cidades citadas da península itálica, outras regiões como os Flandres no norte da 
Bélgica e do sudoeste da Alemanha passaram a ter importância. Na Inglaterra e na França o 
desenvolvimento urbano cresceu em ritmo constante e nos séculos XII e XIII, o comércio e a 
indústria passaram a ser uma realidade nas cidades desses países.
10
Unidade: Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
A indústria cresceu e o comércio entre as cidades passou a se diversificar. Já era possível 
encontrar artigos em lã, seda, algodão, couro, metal e cerâmica. O campo também se beneficiou 
desse desenvolvimento, onde produtos para o trabalho na terra passaram a ser cada vez mais 
eficientes. As cidades necessitavam de quantidades cada vez maiores de gêneros alimentícios 
como carne, trigo e legumes. A variedade crescia e as frutas passaram a fazer parte do consumo 
regular da população.
No campo politico, os artesãos e comerciantes se uniram para defender seus interesses contra 
os senhores feudais e o clero; e conseguiram certa liberdade pessoal diferente dos camponeses 
que ainda viviam sob a rígida lei dos feudos, que poderia variar substancialmente de região para 
região. A paz era palavra de ordem entre os citadinos. Comerciantes e artesãos interessados em 
expandir seus mercados procuraram evitar guerras locais, assegurando assim um mínimo de lei 
e ordem nas regiões onde mantinham seus negócios.
Outra atitude politica dos citadinos foi apoiar os governos centralizados com autoridade 
necessária para impedir a arbitrariedade dos nobres, que consideravam os assaltos nas 
cidades que cortavam seus feudos uma expressão suprema de valor. Surgiram nesse período 
alianças entre os reis europeus e seus súditos urbanos. Esses súditos ajudavam a patrocinar os 
destacamentos armados da realeza garantindo assim a submissão de seus vassalos. Esse apoio 
deu origem aos estados absolutistas a partir do século XV na Europa. 
A expansão das cidades e da economia sofreu um abalo significativo a partir da segunda metade 
do século XIV e inicio do século XV. Algumas guerras e uma forte epidemia conhecida como peste 
negra3 (1348-1351), devastaram grande parte da população dos países europeus. Apesar dos 
estragos conhecidos, os avanços políticos e econômicos que vinham em marcha desde o século XI 
voltaram a ser observados com mais força a partir de meados do século XV. 
Fonte: Wikimedia Commons
Para Pierre Vilar, as cidades ainda dependiam dos senhores, no entanto, os citadinos 
conseguiram certa autonomia e se rebelaram contra as duras leis que mediava a relação 
senhorial com os camponeses. Mas, coletivamente, mantinham-se atrelados ao sistema feudal, 
já que reconheciam a existência dos suseranos e elas próprias possuíam senhorios. A vantagem 
é que “intramuros” seus habitantes eram livres e participavam da organização coletiva4. 
3 MCNEIL, William. Plagues and Peoples. New York: Anchor Books, 1976.
4 VILAR, Pierre; PARAIN, Charles; SOBOUL, Albert.El Feudalimso. Madrid: Ayuso, 1972.
11
As cidades como protagonistas da transição feudalismo-capitalismo 
As vilas e pequenos burgos foram se desenvolvendo de acordo com sua importância nas 
rotas comerciais, ou seja, ao se tornarem centros comerciais de importância para suas regiões, 
deixaram de ser apenas entreposto de trocas para fornecerem mais do que subsistência, se 
tornaram centros de negócios. 
As cidades se tornaram entrepostos para o comércio de longa distância, nelas, os senhores 
feudais adquiriam os produtos que lhes faltavam nos feudos, em geral artigos de luxo ou exóticos 
para a época. 
Durante o período de formação da sociedade feudal, o comércio do mediterrâneo foi 
praticamente dominado pelos árabes, esse período se estende dos séculos VII ao X. O califado 
de Córdoba e o Império de Bagdá estiveram no controledessa rota comercial introduzindo os 
produtos do Oriente e da Ásia na Europa. 
Fonte: Franz Hogenberg(1535-1590) | Cornelis Anthonisz(1505-1553)
Com as invasões turcas a partir do século XI na Ásia Menor e o declínio da civilização moura, o 
comércio passou a ser dominado pelas cidades da península itálica como, por exemplo, Genova 
e Veneza. Esta rota comercial nas mãos dos italianos introduziu na Europa o comércio de luxo, 
além de especiarias, necessárias para a conserva de alimentos. O meio para escoar os produtos, 
comercializados na região do estreite do Bósforo para os europeus se dava principalmente com 
as cidades as margens de grandes rios que cortavam o continente ou as cidades litorâneas que 
foram as vias preferenciais de comunicação dos mercadores. 
Esse comércio, segundo Avelãs Nunes “estimulou novos artesanatos, novas técnicas de 
trabalho industrial, novas forças de produção, o que contribuiu para aumentar o poder e a 
importância das cidades onde se localizava esse artesanato”.5 Essas novas técnicas foram 
estimuladas pela concorrência que os produtos importados faziam no artesanato local. 
5 NUNES. Antônio José Avelãs. Os sistemas económicos. Coimbra: InsigniaUniversitas, 1994, p. 52.
12
Unidade: Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
O sistema feudal em cheque
O desenvolvimento da indústria artesanal que levou a expansão do comércio e o crescimento 
das cidades que levaram a criação dos estados modernos da Europa contribuiu substancialmente 
para a desagregação da ordem feudal europeia. Esses fatores somados a outros que veremos 
adiante favoreceram a gestação do capitalismo. As cidades e o comércio aprofundaram as 
contradições e conflitos internos do modo de produção e organização social do feudalismo. 
Com a evolução do feudalismo, ocorreram conflitos e dificuldades de várias ordens o que minou 
relação entre o servo e o senhor feudal. A relação de servidão era o sustentáculo desse sistema. 
Segundo Nunes, “o que fez ruir o feudalismo foi sua ineficiência como modo de produção, perante 
as necessidades crescentes de rendimento por parte das classes senhoriais”6. A produtividade do 
camponês era baixa, sua vida miserável tornava quase insuportável a carga de trabalho que lhes 
era destinada para o pagamento dos tributos devidos ao senhor feudal. Para piorar essa situação os 
senhores feudais viviam constantemente em conflitos pelo domínio das terras. 
As guerras entre os senhores feudais e o banditismo do período medieval acarretavam em maior 
cobrança de tributos dos servos para garantir a manutenção dos exércitos dos seus senhores. Os 
exércitos se tornaram em um peso extra para os camponeses. Os soldados eram recrutados entre os 
camponeses o que diminuía a mão de obra para produzir o sustento do feudo.
As Cruzadas, apesar de trazer riquezas para a Europa, também causaram grandes despesas 
para os feudos, além de tirar muita gente do trabalho no campo. Outro fator de gastos exagerados 
e que provocou forte competição entre as casas feudais foi o desenvolvimentos da Cavalaria.
Todos esses fatores somados aumentaram as exigências sobre os servos, cuja situação foi se 
agravando ao final do século XIII. Guerras e epidemias dos séculos XIV e XV diminuíram a mão 
de obra nos campos e com isso houve forte retração nas rendas feudais. 
Segundo Maurice Dobb7 , as dificuldades da economia feudal e as crescentes exigências 
dos senhores aos servos tiveram como consequência “não só exaurir a galinha que punha os 
ovos de ouro para o castelo, mas provocar, em virtude de um total desespero, um movimento 
de emigração [...] das propriedades senhoriais”. Essa emigração retirou dos senhores feudais a 
possibilidade de manter seus gastos elevados, pois ainda ,segundo Dobb, “uma deserção em 
massa por parte dos produtores, que viria retirar do sistema o seu sangue vital e provocar a série 
de crises em que a economia feudal se veria envolvida nos séculos XIV e XV”. 
Segundo Avelãs Nunes, “em alguns países bem se legislou no sentido de proibir o abandono 
dos domínios senhoriais por parte dos servos, mas o movimento não cessou”, pior que isso, a 
falta de mão de obra provocou forte competição pelos servos entre os senhores feudais. Para 
Sweezy8 , “o declínio do feudalismo na Europa Ocidental se deveu à incapacidade da classe 
governante para conservar o controle sobre [os servos], e consequentemente para explorar a 
força de trabalho da sociedade”. 
6 NUNES. Antônio José Avelãs. Os sistemas económicos. Coimbra: Insignia Universitas, 1994.
7 DOBB, Maurice. Studies in the development of capitalism.London: Routledge & Sons, 1946, p. 46.
8 SWEEZY, Paul; DOBB, Maurice.Do feudalismo ao capitalismo. Lisboa: Dom Quixote, 1971, p. 40
13
Para Avelãs Nunes, “assim se desencadearam os fatores de cuja complexa interação resultaria 
a destruição do feudalismo. A fuga dos servos não significou apenas mudança na condição dos 
que partiam, acelerou também o fim da condição servil dos que ficavam nos domínios”. Essa 
situação enfraqueceu a posição dos suseranos, “sob a pressão das dificuldades, os senhores 
foram obrigados a conceder maior liberdade aos servos e a transformar em rendas e dinheiro as 
prestações de trabalho direto e as rendas em espécie”. Ao receber o pagamento pelo seu trabalho, 
“o pagamento das rendas em dinheiro trouxe consigo a necessidade de os camponeses venderem 
os seus produtos no mercado, assim entrando a economia fechada dos domínios rurais na roda 
das relações de comércio.9”
As condições para a instalação do capitalismo
Para que o capitalismo se instalasse seria necessário que houvesse 
uma acumulação de capital. Uma das condições para que isso ocorresse 
se deu por meio da iniciativa involuntária do papa Urbano II no ano de 
1095 que convocou a primeira Cruzada para reconquistar a Palestina 
para os cristãos. Vejamos as Cruzadas.
Cruzada é um movimento militar de inspiração cristã que partia da Europa em 
direção a Palestina e à cidade de Jerusalém com a intenção de reconquistá-la do 
domínio mulçumano que havia se estabelecido nessa região desde o século VII. As 
ações militares dos Cruzados, num total de nove, se estendeu do século XI ao XIII. 
As Cruzadas
As relações entre o Ocidente e o Oriente se restabeleceram a partir das cruzadas no final do 
Século XI e inicio do Século XII. O termo cruzada não era conhecido no tempo histórico em que 
ocorreu, essas incursões militares para retomada da Palestina era denominada de “peregrinação” 
ou “guerra santa”. Por volta do ano 1000, havia a crença de que o mundo estava perto do fim. 
Essa crença fez com que aumentasse muito a quantidade de peregrinos cristãos à “terra santa” 
como forma de penitência para se evitar o inferno. 
Essas peregrinações e em sequência as guerras de combate contra os mouros para reconquista 
de Jerusalém e da Palestina contribuíram de forma incidental para um reavivamento comercial 
entre a Europa e o Oriente. Foi reaberta a rota do Mediterrâneo onde se desenvolveu um 
intenso comércio, feito especialmente pelas cidades-estados da Península Itálica e dos Países 
Baixos para o norte da Europa. 
Os produtos de luxo trazidos pelos italianos e flamengos, que haviam financiado parte 
das cruzadas, trouxe grandes lucros. Desde esse período até a invasão turco-otomana em 
Constantinopla no ano de 1453, os italianos dominaram esse comércio para a Europa. 
Esse comércio internacional de bens de luxo que abastecia a nobreza europeia favoreceu a 
acumulação de capital para seus mercadores. Essa riqueza que começou a abastecer a Europa 
deve-se diretamente as Cruzadas. 
9 NUNES. Antônio José Avelãs. Os sistemas económicos. Coimbra: Insignia Universitas, 1994, pp. 52-53.
Fonte: Thinkstock/Getty Images
14
Unidade: Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
Para Avelãs Nunes, “a primeira grande acumulação de capitais na Europa, capitais que 
fizeram a fortuna de uma nova classe de comerciantes que assim se apropriava de uma parte do 
subproduto agrícola que os camponesesentregavam à classe dominante dos senhores feudais”10 
. Portanto, foi a partir do acumulo primitivo de capital produzido pela abertura involuntária pelas 
Cruzadas de uma rota comercial no Mediterrâneo ligando a Europa ao Oriente que possibilitou 
a formação de uma nova estrutura econômica na Europa, o Capitalismo. 
Capital: usura e especulação
A acumulação primitiva de capital iniciada no século XII se acentuou no final do século XIV 
e inicio do século XV favorecendo o enriquecimento e poderio dos comerciantes, banqueiros, 
agiotas, especuladores, em geral italianos. A acumulação de capital provinha particularmente 
dos empréstimos a juros elevados aos camponeses e aos senhores da nobreza. Nesse caso, os 
fins para o pedido de empréstimo de cada ator social dos extremos da pirâmide social era muito 
distinto. Os camponeses emprestavam a juros para poder pagar impostos, comprar semente 
e utensílios necessários para o trabalho, já os nobres em alguns casos queriam manter o alto 
padrão de vida.
Segundo Denis 11, banqueiros famosos desse período como os Médicis, os Fugger, os Welser 
e Jacques Cour na França chegaram a emprestar dinheiro a reis europeus com juros elevados 
que batiam a casa dos cinquenta por cento. A fortuna desses banqueiros em muito ultrapassava 
a da maioria dos príncipes e alguns reis europeus.
O capitalismo primitivo que gerou a riqueza de algumas famílias europeias propiciou a essas 
monopolizar alguns setores da economia o que facilitou a especulação de preços dos produtos 
que detinham em períodos de escassez. Em algumas ocasiões, a Europa passou por sérias crises 
na produção de alimentos como, por exemplo, em períodos de guerras e epidemias. Nessas 
ocasiões, os atravessadores vendiam mercadorias como trigo e gêneros alimentícios a preços 
muito elevados e, portanto, obtinham elevados lucros que iam acumulando.
Fonte: Thinkstock/Getty Images
10 NUNES. Antônio José Avelãs. Os sistemas económicos. Coimbra: Insignia Universitas, 1994, p. 57.
11 HENRI, Denis. História do pensamento econômico. Lisboa: Gleba, [s.d.], p. 89.
15
Nova burguesia comercial
Nobreza
No final do século XVI, os italianos tiveram a companhia dos portugueses e espanhóis que 
a partir dos portos de Lisboa, Cádiz e Sevilha abasteciam a Europa com produtos de suas 
colônias da América e de entrepostos do Extremo oriente. Os primeiros colonos e conquistadores 
do Novo Mundo chegavam a pagar elevadas quantias em ouro e prata para obter em troca 
azeite, vinhos e tecidos provenientes da Europa, já que esses metais preciosos para eles eram 
mercadorias baratas, pois extraiam das minas descobertas com a invasão das terras americanas.
Houve nesse período uma aproximação entre os novos detentores do poder econômico, 
banqueiros e comerciantes, e a nobreza, em vários países, ou seja, a nova burguesia não se 
contrapôs à nobreza formando assim alianças de interesses.
O capital mercantil: o comércio mundial
Para Pierre Vilar, “pela primeira vez técnicas industriais e técnicas de comunicação 
ultrapassaram a técnica agrícola, É o começo de um processo que situará a indústria no primeiro 
plano do progresso”12 . Vilar está se referindo ao século XV onde os inventos que impulsionaram 
o progresso foram maiores que os realizados no século XVII. No século XV, funcionou o primeiro 
alto forno, a ciência náutica teve grande impulso e o uso da artilharia obrigou a impulsionar a 
produção de metal. 
Ainda segundo Vilar, “o apelo comercial da indústria têxtil faz com que na Inglaterra e em 
Castela a criação de carneiros concorra com a agricultura e despovoe os campos. É uma 
especialização que vai ao sentido do capitalismo: produção para o grande comércio”13. 
Porém, “este impulso interno foi finalmente interrompido a partir dos últimos anos do século 
XV, por injeção de riqueza exterior devido à expansão marítima e colonial”14. 
A arte de navegar teve suas técnicas aperfeiçoadas na península ibérica, o que propiciou a 
esses povos o início de grandes expedições marítimas. No crepúsculo do século XV, Cristóvão 
Colombo, no ano de 1491, na tentativa de atingir as Índias, deu com suas embarcações no 
continente que seria futuramente chamado de América. Na esteira dessa descoberta, Pedro 
Alvares Cabral encontrou terras mais ao sul no ano de 1500 que se chamaria Brasil. Vasco da 
Gama chegou à Índia no ano de 1498 e Bartolomeu Dias contornou o cabo da boa esperança 
no ano de 1487. Essas descobertas foram importantíssimas para o acumulo de capital devido à 
exploração do ouro e da prata e novos produtos que foram comercializados na Europa.
A invenção da imprensa como veículo difusor de pensamento veio a consolidar as novas 
descobertas e a circulação de ideias. A concepção de homem e de mundo se transformou com 
o grande impacto causado pelos descobrimentos do novo mundo.
Como escreveu Marx “o comércio mundial e o mercado mundial abrem, no século XVI, a 
12 VILAR, Pierre; PARAIN, Charles; SOBOUL, Albert. El Feudalismo. Madrid: Ayuso, 1972, p. 58.
13 VILAR, Pierre; PARAIN, Charles; et. ali. Do feudalismo ao capitalismo: uma discussão histórica. 10 ed. São Paulo: Contexto, 2006, pp. 40-41
14 Vilar, Pierre; PARAIN, Charles; et. ali. Do feudalismo ao capitalismo: uma discussão histórica. 10 ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 41
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Unidade: Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
moderna história da vida do capital”. Essa mudança operada na forma de realizar os negócios 
mundialmente provocou uma revolução comercial. Para Vilar, “foi o maior boom histórico do 
capital mercantil”15. 
As análises dos especialistas no estudo do capitalismo que qualificaram o impacto da 
mundialização da economia como uma revolução levou em conta também a entrada de novos 
produtos que se inseriram nos negócios realizados como, por exemplo, o açúcar, o chá, o café, 
o tabaco, o milho, o cacau. Outro comércio extremamente lucrativo realizado nesse contexto 
e que marcou negativamente a história da humanidade foi o comércio de escravos negros 
africanos utilizados na colonização e cultivo de produtos coloniais. O comércio marítimo dos 
produtos coloniais foi monopolizado por grandes sociedades por ações constituídas nos Países 
Baixos, na Inglaterra e na França.
Fonte: Jan van Eyck,1434 | Thinkstock/Getty Images | Nicholas Hilliard,1599
 
A Revolução dos Preços
 
Avelãs Nunes escreveu16 que “como consequência imediata dos descobrimentos, afluem 
à Europa tesouros fabulosos, produto do saque a que foram sujeitos os povos autóctones, 
nomeadamente os tesouros dos Incas e dos Maias”. 
As riquezas adquiridas à base da exploração dos povos autóctones das Américas foram 
gastas em artigos de luxo e expedições militares de conquista. Uma parte foi para as mãos 
de banqueiros e grandes mercadores que se tornaram poderosos intermediários dos negócios 
coloniais. Outra parte da riqueza, principalmente oriundas da América espanhola, teve seu 
destino atravessado pelos piratas ingleses.
A exploração sistemática dos territórios colonizados e a utilização da mão de obra escrava, 
tanto a de negro quanto a de índios, para a produção de mercadoria comerciável na Europa, 
tiveram custo de produção muito baixo. A quantidade de ouro e prata produzida no século XVI 
nas colônias americanas foi tão grande que seu preço ficou diluído em relação ao valor de outros 
bens que chegavam à Europa. A consequência disto foi que os preços das mercadorias subiram 
muito em relação aos metais utilizados como moeda. O lucro proveniente dessa inflação nos 
15 VILAR, Pierre; PARAIN, Charles; SOBOUL, Albert. El Feudalismo. Madrid: Ayuso, 1972, p. 64.
16 NUNES. Antônio José Avelãs. Os sistemas económicos. Coimbra: Insignia Universitas, 1994, p. 62.
17
preços dos bens de consumo no mercado europeu deve-se à exploração do trabalho escravo e 
a abundância de metais preciosos produzidos na América. 
Segundo Avelãs Nunes, “a situação das classes sociais, do ponto de vista da riqueza de 
cada uma, alterou-se consideravelmente em favor da burguesia comerciantee em desfavor 
da nobreza rural e das classes trabalhadoras”17 . A nobreza se vê arruinada por viver de 
renda fixa e de longo prazo, agravado pelo fato de que o valor da propriedade rural foi 
se depreciando. Em razão desse empobrecimento, a nobreza foi perdendo sua posição 
dominante para a burguesia comercial em constante ascensão que passou a comprar muitas 
propriedades e títulos nobiliárquicos. 
Trocando Ideias
“A verdadeira riqueza, aliás, deixa de consistir na propriedade das terras, para passar a residir na 
titularidade dos papéis de crédito. São as ações das sociedades anônimas, são as letras que de 
meros instrumentos de câmbio que inicialmente foram, se transformaram [...] em instrumento poderoso de 
mobilização de riqueza; são os títulos representativos de hipoteca, que facilitam a circulação de crédito [...] a 
riqueza torna-se mais facilmente mobilizável e o comércio ganha novas possibilidades de desenvolvimento” 
(Avelãs Nunes, op. cit., p. 65) 
 As classes trabalhadoras, camponeses e artesãos, também sofreram com a diminuição do 
poder de compra da moeda. O poder público passou a intervir nos salários e proibir o direito de 
coalisão e associação. Os camponeses também sofreram com o afluxo de capitais para as terras 
cultiváveis. Na França e em Castela, os campos foram ocupados por rebanhos de ovinos para 
produção de lã, que teve grande alta em seu valor, em consequência do desenvolvimento das 
manufaturas de tecidos. “Foi uma primeira especialização na agricultura, de sentido e efeitos 
favoráveis ao capitalismo: produção para o grande comércio, êxodo rural e afluxo de mão de 
obra às cidades, proletarização dos camponeses”. 
A consequência disso tudo é que as terras antes cultiváveis passam às mãos da burguesia 
comercial interessada em utilizá-las na produção de produtos de fácil comercialização como, por 
exemplo, a lã que acabamos de citar acima. Nos Flandres a indústria têxtil garantiu um mercado 
compensador para os produtores de lã. 
Fonte: Pieter Brueghel the Elder, 1568.
17 NUNES. Antônio José Avelãs. Os sistemas económicos. Coimbra: Insignia Universitas, 1994, p. 65.
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Unidade: Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
Na Inglaterra, em consequência da Guerra das Duas Rosas (uma disputa entre os York e os 
Lancaster), houve o estrangulamento das casas feudais no período de 1455 a 1485 e o inicio 
do absolutismo dos Tudor. A nova nobreza que ascendeu após a guerra, “compreendeu que a 
riqueza era agora a fonte do prestigio e do poder”. Esses nobres se lançaram na empreitada de 
apropriar-se das terras comunais e cercá-las, formando os enclosures, grandes propriedades, 
direcionadas à criação de ovinos para comercializarem com as fábricas têxteis. Essa medida foi 
muito importante na evolução da economia inglesa para o capitalismo. 
Trocando Ideias
A criação de ovinos não dependia de um número grande de trabalhadores para sua 
manutenção e ainda implicava na diminuição da área disponível para produção de 
alimentos. A consequência disso foi que um grande número de trabalhadores ficou sem 
ocupação nos campos, ao migrarem para as cidades constituíram grandes massas de 
mendigos e desempregados. (Avelãs Nunes, op. cit., p. 67)
O capitalismo desbancando o feudalismo...
A substituição de um modelo político-econômico por outro foi se processando ao longo 
dos séculos XII-XVIII. Nesse período houve, paulatinamente, grande acumulação de capitais 
por parte da nova burguesia comercial, inicialmente italiana, e depois se expandiu para outras 
regiões da Europa até atingir no século XVI a península Ibérica. Em países como Inglaterra e 
França, após sucessivas guerras e desintegração do sistema feudal, os camponeses formaram 
grandes contingentes de reserva de mão de obra disponível para contratação nas fábricas em 
regime de trabalho assalariado. Essa condição foi imposta aos camponeses que não dispunham 
de outro meio de subsistência.
A acumulação primitiva de capital teve um declínio considerável, após a descoberta do “Novo 
Mundo” já que a abundância de metais preciosos fez declinar a os empréstimos e a cobrança 
de juros praticados pela burguesia comercial. No entanto, esse “problema” foi contornado pelo 
sistema capitalista que estava se instalando. A burguesia comercial aumentou gradativamente 
sua participação no sistema produtivo até assumir seu controle e instalar no final do século 
XVIII e início do século XIX uma das maiores revoluções dos tempos modernos, a Revolução 
Industrial Inglesa que foi se expandindo pela Europa e chegou aos Estados Unidos da América! 
Outro fator que, segundo alguns estudiosos, ajudou sedimentar o capitalismo, foi a Reforma 
Religiosa que é um capítulo a parte nos estudos da História Moderna. 
 
19
Material Complementar
Para aprofundar as discussões apresentadas na unidade: Do feudalismo ao capitalismo: 
transição é indispensável que se faça algumas leituras complementares sobre o tema. 
Recomendamos a leitura das indicações abaixo:
AMARAL, João Ferreira. Introdução à macroeconomia. 2..ed. Porto: Escolar, 2007.
SMITH, Adam. Riqueza das Nações. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983. 
BLAUG, Mark. História do Pensamento Económico I. Alfragide: Dom Quixote, 1992.
DOBB, Maurice. Teorias do Valor e Distribuição desde Adam Smith. Lisboa. Presença, 1977.
KARL Marx v. 1 – Disponível em:
http://www.marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/
LARANJEIRO, Mazza. Capital, juro e lucro. Boletim de Ciências Económicas. Coimbra, 1985.
MEEK, Ronald. Economia e ideologia. Barcelona: Ariel, 1972.
SEN, A. Comportamento econômico e sentimentos morais. Lua Nova: Revista de Cultura 
e Política, n. 25, p. 103–130, 1992.
http://www.marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/
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Unidade: Do Feudalismo Ao Capitalismo: Transição
Referências
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Ática, 1991. 
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CORVISIER, André. História Moderna. Rio de Janeiro: Difel, 1980. 
DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. 
DOBB, Maurice. Studies in the development of capitalism. London: Routledge & Sons, 1946.
FALCON, Francisco. Mercantilismo e transição. 11. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990. 
FOSSIER, Robert. A era feudal (séc. XI a XIII). In: BURGUIÉRE, A. (Coord.). História da família. 
Lisboa: Terramar, 1986.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1984. 
HENRI, Denis. História do pensamento econômico. Lisboa: Gleba, [s.d.].
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para o capitalismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. 
MCNEIL, William. Plagues and Peoples. New York: Anchor Books, 1976.
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3. ed. São Paulo: Contexto, 1993. 
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NUNES. Antônio José Avelãs. Os sistemas económicos. Coimbra: Insignia Universitas, 1994.
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e Terra, 1983. 
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feudalismo ao capitalismo: uma discussão histórica. São Paulo: Contexto, 1988.
VILAR, Pierre; PARAIN, Charles; et. ali. Do feudalismo ao capitalismo: uma discussão histórica. 
10 ed. São Paulo: Contexto, 2006.
VILAR, Pierre; PARAIN, Charles; SOBOUL, Albert. El Feudalismo. Madrid: Ayuso, 1972.
21
Anotações
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