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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 83 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola CAPÍTULO 15. RECEITUÁRIO AGRONÔMICO 15.1 HISTÓRICO A comercialização de produtos fitossanitários vinculada a uma receita agronômica é uma exigência legal ou prática recomendada em muitos países há algum tempo. Como exemplo pode-se citar que na Califórnia, EUA, em 1978, já existiam cerca de 2.800 agrônomos creden- ciados a autorizarem a venda de produtos fitossanitários. No Brasil, tal medida tornou-se obri- gatória desde 11 de julho de 1989, data da publicação da Lei Federal no 7.802. Entretanto, desde o início da década de 70 as preocupações com o uso indiscriminado de produtos fitossanitários eram motivo de discussões, em razão do crescente número de ocor- rências de acidentes com agricultores e agressões ao ambiente registradas no nosso país, espe- cialmente no Rio Grande do Sul. Esse fato motivou uma recomendação de restrição a vendas de produtos fitossanitários na “I Convenção Regional do Centro de Estudos de Toxicologia do Rio Grande do Sul” realizada em 3 de agosto de 1974. Nela os convencionais propunham um sistema de bloqueio regional para produtos fitossanitários altamente tóxicos ou persistentes e a comercialização desses através de receita agronômica assinada por um agrônomo. No ano seguinte, 1975, durante o “Simpósio sobre Toxicologia dos Pesticidas e Enve- nenamento Ambiental”, organizado pela Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul, foi ratificada a necessidade de implantação do Receituário Agronômico para a venda de pesticidas. Já em 1976, foi apresentado um trabalho que relatava a experiência posta em prática, e com sucesso, pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Nordeste do Rio Grande do Sul, na qual obteve-se uma redução no uso de produtos fitossanitários, na região de Santa Rosa (RS), pela venda controlada (pela cooperativa), através de prescrição técnica. Em 1977, o Conselho de Desenvolvimento Agropecuário do Rio grande do Sul reco- mendou a implantação do Receituário Agronômico naquele estado. Atendendo a essa recomen- dação, o Banco Central do Brasil, através da “Carta Grupal no 2.697”, determinou que as verbas destinadas aos tratamentos fitossanitários somente fossem liberadas mediante a apresentação da receita agronômica. Estava, dessa forma, implantado de fato o Receituário Agronômico no Estado do Rio Grande do Sul. Contudo, somente em 1989, como mencionado anteriormente, foi publicada uma lei federal tornando obrigatório o Receituário Agronômico em todo o terri- tório nacional. AULA 15 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 84 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola Dentre as vantagens da adoção do Receituário Agronômico, podem-se destacar: a) Contribuição para uma maior conscientização do uso de produtos fitossanitários; b) valorização do meio ambiente, com medidas efetivas para protegê-los; c) facilitar a adoção do manejo integrado de pragas (MIP), processo que envolve a condução de cultura supervisionada; d) indução ao emprego de produtos fitossanitários mais seguros e mais eficientes; e) criação de um corpo de assistência técnica de alto nível, valorizando a classe; f) criação de novas condições para uma comunicação mais efetiva entre técnicos e agricultores; g) permissão para maior rigor nas fiscalizações dos problemas de ordem toxicológica. Os conceitos fundamentais do Receituário Agronômico, resumidamente, são: a) Busca da origem do problema fitossanitário com vista a atingi-lo com o máximo de eficiência e o mínimo de insumos; b) exige do técnico (Engenheiro Agrônomo ao Florestal) conhecimento profissional para que se possa realmente atingir os objetivos a que se propõe; c) impõe e assume toda a responsabilidade profissional, em toda a sua amplitude, através de seu documento base; a receita agronômica; d) é antes de tudo uma metodologia de trabalho a ser seguida por quem atua na área fitossani- tária. Não confundir Receituário Agronômico com receita agronômica; a receita é apenas o instrumento final de todo o processo desenvolvido, envolvendo características técnicas e éticas. 15.2 LEGISLAÇÃO A Lei 7.802, de 11 de julho de 1989, posteriormente regulamentada pelo Decreto no 98.816, de 11 de janeiro de 1990, também conhecida como a “Lei dos Agrotóxicos”, é bastante abrangente, pois trata da pesquisa, experimentação, propaganda comercial, utilização, comer- cialização, fiscalização, etc., até o destino final dos resíduos e embalagens. Além disso, prevê penalidades a todos os segmentos envolvidos em atividades agrícolas que promovam danos ao meio ambiente e à saúde humana. Após a promulgação dessa Lei Federal, foram publicadas Leis Estaduais, Leis Munici- pais, Resoluções e Normas de Entidades de Classe (CREA, CONFEA), visando à adequação dos diferentes setores à nova legislação vigente. No Estado de Minas Gerais, por exemplo, foi publicada a Lei no 10.545, em 13 de dezembro de 1991, regulamentada pelo Decreto no 33.945, em 18 de setembro de 1992, que trata desse assunto (Receituário Agronômico). NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 85 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola É importante ressaltar que as leis devem ser consultadas no caso de dúvidas, e, princi- palmente, respeitadas. Dessa forma, neste tópico serão feitos, a seguir, apenas comentários ou citações de alguns pontos fundamentais (artigos completos ou apenas parágrafos e/ou incisos) do Decreto no 98.816 (Anexo1): A) Os principais conceitos desse Decreto podem ser encontrados no artigo 2o, no qual foram destacados: Art. 2o - Para os efeitos deste Regulamento, entende-se por: VII - comercialização - a operação de comprar, vender, permutar, ceder ou repassar os agrotóxicos, seus componentes e afins; IX - utilização - o emprego de agrotóxicos e afins, através de sua aplicação, visando a alcançar uma determinada finalidade; XII - resíduo - a substância ou mistura de substâncias remanescentes ou existentes em alimentos ou no meio ambiente, decorrente do uso ou não de agrotóxicos e afins, inclusive qualquer derivado específico. Tais como produtos de conversão e de degradação, metabólitos, produtos de reação e impureza, considerados toxicológica e ambientalmente importantes; XV - registro de empresa e de prestador de serviços - o ato privativo dos órgãos compe- tentes estaduais, municipais e do Distrito Federal, concedendo permissão para o funcionamento do estabelecimento ou unidade prestadora de serviços; XVI - classificação - a diferenciação de um agrotóxico ou afim em classes, em função de sua utilização, modo de ação e potencial ecotoxicológico ao homem, aos seres vivos e ao meio ambiente; XX - agrotóxicos - os produtos químicos destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos, em- pregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento; XXI - componentes - os princípios ativos, os produtos técnicos, suas matérias primas, os ingredientes inertes e aditivos usados na fabricaçãode agrotóxicos e afins; XXII - afins - os produtos e os agentes de processos físicos e biológicos que tenham a mesma finalidade dos agrotóxicos, bem como outros produtos químicos, físicos e biológicos utilizados na defesa fitossanitária, domissanitária e ambiental, não enquadrados no inciso XX; NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 86 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola XXIII - agente biológico de controle - o organismo vivo, de ocorrência natural ou obtido através de manipulação genética, introduzido no ambiente para o controle de uma população ou de atividades biológicas de outro organismo vivo considerado nocivo; Parágrafo Único - A classificação que trata o inciso XVI no que se refere à toxicidade humana, obedecerá a seguinte gradação: a) classe I - extremamente tóxico; b) classe II - altamente tóxico; c) classe III - medianamente tóxico; e d) classe IV - pouco tóxico. B) A propaganda dos produtos fitossanitários também foi abordada. Art. 44 - A propaganda comercial de agrotóxicos, componentes e afins, em qualquer meio de comunicação. conterá, obrigatoriamente, clara advertência sobre os riscos do produto à saúde dos homens , animais e ao meio ambiente, e observará o seguinte: I - estimulará os compradores e usuários a ler atentamente o rótulo e, se for o caso, o folheto, ou a pedir que alguém os leia para eles, se não souberem ler; II - não conterá a) representação visual de práticas potencialmente perigosas, tais como a manipulação ou aplicação sem equipamento protetor, o uso em proximidade de alimentos ou em presença de crianças; b) afirmações ou imagens que possam induzir o usuário a erro quanto à natureza, com- posição, segurança e eficácia do produto, e sua adequação ao uso; c) comparações falsas ou equívocas com outros produtos; d) indicações que contradigam as informações obrigatórias do rótulo; e) declarações de propriedades relativas à inoquidade, tais como "seguro", "não vene- noso", "não tóxico", com ou sem uma frase complementar, como: "quando utilizado segundo as instruções"; e f) afirmações de que o produto é recomendado por qualquer órgão do Governo; III - conterá clara orientação para que o usuário consulte profissional habilitado e siga corretamente as instruções recebidas; IV - destacará a importância do manejo integrado de pragas; e V - restringir-se-á, na paisagem de fundo, as imagens de cultura ou ambientes para os quais se destine o produto. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 87 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola Parágrafo Único - O oferecimento de brindes deverá atender, no que couber, às dispo- sições do presente artigo, ficando vedada a oferta de quantidades extras do produto a título de promoção comercial. C) Os artigos 45, 46 e 47 tratam do destino final das embalagens. Como esse assunto é muito importante, a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo também sugeriu algumas soluções alternativas que dependem de aprovação formal dos órgãos estaduais e mu- nicipais competentes. Art. 45 - É proibida a reutilização de embalagens de agrotóxicos e afins pelo usuário, comerciante, distribuidor, cooperativas e prestadores de serviços. Parágrafo Único - O órgão federal registrante poderá autorizar o reaproveitamento de embalagens de agrotóxicos, seus componentes e afins, pela empresa produtora, ouvidos os de- mais órgãos federais envolvidos. Art. 46 - O descarte de embalagens e resíduos de agrotóxicos e afins, deverá atender às recomendações técnicas apresentadas na bula, relativas aos processos de incineração, enterro e outros, observadas as exigências dos setores de saúde, agricultura e meio ambiente. Art. 47 - No caso de agentes biológicos de controle, os resíduos deverão ser incinerados. D) Os artigos 51 a 54 estão relacionados com a receita agronômica, nos quais podem-se destacar os seguintes aspectos: 1) De acordo com decisões normalizadoras das Entidades de Classe (CREAs), foi defi- nido como legalmente habilitados para prescrição do Receituário Agronômico os Engenheiros Agrônomos e Florestais; e os Engenheiros Agrícolas, os tecnólogos e Técnicos Agrícolas como habilitados na condução da aplicação dos agrotóxicos constantes da receita, na situação de pre- postos. 2) Só poderão ser prescritos produtos com observância das recomendações de uso apro- vadas no registro. 3) Uma receita deverá conter todas as informações solicitadas nos artigos 52 e 53. Portanto, não há a necessidade de se usarem formulários padronizados; porém, devido ao número elevado de informações solicitadas, torna-se mais simples a utilização dos formulários padrão (CREA, Cooperativas, etc.). 4) Há a distinção de produtos fitossanitários (objeto dessa Lei) e de produtos domissa- nitários (de acordo com o artigo 54). Art. 51 - Os agrotóxicos e afins só poderão ser comercializados diretamente ao usuário, mediante apresentação de receituário próprio prescrito por profissional legalmente habilitado. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 88 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola § 1o - Considera-se usuário toda pessoa física ou jurídica que utilize agrotóxico ou afim. § 2o - Considera-se legalmente habilitado o profissional que possua formação técnica, no mínimo, de nível médio ou segundo grau, na área de conhecimentos relacionados com a matéria de que trata este regulamento, e esteja inscrito no respectivo órgão fiscalizador da pro- fissão. Art. 52 - A receita referida neste capítulo deverá ser expedida em 5 (cinco) vias, a pri- meira permanecendo em poder do estabelecimento comercial, a segunda com o usuário, a ter- ceira com o profissional que a prescreveu, a quarta com o Conselho Regional Profissional e a quinta com o órgão estadual competente. § 1o - A receita deverá ser mantida à disposição dos órgãos fiscalizadores pelo período de no mínimo 5 (cinco) anos, a contar da data da emissão. § 2o - O estabelecimento comercial deverá remeter até o quinto dia útil do mês subse- quente uma via da receita ao Conselho Regional Profissional e outra ao órgão estadual compe- tente. Art. 53 - A receita deverá ser específica para cada problema e deverá conter, no mínimo: I - nome e endereço completo do técnico responsável, e número de seu registro no Con- selho Regional Profissional; II- nome do consulente, da propriedade e sua localização; III - diagnóstico; e IV - recomendação técnica com as seguintes informações: a) nome do produto comercial que deverá ser utilizado; b) cultura e área onde será aplicado; c) dosagens de aplicação e quantidade totais a serem adquiridas d) modalidade de aplicação, sendo que no caso de aplicação aérea devem ser registradas as instruções específicas; e) época de aplicação; f) intervalo de segurança; g) precauções de uso; h) primeiros socorros nos casos de acidentes; i) advertências relacionadas à proteção do meio ambiente; j) instruções sobre a disposição final de resíduos e embalagens; l) orientações quanto ao manejo integrado de pragas; m) orientação quanto à utilização de equipamento de proteção individual (EPI); e NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 89 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícolan) data, assinatura e carimbo do técnico, com indicação do nome, do registro no Conselho Regional Profissional e do CPF. Parágrafo Único - Só poderão ser prescritos produtos com observância das recomenda- ções de uso aprovadas no registro. Art. 54 - Consideram-se como caso excepcional, de acordo com art. 13 da Lei 7.802 de 1989, a prescrição e a venda de agrotóxicos destinados à higienização, desinfeção ou desinfes- tação de ambientes domiciliares, públicos ou coletivos, ao tratamento de água e ao uso em campanhas de saúde pública. E) A fiscalização sobre a comercialização de produtos fitossanitários encontra-se no artigo 64. Art. 64 - A fiscalização será exercida sobre os produtos em comercialização, em esta- belecimentos produtores e comerciais e em depósitos ou outros locais de propriedade dos usu- ários, de acordo com as especificações baixadas em ato administrativo. Parágrafo Único - Constatada qualquer irregularidade, o produto será apreendido e sub- metido a análise fiscal. f) Os artigos 71 a 73 abordam as infrações. É importante ressaltar que as responsabili- dades administrativa, civil e penal, nos casos previstos na Lei, poderão recair sobre o profissi- onal que receitar erradamente, displicentemente ou indevidamente a utilização de agrotóxicos e afins. Art. 71 - Constitui infração, para os efeitos deste Regulamento toda ação ou omissão que importe na inobservância de preceitos nele estabelecidos ou na desobediência às determi- nações de caráter normativo dos órgãos ou das autoridades administrativas competentes. § 1o - Responderá pela infração que a cometer, incentivar a sua prática ou dela se bene- ficiar. § 2o - Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual a infração não teria ocorrido. § 3o - Exclui a imputação de infração a causa decorrente de força maior ou proveniente de eventos naturais ou circunstâncias imprevisíveis. Art. 72 - As responsabilidades administrativa, civil e penal, nos casos previstos na Lei, recairão sobre: III - o profissional que receitar a utilização de agrotóxicos e afins de forma errada, dis- plicente ou indevida; IV - o comerciante que efetuar venda de agrotóxicos e afins sem o respectivo receituário ou em desacordo com o mesmo; NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 90 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola V - o empregador que não fornecer ou não fizer a manutenção dos equipamentos de proteção individual do trabalhador ou não proceder à manutenção dos equipamentos destinados à produção, distribuição e aplicação dos agrotóxicos e afins; e VI - o usuário ou o prestador de serviços que utilizar agrotóxicos e afins em desacordo com o receituário. Art. 73 - São infrações: V - armazenar agrotóxicos, seus componentes e afins, sem respeitar as condições de segurança, quando haja riscos à saúde humana e ao meio ambiente; VI - comercializar agrotóxicos e afins sem receituário; VIII - utilizar inadequadamente agrotóxicos, seus componentes e afins, bem como não utilizar equipamentos de proteção da saúde do trabalhador; IX - utilizar agrotóxicos, seus componentes e afins sem os devidos cuidados com a pro- teção da saúde humana e do meio ambiente; X - utilizar agrotóxicos e afins em desacordo com o receituário; XIV - receitar erradamente, displicentemente ou indevidamente; XV - não fornecer ou não fazer a manutenção dos equipamentos de proteção do traba- lhador; e XVI - dar destinação indevida à embalagem, aos restos e resíduos dos agrotóxicos, seus componentes e afins. 15.3 BASES DO RECEITUÁRIO AGRONÔMICO 15.3.1 COMPETÊNCIA LEGAL E PROFISSIONAL Competência Legal – De acordo com a resolução do CONFEA no 3444, de 27/07/90, apenas o Engenheiro Agrônomo e o Engenheiro Florestal, dentro de suas respectivas atribuições profissionais, podem prescrever os produtos fitossanitários. Entretanto, para tornar-se um profissional competente é necessário que o técnico adquira conhecimentos acadêmicos básicos na área de Defesa Fitossanitária, principalmente em relação ao Manejo Integrado de Pragas, de Doenças e de Plantas Invasoras. Além disso, não se deve esquecer da “Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários”, como ferramenta impor- tante e complementar ao Receituário Agronômico e, ainda, a disposição final de resíduos e embalagens (Anexo 2). NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 91 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola 15.3.2 ÉTICA E VISÃO GLOBAL DOS PROBLEMAS O profissional deve ter um compromisso com sua consciência, sabendo que ele tem um papel social, político e humano a ser cumprido (Anexo 3). Deve-se ter, em cada situação, uma visão global do problema, dando ênfase aos precei- tos agroecotoxicológicos. Portanto, torna-se praticamente impossível ao profissional ter essa “visão global” sem visitar o imóvel, pois, do contrário, estaria diagnosticando baseando-se, exclusivamente, nas informações do produtor rural. Esse é mais um dos pontos polêmicos do Receituário Agronômico, pois questionam-se os custos dessa visita técnica à propriedade (em outras palavras, “quem é que vai pagar a conta?”). 15.3.3 RECEITUÁRIO AGRONÔMICO COMO SUPORTE LEGAL DO MANEJO IN- TEGRADO DE PRAGAS O Receituário Agronômico pode ser considerado como o suporte legal do Manejo Inte- grado de Pragas (MIP) quando o técnico, ao visitar a propriedade rural, realizar um diagnóstico correto do agente causal e, principalmente, se aquela população de insetos ou intensidade de infestação (doenças e plantas invasoras) estão causando ou poderão causar danos econômicos. É importante considerar que na filosofia do MIP deve-se priorizar a utilização de métodos al- ternativos de controle de insetos-praga, sendo que a prescrição de controle químico não é con- dição obrigatória no Receituário Agronômico (elaboração da receita agronômica). Por outro lado, quando o Receituário Agronômico for mal interpretado e conduzido, passa a ser um instrumento perigoso, podendo até incentivar o controle químico exclusivo. Deve-se observar que com a adoção do MIP na propriedade, espera-se uma redução no uso de produtos fitossanitários ao longo do tempo devido a melhoria do ambiente e, consequen- temente, do aumento da resistência ambiental ao desenvolvimento de populações de insetos- praga acima do nível de dano. O simples fato da realização de amostragens e observação dos níveis de controle não indica a adoção plena do MIP e, portanto, torna-se uma prática seme- lhante ao controle químico por “calendários” (isto é, aplicações em datas preestabelecidas). 15.4 PROCEDIMENTOS PARA A ELABORAÇÃO DO RECEITUÁRIO AGRONÔ- MICO O primeiro contato entre o profissional e o agricultor deve ser realizado, preferencial- mente, num local (escritório) relacionado com “Assistência Técnica” e não com “Vendas de NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 92 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola produtos fitossanitários”, a fim de se evitar a obrigatoriedade da receita e, portanto, do controle químico. Inicialmente, o técnico deverá conversar com o cliente (5 a 10 minutos) sobre assuntos diversos, com o objetivo de ter uma visão de seu nível de conhecimento e promover uma des- contração, para facilitar a comunicação. Posteriormente, passa-se para uma fase onde o cliente irá expor o problema fitossanitá- rio, sem ser interrompido; é a chamada Anamnese Passiva. Durantea Anamnese Passiva, o engenheiro anota fatos que julgue importantes; porém, nunca deverá interromper, para emitir uma idéia, contestar ou apoiar. Essas informações serão analisadas através de um interrogatório mais minucioso, que vai constituir a Anamnese Ativa. Nessa fase o profissional vai solicitar do cliente informações com relação a cultura (área, época de plantio, cultivar, sistema de condução, etc.), equipamentos de aplicação (tipo de equipamento, bicos, conservação, etc), equipamentos de proteção individual (EPI’s), disponibilidade de pessoal, etc.. Concluído o interrogatório, pode-se montar a História Pregressa do Problema Atual (H. P. P. A.), que é o resultado da conversa inicial, da Anamnese Passiva e da Anamnese Ativa. Essas informações deverão ser lançadas numa ficha, conforme modelo (Figura 1) preenchido para uma situação hipotética. De posse dessa ficha, o profissional desloca-se para a propriedade com o dados obtidos até o momento (a ficha deverá ser preenchida na medida em que as informações forem coleta- das). Na propriedade o profissional deverá observar todos os detalhes referidos na ficha técnica, procurando constatar, por exame direto, o problema em questão. É importante observar, prin- cipalmente, seis aspectos: 1) O diagnóstico deverá ser por cultura, podendo estar relacionado com mais de um agente causal; 2) observar se a perdas estão acima do nível de dano econômico; 3) verificar os equipamentos de aplicação de produtos fitossanitários disponíveis na pro- priedade; 4) verificar os EPI’s; 5) observar o local de descarte de embalagens; 6) observar o local reservado para o banho do aplicador, lavagem de EPI’s e equipa- mento de aplicação. Concluído o exame, o profissional estabelece o seu diagnóstico, com base na História do Problema Atual (H. P. A.), que será lançado na ficha técnica. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 93 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola Podem ocorrer, mesmo com profissionais mais experientes, dúvidas quanto à identifi- cação correta do agente causal. Nesse caso, recomenda-se a coleta da parte aérea e/ou do sis- tema radicular de algumas plantas atacadas. Esse material deverá ser embalado em sacos plás- ticos, que serão etiquetados e enviados a especialistas. Nesse procedimento devem-se observar dois aspectos: 1) Amostrar as plantas com sintomas iniciais (plantas altamente atacadas poderão apre- sentar agentes secundários que dificultarão a identificação do agente principal); 2) a amostra deverá ser acompanhada por uma ficha com informações sobre a cultura, o clima, produtos fitossanitários utilizados... enfim, todas as informações possíveis para auxiliar no diagnóstico. É importante recomendar ao cliente medidas profiláticas de controle para aquela cultura e providências a serem tomadas na próxima safra para prevenir os problemas com organismos- praga. A coluna Resultados será preenchida após 15 a 20 dias em função dos resultados obtidos. Finalmente, pode-se perguntar qual será o custo imediato desse serviço profissional para o produtor rural. A resposta dependerá do local do primeiro encontro do produtor com o enge- nheiro; pois poderá ser de “graça” se o referido profissional estiver envolvido em comerciali- zação de insumos agrícolas (na verdade esse serviço estará sendo cobrado juntamente com a venda de alguns insumos) ou um “preço justo” no caso de profissionais ligados somente a pres- tação de assistência técnica. O Receituário Agronômico deve ser considerado como “Visitas ou Diligências” à pro- priedade para solução imediata de um problema agronômico. Dessa forma, como sugestão, os honorários profissionais podem ser fixados em 40% do salário mínimo para meio dia à dispo- sição do cliente ou em 80% do salário mínimo para 1 dia à disposição do cliente. Além disso, deve-se adicionar a esse custo o valor referente ao deslocamento até à propriedade (50% do preço de 1 litro de gasolina por quilômetro rodado). Exemplo: para um imóvel localizado a 10km do escritório, tem-se: R$ 54,40 (meio dia à disposição do cliente) + R$ 14,00 [10Km x 2 (ida e volta) x 0,70 (50% do preço de 1 litro de gasolina)] = R$ 68,40. Não restam quaisquer dúvidas que esse valor irá trazer benefícios imediatos e futuros ao agricultor (o profissional poderá prescrever um método alternativo de controle, muito mais barato que o químico), ao meio ambiente, aos consumidores e até mesmo às indústrias de pro- dutos fitossanitários. A prescrição correta desses produtos impediria uma série de inconvenien- tes, dentre eles o surgimento de insetos resistentes e, consequentemente, perda da eficiência do NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 94 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola produto fitossanitário (um exemplo atual dessa situação é o caso da mosca-branca, para a qual foi preciso o registro emergencial de alguns inseticidas de modo de ação diferente daqueles que estavam sendo aplicados). Figura 1. Modelo de ficha técnica para situação hipotética. 15.5 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI’S) O homem, pelo uso indiscriminado de produtos fitossanitários, está degradando o meio ambiente. Ele também está morrendo devido à má utilização e à não proteção individual quando utiliza esses produtos químicos. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 95 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola Na Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978, que aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, destaca-se a NR-6-Equipamentos de Proteção Individual – EPI, sendo que os itens abaixo relacionam-se com os mais importantes aspectos na área agrícola. 1) Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora – NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a integri- dade física do trabalhador. 2) A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento nas seguintes circunstâncias: a) Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou doenças profissi- onais do trabalho; b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; c) atender as situações de emergência. 3) O empregador deve oferecer aos trabalhadores os seguintes EPI’s: a) Proteção para cabeça: protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face contra lesões ocasionadas por partículas, respingos ou vapores de produtos químicos; b) proteção para os membros superiores: luvas e/ou mangas de proteção devem ser usa- das em trabalhos em que haja perigo de lesões; c) proteção para os membros inferiores: calçados impermeáveis e resistentes aos agentes químicos; d) proteção respiratória, para exposição a agentes ambientais em concentrações preju- diciais à saúde do trabalhador; respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a agen- tes químicos prejudiciais à saúde. 4) Obrigações do empregador: a) Adquirir o tipo adequado à atividade do empregado; b) fornecer ao empregado somente EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho; c) treinar o trabalhador sobre seu uso adequado; d) tornar obrigatório o seu uso;e) substituí-lo, imediatamente, quando danificado; f) responsabilizar-se pela sua higienização e manutenção periódica; g) comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade observada no EPI ad- quirido. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 96 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola 5) Obrigações do empregado: a) Usá-lo apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se por sua guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso. Os produtos fitossanitários podem ser aplicados com segurança, desde que as instruções do rótulo, da bula, do folheto complementar e o uso das outras práticas de prevenção de aciden- tes sejam seguidos rigorosamente. As precauções devem estar relacionadas com o risco especí- fico de cada produto – os rótulos, as bulas e os folhetos dão instruções a respeito. O aplicador deve cuidar para não se contaminar quando do manuseio e uso de qualquer produto fitossanitá- rio. Dessa forma, no meio rural, EPI’s são vestimentas de proteção utilizadas para evitar a exposição excessiva dos aplicadores aos produtos fitossanitários, tais como: - Máscara de carvão ativado; - capuz ou touca árabe; - protetor facial ou viseira; - avental impermeável; - luvas de nitrila impermeáveis; - camisa e calça de tecido de algodão hidrorrepelente; - botas de borracha. Contudo, alguns cuidados devem ser tomados para melhorar a eficiência dos EPI’s, den- tre eles: a) As calças devem cobrir os canos das botas para evitar a entrada do produto; b) os EPI’s devem ser usados durante o preparo da calda e aplicação e em situações em que haja risco de contato com o produto; c) nunca manipular os defensivos com as mãos desprotegidas. Usar luvas de nitrila que são impermeáveis; d) usar os equipamentos de proteção indicados no rótulo. O uso de protetor facial e de avental impermeável é indicado no preparo da calda de qualquer defensivo; e) verificar no rótulo a indicação do uso de máscara protetora; f) usar os EPI’s recomendados em perfeitas condições e devidamente limpos, enquanto estiver manipulando os produtos fitossanitários e os equipamentos de aplica- ção. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 97 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola 15.5.1 CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO E LAVAGEM DOS EPI’S a) Somente utilize a vestimenta durante o manuseio e aplicação de produtos agrícolas; b) não utilizá-la para outras atividades como plantio, tratos culturais, colheita, etc.; c) usar sabão neutro com bastante água sob forte agitação; d) não usar água sanitária, sabão em pó com fortes aditivos, detergentes, amaciantes, alvejantes e demais componentes que comprometam a repelência das fibras de tecido; e) a lavagem deve ser leve, sem esfregar o tecido evitando assim trauma nas fibras. Preocupar-se somente em retirar a película de névoa do produto fitossanitário depositada sobre o tecido durante o uso; f) nunca lavar a vestimenta protetora junto com as roupas da casa; g) não lavar os filtros das máscaras para não danificá-los; h) as máscaras descartáveis devem ser utilizadas em apenas um turno diário de trabalho. 15.6 RECEITAS AGRONÔMICAS A receita agronômica é o documento pelo qual o profissional se identifica, se situa, se apresenta e prescreve o tratamento preventivo ou curativo, em função do diagnóstico. É, portanto, a etapa final de uma metodologia semiotécnica (conjunto de procedimentos para estudar os sinais precoces de doenças e infestações, que objetivam o diagnóstico), de que o profissional se vale para tirar conclusões sobre o problema. A receita agronômica deve ser clara, precisa, concisa e estética. Além disso, deve estar vinculada a uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) junto ao CREA, e ser elaborada de acordo com os artigos 52 e 53 do Decreto-Lei no 98.816. A receita deve ser elaborada em 5 vias, sendo que o profissional entregará 4 vias ao cliente; este entregará 3 vias ao comerciante e este, por sua vez, até o 5o dia útil do mês subsequente, encaminhará 1 via ao CREA, 1 via ao órgão de fiscalização oficial do Estado e manterá 1 via para efeito de fiscalização de estoque. Finalmente, a receita deverá ser específica por diagnóstico, sendo permitido, em caso de Manejo Integrado de Pragas, prescrever dosagem inferior à indicada pelo fabricante. A seguir, estão apresentadas três receitas agronômicas, elaboradas a partir de suas res- pectivas fichas técnicas (fictícias). NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 98 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola 15.6.1 PRESCRIÇÃO DE UM INSETICIDA PARA UM DETERMINADO INSETO- PRAGA. No módulo referente a estratégias e táticas de manejo, verifica-se que vários princípios ativos de inseticidas estão registrados para a lagarta-do-cartucho (inseto-praga diagnosticado, conforme Ficha Técnica 2). Mas qual desses produtos deverá ser o prescrito para o controle do referido inseto-praga? Na filosofia do MIP, o inseticida (ou outro tipo de produto fitossanitário) só será reco- mendado quando o inseto-praga atingir o nível de controle (NC), isto é, a aplicação de produtos fitossanitários na cultura é feita de forma criteriosa. Por outro lado, o profissional somente po- derá prescrever o produto fitossanitário de acordo com as informações constantes no rótulo ou bula do produto. Além do rótulo ou bula do produto, é possível obter essas informações nas seguintes fontes: a) Compêndio de Defensivos Agrícolas; esta publicação nada mais é que um “livro de rótulos” de produtos fitossanitários; b) através de "softwares" apropriados, como o “Sistema de Receituário Agronômico” desenvolvido pela Agrotis – Consultoria Agronômica, que permite ao usuário obter informa- ções sobre todos os produtos, elaborar receita agronômica, além de outros serviços. Além disso, o técnico, ao prescrever um produto fitossanitário deverá observar, no mí- nimo, três aspectos: o preço, a seletividade e a eficiência. A seletividade pode ser: a) Biológica - inseticidas que atuam em determinados grupos de insetos, como por exemplo o Bacillus thuringiensis, que é um excelente lagarticida; b) Fisiológica - inerente a cada espécie de inseto; c) Ecológica (ou de aplicação) - o inseticida é colocado em contato com o alvo (o inseto- praga) e distante, o máximo possível, dos inimigos naturais. Na prescrição de um produto fitossanitário, além do preço e da seletividade, sua efici- ência é fundamental. Um inseticida com eficiência inferior a 80% não deve ser prescrito, mesmo que apresente alta seletividade e baixo preço. A eficiência pode estar ligada às condições cli- máticas locais e, mais fortemente, correlacionada com a resistência do inseto ao princípio ativo. Dessa forma, o monitoramento da resistência seria o ideal para auxiliar o técnico na escolha de inseticidas mais eficientes, mas infelizmente isso não tem sido feito no Brasil. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 99 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola Contudo, para produtos olerícolas, cujas colheitas são frequentes, o Período de Carência torna-se o ponto mais importante a ser observado na prescrição do produto fitossanitário.Assim, voltando ao exemplo da lagarta-do-cartucho (Figura 2), optou-se pelo lufenuron, um inseticida inibidor da síntese de quitina (lagartas pequenas; sinais de raspagem nas folhas). Consultando o Compêndio de Defensivos Agrícolas, foi possível verificar a marca comercial correspondente ao princípio ativo recomendado, e na página correspondente ao rótulo dessa marca, retirar todos as informações necessárias para a elaboração da receita agronômica (Figura 3, 4 e 5). Utilizando-se de programas de computador, é mais fácil realizar consultas e também elaborar a receita (preenchimento e impressão). Figura 2. Modelo de ficha técnica para uma situação hipotética. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 100 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola Figura 3. Receita agronômica preenchida, modelo CREA-MG (1a via – Usuário). NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 101 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola Figura 4. Verso da 1a via (usuário) de receita agronômica, modelo CREA-MG. Figura 5. Receita agronômica preenchida, modelo CREA-MG (5a via – IMA). NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 102 Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Entomologia Agrícola BIBLIOGRAFIA CIOCIOLA, A. I.; SOUZA, B.; MOINO JÚNIOR, A. Controle biológico de Insetos. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. 37p. GALLO, D et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p. MOINO JÚNIOR, A. Introdução ao manejo integrado de pragas. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. 20p. MORAES, J. C.; Uso de resistência de plantas no manejo de insetos. UFLA/FAEPE, 2000. 23p. PARRA, J. R. P.; OLIVEIRA, H. N.; PINTO, A. S. Guia ilustrativo de pragas e insetos bené- ficos dos citros. Piracicaba, 2003. 140p. PARRA, J. R. P.; BOTELHO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; BENTO, J. M. S. Con- trole biológico no Brasil: Parasitoides e Predadores. São Paulo: Manole, 2002. 635p. RIGITANO, R. L. O.; CARVALHO, G. A. Toxicologia e Seletividade de Inseticidas. UFLA/FAEPE, 2000. 72p. SOUZA, B.; CARVALHO, C. F. Bases morfológicas para o reconhecimento de insetos-praga e inimigos naturais. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. 80p. Vá no tópico, MATERIAL COMPLEMENTAR em sua sala virtual e acesse os slides da aula 15 – Receituário Agronômico. Vá no tópico, VÍDEO AULA em sua sala virtual e acesse a vídeo aula 39.
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