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Prévia do material em texto

EQUIPE UNITINS
Organização de Conteúdos Acadêmicos
1ª edição
2ª edição rev. e ampl.
3ª edição rev. e ampl.
4ª edição
Francisco Gilson R. Pôrto Jr.
Jair José Maldaner 
Marcelo Rythowem
Jair José Maldaner 
Marcelo Rythowem
Jair José Maldaner 
Marcelo Rythowem
Jair José Maldaner 
Marcelo Rythowem
Coordenação Editorial Maria Lourdes F. G. Aires
Assessoria Editorial Marinalva do Rêgo Barros
Revisão Didático-Pedagógica Francisco Gilson R. Pôrto Junior
Revisão Lingüístico-Textual Ivan Cupertino Dutra
Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva
Revisão Digital Katia Gomes da Silva
Projeto Gráfico Irenides Teixeira
Katia Gomes da Silva
Ilustração Geuvar S. de Oliveira
Capas Igor Flávio Souza
EQUIPE EADCON
Coordenador Editorial William Marlos da Costa
Assistentes de Edição Ana Aparecida Teixeira da Cruz
Janaina Helena Nogueira Bartkiw
Juliana Camargo Horning
Lisiane Marcele dos Santos
Programação Visual e Diagramação Denise Pires Pierin
Kátia Cristina Oliveira dos Santos
Monica Ardjomand
Rodrigo Santos
Sandro Niemicz
William Marlos da Costa
A
pr
es
en
ta
çã
o
Caro estudante,
Você está recebendo os textos relacionados à disciplina Filosofia, Ética e 
Cidadania, que têm por objetivo nortear seus estudos nesta importante área. 
Queremos deixar claro que este material não tem a pretensão de esgotar 
nenhum dos assuntos abordados.
Filosofia, Ética e Cidadania é uma disciplina cativante, aberta, abran-
gente, basilar, para que você possa fazer uma análise e reflexão sobre os 
principais paradigmas e dilemas da humanidade, relacionados à Ética e 
Cidadania, ao longo da história.
A aula um, de caráter introdutório, servirá de base conceitual para a 
compreensão dos conceitos de Filosofia, Ética e Cidadania. Nela, procu-
ramos tratar da origem e evolução dos conceitos, bem como de suas princi-
pais características.
Nas aulas dois a sete, fizemos uma abordagem histórica, desde a Grécia 
antiga até os dias atuais, tendo como fio condutor os fundamentos filosóficos 
da ética e da cidadania e seus principais pensadores. O principal objetivo 
deste tipo de abordagem é proporcionar um contato com os aspectos signifi-
cativos que fundamentaram a evolução da sociedade ao longo dos tempos.
Bons estudos e boa reflexão.
Prof. Jair José Maldaner
Prof. Marcelo Rythowem
Pl
an
o 
de
 E
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in
o
EMENTA
Matrizes históricas do pensamento filosófico ocidental: a relação ética 
e filosófica; ética e sociedade; teoria do conhecimento; sistema de valores; 
o conceito de justiça; ética e moral; conceito de cidadania e dimensão 
ético-profissional; o fenômeno da globalização e as inclusões e exclusões 
no mundo do trabalho.
OBJETIVO
Proporcionar aos alunos conhecimentos, a partir da análise e •	
reflexão dos pressupostos ético-filosóficos da cidadania, ao longo 
da história e de suas implicações no contexto da sociedade 
contemporânea.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Investigação do que é filosofia, ética e cidadania•	
A Antiguidade Clássica: Sofistas e Sócrates•	
Platão e Aristóteles•	
O Helenismo•	
Pressupostos filosóficos da ética e da cidadania na Idade Média•	
O Renascimento•	
Empirismo e Racionalismo•	
O pensamento filosófico de John Locke e Immanuel Kant•	
A diversidade do mundo contemporâneo e os desafios para a ética •	
e cidadania
O século XX e os desafios da filosofia•	
Pós-modernidade e os desafios éticos•	
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002.
SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2001. 
VALLS, Álvaro. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 1997. (Primeiros Passos)
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à Filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1993.
ASHLEY, P. A. A mudança histórica do conceito de responsabilidade social empre-
sarial. In: ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2005.
MAGEE, Bryan. História da Filosofia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 523
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
conceituar Filosofia, ética e cidadania;•	
apontar as relações entre Filosofia, ética e cidadania.•	
Esta aula será mais bem aproveitada se você fizer uma revisão dos conte-
údos de Filosofia do Ensino Médio. Anote em uma folha os aspectos que mais 
lhe chamaram a atenção, durante a realização dos estudos secundários. Reflita 
também sobre ética e cidadania em nosso país, bem como sobre a relação que 
mantemos com as regras e normas em nosso dia-a-dia. Essas reflexões serão 
importantes, para que você possa compreender como a Filosofia auxilia o conhe-
cimento sobre a ética e a cidadania.
Filosofia, ética e cidadania são conceitos próximos, complementares, interli-
gados e abrangentes. Ao longo da história, vários foram os enfoques que a socie-
dade deu a esta temática. O berço da Filosofia é a sociedade grega, que abordou 
os temas da ética e cidadania. O discurso ético-filosófico grego é um discurso de 
afirmação da cidadania no sentido mais completo do termo, ou seja, a partici-
pação ativa e efetiva nos decisões da cidade, participação nas riquezas coletivas 
e gozo de direitos definidos coletivamente. No período medieval, esta caracteri-
zação de cidadania é abandonada. Prevalecem os valores e crenças religiosas e o 
interesse por questões espirituais, em detrimento de questões materiais e políticas. 
Com o advento da modernidade e, depois, com a Revolução Francesa, a cidadania 
começa a se efetivar mediante declarações e legislações. Atualmente, o desafio 
maior da sociedade e dos governos é assegurar o efetivo acesso aos direitos, como 
saúde, educação, moradia, trabalho, lazer, etc., que garantem a cidadania.
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 525
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
conceituar Filosofia, ética e cidadania;•	
apontar as relações entre Filosofia, ética e cidadania.•	
Esta aula será mais bem aproveitada se você fizer uma revisão dos conte-
údos de Filosofia do Ensino Médio. Anote em uma folha os aspectos que mais 
lhe chamaram a atenção, durante a realização dos estudos secundários. Reflita 
também sobre ética e cidadania em nosso país, bem como sobre a relação que 
mantemos com as regras e normas em nosso dia-a-dia. Essas reflexões serão 
importantes, para que você possa compreender como a Filosofia auxilia o conhe-
cimento sobre a ética e a cidadania.
Filosofia, ética e cidadania são conceitos próximos, complementares, interli-
gados e abrangentes. Ao longo da história, vários foram os enfoques que a socie-
dade deu a esta temática. O berço da Filosofia é a sociedade grega, que abordou 
os temas da ética e cidadania. O discurso ético-filosófico grego é um discurso de 
afirmação da cidadania no sentido mais completo do termo, ou seja, a partici-
pação ativa e efetiva nos decisões da cidade, participação nas riquezas coletivas 
e gozo de direitos definidos coletivamente. No período medieval, esta caracteri-
zação de cidadania é abandonada. Prevalecem os valores e crenças religiosas e o 
interesse por questões espirituais, em detrimento de questões materiais e políticas. 
Com o advento da modernidade e, depois, com a Revolução Francesa, a cidadania 
começa a se efetivar mediante declarações e legislações. Atualmente, o desafio 
maior da sociedade e dos governos é assegurar o efetivo acesso aos direitos, como 
saúde, educação, moradia, trabalho, lazer, etc., que garantem a cidadania.
Investigando o que é Filosofia, 
ética e cidadania
Aula 1
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
526 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
1.1 Filosofia
Para início de conversa, leia, atentamente, este trecho do livro Alice no país 
das maravilhas de Lewis Carroll:
O Gato apenas sorriu quando viu Alice. Ele parecia bem natural, 
ela pensou, e tinha garras muito longas e muitos dentes grandes, 
assim ela sentiu que deveria tratá-locom respeito.
“Gatinho de Cheshire”, começou, bem timidamente, pois não 
tinha certeza se ele gostaria de ser chamado assim: entretanto 
ele apenas sorriu um pouco mais. “Acho que ele gostou”, pensou 
Alice, e continuou. “O senhor poderia me dizer, por favor, qual o 
caminho que devo tomar para sair daqui?”
“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.
“Não me importo muito para onde...”, retrucou Alice.
“Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.
“... contanto que dê em algum lugar”, Alice completou.
“Oh, você pode ter certeza que vai chegar”, disse o Gato, “se 
você caminhar bastante” 
(Disponível em: <http://www.alfredo-braga.pro.br/biblioteca/
alice-3.html>).
O termo filosofia vem do grego philos (amigo) e sophos (sabedoria, conhe-
cimento). O filósofo é, portanto, o amigo do conhecimento. A maioria de vocês 
já deve ter ouvido falar da filosofia. Talvez alguns pensem que filosofia é algo 
difícil, “coisa de gente doida”, “ocupação de quem está no mundo da lua”.
Isto não lhe lembra a história de Alice frente ao gato no início deste texto? Quem sabe, o filó-
sofo, por se preocupar em pensar os problemas e buscar algumas respostas, ocupe no imagi-
nário da sociedade um espaço reservado para estes problemas que parecem sem sentido.
Esse tipo de pensamento a respeito da filosofia deve-se ao fato de vivermos 
em uma sociedade em que o ato de pensar criticamente perdeu um pouco a 
sua razão de ser. Na maioria das vezes, quando precisamos resolver algum 
problema, é comum recorrermos aos especialistas de plantão. Ou seja: há 
sempre à nossa disposição alguém que sabe mais do que nós e que pode pensar 
a solução do problema. Estes dias, ficamos sabendo da existência do personal 
organizer – que é um especialista em pensar soluções de organização para a 
bagunça de seus clientes. Vamos, aos poucos, perdendo o interesse em procurar 
por nós mesmos a solução para os nossos problemas.
Na realidade, filosofamos o tempo todo no cotidiano, no plano dos valores 
pessoais, sociais, econômicos, políticos.
Filosofar significa também uma forma de conhecimento que procura responder 
às grandes questões que os seres humanos se colocam: por que existem as 
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 527
coisas e não o nada? Quem sou eu? O que devo fazer? Como devo agir em relação 
aos outros? Qual o sentido de tudo? A filosofia não é nem melhor, nem pior que as 
demais formas de conhecimento (religião, arte, ciência, senso comum). O ponto de 
partida é o pensamento – aqui entendido como coerência lógica de seus argumentos 
e raciocínios. Diferentemente da teologia, que parte da fé e dos livros sagrados; 
da ciência, que utiliza a experimentação; da arte, que utiliza a intuição estética, e 
do senso comum, que parte do conhecimento vulgar e cotidiano, a filosofia utiliza-
se da razão e busca manter a coerência de suas reflexões. Esses conhecimentos, 
no entanto, inter-relacionam-se. Os pressupostos de uma ciência têm na sua base 
uma concepção filosófica. O senso comum é ponto de partida para filosofar, para 
o desenvolvimento das ciências. As religiões são analisadas pelos filósofos e pelas 
demais ciências sociais, enquanto valores vivenciados pelas pessoas. Por exemplo: 
um grupo religioso, que, por razões doutrinárias, não pode receber transfusões de 
sangue, colaborou financeiramente para a invenção do sangue artificial.
O termo vulgar vem de vulgo, aquilo que diz respeito às pessoas em geral. Porém o termo 
vulgar assumiu uma conotação moralista, o que lhe confere um sentido de baixaria, coisa feita 
por gente sem educação. Nesse caso, utilizamos vulgar como aquilo feito pela maioria das 
pessoas, deixando de lado a questão moralista e resgatando o sentido original da palavra.
Para muitos, o exercício filosófico é complicado pela diversidade de respostas 
encontradas para questões sobre as quais não há um consenso. Ao contrário do 
que essas pessoas pensam, vemos que essa é a riqueza da filosofia, pois há 
sempre espaço para criar algo novo. Renée Descartes, pai da filosofia moderna 
e um dos mais importantes filósofos do século XVI, afirma que “(...) na filosofia 
havia sobre um assunto, tantas opiniões quantas fossem as cabeças a pensá-lo” 
(DESCARTES, 1962, p. 46).
Nessa linha de raciocínio, vamos analisar diferentes concepções do que seja 
a filosofia. Em seu livro Convite à Filosofia, Marilena Chauí (1997, p. 16-17) 
apresenta quatro conceitos:
visão de mundo: de um povo, de uma civilização ou de uma cultura. •	
É um conceito muito amplo e genérico que não permite, por exemplo, 
distinguir a filosofia da religião;
sabedoria de vida: a filosofia seria uma contemplação do mundo e dos •	
homens para nos conduzir a uma vida justa, sábia e feliz. Esse conceito 
nos diz somente o que se espera da filosofia (a sabedoria interior), mas 
não o que é e o que faz a filosofia;
esforço racional para conceber o universo como uma totalidade orde-•	
nada e dotada de sentido. Este conceito dá à Filosofia a tarefa de 
explicar e compreender a totalidade das coisas, o que é impossível;
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
528 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas. A •	
filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural e 
histórica tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis. Quando o 
senso comum já não sabe o que pensar e dizer, e as ciências ainda não 
sabem o que pensar e dizer.
Segundo Chauí, o último conceito é o mais abrangente, pois concebe a 
filosofia como análise das condições das ciências, da religião, da moral, como 
reflexão sobre si mesma e como crítica das ilusões e dos preconceitos individuais e 
coletivos das teorias científicas, políticas. “(...) a Filosofia é a busca do fundamento 
e do sentido da realidade em suas múltiplas formas” (CHAUI, 2002, p. 16-17).
Saiba mais
Karl Marx afirma que a filosofia deve não só interpretar o mundo, mas 
transformá-lo. Isto é: a filosofia também pode ser compreendida como uma ativi-
dade que pode transformar o mundo, por meio da ação de homens e mulheres 
preocupados em construir o futuro de acordo com seus princípios.
Quem pode ser filósofo?
No século XX, Antônio Gramsci (1891-1937), filósofo italiano, afirma que 
todos os seres humanos podem ser filósofos. Acompanhe, a seguir, como Gramsci 
defende esta idéia.
Deve-se destruir o preconceito muito difundido de que a filo-
sofia seja algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelec-
tual própria de uma determinada categoria de cientistas espe-
cializados ou de filósofos profissionais e sistemáticos. Deve-se, 
portanto, demonstrar, preliminarmente, que todos os homens são 
‘filósofos’, definindo os limites e as características desta ‘filosofia 
espontânea’ peculiar a ‘todo o mundo’, isto é, a filosofia que está 
contida: 1) na própria linguagem, que é o conjunto de noções 
e de conceitos e não, simplesmente, de palavras gramatical-
mente vazias de conteúdo; 2) no senso comum e no bom-senso; 
3) na religião popular e, conseqüentemente, em todo sistema 
de crenças, superstições, opiniões, modos de ver e de agir que 
se manifestam naquilo que se conhece geralmente por ‘folclore’ 
(GRAMSCI, 1995, p. 11).
A filosofia da qual fala Gramsci é, muitas vezes, inconsciente, porque não 
é refletida e está permeada pelo viver cotidiano. Para que esta filosofia espon-
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 529
tânea, isto é, vivenciada diariamente, possa contribuir para a construção de 
um sentido e a formação da consciência do sujeito, é necessário um segundo 
momento: o da crítica. Gramsci indaga esse momento nos seguintes termos:
[...] é preferível pensar sem disto ter consciência crítica, de uma 
maneira desagregada e ocasional, isto é, ‘participar’ de uma 
concepção de mundo ‘imposta’ mecanicamente pelo ambiente 
exterior, ou seja, por um dos vários grupos sociais nos quais todos 
estão envolvidosdesde sua entrada no mundo consciente (...) ou é 
preferível elaborar a própria concepção de mundo de uma maneira 
crítica e consciente e, portanto, em ligação com este trabalho 
próprio do cérebro, escolher a própria esfera de atividade, parti-
cipar ativamente na produção da história do mundo, ser o guia de 
si mesmo e não aceitar do exterior, passiva e servilmente, a marca 
da própria personalidade? (GRAMSCI, 1995, p. 12).
Essa é, como vocês podem perceber, uma das mais esclarecedoras defi-
nições de filosofia, pois a vê como essencial para a formação da cons ciência 
das pessoas.
1.2 Investigando o que é ética
Leia as manchetes a seguir.
Em março deste ano, o caso da americana Terri Schiavo virou 
motivo de polêmica nos EUA. Em estado vegetativo havia 15 anos, 
Terri parou de receber alimentação por determinação da Justiça dos 
EUA, após um pedido do próprio marido. Os pais da americana 
tentaram, sem sucesso, reverter a decisão com o argumento de que 
ela ainda poderia se recuperar – ao contrário do que afirmavam 
os médicos. Terri acabou morrendo 13 dias depois (MUNDO. Zero 
Hora, Porto Alegre, 6 out. 2005. Caderno Gente).
Washington – Estudo do Banco Mundial (Bird) sobre os efeitos da 
deterioração do meio ambiente, denominado “O meio ambiente 
importa”, apresentado na quarta-feira, mostra que a poluição 
do ar mata 800 mil pessoas anualmente. O documento afirma 
também que cerca de um quinto das doenças dos países em 
desenvolvimento podem ser atribuídas a problemas ambientais, 
como falta de água potável e poluição do ar, e que os problemas 
ecológicos atingem, sobretudo, os mais pobres e as crianças 
(Disponível em: <http://www.estadao.com.br/ciencia/noti-
cias/2005/out/06/9.htm>).
Os fatos que você viu anteriormente talvez tenham lhe provocado algum 
tipo de reação. Situações e manchetes como essas sempre tocam o nosso senso 
moral. Em nossa consciência, avaliamos se são boas ou más, desejáveis ou 
indesejáveis, justas ou injustas, certas ou erradas. É muito difícil que fiquemos 
indiferentes a elas. É uma prova de que, a todo o momento, avaliamos o que 
se passa à nossa volta e procuramos, conscientemente ou não, aquilo que nos 
parece ser o melhor.
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
530 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
O senso moral e a consciência moral referem-se aos princípios que funda-
mentam nossas escolhas, sentimentos, emoções e valores. Mesmo sem nos darmos 
conta desses princípios, eles são a expressão de nossas crenças mais profundas, 
do mais valioso que possuímos. Podemos afirmar, portanto, que o nosso agir, a 
maneira como nos relacionamos conosco, com os outros e com o mundo, é o 
reflexo de nossa existência ética. Isso significa que, mais do que uma série de 
conteúdos normativos, refletiremos, nesta aula, sobre a forma como assumimos 
essa relação com o que nos rodeia.
1.2.1 Ética e Moral
É muito comum, no dia-a-dia, utilizar-se os termos ética e moral como se 
fossem sinônimos. Pretendemos demonstrar, neste tópico, que são conceitos 
distintos. Em comum, possuem o fato de regular o agir humano, mas diferem 
quanto ao modo como se dá esse processo.
Práxis: os gregos chamavam práxis à ação de levar a cabo alguma coisa: significa ainda 
o conjunto de ações que o homem pode realizar e, neste sentido, a práxis se contrapõe 
à teoria. No marxismo, significa interpendência entre a teoria e a prática, ou seja, uma 
prática refletida e uma teoria que vise a transformar o mundo.
Para Heráclito, o ethos designa a morada do homem. O ethos é a casa do 
homem, onde surgem os atos humanos – o fundamento da práxis. Para Heráclito, 
a ética está vinculada à índole interior, ao estado de consciência da pessoa. O 
ethos é o espaço, a partir do qual a Consciência se manifesta no homem. É algo 
íntimo, presente nele e não assimilado do exterior. Não é algo introjetado, mas 
aquilo que está presente nele. A ação ética surge de dentro para fora, tendo a 
Consciência como fonte que impulsiona para o reto agir. Em termos de Educação 
temos a “escolha da consciência”.
Para Aristóteles, o ethos diz respeito ao comportamento que resulta de um 
constante repetir-se dos mesmos atos. Hábito. Modo de ser ou caráter que se vai 
adquirindo ao longo da existência. Ethos-hábitos-atos. Para Aristóteles, o ethos 
não é algo que já esteja no homem e sim aquilo que foi adquirido por meio de 
hábitos. A ação expressa aquilo que foi assimilado previamente do exterior. Por 
isso, não é inato. A ação ética surge de fora para dentro. São atos repetidos. Em 
termos de Educação, temos o ensino – a formação de hábitos. Esse foi o ponto 
de partida para o uso posterior da palavra moral, os costumes que devem ser 
introjetados por meio da educação moral.
Quando a palavra ethos foi transliterada – escrever com o nosso alfabeto 
uma palavra – predominou a conceituação utilizada por Aristóteles, ou seja, 
com o significado de hábito ou costume.
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 531
Moral: vem do latim mos, moris, que significa maneira de se comportar, 
regulada pelo uso. Daí vem costume, com as palavras do latim moralis, morale, 
relativo aos costumes.
Os costumes são diferentes em épocas e locais diferentes. A moral está vincu-
lada ao sistema dominante, aos costumes daquela sociedade, e é relativa; já a 
ética é universal. Se os hábitos são diferentes em culturas diferentes, os princípios 
universais, a busca do bem, a preservação da vida, etc., são constantes e estão 
acessíveis, em qualquer lugar onde o homem estiver, pois ali estará sua mente.
Por influência de Aristóteles, e devido à transformação do ethos como 
morada em costumes, a ética, no seu sentido primordial dado por Heráclito, 
acabou sendo confundida com a moral tradicional. Se no grego havia dois 
sentidos para o ethos, no latim foi usada só uma palavra – mores (costumes). E, 
assim, costumes, vinculados aos hábitos, foi o significado que prevaleceu.
A ética é a ação em conformidade com a consciência. É uma ação sempre 
refletida e fruto da escolha livre e consciente – até para infringir uma norma, se 
for o caso. Não se trata de uma ação que vise apenas a seguir o senso comum ou 
o politicamente correto, para não ferir as aparências, a imagem ou aquilo que é 
externo. A ética é, antes de tudo, expressão da índole pessoal. Não defendemos 
com isto o relativismo, ou que tudo é lícito por ser fruto da deliberação pessoal, 
inclusive a violência. Pelo contrário, a ação livre e consciente está sempre de 
acordo com aqueles princípios universais, especialmente o respeito pela dignidade 
do outro como absolutamente outro em sua dignidade como pessoa humana.
Por sua vez, a moral se expressa como um conjunto de normas, regras, leis, 
hábitos e costumes que definem de antemão o certo e o errado, o permitido e 
o proibido, o desejado e o indesejado. Por ser um conjunto de regras externas, 
a nossa consciência deve ser cumprida necessariamente. Como não possui a 
adesão pessoal, seu não cumprimento resultará em algum tipo de sanção.
Enfim, quando se percebe o clamor na sociedade por novos códigos de 
normas (e de sanções), não se discute a ética, mas apenas mais um código moral. 
Dessa forma, perde-se o espaço para a reflexão e tomada de decisões, tendo 
em vista as conseqüências de nossos atos, e deixa-se a cargo de terceiro, com os 
méritos e deméritos, o papel de guardião da ética, enquanto exime-se de assumir a 
condução da própria vida. A ação moral é muito menos exigente porque o esforço 
em pensar novas possibilidades de ação não chega a ser cogitado. Viver no mundo 
da ética implica caminho muito mais espinhoso, mas recompensador, tendo em 
vista que podemos atuar de forma autônoma, construtiva e responsável.
1.2.2 A avaliação ética
Conforme afirmamos anteriormente, a ética trabalha com juízos de valor. 
Os juízos de valor são normativos, porque exprimem algo que é desejável e 
reprovam o que possa ser prejudicial. Os juízos de valor indicam, então, o que 
AUlA 1 • fIlOSOfIA,éTIcA E cIDADANIA
532 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
é o bom, pois visam a alcançar o bem. Porém, nem sempre é fácil determinar 
o que é o bem como fundamento para uma avaliação do que é desejável. A 
seguir, apresentamos uma interessante abordagem do problema do bem e do 
bom, a partir de algumas concepções em quatro períodos históricos, com base 
nas reflexões de Vázquez (2001, p. 155-171).
1.2.3 O bom como felicidade – eudemonismo
Aristóteles foi o primeiro pensador que sustentou a felicidade como o bem 
supremo. Para alcançá-la, seria necessário viver de acordo com a razão e possuir 
alguns bens.
A ética cristã sustenta que a verdadeira felicidade não se consegue aqui na 
terra, mas no céu como prêmio a uma vida de acordo com os preceitos cristãos.
Os filósofos iluministas e materialistas franceses sustentavam o direito de os 
homens serem felizes neste mundo, porém tratavam o homem de forma abstrata 
sem levar em conta as condições reais em que vivia.
Eudemonismo: etimologicamente, em grego, significa felicidade. Doutrina 
filosófica que defende a felicidade como bem supremo.
1.2.4 O bom como prazer – hedonismo
Epicuro sustentava que cada um deveria procurar o máximo de prazer, não 
se referia aos prazeres sensíveis e imediatos (comida, bebida, sexo), mas aos 
prazeres duradouros e superiores como os intelectuais e estéticos.
As teses fundamentais do hedonismo são:
1. todo prazer ou gozo é intrinsecamente bom;
2. somente o prazer é intrinsecamente bom;
3. a bondade de um ato ou de uma experiência depende do prazer que 
contém.
Hedonismo: vem do grego, hedoné, prazer. Doutrina que atribui ao prazer 
uma predominância, quer de fato, quer de direito.
1.2.5 O bom como “boa vontade” – formalismo kantiano
Kant defendia que o bom deveria ser absoluto, irrestrito ou incondicio-
nado. Afirma, portanto, que “a boa vontade não é boa pelo que possa fazer 
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 533
ou realizar, não é boa por sua aptidão para alcançar um fim que nos propusé-
ramos; é boa só pelo querer, isto é, boa em si mesma”. Considerada por si só, 
é, sem comparação, muitíssimo mais valiosa do que tudo que poderíamos obter 
por meio dela.
Iluminismo: corrente filosófica (século XVIII) que defende o uso da razão contra o absolu-
tismo que impede as pessoas de saírem de sua menoridade intelectual.
1.2.6 O bom como útil - utilitarismo
O utilitarismo concebe o bom como útil, mas não em um sentido egoísta ou 
altruísta, e sim no sentido da felicidade geral para o maior número de pessoas 
possível. Os principais expoentes desta corrente foram Jeremy Bentham (1784-
1832) e John Stuart Mill.
1.2.7 Responsabilidade Ética
O sujeito ético, para que alcance o status de responsável por sua ação, deve 
atender a quatro condições. No esquema a seguir, abordaremos a concepção 
de Chauí (2002, p. 337-338):
ser consciente•	 de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reco-
nhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a si;
ser dotado de vontade•	 , isto é, de capacidade para controlar e orientar 
desejos, impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em confor-
midade com a consciência) e de capacidade para deliberar e decidir 
entre várias alternativas possíveis;
ser responsável•	 , isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os 
efeitos e conseqüências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la, bem 
como as suas conseqüências, respondendo por elas;
ser livre•	 , isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus senti-
mentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos 
que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. 
A liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários caminhos 
possíveis, mas o poder para autodeterminar-se dando a si mesmo as 
regras de conduta.
1.3 Cidadania: construindo possibilidades
O discurso da cidadania tem ocupado importantes espaços de discussão em 
nossa sociedade. Tem-se apresentado a cidadania como a panacéia que resolverá 
todos os males, principalmente os que envolvem o desvio dos recursos públicos.
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
534 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
A banalização do uso do termo não tem contribuído para a efetivação de 
políticas públicas e do engajamento da sociedade civil na solução dos graves 
problemas sociais que enfrentamos na sociedade contemporânea.
Mas o que é cidadania afinal? Como ela é vista e vivida? Podemos nos 
reportar à cidadania como algo automático? Essas são questões que orientarão 
nosso debate a seguir.
Para que se compreenda melhor o sentido de cidadania é importante que se 
estabeleça um paralelo, buscando o sentido de duas palavras gregas e de seus 
significados etimológico-semântico: Civita, de cidade e Polis de política. Para 
os gregos, cidadão significa aquele que é necessário. As duas palavras têm o 
mesmo sentido em sua origem e acepção gregas.
Cidade•	 : do latim civìtas, átis–cidade, reunião de cidadãos, nação, pátria, 
foro, direito de cidadão romano; o povo da cidade, de civis, is–cidadão/
cidadã; no lat. cl. raramente civitas era us. por urbs, voc. que na baixa lati-
nidade perdeu todo seu espaço para civitas; f. hist. s. XIII cidade, çibdade, 
s. XIV çiobdade, s. XIV. çiudade, s. XV ciidade, s. XV sidade ( Disponível em: 
<http://houaiss.uol.co.br/busca.jhtm?verbete=cidade&cod=48687>).
Política•	 : do gr. politikê (sc. tékhné) (ciência) dos negócios do Estado; 
a administração pública; segundo AGC, pelo lat. tar. politica id.; ver 
polit-; f. hist. s. XV política. (Disponível em: <htt-p:///houaiss.uol.co.br/
busca.jhtm?verbete=pol%EDtica&stype=k>).
As duas palavras em acepção moderna devem resgatar o seu significado 
clássico atribuído pelos gregos e pela filosofia.
Dizer que alguém é cidadão é afirmar que ele cuida da cidade, da polis. 
Ele cuida do espaço público. Nesse sentido só os livres poderiam se dedicar à 
política. Ele busca o bem comum, a felicidade da vida na polis e na civitas. Todo 
cidadão é político em sentido filosófico e na Grécia dos séculos VI e IV a. C.
1.3.1 A cidadania entre os gregos
Provavelmente, um cidadão grego estranharia o conceito de cidadania para 
nós hoje. Podemos identificar a origem do conceito de cidadania na sociedade 
greco-romana, no período da Antiguidade Clássica, entre os séculos VI e IV 
a.C. A cidadania era um título recebido por aquele que participava do culto da 
cidade e, dessa forma, poderia usufruir dos direitos civis e políticos.
Cidadão na Grécia antiga é, portanto, todo aquele que segue a religião 
da cidade e honra seus deuses. Aos estrangeiros, às mulheres, aos escravos, às 
crianças, era vedada essa possibilidade, tendo em vista a preservação das Para 
cerimônias sagradas. A religião era, dessa forma, o marco referencial que deli-
mitava o espaço da cidadania e distinguia, de forma categórica, o cidadão do 
estrangeiro. Em outras palavras: a cidadania grega era realmente excludente.
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 535
A pólis, definindo um modo de vida urbano que seria a base da civilização ocidental, 
mostrou-se ser um elemento fundamental na constituição da cultura grega. 
Ela possuía uma configuração espacial.
Na Grécia antiga, ser cidadão significava a oportunidade de ser ouvido na 
assembléia, isto é, representava o direito de exercer cargos públicos e defender 
seus próprios interesses no tribunal.
A cidadania, em suas origens, é um mecanismo de exclusão. Designava 
aqueles que podiam gozar de uma série de direitos e aproveitar-se disso tomando 
decisões favoráveis aos seus interesses. Apesar dos avanços conseguidos pela 
cidadania que, de certa forma, eliminaram as diferenças de origem, classe e 
função e instauraram a isonomia, isto é, a igual participação de todos os cida-
dãos no exercício do poder, a maioria absoluta da população encontrava-se 
alijada deste exercício.
Aranha e Martins (2003, p. 65) nos dão uma visãodessa situação de 
exclusão quando afirmam que
o apogeu da democracia ateniense se dá no século V a. C., já no 
período clássico, quando Péricles era estratego. È bem verdade 
que Atenas possuía meio milhão de habitantes dos quais 300 mil 
escravos e 50 mil metecos (estrangeiros); excluídas mulheres e 
crianças, restavam apenas 10% considerados cidadãos propria-
mente ditos, capacitados para decidir por todos.
Apesar desse aspecto excludente, a cidadania, como os antigos a constru-
íram, foi uma grande invenção, pois separou os interesses públicos e privados 
e mostrou que o poder poderia ser exercido por todos os cidadãos. Essa é a 
grande contribuição de gregos e romanos para nossa cultura.
1.3.2 Os direitos do homem e do cidadão: a cidadania a partir da Revolução 
Francesa (Século XVIII)
Com a expansão territorial e militar romana, a Grécia acabou sendo domi-
nada. O conceito de cidadania, como os gregos o haviam construído, era 
incompatível com as formas oligárquicas de exercício do poder na sociedade 
romana. Após a fragmentação do Império Romano do Ocidente e a constituição 
da sociedade feudal, a questão da cidadania perde sua relevância política e cai 
no esquecimento.
Porém, com a reurbanização e o fortalecimento do poder centralizado 
nos Estados modernos, os debates em torno da cidadania voltam a ocorrer. A 
necessidade de justificação racional do poder político em oposição às monar-
quias hereditárias, claro sinal de privilégio para a nobreza, será realizada pelo 
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
536 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Iluminismo. Esse movimento filosófico torna-se o escopo ideológico para os inte-
resses da burguesia que, apesar de possuir o poder econômico, não participa 
politicamente do poder e é obrigada a sustentar os privilégios da nobreza pelo 
pagamento de impostos. O lema “sapere aude” - ouse fazer uso da tua razão 
- indica que somente aquilo que pode ser racionalmente justificado é válido. A 
origem do poder não é mais de ordem teológica, mas os seres humanos, por 
meio de um contrato, baseado em critérios racionais, é que constituirão o poder. 
Instaura-se o conflito entre a burguesia e a nobreza. Daí ocorrem as Revoluções 
Inglesa (1688) e Americana (1776).
Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de acontecimentos ocorridos entre 5 
de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799 e que alteraram o quadro político e social 
da França. Historiadores modernos apontam que a Revolução teve três fases: uma fase 
burguesa, uma segunda fase radical e a terceira, contra-burguesa.
A Revolução Francesa, nesse caso, é paradigmática. Por meio da Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão (DDHC), institucionaliza-se que os seres 
humanos gozam de direitos frente ao Estado antes de participar de qualquer socie-
dade. São, dessa forma, direitos naturais do indivíduo singular. A DDHC oferecerá 
ao cidadão o direito, inalienável, de liberdade frente ao Estado, devendo resistir a 
qualquer forma de opressão e agressão à sua dignidade por parte deste.
Inspirados na experiência das declarações inglesa e americana, que reconhe-
ciam juridicamente os direitos do cidadão, os revolucionários institucionalizam por 
meio da nova constituição as conquistas alcançadas pela Revolução. Com isso, 
pretendiam impedir possíveis retrocessos.
Porém a burguesia, condutora do processo revolucionário, precisa delimitar 
quais serão os elementos do Antigo Regime que deverão ser reformados e quais 
conservados, além de procurar deter os anseios populares, na medida exata 
para a realização dos próprios interesses ante as demandas de reformas abran-
gentes prometidas às massas em troca de apoio na Revolução. Por isso, a forma 
como a cidadania será estabelecida é muito mais formal e abstrata do que os 
desejos do povo. Assim, a burguesia preserva seus interesses econômicos.
A expansão e a universalização da cidadania se darão a partir da legali-
zação dos direitos sociais, fato que se deu entre o fim do século XIX e o início do 
século XX. É o que veremos a seguir.
1.3.3 Conceituando a cidadania
Jaime Pinsky (2003, p. 9) afirma que
ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à 
igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também 
participar do destino da sociedade, votar e ser votado, ter direitos 
políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia 
sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do 
indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho, 
ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila. Exercer a cida-
dania plena é ter direitos civis, políticos e sociais.
O ordenamento jurídico contemporâneo entende que o direito necessita de 
reconhecimento, na forma de uma lei escrita, ou seja, positivada. Do ponto de 
vista legal, só isso bastaria para assegurar os direitos de cidadania. Porém não 
é essa a opinião de setores amplos da sociedade organizada, uma vez que o 
Estado deve promover sua organização de forma a garantir, por meio de polí-
ticas públicas, que todos tenham acesso aos direitos.
Em um regime democrático, como o nosso, é imprescindível que o debate 
em torno das políticas públicas seja feito de forma transparente, assegurando a 
todos o direito de colocar publicamente suas demandas. A aplicação de meca-
nismos de democracia direta, tais como consultas populares, audiências públicas, 
criação de conselhos entre outros, é instrumento necessário para a participação 
da sociedade civil, uma vez que é cada vez mais consenso na sociedade que a 
democracia representativa parlamentar possui uma série de lacunas e falhas.
O Brasil já vem dando passos significativos quanto a isso. Mas somente por 
meio de uma boa política educacional, que vise à emancipação do cidadão, 
é que esses instrumentos terão eficiência e eficácia. A educação de qualidade 
promove o bem-estar coletivo e constrói no cidadão as condições, para que 
possa controlar a execução das políticas públicas, ou seja, o efetivo acesso aos 
direitos, e exigir a transparência necessária por parte do Estado no uso dos 
recursos públicos.
O termo filosofia deriva do grego philos (= amigo) e sophia (= sabedoria). 
Quem pode ser filósofo? Todos aqueles que cultivam a curiosidade, estão abertos 
ao novo, não aceitam as coisas passivamente e procuram dar uma resposta 
pessoal aos problemas que encontram. A admiração/espanto e a angústia são 
atitudes que provocam o início da reflexão filosófica. Vimos também, nesta aula, 
que a ética é uma postura de vida que não pode ser reduzida a uma série de 
normas. Pudemos perceber também que, ao longo da história, cada cultura e 
cada povo procuram construir princípios éticos que visam sempre a alcançar 
o bem. A banalização do uso do termo cidadania não tem contribuído para a 
efetivação de políticas públicas e de engajamento da sociedade civil na solução 
dos graves problemas sociais que enfrentamos. Cidadão na Grécia é todo 
aquele que segue a religião da cidade e honra seus deuses. Aos estrangeiros, 
às mulheres, aos escravos, às crianças, era vedada essa possibilidade, tendo 
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 537
participar do destino da sociedade, votar e ser votado, ter direitos 
políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia 
sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do 
indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho, 
ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila. Exercer a cida-
dania plena é ter direitos civis, políticos e sociais.
O ordenamento jurídico contemporâneo entende que o direito necessita de 
reconhecimento, na forma de uma lei escrita, ou seja, positivada. Do ponto de 
vista legal, só isso bastaria para assegurar os direitos de cidadania. Porém não 
é essa a opinião de setores amplos da sociedade organizada, uma vez que o 
Estado deve promover sua organização de forma a garantir, por meio de polí-
ticas públicas, que todos tenham acesso aos direitos.Em um regime democrático, como o nosso, é imprescindível que o debate 
em torno das políticas públicas seja feito de forma transparente, assegurando a 
todos o direito de colocar publicamente suas demandas. A aplicação de meca-
nismos de democracia direta, tais como consultas populares, audiências públicas, 
criação de conselhos entre outros, é instrumento necessário para a participação 
da sociedade civil, uma vez que é cada vez mais consenso na sociedade que a 
democracia representativa parlamentar possui uma série de lacunas e falhas.
O Brasil já vem dando passos significativos quanto a isso. Mas somente por 
meio de uma boa política educacional, que vise à emancipação do cidadão, 
é que esses instrumentos terão eficiência e eficácia. A educação de qualidade 
promove o bem-estar coletivo e constrói no cidadão as condições, para que 
possa controlar a execução das políticas públicas, ou seja, o efetivo acesso aos 
direitos, e exigir a transparência necessária por parte do Estado no uso dos 
recursos públicos.
O termo filosofia deriva do grego philos (= amigo) e sophia (= sabedoria). 
Quem pode ser filósofo? Todos aqueles que cultivam a curiosidade, estão abertos 
ao novo, não aceitam as coisas passivamente e procuram dar uma resposta 
pessoal aos problemas que encontram. A admiração/espanto e a angústia são 
atitudes que provocam o início da reflexão filosófica. Vimos também, nesta aula, 
que a ética é uma postura de vida que não pode ser reduzida a uma série de 
normas. Pudemos perceber também que, ao longo da história, cada cultura e 
cada povo procuram construir princípios éticos que visam sempre a alcançar 
o bem. A banalização do uso do termo cidadania não tem contribuído para a 
efetivação de políticas públicas e de engajamento da sociedade civil na solução 
dos graves problemas sociais que enfrentamos. Cidadão na Grécia é todo 
aquele que segue a religião da cidade e honra seus deuses. Aos estrangeiros, 
às mulheres, aos escravos, às crianças, era vedada essa possibilidade, tendo 
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
538 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
em vista a preservação das cerimônias sagradas. Com a Revolução Francesa, 
cria-se a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (DDHC), a qual insti-
tucionaliza que os seres humanos gozam de direitos frente ao Estado, antes de 
participar de qualquer sociedade.
1. Reflita sobre o trecho a seguir “Muitos políticos vêm facilitado seu nefasto 
trabalho pela ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de 
manipular quando não pensam, mas tão-somente usam de uma inteligência 
de rebanho. É preciso impedir que os homens se tornem sensatos. Mais vale, 
portanto, que a filosofia seja vista como algo entediante” (JASPERS, citado 
por ARANHA; MARTINS, 2003, p. 77).
Elabore um texto de 15 linhas sobre o seu posicionamento pessoal a respeito 
da reflexão abordada.
2. Elabore uma reflexão sobre a afirmação “ser ético é ser herói”. Construa 
para isso um texto crítico de 15 linhas.
3. Em relação às afirmações a seguir, assinale (V) para as verdadeiras e (F) 
para as falsas, depois indique a seqüência correta.
( ) A cidadania, na Grécia Antiga, era altamente excludente, pois mulheres, 
escravos, estrangeiros e não-proprietários não poderiam ser cidadãos.
( ) Na Idade Média, a cidadania perde força, pois predominaram os inte-
resses pela vida espiritual e pela busca da salvação.
( ) A Revolução Francesa pouco contribuiu para a afirmação da cidadania, 
pois foi liderada pelos burgueses.
( ) Atualmente, os governos precisam garantir o efetivo exercício da cida-
dania, por meio da implantação de políticas públicas.
4. Em relação às interfaces entre filosofia, ética e cidadania, muitas são as 
possibilidades. Aponte a alternativa incorreta sobre a relação entre filosofia, 
ética e cidadania.
a) A filosofia promove a discussão sobre a justiça e sobre a cidadania.
b) No período medieval, filosofia, ética e cidadania recebiam a influência 
da visão antropocêntrica.
c) Na Modernidade, busca-se resgatar valores da Antiguidade clássica, 
dentre eles a visão antropocêntrica.
d) Durante a Revolução Francesa, é promulgada a Declaração Universal 
dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Na atividade um, você pôde abordar a questão de que a ausência de filo-
sofia significa ausência de reflexão e análise profunda de qualquer realidade. 
Procurou também escrever sobre as dificuldades de se exercer a cidadania 
quando faltam a reflexão, a análise e a crítica.
Na atividade dois, procurou analisar o seu dia-a-dia e viu como já se tornou 
comum essa afirmação de que “ser ético é ser herói”. Estamos de fato em 
uma crise de valores. Você com certeza descreveu situações concretas em que 
aparece essa crise.
Na atividade três, você realizou uma análise histórica da cidadania. Na 
Grécia, a cidadania era excludente, cerca de 10% da população apenas era 
de cidadãos. No Medievo, a cidadania perde importância, prevalecendo as 
questões de interesse espiritual. A Revolução Francesa, por meio da Declaração 
dos Direitos do Cidadão, foi importante marco da afirmação dos direitos de cida-
dania. Atualmente, os governos procuram garantir a cidadania implantando polí-
ticas públicas em diferentes áreas, como saúde, educação, moradia, lazer, etc.
Na atividade quatro, você constatou que são intrínsecas as relações ao 
longo da história entre filosofia, ética e cidadania. No Medievo, essas relações 
estão de acordo com a visão teocêntrica de mundo. Na Modernidade, há o 
resgate do antropocentrismo da Antiguidade e, a partir da Revolução Francesa, 
acontecem as promulgações de Direitos de cidadania.
Com essas atividades você alcançou os objetivos dessa aula: conceituar 
filosofia, ética e cidadania e apontar as relações que existem entre elas.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002.
DESCARTES, R. Discurso do método. In: Descartes: obras escolhidas. São Paulo: 
Difel, 1962.
GRAMSCI, A. A concepção dialética da história. São Paulo: Cortez, 1995.
LEWIS, C. Alice no país das maravilhas. Disponível em: <http://www.alfredo-
braga.pro.br/biblioteca/alice-3.html>. Acesso em: 20 jun. 2006.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezzi (Org.). História da Cidadania. 2. ed. 
São Paulo: Contexto, 2003.
SANCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2001.
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 539
Na atividade um, você pôde abordar a questão de que a ausência de filo-
sofia significa ausência de reflexão e análise profunda de qualquer realidade. 
Procurou também escrever sobre as dificuldades de se exercer a cidadania 
quando faltam a reflexão, a análise e a crítica.
Na atividade dois, procurou analisar o seu dia-a-dia e viu como já se tornou 
comum essa afirmação de que “ser ético é ser herói”. Estamos de fato em 
uma crise de valores. Você com certeza descreveu situações concretas em que 
aparece essa crise.
Na atividade três, você realizou uma análise histórica da cidadania. Na 
Grécia, a cidadania era excludente, cerca de 10% da população apenas era 
de cidadãos. No Medievo, a cidadania perde importância, prevalecendo as 
questões de interesse espiritual. A Revolução Francesa, por meio da Declaração 
dos Direitos do Cidadão, foi importante marco da afirmação dos direitos de cida-
dania. Atualmente, os governos procuram garantir a cidadania implantando polí-
ticas públicas em diferentes áreas, como saúde, educação, moradia, lazer, etc.
Na atividade quatro, você constatou que são intrínsecas as relações ao 
longo da história entre filosofia, ética e cidadania. No Medievo, essas relações 
estão de acordo com a visão teocêntrica de mundo. Na Modernidade, há o 
resgate do antropocentrismo da Antiguidade e, a partir da Revolução Francesa, 
acontecem as promulgações de Direitos de cidadania.
Com essas atividades você alcançou osobjetivos dessa aula: conceituar 
filosofia, ética e cidadania e apontar as relações que existem entre elas.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002.
DESCARTES, R. Discurso do método. In: Descartes: obras escolhidas. São Paulo: 
Difel, 1962.
GRAMSCI, A. A concepção dialética da história. São Paulo: Cortez, 1995.
LEWIS, C. Alice no país das maravilhas. Disponível em: <http://www.alfredo-
braga.pro.br/biblioteca/alice-3.html>. Acesso em: 20 jun. 2006.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezzi (Org.). História da Cidadania. 2. ed. 
São Paulo: Contexto, 2003.
SANCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2001.
AUlA 1 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
540 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
As bases da sociedade ocidental podem ser encontradas na filosofia grega. 
Filósofos como os sofistas e, principalmente, Sócrates, Platão e Aristóteles foram 
pensadores que definiram conceitos como ética, lógica, política, metafísica, que 
duraram séculos. A própria palavra cidadania surge no contexto da Antiguidade 
grega. Estas questões e a relação entre Filosofia, Ética e Cidadania na Grécia e 
no Helenismo é o que veremos na próxima aula.
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
contextualizar a Antiguidade Clássica;•	
identificar características dos Sofistas, de Sócrates, Platão, Aristóteles e •	
do período helenista.
Para integralizar os conteúdos desta aula, é importante ter presentes os 
conceitos de filosofia, ética e cidadania que vimos na aula anterior. Esses, como 
vimos, estão inter-relacionados e se complementam. Esta visão integrada vai ser 
a principal característica da Antiguidade Clássica.
No século V a.C., conhecido como Século de Péricles, auge da democracia, 
Atenas tornou-se o centro da vida cultural e política da Grécia.
O ideal de educação aristocrática, baseado em Homero e Hesíodo, do 
guerreiro belo e bom em que a virtude (arete = ser bom naquilo que se faz, 
excelência) maior era a coragem, é substituído pela educação do cidadão, a 
formação do bom orador, que é aquele que participa das decisões da pólis, 
argumentando e persuadindo os outros.
2.1 O movimento Sofista
Para educar os jovens desse novo período, surgem os Sofistas (sábios, espe-
cialistas do saber). Eles eram cidadãos da Hélade (toda a Grécia), não só de 
uma cidade-estado. Os Sofistas elaboraram teoricamente e legitimaram o ideal 
da nova classe em ascensão, a dos comerciantes enriquecidos.
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 541
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
contextualizar a Antiguidade Clássica;•	
identificar características dos Sofistas, de Sócrates, Platão, Aristóteles e •	
do período helenista.
Para integralizar os conteúdos desta aula, é importante ter presentes os 
conceitos de filosofia, ética e cidadania que vimos na aula anterior. Esses, como 
vimos, estão inter-relacionados e se complementam. Esta visão integrada vai ser 
a principal característica da Antiguidade Clássica.
No século V a.C., conhecido como Século de Péricles, auge da democracia, 
Atenas tornou-se o centro da vida cultural e política da Grécia.
O ideal de educação aristocrática, baseado em Homero e Hesíodo, do 
guerreiro belo e bom em que a virtude (arete = ser bom naquilo que se faz, 
excelência) maior era a coragem, é substituído pela educação do cidadão, a 
formação do bom orador, que é aquele que participa das decisões da pólis, 
argumentando e persuadindo os outros.
2.1 O movimento Sofista
Para educar os jovens desse novo período, surgem os Sofistas (sábios, espe-
cialistas do saber). Eles eram cidadãos da Hélade (toda a Grécia), não só de 
uma cidade-estado. Os Sofistas elaboraram teoricamente e legitimaram o ideal 
da nova classe em ascensão, a dos comerciantes enriquecidos.
Pressupostos filosóficos da ética e da 
cidadania na Antiguidade
Aula 2
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
542 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Para os Sofistas, o pensamento dos filósofos até então estava cheio de erros, 
era contraditório e não tinha utilidade para a vida da pólis (cidade). É inútil 
procurar as causas primeiras das coisas, a metafísica, sem antes estudar o homem 
em profundidade e determinar com exatidão o valor e o alcance de sua capaci-
dade de conhecer. O interesse dos Sofistas era essencialmente humanístico.
Metafísica: do grego metâ tà physikò = depois dos tratados da física.
Assim, a palavra significa literalmente depois da física (Metha = depois, além; Physis 
= física). É também definida como a parte da filosofia que procura os princípios e as 
causas primeiras.
A realidade e a lei moral, para os sofistas, ultrapassam a capacidade cogni-
tiva do homem: ele não pode conhecê-las. Tudo o que o homem conhece é arqui-
tetado por ele mesmo: “O homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras). 
Não pode haver conhecimento verdadeiro, absoluto, mas somente conhecimento 
provável. O fim supremo da vida para os sofistas é o prazer.
O movimento sofista tinha como pilar de sustentação a opinião e a retórica, 
cuja técnica definia o homem público. E foi com essa idéia de formação dos 
jovens na técnica da oratória e da retórica que se basearam os Sofistas, respon-
dendo às necessidades da democracia grega.
2.2 Sócrates
Sócrates viveu em Atenas entre 469 e 399 a.C. O Oráculo de Delfos lhe revelou que 
era o homem mais sábio da Grécia. Sócrates concluiu que era o mais sábio porque 
tinha consciência da sua própria ignorância. Sua vocação era ajudar os homens a 
procurar a verdade.
Seu objetivo era incitar os homens a se preocuparem, antes de tudo, com os 
interesses da própria alma, procurando adquirir sabedoria e virtude. Antes de 
conhecer as causas primeiras, os princípios metafísicos, é preciso conhecer-se a 
si mesmo, saber qual é a essência do homem. O homem é a sua alma. Alma é 
a razão, o lugar, a sede de nossa atividade pensante e eticamente operante. É 
preciso educar os homens, para que cuidem mais de sua alma do que do corpo.
Dotado de espírito arguto e questionador, a grande preocupação de Sócrates 
era com a moral, era descobrir o que era justo, verdadeiro e bom. Assim as 
indagações filosóficas mais urgentes devem ser: O que é bom? O que é certo? O 
que é justo?
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 543
Sócrates afirmava que o homem pecava por falta de conhecimento. Se tivesse 
conhecimento das coisas, não pecaria. Portanto conhecimento era virtude, sendo 
a ignorância a maior causa do mal.
Para o conhecimento verdadeiro sobre o bem, o mal e a justiça, utilizava 
na praça pública, junto aos jovens e a todos os que o seguiam, inclusive Platão, 
o método de pergunta e resposta. Seu método foi posteriormente denominado 
maiêutica – parturição das idéias. Sócrates extraía, aos poucos, do interlocutor 
o conhecimento, através da lógica, impregnada de ironia. Sócrates deixa emba-
raçado e perplexo aquele que está seguro de si mesmo, faz com que o homem 
veja os seus problemas, desperta-lhe a curiosidade e o estimula a refletir. Não 
ensina a verdade, mas ajuda cada um a descobri-la nele mesmo. Para ele, 
aprender não é coisa fácil, só lenta e progressivamente se chega ao conheci-
mento da verdade.
Fanarete, a mãe de Sócrates, era parteira. Talvez daí venha a influência 
para o seu método.
Seu objetivo, por meio da dialética e da ironia, era desmascarar a falsa 
sabedoria e chegar a um conhecimento da natureza humana. Podia-se chegar 
ao conhecimento verdadeiro com muito trabalho intelectual.
A ética socrática baseava-se no respeito às leis e, portanto, à coletividade. 
Vislumbrava nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, 
independentemente de elas serem justas ou injustas. Entendia o direitocomo um 
instrumento de coesão, em favor do bem comum. É pela submissão às leis que 
a ética da cidade se organiza, já que a ética do coletivo está sempre acima da 
ética do individual.
Os poderosos da época viram-se ameaçados pela atitude filosófica de Sócrates: 
ele provocava o pensamento crítico e os jovens poderiam começar a questionar as 
suas ações. Sócrates tornou-se uma figura muito polêmica, amada e odiada por 
muitos. Foi preso sob acusação de corrupção da juventude e de não acreditar nos 
deuses da cidade. Seu julgamento ficou célebre e foi condenado com duas opções 
de pena: ou exilar-se ou morrer (ingerindo um veneno – a cicuta).
Coerente com sua postura e sua filosofia de que “mais vale um homem infeliz 
no sentido de estar permanentemente inquieto com a busca da verdade, do que 
viver como um porco satisfeito”, Sócrates escolhe beber cicuta, ficando para a 
posteridade seu amor à verdade, ao desapego aos bens materiais, à postura 
ética frente a si próprio e a sua sociedade. Aceitou a morte como prova de que 
ele defendia o valor da lei como elemento de ordem do todo.
Magee (2001, p. 23), ao falar sobre a postura de Sócrates, afirma que:
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544 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
nenhum outro filósofo teve mais influência do que Sócrates, tendo 
sido o primeiro a ensinar a prioridade da integridade pessoal 
em termos do dever da pessoa para consigo mesma, e não para 
com os deuses, a lei ou quaisquer outras autoridades. Além disso, 
buscou, mais do que ninguém, o princípio de que tudo deve estar 
aberto ao questionamento – não pode haver respostas taxativas e 
inflexíveis, porque elas próprias, como tudo o mais, estão abertas 
ao questionamento.
Desde então, o método de pergunta e resposta, instigando o aluno a pensar, 
para buscar a verdade, constitui, por excelência, o método pedagógico utili-
zado amplamente no processo de ensino-aprendizagem.
2.3 Platão
Seu nome era Aristócles, mas pelo vigor físico e extensão de sua testa recebe o apelido 
de Platão, platôs em grego significa amplitude, largueza, extensão. Platão foi discí-
pulo de Sócrates por cerca de dez anos. Filho de família nobre, entrou na escola de 
Sócrates para se preparar para a política. Ficou, porém, decepcionado com as injus-
tiças praticadas pelo governo e pela condenação de Sócrates à morte, abandonando 
sua aspiração à política. Com a condenação de Sócrates, Platão deixa Atenas e vai a 
Megara, temendo perseguições do governo de Atenas. Em 387 a.C., volta a Atenas e 
funda a Academia. A Academia é, por muitos, considerada a primeira universidade. 
Durante séculos, a Academia foi o centro de atração para todos os estudiosos. Platão 
morre em 347a.C.
Diferentemente de seu mestre Sócrates, que nada escreveu, Platão escreveu 
cerca de duas dezenas de diálogos, verdadeiras peças literárias. Por meio desses 
diálogos, expõe, na primeira etapa, as idéias de Sócrates e, na segunda, suas 
próprias idéias.
Fundou sua escola com o nome de Academia, cujos estudos básicos eram 
aritmética, geometria, astronomia e as harmonias do som, cujo objetivo era 
preparar os jovens para se iniciarem nas indagações filosóficas.
De sua obra, dois diálogos são considerados pelos historiadores os mais 
famosos: A República, que se ocupa, sobretudo, da natureza da justiça (e, 
portanto, da ética), no qual traça o plano do Estado ideal, e O Banquete, uma 
investigação sobre a natureza do amor.
Platão acompanhou e vivenciou o drama da acusação de Sócrates e regis-
trou o acontecimento nos diálogos: o Crítias, a Apologia e o Fédon. A Apologia 
narra o discurso feito por Sócrates em sua própria defesa em seu julgamento e 
é a justificativa de sua vida.
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 545
Para você compreender melhor a concepção de Platão sobre ética, vamos 
explicar, resumidamente, algumas idéias desse filósofo sobre como conhecemos 
a realidade e sobre o que é a realidade.
Segundo ele, existem dois tipos de realidade: o mundo em que vivemos, do 
qual temos apenas um conhecimento sensível, aparente, e um mundo ideal, que 
são as essências com existência própria.
A República é um diálogo escrito no século IV a.C. por Platão. Nesse diálogo, são questio-
nados os assuntos da organização social. Nesta obra, Platão nos apresenta a alegoria da 
caverna (Mito da Caverna). Nela, são apresentadas questões importantes sobre o viver, a 
ação e a ética.
Visite o site <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna> e aprofunde as questões 
que surgirem após a reflexão. Tente aproximar isso de sua prática profissional.
A doutrina das idéias é a intuição fundamental de Platão da qual derivam 
todos os outros conhecimentos. Platão demonstra a existência do mundo das 
idéias da seguinte forma:
a) reminiscência: não tiramos as idéias universais da experiência, mas sim 
da recordação de uma intuição do que se deu em outra vida;
b) o verdadeiro conhecimento: a ciência só é possível quando são trabalhados 
conceitos universais. Para isso, deve existir o mundo inteligível, universal;
c) contingência: idéia necessária e estática para que se explique o nascer e 
o perecer das coisas.
As idéias, segundo Platão, são incorpóreas, imateriais, não sensíveis, incor-
ruptíveis, eternas, divinas, imutáveis, auto-suficientes, transcendentes.
2.3.1 A Ética das virtudes
A compreensão da teoria ética platônica passa também pela forma como o 
filósofo concebe a alma e suas principais atribuições.
Para o discípulo de Sócrates, a alma – princípio que anima ou move o homem 
– se divide em três partes: razão, vontade (ou ânimo) e apetite (ou desejos). As 
virtudes são função desta alma, as quais são determinadas pela natureza da 
alma e pela divisão de suas partes. Na verdade, ele estava propondo uma ética 
das virtudes, que seriam função da alma.
Pela razão, faculdade superior e característica do homem, a alma se elevaria, 
mediante a contemplação, ao mundo das idéias. Seu fim último é purificar ou 
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546 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
libertar-se da matéria, para contemplar o que realmente é e, acima de tudo, a idéia 
do Bem. A ética platônica ensina a desprezar os prazeres, as riquezas, as honras, 
a renunciar aos bens do corpo e às coisas deste mundo e a praticar a Virtude.
A vida aqui na terra é passageira, é uma prova. A verdadeira vida está 
no além ou Hades (o invisível). No Hades, a alma é julgada, podendo receber 
prêmios, castigo eterno ou castigo temporário.
Para Platão, em conformidade com seu mestre Sócrates, a virtude consiste 
no conhecimento, e o mal, na ignorância. A virtude é uma só: a conquista da 
verdade. O ensinamento moral de Platão entra em choque com os valores tradi-
cionais baseados nos poetas Homero e Hesíodo e codificados na religião pública. 
Os valores de beleza do corpo e de saúde física são desprezados por Platão.
O verdadeiro e autêntico fim da vida moral é a alma. E como cuidar dela? 
Procurando purificá-la, libertá-la dos laços que a prendem ao corpo e ao mundo 
material, habituando-a a viver só consigo mesma e só para si mesma. A alma 
deve elevar-se ao supremo conhecimento do inteligível, ou seja, à contemplação 
das idéias.
Platão, pode-se dizer, criou uma “pedagogia” para o desenvolvimento das 
virtudes. Na escola, as crianças, primeiramente, têm de aprender a controlar 
seus desejos, desenvolvendo a temperança, depois incrementar a coragem para, 
por fim, atingir a sabedoria.
A ética de Platão tem relações com sua filosofia política, pois é na pólis 
(cidade-estado) que acontece a vida moral.
O Estado ideal, segundo Platão, correspondia ao ser humano: como o corpo 
possui cabeça, peito e baixo-ventre, também o Estado deveria possuir, respecti-
vamente, governantes, guerreiros e trabalhadores, com as respectivas caracte-
rísticas que você vê a seguir.
Trabalhadores •	 (lavradores, comerciantes e artesãos): neles prevalece o 
aspecto concupiscível da alma, o mais elementar. Suavirtude principal 
é a temperança que consiste na ordem, no domínio e na disciplina dos 
prazeres e desejos. Pressupõe-se, também, desta classe, a submissão às 
ordens das classes superiores.
Guerreiros•	 : nestes prevalece a força volitiva da alma. Suas caracterís-
ticas devem ser, ao mesmo tempo, a mansidão e a ferocidade. A virtude 
dos guerreiros deve ser a fortaleza ou coragem. Esta classe é respon-
sável pela vigilância, deve cuidar dos perigos externos e internos da 
Cidade. Deve-se observar, também, que as tarefas sejam confiadas aos 
cidadãos conforme a índole de cada um.
Governantes•	 : estes deverão amar a cidade como ninguém. Têm de 
cumprir com zelo sua missão e, acima de tudo, que devem conhecer e 
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UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 547
contemplar o Bem e a Justiça. Nos governantes, domina a alma racional, 
e sua virtude principal é a sabedoria.
A justiça nada mais é do que a harmonia que se estabelece entre essas três 
virtudes: a sabedoria, a coragem e a temperança. O conceito de justiça em 
Platão é, segundo a natureza, cada um fazer aquilo que lhe compete fazer.
O regime ideal para Platão é o do filósofo-rei, pois o filósofo governa pela 
sabedoria e sabe discernir melhor do que ninguém o que é justo ou injusto para 
a pólis. Bom governo é o que realiza o bem do homem (da alma). Estado ideal 
é o que quer viver no bem, na justiça e na verdade.
Logo o sábio e o cidadão pertencem aos segmentos superiores, são 
privilegiados que atingiram o conhecimento e a sabedoria pela razão. Na 
visão de Platão, os trabalhadores no Estado ocupam o lugar mais baixo em 
sua hierarquia.
A filosofia platônica exerceu grande influência no pensamento religioso 
cristão e moral do Ocidente.
2.4 Aristóteles
Aristóteles (384-322 a. C.) nasceu em Estagira, na Trácia, em 384 a.C., na fronteira com 
a Macedônia. Seu pai era médico e serviu a Corte da Macedônia. Aos 17 anos, vai a 
Atenas e entra na Academia de Platão, na qual permanece por 20 anos, até a morte de 
Platão. Com a morte de Platão (347 a.C.) volta à Macedônia e torna-se preceptor de 
Alexandre Magno. Em 336 a.C., volta novamente a Atenas. Em Atenas abriu uma escola 
chamada Peripatética, pois dava suas lições em um corredor do Liceu (Perípatos). O inte-
resse da Escola de Aristóteles está nas ciências naturais.
Platão escreveu suas obras em forma de diálogo; Aristóteles, porém, preferiu 
o Tratado, pois permitia mais clareza, ordem e objetividade. A atividade filo-
sófica, segundo Aristóteles, nasce da admiração. Os homens foram levados a 
filosofar, sendo primeiramente abalados pelas dificuldades mais óbvias e foram 
progredindo pouco a pouco até resolverem problemas maiores. O filosofar deve 
estar destituído de conotação utilitária e interesseira. A Filosofia é a ciência das 
causas primeiras, é de todas as ciências a única que é livre, pois só ela existe 
por si. As outras ciências podem até ser mais necessárias que a filosofia, mas 
nenhuma se lhe assemelha em excelência.
Aristóteles rejeitou a teoria das idéias de seu mestre Platão, privilegiando 
o mundo concreto. A observação da realidade, segundo Aristóteles, leva-nos 
à constatação da existência de inúmeros seres individuais concretos e mutáveis 
que são captados por nossos sentidos.
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548 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Partindo da realidade sensorial-empírica, a ciência deve buscar as estru-
turas essenciais de cada ser. É a partir da existência do ser que devemos 
atingir a sua essência em um processo de conhecimento que caminha do indi-
vidual ao universal.
Para isso, ele elege a experiência como fonte de conhecimento, mostrando 
que as formas são a essência das coisas, que não há separação entre os objetos 
e as formas: essas são imanentes àqueles. As idéias não existem fora das coisas: 
dependem da existência individual dos objetos.
Então, comparando as interpretações de Platão e Aristóteles sobre como 
podemos conhecer a realidade, constatamos que elas são radicalmente dife-
rentes. Magee (2001), Platão e Aristóteles trabalham com dois arquétipos 
e modelos que, aparentemente, são conflitantes ao longo da história da 
filosofia. Platão atribuí um valor secundário ao modo como percebemos 
o mundo através de nossos sentidos. Para ele, os sentidos não podem ser 
objeto de confiança. Eles nos enganam. E é nesse sentido que Platão cria 
a metáfora do mundo das idéias. O mundo das idéias é o que está por trás 
do que está mostrado aos sentidos. Já para Aristóteles, todo o conhecimento 
é conhecido por meio dos sentidos. Nada chega à razão sem antes passar 
pelos sentidos. E é nesse sentido que o mundo, para Aristóteles, não está 
dividido, como para Platão, em duas realidades, mas tudo é percebido 
através da razão e dos sentidos.
Para efeitos de nossos objetivos, destacamos para você o eixo central do 
pensamento de Aristóteles sobre Ética e Política.
2.4.1 O que é a Ética para Aristóteles?
O Homem é um ser racional, e sua felicidade consiste na atuação da 
razão, não em riquezas e honrarias. Felicidade é a plena realização das 
próprias capacidades. A atuação da razão está na contemplação. Mas os 
sentidos devem ser satisfeitos. É preciso haver harmonia entre razão e sentidos, 
prazer e razão. Se tivermos auto-indulgência e autoconfiança desenfreadas, 
estaremos em perpétuo conflito com os outros. Então tais atitudes são preju-
diciais ao nosso caráter. Em contrapartida, a inibição também. O meio para 
conseguir a felicidade é a virtude. Virtude é o hábito de escolher o justo meio. 
“A virtude está no meio”. Virtude é o ponto intermediário entre dois extremos, 
sendo esses extremos considerados vícios. Aristóteles não identifica virtude 
com saber (como Platão), mas dá importância à escolha, que depende mais 
da vontade que da razão.
O homem encontra as virtudes éticas já prontas. São transmitidas pela 
ordem estabelecida na sociedade e no Estado (pólis). Tais virtudes têm validade 
e consentimento universal (por exemplo, prudência, generosidade). A atitude 
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 549
ética não nasce inicialmente dos julgamentos, mas é adquirida graças à prática: 
pelo exercício, pelo hábito, pela aprendizagem.
2.4.2 E a Política, como Aristóteles a define?
Para Aristóteles, o Homem é por natureza um animal político. A origem do 
Estado se dá de maneira instintiva, natural. Segundo ele, quem vive fora do 
Estado ou não precisa dele ou é Deus ou é um animal.
O Estado deve tornar possível a vida feliz. Só o Estado torna possível a 
completa realização de todas as capacidades humanas. A finalidade do Estado 
é o Bem Comum. O que irá tornar possível a relação entre o homem e a política 
é a Justiça. Para a realização da justiça, é preciso que haja vontade: o sujeito irá 
praticar determinado ato não porque foi condicionado a isso, mas sim porque 
ele próprio optou por isso.
Aristóteles desenvolveu um conceito de justiça distributiva a qual se refere 
a todo tipo de distribuição feita pelo Estado, seja de dinheiro, honras, cargos, 
etc. Refere-se às repartições nas quais se consideram aspectos subjetivos, 
méritos, qualificações, desigualdades, etc. A justiça distributiva confere a cada 
um o que lhe é devido, dentro de uma razão de proporcionalidade participa-
tiva, pela sociedade, evitando os extremos tanto do excesso como da falta.
O conceito de justiça distributiva implica outro conceito desenvolvido por 
Aristóteles, a eqüidade. Na realização de uma lei ou da justiça, pode ocorrer 
o injusto, daí nasce o conceito da eqüidade. A eqüidade indica um direito que, 
embora não formulado pelos legisladores, acha-se difundido na consciência 
das pessoas. Uma lei, quando feita, tem sua aplicação generalizada. O fato 
é que a lei é para todos, mas nem todos os casos devem ser punidos com o 
máximo de justiça. A eqüidade nasce do fato de que se deve tratar de maneira 
desigual os desiguais. Em uma sociedade escravocrata, adesigualdade torna-
se algo comum. A eqüidade representa a excelência do homem altruísta que, 
ao ter de recorrer ao império coativo da lei, prefere valer-se de técnicas de 
civilidade e virtuosismo, que seguem os princípios da moral que permeou a 
escola socrática.
2.5 O Helenismo
Atualmente, percebe-se certa apatia das pessoas, em relação às questões 
sociais e políticas. Para a maioria, o que importa é cada um se preocupar 
consigo mesmo e não se envolver nas questões coletivas. Vejamos o que esse 
cenário tem a ver com o assunto em pauta.
No século IV a.C., Atenas perde sua hegemonia e independência para 
os macedônios. Podemos datar esse período entre a morte de Aristóteles em 
322 a.C. e o começo da Era Cristã. Nesse longo período, a cultura e a língua 
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550 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
gregas desempenharam papel preponderante nos três grandes reinos helênicos, 
a Macedônia, a Síria e o Egito.
Saiba mais
Após a decadência política e econômica da Grécia Antiga, com a invasão 
por Alexandre Magno da Macedônia, a cultura construída pelos gregos perma-
nece e se expande, por meio das conquistas de Alexandre, constituindo o fenô-
meno hoje conhecido por helenismo.
Seu Império se estendia por quase todo o mundo conhecido pelos gregos 
antigos, da Itália à Índia, incluindo boa parte do que hoje é chamado de, Oriente 
Médio, junto com vastas áreas do Norte da África. As cidades-Estado gregas 
perderam sua independência e foram absorvidas pelo império de Alexandre, 
perdendo seu predomínio cultural.
Esse imperador, aonde chegava, fundava novas cidades e incentivava o casa-
mento dos gregos com mulheres locais, tornando essas populações cosmopolitas. 
Mas seu ethos e sua língua permaneceram gregos em toda parte. Formam-se, 
então, populações multirraciais e multilíngües. Caíram, dessa forma, precon-
ceitos racistas contra bárbaros e escravos, pois Alexandre instruiu milhares de 
jovens bárbaros na arte da guerra. Tentou equiparar os bárbaros e escravos com 
os gregos. A cultura helênica (grega) tornou-se helenística na difusão entre os 
vários povos e raças. A Hélade teve de assimilar alguns elementos desses povos. 
Dos romanos, por exemplo, assimilou a praticidade.
A cidade mais importante desse império foi Alexandria, fundada por 
Alexandre no norte da África. Capital cultural, durou cerca de trezentos anos, 
desde a queda das cidades gregas, no século IV a.C., até o surgimento do 
Império romano, no século I a.C.
O declínio da pólis não corresponde ao nascimento de organismos polí-
ticos fortes, capazes de ser referência moral e acender novos ideais. As monar-
quias helenísticas, nascidas após a dissolução do império de Alexandre (323 
a.C.), foram organismos instáveis. De cidadão, o homem grego torna-se súdito. 
Das “virtudes civis”, passa-se a determinados conhecimentos técnicos que não 
podem ser domínio de todos, porque requerem estudos e disposições especiais. 
O administrador da coisa pública torna-se funcionário, soldado, mercenário. Há 
um desinteresse para com as coisas do Estado, da Política.
O helenismo é pouco propício à profundeza e originalidade. Os três grandes 
filósofos de Atenas, Sócrates, Platão e Aristóteles, transformaram-se em fonte 
de inspiração para diferentes correntes filosóficas, sobressaindo a preocupação 
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UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 551
com a Ética. Após a perda da independência da pólis, o cidadão grego se sente 
inseguro e perdido. A via da salvação é refugiar-se em si mesmo, em sua solidão 
interior. As grandes perguntas do período são: o que é felicidade? Qual é o bem 
supremo? O mundo helenístico forma indivíduos. Quebra-se o laço entre ética e 
política, homem e cidadão. Em 146 a.C., a Grécia perde totalmente a liberdade 
tornando-se uma província romana.
Para resolver os problemas do homem cosmopolita da época, relativos à 
ética e à verdade, surgem alguns movimentos filosóficos, dos quais destaca-
remos o estoicismo e o epicurismo.
2.5.1 Epicurismo
O epicurismo foi a doutrina de maior influência no mundo romano. Deve seu 
nome ao pensador grego Epicuro de Samos (347-270 a.C.) que foi seu iniciador. 
Epicuro não difundiu suas idéias sozinho, deixou discípulos que as disseminaram, 
quais sejam Menequeu, Heródoto, Pitocles, Metrodoro, Hermano e Colotes.
Foi reconhecendo a importância dos sentidos e de seu papel para o homem 
que o epicurismo delineou seus princípios éticos, tendo como base fundamental 
a dor evitada e o prazer almejado.
O prazer defendido pelo o epicurismo é a ausência de dor. Epicuro afirmava 
que, quando dizemos que o prazer é a meta, não nos referimos aos prazeres 
terrenos dos depravados e dos bêbados, como imaginam os que desconhecem 
nosso pensamento ou nos combatem ou nos compreendem mal, e sim à ausência 
de dor psíquica e à ataraxia da alma.
Ataraxia: os estóicos identificam a ataraxia com a apatia, isto é, a serenidade intelectual, 
o domínio de si, o estado da alma que se tornou estranha às desordens das paixões e 
insensível à dor, rejeitando a procura da felicidade. Já que as “coisas” não podem ser de 
outro modo, o mais sensato é acomodarmo-nos.
A ética social epicurista, uma vez compreendida, leva à conclusão de que a 
consciência de dor e de prazer induz o homem a se furtar da dor, e, portanto, a 
evitar produzi-la injustamente em outrem. Provoca, com isso, o surgimento da ética 
social do prazer. Assim, o homem que sofre torna-se sensível ao sofrimento do 
outro. Aqui, está a chave da sociabilidade ética do epicurismo, e também a chave 
para a compreensão dos preceitos de justiça. A justiça consiste em conservar-se 
longe da possibilidade de causar dano a outrem e de sofrê-lo; consiste naqueles 
lugares em que se concluiu um pacto para não causar e não sofrer danos.
Para o epicurismo, a sensação é a origem de tudo, uma vez que a busca 
do prazer e a repulsão à dor, a si e, por conseqüência, a outrem, fazem com 
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
552 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
que as relações humanas sejam firmadas em pactos, a fim de gozar de um 
bem-estar social.
Com o advento do cristianismo, os epicuristas foram vistos como sinônimo 
de perdição, pois negavam a imortalidade e a existência de um deus benévolo 
e afirmavam ser fundamental viver os valores deste mundo.
A filosofia epicurista é considerada muito semelhante ao humanismo cientí-
fico e liberal do século XX. Essa filosofia foi a primeira versão racionalizada de 
uma postura de vida que tem sido muito abraçada em nossa época.
2.5.2 Estoicismo
O estoicismo é uma filosofia que preconiza que o homem deve enfrentar 
o seu destino com coragem e dignidade e suportar a dor. Os estóicos conside-
ravam que o bem supremo era uma vida virtuosa.
Foi fundado no século IV a.C., teve influências em toda a filosofia antiga 
e medieval-cristã. A palavra estoicismo vem de Stoa, que significa pórtico 
(entrada do templo ou edifício nobre). Os estóicos ensinavam sob os pórticos 
de Atenas. Expoentes: Zenão – fundador da Escola, Crisipo, Epicleto, Sêneca 
e Marco Aurélio.
Surgiu na Grécia, mas foi em Roma que exerceu grande influência, faci-
litada pela austera psicologia do cidadão romano que constituíra o império. 
Foi a filosofia que influenciou com mais força o Cristianismo e tornou-se indis-
pensável para a preservação do direito greco-romano. Ao expandir suas fron-
teiras, formando um vasto império, Roma desenvolveu conhecimentos práticos, 
tais como construir estradas duradouras para trânsito de seus soldados e das 
mercadorias. Absorve a ética estóica, enquanto necessitava de guerreiros 
fortes, valentes e destemidos, que soubessem controlar as paixões e a dor.
O estoicismo busca explicar o mundo, os fenômenos naturais e estabelecer 
uma ética para o homem, desenvolvendo dois valores: a igualdade e a liber-
dade. O ser humano só é livre quando a vontade é autônoma, e isso era possível 
na Grécia, onde os cidadãos tinham autonomia paracriar suas normas jurídicas. 
Com o surgimento do Império, os indivíduos perderam sua função, e isso fez com 
que surgisse uma nova concepção do homem.
A filosofia estóica afirma que, uma vez que a morte e a adversidade estão 
fora de nosso controle e acontecem com todo mundo, devemos enfrentá-las com 
nobre resignação. Portanto, para os estóicos, só devemos nos preocupar com 
aquilo que depender de nós, que estiver ao nosso alcance, e devemos aceitar 
com imperturbabilidade o que foge de nossa alçada. As pessoas não devem se 
rebelar contra essa fatalidade, que não é, na visão dessa filosofia, uma tragédia. 
A rebelião contra isso demonstra que nossas emoções estão erradas.
Os estoicistas alertavam para a postura de que, se todas as nossas emoções 
forem submetidas a nossa razão, só serão admitidos juízos verdadeiros, e assim 
nos poremos de acordo com as coisas como realmente são.
A ética estóica é uma ética da ataraxia, voltada não só para a finalidade 
da conduta humana, mas para a ação, pois é nela que reside a capacidade de 
conferir felicidade ao homem. A ética estóica determina os cumprimentos éticos 
pelo simples dever, ou seja, a ética deve ser cumprida, porque trata de manda-
mentos certos e incontornáveis da ação, mandamentos esses decorrentes de lei 
natural. É a intuição das normas naturais que confere ao homem a capacidade de 
discernir o que é favorável e o que é desfavorável ao seu bom agir. Isso vem bem 
espelhado nas obras de Cícero, quando explica que não se deve agir pelo temor 
social da punição. A vontade de praticar justiça deve ser o móvel da ação.
A ética estóica teve influência indiscutível sobre a ética cristã. Os termos 
estóico e estoicismo, no uso familiar de nossa língua, significam enfrentar a 
adversidade sem se queixar.
O movimento sofista trouxe para o centro da reflexão filosófica a discussão 
das questões humanistas. O objetivo de Sócrates era incitar os homens a se 
preocupar, antes de tudo, com os interesses da própria alma, procurando 
adquirir sabedoria e virtude. Sócrates, por meio da dialética e da ironia, procu-
rava desmascarar a falsa sabedoria e chegar a um conhecimento da natureza 
humana. Para Platão, existem dois tipos de realidade: o mundo em que vivemos, 
do qual temos apenas um conhecimento sensível e aparente; e, por outro lado, 
um mundo ideal, que são as essências, com existência própria, fora deste mundo, 
que só atingimos por meio do conhecimento racional, após uma purificação do 
conhecimento sensório. Aristóteles rejeitou a teoria das idéias de seu mestre 
Platão, privilegiando o mundo concreto. A observação da realidade, segundo 
Aristóteles, leva-nos à constatação da existência de inúmeros seres individuais 
concretos e mutáveis que são captados por nossos sentidos. Partindo da reali-
dade sensorial-empírica, a ciência deve buscar as estruturas essenciais de cada 
ser. Para Aristóteles, o homem encontra as virtudes éticas já prontas. São trans-
mitidas pela ordem estabelecida na sociedade e no Estado (pólis). Tais virtudes 
têm validade e consentimento universal (por exemplo, prudência, generosidade). 
A atitude ética não nasce inicialmente dos julgamentos, mas é adquirida graças 
à prática: pelo exercício, pelo hábito e pela aprendizagem.
Após a decadência política e econômica da Grécia Antiga, com a invasão 
por Alexandre Magno da Macedônia, a cultura construída pelos gregos perma-
nece e se expande por meio das conquistas de Alexandre, constituindo o fenô-
meno hoje conhecido como helenismo. O declínio da pólis não corresponde ao 
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 553
Os estoicistas alertavam para a postura de que, se todas as nossas emoções 
forem submetidas a nossa razão, só serão admitidos juízos verdadeiros, e assim 
nos poremos de acordo com as coisas como realmente são.
A ética estóica é uma ética da ataraxia, voltada não só para a finalidade 
da conduta humana, mas para a ação, pois é nela que reside a capacidade de 
conferir felicidade ao homem. A ética estóica determina os cumprimentos éticos 
pelo simples dever, ou seja, a ética deve ser cumprida, porque trata de manda-
mentos certos e incontornáveis da ação, mandamentos esses decorrentes de lei 
natural. É a intuição das normas naturais que confere ao homem a capacidade de 
discernir o que é favorável e o que é desfavorável ao seu bom agir. Isso vem bem 
espelhado nas obras de Cícero, quando explica que não se deve agir pelo temor 
social da punição. A vontade de praticar justiça deve ser o móvel da ação.
A ética estóica teve influência indiscutível sobre a ética cristã. Os termos 
estóico e estoicismo, no uso familiar de nossa língua, significam enfrentar a 
adversidade sem se queixar.
O movimento sofista trouxe para o centro da reflexão filosófica a discussão 
das questões humanistas. O objetivo de Sócrates era incitar os homens a se 
preocupar, antes de tudo, com os interesses da própria alma, procurando 
adquirir sabedoria e virtude. Sócrates, por meio da dialética e da ironia, procu-
rava desmascarar a falsa sabedoria e chegar a um conhecimento da natureza 
humana. Para Platão, existem dois tipos de realidade: o mundo em que vivemos, 
do qual temos apenas um conhecimento sensível e aparente; e, por outro lado, 
um mundo ideal, que são as essências, com existência própria, fora deste mundo, 
que só atingimos por meio do conhecimento racional, após uma purificação do 
conhecimento sensório. Aristóteles rejeitou a teoria das idéias de seu mestre 
Platão, privilegiando o mundo concreto. A observação da realidade, segundo 
Aristóteles, leva-nos à constatação da existência de inúmeros seres individuais 
concretos e mutáveis que são captados por nossos sentidos. Partindo da reali-
dade sensorial-empírica, a ciência deve buscar as estruturas essenciais de cada 
ser. Para Aristóteles, o homem encontra as virtudes éticas já prontas. São trans-
mitidas pela ordem estabelecida na sociedade e no Estado (pólis). Tais virtudes 
têm validade e consentimento universal (por exemplo, prudência, generosidade). 
A atitude ética não nasce inicialmente dos julgamentos, mas é adquirida graças 
à prática: pelo exercício, pelo hábito e pela aprendizagem.
Após a decadência política e econômica da Grécia Antiga, com a invasão 
por Alexandre Magno da Macedônia, a cultura construída pelos gregos perma-
nece e se expande por meio das conquistas de Alexandre, constituindo o fenô-
meno hoje conhecido como helenismo. O declínio da pólis não corresponde ao 
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
554 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
nascimento de organismos políticos fortes, capazes de ser referência moral e 
acender novos ideais. Para o epicurismo, a sensação é a origem de tudo, uma 
vez que a busca do prazer e a repulsão à dor, a si e, por conseqüência, a outrem 
faz com que as relações humanas sejam firmadas em pactos, a fim de gozar de 
um bem-estar social. O maior destaque da filosofia estóica é a capacidade de 
suportar as vicissitudes da vida com calma e dignidade.
1. Vimos, nesta aula, que os sofistas foram os grandes educadores dos filhos 
dos ricos comerciantes que queriam participar da vida politica da pólis 
grega. Quais são os grupos sociais em ascensão atualmente? Que tipo de 
educação/treinamento procuram?
2. Elabore uma análise crítica de 15 linhas da frase de Sócrates “mais vale um 
homem feliz do que um porco satisfeito”.
3. Entre as afirmações a seguir, identifique as verdadeiras e as falsas, e, depois, 
marque a seqüência correta.
( ) Platão dividiu a realidade em Mundo Sensível e Mundo das Idéias.
( ) No Mito da Caverna, Aristóteles defende que o homem é um animal 
político.
( ) Sócrates, Platão e Aristóteles são considerados os mais importantes 
pensadores da Antiguidade grega.
( ) No período helenista, a cultura grega foi ignorada. Neste período, foi 
enaltecida a cultura romana.
A seqüência correta é:
a) F, F, V, F c) V, V, F, F
b) V, F, V, F d) F, V, F, V
4. Após a decadência política e econômica daGrécia antiga, com a invasão 
por Alexandre Magno da Macedônia, a cultura construída pelos gregos 
permanece e se expande, por meio das conquistas de Alexandre, consti-
tuindo o fenômeno hoje conhecido por helenismo. Entre as principais carac-
terísticas do helenismo pode-se afirmar que:
a) era uma forma de pensamento original superior à filosofia feita pelos 
clássicos gregos;
b) privilegiava a ação individual em oposição à tendência política dos 
gregos;
c) buscava compreender a origem do mundo e do ser humano;
d) promovia um forte compromisso social entre as pessoas.
Na atividade um, você procurou identificar os grupos sociais que estão em 
ascensão hoje, onde estudam, que cursos preferem, se estudam em escolas ou 
universidades públicas ou privadas e que tipo de pedagogia e ideologia as 
escolas e universidades reforçam.
Na atividade dois, você procurou as definições éticas em Sócrates, como a 
doutrina da educação da alma, para responder adequadamente a esta questão. 
Atente também para a crítica de Sócrates em relação à sociedade grega, que se 
preocuparia demasiadamente com coisas fúteis e sem sentido.
Na atividade três, você procurou trazer as seguintes idéias: Platão, autor 
de A República, dividiu a realidade em mundo sensível e mundo das idéias. 
Aristóteles afirmava que o homem é um animal político no livro Política. Sócrates, 
Platão e Aristóteles são os principais representantes da Antiguidade grega. Eles 
enalteceram a cultura grega e esta foi assumida como modelo por Alexandre, 
durante o helenismo.
Na atividade quatro, você reviu as características do helenismo, como 
ausência de pensamento original, preocupação com aspectos individuais e éticos, 
em detrimento de um pensamento político e social, típico da sociedade grega.
Essas atividades certamente levaram você ao alcance dos objetivos desta 
aula, ou seja, reconhecer as caracteríticas dos filósofos sofistas, bem como 
contextualizar a Antiguidade clássica.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 2002.
MAGEE, Bryan. História da filosofia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
Um período histórico cria as condições e contradições para o surgimento de 
outro. Por isso, com o declínio da pólis grega e a afirmação do helenismo, vão 
surgindo lentamente as características do que seria uma nova época histórica, a 
Idade Média. No contexto do Império Romano e do Helenismo, surgirá o cristia-
nismo que, com seu novo quadro de valores e crenças, vai caracterizar o período 
medieval. As características da idade medieval e os seus principais representantes, 
Santo Agostinho e Tomás de Aquino, são os temas que veremos na próxima aula.
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 555
c) buscava compreender a origem do mundo e do ser humano;
d) promovia um forte compromisso social entre as pessoas.
Na atividade um, você procurou identificar os grupos sociais que estão em 
ascensão hoje, onde estudam, que cursos preferem, se estudam em escolas ou 
universidades públicas ou privadas e que tipo de pedagogia e ideologia as 
escolas e universidades reforçam.
Na atividade dois, você procurou as definições éticas em Sócrates, como a 
doutrina da educação da alma, para responder adequadamente a esta questão. 
Atente também para a crítica de Sócrates em relação à sociedade grega, que se 
preocuparia demasiadamente com coisas fúteis e sem sentido.
Na atividade três, você procurou trazer as seguintes idéias: Platão, autor 
de A República, dividiu a realidade em mundo sensível e mundo das idéias. 
Aristóteles afirmava que o homem é um animal político no livro Política. Sócrates, 
Platão e Aristóteles são os principais representantes da Antiguidade grega. Eles 
enalteceram a cultura grega e esta foi assumida como modelo por Alexandre, 
durante o helenismo.
Na atividade quatro, você reviu as características do helenismo, como 
ausência de pensamento original, preocupação com aspectos individuais e éticos, 
em detrimento de um pensamento político e social, típico da sociedade grega.
Essas atividades certamente levaram você ao alcance dos objetivos desta 
aula, ou seja, reconhecer as caracteríticas dos filósofos sofistas, bem como 
contextualizar a Antiguidade clássica.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 2002.
MAGEE, Bryan. História da filosofia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
Um período histórico cria as condições e contradições para o surgimento de 
outro. Por isso, com o declínio da pólis grega e a afirmação do helenismo, vão 
surgindo lentamente as características do que seria uma nova época histórica, a 
Idade Média. No contexto do Império Romano e do Helenismo, surgirá o cristia-
nismo que, com seu novo quadro de valores e crenças, vai caracterizar o período 
medieval. As características da idade medieval e os seus principais representantes, 
Santo Agostinho e Tomás de Aquino, são os temas que veremos na próxima aula.
AUlA 2 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
556 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
identificar os principais paradigmas do pensamento filosófico medieval •	
ligados à ética e à cidadania;
caracterizar o pensamento de Santo Agostinho e Tomás de Aquino•	 .
Para bem compreender os temas desta aula, retome as principais caracte-
rísticas da Antiguidade Clássica ligadas à questão da ética e da cidadania. 
Faça uma síntese do pensamento dos Sofistas, de Sócrates, Platão e Aristóteles, 
e tenha presente as contradições da sociedade helenística, que deram as bases 
da construção do pensamento medieval.
O Cristianismo surge a partir do movimento iniciado por Jesus Cristo e, 
logo após sua morte, começa a propagar-se, por meio de seus seguidores, 
introduzindo no mundo romano, junto às camadas mais desfavorecidas, novas 
crenças e valores que começam a sacudir os deuses do império romano que, 
então, serviam como uma das ideologias para sustentar a organização social 
do imenso império conquistado.
Durante os mil anos entre a queda do Império Romano (séc. V d.C.) e o 
Renascimento (séc. XV), a Europa absorve a religião professada pela Igreja 
Católica.
A partir do séc. III d.C., o pensamento religioso toma um lugar fundamental 
na filosofia ocidental. No período medieval, três religiões vão influenciar o 
pensamento europeu: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo.
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 557
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
identificar os principais paradigmas do pensamento filosófico medieval •	
ligados à ética e à cidadania;
caracterizar o pensamento de Santo Agostinho e Tomás de Aquino•	 .
Para bem compreender os temas desta aula, retome as principais caracte-
rísticas da Antiguidade Clássica ligadas à questão da ética e da cidadania. 
Faça uma síntese do pensamento dos Sofistas, de Sócrates, Platão e Aristóteles, 
e tenha presente as contradições da sociedade helenística, que deram as bases 
da construção do pensamento medieval.
O Cristianismo surge a partir do movimento iniciado por Jesus Cristo e, 
logo após sua morte, começa a propagar-se, por meio de seus seguidores, 
introduzindo no mundo romano, junto às camadas mais desfavorecidas, novas 
crenças e valores que começam a sacudir os deuses do império romano que, 
então, serviam como uma das ideologias para sustentar a organização social 
do imenso império conquistado.
Durante os mil anos entre a queda do Império Romano (séc. V d.C.) e o 
Renascimento (séc. XV), a Europa absorve a religião professada pela Igreja 
Católica.
A partir do séc. III d.C., o pensamento religioso toma um lugar fundamental 
na filosofia ocidental. No período medieval, três religiões vão influenciar o 
pensamento europeu: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo.
Pressupostos filosóficos da ética e da 
cidadania na Idade Média
Aula 3
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
558 1º PERÍODO• ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
3.1 Contextualizando a Idade Média
A Idade Média é o longo período que vai de 476 (queda do Império 
Romano do Ocidente) até 1453 (queda do Império Romano do Oriente, tomada 
de Constantinopla pelos Turcos–Otomanos).
O antigo império romano foi se dividindo pouco a pouco em três espaços 
culturais diferentes. A cultura cristã de língua latina formou-se na Europa, cuja 
capital era Roma. Já na Europa oriental surgiu um núcleo cultural cristão de 
língua grega, cuja capital era Bizâncio. O norte da África e o Oriente Médio 
tinham pertencido ao Império Romano. Nessas regiões desenvolveu-se, na Idade 
Média, uma cultura muçulmana de língua árabe.
Em conseqüência, a filosofia grega tomou três rumos diferentes. A cultura 
católico-romana no ocidente, a cultura romano-oriental e a cultura árabe. No 
período medieval, os únicos letrados que tinham acesso ao conhecimento eram 
os monges. Então a temática da época estava relacionada à tentativa de conci-
liar a fé com a razão.
O Método da disputa era típico da filosofia medieval e consistia na expo-
sição de idéias filosóficas em que a tese era apresentada e devia ser refutada ou 
defendida por argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles, Platão ou dos padres 
da Igreja. Esse método era conhecido também como Princípio da Autoridade. 
Observe o que dizem Aranha e Martins na citação a seguir:
o desejo de unidade de poder, de restauração da antiga ordem 
perdida se expressa na difusão do cristianismo que representa, 
na Idade Média, o ideal de Estado Universal. Desde o final do 
Império Romano, quando o cristianismo obteve liberdade de culto 
do Império no ano 313, estabelece-se a ligação entre Estado e 
Igreja. A igreja legitima o poder do Estado, atribuindo-lhe uma 
origem divina (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 199).
O período medieval tinha a concepção de que o homem teria a natureza 
sujeita ao pecado e ao descontrole das paixões, o que exige vigilância cons-
tante, cabendo ao Estado intimidar os homens para que agissem corretamente. 
Há, dessa forma, uma estreita ligação entre política e moral, com a exigência 
de se formar o governante justo, que consiga obrigar, muitas vezes pelo medo, à 
obediência aos princípios da moral cristã. O Estado medieval tem em suas mãos 
o poder temporal, voltado para as necessidades mundanas. A Igreja possui o 
poder espiritual, voltado para os interesses da salvação da alma, o objetivo e 
horizonte ético central do homem medieval, e deve encaminhar o rebanho para 
a verdadeira religião, por meio da força da educação e da persuasão.
A fé popular nem sempre se manifestava nos termos pretendidos pela doutrina 
católica. Havia uma série de crenças e ações, denominadas heresias, que se 
chocavam com os dogmas da Igreja. O papa Gregório IX criou, em 1231, os 
tribunais da inquisição, que tinham como objetivo combater as heresias.
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 559
Os tribunais da inquisição atuaram em vários reinos cristãos: Itália, França, 
Alemanha, Portugal e, sobretudo, Espanha. Pressionada pelas monarquias cató-
licas, a inquisição atuou no combate aos movimentos contrários à ordem social 
dominante, desempenhando também papel de repressão social e política.
A formação da sociedade feudal-medieval se dá, efetivamente, com a insta-
lação de um modo de produção: o feudalismo. A insegurança provocada pelas 
invasões dos séculos IX e X obrigou as populações a se proteger. Muitas pessoas 
migraram da cidade para o campo. Construíram-se vilas fortificadas e castelos 
cercados por muralhas. Cada um se defendia como podia. Os mais fracos procu-
ravam ajuda de nobres poderosos. Já os camponeses, que buscavam a proteção 
dos senhores de terra, foram submetidos à servidão.
Um fator histórico relevante é que, com a decadência da escravidão, a 
desestruturação do Império Romano e as invasões dos povos “bárbaros”, há uma 
transformação nas relações de trabalho e na sociedade em geral que resultou na 
estruturação da sociedade feudal.
O sistema feudal tem como características principais:
a terra era o principal meio de produção e pertencia aos senhores •	
feudais;
a sociedade era rigidamente hierarquizada, tendo como classes sociais: •	
senhores feudais, clero e servos;
os trabalhadores tinham direito ao usufruto e à ocupação das terras, mas •	
nunca à propriedade delas. Os senhores, por meio dos laços feudais, 
tinham o direito de arrecadar tributos sobre os produtos ou sobre a 
própria terra;
havia um sistema de deveres entre senhores e servos. Os servos traba-•	
lhavam em regime de servidão, no qual não gozavam de plena liber-
dade, mas também não eram escravos;
os servos eram os que efetivamente trabalhavam; os senhores feudais e •	
o clero viviam do trabalho dos outros.
A servidão na sociedade feudal perdurou um longo tempo, porque havia forte 
solidariedade entre as famílias senhoriais, cumprimento irrestrito de compromissos 
e juramentos, e também pela presença da Igreja sancionando esses compro-
missos, definindo claramente o lugar das classes servis nessa comunidade. Desse 
modo, os senhores conseguiram não só manter pleno domínio da situação, mas 
também fazer com que essa dominação fosse aceita pelos dominados.
Essa situação, que se manteve durante séculos sem contradições e conflitos, 
começou a mudar no século XIV. A crise da sociedade feudal foi fruto da fome, 
doenças (peste negra), Guerra dos Cem Anos (entre Inglaterra e França), insur-
reições camponesas, etc.
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
560 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Com a desestruturação da sociedade feudal, surgem os primeiros sinais da 
constituição lenta e permanente de um novo modo de produção: o capitalista.
Nesse longo período, portanto, a Igreja romana dominava a Europa, ungia 
e coroava reis, organizava cruzadas à terra santa e criava, em volta das cate-
drais, as primeiras universidades e escolas.
A ética predominante no período medieval é a cristã, que se distingue das 
antigas nos seguintes aspectos:
os antigos tinham por objetivo assegurar sua felicidade terrestre. A reli-•	
gião cristã centra a conquista da felicidade como um esforço do indi-
víduo para alcançar a felicidade eterna fora da terra;
os antigos consideravam que a via moral é uma via conforme a natureza •	
do homem. A via da moral cristã é, ao contrário, transcendente: a lei 
divina se impõe sobre o homem, ultrapassa a ordem natural e é conhe-
cida pela revelação; é exterior ao homem, é imposta sob forma de uma 
obrigação, de um dever.
No estabelecimento das relações entre Ética e Política, enquanto Aristóteles 
associava como virtude máxima a justiça de responsabilidade do Estado, Cristo 
ensina uma moral cujos fundamentos implicam uma anulação do pensamento 
político. Dizia: “meu reino não é deste mundo”, “façam penitência porque o 
reino de Deus está próximo”, explicitando que a via dos cristãos deve estar 
voltada para o céu.
O apóstolo São Paulo modifica essa doutrina: “que toda pessoa seja 
submissa às autoridades superiores, porque toda autoridade vem de Deus e as 
autoridades que existem foram instituídas por Deus” (epístola aos Romanos).
3.2 Patrística e Escolástica
O grande problema enfrentado na Idade Média foi defender a fé cristã 
dos questionamentos feitos pela filosofia e justificar racionalmente a fé e assim 
propagá-la ao mundo inteiro.
Vejamos como os dois principais movimentos filosóficos do período – a 
Patrística, representada por Agostinho de Hipona, e a Escolástica, por Tomás de 
Aquino – se desdobram nessa tarefa.
3.2.1 A Patrística
Na primeira etapa de formação da Idade Média, em relação ao pensamento 
da igreja, destaca-se a filosofia chamada Patrística (entre séc. II e VII d.C.), cuja 
principal figura é Santo Agostinho. É o período da história da filosofia caracte-
rizado pelo esforço feito pelos primeiros padres da Igreja para conciliar a nova 
religião – o Cristianismo – com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, 
AUlA 3 • fIlOSOfIA,éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 561
pois somente com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da nova 
verdade e convertê-los a ela.
Saiba mais
A filosofia patrística tem a tarefa religiosa de evangelização e defesa da 
religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. A 
Patrística foi obrigada a introduzir idéias desconhecidas para os filósofos greco-
romanos: a idéia de criação do mundo, pecado original, encarnação e morte de 
Deus, juízo final, fim dos tempos e ressurreição dos mortos. Como pode existir o 
mal se tudo foi criado por Deus?
Para impor as idéias cristãs, os padres as transformaram em dogmas, que 
são verdades reveladas por Deus, por meio da bíblia e dos santos. Por serem 
divinos, os dogmas eram considerados irrefutáveis e inquestionáveis.
Quanto aos temas centrais do período, fé e razão, os pensadores assumiam 
três posições distintas:
fé e razão são irreconciliáveis: a fé é superior à razão;•	
fé e razão são conciliáveis: a razão é subordinada a fé;•	
fé e razão são irreconciliáveis: cada uma tem um campo de atuação •	
específico.
3.2.2 Santo Agostinho
Agostinho nasceu em Tagaste, atual Argélia, norte da África, em 354. Foi bispo de 
Hipona, também norte da África, por isso é conhecido como Agostinho de Hipona. 
Sua vida pode ser dividida em dois períodos distintos: antes da conversão e depois da 
conversão ao cristianismo. Antes da conversão, Agostinho interessa-se principalmente 
por retórica e filosofia. Depois da conversão, concentra seu interesse, sobretudo, na 
Sagrada Escritura e na teologia.
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
562 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Santo Agostinho cria uma doutrina para conciliar a filosofia grega, principal-
mente o pensamento de Platão, com o cristianismo. Antes de sua conversão ao 
cristianismo, adotou a doutrina maniqueísta do profeta persa Mani, do século III d. 
C, que partia do princípio de que o universo é o campo de batalha entre as forças 
do bem e do mal, da luz e da treva. Considerava, esse profeta, que a matéria é 
má, mas o espírito é bom, sendo cada ser humano uma mistura de ambos, com 
uma luz que vem da alma que anseia libertar-se da matéria do seu corpo.
Entretanto Agostinho abandonou essa doutrina e buscou a fonte nos textos 
de Platão e de Plotino, também grego (204-269 d.C.), que seguiu o pensamento 
místico de Platão. Embora não professasse a religião cristã, Plotino exerceu 
enorme influência nos dois maiores filósofos cristãos, Santo Agostinho e Santo 
Tomás de Aquino.
O Cristianismo, centrado, sobretudo, nas práticas morais, não apresentava 
uma filosofia. Cristo não se preocupava em discutir questões filosóficas. Portanto 
unir a filosofia platônica, de um lado e, do outro, uma religião não filosófica, 
abriu perspectivas para a união desses dois campos.
Nos anos próximos de sua morte, Agostinho vivenciou o desmoronamento do 
Império Romano. O mundo civilizado que conheceu estava sendo destruído, entre 
outras razões, pelas invasões de hordas, chamadas pelos romanos de bárbaros.
Comenta Magee (2001) que certamente essas circunstâncias influen-
ciaram em sua visão pessimista sobre a natureza humana, decadente e de 
caráter pecaminoso.
Analisa, em seu livro A Cidade de Deus, a questão de como cada indivíduo 
é um cidadão de duas comunidades diferentes ao mesmo tempo. A cidade de 
Deus e a cidade dos homens. Na primeira, está o reino de Deus, imutável, eterno 
e baseado em valores verdadeiros; na segunda, estão os reinos altamente instá-
veis deste mundo, com seus valores fugazes e falsos.
Nesse sentido, lembre-se da teoria platônica das duas realidades, a das 
essências verdadeiras, fora deste mundo, e a das aparências, que é o próprio 
mundo onde vivemos, teoria em cuja fonte Agostinho foi buscar fundamentos 
para sua filosofia ética.
Nossa verdadeira cidadania, portanto, não é deste mundo, mas do outro. A 
outra influência que reflete em sua filosofia ética é também sua própria vida pessoal, 
que, na juventude, foi vivida na boemia e nos prazeres terrenos e que, após sua 
conversão ao cristianismo, busca novos valores com fundamentos na ética do cristia-
nismo. Sua conversão e sua vida são relatadas em sua famosa obra As confissões.
O conceito fundamental da ética agostiniana é o amor que coincide com a 
vontade. O fim do esforço humano é a felicidade, que é alcançada não por meio 
dos apetites de bens materiais particulares, mas em Deus, imutável. Deus criou 
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 563
o homem a sua imagem e semelhança, e é somente nele que o homem pode 
encontrar-se, pelo amor.
3.2.3 Escolástica
No longo período histórico de formação da Idade Média (entre os séc. IV 
e XIII – período áureo da Idade Média), grandes civilizações desenvolveram-
se em outras partes do mundo. Nesse período, o Islã prosperou em todo o 
território do que fora o Império de Alexandre, disseminando-se pela África do 
Norte até a Espanha. Foi o mundo islâmico que preservou grande parte da 
cultura clássica, como, por exemplo, as obras de Aristóteles que, no século XIII, 
foram reintroduzidas na Europa, além de levar sua cultura com grande efeito 
transformador para o desenvolvimento intelectual europeu.
Também, nesse longo período, a civilização chinesa desenvolveu ampla-
mente sua cultura e, de igual modo, os japoneses.
O período de reflorescimento da cultura européia é conhecido também sob 
a denominação de Escolástica. Nos séculos IX, X, XI e XII, são debatidas muitas 
questões filosóficas que preparam o advento do século XIII ou século de ouro da 
Idade Média.
Por que Escolástica? Ao longo desse período, são criadas escolas, as futuras 
universidades, onde teólogos, professores e alunos debatem temas filosóficos à 
luz da religião.
No século XIII, renasce o pensamento filosófico europeu, de forma siste-
mática, e refloresce a cultura. Ocorre um grande intercâmbio entre filósofos 
árabes e cristãos, são construídas as grandes catedrais góticas francesas; na 
Inglaterra, são fundadas as Universidades de Oxford e Cambridge, onde se 
iniciam pesquisas lideradas por Rogério Bacon.
As universidades surgem também em Paris e em outras cidades importantes, 
onde se desenvolvem as disputas filosóficas à luz da teologia, ou seja, da fé 
católica, cujos pensadores, padres e alunos, buscam fundamentar os dogmas da 
Igreja com base no raciocínio filosófico.
Saiba mais
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
564 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
3.2.4 Tomás de Aquino
Nasceu em Roccasecca, Itália, em 1225. Em 1239, entrou para a Universidade de Nápoles 
e, pouco depois, para a ordem dos dominicanos. Depois de obter o grau de mestre em 
teologia, ensinou essa disciplina na Universidade Sorbonne em Paris e, mais tarde, assumiu 
o cargo de teólogo papal na corte pontifícia. Passou seus últimos anos no convento de 
Nápoles, compondo a Suma Teologia, comentando Aristóteles e pregando ao povo.
Tomás de Aquino, ao estudar a filosofia de Aristóteles, introduzida pelos 
árabes, absorve-a e sistematiza o pensamento teológico da Igreja Católica.
O problema das relações entre fé e razão é a temática central do 
pensamento de Tomás de Aquino.
Na obra Suma Teológica, Tomás de Aquino expõe sua doutrina sobre a justiça 
como problema ligado à ação humana. No que diz respeito à natureza humana, 
Santo Tomás definia que o homem é composto de corpo e de alma, sendo aquele 
o material para o aperfeiçoamento da alma, criado por Deus. Aperfeiçoamento 
que se dá porque a alma animal pode ser sensitiva ou intelectual. É na atividade 
intelectual que o homem particulariza e diferencia sua alma.
Para ele, a filosofia deveria subordinar-se à revelação, que é critério único 
de verdade. Tomás definiu o termo justiça, com base nas influências aristotélicas, 
como uma vontade perene de dar a cada um o que é seu. 
No século XIX, a Igreja Católica escolhe a obra de Tomás de Aquino para 
fundamentar o dogma cristão.Para Tomás, fé e razão não podem se contra-
dizer, na medida em que ambas emanam de Deus. Em conseqüência, filosofia 
e teologia não podem apresentar verdades divergentes, apenas diferem pelo 
método: a filosofia parte das coisas criadas para alcançar Deus, enquanto a 
teologia tem como ponto de partida Deus.
No âmbito de nosso estudo, vamos compreender a filosofia ética de Tomás 
de Aquino: o “bem” transcendental é objeto da ética. O bem é uma realidade 
que se apresenta como uma perfeição como o fim de uma aspiração para um 
outro ser.
Para Tomás de Aquino, o bem supremo, Deus, é contemplado com plena 
felicidade por determinação da alma racional, cujas virtudes o filósofo distingue 
entre teologais e cardinais naturais.
As•	 Teologais só são acessíveis ao homem por meio da graça de Deus: 
fé, amor, esperança, em que o amor ordena todos os atos humanos para 
o fim divino supremo.
As•	 Cardinais são definidas como perfeição das faculdades naturais. 
Assim, é preciso buscar na razão a sabedoria e a inteligência; na 
vontade, a justiça; no esforço, a coragem; no desejo, a temperança.
Para Tomás, as virtudes definem a atitude interior do homem; a ordem exte-
rior e as ações são dirigidas pelas leis. O legislador supremo é Deus, pois é o 
legislador de todo o universo. A lei eterna é a sabedoria divina que tudo dirige. 
A participação da razão humana na lei eterna é pela lei natural.
Por outro lado, a liberdade de querer não está limitada pela lei divina. 
Somente em relação à natureza destituída de razão é que a lei age por neces-
sidade interna. Para o homem, entretanto, a lei assume um caráter de uma lei 
normativa e, nessa medida, o homem participa da providência divina, pois é 
capaz de prever para si e para os outros. É preciso fazer o bem e evitar o mal.
Tomás de Aquino, ao elaborar seu tratado teológico com base na filosofia 
aristotélica, buscando também fontes no pensamento judaico e islâmico, demons-
trou, na época, que havia compatibilidade entre pensamento filosófico e crença 
cristã. Procurou, entretanto, distinguir sempre filosofia e religião, razão e fé.
A servidão, na sociedade feudal, perdurou durante longo tempo, porque 
havia forte solidariedade entre as famílias senhoriais e cumprimento irrestrito de 
compromissos e juramentos. A Igreja sancionava esses compromissos, definindo 
claramente o lugar das classes servis nessa comunidade.
O período medieval tinha a concepção de que o homem teria a natureza 
sujeita ao pecado e ao descontrole das paixões, o que exige vigilância constante, 
cabendo ao Estado intimidar os homens, para que agissem corretamente.
A ética cristã se diferencia das demais por compreender que a felicidade só 
será alcançada fora da vida terrena. Compreende também que a ética deve ser 
transcendente, isto é, por meio da revelação divina, o ser humano deve cumprir o 
seu dever de agir em conformidade com os ensinamentos das escrituras sagradas.
A filosofia patrística tem a tarefa religiosa de evangelização e defesa da 
religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos.
Santo Agostinho cria uma doutrina para conciliar a filosofia grega, princi-
palmente o pensamento de Platão, com o cristianismo.
Para Tomás, fé e razão não podem se contradizer, na medida em que 
ambas emanam de Deus. Em conseqüência, filosofia e teologia não podem 
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 565
As•	 Teologais só são acessíveis ao homem por meio da graça de Deus: 
fé, amor, esperança, em que o amor ordena todos os atos humanos para 
o fim divino supremo.
As•	 Cardinais são definidas como perfeição das faculdades naturais. 
Assim, é preciso buscar na razão a sabedoria e a inteligência; na 
vontade, a justiça; no esforço, a coragem; no desejo, a temperança.
Para Tomás, as virtudes definem a atitude interior do homem; a ordem exte-
rior e as ações são dirigidas pelas leis. O legislador supremo é Deus, pois é o 
legislador de todo o universo. A lei eterna é a sabedoria divina que tudo dirige. 
A participação da razão humana na lei eterna é pela lei natural.
Por outro lado, a liberdade de querer não está limitada pela lei divina. 
Somente em relação à natureza destituída de razão é que a lei age por neces-
sidade interna. Para o homem, entretanto, a lei assume um caráter de uma lei 
normativa e, nessa medida, o homem participa da providência divina, pois é 
capaz de prever para si e para os outros. É preciso fazer o bem e evitar o mal.
Tomás de Aquino, ao elaborar seu tratado teológico com base na filosofia 
aristotélica, buscando também fontes no pensamento judaico e islâmico, demons-
trou, na época, que havia compatibilidade entre pensamento filosófico e crença 
cristã. Procurou, entretanto, distinguir sempre filosofia e religião, razão e fé.
A servidão, na sociedade feudal, perdurou durante longo tempo, porque 
havia forte solidariedade entre as famílias senhoriais e cumprimento irrestrito de 
compromissos e juramentos. A Igreja sancionava esses compromissos, definindo 
claramente o lugar das classes servis nessa comunidade.
O período medieval tinha a concepção de que o homem teria a natureza 
sujeita ao pecado e ao descontrole das paixões, o que exige vigilância constante, 
cabendo ao Estado intimidar os homens, para que agissem corretamente.
A ética cristã se diferencia das demais por compreender que a felicidade só 
será alcançada fora da vida terrena. Compreende também que a ética deve ser 
transcendente, isto é, por meio da revelação divina, o ser humano deve cumprir o 
seu dever de agir em conformidade com os ensinamentos das escrituras sagradas.
A filosofia patrística tem a tarefa religiosa de evangelização e defesa da 
religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos.
Santo Agostinho cria uma doutrina para conciliar a filosofia grega, princi-
palmente o pensamento de Platão, com o cristianismo.
Para Tomás, fé e razão não podem se contradizer, na medida em que 
ambas emanam de Deus. Em conseqüência, filosofia e teologia não podem 
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
566 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
apresentar verdades divergentes, apenas diferem pelo método: a filosofia parte 
das coisas criadas para alcançar Deus, enquanto a teologia tem, como ponto 
de partida, Deus.
1. Comente a afirmação: “na Idade Média, o importante não era ser cidadão, 
era ser fiel”. O que isso implica na questão da cidadania e da ética?
2. Vimos, nesta aula, que o grande problema enfrentado pela filosofia medieval 
foi conciliar fé e razão. Elabore um texto crítico de 15 linhas analisando que 
tipo de relação é possível entre religião e filosofia.
3. No período medieval, a cidadania perde o caráter de participação política. 
Nessa época, são mais importantes os valores espirituais do que os materiais. 
Quais foram os dois principais representantes desse período histórico?
( ) Platão e Aristóteles
( ) Plotino e Sêneca
( ) Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino
( ) Maquiavel e Fílon de Alexandria
4. O espírito renascentista provocou mudanças na Igreja Católica, que foi dura-
mente criticada durante a Renascença. As insatisfações culminaram com um 
movimento de ruptura na unidade cristã. Assinale a alternativa a seguir que 
corresponde a esse movimento.
a) Reforma Eclesial
b) Reforma Protestante
c) Reforma Feudal
d) Reforma Renascentista
Na atividade um, você procurou relacionar como as crenças cegas em 
determinados dogmas e crenças limitam a atuação cidadã. Você também pôde 
contextualizar o período falando dos motivos pelos quais as pessoas priorizavam 
a religiosidade.
Na atividade dois, você escreveu sobre as características da filosofia 
medieval, cujo tema central eram as relações entre fé e razão. Lembre-se de que 
a razão era serva da fé. Analise como se dão também atualmente essas rela-
ções, procure ouvir o que outras pessoas pensam a respeito das relações entre 
filosofia e religião.
Na atividade três, você identificou, por meio da leitura atentado texto, 
as contribuições de Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino para o pensa-
mento medieval.
Na atividade quatro, você observou que o Renascimento foi especialmente 
crítico, em relação à interferência da Igreja em todas as atividades humanas. 
Esse posicionamento provocou a Reforma Protestante, que promoveu o rompi-
mento da unidade católica na Europa.
Sugestão de filmes: O Nome da Rosa, Em nome de Deus, Cruzada.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
MAGEE, Bryan. História da filosofia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
A sociedade, caracterizada pelo teocentrismo e sob forte influência da reli-
gião, será contestada pelo Renascimento, movimento cultural que buscou retomar 
alguns conceitos da Antiguidade Clássica, principalmente o antropocentrismo. 
O Renascimento fará a transição da sociedade medieval para a Modernidade. 
Esse período é marcado pela crítica à religião, que culminará com a Reforma 
Protestante. Todo o contexto moderno junto com os seus representantes como 
Maquiavel, Bacon, Galileu e Descartes serão objeto de análise e reflexão na 
nossa próxima aula.
AUlA 3 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 567
ções, procure ouvir o que outras pessoas pensam a respeito das relações entre 
filosofia e religião.
Na atividade três, você identificou, por meio da leitura atenta do texto, 
as contribuições de Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino para o pensa-
mento medieval.
Na atividade quatro, você observou que o Renascimento foi especialmente 
crítico, em relação à interferência da Igreja em todas as atividades humanas. 
Esse posicionamento provocou a Reforma Protestante, que promoveu o rompi-
mento da unidade católica na Europa.
Sugestão de filmes: O Nome da Rosa, Em nome de Deus, Cruzada.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
MAGEE, Bryan. História da filosofia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
A sociedade, caracterizada pelo teocentrismo e sob forte influência da reli-
gião, será contestada pelo Renascimento, movimento cultural que buscou retomar 
alguns conceitos da Antiguidade Clássica, principalmente o antropocentrismo. 
O Renascimento fará a transição da sociedade medieval para a Modernidade. 
Esse período é marcado pela crítica à religião, que culminará com a Reforma 
Protestante. Todo o contexto moderno junto com os seus representantes como 
Maquiavel, Bacon, Galileu e Descartes serão objeto de análise e reflexão na 
nossa próxima aula.
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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568 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
reconhecer as principais características e movimentos do Renascimento, •	
identificando a importância da Reforma Protestante e o pensamento 
maquiaveliano no processo de construção da Modernidade;
analisar os movimentos filosóficos do Empirismo e do Racionalismo, a •	
partir da análise de como se produz o conhecimento.
Para que você possa aproveitar melhor esta aula, procure rever como 
é o processo de controle do poder político e intelectual da Igreja na Idade 
Média. Esse conteúdo foi apresentado na aula anterior. Essa revisão é impor-
tante para compreender as reações promovidas a partir do Renascimento e da 
Modernidade, assuntos desta aula.
A Idade Média representou o apogeu de uma sociedade fundada em valores 
transcendentais, sustentados por uma visão de mundo dualista: as coisas de 
Deus são boas, o mundo é apenas um obstáculo para a realização da plenitude 
humana possível só em outra vida.
A Modernidade vem oferecer ao homem a possibilidade de ele próprio 
construir o seu destino, aqui mesmo, utilizando-se da sua razão, da sua capaci-
dade de pensar. A partir da Modernidade, o ser humano é desafiado a construir 
um sentido novo para seu existir: buscar a felicidade por seus próprios méritos.
Se na Idade Média os valores são transcendentais e justificados por Deus, a 
partir de agora, a visão de mundo é imanente, isto é, a razão humana deverá 
justificar, segundo seus critérios, a ordem vindoura. Essa concepção transfor-
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 569
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
reconhecer as principais características e movimentos do Renascimento, •	
identificando a importância da Reforma Protestante e o pensamento 
maquiaveliano no processo de construção da Modernidade;
analisar os movimentos filosóficos do Empirismo e do Racionalismo, a •	
partir da análise de como se produz o conhecimento.
Para que você possa aproveitar melhor esta aula, procure rever como 
é o processo de controle do poder político e intelectual da Igreja na Idade 
Média. Esse conteúdo foi apresentado na aula anterior. Essa revisão é impor-
tante para compreender as reações promovidas a partir do Renascimento e da 
Modernidade, assuntos desta aula.
A Idade Média representou o apogeu de uma sociedade fundada em valores 
transcendentais, sustentados por uma visão de mundo dualista: as coisas de 
Deus são boas, o mundo é apenas um obstáculo para a realização da plenitude 
humana possível só em outra vida.
A Modernidade vem oferecer ao homem a possibilidade de ele próprio 
construir o seu destino, aqui mesmo, utilizando-se da sua razão, da sua capaci-
dade de pensar. A partir da Modernidade, o ser humano é desafiado a construir 
um sentido novo para seu existir: buscar a felicidade por seus próprios méritos.
Se na Idade Média os valores são transcendentais e justificados por Deus, a 
partir de agora, a visão de mundo é imanente, isto é, a razão humana deverá 
justificar, segundo seus critérios, a ordem vindoura. Essa concepção transfor-
Modernidade
Aula 4
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
570 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
mará a organização social, o modo de produzir conhecimento, a regulação da 
vida cotidiana e a atitude humana perante o mundo e os demais humanos.
4.1 O Renascimento: gestação da Modernidade
A partir do século XI, ou seja, na baixa Idade Média, a Europa passa por um 
processo de reurbanização provocado pela intensa atividade comercial desenvol-
vida com o oriente. Em torno dos castelos medievais, vão se formando pequenas 
aglomerações urbanas. Na maioria dos casos, são pessoas expulsas dos feudos 
devido ao excedente populacional. O comércio e outros ofícios passam a ser a 
ocupação dessas pessoas. A maioria desses centros urbanos nascentes encontra-
se no caminho de grandes rotas comerciais. O que se percebe com isso é o 
fortalecimento das famílias comerciais, o crescimento dos centros urbanos, o 
enfraquecimento dos antigos senhores feudais.
Renascimento: movimento intelectual e cultural que caracterizou a transição da mentali-
dade medieval para a mentalidade moderna. Esse nome se dá porque muitos artistas, 
intelectuais e cientistas do século XV e XVI quiseram recuperar ou retomar a cultura antiga, 
greco-romana, que esmorecera na Idade Média, e buscar novos caminhos para a inves-
tigação científica. O Renascimento iniciou-se na Itália, principalmente nas cidades de 
Florença, Veneza e Roma.
A burguesia, classe social emergente, sente-se prejudicada, pois, atrelada 
aos padrões tributários e políticos da sociedade feudal, não pode se desen-
volver de forma satisfatória. Para que o capitalismo comercial, então, nos seus 
primórdios, possa progredir, a burguesia necessita de se desvincular do poder 
da Igreja e da estrutura feudal.
Essas transformações, juntamente com as grandes navegações e a conse-
qüente conquista do continente americano, constituem o embrião da formação do 
capitalismo na Europa e nos Estados Unidos, da revolução econômica, cultural, 
social e política do mundo ocidental.
Com a redescoberta das obras dos pensadores greco-romanos,foi possível 
retomar valores como o uso da razão e a vida política em uma sociedade repu-
blicana. Isso despertou o desejo de liberdade em relação ao poder teológico e 
político dos papas e dos imperadores. A cultura grega foi redescoberta, graças 
a um contato mais estreito com os árabes, na Espanha, e com a cultura bizan-
tina. É aqui que se encontram, em uma só, as três correntes de pensamento 
que preservaram a cultura grega, as quais haviam se separado no início da 
Idade Média, quais sejam: cultura católico-romana no ocidente (Roma), cultura 
romano-oriental (Bizâncio) e cultura árabe.
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 571
Para os renascentistas, Roma, Atenas, Esparta são tomadas como modelo de 
cidade, por representar o ideal republicano. Tê-las por modelo significa valorizar 
a vida ativa da prática política contra o ideal de contemplação e submissão 
imposto pela Igreja.
República: forma de governo em que o poder supremo é exercido por 
um ou mais indivíduos eleitos pelo povo. Há uma separação entre a 
coisa pública e os interesses individuais do governante.
Dessas atitudes, teremos, como conseqüência, as duas principais caracterís-
ticas do mundo renascentista: o humanismo antropocêntrico e o racionalismo. 
Para o humanismo antropocêntrico, o ser humano é o centro da vida política 
e cultural. Essa proposição tem um claro sentido de se opor ao teocentrismo 
medieval (Deus como ponto de partida das explicações). Porém não se quer 
afirmar o ser humano de qualquer maneira, mas como portador de uma racio-
nalidade capaz de desvendar os segredos da natureza e colocá-los a serviço do 
homem. O racionalismo quer também promover os valores do indivíduo como 
alguém separado de qualquer sistema de dominação ou sujeição. Os renascen-
tistas desenvolvem uma crença totalmente nova no homem e em seu valor, o que 
se opõe frontalmente à Idade Média, quando se enfatizava apenas a natureza 
pecadora do homem. O homem passou a ser visto, agora, como algo infinita-
mente grandioso e valioso.
Essa nova visão de homem levou a uma nova concepção de vida. O homem 
não existia apenas para servir a Deus, mas, também, a ele próprio. O homem 
podia se desenvolver livremente, ele tinha possibilidades ilimitadas. Seu objetivo 
era ultrapassar todas as fronteiras.
O Renascimento levou também a uma nova concepção de natureza. O fato 
de a vida do homem na Terra não ser vista apenas como preparação para a 
vida no céu deu origem a uma postura completamente nova diante do mundo 
físico. A natureza era considerada agora algo positivo. Muitos acreditavam que 
Deus estava presente na sua criação. Se Deus é infinito, também é onipresente, 
ou seja, está presente em todo lugar (Panteísmo). Essa concepção se chocava 
com a concepção da Igreja que dizia que havia um abismo intransponível entre 
Deus e sua criação.
4.2 Reforma Protestante
O espírito renascentista provocou também mudanças no interior da Igreja 
Católica, duramente criticada nesse período. As insatisfações culminaram com 
um movimento de ruptura na unidade cristã: a Reforma Protestante, cujo autor 
principal foi Martinho Lutero.
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
572 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Martinho Lutero: fundador do Luteranismo. Nasceu em Einsleben, na Alemanha, em 
1483. Pretendeu abrir um debate para uma avaliação interna da Igreja, pois acre-
ditava que a Igreja precisava ser renovada, a partir do Evangelho de Jesus Cristo. 
Faleceu em 1546.
Segundo Cotrim (1997, p. 158-159), a reforma protestante foi motivada por 
diversos fatores. 
Novas interpretações da Bíblia•	 : com a difusão da imprensa, a Bíblia foi 
traduzida do aramaico e do grego para as línguas nacionais, o que 
possibilitou o acesso de mais pessoas à Sagrada Escritura e a novas 
formas de interpretação da doutrina cristã.
Corrupção do clero•	 : diversos cristãos começaram a condenar o 
comportamento do clero. O alto clero de Roma, por exemplo, vendia 
relíquias sagradas falsas, como espinhos que coroaram a fronte de 
Cristo, objetos pessoais de santos, etc. Além disso, a Igreja começou a 
vender indulgências (perdão dos pecados). Mediante certo pagamento 
destinado a financiar obras da Igreja, os fiéis poderiam comprar a sua 
salvação. Esse comportamento do clero gerava um problema ético-
religioso, pois a Igreja dizia que os sacerdotes eram os intermediários 
entre os homens e Deus.
Nova ética religiosa•	 : a Igreja condenava o lucro excessivo, que era 
chamado de usura. Essa concepção entrava em choque com a ganância 
da burguesia, que queria tirar o lucro máximo nos negócios, mas não 
se sentia à vontade, pois temia ir para o inferno. A ética protestante 
atendeu, em parte, a essa necessidade da burguesia.
Sentimento nacionalista•	 : a Igreja insistia em se apresentar como insti-
tuição universal que unia o mundo cristão. Porém os Estados nacionais 
em formação estavam interessados em afirmar as diferenças dos povos 
como a língua e as tradições.
A preocupação de Martinho Lutero deu-se na perspectiva religiosa. Ele 
queria voltar às origens, às fontes do cristianismo. Conseqüentemente, as 
Sagradas Escrituras eram consideradas o centro das interpretações. Para Lutero, 
cada um deveria ter acesso à leitura da Bíblia. Ninguém tinha o direito de ser 
intermediário entre o homem e Deus. Para ele, os padres não desfrutavam de 
uma relação privilegiada com Deus. Além disso, não se obtinha o perdão de 
Deus e a libertação dos pecados por meio dos rituais da Igreja. A redenção era 
concedida ao homem de forma inteiramente gratuita, unicamente pela fé. As 
obras não seriam necessárias.
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 573
4.3 Nicolau Maquiavel e o nascimento da ciência política
Maquiavel é considerado o fundador da ciência política, pois foi o primeiro 
a considerá-la como categoria autônoma. Aranha e Martins (2003, p. 206) 
afirmam que 
as observações das ações dos homens do seu tempo e dos estudos 
dos antigos, sobretudo da Roma Antiga, levam-no à constatação 
de que os homens sempre agiram pelas vias da corrupção e da 
violência. Partindo do pressuposto da natureza humana capaz 
do mal e do erro, analisa a ação política sem se preocupar em 
ocultar ‘o que se faz e não se costuma dizer’. Maquiavel torna 
a política autônoma, porque a desvincula da ética e da religião, 
procurando examiná-la na sua especificidade própria.
Nicolau Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469, em uma Itália fragmen-
tada em inúmeros Estados com regimes políticos, desenvolvimento econômico e culturas 
variadas. Estes Estados estavam sujeitos a disputas internas, hostilidades entre cidades 
vizinhas e constantes invasões externas. A maior parte dos governantes não conseguia se 
manter no poder por muito tempo.
Sua obra O Príncipe tem provocado inúmeras interpretações e controvér-
sias. Frases do tipo: “É necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda 
a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessi-
dade”, influenciam expressões como “os fins justificam os meios”, relacionadas 
à teoria política de Maquiavel.
O príncipe virtuoso é aquele que tem a capacidade de perceber o 
jogo de forças que caracteriza a política para agir com energia a 
fim de conquistar e manter o poder. O Príncipe não deve obedecer 
às normas preestabelecidas da moral cristã. A ética proposta por 
Maquiavel analisa as ações não mais em função de uma hierar-
quia de valores dada a priori, mas sim em vista das conseqüências, 
dos resultados da ação política. O critério para se definir o que é 
moral é o bem da comunidade, e nesse sentido às vezes é legítimo 
o recurso ao mal como o emprego da força coercitiva do Estado, a 
guerra, a prática da espionagem, o emprego da violência. Estamos 
diante de uma moral imanente, mundana, que vive do relaciona-
mento entre os homens. E se há possibilidade de os homens serem 
corruptos, constitui dever do príncipe manter-se no poder a qual-quer custo (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 204-205).
A finalidade da política não é, como diziam os pensadores gregos, romanos 
e cristãos, a justiça e o bem-comum, mas, como sempre souberam os políticos, 
a tomada e manutenção do poder. Ao afastar a ética e a moral da política, a 
doutrina de Maquiavel não comportava a idéia de Direito Natural, fonte dos 
valores morais e da justiça.
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
574 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
A filosofia moderna interrompe o pensamento filosófico cristão e desenvolve 
suas reflexões, sem se prender à autoridade da Igreja, revelando-se estritamente 
crítica e profana. O seu objetivo é alcançar a verdade, tão somente com o 
auxílio da razão e do conhecimento científico. É uma postura semelhante, do 
ponto de vista do conhecimento, à dos filósofos da Grécia antiga.
O crescimento das manufaturas, em boa parte pelo aumento da oferta dos 
produtos vindos das colônias da América, provoca alteração nas formas de 
trabalho. Os artesãos, de produção doméstica, começam a perder para os capi-
talistas seus instrumentos de trabalho e, reunidos em galpões onde nascem as 
futuras fábricas, passam a receber salário.
A nova ordem se consolida com o mercantilismo, sistema que supõe o controle 
da economia pelo Estado e que resultou da aliança entre reis e burgueses. Estes 
financiavam a Monarquia Absoluta necessitada de exército e marinha, enquanto 
os reis ofereciam em troca vantagens como incentivos e concessão de monopó-
lios que aumentaram a acumulação de capital.
Politicamente, o século XVII é absolutista. Entre os teóricos que defendem o 
poder irrestrito dos reis, o mais conhecido é o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-
1679). Não se trata, no entanto, de fundamentar o absolutismo no “direito divino 
dos reis”, mas sim no contrato, no pacto social. Esse é um sinal dos tempos em que 
o homem abandona as explicações religiosas e busca a autonomia da razão. A 
Europa, com essas transformações, entra na era conhecida como Modernidade.
4.4 Entre a razão e a experiência: o fundamento do conhecimento
O debate filosófico da Modernidade tem como uma de suas principais preo-
cupações a busca do fundamento do conhecimento. Com a perda do monopólio 
sobre o saber por parte da Igreja e a expectativa de que a inteligência humana 
pudesse desvendar o mundo, era necessário encontrar um fundamento sólido 
sobre o qual o conhecimento pudesse estabelecer suas bases. De certa forma, 
abandonou-se a perspectiva metafísica, isto é, a que se preocupava com a 
essência das coisas, e procurou-se saber como era possível conhecer, o que era 
possível conhecer e qual o critério para se alcançar o conhecimento verdadeiro. 
Por isso, é comum se afirmar que, a partir da Modernidade, a filosofia passou a 
se confundir com uma teoria do conhecimento.
Nesse sentido, duas correntes propõem, de forma antagônica, a solução 
para esse problema: o Racionalismo e o Empirismo.
4.4.1 Racionalismo 
Para o Racionalismo, “a razão é a fonte do conhecimento verdadeiro 
operando por si mesma, sem o auxílio da experiência sensível, e controlando a 
própria experiência sensível” (CHAUÍ, 2002, p. 117).
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 575
Para o Racionalismo, o ser humano é capaz de desvendar a verdade dos 
fatos sem o auxílio da experiência sensível. Basta usar corretamente a inteligência 
que toda a verdade pode ser alcançada. “A perspectiva racionalista é resposta 
aos desafios de uma sociedade que não pode mais encontrar fundamento sócio-
político na racionalidade divina enquanto revelador de seus desígnios para os 
homens” (LARA, 1986, p. 34).
Saiba mais
A maior preocupação de Descartes era encontrar uma verdade que não 
pudesse ser posta em dúvida. Para alcançar essa verdade, propõe-se a ques-
tionar todas as coisas em que se pode fundamentar o conhecimento. A dúvida 
metódica é o método utilizado por ele. Para Descartes, todos possuem a capa-
cidade de conhecer o que é o certo, desde que utilizem o método adequado. 
Descartes não estava preocupado em construir um método universal, mas sim 
um método que fosse útil para encontrar verdades sólidas.
O percurso feito por Descartes, na aplicação da dúvida metódica, está na 
obra Discurso do Método. Descartes põe em dúvida as afirmações do senso 
comum, os argumentos de autoridade, o testemunho dos sentidos, a tradição, 
a fé, as informações da consciência, as verdades deduzidas pelo raciocínio, 
a realidade do mundo exterior, a própria realidade de seu corpo e chega à 
conclusão de que não são dignos de confiança. A única coisa da qual não se 
pode duvidar é de que se duvida. E para duvidar é necessário pensar. Então, ele 
chega à conclusão de que o pensamento é o reconhecimento de sua existência. 
Portanto: “Penso, logo existo” – “Cogito, ergo sum”.
O pensamento, a realidade pensante é a base, o fundamento para o conhe-
cimento, segundo Descartes. O “eu pensante” é um puro pensamento, res cogi-
tans (ser pensante), porque a realidade do corpo, da matéria, da coisa extensa 
(res cogitans) foi posta em questão pela dúvida metódica. Com isso, é passível 
de avaliação moral, apenas, a realidade pensante, o sujeito. A matéria, a coisa 
extensa, perde qualquer valor em si mesma, pois dela não é possível conheci-
mento seguro. Desta forma, Descartes e, conseqüentemente, a filosofia posterior 
irão se preocupar com a realidade pensante: o sujeito. A física é que irá estudar 
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
576 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
o mundo objetivo, dando assim início a uma interpretação mecanicista do mundo 
físico que pode por isso ser explorado de maneira ilimitada.
Enquanto ocorre a demolição da antiga moral, Descartes propõe uma moral 
provisória. Essa moral consiste em seguir aquilo que as pessoas mais sábias 
costumam fazer e em usar o bom senso sempre que for possível.
4.4.2 Empirismo
Diferentemente do Racionalismo, o Empirismo procura na realidade dos fatos 
a racionalidade. Enquanto o Racionalismo tem uma perspectiva transcendente, 
pois a verdade não está nos fatos, mas na razão que procura intuir a essência, 
o Empirismo coloca toda a possibilidade do conhecimento na experiência empí-
rica. Marilena Chauí (2002, p. 117) assevera que “para o empirismo, a fonte 
de todo e qualquer conhecimento é a experiência sensível, responsável pelas 
idéias da razão e controlando o trabalho da própria razão”.
Para o Empirismo, o conhecimento humano não possui um caráter absoluto. 
Ao ser humano não seria possível alcançar a verdade definitiva, pois o conhe-
cimento tem suas raízes nos fatos e, por mais que se esforce, o ser humano não 
conseguirá descobrir relações necessárias entre eles. Na concepção empirista, o 
fato de todos os dias o sol nascer a leste não significa que sempre será assim. Por 
força do hábito e pela experiência cotidiana, somos levados a esperar que isso 
sempre aconteça, mas não podemos garantir que ocorrerá sempre dessa forma.
Saiba mais
Cético, segundo a etimologia, seria propriamente aquele que está sempre à procura. Para 
os céticos, não existe a possibilidade de conhecimento verdadeiro, definitivo e seguro.
A verdade é um processo em constante construção. As verdades que temos 
hoje são frutos de experiências passadas, e as verdades futuras dependerão de 
experiências presentes e futuras. É impossível inferir que algo possa acontecer no 
futuro, baseando-nos em experiências passadas. Com isso, o empirismo introduz 
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 577
o ceticismo e abre a possibilidade da pluralidade de idéias. Como o Empirismo 
nega a possibilidade da intuição intelectual e concebe o conhecimento a partir 
da experiência, destrói qualquer tentativa de promover fundamentos definitivos 
e dogmáticos. Ao refletir sobre o empirismo, Lara assevera que
a influência do empirismo ultrapassa a teoria do conhecimento e 
obrigará a moral e a política a encontrarem novos fundamentos.Não há mais transcendências a serem invocadas, mas fatos a 
serem questionados, interpretados e erigidos como fundadores de 
racionalidades históricas concretas, sobre as quais se elevem os 
valores humanos (LARA, 1986, p. 41).
O Empirismo vai propor um novo modelo de ciência, baseado no método expe-
rimental. O inglês Francis Bacon (1561-1626) e o italiano Galileu Galilei (1564-
1642) irão determinar como deveria proceder a ciência no futuro. O método cientí-
fico contempla, até hoje, em sua metodologia, as contribuições desses pensadores.
4.4.2.1 Francis Bacon
Elaborou uma crítica da ciência antiga, pois seu resultado não propiciava 
coisas úteis à humanidade. Para ele, a ciência deveria propiciar uma melhoria 
na qualidade de vida das pessoas. Mas, como se daria isso? 
Em primeiro lugar, era necessário eliminar os obstáculos ao conhecimento. 
Esses obstáculos seriam os pré-juizos, idéias pré-concebidas, que impedem o 
avanço do conhecimento. Bacon dá a esses pré-juízos o nome de ídolos. Esses 
ídolos seriam causados pelas falhas e pela insuficiência dos sentidos, pela 
educação e pelas inclinações pessoais, pela tirania da linguagem e pelo respeito 
exagerado para com a autoridade.
Seria necessário usar um método adequado para o avanço do conhecimento. 
Na Antiguidade e na Idade Média, usava-se o método dedutivo. Para Bacon, 
esse método conseguia apenas antecipações estéreis. Isto é, tirava conclusões 
precipitadas que não produziam nada de novo. O método adequado seria, 
então, o método indutivo, interpretar os fatos particulares em busca de leis 
universais que regem a natureza. O método das ciências deveria seguir impre-
terivelmente o esquema:
1. observação e coleta de dados;
2. levantamento de hipóteses;
3. experimentação para comprovação ou refutação da hipótese.
O método proposto por Bacon seria, daí em diante, cânone, regra para 
a pesquisa científica. A adoção desse método trouxe uma série de avanços, o 
que influenciou, de forma decisiva, o mundo ocidental, servindo de base para o 
desenvolvimento posterior do capitalismo, por meio da pesquisa tecnológica.
O método científico proposto por Bacon traz dois questionamentos éticos. 
O ser humano, enquanto objeto de pesquisa, pode ser manipulado e experi-
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
578 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
mentado livremente? Que tipo de conseqüências a exploração da natureza, por 
meio do método científico, pode acarretar para o equilíbrio ecológico?
4.4.2.2 Galileu Galilei
Era um notável físico, astrônomo e matemático. Sua grande contribuição 
para a ciência moderna foi a inserção da matemática como instrumento de 
observação. Para Galilei, a natureza era um grande livro escrito com caracte res 
matemáticos. Cabe ao cientista a tarefa de quantificar os fenômenos, permi-
tindo, assim, a maior objetividade possível. Para o avanço da ciência, não se 
podia trabalhar com conceitos qualitativos. A ciência deveria investir todas as 
suas fichas naquilo que pudesse ser quantificado.
Em virtude de suas teorias, Galileu foi condenado pela Inquisição, acusado 
de cometer heresia. Para livrar-se de sua punição, foi obrigado a retratar-se 
negando suas teorias. Entretanto sabia que os postulados que defendera (por 
exemplo, “a terra não é o centro do universo e sim o sol”) e as comprovações de 
suas teorias seriam confirmadas pela posteridade.
Para o Humanismo Antropocêntrico, o ser humano é o centro da vida política 
e cultural. O Racionalismo quer também promover os valores do indivíduo como 
alguém separado de qualquer sistema de dominação ou sujeição. A Reforma 
Protestante defendia que ninguém tinha o direito de ser intermediário entre o 
homem e Deus. A redenção era concedida ao homem de forma inteiramente 
gratuita, unicamente pela fé. As obras não seriam necessárias. Maquiavel torna 
a política autônoma, porque a desvincula da ética e da religião, procurando 
examiná-la na sua especificidade própria. A filosofia moderna interrompe o 
pensamento filosófico cristão, desenvolvendo suas doutrinas, sem se prender à 
autoridade da Igreja e se revelando estritamente crítica e profana. O seu objetivo 
é alcançar a verdade, tão somente com o auxílio da razão e do conhecimento 
científico. É uma postura semelhante, do ponto de vista do conhecimento, à dos 
filósofos da Grécia antiga. Para o Racionalismo, a razão é a fonte do conheci-
mento verdadeiro operando por si mesma, sem o auxílio da experiência sensível, 
e controlando a própria experiência sensível. Para o Empirismo, a fonte de todo 
e qualquer conhecimento é a experiência sensível, responsável pelas idéias da 
razão e controlando o trabalho da própria razão.
1. Elabore uma síntese descritiva, enumerando os principais aspectos do 
Renascimento e da Reforma Protestante que promoveram a superação da 
mentalidade teocêntrica até então predominante.
2. “A finalidade da política não é, como diziam os pensadores gregos, 
romanos e cristãos, a justiça e o bem-comum, mas, como sempre souberam 
os políticos, a tomada e manutenção do poder”. Essa afirmação de Nicolau 
Maquiavel significa que:
a) a finalidade da política está vinculada à moral;
b) a política é autônoma em relação à fé e à moral;
c) o príncipe deve ter as virtudes cristãs como meta;
d) o poder não se vincula à política.
3. A partir do que você estudou até aqui, procure refletir sobre suas práticas 
profissionais futuras, tendo em vista a seguinte situação: o que é mais 
importante: planejar muito bem – Racionalismo – ou executar com eficácia 
– Empirismo?
4. Em relação à questão da origem do conhecimento, é incorreto afirmar que:
a) Descartes promoveu uma ruptura com o teocentrismo ao afirmar que o 
sujeito conhecente é o único fundamento confiável no conhecimento;
b) o Empirismo surge como forma de contestar as tradições baseadas em 
valores metafísicos;
c) Francis Bacon utilizou o método dedutivo em suas investigações;
d) para Galileu a matemática era a linguagem adequada para escrever a 
história do universo.
Na atividade um, você deve ter abordado a revalorização dos valores 
humanísticos e da crise no poder da Igreja, durante o Renascimento e a Reforma 
Protestante.
Na atividade dois, a alternativa correta é a (b), pois Maquiavel compreende 
que a política, para ser soberana, deve ter como único fim a conquista e a manu-
tenção do poder. As demais alternativas estão incorretas, porque a política não 
é tratada de forma autônoma, não é um fim em si mesma.
Na atividade três, se pretendeu relacionar o Racionalismo com as atividades 
de planejamento e o Empirismo com as de execução. Se você tem uma visão de 
mundo racionalista, optou pela primeira opção: planejar. Caso contrário, você 
é empirista, valorizou mais a execução.
Na atividade quatro, estão corretas as alternativas (a), pois Descartes 
promove o sujeito como única fonte do conhecimento; a alternativa (b), porque, 
ao priorizar a experiência concreta, o Empirismo procura atacar as instituições 
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 579
2. “A finalidade da política não é, como diziam os pensadores gregos, 
romanos e cristãos, a justiça e o bem-comum, mas, como sempre souberam 
os políticos, a tomada e manutenção do poder”. Essa afirmação de Nicolau 
Maquiavel significa que:
a) a finalidade da política está vinculada à moral;
b) a política é autônoma em relação à fé e à moral;
c) o príncipe deve ter as virtudes cristãs como meta;
d) o poder não se vincula à política.
3. A partir do que você estudou até aqui, procure refletir sobre suas práticas 
profissionais futuras, tendo em vista a seguinte situação: o que é mais 
importante: planejar muito bem – Racionalismo – ou executar com eficácia 
– Empirismo?
4. Em relação à questão da origem do conhecimento, é incorreto afirmar que:
a) Descartes promoveu uma ruptura com o teocentrismo ao afirmar que o 
sujeito conhecente é o único fundamento confiável no conhecimento;
b) o Empirismo surge como forma de contestar as tradiçõesbaseadas em 
valores metafísicos;
c) Francis Bacon utilizou o método dedutivo em suas investigações;
d) para Galileu a matemática era a linguagem adequada para escrever a 
história do universo.
Na atividade um, você deve ter abordado a revalorização dos valores 
humanísticos e da crise no poder da Igreja, durante o Renascimento e a Reforma 
Protestante.
Na atividade dois, a alternativa correta é a (b), pois Maquiavel compreende 
que a política, para ser soberana, deve ter como único fim a conquista e a manu-
tenção do poder. As demais alternativas estão incorretas, porque a política não 
é tratada de forma autônoma, não é um fim em si mesma.
Na atividade três, se pretendeu relacionar o Racionalismo com as atividades 
de planejamento e o Empirismo com as de execução. Se você tem uma visão de 
mundo racionalista, optou pela primeira opção: planejar. Caso contrário, você 
é empirista, valorizou mais a execução.
Na atividade quatro, estão corretas as alternativas (a), pois Descartes 
promove o sujeito como única fonte do conhecimento; a alternativa (b), porque, 
ao priorizar a experiência concreta, o Empirismo procura atacar as instituições 
AUlA 4 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
580 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
que se baseiam em valores que estão acima daquilo que é produzido pelos 
seres humanos; e a (d), pois para Galileu, a matemática é a linguagem adotada 
pela ciência. A alternativa incorreta é a letra (c), pois, para Francis Bacon, o 
método dedutivo apenas promove reflexões estéreis e não consegue realizar 
coisas úteis.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002.
COTRIM, Gilberto. História global. São Paulo: Saraiva, 1997.
LARA, Tiago Adão. Caminhos da razão no ocidente: a filosofia ocidental, do 
Renascimento aos nossos dias. Petrópolis: Vozes, 1986.
A Modernidade, como vimos, produziu uma série de transformações no 
campo do conhecimento, da política e da moral. Veremos, na próxima aula, 
como os movimentos filosóficos do Iluminismo e do Liberalismo tratam as ques-
tões éticas e políticas.
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
identificar as características do Liberalismo em John Locke e Jean Jacques •	
Rousseau;
contextualizar filosoficamente a ética iluminista de Immanuel Kant.•	
Para que você possa aproveitar melhor esta aula, será necessário rever, 
na aula anterior, os tópicos relativos ao desejo de autonomia da sociedade em 
relação aos poderes da Igreja e do Estado. Essa revisão permitirá a você contex-
tualizar o pensamento liberal e iluminista que veremos nesta aula.
Para a maioria das pessoas, a liberdade, a autonomia, significa a possibili-
dade de agir, sem qualquer tipo de constrangimento.
O que para nós é hoje um direito fundamental é fruto de uma discussão filo-
sófica que teve a contribuição de muitos pensadores. Nesta aula, estudaremos 
três deles: John Locke, Jean Rousseau e Immanuel Kant. Veja como eles funda-
mentam o nosso direito de agir, em conformidade com nossa consciência.
5.1 O Liberalismo como fundamento ético do Capitalismo
Uma nova concepção de ética e das relações dos indivíduos com o Estado 
surge com o advento do capitalismo e da teoria liberal.
O que significava na época a expressão “liberal”? 
O Liberalismo é uma corrente política, econômica e moral, que expressa a 
vontade, especialmente da burguesia ascendente, de evitar a ingerência da Igreja 
e, principalmente, do Estado na sua vida e em seus negócios particulares.
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 581
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
identificar as características do Liberalismo em John Locke e Jean Jacques •	
Rousseau;
contextualizar filosoficamente a ética iluminista de Immanuel Kant.•	
Para que você possa aproveitar melhor esta aula, será necessário rever, 
na aula anterior, os tópicos relativos ao desejo de autonomia da sociedade em 
relação aos poderes da Igreja e do Estado. Essa revisão permitirá a você contex-
tualizar o pensamento liberal e iluminista que veremos nesta aula.
Para a maioria das pessoas, a liberdade, a autonomia, significa a possibili-
dade de agir, sem qualquer tipo de constrangimento.
O que para nós é hoje um direito fundamental é fruto de uma discussão filo-
sófica que teve a contribuição de muitos pensadores. Nesta aula, estudaremos 
três deles: John Locke, Jean Rousseau e Immanuel Kant. Veja como eles funda-
mentam o nosso direito de agir, em conformidade com nossa consciência.
5.1 O Liberalismo como fundamento ético do Capitalismo
Uma nova concepção de ética e das relações dos indivíduos com o Estado 
surge com o advento do capitalismo e da teoria liberal.
O que significava na época a expressão “liberal”? 
O Liberalismo é uma corrente política, econômica e moral, que expressa a 
vontade, especialmente da burguesia ascendente, de evitar a ingerência da Igreja 
e, principalmente, do Estado na sua vida e em seus negócios particulares.
Liberalismo e Iluminismo
Aula 5
AUlA 5 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
582 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
A partir das Revoluções Puritana (1640) e Gloriosa (1688) na Inglaterra, 
o poder dos monarcas passa a ser limitado por uma Constituição. Essas leis 
eram aprovadas por um conjunto de homens, representantes de setores da 
sociedade, antes de serem aplicadas. Essa é a gênese do Estado Democrático 
Liberal, que, com sua divisão tripartite dos poderes (Executivo, Legislativo e 
Judiciário), é modelo básico ainda adotado pelos Estados contemporâneos. 
Uma de suas características principais é justamente respeitar e garantir as 
liberdades (direitos) de cada um de seus integrantes.
A conseqüência dessa organização política liberal para a cidadania 
é a sua restrição ao caráter meramente formal. Isto é, em tese, todos os 
cidadãos seriam iguais, porém o direito de explorar economicamente o 
trabalho alheio expande o poder econômico da burguesia e restringe a 
cidadania à possibilidade de votar, desde que atendido o critério de se 
possuir uma certa renda.
Separando-se da religião, a moral iluminista se tornou laica. Acentuando 
seu caráter pessoal, ela ampliou o espaço do livre pensar individual, que 
convivia com a idéia de se atingirem as leis morais universalmente válidas 
para todas as épocas.
Os princípios do Liberalismo apresentam as seguintes características:
liberdades individuais na composição de uma sociedade equilibrada: •	
os homens devem ser livres para agir conforme bem entenderem, pois 
só assim é possível promover a eficaz satisfação de suas necessidades. 
Essa postura se tornaria a base para o ultraindividualismo reinante a 
partir do fim do século XX;
a •	 propriedade, em um sentido muito amplo: “tudo o que pertence” a 
cada indivíduo, ou seja, sua vida, sua liberdade e seus bens;
a não intervenção do Estado nos empreendimentos econômicos: liber-•	
dade para negociar (laissez-faire).
Um dos primeiros intérpretes das idéias políticas liberais é o filósofo inglês 
John Locke (1632-1704).
Saiba mais
AUlA 5 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 583
Saiba mais
5.2 John Locke
Do ponto de vista da filosofia política, Locke expõe suas idéias na obra 
Dois tratados sobre o governo civil.
O pensamento de Locke parte da questão da legitimidade de poder.
O que torna legítimo o poder do Estado?
Locke desenvolve, então, a hipótese do homem em “estado de natureza”, 
em que todos seriam livres, iguais e independentes. Os riscos das paixões e da 
parcialidade são muito grandes, porque “cada um é juiz em causa própria”, 
o que torna impossível a vida comum. Para superar essas dificuldades, as 
pessoas consentem em instituir o corpo político por meio de um contrato, um 
pacto originário que funda o Estado.
Para Locke, os direitos naturais dos homens não desaparecemem conse-
qüência desse consentimento, mas subsistem para limitar o poder do soberano. 
Em última instância, justifica-se até o direito à insurreição, caso o soberano 
não atenda ao interesse público. Daí a importância do legislativo, poder que 
controla os abusos do executivo.
Um dos aspectos progressistas do pensamento liberal reside na origem 
democrática e parlamentar do poder político, agora determinado pelo voto e 
não mais pelas condições de nascimento, como na nobreza feudal.
Embora a teoria liberal se apresente como democrática, é inevitável encon-
trar na sua raiz o elitismo que a distingue como expressão dos interesses da 
burguesia. Na vida em sociedade, somente aqueles que têm propriedades, no 
AUlA 5 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
584 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
sentido restrito de fortuna, podem participar de fato da política e apresentam 
reais condições de exercer a cidadania.
Kunzmann (1993) aborda a visão de Locke sobre o ponto de vista ético, 
com destaque para os seguintes princípios normativos:
o homem, enquanto ser que age segundo a razão e o saber, tudo faz •	
para atingir um fim qualquer, sobretudo sua felicidade;
o •	 bem e o mal são determinados em função da alegria (felicidade) e 
da dor;
os critérios do agir baseiam-se no esforço que o homem faz para atingir •	
a felicidade e evitar a dor.
As leis morais derivam desses princípios normativos e devem estar ligadas à 
recompensa ou à punição. Observe, na citação a seguir, a reflexão que Locke 
faz sobre o bem e o mal.
O bem ou o mal, portanto, são uma conseqüência do acordo ou 
desacordo das nossas ações voluntárias com uma lei pela qual 
somos atraídos para o bem ou para o mal segundo a vontade e o 
poder do legislador (LOCKE, citado por KUNZMANN, 1993).
Locke distingue três tipos de leis morais:
a lei •	 divina, cujo critério é o pecado ou o dever, imposto diretamente ao 
homem por Deus, com a correspondente punição ou recompensa;
a lei •	 civil: são as regras impostas pelo Estado, que fixam o caráter repre-
ensível de certas ações;
a lei da •	 opinião pública ou da reputação, considerada por Locke uma lei 
filosófica, porque se encontra no campo da filosofia: estabelecer o critério 
do vício e da virtude, que acarretam a consideração ou o desprezo.
O pensamento liberal de Locke, divulgado no final do século XVII, exerce 
grande influência no século seguinte, por ocasião da Revolução Francesa e das 
lutas de emancipação colonial nas Américas.
5.3 Jean Jacques Rousseau
Nascido em Genebra, na Suíça, em 28 de junho de 1712, e falecido em 
Ermenonville, França, em 2 de julho de 1778, esse filósofo representou uma 
corrente de pensamento que influenciou liberais e socialistas. Talvez em função 
disso é que seu pensamento seja tão controverso.
Para ele, o ser humano em estado de natureza é bom. Corrompe-se pela 
ação da sociedade. No estado de natureza, o ser humano é livre, mas, em 
sociedade, vive a ser colocado em grilhões. A sociedade ideal para Rousseau 
é aquela que preserva a liberdade do indivíduo. Para garantir a liberdade, é 
necessário um contrato social.
AUlA 5 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 585
Da mesma forma que John Locke, Rousseau é contratualista. Porém o contrato 
social, a partir do fato de que há uma igualdade e liberdade de nascença 
entre os homens, trata o Estado como o resultado de um pacto em que os cida-
dãos, mantendo seus direitos naturais, constroem o Estado para preservar esses 
direitos. Expressão da “vontade geral”, o Estado é a unidade dessas vontades. 
Não se trata da vontade da maioria, mas de uma vontade geral na qual todos 
são convocados a participar. Sendo expressão da vontade pessoal dos contra-
tantes, obedecer à vontade geral é obedecer à própria vontade.
Rousseau ataca a propriedade privada, causa de todas as desavenças. 
Segundo esse filósofo, os problemas começaram quando alguém cercou um 
pedaço de terra e afirmou que era propriedade sua. Nesse sentido, tornou-se 
um dos inspiradores do movimento socialista.
Para ele, a democracia deveria ser direta. O poder não é instrumento de 
concessão. Somente o povo é soberano. A representação retira a soberania das 
decisões populares.
Sua influência foi muito forte na educação. Apesar de ter colocado seus cinco 
filhos em um orfanato, tiveram grande repercussão na época seus métodos educa-
cionais. A educação deveria permitir às pessoas o exercício da liberdade.
5.4 Immanuel Kant
Natural de Königsberg, na Prússia Oriental, foi o primeiro grande filósofo, 
desde a Idade Média, a ser um acadêmico profissional.
Kant tem como principal mérito a elaboração da síntese entre Racionalismo 
e Empirismo. Do ponto de vista do conhecimento, sustentava que ganhamos 
conhecimento tanto pela experiência quanto pelo entendimento. Acreditava 
que aquilo que não pode ser apreendido por nosso aparato corpóreo nunca 
será experiência para nós. Magee (2001) cita o exemplo, a partir de um 
quadro do pintor John Everett Millais (1856), A menina cega, de que uma 
pessoa cega, em um campo aberto, pode apreciar o som da música, o toque 
da mão de sua irmã, o cheiro de seu cabelo, mas nunca poderá “experi-
mentar” o arco-íris no céu atrás dela.
Do ponto de vista da ética, Kant acreditava que só o comportamento de uma 
criatura capaz de entender as razões por que fazer ou não fazer algo poderia 
ser avaliado como moral ou imoral, e, portanto, a moralidade é uma possibili-
dade apenas para criaturas racionais.
5.4.1 A obrigação Moral para Kant
O filósofo levantou a questão sobre a possibilidade de fazer depender a 
moral de um saber. Sua resposta é negativa, mesmo que se saiba o que é correto 
pode-se não agir corretamente. Da mesma forma, não se pode fundar a moral 
AUlA 5 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
586 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
em um sentimento primitivo, pois não se pode agir baseando-se em inclinações 
pessoais. Portanto, a moralidade só é viável se repousa sobre um dever.
Para tanto, distingue a ação autenticamente moral, cumprida pelo dever, 
daquela ação conforme a moral, mas cumprida pelo interesse ou por inclinação 
(por exemplo, o comerciante que é honesto pelo medo de perder sua clientela).
Kant pergunta: como é possível representar-se seu dever? Responde: porque o 
homem é um ser que raciocina: existe uma lei moral universal, que não depende 
de um princípio exterior (como os desígnios de Deus pela religião), mas que 
cada sujeito descobre em si mesmo como necessária e objetiva, que pertence ao 
domínio da razão prática, e não ao domínio da razão teórica que é do domínio 
do conhecimento.
Enquanto pertencente ao domínio da razão prática, a ação moral é essen-
cialmente voluntária, porque supõe a resistência que nós podemos fazer aos 
motivos pessoais que nos influenciam. Depende, portanto, de um princípio subje-
tivo da ação, como uma máxima, que a comanda. Essa ação moral, diz Kant, 
apresenta-se sempre sob a forma de um imperativo.
Entretanto o filósofo distingue entre imperativo categórico e imperativo hipo-
tético. O categórico comanda uma ação como necessária em si mesma, inde-
pendente das circunstâncias, dizendo: é preciso agir desta forma; ao passo que 
o hipotético diz-nos: é preciso… se…, e esse tipo de imperativo, diz Kant, pode 
ser uma regra de prudência ou de técnica, mas jamais de moralidade. Apenas 
o imperativo categórico é uma regra moral.
 Para Kant, a consciência moral só atingiria seu sentido pleno, regida por um 
imperativo categórico. Ele recebia essa denominação por ser um dever incondi-
cional para quem age racionalmente.
Kant formula o imperativo categórico nos seguintes termos:
“age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como •	
princípio universal de conduta”;
“age de modo que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na •	
dos outros, como fim e nunca como meio”;
“age de modo tal que a tua vontade possa considerar a si mesma como •	
instituidora de uma legislação universal”.
Para Kant, o homemtendia naturalmente para o egoísmo; só o dever seria 
capaz de torná-lo um ser moral. Assim, os imperativos categóricos como leis 
racionais não eram meramente subjetivos, mas universais e necessários para 
todos aqueles que atingissem esse nível elevado de entendimento.
Só atingimos a consciência do comportamento guiado por uma lei moral, 
quando agimos livremente. E só alcançamos a liberdade, quando seguimos 
nossa razão.
Na visão de Gaarder (1996), autor de O Mundo de Sofia, a ética kantiana 
é, ao mesmo tempo, uma ética do dever e uma ética da atitude. Se, de um lado, 
a boa ação é um dever para quem age racionalmente, ela exige meios e fins 
correspondentes.
Uma leitura atualizada desses imperativos kantianos nos permite fazer uma 
breve reflexão sobre quadros sociopolíticos atuais.
Quando você trata bem o seu semelhante, porque é seu dever, essa ação é 
estritamente moral. Porém, quando você o faz, visando a obter algum retorno, 
essa ação perde seu conteúdo ético.
Quando, em momentos de calamidade pública, faz-se uma campanha 
para obter donativos e doá-los aos necessitados, acreditando estar ajudando a 
outrem, age-se moralmente. Porém, quando se executa a mesma ação, visando 
a se promover politicamente, essa atitude carece de moralidade.
Na visão kantiana, a justeza de uma ação não deve ser medida em si mesma, 
mas na vontade de quem a aplica. Como nosso cotidiano foi tomado pejorativa-
mente pela máxima maquiavélica de que os fins justificam os meios, parece-nos 
de grande valor refletir sobre os imperativos kantianos. Em última instância, eles 
propõem tratar o ser humano como fim e não como meio para atingir algo.
Por fim, Kant afirma que a ação moral, obra da vontade, supõe a liberdade, 
que é a condição de possibilidade de toda ação moral, na medida em que o 
homem não é um ser inteiramente determinado nos seus atos. Agir por dever não 
quer dizer agir forçado, mas, ao contrário, que o homem pode obedecer se ele 
quiser. Portanto agimos com a vontade que é autônoma, porque, obedecendo à 
lei moral, que é a lei da razão, obedecemos a nós mesmos.
Por outro lado, diz Kant: se só fazemos o que “nos agrada”, não seremos 
livres, por mais paradoxal que pareça, pois nossa vontade estará a serviço de 
nossas inclinações, de nossos interesses pessoais, e esse tipo de vontade é hete-
rônomo, isto é, determinado por fatores alheios a mim.
Assim, Kant distingue a obrigação da repressão, a consciência de um dever 
da força ou do impulso físico. A liberdade não é contrária à lei, nem à obedi-
ência, só é contrária à obediência forçada, a uma lei ou a uma força exterior.
A origem do Liberalismo está ligada ao desejo de certos homens em limitar 
a interferência da Igreja e, principalmente, do Estado nas suas vidas e negó-
cios particulares. O pensamento liberal de Locke, divulgado no final do século 
XVII, exerce grande influência no século seguinte, por ocasião da Revolução 
Francesa e das lutas de emancipação colonial nas Américas. Kant tem como 
principal mérito a elaboração da síntese entre Racionalismo e Empirismo. Na 
AUlA 5 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 587
Na visão de Gaarder (1996), autor de O Mundo de Sofia, a ética kantiana 
é, ao mesmo tempo, uma ética do dever e uma ética da atitude. Se, de um lado, 
a boa ação é um dever para quem age racionalmente, ela exige meios e fins 
correspondentes.
Uma leitura atualizada desses imperativos kantianos nos permite fazer uma 
breve reflexão sobre quadros sociopolíticos atuais.
Quando você trata bem o seu semelhante, porque é seu dever, essa ação é 
estritamente moral. Porém, quando você o faz, visando a obter algum retorno, 
essa ação perde seu conteúdo ético.
Quando, em momentos de calamidade pública, faz-se uma campanha 
para obter donativos e doá-los aos necessitados, acreditando estar ajudando a 
outrem, age-se moralmente. Porém, quando se executa a mesma ação, visando 
a se promover politicamente, essa atitude carece de moralidade.
Na visão kantiana, a justeza de uma ação não deve ser medida em si mesma, 
mas na vontade de quem a aplica. Como nosso cotidiano foi tomado pejorativa-
mente pela máxima maquiavélica de que os fins justificam os meios, parece-nos 
de grande valor refletir sobre os imperativos kantianos. Em última instância, eles 
propõem tratar o ser humano como fim e não como meio para atingir algo.
Por fim, Kant afirma que a ação moral, obra da vontade, supõe a liberdade, 
que é a condição de possibilidade de toda ação moral, na medida em que o 
homem não é um ser inteiramente determinado nos seus atos. Agir por dever não 
quer dizer agir forçado, mas, ao contrário, que o homem pode obedecer se ele 
quiser. Portanto agimos com a vontade que é autônoma, porque, obedecendo à 
lei moral, que é a lei da razão, obedecemos a nós mesmos.
Por outro lado, diz Kant: se só fazemos o que “nos agrada”, não seremos 
livres, por mais paradoxal que pareça, pois nossa vontade estará a serviço de 
nossas inclinações, de nossos interesses pessoais, e esse tipo de vontade é hete-
rônomo, isto é, determinado por fatores alheios a mim.
Assim, Kant distingue a obrigação da repressão, a consciência de um dever 
da força ou do impulso físico. A liberdade não é contrária à lei, nem à obedi-
ência, só é contrária à obediência forçada, a uma lei ou a uma força exterior.
A origem do Liberalismo está ligada ao desejo de certos homens em limitar 
a interferência da Igreja e, principalmente, do Estado nas suas vidas e negó-
cios particulares. O pensamento liberal de Locke, divulgado no final do século 
XVII, exerce grande influência no século seguinte, por ocasião da Revolução 
Francesa e das lutas de emancipação colonial nas Américas. Kant tem como 
principal mérito a elaboração da síntese entre Racionalismo e Empirismo. Na 
AUlA 5 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
588 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
visão kantiana, a justeza de uma ação não deve ser medida em si mesma, mas 
na vontade de quem a aplica.
1. Estabeleça um paralelo a respeito do Liberalismo em Locke e em Rousseau, 
na forma de um texto crítico de 20 linhas. 
2. Elabore um texto de 15 linhas analisando as três máximas do imperativo 
categórico de Immanuel Kant.
3. Kant afirma que a ação moral, obra da vontade, supõe a liberdade, que 
é a condição de possibilidade de toda ação moral, na medida em que o 
homem não é um ser inteiramente determinado nos seus atos. Agir por dever 
não quer dizer agir forçado, mas, ao contrário, que ele pode obedecer se 
ele quiser. Portanto agimos com a vontade que é autônoma, porque obede-
cendo à lei moral, que é a lei da razão, obedecemos a nós mesmos. A 
moral heterônoma, que é fruto da imposição de normas que estão fora da 
consciência do sujeito, pode ser exemplificada pelo ato de:
a) não sair mais cedo, por medo de ser flagrado pelo chefe;
b) definir metas para sua vida e cumpri-las apesar de nem sempre gostar 
do que esteja fazendo;
c) falar a verdade sempre;
d) sempre respeitar as normas, por acreditar que elas são importantes para 
a convivência social.
4. O Liberalismo surgiu como um movimento que questionava, entre outras 
coisas, o modelo moral, político e econômico de sua época, afirmando o indi-
víduo frente à sociedade. Entre os principais alvos da crítica do Liberalismo 
estavam:
a) a moral proposta pela Igreja e o controle da economia pelo 
Absolutismo;
b) as regras de mercado e a democracia parlamentar;
c) a Reforma Protestante e a dissolução do antigo regime;
d) o poder das monarquias constitucionais e o movimento de restauração.
Para responder à atividade um, leve em conta o fato de que Locke propõe 
um Liberalismo voltado essencialmente para o papel do indivíduo como agente 
econômico, pois só os proprietários participam das decisões políticas, enquanto 
que Rousseau busca reforçar o papel político dos cidadãos, a partir da igual-
dade entre todos.
Na atividade dois, é necessário que você trate das máximas kantianas 
levando em conta que toda ação deve ser universale deve poder ser realizada 
em qualquer tempo ou época, sem tratar o outro como coisa.
Na atividade três, a alternativa (a) representa a moral heterônoma, pois o 
indivíduo age a partir de uma regra externa a sua vontade. As demais alterna-
tivas (b), (c) e (d) são todas exemplos de ações em que o sujeito se dá as próprias 
regras, isto é, é autônomo.
Na atividade quatro, a alternativa (a) está correta, porque o Liberalismo 
representa o desejo de certos homens de limitar a interferência da Igreja e, prin-
cipalmente, do Estado nas suas vidas e em seus negócios particulares. As demais 
estão incorretas, porque tratam da crítica de elementos que são valorizados 
pelo Liberalismo, como a Reforma Protestante (c), o mercado (b) e a monarquia 
constitucional (d).
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. 17. ed. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
KUNZMANN, Peter et al. Atlas de la philosophie. Paris: Librairie Générale 
Française, 1993.
MAGEE, Bryan. História da filosofia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
O mundo contemporâneo é rico em desafios à filosofia. Neste período, é feita 
uma grande crítica ao poder de a razão humana conhecer e decidir sobre tudo. 
Assim, novas possibilidades são propostas, especialmente no campo da ética, 
em que elementos como linguagem e subjetividade são discutidos como forma de 
enriquecer o debate ético. Todas essas questões veremos na próxima aula.
AUlA 5 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 589
econômico, pois só os proprietários participam das decisões políticas, enquanto 
que Rousseau busca reforçar o papel político dos cidadãos, a partir da igual-
dade entre todos.
Na atividade dois, é necessário que você trate das máximas kantianas 
levando em conta que toda ação deve ser universal e deve poder ser realizada 
em qualquer tempo ou época, sem tratar o outro como coisa.
Na atividade três, a alternativa (a) representa a moral heterônoma, pois o 
indivíduo age a partir de uma regra externa a sua vontade. As demais alterna-
tivas (b), (c) e (d) são todas exemplos de ações em que o sujeito se dá as próprias 
regras, isto é, é autônomo.
Na atividade quatro, a alternativa (a) está correta, porque o Liberalismo 
representa o desejo de certos homens de limitar a interferência da Igreja e, prin-
cipalmente, do Estado nas suas vidas e em seus negócios particulares. As demais 
estão incorretas, porque tratam da crítica de elementos que são valorizados 
pelo Liberalismo, como a Reforma Protestante (c), o mercado (b) e a monarquia 
constitucional (d).
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. 17. ed. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
KUNZMANN, Peter et al. Atlas de la philosophie. Paris: Librairie Générale 
Française, 1993.
MAGEE, Bryan. História da filosofia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
O mundo contemporâneo é rico em desafios à filosofia. Neste período, é feita 
uma grande crítica ao poder de a razão humana conhecer e decidir sobre tudo. 
Assim, novas possibilidades são propostas, especialmente no campo da ética, 
em que elementos como linguagem e subjetividade são discutidos como forma de 
enriquecer o debate ético. Todas essas questões veremos na próxima aula.
Anotações
 
 
 
 
 
 
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590 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
caracterizar a contestação do poder da razão feita por Karl Marx e •	
Sigmund Freud;
analisar as concepções éticas de Jürgen Habermas e Jean-Paul Sartr•	 e.
Para compreender a crítica feita à razão nesta aula, é importante rever o 
Iluminismo na visão de Kant, tratado na aula anterior, que defende que somente 
a razão é capaz de fundamentar o conhecimento e a moral. Para os autores que 
abordaremos a seguir, a razão, além de não resolver os problemas a que se 
propôs resolver, criou outros.
Neste tema, vamos refletir sobre os desafios e a pluralidade do mundo 
contemporâneo. De início, vamos citar algumas características e acontecimentos 
históricos, culturais, políticos e filosóficos desta época. Em seguida, refletiremos 
sobre alguns dos mais relevantes pensadores desse período, a partir da crítica 
que é feita ao conceito de razão iluminista.
6.1 Contextualização
6.1.1 Política
Revolução Francesa: por meio dela, os ideais de liberdade, igualdade e •	
fraternidade se difundiram pelo mundo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 591
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
caracterizar a contestação do poder da razão feita por Karl Marx e •	
Sigmund Freud;
analisar as concepções éticas de Jürgen Habermas e Jean-Paul Sartr•	 e.
Para compreender a crítica feita à razão nesta aula, é importante rever o 
Iluminismo na visão de Kant, tratado na aula anterior, que defende que somente 
a razão é capaz de fundamentar o conhecimento e a moral. Para os autores que 
abordaremos a seguir, a razão, além de não resolver os problemas a que se 
propôs resolver, criou outros.
Neste tema, vamos refletir sobre os desafios e a pluralidade do mundo 
contemporâneo. De início, vamos citar algumas características e acontecimentos 
históricos, culturais, políticos e filosóficos desta época. Em seguida, refletiremos 
sobre alguns dos mais relevantes pensadores desse período, a partir da crítica 
que é feita ao conceito de razão iluminista.
A Idade Contemporânea compreende o período de 1789 – Revolução Francesa 
 – até os dias atuais.
6.1 Contextualização
6.1.1 Política
Revolução Francesa: por meio dela, os ideais de liberdade, igualdade e •	
fraternidade se difundiram pelo mundo.
A crise da razão e a Filosofia
Aula 6
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
592 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Colonialismo europeu nos outros continentes, principalmente na África •	
e Ásia.
Em 1917, acontece a Revolução Russa, inspirada nas teorias político-•	
econômicas da Karl Marx, o que seria a primeira experiência de um 
Estado socialista no mundo contemporâneo.
Os dois conflitos mundiais: Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e •	
Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A Segunda Guerra Mundial, 
principalmente, provocou, na humanidade, um sentimento de angústia 
a respeito do seu próprio destino.
Guerra Fria: após o término da Segunda Guerra Mundial, o mundo é •	
partilhado entre os Estados Unidos, no comando dos países do bloco 
capitalista e União Soviética, à frente dos países do bloco socialista, 
determinando assim a geopolítica mundial que daria origem a uma série 
de conflitos bélico-ideológicos.
Entre 1989 (queda do muro de Berlim) e 1991 (fim da União Soviética), •	
ocorre a queda dos principais regimes socialistas europeus, dando fim 
ao chamado socialismo real e à promoção dos Estados Unidos como 
potência hegemônica mundial. Inaugura-se o período de discurso único 
em defesa do regime capitalista como único modo de produção econô-
mica possível; os Estados Unidos, evocando seu destino manifesto, auto-
proclamam-se a “polícia do mundo”.
Formação de blocos econômicos tais como a União Européia, Mercosul, •	
NAFTA (EUA, México, Canadá), APEC (países do Pacífico).
Surgimento de países como importantes atores no cenário político e •	
econômico, tais como Alemanha, Japão e China, como contrapeso à 
hegemonia norte-americana.
6.1.2 Antropologia
Nascimento de um novo tipo de humanidade, que tem como características:
a instabilidade e a mutabilidade;•	
o antidogmatismo;•	
o secularismo: o homem pode resolver sozinho seus problemas prescin-•	
dindo de Deus;
o ativismo: o homem é orientado para a ação. É preciso produzir. •	
Nada de pensar, meditar, contemplar; essas atividades perderam o 
interesse;
a utopia: o homem acredita que, com o progresso técnico-científico, •	
pode chegar à felicidade plena;
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 593
a historicidade: seusprojetos e seus ideais não são produto da Natureza •	
ou de Deus, mas o resultado de uma ação através dos séculos.
6.1.3 Sociedade e Cultura
A difusão dos meios de comunicação (jornais, telefone, cinema, rádio, •	
televisão, Internet) e o desenvolvimento dos meios de transporte (ferro-
vias, rodovias, aviação, etc.) tiram os indivíduos do isolamento.
Crítica profunda de tudo o que vinha, durante séculos, constituindo o •	
patrimônio da Europa Cristã na arte, na literatura, na moral, na filosofia, 
na pedagogia, na religião, etc. Tentou-se introduzir e desenvolver novas 
formas e novos modelos nessas áreas.
Individualismo. Dissolvendo-se as ideologias, nascem as formas contem-•	
porâneas do individualismo, uma atitude que privilegia o indivíduo em 
relação à coletividade. O individualismo atual distingue-se dos anteriores 
que representavam o triunfo da individualidade em face das regras cons-
trangedoras. O atual representa a realização de indivíduos estranhos à 
disciplina, às regras, aos constrangimentos diversos, às uniformizações.
6.2 A contestação da razão
O poder da razão é colocado em cheque, principalmente por Marx e Freud. 
Para Marx, o homem tem a ilusão de estar agindo por sua própria cabeça, 
racional e livremente, porque desconhece um poder invisível que o força a 
pensar como pensa. Esse poder é social: a ideologia. Para Freud, nem todas as 
coisas que pensamos estão sob o controle de nossa consciência, pois desconhe-
cemos uma força invisível psíquica que atua sobre nossa consciência sem que 
ela saiba. É o inconsciente.
Vamos estudar agora como os principais filósofos deste período tematizaram 
suas idéias sobre o mundo contemporâneo.
6.2.1 Karl Marx (1818-1883)
Contra todos os filósofos do seu tempo, proclama que o que conta não é 
interpretar o mundo, mas mudá-lo.
Com essa frase, Marx inaugurava um novo modo de ser e de pensar o 
homem. Em sua crítica à concepção de Hegel, ele afirma que pensar a história 
como uma realização do espírito é uma inversão filosófica que a põe de cabeça 
para baixo. Pensá-la, assim, seria não refletir sobre as condições concretas nas 
quais os homens produzem, trocam e distribuem seus bens materiais.
Visando a demonstrar que as idéias, os valores espirituais e os princí-
pios de moralidade não são abstração pura, Marx apresentou, no Prefácio à 
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
594 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Contribuição à crítica da economia política, uma analogia entre construção de 
um edifício e as bases sobre as quais se ergue uma sociedade:
(...) na produção social da própria vida, os homens contraem rela-
ções determinadas, necessárias e independentes da sua vontade, 
relações de produção estas que correspondem a uma etapa deter-
minada do desenvolvimento das forças produtivas materiais. A 
totalidade dessas relações de produção forma a estrutura jurídica 
e política à qual correspondem formas sociais determinadas de 
consciência. O modo de produção da vida material condiciona 
o processo em geral da vida social, política e espiritual. Não é a 
consciência dos homens que determina o seu ser, mas o contrário, 
o seu ser social é que determina sua consciência (MARX, 1982, 
p. 29-30).
Superestrutura: são as instituições como a família, o Estado, a religião, o direito, etc. 
que dependem da estrutura econômica da sociedade que é constituída pelo conjunto das 
relações de produção que é o ponto de partida de toda análise da sociedade em Marx.
Para edificar uma construção, os homens primeiro constroem o alicerce, sua 
base, para, só em seguida, levantar as outras paredes. Segundo Marx, para 
entender o funcionamento social, deve-se, primeiramente, conhecer a forma como os 
homens se organizam na produção e distribuição dos bens materiais, para, depois, 
compreender o modo como pensam e organizam a si mesmos na sua vida social.
No entanto, esse conhecimento não é fácil de se adquirir, uma vez que 
as relações sociais não são dadas para todo o sempre, estando em constante 
estado de mudanças. Para Marx, na sociedade capitalista, todas as relações 
sociais são fetichizadas. O homem que deveria ser o fim de todas as ações 
humanas é reduzido à condição de um meio de realização do capital. As merca-
dorias produzidas são elevadas à condição de ser, passando a assumir uma 
vida independente do homem, ganhando vida própria. Em sentido contrário, 
a atividade própria do sujeito é negada. O sujeito termina por ser reduzido à 
mera condição de objeto. Assim, tudo em que o capital põe a mão termina por 
ser invertido, por meio de uma existência negada.
As diversas transformações na produção, desencadeadas a partir da incor-
poração das novas tecnologias, da cibernética, da informação e da microele-
trônica, poderiam fazer supor, como previu Aristóteles, que o homem poderia 
ser liberado de sua labuta diária, destinando mais tempo ao lazer e ao ócio 
prazeroso. Contudo as profecias aristotélicas não se tornaram realidade. Ao 
contrário, sob os desígnios da ideologia neoliberal, os direitos sociais, dia após 
dia, estão sendo suprimidos, e os trabalhadores estão sendo condenados ao 
subemprego e à marginalidade.
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 595
Marx chegou a antever que a produção, na sociedade capitalista, atingiria 
um nível tão grande de automação, que a produção da riqueza social já não 
mais diria respeito ao trabalho, mas à potência da ciência e da tecnologia 
postas em movimento. Essas transformações na base técnica industrial termina-
riam por suprimir a ação direta dos trabalhadores na esfera produtiva. Atingido 
esse estágio, eles se comportariam mais como supervisores e reguladores do 
processo produtivo autômato, realizado pelas máquinas.
Como para Marx toda produção capitalista se volta para a produção do 
valor e como este só pode ser calculado a partir do quantum de trabalho vivo 
incorporado à produção, essa transformação, ao reduzir a participação do 
trabalho vivo (mão-de-obra), em função do trabalho morto (máquinas), estaria 
anunciando o esgotamento sistêmico da sociedade baseada na produção do 
valor e no trabalho.
6.2.2 Ética em Marx
Na medida em que sucumbir a sociedade capitalista e com ela a proprie-
dade privada, seria necessário que se constituísse um novo código de morali-
dade que correspondesse às novas exigências de convivência social, transcen-
desse os valores emanados da sociedade do trabalho e permitisse a constituição 
de um ser indiviso, plural e, por isso, efetivamente emancipado. Assim, só na 
superação da sociedade capitalista, com o fim do trabalho abstrato e, portanto, 
da base sobre a qual se ergue a moderna exploração do homem pelo homem, 
é que poderá surgir uma moral realmente autêntica, baseada na igualdade e na 
fraternidade humana, tomadas como valores universais.
Em uma sociedade dividida em classes, as idéias predominantes são as 
das classes dominantes. Na sociedade capitalista, os burgueses, detentores dos 
meios de produção fundamentais, enquanto expressões personificadas do poder 
do capital, dominam também a produção das idéias e dos valores. Os códigos 
de moralidade que aqui se constroem correspondem às suas idéias hegemônicas, 
organizadas de acordo com os atuais interesses de valorização do capital.
Por isso, para Marx, apenas com a superação da sociedade baseada na 
produção de mercadorias, com a correspondente abolição do trabalho como 
medida de valor, é que se poderá realizar a efetiva emancipação do homem. A 
partir da constituição dessa nova sociabilidade, poderá surgir uma moral real-
mente autêntica, baseada na igualdade e na fraternidade humana.
A ética, para Marx, volta-se para as ações coletivas, em função do todo da 
sociedade. Como doutrina ética, o Marxismo, diz Sánchez Vázquez (2001), 
oferece uma explicação e uma crítica das morais do passado. Ao mesmo tempo, 
põe em evidência as bases teóricas e práticas de uma nova moral. Marx tenta 
recuperar, como outros pensadores da época contemporânea,o homem concreto 
que se tinha transformado em uma série de abstrações.
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
596 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
A democracia real não se sustenta nos direitos da burguesia, mas no acesso 
da população aos bens produzidos socialmente pelos trabalhadores, sejam 
materiais ou culturais. Uma nova noção de cidadania é proposta: a conquista 
real dos direitos sociais, não apenas proclamados.
Para Sánchez Vásquez (2001), a ética marxista pode ser apresentada com 
base nas seguintes premissas:
o homem real é um ser espiritual e sensível, natural e propriamente •	
humano, teórico e prático, objetivo e subjetivo. É práxis, que quer dizer, 
um ser produtor, transformador, criador, mediante o seu trabalho, em 
todas as áreas: transforma a natureza, nela se plasma e cria um mundo 
à sua medida, que se manifesta na arte e em outras atividades;
o homem é um ser social; só o ser humano produz relações sociais •	
(relações de produção) e as demais relações, inclusive as chamadas de 
superestrutura (ideologia);
o homem é um ser histórico; em cada época, constrói um tipo de •	
formação econômico-social, que muda por suas contradições e formas 
de produção. Mudando a forma econômica, muda também a organi-
zação política e jurídica e, evidentemente, a moral. Os homens fazem 
sua história. Mas, em cada época histórica, o agente principal da 
mudança é a classe ou as classes, cujos interesses coincidem.
6.2.3 Sigmund Freud (1856-1939)
Freud, fundador da Psicanálise, corrente psiquiátrica e psicoterapêutica, 
tem, nas bases de sua teoria, fundamentos filosóficos e éticos.
O autor distingue na personalidade humana três zonas: o id (conjunto de 
forças, impulsos ou tendências inconscientes); o ego (que é a consciência em 
sentido próprio) e o superego (conjunto de normas e prescrições que são impostas 
ao sujeito de maneira autoritária e inconsciente, valores morais adquiridos no 
período da educação). 
Até que ponto é possível conciliar a determinação inconsciente das ações, 
sentimentos e condutas humanas com a existência de uma consciência autônoma 
livre e responsável?
Essa nossa consciência moral obedece a forças ou impulsos que escapam 
ao controle da própria consciência. Nesse sentido, analisa Sánchez Vázquez:
Freud dá uma contribuição importante à ética, pois convida-a a 
levar em consideração essa motivação, pela qual é obrigada a 
chegar a esta importante conclusão, a saber: se o ato propria-
mente moral é aquele no qual o indivíduo age consciente e livre-
mente, os atos praticados por uma motivação inconsciente devem 
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 597
ser excluídos do campo moral. Á ética não pode ignorar esta moti-
vação e, por isso, deve mostrar que é imoral julgar como moral 
o ato que obedece a forças inconscientes irresistíveis (SÁNCHEZ 
VÁZQUEZ, 2001, p. 198).
O papel da psicanálise, para Freud, será ajudar a pessoa a se tornar cons-
ciente das normas que lhe são impostas de maneira autoritária.
6.3 O século XX e os desafios da Filosofia
As novas descobertas científicas, no século XX, provocaram profundas trans-
formações na maneira de conceber a humanidade e o conhecimento. Isso teve 
um forte impacto também nas concepções filosóficas, jurídicas e históricas.
Citemos duas descobertas importantes, a título de exemplo: a informática e 
a inteligência artificial (a inteligência é fato unicamente humano ou as máquinas 
podem substituir os humanos neste aspecto?) e a revolução biológica (como 
estão as relações entre filosofia, ciência, ética e biologia?).
No século XX, a filosofia começou a desconfiar do otimismo técnico-cientí-
fico, expressão da racionalidade moderna, em virtude de vários acontecimentos: 
duas guerras, campos de concentração, bomba atômica, ditaduras sangrentas 
na América Latina, etc. 
Alguns autores contemporâneos chegaram a afirmar o fim da filosofia: o 
otimismo positivista ou cientificista acreditou que no futuro só haveria a ciência 
e que tudo seria explicado por ela. A filosofia caminhava para o desapareci-
mento, pois não teria motivos para existir.
No entanto, no século XX, a filosofia passou a mostrar que as ciências não 
possuem princípios totalmente certos, seguros. Freqüentemente, há resultados 
duvidosos e precários. Com isso, a filosofia volta a afirmar seu papel de compre-
ensão e interpretação crítica das ciências, discutindo a validade de seus princí-
pios e conclusões.
Hoje percebemos, em grande parte da população, o fortalecimento da cons-
ciência da cidadania, a consciência crítica e a participação política, essenciais 
para a construção de uma humanidade diferente. Torna-se necessário o resgate 
de valores como solidariedade, gratuidade e partilha, que contrastam com o 
espírito de ganância e de lucro.
Há o esforço de vários grupos sociais, pensadores, escritores, para teorizar 
uma nova perspectiva para o homem atual. Perspectiva que recupera valores 
essenciais que foram esquecidos ou propositalmente ignorados.
O século XX é muito fecundo em termos de reflexão filosófica, são muitas 
as teorias e muitos os autores. Vamos nos ater ao pensamento de dois dos seus 
principais pensadores: Sartre e Habermas.
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
598 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
6.4 Jean-Paul-Sartre (1905-1980)
Sartre é considerado o filósofo da corrente conhecida como Existencialismo, 
de maior aceitação junto aos intelectuais e junto aos jovens e acadêmicos de 
seu tempo, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. Seu sucesso prende-se, 
entre outros fatores, à divulgação de muitas de suas obras filosóficas sob forma 
literária (teatro, romance). O Existencialismo, sobretudo na França, tornou-se 
na época uma “corrente da moda”. Entre suas obras principais que discutem 
questões filosóficas, destaca-se O Ser e o Nada.
Como para ele Deus não existia, o homem era livre para exercitar sua subje-
tividade e responsável por seus atos: cabe ao homem a escolha dos princípios e 
valores que fundamentam sua ação. Eliminava-se assim qualquer fundamentação 
teológica na constituição dos valores morais. A esse respeito, Sartre recordava 
as palavras de Dostoievski: “Se Deus não existisse, tudo seria permitido”.
Diferente dos objetos, o homem é um ser para si. Essa condição permite que 
o indivíduo projete sua ação e, portanto, suas conseqüências. A liberdade de 
escolha lhe confere a plena liberdade.
No transcorrer de sua vida, o homem é obrigado a fazer inúmeras esco-
lhas diante de situações limites, que o levariam a exercitar a sua liberdade. O 
próprio Sartre viveu uma dessas situações quando, em 1940, resolveu fugir de 
um campo de concentração nazista para, em seguida, aderir à resistência fran-
cesa contra a ocupação alemã. Discordando de Freud, para Sartre o homem só 
possui a consciência, e por isso é plenamente responsável pelos seus atos. Sartre 
afirma que somos condenados à liberdade.
Apesar de enfatizar a importância das ações individuais, o Existencialismo 
sartreano não representa uma doutrina individualista nem tão pouco permissiva, 
uma vez que há uma profunda preocupação com o ser do outro, como se pode 
observar em O Existencialismo é um Humanismo (SARTRE, 1973), quando afirma 
que o primeiro esforço do Existencialismo é o de pôr todo homem de posse do 
que ele é e atribuir-lhe a responsabilidade total de sua existência. “E, quando 
dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o 
homem é responsável por sua estrita individualidade, mas que é responsável por 
todos os homens” (SARTRE, 1973, [n. p.]).
Sabemos, contudo, que esse modelo sartreano de pensar não necessaria-
mente se aplica ao homem do início do terceiro milênio, porque o homem domi-
nado pela mídia tornou-se consumista e pragmático, caindo em um vazio interior 
e em um individualismo exacerbado. Seu egoísmo é tamanho que tem dificul-
dade de conjugar o nós em outra perspectiva que não seja centrada no eu.
6.5 Jürgen Habermas (1929-)
Um novoprincípio é defendido por Habermas, importante filósofo de nosso 
tempo: a ética discursiva. Para ele, todos somos portadores de uma razão comu-
nicativa. Essa razão é construída a partir da relação entre sujeitos, enquanto 
capazes de se posicionarem criticamente diante das normas. Nesse caso, a vali-
dade das normas não deriva de uma lei geral, nem da vontade egoísta de cada 
um, mas do consenso e do acordo encontrado a partir do conjunto dos indivíduos. 
Para que isso ocorra, é necessário se garantir que não haja pressões, coações 
políticas ou econômicas que interfiram no diálogo, e que todos os sujeitos usem 
argumentos racionais para convencer os demais ou para se deixar convencer.
É no princípio da comunicação, na linguagem e na intersubjetividade que a 
ética contemporânea vai descobrir o solo da ética, pois só a comunicação trans-
parente fornece o paradigma de uma moralidade preocupada em proceder, por 
meio da reciprocidade e da ausência de violência.
A racionalidade comunicativa permite buscar o entendimento entre os 
sujeitos. E só ocorrerá transparência na comunicação, quando, para elucidação 
dos conceitos, o ponto de partida for a análise lingüística, por meio da busca do 
significado dos signos.
As transformações do mundo contemporâneo colocam em questão os valores 
e a mentalidade da modernidade. Marx realiza a crítica do modo de produção 
capitalista defendendo que só com a eliminação da propriedade privada dos 
meios de produção é possível alcançar uma sociedade plenamente ética. Freud 
questiona o poder da consciência ao propor o inconsciente, que é um conjunto 
de conteúdos mentais dos quais não é possível um controle pleno. Nossas ações 
são, portanto, reflexo, também, desses conteúdos. No século XX, a filosofia 
começou a desconfiar do otimismo técnico-científico, expressão da racionali-
dade moderna, e passou a mostrar que as ciências não possuem princípios 
totalmente certos e seguros. Com isso, a filosofia volta a afirmar seu papel de 
compreensão e interpretação crítica das ciências, discutindo a validade de seus 
princípios e conclusões.
1. Analise as características do mundo contemporâneo, procurando contextua-
lizá-las em seu cotidiano.
2. Elabore por escrito uma reflexão sobre os questionamentos que Marx e Freud 
fazem ao poder da racionalidade humana.
3. A filosofia, no século XX, recupera seu papel na compreensão do mundo 
por meio da denúncia das limitações da ciência. É um período rico em 
reflexões, dada a pluralidade de debates que ocorrem. Habermas e Sartre 
representam uma parte da discussão feita no século XX e são relevantes pela 
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 599
nicativa. Essa razão é construída a partir da relação entre sujeitos, enquanto 
capazes de se posicionarem criticamente diante das normas. Nesse caso, a vali-
dade das normas não deriva de uma lei geral, nem da vontade egoísta de cada 
um, mas do consenso e do acordo encontrado a partir do conjunto dos indivíduos. 
Para que isso ocorra, é necessário se garantir que não haja pressões, coações 
políticas ou econômicas que interfiram no diálogo, e que todos os sujeitos usem 
argumentos racionais para convencer os demais ou para se deixar convencer.
É no princípio da comunicação, na linguagem e na intersubjetividade que a 
ética contemporânea vai descobrir o solo da ética, pois só a comunicação trans-
parente fornece o paradigma de uma moralidade preocupada em proceder, por 
meio da reciprocidade e da ausência de violência.
A racionalidade comunicativa permite buscar o entendimento entre os 
sujeitos. E só ocorrerá transparência na comunicação, quando, para elucidação 
dos conceitos, o ponto de partida for a análise lingüística, por meio da busca do 
significado dos signos.
As transformações do mundo contemporâneo colocam em questão os valores 
e a mentalidade da modernidade. Marx realiza a crítica do modo de produção 
capitalista defendendo que só com a eliminação da propriedade privada dos 
meios de produção é possível alcançar uma sociedade plenamente ética. Freud 
questiona o poder da consciência ao propor o inconsciente, que é um conjunto 
de conteúdos mentais dos quais não é possível um controle pleno. Nossas ações 
são, portanto, reflexo, também, desses conteúdos. No século XX, a filosofia 
começou a desconfiar do otimismo técnico-científico, expressão da racionali-
dade moderna, e passou a mostrar que as ciências não possuem princípios 
totalmente certos e seguros. Com isso, a filosofia volta a afirmar seu papel de 
compreensão e interpretação crítica das ciências, discutindo a validade de seus 
princípios e conclusões.
1. Analise as características do mundo contemporâneo, procurando contextua-
lizá-las em seu cotidiano.
2. Elabore por escrito uma reflexão sobre os questionamentos que Marx e Freud 
fazem ao poder da racionalidade humana.
3. A filosofia, no século XX, recupera seu papel na compreensão do mundo 
por meio da denúncia das limitações da ciência. É um período rico em 
reflexões, dada a pluralidade de debates que ocorrem. Habermas e Sartre 
representam uma parte da discussão feita no século XX e são relevantes pela 
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
600 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
maneira como abordaram a questão da ética. Assinale a seguir a alternativa 
que não corresponde ao pensamento deles.
a) A responsabilidade é fundamental no pensamento sartreano, uma vez 
que há uma profunda preocupação com o ser do outro.
b) Para Habermas, a validade de uma norma procede do consenso e do 
acordo encontrado, a partir do conjunto dos indivíduos.
c) Tanto Habermas quanto Sartre concordam que a tradição é fundamental 
na composição de regras morais.
d) Sartre desenvolve a idéia de que somos condenados à liberdade.
4. Em relação às idéias sobre ética refletidas por Marx e Freud é incorreto 
afirmar que:
a) Marx defende uma ética individual;
b) não somos plenamente conscientes de nossas ações, segundo Freud;
c) a sociedade ética só será possível pela abolição da propriedade privada 
dos meios de produção, segundo Marx;
d) o papel da Psicanálise, para Freud, será ajudar a pessoa a se tornar 
consciente das normas que lhe são impostas de maneira autoritária.
Para responder à atividade um, você teve de analisar os elementos citados 
na contextualização, especialmente os tópicos sobre cultura e antropologia. Se 
você concordar com as características e os valores do mundo contemporâneo, 
seu texto ressaltará essas vantagens; por outro lado, se você vir traços negativos, 
denunciará os efeitos maléficos desse período.
Na atividade dois, você lembrou de que Freud afirma que nossas ações são 
determinadas por conteúdos inconscientes e que, portanto, não se pode falar 
de uma razão plena. Marx denuncia que a razão é fruto dos valores da classe 
dominante e que, portanto, pode ser fruto de ideologias.
Na atividade três, você levou em conta que a liberdade é um valor funda-
mental para Sartre e que a comunicação o é para Habermas. Portanto estão 
corretas as alternativas (a), (b) e (d). A única afirmação incorreta é represen-
tada pela alternativa (c), porque a tradição coloca valores acima da liberdade 
e da comunicação.
A atividade quatro reflete a questão da ética, que, em Freud, está limitada 
pelo inconsciente e, em Marx, pela ideologia da classe dominante burguesa. 
A alternativa que representa uma afirmação incorreta é a (a), porque Marx 
defende os valores da classe proletária e tem uma ética de valores coletivos. As 
alternativas (b) e (d) estão corretas, porque afirmam o papel do inconsciente na 
construção da moralidade; a (c) também está correta, porque a supressão da 
propriedade privada dos meios de produção é a única forma de superar a moral 
burguesa. Deve-se marcar, portanto, a alternativa (a).
MARX, Karl. Manuscrito econômico-filosófico. São Paulo: Difel, 1982.
SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2001. 
SARTRE, J. Existencialismo é um humanismo. São Paulo:Abril Cultural, 1973. 
v. 45. (Os Pensadores)
Os desafios éticos da Pós-modernidade são muitos. Estão relacionados a 
uma civilização que se constrói em novas bases, com forte influência da tecno-
logia e dos meios de comunicação. Nesse sentido, é preciso repensar a ética 
para dar respostas concretas a problemas para os quais as éticas tradicio-
nais, muitas vezes, não têm respostas. Essas serão as questões abordadas na 
próxima aula.
AUlA 6 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 601
defende os valores da classe proletária e tem uma ética de valores coletivos. As 
alternativas (b) e (d) estão corretas, porque afirmam o papel do inconsciente na 
construção da moralidade; a (c) também está correta, porque a supressão da 
propriedade privada dos meios de produção é a única forma de superar a moral 
burguesa. Deve-se marcar, portanto, a alternativa (a).
MARX, Karl. Manuscrito econômico-filosófico. São Paulo: Difel, 1982.
SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2001. 
SARTRE, J. Existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
v. 45. (Os Pensadores)
Os desafios éticos da Pós-modernidade são muitos. Estão relacionados a 
uma civilização que se constrói em novas bases, com forte influência da tecno-
logia e dos meios de comunicação. Nesse sentido, é preciso repensar a ética 
para dar respostas concretas a problemas para os quais as éticas tradicio-
nais, muitas vezes, não têm respostas. Essas serão as questões abordadas na 
próxima aula.
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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602 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
compreender as principais características da Pós-modernidade;•	
analisar as atitudes das pessoas diante da tecnologia e as proposições •	
de Hans Jonas em relação a esse tema.
Para um melhor entendimento desta aula, revise o que vimos na aula quatro 
sobre a temática da Modernidade. A proposta da Modernidade, por meio do 
uso da razão e da ciência, era tirar a humanidade da ignorância e resolver 
todos seus enigmas e problemas. Observe também que as éticas tradicionais 
não levavam em conta as microrrealidades históricas e eram destituídas de preo-
cupações gerais que afligem nossa sociedade, como a biodiversidade e as dife-
renças de gênero, raça, religião.
A Pós-modernidade diz respeito a novas posturas frente à sociedade tecno-
lógica, virtual, cujos valores vêm subvertendo padrões culturais, modos de vida, 
éticos e morais, até então defendidos e apregoados. Esse fato vem acontecendo, 
sobretudo, a partir das duas últimas décadas do século XX.
Como as organizações percebem essas mudanças e são afetadas por elas? 
Como devemos nos portar perante as mudanças ocorridas? Vejamos, nesta aula, 
alguns indicativos importantes.
7.1 Iniciando a conversa...
O termo pós-moderno designa, genericamente, toda uma corrente de pensa-
mento que tem em comum uma critica à visão de mundo da Modernidade. Ele 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 603
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
compreender as principais características da Pós-modernidade;•	
analisar as atitudes das pessoas diante da tecnologia e as proposições •	
de Hans Jonas em relação a esse tema.
Para um melhor entendimento desta aula, revise o que vimos na aula quatro 
sobre a temática da Modernidade. A proposta da Modernidade, por meio do 
uso da razão e da ciência, era tirar a humanidade da ignorância e resolver 
todos seus enigmas e problemas. Observe também que as éticas tradicionais 
não levavam em conta as microrrealidades históricas e eram destituídas de preo-
cupações gerais que afligem nossa sociedade, como a biodiversidade e as dife-
renças de gênero, raça, religião.
A Pós-modernidade diz respeito a novas posturas frente à sociedade tecno-
lógica, virtual, cujos valores vêm subvertendo padrões culturais, modos de vida, 
éticos e morais, até então defendidos e apregoados. Esse fato vem acontecendo, 
sobretudo, a partir das duas últimas décadas do século XX.
Como as organizações percebem essas mudanças e são afetadas por elas? 
Como devemos nos portar perante as mudanças ocorridas? Vejamos, nesta aula, 
alguns indicativos importantes.
7.1 Iniciando a conversa...
O termo pós-moderno designa, genericamente, toda uma corrente de pensa-
mento que tem em comum uma critica à visão de mundo da Modernidade. Ele 
Os desafios da Filosofia, ética e 
cidadania na Pós-modernidade
Aula 7
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
604 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
se expressa em diferentes áreas, da arquitetura à filosofia, da psicanálise à 
sociologia, da física à história.
A crítica à Modernidade se refere a seus pressupostos básicos: o raciona-
lismo iluminista, a crença na ciência como redentora dos males da humanidade, 
a concepção de história como processo de evolução social. Quanto à raciona-
lidade, afirma que ela tem servido para legitimar a dominação do homem pelo 
homem e justificar, desde o século passado, duas guerras mundiais, o arma-
mentismo nuclear, o totalitarismo, a concentração de riquezas, a fome, a degra-
dação do meio ambiente.
Nesse sentido, a ciência moderna teria servido a um inegável processo que 
possibilitou a destruição e não impediu a fome e a exploração da miséria. Por 
sua vez, a promessa de evolução da humanidade se concentrou no processo 
técnico e na degradação social.
Em uma sociedade secularizada, cada vez mais complexa e plural, com 
problemas sociais de dimensões mundiais, levanta-se a questão do consenso ético 
racional. Apresenta-se o debate sobre uma ética universal em um mundo plural. 
Reconhecidas como décadas de crise, os últimos 30 anos do século passado nos 
apresentam uma questão fundamental: é possível um consenso racional que nos 
possibilite uma leitura totalizante e abrangente do mundo e que fundamente uma 
ação qualitativamente nova?
Em relação ao pensamento ético contemporâneo, Russ (1999) ressalta alguns 
aspectos da Pós-modernidade que estão levantando reflexões sobre o futuro dos 
fundamentos da ética:
o narcisismo é a constante do indivíduo na atualidade: voltado para si •	
mesmo, busca as delícias da ‘descontração’, do descompromisso, dos 
valores hedonistas permissivos;
ausência de grandes sistemas filosóficos. A descrença nos grandes •	
sistemas filosóficos e a morte das ideologias trazem como conseqüên cia 
a ausência de uma perspectiva finalista de vida, a negação (niilismo) 
de valores como etapa espiritual, sem resposta à pergunta “por quê?”, 
conforme refletia Nietzsche; é no topo desse vazio que nasce a ética 
contemporânea, a do nosso tempo;
o individualismo configura nossa Modernidade avançada; a sociedade •	
é assim atomizada em uma poeira infinita de “narcisos”, sem um prin-
cípio ético que possua uma validez universal;
novas tecnologias;•	
criação de um ambiente técnico cheio de ameaças e perigos. As novas •	
tecnologias têm permitido que os homens adquirissem, cada vez mais e 
com maior velocidade, poderes nunca antes atingidos, seja do ponto de 
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 605
vista econômico, político, de controle das ações humanas, da vida e da 
morte. Paradoxalmente, o homem torna-se, em muitos aspectos, sujeito 
do seu destino, mas também objeto de suas técnicas – biotecnologias, 
energia nuclear, técnicas no campo da comunicação. É um caminho 
possivelmente sem volta;
a questão ecológica se apresenta como ameaça real de destruição total •	
ou, pelo menos, em grande escala da vida na terra. Mesmo agora, 
podemos presenciar uma destruição irreparável: efeito estufa, supera-
quecimento do planeta, poluição da água e do ar, redução preocupante 
das fontes de água potável, devastação de florestas e recursos naturais, 
extinção de plantas e animais, sãoalguns exemplos dessa ameaça;
no plano subjetivo, ocorre a separação entre indivíduo e sociedade •	
antes unificados pela tradição. Emerge, assim, a personalidade como 
fator de autonomia, garantida por processos cognitivos e de identidade 
pessoal: a conquista da sexualidade, a emancipação da mulher, os 
desejos e as aptidões pessoais e a realização profissional são alguns 
exemplos dessa subjetividade conquistada.
7.2 As éticas aplicadas
As morais tradicionais tornam-se inoperantes, frente aos avanços das ciên-
cias e tecnologias. Há uma urgência, um clamor por uma nova ética, que possa 
fundamentar as ações humanas, com novas referências.
O desafio atual é repensar o modo de ser do homem, propondo uma ética 
e uma sociabilidade que resgatem a dimensão coletiva do ser do homem grego, 
com sua visão de ser cosmopolita. Uma ética que, ao mesmo tempo, reconheça 
os valores universais humanos e as microrrealidades históricas; que preserve a 
biodiversidade e reconheça as especificidades locais; que respeite as diferenças 
de gênero, etnia, religião.
Qual o sentido exato das éticas práticas de nosso tempo? Russ (1999) preo-
cupada com essa questão, faz uma reflexão sobre algumas éticas práticas: a 
bioética, a ética do meio ambiente, a ética do business (dos negócios), a ética 
das mídias e a ética da política. Vejamos cada uma delas.
7.2.1 A bioética – princípios e desafios
O termo bioética é utilizado desde a década de 80 do século XX, em virtude 
dos progressos da biologia. Inventada nos Estados Unidos pelo cancerologista 
Potter, a bioética designa um projeto de utilização das ciências biológicas desti-
nado a melhorar a qualidade de vida. As pesquisas, nesse campo, inicialmente 
têm propósitos pragmáticos e técnicos, sem preocupações de criação de um 
sistema refletido de valores. Russ (1999, p. 68) apresenta a seguinte definição:
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
606 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
(...) a bioética designa a expressão da responsabilidade em 
face da humanidade futura e distante que está confiada à nossa 
guarda, e a busca das formas de respeito devidas à pessoa – quer 
se trate de outrem ou de si mesmo –, busca que se efetua particu-
larmente considerando o setor biomédico e suas aplicações.
7.2.2 A ética dos negócios
No final dos anos sessenta do século XX, a ética da empresa começa a se 
desenvolver, sobretudo nos Estados Unidos. As denúncias de corrupção e escân-
dalos em relação a produtos levam as firmas a iniciar um processo de reflexão 
sobre as responsabilidades da empresa. Nos anos 80, com o crescimento das 
discussões sobre a questão ética, mais de três quartos das grandes empresas 
dos Estados Unidos teriam um código de conduta e criariam comitês de ética. O 
mesmo ocorreu com países europeus.
Na realidade, os protagonistas das empresas estão em busca de regras de 
conduta e, para o crítico Octave Géliner, esta ética é de fato deontologia, uma 
síntese de desempenho e de obediência às regras.
Deontologia: segundo o Dicionário Aurélio, tem sua origem no vocábulo grego déontos, 
que significa necessidade.
O termo designa a obrigatoriedade de se cumprir uma determinada regra ou norma, inde-
pendentemente de seus resultados efetivos e dos interesses pessoais.
Nesse sentido, pode-se considerar que a própria deontologia não está 
isenta de sentido ético: a vontade de obedecer a regras, de praticar o respeito 
(simplesmente deontológico) ao outro, de subordinar os negócios à arte do 
êxito a longo termo, sem desprezar os parceiros, assinala uma perspectiva 
para o futuro, com implicações éticas. Busca-se a responsabilidade em relação 
à ação futura. Em que pesem as críticas à ética dos negócios, preocupar-se com 
o futuro sob a ótica da responsabilidade das ações empresariais é um processo 
importante, instalado no coração da ética dos negócios e, nesse sentido, em 
busca de valores, é axiológica.
Saiba mais
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 607
7.2.3 Ética e Mídias
O mundo contemporâneo pode ser caracterizado por sua mediatização, 
isto é, as informações que recebemos são produzidas por outros e recebidas 
por meio das mídias. São poucas as possibilidades de presenciarmos in loco a 
algum evento. Como essa informação é produzida? Qual o critério de seleção 
utilizado para sua exposição? Qual o interesse em jogo?
Essas e outras questões nos levam a questionar o poder de mobilização 
das mídias. Com a promoção da sociedade do consumo, não se podem deixar 
de lado os interesses econômicos na “fabricação” de gostos, nos pacotes cultu-
rais prontos, tais como o livro da moda, o filme que levantou a maior bilheteria, 
os sítios mais visitados, os computadores e celulares de última geração. Todas 
essas manifestações da mídia não são gratuitas, nem desinteressadas: estão 
carregadas de sentidos e valores acessíveis à dinâmica de nossos desejos. 
Félix Guattari, pensador francês, nos fala de modos de produção da subjetivi-
dade, que delimitam o modo como podemos e devemos pensar, que pautam 
os assuntos interessantes e determinam os irrelevantes.
Que fatores de exploração destes recursos tão ricos da mídia estariam 
contribuindo para a desinformação, para o acirramento da crise de valores 
de nossa época? Antônio Gramsci, filósofo do século XX, destaca que, no 
processo de comunicação, é preciso analisar, dialeticamente, as relações entre 
aqueles que enviam a mensagem e os que a recebem. Buscar alternativas para 
mudanças requer a análise de como o público reage com a informação rece-
bida, como a seleciona, como pensa, que tipos de programa prefere, por que 
prefere uns e por que rejeita outros.
7.2.4 Ética e política 
Estariam hoje os termos ética e política separados? A gestão política 
no âmbito executivo atualmente define-se, quase sempre, como pura orga-
nização, desprovida de análise dos valores apregoados em favor da cida-
dania, em nome da eficácia e eficiência, da competência técnica e, conforme 
freqüentemente temos conhecimento, há grande manipulação dos recursos 
públicos em proveito dos próprios governantes, deixando de realizar as prio-
ridades elencadas nas campanhas eleitorais, em prol das cidades ou das 
áreas rurais.
A gestão política fica esvaziada de toda reflexão ética, ocorrendo ainda a 
sua profissionalização crescente, com a redução da política a uma estratégia 
de poder. Esse fenômeno tem gerado movimentos sociais dos mais variados 
matizes, em nome da garantia da efetivação dos direitos proclamados dos 
cidadãos, movimentos das chamadas minorias como mulheres, negros, traba-
lhadores rurais, homossexuais, contra a marginalização pela pobreza, contra 
a invasão de países, pela paz, contra a corrupção.
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
608 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Do ponto de vista teórico, muitos pensadores têm refletido e buscado os 
fundamentos éticos da política, da democracia (tão apregoada, mas pouco efeti-
vada na prática), seja pelos governantes nacionais, pelas políticas internacio-
nais dos países hegemônicos em relação às demais nações.
Os princípios éticos que poderiam guiar nossas democracias estão minados, 
no mundo globalizado, liderado pelo capitalismo que monopoliza a quase totali-
dade do planeta. Trata-se de unificar ética e política, compreender a democracia 
à luz da ética.
7.3 Refletindo sobre as novas tecnologias
Se apresentássemos um questionário a um grupo de pessoas, pedindo-
lhes que apontassem a grande característica dos tempos atuais, sem dúvida os 
avanços tecnológicos seriam os mais citados. Pensar o nosso dia-a-dia sem o uso 
das novas tecnologias, seria muito difícil. Este Curso, que usa as tecnologias em 
EaD, simplesmente não existiria.
Uma reflexão sobre as tecnologias de última geração se faz necessária: 
como humanizar a tecnologia? Como a tecnologia pode interferir na formação 
da personalidade do ser humano? Quem se beneficia dessas tecnologias? Essas 
e outras perguntas devem ser enfrentadas, pois não se podemais pensar a nossa 
sociedade sem o uso da tecnologia.
O impacto das novas tecnologias é evidente. Na maioria das vezes, quando 
se fala de tecnologia, tem-se a impressão de que ela tenha vida própria. Para 
muitas pessoas, a eliminação da tecnologia resolveria uma série de problemas, 
principalmente o desemprego. Essas pessoas não percebem que a tecnologia é 
uma ferramenta.
As novas tecnologias, principalmente a microeletrônica e a chamada 
bio tecnologia, vêm ocupando um amplo espaço em nosso dia-a-dia. Frente a esse 
fenômeno, que é relativamente recente, não há um único modo de se portar. Assim, 
diante das novas tecnologias, observam-se duas atitudes antagônicas que pode-
ríamos chamar, conforme Ribeiro (1999, p. 78-79), de tecnotopia e tecnofobia:
por um lado, há uma visão que se maravilha com os avanços tecno-•	
lógicos por sua contribuição para a ampliação das possibilidades 
humanas – tecnotopia. É fruto da ideologia do progresso e da visão 
evolutiva da história. A partir da Revolução Industrial, tem-se mostrado 
como a tábua de salvação para os problemas da humanidade;
por outro lado, há uma série de discursos pessimistas sobre a destruição •	
causada pela parafernália tecnológica – a tecnofobia. Uma das suas 
principais causas é a má distribuição dos recursos tecnológicos, 
alimentada também pelo temor de certos grupos da manipulação sem 
limites da natureza. 
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 609
Para Ribeiro (1999, p. 80), no fundo, a tecnologia é, conforme analisava 
Freud, um desejo de transcendência por parte do ser humano. A humanidade vê 
na tecnologia uma possibilidade de ultrapassar seus limites, ampliando as possi-
bilidades de extensão do corpo humano, para aumentar seu poder nas relações 
com os outros e a natureza.
A palavra tecnologia é formada por dois termos gregos: téchne – habilidade 
ou arte de fazer algo – e logos – discurso, estudo, ciência sobre. É uma abor-
dagem científica sobre os instrumentos que o ser humano utiliza para transformar 
a natureza. Recorrendo à etimologia da palavra, fica explícito o caráter instru-
mental da tecnologia: é uma ferramenta a serviço do ser humano. Não existe em 
si nem por si, mas depende do uso que nós seres humanos fazemos dela.
A partir disto, podemos inferir que o discurso fatalista tanto dos tecnó-
fobos quanto dos tecnótopos não se sustenta. A tecnologia é fruto de opções 
histórico-políticas que os seres humanos fazem, visando à manutenção de seu 
espaço de poder.
Karl Marx, no século XIX, já denunciava o poder que as coisas têm de colocar 
de ponta-cabeça aquilo que é produção humana. Isto é, o ser humano cria os 
objetos e, depois, perde a noção de que as coisas são criações suas e passa 
a imaginá-las como se tivessem vida própria. Você já viu por aí algum robô ou 
computador pleiteando uma vaga de trabalho? É claro que não! Não é a tecno-
logia em si que ameaça o ser humano, mas o uso que certos grupos fazem dela.
As tecnologias devem ser pensadas como uma forma de emancipação, 
de tomada de consciência do educando como sujeito de seu desenvolvimento. 
Precisamos estar cientes disso e compreender a tecnologia não como um fata-
lismo – é assim e todos devem adaptar-se. Lembremo-nos de que a tecnologia 
é criação humana e seus usos devem ser discutidos, suas conseqüências devem 
ser levadas em conta, seus benefícios devem ser divididos da forma mais 
justa possível.
Em nossa sociedade, os meios de comunicação têm-se mostrado como um 
local privilegiado de mudanças tecnológicas. Por meio da internet e da televisão 
a cabo, a informação circula com uma velocidade muito grande. Para muitos, 
isso significa uma era de mudanças na sociedade. Para Giroux (1997, p. 112), 
esse relacionamento entre mudanças sociais e inovação tecnológica não é tanto 
uma questão relativa à natureza das novas tecnologias, mas deve-se muito mais 
à ideologia do grupo dominante que controla a inserção dessas tecnologias. 
Uma possibilidade para Giroux estaria em concentrar-se na contradição entre 
o uso e o potencial que determinada tecnologia possui. Vejamos o exemplo da 
Educação à Distância (EaD), em que as potencialidades das diversas tecnolo-
gias, transmissão via satélite e internet, são utilizadas para a formação de novos 
profissionais, ampliando o acesso à educação.
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
610 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
7.4 Hans Jonas e a ética da responsabilidade
Hans Jonas é um dos pensadores contemporâneos, cujo pensamento está 
centrado na construção de uma ética voltada para os impactos da tecnologia. 
No contexto das éticas aplicadas, vistas anteriormente, procura recuperar a 
dimensão da coletividade e de uma ética capaz de responder aos desafios de 
nossa realidade e às conseqüências futuras da ação tecnológica.
De acordo com esse pensador, a tecnologia está aí e não há volta para esse 
processo. Pela primeira vez na história da humanidade, o ser humano goza de 
um poder quase ilimitado, fruto do avanço tecnológico. O mau uso da tecnologia 
pode colocar em risco a própria sobrevivência da humanidade. Estão aí, para 
comprovar essa tese, a devastação ambiental, a produção e o uso de armas 
nucleares, químicas e biológicas e a ampliação sem precedentes da miséria e 
da fome de milhões de pessoas pelo mundo afora.
É preciso, portanto, propor uma ética da responsabilidade pelas conseqüên-
cias futuras das ações que praticamos atualmente por meio do uso da tecno-
logia. Jonas desenvolve assim uma ética que procura refletir no aqui e agora 
sobre a conveniência ou não do uso de certas tecnologias. Leva em conta o fato 
de que somos fruto de um processo que vem de outras gerações. O planeta não 
é, única e exclusivamente, nosso. Pertence às gerações futuras e às outras espé-
cies animais e vegetais.
Da mesma maneira que Kant, Hans Jonas propõe um novo imperativo. Um 
imperativo que procura dar conta de nossas ações atuais e de suas conseqüên-
cias. Esse imperativo é formulado por Jonas citado por Russ (2006, p. 100) da 
seguinte maneira:
Age de modo que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a 
permanência de uma vida autenticamente humana sobre a terra.
Age de modo que os efeitos de tua ação não sejam destruidores 
para a possibilidade futura de tal vida.
Não comprometas as condições da sobrevivência indefinida da 
humanidade na terra.
Inclui em tua escolha atual a integridade futura do homem como 
objeto secundário de teu querer.
Como pode-se perceber no texto anterior, o imperativo da responsabilidade 
se mostra como uma forma de prevenir danos aos direitos das gerações futuras. 
Para Jonas, esse princípio é a maneira pela qual nossa geração pode dar um 
futuro digno ao nosso planeta.
Nesta aula, analisamos alguns aspectos da problemática da ética e da 
cidadania na Idade Contemporânea, em especial no período pós-moderno. A 
emergência do indivíduo como fonte de toda e qualquer justificação racional 
coloca o problema da relação do sujeito com a coletividade. No mundo 
contemporâneo, esse dilema é resolvido em favor do sujeito e é no respeito 
ao sujeito individual que é necessário fundamentar toda a filosofia, a ética e 
a cidadania. A reflexão sobre as novas tecnologias é hoje essencial. Vimos 
as atitudes diante das tecnologias. Tecnotopia é uma visão que se maravilha 
com os avanços tecnológicos por sua contribuição para a ampliação das possi-
bilidades humanas. Tecnofobia é uma série de discursos pessimistas sobre a 
destruição causada pela parafernália tecnológica. Hans Jonas propõe uma 
ética da responsabilidade pelas conseqüências futuras das ações que prati-
camos atualmente por meio do uso da tecnologia.
1. O termo pós-moderno designa, genericamente, toda uma corrente de pensa-
mento que tem em comum uma critica à visão de mundo da Modernidade. 
Ela se expressa em diferentes áreas, da Arquitetura à Filosofia, da 
Psicanálise à Sociologia, da Física à História. Das afirmativas que seguem, 
qual não é característica da Pós-modernidade?a) Crítica ao Racionalismo iluminista.
b) Crítica à concepção de ciência como redentora dos males da 
humanidade.
c) Processo de desconstrução e dissolução das utopias e do sentido.
d) Explicação da realidade a partir de concepções essencialistas ou 
metafísicas.
2. O impacto das novas tecnologias na sociedade é evidente. Diante das 
novas tecnologias, observamos duas atitudes antagônicas que poderí-
amos chamar de:
a) tecnotopia e tecnofobia
b) tecnicismo e tecnofobia
c) tecnopessimismo e tecno-otimismo
d) tecnólogos e técnicos
3. Caracterize, em um texto de dez linhas, a ética da responsabilidade proposta 
por Hans Jonas.
4. A partir da reflexão sobre a Pós-modernidade, feita no início da aula, reflita 
sobre os desafios éticos do mundo contemporâneo.
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
UNITINS • ADMINISTRAÇÃO • 1º PERÍODO 611
emergência do indivíduo como fonte de toda e qualquer justificação racional 
coloca o problema da relação do sujeito com a coletividade. No mundo 
contemporâneo, esse dilema é resolvido em favor do sujeito e é no respeito 
ao sujeito individual que é necessário fundamentar toda a filosofia, a ética e 
a cidadania. A reflexão sobre as novas tecnologias é hoje essencial. Vimos 
as atitudes diante das tecnologias. Tecnotopia é uma visão que se maravilha 
com os avanços tecnológicos por sua contribuição para a ampliação das possi-
bilidades humanas. Tecnofobia é uma série de discursos pessimistas sobre a 
destruição causada pela parafernália tecnológica. Hans Jonas propõe uma 
ética da responsabilidade pelas conseqüências futuras das ações que prati-
camos atualmente por meio do uso da tecnologia.
1. O termo pós-moderno designa, genericamente, toda uma corrente de pensa-
mento que tem em comum uma critica à visão de mundo da Modernidade. 
Ela se expressa em diferentes áreas, da Arquitetura à Filosofia, da 
Psicanálise à Sociologia, da Física à História. Das afirmativas que seguem, 
qual não é característica da Pós-modernidade?
a) Crítica ao Racionalismo iluminista.
b) Crítica à concepção de ciência como redentora dos males da 
humanidade.
c) Processo de desconstrução e dissolução das utopias e do sentido.
d) Explicação da realidade a partir de concepções essencialistas ou 
metafísicas.
2. O impacto das novas tecnologias na sociedade é evidente. Diante das 
novas tecnologias, observamos duas atitudes antagônicas que poderí-
amos chamar de:
a) tecnotopia e tecnofobia
b) tecnicismo e tecnofobia
c) tecnopessimismo e tecno-otimismo
d) tecnólogos e técnicos
3. Caracterize, em um texto de dez linhas, a ética da responsabilidade proposta 
por Hans Jonas.
4. A partir da reflexão sobre a Pós-modernidade, feita no início da aula, reflita 
sobre os desafios éticos do mundo contemporâneo.
AUlA 7 • fIlOSOfIA, éTIcA E cIDADANIA
612 1º PERÍODO • ADMINISTRAÇÃO • UNITINS
Na atividade um, a alternativa correta é a (d), pois as visões essencialistas 
tratam o ser humano sem levar em conta sua história. As demais representam o 
pensamento predominante da Pós-modernidade, porque criticam a idéia de uma 
razão onipotente (a), não reconhecem a ciência como um processo somente 
benéfico (b) e afirmam que, no contexto contemporâneo, é extremamente difícil 
a existência de grandes utopias (c).
Na atividade dois, a alternativa correta é a (a), pois a tecnotopia e a tecno-
fobia são atitudes extremas em relação à tecnologia, afirmando os benefícios 
ou denunciando os prejuízos da tecnologia. As alternativas (b), (c), (d) estão 
incorretas, pois os termos citados não estão de acordo com o tema abordado e 
com o enunciado da questão.
A atividade três deve ter abordado o papel que as gerações atuais têm no 
cuidado com os recursos tecnológicos, de forma que não venham a comprometer 
as gerações futuras.
A atividade quatro deve ter abordado que a Pós-modernidade traz desafios às 
éticas tradicionais que só podem ser enfrentados pelas éticas aplicadas. Exemplos 
disso são as minorias étnicas e sociais, as questões de gênero, as questões ligadas 
à diversidade cultural, as novas tecnologias, a sustentabilidade e o meio ambiente, 
temas que não estavam incluídos no debate das éticas tradicionais.
GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia 
crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1997.
RIBEIRO, Gustavo L. Tecnotopia versus tecnofobia: o mal-estar do século XXI. 
Humanidades. Brasília, n. 45, 1999.
RUSS, J. Pensamento ético contemporâneo. São Paulo: Paulus, 1999.
Anotações

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