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Bancos de leite humano Danielle Damasceno Silvestre Banco de leite humano Preocupação com a oferta de leite humano nas Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Situações onde, por algum motivo, o RN não pode receber o leite de sua própria mãe Banco de Leite Humano nas maternidades: funcionamento adequado e implementação Banco de leite humano Centro especializado e obrigatoriamente ligado a um hospital materno e/ou infantil Responsável pela promoção e incentivo ao aleitamento materno Execução de coleta, processamento e controle de qualidade do colostro, leite de transição e leite humano maduro Banco de leite humano Distribuição: sob prescrição médica ou de nutricionista É uma instituição sem fins lucrativos, sendo vetada a comercialização dos produtos por ela distribuídos. Banco de leite humano É responsabilidade do BLH Orientar, executar e controlar as operações de controle Seleção e classificação, processamento, controle clínico, controle de qualidade e distribuição Os Estados Unidos e a Inglaterra já contavam com Bancos de Leite Humanos antes da II Guerra Mundial Entretanto a preocupação com os cuidados e a criação do mesmos diminuiu muito em todo mundo, em função do abandono do Aleitamento Materno Muitos deste bancos já contavam, na época, com técnicas apuradas, com análise nutricional e controle de transmissão de infecção através de contagem de colônias de bactérias nas amostras coletadas. A existência de normas para doação de leite humano tem sua origem desde a época do Império, quando a preocupação com a saúde das crianças levou D. PedroII a outorgar um legislação para disciplinar o "serviço de ama-de-leite". Os Bancos de Leite Humanos no Brasil começaram a surgir na década de 30 Implantação do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno – PNIAM A partir da implantação do PNIAM (Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno), os BLHs apareceram de forma expressiva, com resultados não esperados. Em 1984, tornaram-se motivo de preocupação para PNIAM devido a proliferação desordenada sem atender aos objetivos e procedimentos uniformes, constando entre outros fatos, a compra e venda de leite humano, a sua troca por cestas alimentícias e a falta de controle de qualidade do produto Não constitui um fator de representatividade em Saúde Pública. Legislação A Portaria nº 322, de 26 de maio de 1988 foi o primeiro documento que aprovou normas gerais destinadas a regular a instalação e o funcionamento dos BANCOS DE LEITE HUMANO (BLH), no Brasil. A partir de 05 de setembro de 2006, os BLH brasileiros passaram a ter um novo regulamento para funcionamento: Resolução RDC nº 171, de 4 de setembro de 2006 . Legislação A Portaria nº 812, de 27 de outubro de 1999 aprovou o Plano de Trabalho que tinha como objetivo a implantação do "Projeto da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano". Legislação A Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Legislação A Portaria nº 2193 publicada no DOU em 15/09/2006 , define a estrutura e as normas de atuação e funcionamento dos Bancos de Leite Humano no Brasil. Revoga a Portaria nº 698, de 09 de abril de 2002 e a Portaria nº 322/GM, de 26 de maio de 1988. Legislação A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos - NBCAL representa uma adequação do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno à nossa realidade, isto é, ela foi adaptada para ser compatível com as leis brasileiras. Ela teve seu texto revisado e substituído pela Resolução nº 31, de 12 de outubro de 1992 , que incluiu item específico sobre o uso de bicos e mamadeiras. OBJETIVOS DO BANCOS DE LEITE HUMANO OBJETIVO GERAL Desenvolver atividades que atendam à filosofia do projeto e garantam o acesso da população alvo ao Banco de Leite. OBJETIVOS DO BANCOS DE LEITE HUMANO OBJETIVO ESPECÍFICOS Coletar leite humano, possibilitando estoque regular a sua demanda; Organizar cadastro das doadoras para possibilitar a coleta domiciliar, se possível; Distribuição do leite; Controle da Autenticidade e das propriedades bacteriológicas do leite, logo após a sua coleta; OBJETIVOS DO BANCOS DE LEITE HUMANO OBJETIVO ESPECÍFICOS Conservação e Estocagem; Propiciar às doadoras e a seus dependentes menores condições favoráveis de atendimento médico, nutricional e social; Prestar informações técnico- cientificas à comunidade, visando constituir para o estímulo do Aleitamento Materno. Tipos de Banco de Leite Para fins esquemáticos o BLH poder ser dividido em três tipos: Tipo Francês: Caracteriza-se pela coleta de leite a domicílio. São estabelecidos horários prévios para coleta e recolhimento do leite ao Banco que deve ser realizado no menor tempo possível. O número de doadoras deve ser proporcional à demanda e o seu tratamento exige uma atualização constante. Deve-se ter controle de Uma área geográfica de doadores; Um serviço volante para recolhimento do leite (ambulância apropriada, ligada a um sistema de motocicleta.) Tipos de Banco de Leite Tipo Brasileiro: Caracteriza-se pela coleta realizada no próprio Banco de Leite, que é uma unidade isolada, integrada a um hospital de Pediatria e (ou) Maternidade. As doadoras comparecem para a doação do leite. Não há serviço externo de coleta. Tipos de Banco de Leite Tipo Misto: É constituído de um Banco de Leite (tipo brasileiro) dotado de um sistema de coleta externa (tipo francês). O veículo-coletor deve dispor de 3 áreas, no seu interior: a)Área de recepção e lanche b)Área de vestiário (cabine para a preparação da doadora) c) Área de estocagem do leite coletado (freezer, etc.) Doação de Leite Humano Algumas mulheres quando estão amamentando produzem um volume de leite além da necessidade do bebê, o que possibilita que sejam doadoras de um Banco de Leite Humano. Doação de Leite Humano De acordo com a legislação que regulamenta o funcionamento dos Bancos de Leite no Brasil(RDC Nº 171) a doadora, além de apresentar excesso de leite, deve ser saudável, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o excedente. A seleção das doadoras pode iniciar no pré-natal. Todas as gestantes, comprovadamente sadias, por meio de curso ou por orientação das enfermeiras do Serviço de Obstetrícia, são motivadas a doar seu leite, explicando-lhes que o Hospital não vai recompensá-las pecuniariamente. Motivos que levam a doadora a ser considerada inapta para doação : Moléstias infecto-contagiosas; Uso de drogas ou medicamentos, excretáveis através do leite, em níveis que possam provocar efeitos colaterais; Tratamento quimioterápico ou radioterápico; Desnutrição; O outros motivos. CLIENTELA Recém nascido prematuro ou de baixo peso; Recém nascido imunologicamente deficiente; Recém nascido com perturbação gástrica de origem variada; Recém nascido alérgicos a outros tipos de leite; Doadoras de leite Gestantes, puérperas e nutrizes. CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES Os BLH, bem com os Postos de coleta devem satisfazer às seguintes condições básicas para seu funcionamento, considerandos os seguintes ítens: LOCALIZAÇÃO: distante de qualquer dependência que possa comprometer a qualidade do produto processado/estocado, sob o ponto de vista químico, físico-químico e microbiológico; ÁREA DISPONÍVEL: suficiente e proporcional à realização de todas as operações a que se propõe; ABASTECIMENTO DE ÁGUA: atendimento aos padrões de potabilidade vigentes, em volume suficiente às necessidade operacionais do BLH; CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO: suficiente em todas as dependências, respeitando as especificações de ordem técnica; DEPENDÊNCIAS PARA MANIPULAÇÃO: devem possuir piso, teto, paredes e divisórias, revestidos com material impermeabilizado, liso, sem reentrâncias, construídos de modo a facilitara limpeza e sanitização; DEMAIS DEPENDÊNCIAS: vestiário, banheiros e outras dependências necessárias em número proporcional à capacidade operacional. CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES O BLH deve obedecer a um "lay-out", que permita bom fluxo operacional, evitando cruzamento, e que facilite a sua higienização. CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES O BLH deve obedecer a um "lay-out", que permita bom fluxo operacional, evitando cruzamento, e que facilite a sua higienização. O BLH deve dispor de uma planta física contendo as seguintes Áreas: Área de recepção: é destinada ao atendimento de gestante, puérperas, e nutrizes para o encaminhamento para coleta, para a orientação referente a cuidados e aleitamento materno, e registro de dados médico-socias. CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES Área de coleta : destinada para a coleta de leite humano conforme as técnicas assépticas estabelecidas, realizada por de expressão manual ou com o auxílio de bombas, manuais ou elétricas; devem ser utilizados materiais esterilizados. O local da coleta deve possuir piso, paredes, teto e divisórias revestidas com material impermeável que facilite a limpeza e sanitização, deve ser localizado de forma adequada, afastada de locais que possam causar prejuízo à obtenção higiênica do leite, evitar o cruzamento de fluxos. Deve ser limpo e sanitizado rigorosamente antes de cada turno de trabalho. CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES Em caso de coleta domiciliar, orientar a doadora a procurar um local tranqüilo, evitando aqueles que possam trazer risco à qualidade microbiológico do leite, com sanitários e (ou) dependências onde se encontram animais domésticos. Nas enfermarias recomenda-se todos os princípios observados para a coleta no BLH. O leite deve ser acondicionado em frascos esterilizados e com rótulos informado o no do registro da doadora. O produto pode ser pré-estocado sob congelamento ou refrigeração a 50C no máximo por 5 dias e 24 horas, respectivamente. Área de processamento: destinada para a seleção classificação e tratamento de conservação do leite. O leite deve ser submetido a controle de qualidade. Deve-se avaliar as condições de conservação em que se encotra o leite no momento da recepção, verificando o tipo e condição da embalagem. Área de processamento: Este local é responsável pela pasteurização e/ouliofilização do leite. Após a pasteurização, o leite deve ser congelado, resfriado ou encaminhado para a unidade de liofilização Acondicionado em embalagem aprovada pelo Ministério da Saúde e esterilizados e utilizados exclusivamente par este fim Rótulo deve conter informações referente ao tempo de validade, volume da água a ser utilizado para reconstituição, caso o leite for liofilizado, manuseio, condição para estocagem. Área de estocagem: destina para a estocagem do leite in natura ou liofilizado em refrigerador, "freezer", congelador, após analise de sua qualidade microbiológica, seguindo os seguintes períodos 1. Produto pasteurizado-refrigerador, 48 horas; 2. Produto pasteurizado-congelador, 6 meses; 3. Produto pasteurizado-liofilizado, 1 ano . Efetuar rigoroso controle de de temperatura dos freezers para evitar flutuação prejudiciais à manutenção do produto. Área de distribuição: destinada ao controle do leite distribuído aos receptores, conforme as indicações já citadas anteriormente. Área Administrativa: Chefia do BLH, Coordenadoria do BLH, Secretaria, almoxarifado, Arquivo da doadoras, Sala de exame, vestiários, etc. Recepção do LH ordenhado A recepção é o momento de recebimento dos frascos de LHO que vêm de coletas em domicílio ou de outros postos de banco de leite Necessário que os funcionários do local façam: Higienização e utilização de equipamentos Verificação da embalagem Controle e registro da temperatura das caixas exotérmicas ainda fechadas. Recepção do LH ordenhado No momento de abrir a caixa, observar: • Se a embalagem usada está devidamente identificada, em boas condições de higiene e vedação adequada • A cor do leite (resíduos e sujeiras) • Se há camada de gelo aderida na embalagem (deverá ser removida com água corrente sem molhar a tampa) • Passar álcool em 70% na parte externa da embalagem. Processamento Descongelamento • No processo de descongelamento é importante verificar e selecionar o material necessário no processamento do leite (vidrarias, reagentes, pipetas); • Deve-se fazer a higienização nos locais que serão utilizados neste processo, realizar a higiene pessoal, utilizar equipamentos de proteção individual (jalecos, toucas, óculos, máscaras); Processamento Descongelamento • É necessário ter o controle de temperatura do freezer de pré-estocagem do leite; • No processamento do leite é feita uma seleção e verificação na data de coleta e identificação do rótulo; • O descongelamento é feito em banho-maria em uma temperatura que chega até 40 °C. Processamento Reenvase Logo após o descongelamento: deve haver o processo de reenvase do leite humano que é a etapa em que o LHO é transportado de um recipiente para outro Objetivo: uniformizar volumes e embalagens seguindo critérios adotados pelo BLH. Técnica microbiológica: utilizado um campo de chama que pode ser obtido com bico de Bunsen. Esse processo é realizado para certificação de que o material da coleta que entrará em contato com o LHO está corretamente esterilizado e se está dentro do prazo de esterilização. Processamento Pasteurização Tratamento térmico: eliminar todos os micro-organismos patogênicos e parcialmente os deterioradore LHO é pasteurizado a uma temperatura de 62,5°C por trinta minutos, após o tempo de pré-aquecimento. Principal fator de controle de qualidade: binômio tempo-temperatura capaz de fazer a inativação desses micro-organismos. Logo após: necessário fazer uma coleta para o controle de qualidade microbiológico. Processamento RECURSOS HUMANOS O número de pessoas na equipe varia conforme a clientela a ser atendida pelo BLH, a composição da equipe multidiciplinar e a instituição. São atribuições dos membros da equipe multidisciplinar neste local RECURSOS HUMANOS Enfermeiro: -Coordenar a execução do programa global do BLH; -Responder junto a direção pela realização do programa; -Fiscalizar a manipulação do leite, desde a coleta até a entrega ao cliente; -Manter o entrosamento com os servidores; -Fazer previsão do orçamentário; -Determinar a aquisição de material necessário e zelar pela execução do orçamento; -Controlar a distribuição do material , consumo e estoque; - Zelar pelas intalações, pelo material e pela condições de higiene; RECURSOS HUMANOS Enfermeiro: -Controlar a freqüência de atividade do pessoal; -Elaborar e manter atualizadas as rotinas do serviço; - Preparar relatório e boletins técnicos periódicos; - Organizar mapas refentes ao movientos diário, mensal, e anual das atividades do BLH; -Elaborar e apresentar à equipe o plano de trabalho; -Planejar, executar e avaliar, em conjunto com a equipe o programa de atividades; -Promover cursos encontros, visando ao aperfeiçoamento profissional do serviço; -Participar do treinamento do pessoal, tanto em curso regulares, como em serviço; RECURSOS HUMANOS Médico - em conjunto com a Enfermeira: -Elaborar e apresentar à equipe o plano de trabalho; -Planejar, executar e avaliar, em conjunto com a equipe, o programa de atividades; -Promover cursos encontros, visando ao aperfeiçoamento profissional do serviço; -Participar do treinamento do pessoal, tanto em curso regulares, como em serviço; Cabe ao médico: -Proceder o controle médico das doadoras; -Decidir, em conjunto com a doadora, a matrícula ou seu desligamento; -Estabelecer periodicidade para o exame das doadoras, entre outras. RECURSOS HUMANOS Assistente Social; Nutricionista;Auxiliar de Enfermagem; Técnico de laboratório; Outros profissionais. RECURSOS HUMANOS Sendo necessárias mais informações sobre o funcionamento do BHL, consulte: Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno; Normas Brasileiras para a Comercialização de Alimentos para Lactentes Como preparar o frasco para coletar o leite humano? Escolha um frasco de vidro com tampa plástica, pode ser de café solúvel ou maionese; - Retire o rótulo e o papelão que fica sob a tampa e lave com água e sabão, enxaguando bem; - Em seguida coloque em uma panela o vidro e a tampa e cubra com água, deixando ferver por 15 minutos (conte o tempo a partir do início da fervura); Como preparar o frasco para coletar o leite humano? - Escorra a água da panela e coloque o frasco e a tampa para secar de boca para baixo em um pano limpo; - Deixe escorrer a água do frasco e da tampa. Não enxugue; - Você poderá usar quando estiver seco. Como se preparar para retirar o leite humano (ordenhar)? O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias Ao retirar o leite é importante que você siga algumas recomendações que fazem parte da garantia de qualidade do leite humano distribuído aos bebês hospitalizados Como se preparar para retirar o leite humano (ordenhar)? 1- Escolha um lugar limpo, tranquilo e longe de animais; 2- Prenda e cubra os cabelos com uma touca ou lenço; 3- Evite conversar durante a retirada do leite ou utilize uma máscara ou fralda cobrindo o nariz e a boca; 4- Lave as mãos e antebraços com água e sabão e seque em uma toalha limpa. Como retirar o leite humano (ordenhar)? Comece fazendo massagem suave e circular nas mamas. Massageie as mamas com as polpas dos dedos começando na aréola (parte escura da mama) e, de forma circular, abrangendo toda mama. É ideal que o leite seja retirado de forma manual: Primeiro coloque os dedos polegar e indicador no local onde começa a aréola (parte escura da mama); - Firme os dedos e empurre para trás em direção ao corpo; - Comprima suavemente um dedo contra o outro, repetindo esse movimento várias vezes até o leite começar a sair; - Despreze os primeiros jatos ou gotas e inicie a coleta no frasco. É ideal que o leite seja retirado de forma manual: Se você estiver com dificuldade de retirar seu leite, procure apoio no Banco de Leite Humano mais próximo de você. Como guardar o leite retirado para doação? O frasco com o leite retirado deve ser armazenado no congelador ou freezer. Na próxima vez que for retirar o leite, utilize outro recipiente esterilizado e ao terminar acrescente este leite no frasco que está no freezer ou congelador. O leite pode ficar armazenado congelado por até 15 dias. O leite humano doado, após passar por processo que envolve seleção, classificação e pasteurização, é distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em unidades neonatais.
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