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1 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 Acesso Coronário Forma de se obter o caminho até a cavidade pulpar. Pode ser definido como: preparo de uma cavidade através da remoção de parte da coroa do dente para se ter acesso à cavidade pulpar (CP + Canais). ➔ Tempo operatório que vai desde o acesso a câmara pulpar, seu preparo, até a obtenção do formato final da cavidade pulpar, sua limpeza , antissepsia e localização dos orifícios de entrada dos canais radiculares. Ao final do acesso deveremos ter um trajeto que forneça a visão da entrada dos canais radiculares. OBS: casos de escurecimento da coroa após tratamento endodôntico → causado devido a permanência do teto da cavidade pulpar, que pode reter restos pulpares, sangue e resíduos, resultando no escurecimento da coroa. O acesso coronário a câmara pulpar é o ato operatório que visa remover o teto da câmara pulpar para se obter o livre acesso dos instrumentos endodônticos aos canais radiculares. PRINCÍPIOS BÁSICOS o Realizar o exame clínico minucioso do paciente; o Realizar tomadas radiográficas periapicais + verificar se tem inclinações (se houver angulações, é necessário que mude a inclinação da broca) e a anatomia em geral dos dentes; o Remover toda a dentina cariada e as restaurações que impeçam o acesso aos canais radiculares; o Alisar as superfícies pontiagudas dos dentes → para que não interfiram na colocação do lençol de borracha p/ isolamento absoluto; o Remover todos os planos inclinados da coroa; o Estabelecer a área/ponto de eleição correto. Ponto de eleição: onde se coloca inicialmente a broca para remover esmalte e dentina, onde se inicia o acesso. ETAPAS DO ACESSO ACESSO A CÂMARA PULPAR (1,2 E 3) 1. Ponto de eleição: ponto escolhido na coroa para se iniciar o acesso → Nos incisivos e caninos(superiores) → face palatina, e na face lingual para os inferiores. Já nos pré- molares e molares, geralmente esse ponto de eleição fica na fossa central da face oclusal. 2. Forma de contorno inicial: forma que se vai dar ao dente, fazendo movimentos corretos com a broca a partir do ponto de eleição → 2 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 utilizando a caneta de alta rotação com velocidade lenta → dá a conformação apropriada. Essa penetração deve ser estendida para o interior do dente com o intuito de chegar até a câmara pulpar. Antes de se remover o teto, caso haja lesão cariosa devemos começar removendo a dentina cariada, mesmo que envolva outras faces do dente. 3. Direção de trepanação: direção dada a broca para que ela trepane, chegue dentro da câmara pulpar. Broca em posição mais paralela ao longo eixo do dente. Primeiro: broca entra em direção perpendicular ao longo eixo do dente (90 graus), quando a configuração inicial estiver delimitada, a posição da broca é alterada para posição paralela ao longo eixo do dente. Essa direção de trepanação é dada até sentir uma falta de resistência → sensação de cair no vazio → significa que a câmara pulpar foi penetrada. ➔ Até aqui faz parte ACESSO A CÂMARA PULPAR. 4. Forma de conveniência: ajustes finais feitos no acesso, como retirada do ombro dentinário → deixa o dente mais conveniente para o manuseio durante o tratamento endodôntico. 5. Limpeza e antissepsia da cavidade pulpar. PREPARO DA CÂMARA PULPAR Acontece após a colocação do isolamento absoluto e da antissepsia do campo operatório. É a remoção de todo o restante do teto do dente e também consiste no preparo das paredes laterais da câmara pulpar. Para remover o restante do teto → entra com a broca e puxa para oclusal, ou seja, movimentos de vai e vem, de dentro para fora para que o assoalho da CP não seja atingido. OBS: devemos utilizar brocas sem corte na ponta, brocas esféricas, para que não haja o risco de danificar o assoalho. Medida de prevenção para não atingir o assoalho: FORMA DE CONVENIÊNCIA Tem como intenção dar uma melhor conformidade a cavidade pulpar → facilitar os procedimentos endodônticos com esse “refinamento”. 3 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 Normalmente utiliza-se brocas tronco- cônicas (Endo Z, 3081, 308, 4038). Tem como principais objetivos: o Facilitar o acesso dos instrumentos endodônticos; o Permitir um acesso reto e direto aos canais → paredes da cavidade pulpar ficam retas em direção as entradas dos canais; o Cavidade com paredes lisas e planas → favorecendo a visualização adequada dos canais radiculares; o Simplificar todas as manobras operárias de instrumentação e de obturação dos canais radiculares. LIMPEZA E ANTISSEPSIA DO CAMPO OPERATÓRIO OBS: todo tecido cariado, placa bacteriana, cálculo, gengiva hiperplásica, restaurações imperfeitas devem ser removidos para que haja continuidade da cadeia antisséptica. • Depois da trepanação, o dente é isolado → em seguida, ocorre a limpeza e antissepsia do campo operatório (incluindo lençol e borracha, grampo e dente) com hipoclorito de sódio (2,5 e 5,25%) ou clorexidina a 2% ou então álcool iodado. • Após a antissepsia do campo operatório, devem ser realizadas lavagens frequentes da câmara pulpar com soluções antimicrobianas durante todo o acesso e localização da entrada dos canais. ACESSO CORONÁRIO DOS GRUPOS DENTÁRIOS INCISIVOS SUPERIORES E CANINOS O procedimento é praticamente o mesmo entre incisivos e caninos superiores, a única coisa que vai mudar é o formato final. Nos incisivos teremos um formato triangualar e nos caninos teremos um formato mais lanceolado no final, devido a cúspide canina. ➢ PONTO DE ELEIÇÃO: parte mais central da face palatina desses dentes, de 1 a 2 mm abaixo do cíngulo. ➢ DIREÇÃO DE TREPANAÇÃO: direção em que a broca é colocada para se chegar mais próximo a câmara pulpar. Primeiramente a broca é colocada perpendicularmente ao longo eixo do 4 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 dente, formando um ângulo de 90 graus. Depois que começar a remover o esmalte e começar a mudar a cor, chegando na dentina que tem uma coloração amarelada, a broca deve ser posicionada paralela ao longo eixo do dente, atingindo o teto e perfurando-o, caindo dentro da C.P. ➢ FORMA DE CONTORNO: Dada após a penetração da broca na câmara pulpar. Essa forma de contorno inicial é triangular regular, com a base voltada para a incisal e o vértice voltado para o cíngulo. No caso dos caninos superiores, devido a presença do divertículo central (cúspide canina), há a necessidade de uma maior extensão da forma de contorno no sentido cervicoincisal para se remover o teto do canino. Ao final da forma de contorno, com a broca paralela ao longo eixo do dente, vamos trepanar a câmara pulpar e fazer o formato, de dentro para fora com a broca. ➢ PREPARO DA CÂMARA PULPAR: remoção completa do teto em movimentos de dentro para a fora, preparando a parede vestibular e paralela da câmara pulpar. OBS: no canino também precisamos remover o divertículo. INCISIVO CANINO 5 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 ➢ CONFIGURAÇÃO FINAL DA CP (FORMA DE CONVENIÊNCIA): remove-se o ombro para que ocorra um melhor acesso ao canal radicular com uma broca tronco-cônica. INCISIVOS E CANINOS INFERIORES ➢ PONTO DE ELEIÇÃO: centro da superfície lingual, 1 ou 2 mm acima do cíngulo. ➢ DIREÇÃO DE TREPANAÇÃO: começa-se com a broca perpendicular ao eixo do dente, removendo o esmalte com movimentos de dentro para fora. Chegando na dentina, muda-se a direção de trepanação para paralelo ao longo eixo do dente até atingir a câmara pulpar. ➢ FORMA DE CONTORNO INICIAL: forma triangular, semelhante a dos incisivos e caninos superiores, sendomais estendida no sentido incisal e lingual. OBS: nos caninos inferiores pode ser necessária uma maior extensão no sentido cervicoincisal, devido a presença do divertículo. ➢ PREPARO DA CÂMARA PULPAR: remoção completa do teto da CP e preparo das paredes laterais (vestibular e lingual). ➢ FORMA DE CONTORNO: remove-se o ombro dentinário lingual, regularização e alisamento das paredes da câmara pulpar. PRÉ-MOLAR SUPERIOR ➢ PONTO DE ELEIÇÃO: centro da fossa central do pré-molar. ➢ DIREÇÃO DE TREPANAÇÃO: paralelo ao longo eixo do dente até conseguir trepanar a câmara pulpar. ➢ FORMA DE CONTORNO INICIAL: forma de contorno dos pré-molares é cônico-ovoide, sendo mais achatada na região mesiodistal e com maior extensão no sentido vestibulopalatino, com a broca no sentido paralelo ao longo eixo do dente. ➢ PREPARO DA CÂMARA PULPAR: remoção total do teto e preparo das paredes laterais da CP. ➢ FORMA DE CONVENIÊNCIA: com a auxilio da sonda endodôntica Rhein observa-se se há alguma 6 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 irregularidade, e com brocas tronco-cônicas removemos essas irregularidades e deixamos a CP com paredes lisas, sem irregularidades e com fácil acesso aos canais radiculares. PRÉ-MOLARES INFERIORES ➢ PONTO DE ELEIÇÃO: região central da face oclusal, mas se houver a ponte de esmalte, há uma mesializada no acesso. ➢ DIREÇÃO DE TREPANAÇÃO: direção vertical, com a broca paralela ao longo eixo do dente até atingir a CP. ➢ FORMA DE CONTORNO: cônico-ovoide. Se houver apenas um canal, a forma de contorno será mais circular e não tão ovoide. ➢ PREPARO DA CP: remoção completa do teto com broca em movimentos de dentro para fora. ➔ Como saber se todo o teto foi removido: com o auxílio da sonda endodôntica tipo Rhein, que é passada nas paredes e se essa sonda prender em algum lugar de dentro para a fora indica que ainda há um pouco de teto. ➢ FORMA DE CONVENIÊNCIA: forma cônica, elíptica e achatada no sentido mesiodistal. Além disso, a presença de dois ou três canais faz com que haja uma maior abertura da cavidade para facilitar o tratamento endodôntico. MOLARES SUPERIORES Presença de uma ponte de esmalte → estrutura de reforço que deve ser preservada no acesso. ➢ ÁREA DE ELEIÇÃO: O acesso é realizado no sentido mesial da face oclusal, para que a ponte de esmalte seja preservada. ➢ DIREÇÃO DE TREPANAÇÃO: inicialmente, paralela ao longo eixo do dente e quando se chega em dentina, coloca-se a broca direcionada para o canal de maior volume: canal palatino. 7 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 ➢ FORMA DE CONTORNO INICIAL: forma de contorno triangular também. ➢ PREPARO DA CÂMARA PULPAR: remove-se completamente o teto da CP após a trepanação da CP, com movimentos de entra e sai da broca. ➢ FORMA DE CONVENIÊNCIA: remove-se os ombros dentinários presentes com a broca tronco- cônica, deixando as paredes lisas e regulares para melhor visualização dos canais radiculares. MOLARES INFERIORES ➢ PONTO DE ELEIÇÃO: no centro da fossa central da superfície oclusal. ➢ DIREÇÃO DE TREPANAÇÃO: primeiramente paralela ao longo eixo do dente, chegando em dentina muda-se a direção, inclinando a broca levemente para a distal (localização do maior canal radicular) ➢ FORMA DE CONTORNO INICIAL: triangular (vértice para distal e a base para mesial), irregular ou trapezoidal. ➢ PREPARO DA CÂMARA PULPAR: remoção de todo teto da e preparo das paredes laterais da CP. ➢ FORMA DE CONVENIÊNCIA: caso haja a presença de ombro dentinário, deve-se removê-lo para melhor acesso aos canais radiculares. LOCALIZAÇÃO DA ENTRADA DOS CANAIS RADICULARES É importante que o orifício de entrada de todos os canais radiculares seja localizado. A localização é executada por meio de inspeção e da exploração por meio de sondagem. Essa sondagem é realizada com a sonda endodôntica do tipo Rhein → só entra até a entrada dos canais. OBS: depois de achar as entradas dos canais, parte para o inicio do PQM. A exploração somente deverá ser iniciada após o preparo da cavidade de acesso coronário. Ela também auxilia na verificação da direção e da inclinação dos canais.
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