Buscar

A CURA DAS MINHAS MEMORIAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 81 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 81 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 81 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2
3
O tempo para Deus é muito mais do que Passado, Presente e Futuro; Ele quer nos
dar a ETERNIDADE.
(João Carlos e Maria Luiza)
4
Apresentação
Sabemos o quanto precisamos de cura!
Nosso inconsciente, de uma maneira parecida com um chip, CD ou DVD, registra tudo
quanto entra em nossa alma pelas suas portas: nossos sentidos – audição, visão, tato,
olfato e gustação. Nada se perde, tudo é registrado, tanto as sensações e percepções boas
quanto as más. É por isso que, muitas vezes, ao ouvir uma música do passado, você se
sente feliz ou triste; tudo depende do seu estado de vida e de felicidade quando a música
tocava no seu auge. Esse exemplo pode ser multiplicado em muitas outras experiências.
Tudo isso se passa na nossa memória, o “banco de dados” da nossa vida passada.
Sem ela não seríamos “imagem e semelhança” de Deus, pois não teríamos consciência
de que existimos, tampouco poderíamos raciocinar, induzir, deduzir, concluir, projetar...
Ela é uma das maiores faculdades que Deus nos deu; o animal a tem de forma muito
limitada; nós, humanos, por outro lado, temos uma memória grandiosa por causa da
linguagem que torna cada momento vivido cheio de significados. Nós podemos recordar
e falar sobre o que vivemos e o que sentimos.
Então, é muito importante que alguém, ou mesmo um instrumento, nos ajude a
penetrar no labirinto de nossa memória, para curá-la das marcas negativas que a nossa
vida nela deixou. Sabemos que a nossa imaginação é fértil e lança na memória imagens e
conceitos bons e maus, que precisam ser conhecidos e discernidos. Victor Hugo dizia
que “a imaginação é a louca da casa”. Se não for dominada, causa muito estrago na
própria memória.
Este livro, que apresento com satisfação, dos amigos psicólogos João Carlos e Maria
Luiza, ajuda a enfrentar esse desafio necessário de “conhecer a si mesmo”. Esse é o
primeiro passo para o processo da cura; depois vem o remédio. Deus nos deu a memória
para que, conhecendo o que se passou em nossa vida, pudéssemos conhecer a nossa
história e, a partir daí, compreender quem somos e para onde queremos ir. Se não
tivéssemos memória, não construiríamos uma história e muitos menos um projeto.
Conheço há muitos anos o João Carlos e a Maria Luiza, um casal de psicólogos
cristãos que se dedica a evangelizar, sobretudo os casais, usando a psicoterapia aliada
aos valores cristãos. Juntos realizamos encontros para casais na Casa da Canção Nova
em Lavrinhas, SP, onde eles, na qualidade de casal, têm uma participação fundamental
para o sucesso do encontro.
5
Neste livro, eles apresentam a sua experiência neste assunto tão importante que é a
“A cura das minhas memórias”, para que a pessoa possa se conhecer, se encontrar e ter
condições para seguir em frente em sua vida. Para isso, eles nos apresentam um caminho
de cura: primeiro, a conscientização das influências da história nas dificuldades
apresentadas na vida atual; em seguida, nos trazem a possibilidade de fazer escolhas
diferentes para seguir a vida com uma nova perspectiva.
Depois de treze anos de experiência clínica com este método em uma instituição e no
seu consultório particular, identificaram uma maneira de atuação eficaz para que outros
pudessem utilizá-la na cura das memórias. É um método utilizado para ajudar no
processo de amadurecimento pessoal, de modo a permitir-lhe se reconciliar com a sua
história e consigo mesmo.
Eles explicam que a memória nos possibilita “nos localizarmos no tempo, entender
quem somos, a qual povo pertencemos e de qual história fazemos parte, para, a partir
daí, nos lançarmos para o futuro e, como filhos amados de Deus, para uma vida no
Eterno”.
A cura é uma possibilidade de intervenção de Deus para que possamos escolher
melhor. Este livro o convida a entrar em sua história, em cada etapa do seu
desenvolvimento – seus antepassados, família, concepção, gestação, nascimento,
infância, adolescência, vida adulta e velhice –, com o intuito de montar um “quebra-
cabeça”, para entender a sua história e suas consequências na atualidade. Dessa forma,
você poderá dar um novo significado e uma nova resposta a sua vida.
Que Deus abençoe esta obra e faça dela um instrumento poderoso para libertar Seus
filhos de muitas amarras que a vida gerou.
Prof. Felipe Aquino
6
Introdução
A expressão cura sempre foi complexa para ser definida pela ciência. Para nós, cura
significa, em primeiro lugar, dar novos significados, estabelecer novas relações no que
se refere à compreensão da existência. É alcançar uma vida cheia de sentido, sem o
impedimento da realização de valores e missão.
A cura das memórias, neste sentido, é uma possibilidade de olhar de modo diferente
para a própria história, o que possibilita uma reconciliação consigo mesmo, com aqueles
que participaram de sua vivência e com Deus. Esse processo é um retorno aos
acontecimentos que estão armazenados na nossa memória e que podem interferir de
alguma forma na nossa existência. Oferece, a partir daí, a possibilidade da formação de
novos conceitos, de novos pensamentos, de novos sentimentos e de outras posturas
diante de uma história que nos comandava, sem que tivéssemos a consciência desses
impulsos atuantes em nós. Feito isso, poderemos nos posicionar de modo diferente,
assumindo de fato um novo homem e uma nova mulher, capacitados a realizar uma nova
vida.
Este livro é, portanto, “uma maneira de organizar as coisas”. Após treze anos de
experiência clínica em uma instituição e em nosso consultório, identificamos um método
eficaz para ajudar a todos no processo de amadurecimento pessoal e assim orientá-los a
uma reconciliação com a própria história, consigo mesmo.
Para isso, são feitas as seguintes propostas: a conscientização da importância da
influência da nossa história; em seguida, a identificação dos nossos problemas e de suas
raízes geradoras; na sequência, a possibilidade de ir além desses limites impostos por
nossas memórias – a transcendência; e, por último, uma proposta de um projeto de vida.
A cura interior é indicada como uma possível estratégia para aqueles que a desejam e
acreditam em uma ferramenta que pode dinamizar este processo. A leitura é um convite
para um “mergulho” em si mesmo, que a princípio pode parecer difícil e doloroso, mas
será libertador!
Todo o processamento para adquirirmos nossa memória foi criado por Deus. É um
presente! Uma maravilhosa maneira de nos localizarmos no tempo, entender quem
somos, a qual povo pertencemos e de qual história fazemos parte, para, a partir daí, nos
lançarmos para o futuro e, como filhos amados de Deus, para uma vida no Eterno.
7
Imagine se você sofresse uma amnésia total! Uma pessoa nessas condições não
saberia quem foi, quem é, e por isso não teria perspectiva de futuro, não teria projetos,
não teria para que viver.
Por isso, Deus nos deu a memória, para que pudéssemos conhecer a nossa história a
partir do passado e, por meio dele, soubéssemos quem somos e aonde queremos chegar.
Temos recordações de cada evento da nossa vida, registramos não apenas fatos, mas
também emoções, sentimentos de alegria, de tristeza, de rejeição, de abandono, de
valorização, tudo aquilo que certamente nos formou e definiu muitos dos
comportamentos que temos atualmente.
Assim, diversas situações experimentadas no decorrer de nosso desenvolvimento,
desde a concepção até a vida adulta e a velhice, ficam arquivadas e podem surgir na
nossa vida a qualquer momento, influenciando muitas das nossas escolhas. Por isso,
aquelas vivências que foram sofridas e que dificultam nossas melhores escolhas
precisam ser curadas.
Contudo, as memórias não podem ser extintas, excluídas, como se nunca houvessem
existido; somente Deus poderia realizar este milagre. Nós, por outro lado, podemos dar
uma nova configuração para as nossas memórias, para assim passar a pensá-las e senti-
las de outra maneira. Há muitas formas de “reconfigurá-las”.
A transcendência é uma capacidade humana de não aceitar os condicionamentos
impostos pela história de vida, é uma oportunidade que Deus nos oferecede pensar sobre
a vida e escolher o melhor. A partir daí, não seremos mais guiados pela força das
memórias traumáticas, escolheremos e exercitaremos diariamente formas de pensar e
agir. Na Logoterapia – terceira escola psicoterápica de Viena, sendo um sistema teórico
prático criado pelo psiquiatra Viktor E. Frankl, que afirma que a busca de sentido na
vida é a principal força motivadora no ser humano –, isto se chama autodeterminação.
O sofrimento sempre existiu na humanidade, no entanto, não é o sofrimento que é
insuportável, mas sim o viver sem um ideal. Existe esperança!
Muitas de nossas dificuldades – como, por exemplo, imagens distorcidas de si
mesmo, irritações desproporcionais, sentimentos de menos valia, sentimentos de
rejeição, dificuldade para relacionar-se, dificuldade para enfrentar os problemas,
dificuldade para enfrentar o novo, medos e ansiedades intensas que nos paralisam,
depressões constantes, entre tantas questões – não surgiram do nada, nasceram das
experiências vividas que fazem parte de nossas memórias. Portanto, há um vínculo entre
os eventos passados e as dificuldades atuais.
Este livro nos convida a entrar em cada etapa de nosso desenvolvimento para montar
um “quebra-cabeça”, a fim de entendermos a nossa história e o reflexo desta na
8
atualidade. É um exercício de observação do passado, presente e futuro, que nos ajudará
a dar um novo significado e uma nova resposta à vida.
Não se trata apenas de uma leitura, mas de uma investigação pessoal, na qual
seguiremos os passos propostos para a realização do caminho de cura e de reestruturação
pessoal, buscando uma vida melhor.
No livro há também um questionário sobre as etapas da vida, com o qual, a partir de
suas respostas, você deverá buscar os eventos marcantes que influenciaram o surgimento
dos problemas identificados na sua vida.
Observe este roteiro que sugerimos para a leitura do livro:
Para viver bem o livro:
1. Leia o primeiro capítulo para saber mais sobre a memória, sua função,
importância e classificação. Este capítulo mostra como a memória pode
influenciar a sua vida.
2. Leia o segundo capítulo, descubra a situação ou as situações que você precisa
resolver e responda às perguntas propostas. Neste segundo capítulo, você
viajará por sua história de vida, conhecerá um pouco sobre psicologia e
responderá a um questionário sobre cada etapa do seu desenvolvimento. São
perguntas a respeito de acontecimentos que podem ter gerado situações atuais
que incomodam tanto você quanto quem é de seu convívio e que, por isso,
necessitam de mudanças. Pergunte-se, diante de cada relato da sua história, o
que influenciou o surgimento do problema atual, não se esqueça disso. Em
9
seguida, tente lembrar como se sentiu ou se comportou em cada momento
vivido anteriormente.
3. Leia o terceiro capítulo, que ressalta a capacidade do ser humano de tomar
uma nova decisão. Apesar do seu sofrimento, e diante de tantas descobertas,
você entenderá que pode escolher por uma vida cheia de sentido e que é
chamado a assumir a sua vida e a responsabilizar-se por ela. Defina, a partir
das suas descobertas nos capítulos anteriores, metas a serem atingidas a partir
de agora. Para isso, propomos um projeto de vida para o momento atual.
4. Leia, caso deseje, o anexo A, sobre cura interior, que auxiliará todos aqueles
que sentirem necessidade de trabalhá-la.
Boa leitura, boa escrita e bom encontro consigo mesmo!
10
CAPÍTULO 1
11
Conceitos e tipos de memórias
A memória, esta maravilhosa capacidade que nos foi dada por Deus, é uma função
do sistema nervoso central (SNC) que nos garante o conhecimento sobre o mundo e
sobre nós mesmos.
Deus nos capacitou para vivenciarmos situações durante a nossa existência, para
aprendermos e, sobretudo, para armazenarmos informações importantes, para mais tarde,
quando necessário, as utilizarmos.
Deus pensou nos mínimos detalhes, e se temos um sistema de memória é pela graça
e pelo amor de Deus por nós. É por este e por tantos outros motivos que a memória deve
ser valorizada.
Ele sabe que vivemos situações que nos marcaram positivamente e que outras nos
frustraram, trazendo mágoas. Sabe também o quanto estas vivências podem desencadear
pensamentos, sentimentos e comportamentos que não condizem com a realidade de Seus
filhos amados. Nossas memórias estão arquivadas e podem surgir de formas implícitas e
explícitas no nosso dia a dia, influenciando nosso comportamento, nosso modo de agir.
A memória é uma capacidade complexa que pode influenciar a nossa forma de
julgar, agir, pensar e ser.
A aprendizagem é um mecanismo cerebral pelo qual podemos adquirir conhecimento
sobre nós mesmos e sobre o mundo. Estamos aprendendo desde os primeiros momentos
de vida. A aprendizagem é a capacidade de conhecimento frente às muitas experiências
vividas, ou seja, é um mecanismo cerebral pelo qual podemos adquirir conhecimentos
sobre nós mesmos e sobre o mundo. É um dos processos da memória, que é formada
pela: aquisição ou aprendizagem, consolidação e evocação (lembrança). Izquierdo,
médico e cientista pioneiro nos estudos sobre a neurobiologia da memória e do
aprendizado, define assim: “A memória é a aquisição, a formação, a conservação e a
evocação das informações” (Izquierdo, 2002, p. 9).
(figura 1) – Processos da Memória (Izquierdo, 2002, p. 9).
A aprendizagem é a primeira etapa da memória. Quando adquirimos informações,
elas são armazenadas no cérebro e mais tarde evocadas (lembradas). “Sabemos que há
diferentes tipos de aprendizagem que resultam em diferentes tipos de memória. Sabemos
12
que a capacidade de esquecermos depende da capacidade de lembrar o que aprendemos”
(Baddeley, Anderson e Eysenck, 2011, p. 83).
A memória é uma fantástica função cerebral. Através dela temos um mundo de
informações arquivadas. Algumas, relacionadas aos eventos mais marcantes de nossa
vida, com uma grande carga emocional, ficam mais facilmente armazenadas, enquanto
as lembranças extremamente dolorosas podem ficar mais escondidas, pois temos um
mecanismo de defesa e, do contrário, sofreríamos com muita frequência, o que não é
saudável.
Podemos memorizar informações das mais simples até as mais complexas: um
cheiro, uma cor, uma palavra ouvida, um objeto visto, uma pessoa conhecida, um som, o
nome de alguém, uma dança, a letra de uma música, um versículo da Palavra de Deus,
entre muitas situações vividas e que podem influenciar o nosso comportamento. Muitas
dessas memórias foram formadas antes mesmo do nosso nascimento, outras são bem
recentes, e este conjunto é responsável pelo nosso modo de estar no mundo. Assim, para
cada memória arquivada, temos registrado um sentimento, que gera, consequentemente,
um determinado comportamento. Temos uma memória emocional.
Temos também uma memória coletiva e individual. Na memória coletiva, possuímos
um acervo de informações compartilhadas pelo grupo que influencia a nossa visão, os
nossos conceitos e a nossa identidade. Por exemplo, somos brasileiros e temos, com
tantos outros brasileiros, uma série de memórias, uma história, pois a identidade dos
povos provém de suas memórias comuns, de sua história. Somos cristãos e
compartilhamos o mesmo conhecimento sobre Noé, Abraão, José do Egito, Moisés,
Davi, João Batista, Maria, José, Jesus, os apóstolos... Lembramo-nos de fatos comuns,
logo temos uma identidade. Veja como Deus sempre valorizou a história de Seu povo!
Já a nossa memória individual é constituída por aquilo que nos faz únicos, pois é
exclusiva na medida em que pertence apenas a cada um de nós. Esta memória está
relacionada à memória autobiográfica, sobre a qual falaremos mais adiante, quando
abordarmos a memória de longo prazo (semântica e episódica).
13
(figura 2)
Observe, na figura acima, uma importante informação: nossas memórias, adquiridas
ao longo da nossa vida, conscientemente ou não, podem formar os muitos conceitos que
temos sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre o mundo e sobre o nosso futuro;
consequentemente, podem influenciar os nossos pensamentos, nossossentimentos e
comportamentos.
Na verdade, somos aquilo que recordamos e até o que esquecemos. O acervo das
nossas memórias nos torna únicos e irrepetíveis, um ser para o qual não existe outro
igual, uma vez que temos uma história única, construída por inúmeras experiências
pessoais. Nossas memórias são para nós um tesouro, uma vez que nos faz quem somos.
Neste sentido, o conjunto das memórias determina aquilo que chamamos de
personalidade (Izquierdo, 2002).
A memória humana é parecida com a dos outros mamíferos no que se refere às áreas
nervosas envolvidas e ao seu mecanismo molecular de operação, mas difere da dos
outros animais quanto ao seu conteúdo. Um ser humano, diferentemente dos demais
animais, utiliza, a partir dos dois ou três anos de idade, a linguagem para adquirir,
registrar ou evocar memórias. Nós utilizamos a linguagem para traduzir a realidade, as
experiências vividas (Izquierdo, 2002).
A linguagem oferece à memória uma complexidade enorme. Diferentemente de
todos os seres vivos, podemos, com a linguagem, nomear tudo aquilo que percebemos
pelos nossos sentidos e também compartilhar nossas memórias.
Segundo Izquierdo (2002), existem várias classificações para a memória, de acordo
com a sua função, com o tempo que duram e com o seu conteúdo. Isto parece ser um
consenso entre os cientistas.
Sendo assim, vamos entender um pouco melhor os mecanismos da memória.
Existe no cérebro uma memória para cada experiência vivida, para cada um dos
nossos cinco sentidos, tudo isso orquestrado pelo cérebro, que é o responsável por
14
processar, arquivar e resgatar posteriormente essas informações.
A memória não ocorre em um único local no cérebro; na verdade, existem vários
locais que participam do processamento de diferentes tipos de memórias.
Podemos ainda classificar a memória de acordo com sua função, duração e conteúdo.
Quanto a sua função, podemos dar como exemplo a memória de trabalho, que está
relacionada à realização de tarefas complexas e muito importantes: a memorização de
um número de telefone, a realização de um cálculo matemático ou a leitura de um texto.
Esse tipo de memória tem a função de gerente, uma vez que verifica imediatamente se a
informação recebida é nova ou se já é conhecida. Assim, somos informados
imediatamente se precisamos aprender ou evocar aquele dado recebido.
Quanto ao tempo, podemos classificar a memória como de curto e longo prazo. A de
curto prazo é aquela que guarda informações preciosas para serem utilizadas em um
breve período de tempo e que logo depois não serão mais necessárias.
Já a memória de longo prazo está relacionada às informações que estão arquivadas
há um mês, um ano, dois, vinte anos, assim por diante, e que, quando necessárias,
utilizamos no dia a dia. É onde encontramos a memória autobiográfica, os fatos mais
marcantes que fazem parte de nossa história.
As memórias de longo prazo ainda podem ser classificadas em explícita ou
declarativa e implícita ou não declarativa
A memória declarativa ou explícita é aquela na qual temos acesso consciente à
informação, sobre a qual conseguimos falar. Podem ser episódicas e semânticas.
As episódicas têm relação com os fatos ocorridos – o dia do nosso casamento, o dia
da nossa formatura, a nossa crisma, o primeiro namoro etc. –, e a sua característica
principal é a capacidade de lembrar de eventos específicos.
As memórias semânticas são aquelas que armazenam conteúdos, como as
informações sobre o mundo – o significado da palavra amor, o conteúdo de um livro da
Bíblia etc. –, e não têm registro de tempo.
Apesar de falarmos em memórias episódicas e semânticas de forma tão separada e
estas serem diferentes, elas estão interligadas em muitas lembranças que temos.
“A memória autobiográfica se refere às memórias que mantemos em relação a nós
mesmos e nossas relações com o mundo à nossa volta” (Baddeley, Anderson e Eysenck,
2011, p. 152). Ela certamente depende dos sistemas de memória episódica e semântica e
desempenha um importante papel em nossa vida. A dificuldade para lembrar-se da
autobiografia pode dificultar relacionamentos, e ter acesso a estas informações
possibilita uma melhor relação com as dificuldades atuais (Baddeley, Anderson e
Eysenck, 2011).
15
Baddeley (2011) ressalta que a memória autobiográfica, de certa forma, é um tipo
separado de memória, já que desempenha um papel diferente das outras. Contudo, não se
trata de um tipo separado quando notamos que ela é dependente dos sistemas de
memória episódica e semântica.
Pode-se dizer que a memória da nossa existência é a nossa autobiografia, e esta é o
repositório das nossas vivências e sentimentos. A autobiografia é diferente da biografia,
pois representa a vida vista pelo próprio indivíduo que vive e não por outras pessoas.
Quando uma pessoa escreve a sua autobiografia, seleciona os aspectos e fatos que mais
lhe parecem importantes. A memória não reúne todas as experiências que vivemos, mas
aquelas que selecionamos, consciente ou inconscientemente (Lent, 2005).
O mecanismo de retenção da memória parece estar muito relacionado à quantidade e
intensidade emocional. Guardamos mais aquelas situações em que vivemos emoções
intensas: muito felizes ou tristes. Alguns eventos nos quais passamos por grande tristeza
ficam armazenados, mas não temos acesso continuamente a estas lembranças latentes,
pois nosso sistema tem uma atitude protetora que nos permite “esquecer”.
As memórias não podem ser extintas, excluídas, retiradas do nosso cérebro como se
nunca houvessem existido, somente Deus tem este poder. Podemos esquecer, o que
significa não ativar essas lembranças. Elas podem passar a ter uma nova “roupagem”,
formar novos significados. O nosso cérebro é plástico e sempre pode aprender de modo
diferente. “Pau que nasce torto não morre torto”.
Podemos esquecer completamente situações apesar de termos a intenção de nos
lembrar delas, ou podemos recordá-las de forma imprecisa. A memória não funciona
como um gravador ou uma câmera de vídeo, captando fielmente um evento para uma
avaliação posterior, pelo contrário, envolve reconstrução por meio de fragmentos
acessíveis. Muitas vezes, quando tentamos evocar uma memória, apagamos alguma parte
da história, fabricando outras partes na tentativa de reconstruir a informação, para deixá-
la com sentido. Uma vez que a memória foi estabelecida inicialmente, e o significado foi
registrado, ainda há chances de seu conteúdo ser alterado. Aquilo que é armazenado na
memória pode ser modificado por uma nova informação (Kandel e Squire, 2003).
No caso da depressão: “Um dos problemas da depressão é que os pacientes têm
dificuldades em lembrar-se de experiências de vida positivas quando deprimidos, ao
passo que as lembranças negativas estão mais prontamente disponíveis, um efeito de
evocação conhecido como memória congruente com o humor” (Baddeley, Anderson e
Eysenck, 2011, p. 152). Por isso aqueles que cuidam de pessoas com quadro depressivo
devem ajudá-las a retomar lembranças positivas da sua vida todos os dias.
De acordo com os mesmos autores, memória congruente com o humor é a facilidade
maior que uma pessoa tem para lembrar-se de fatos que tenham uma emoção
16
correspondente ao estado atual do humor. É muito mais fácil nos lembrarmos de
acontecimentos felizes quando estamos felizes e de eventos tristes quando nos
encontramos tristes.
A memória não declarativa ou implícita está relacionada às habilidades, hábitos
motores, perceptivos e cognitivos: pré-ativação; condicionamento e aprendizagem não
associativa.
Neste tipo de memória, não conseguimos verbalizar os fatos ou ter acesso consciente
a eles. Muitos hábitos e regras sociais que temos são aprendidos e realizados
implicitamente, assim como as atividades motoras: andar de bicicleta ou pegar em uma
caneta para escrever. Veja que, nesses casos, não precisamos pensar em como andar ou
escrever; simplesmente fazemos.
Não temos consciência de muito do que é processado. O priming é uma forma de
memória implícita e independe da capacidade de lembrarconscientemente; sua função é
permitir uma melhor percepção dos estímulos que encontramos recentemente, fazendo-
nos interagir com mais eficiência e rapidez com o meio ambiente familiar. Quando
visualizamos uma imagem, uma foto de um objeto ou animal, temos um aprendizado
formado e sem percebermos, pois é inconsciente; quando virmos a mesma imagem pela
segunda vez, teremos uma reação mais rápida para sua compreensão. Este tipo de
memória está relacionado provavelmente à percepção de mensagens subliminares. Ela
ainda permite que mudemos a maneira como avaliamos os estímulos (Kandel e Squire,
2003).
Estudos de interações precoces entre bebês e seus pais têm enfatizado que os bebês
adquirem de forma não verbal e inconsciente um conhecimento sobre relacionamentos
pessoais e o mundo onde vivemos (Kandel e Squire, 2003).
(figura 3)
O sistema de memória de longo prazo é subdividido nos sistemas de memória
declarativa e não declarativa. As memórias episódicas e semânticas estão incluídas no
sistema declarativo de memória. Já o sistema não declarativo se refere às habilidades,
17
aos hábitos, à pré-ativação e ao condicionamento, como também às aprendizagens não
associativas: habituação e sensibilização.
Veja que, segundo Kandel e Squire (2003), perder uma memória leva à perda de si
mesmo, à perda da história de uma vida e das interações com os outros. A maior parte
daquilo que sabemos sobre o mundo não foi construída em nosso encéfalo ao nascer,
mas foi adquirida por meio da experiência e é mantida pela memória.
Baddeley (2011) enfatiza que temos evocações espontâneas ou estimuladas através
de dicas. As dicas podem ser fortes ou fracas. As fortes são estímulos com informações
mais precisas para que as memórias sejam lembradas. A dica fraca é aquela que não tem
uma ligação direta com o evento ou situação vivida, por isso não facilita muito a
lembrança. As dicas fortes possuem estímulos muito parecidos ou têm situações iguais
àquelas vividas no momento em que a memória foi registrada, por isso permitem
resgatá-la ou a trazem mais rapidamente para a consciência.
Exemplos muito interessantes são as perguntas que fazemos no consultório aos
pacientes, que podem ser dicas fortes. Quando isso acontece, a memória se presentifica e
a pessoa tem a chance de reorganizá-la. Por meio de um questionário em que as
perguntas são dicas, podemos retomar memórias que estão desativadas, não estão
conscientes, mas interferem na nossa vida.
Neste capítulo, você conheceu um pouco sobre o conceito de memória, pôde
compreender sua importância na nossa vida e viu que existe uma relação entre as
memórias e a situação de vida atual. Portanto, no próximo capítulo, o convidamos a
mergulhar na sua história de vida. Algumas memórias são inconscientes; outras,
conscientes. Revendo a sua história através de perguntas em forma de dicas, você poderá
evocar as memórias e entender os vínculos que elas têm com as suas dificuldades atuais.
Terá um “material” concreto, situações, eventos arquivados, memórias que o marcaram
negativamente, para poder então aprender de modo diferente e “ressignificar” as suas
memórias.
18
CAPÍTULO 2
19
Memória: situação atual e história de vida –
um breve delineamento das teorias
do desenvolvimento
Este capítulo tratará dos principais acontecimentos dentro das etapas do
desenvolvimento da vida humana. Há um questionário que o guiará por cada fase do seu
desenvolvimento, possibilitando um melhor conhecimento da sua própria história e
conduzindo a um mergulho nas suas memórias, que trará alegrias ou provocará
momentos de dor. Porque mesmo que não nos lembremos de muitos acontecimentos,
eles existem, nos constituem como pessoa e nos influenciam nos dias atuais.
Alguns fatos da nossa história serão lembrados com facilidade, entretanto, outros
serão pesquisados, se possível com o auxílio de alguém. Mesmo sem nos lembrarmos de
muitos acontecimentos, eles ocorreram. Muitos deles podem ter nos constituído como
pessoa e provavelmente ainda interferem nas nossas escolhas nos dias atuais.
Desde os primeiros momentos da nossa vida, recebemos milhares de estímulos.
Essas experiências vão construindo nossas memórias como já mencionado. Quando
relembramos os fatos vividos e escrevemos sobre eles, temos a oportunidade de olhar
com misericórdia para todas as nossas vivências e para as pessoas que participaram
delas.
Já sabemos que temos experiências em cada momento de vida, em cada fase do
nosso desenvolvimento, e elas formam um conjunto de memórias que irão influenciar
nosso jeito de ser no mundo. Por isso, é importante conhecermos o que acontece com
cada um de nós nas muitas etapas pelas quais passamos durante nosso desenvolvimento,
pois estas experiências armazenadas na memória constituirão um modelo de pessoa e de
mundo que levaremos por toda nossa existência.
A capacidade de aprender algo novo e armazenar estas informações na memória faz
parte do desenvolvimento normal do ser humano. Habilidades específicas surgem em
nossa vida no tempo adequado, nas chamadas janelas de oportunidades, o que significa
que existe um tempo específico e oportuno para adquirirmos cada uma das habilidades.
Por exemplo, nos marcos importantes do desenvolvimento, como a capacidade de
escutar, de movimentar-se, de falar, de ler, de relacionar-se com os colegas da escola, de
escolher uma profissão, uma vocação, um(a) namorado(a), esposo(a), entre tantos
20
acontecimentos que fazem parte de momentos específicos da nossa vida e que dependem
de sistemas de aprendizagem e de memórias.
Como vimos, é claro que não nos lembramos de tudo que vivemos. E isso é muito
saudável. Se porventura não tivéssemos um mecanismo para esquecer, seríamos
inundados por um mundo de informações que nos levariam à exaustão. Caso
quiséssemos contar, por exemplo, como foi nossa vida até os vinte anos, necessitaríamos
da mesma quantidade de tempo para relembrar e contar nossas memórias. Poderíamos,
também, passar o tempo todo lembrando aqueles acontecimentos sofridos da nossa vida.
Logo, esquecer nos ajuda a viver melhor. O esquecimento nos protege de sofrimentos
diários, pois, ao relembrar, retomamos as situações e sofremos na mesma intensidade de
quando as vivemos.
Somos o que escolhemos esquecer (Izquierdo, 2002). A nossa memória seleciona o
que é mais importante lembrar, como aquilo que necessitamos no nosso dia a dia e os
fatos mais emocionalmente significativos. Aqueles acontecimentos dolorosos da nossa
vida muitas vezes são esquecidos, o que muitos autores entendem como um mecanismo
de defesa, que age para, diariamente, nos proteger dessas lembranças sofridas.
As memórias declarativas, quase sempre episódicas, que o indivíduo decide ignorar,
suprimindo a lembrança muitas vezes por décadas, na psicanálise recebe o nome de
repressão. São memórias que decidimos tornar inacessíveis. Normalmente, o seu
conteúdo é composto de acontecimentos humilhantes, desagradáveis, que podem vir à
tona espontaneamente ou em um tratamento que leve em consideração o exame da
história de vida. No entanto, não existe ainda estudo detalhado e sistemático dos
processos envolvidos na repressão (Izquierdo, 2002, p. 31).
Conseguimos esquecer frequentemente os detalhes, mas ficamos com o essencial, os
significados centrais, e dessa forma ganhamos a possibilidade de abstrair, de formar
conceitos e de gradualmente absorver o conhecimento pela soma de lições de diferentes
tipos de experiências. Tudo que é aprendido fica na mente, mesmo que não consigamos
lembrar, e o desaparecimento gradual de uma memória não significa que não reste no
cérebro qualquer traço do evento vivido (Kandel e Squire, 2003).
É importante salientar que pesquisas têm demonstrado que a nossa memória é
falível. Muitos dos fatos que recordamos não são totalmente equivalentes às experiências
que vivemos, e podem existir distorções nas recordações. Isso significa que, quando
lembramos fatos vividos, não trazemos à consciência o fato inteiro, e sim partes destes
acontecimentos, como sensações, cheiros, umaimagem, uma palavra e a nossa
interpretação do momento. O restante nós é que organizamos para que estas memórias
tenham sentido. Existem memórias que são “misturadas” com algo que escutamos
21
alguém comentar, com fatos vividos por outra pessoa dos quais tomamos conhecimento,
com imagens de filmes, com outras situações vividas etc.
Além disso, o nosso humor pode influenciar nossas lembranças – como já foi
explicado no capítulo anterior. Uma pessoa com depressão tem uma tendência para
relembrar mais fatos negativos da sua história e não evocar o positivo. É por isso que
uma pessoa com depressão, ao relatar a sua vida, muitas vezes terá dificuldade para
recordar o que foi bom, “contando e recontando” a sua história como se tivesse vivido
somente fatos sofridos.
Alguns cientistas têm chamado a atenção para o fato de que as memórias podem ser
sugestionadas. Isso significa que, em uma terapia, podemos levar a pessoa a acreditar em
situações que não aconteceram na sua vida. Por exemplo, pode-se sugestionar uma
pessoa levando-a a acreditar que foi molestada, que foi rejeitada, entre muitas outras
situações. Portanto, os terapeutas e pessoas que trabalham com a cura interior devem
estar atentos a essa questão, uma vez que os profissionais ou acompanhadores podem
conduzir pessoas a uma avaliação irreal da sua história, gerando sofrimentos ou uma
patologia.
Os primeiros tipos de memórias que provavelmente aparecem durante o
desenvolvimento humano são a memória de trabalho e a memória de curta duração.
Depois dos primeiros dias de vida, o ser humano inicia uma crescente complexidade
cognitiva, que vai construindo a memória de maior duração (Izquierdo, 2002).
Podemos dizer que a partir dos cinco anos as experiências podem ser melhor
armazenadas e futuramente mais lembradas, no entanto, existem relatos de pessoas que
conseguem lembrar de situações anteriores a esta idade. O fato de nos lembrarmos da
vida com mais precisão a partir dos cinco anos está relacionado à maturidade das
estruturas e dos mecanismos para a memória de longo prazo, pois o cérebro está mais
desenvolvido neste período. Outro fator é o desenvolvimento da linguagem, que ocorre
aproximadamente a partir de um ano.
Para você compreender e vivenciar melhor a cura das suas memórias, primeiro
estabeleça o foco central, o(s) problema(s) que você percebe que necessita(m) de
compreensão e mudança. Descreva no espaço reservado na página 40 esta(s)
dificuldade(s) e volte a ela(s) sempre que precisar, pois este será o seu ponto de
referência.
Em seguida, falaremos sobre acontecimentos importantes de cada ciclo da vida; para
cada um, haverá um questionário para guiar as recordações (evocações) das muitas
memórias de cada momento do desenvolvimento. Você é convidado a responder por
escrito a algumas perguntas sobre a sua história, para que, ao relembrar, ou mesmo
pesquisar as suas memórias, possa conhecer melhor sua história de vida. Talvez você
22
não consiga se recordar de muitos acontecimentos, principalmente dos mais remotos, por
isso, peça para alguém da sua família ou para amigos próximos ajudarem-no neste
processo de escrita.
É possível que você já conheça a sua dificuldade, que pode ser, por exemplo, um
comportamento inadequado, um transtorno psicológico, depressão, autoestima baixa,
agressividade, impulsividade, medos, insegurança, tudo aquilo que não lhe permite
seguir em frente e ser feliz e que é a manifestação de algo mais profundo. A raiz do
problema é como um fogo, que gera a fumaça que você está vendo. Para manter esta
fogueira acesa, há uma história, acontecimentos em momentos importantes da sua vida
que agem como a lenha. As lenhas são as experiências que você viveu e que geraram a
raiz. A raiz é um trauma, uma marca que desencadeia os problemas. Observe:
(figura 4)
Escreva neste espaço a sua dificuldade, a situação problemática que enfrenta, a
questão apresentada que você precisa mudar.
Quais são as dificuldades apresentadas, os problemas que você percebe que precisam
de mudança hoje? Quais são as manifestações negativas que você tem notado em sua
vida?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
23
A história de nossos antepassados e de nossa família
Essa é uma etapa de nossa história da qual não participamos diretamente. Outras
pessoas construíram esta história, deram uma direção a ela, mesmo sem saber se
estaríamos incluídos, se iríamos gostar ou não, se seríamos beneficiados ou não, enfim,
mesmo sem querer, temos um vínculo indissolúvel com o passado. Somos filhos do
tempo.
É certo que toda decisão se toma no presente, mas com um porquê enraizado no
passado e um para quê motivado pelo que está por vir.
Precisamos tomar consciência daquilo que nossos antepassados e nossos familiares
(pai e mãe) fizeram de suas vidas, como eles construíram as suas histórias, porque isso,
de certa forma, pode influenciar a forma como nos vemos, como vivemos e como
enxergamos o mundo. Somos atingidos por aquilo que herdamos e aprendemos com as
gerações anteriores, o que influencia e condiciona nossas experiências atuais. Na
verdade, não herdamos apenas os aspectos físicos: cor do olho, de pele, tipo de cabelo;
herdamos também comportamentos.
Há uma dupla herança: genética e cultural. Ambas se inter-relacionam e se
complementam. A herança genética é estrutural, e sua compreensão se deu graças aos
trabalhos pioneiros de Mendel (atualmente um dos cientistas mais importantes, uma vez
que foi o iniciador da genética). Ela é regida pelos genes, com uma estrutura arcaica e
rígida, extremamente lenta em suas mudanças. Os caracteres transmitidos determinam
tudo o que é relacionado ao somático e às condutas mais primitivas, como, por exemplo,
os instintos. A herança cultural, já vislumbrada por Jung (psiquiatra, psicoterapeuta suíço
que fundou a psicologia analítica), é mais plástica e dinâmica, experiencial, afetiva, e
permite rápido ajuste e melhor adaptação às mudanças de vida da sociedade humana.
Condiciona a vida anímica da pessoa, mas não a determina. É transmitida de
inconsciente a inconsciente e revela vivências e experiências de vida que, de geração em
geração, foram assimiladas. A herança genética é regida pelas premissas de Darwin, e a
herança cultural tem mais afinidade com os postulados de Lamarck, em que os hábitos
de vida adquiridos e valorizados por uma geração se transmitem e se perpetuam em seus
descendentes.
Na herança genética, participam, em uma proporção semelhante, pai e mãe. No
patrimônio cultural, no entanto, a parte crucial é fornecida pela mãe. A mãe é a grande
transmissora de valores e da cultura da humanidade. A díade materno-filial é o mais
cativante, profundo, intenso e transcendente de todos os vínculos humanos.
Segundo Castellá (2006), a existência da criança é forjada a partir das experiências
da concepção, das circunstâncias transcorridas na concepção e da incomensurável
24
experiência ancestral.
As nossas experiências passadas e principalmente as ancestrais, recebidas por meio
deste patrimônio cultural, são valiosas, estão presentes em nosso aqui e agora, mesmo
que não tenhamos consciência disso. Esta experiência pessoal e ancestral influencia
ativamente a experiência atual: em nossos desejos, motivações, percepções, sentimentos,
maneira de pensar e de nos comportarmos no mundo.
Pesquise com seus parentes ou relembre as histórias de seus familiares e escreva
sobre seus avós e bisavós, paternos e maternos:1. Nome deles.
2. Características físicas, etnia etc.
3. Religião.
4. Temperamento (colérico, sanguíneo, melancólico, fleumático).
5. Profissão.
6. Escolaridade.
7. Quantos filhos tiveram?
8. Já faleceram (avós, bisavós etc.)? Escreva como aconteceu.
9. Escreva um pouco sobre seus tios.
10. Como é o relacionamento de seus tios em relação a seus pais, irmãos e você?
11. Escreva um pouco sobre a vida financeira dos tios, avós, bisavós etc.
12. Seus avós, bisavós etc. sofreram alguma enfermidade? Qual?
13. Eles tinham superstições? Quais?
14. Havia vícios, tais como roubo, jogos etc.? Quais?
15. Houve utilização de drogas, alcoolismo?
16. Houve experiências homossexuais? Como eram as suas experiências
heterossexuais? Monogâmicas, prostituição, adultério?
17. Houve caso de suicídio na família, assassinato por vingança, ou alguma outra
tragédia similar?
18. Houve morte por acidente no trânsito, em incêndios, por afogamento,
envenenamento etc.?
Agora, você irá escrever sobre a história afetiva de seus pais. Se os dois estiverem
vivos, nada melhor do que escutá-los; se você perceber que é constrangedor para ambos
falarem juntos sobre suas histórias, converse separadamente com eles.
Se os dois não estiverem vivos, procure um tio ou tia, algum parente mais próximo
de sua família ou alguém que conheceu bem os seus pais e converse com esta pessoa;
25
caso queira escrever a história afetiva de seus pais sozinho, seguindo sua percepção e
evocando sua memória, sinta-se livre para isso.
1. Como foi a história afetiva de seu pai (solteiro)?
2. Como foi a história afetiva de sua mãe (solteira)?
3. Como eles se encontraram e namoraram?
4. Como foi este namoro?
5. A família acolheu o namoro e o casamento de seus pais?
6. Como era a vida afetiva dos dois depois de casados?
7. Qual a situação afetiva atual dos seus pais?
8. Vendo a situação afetiva atual de seus pais, como você pensa que poderia ser
esta realidade em um futuro próximo?
9. Se um dos seus pais morresse, como se comportaria o cônjuge?
10. Qual é a sua percepção, como filho, da vida afetiva de seus pais?
Depois de escrever sobre isso, faça a si mesmo a seguinte pergunta e reflita sobre as
possíveis hipóteses:
Quais situações e eventos identificados nesta etapa do desenvolvimento, arquivados
na minha memória, estão influenciando a minha dificuldade atual?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Concepção, gestação e nascimento
Por conta de nossa experiência na escuta em consultório, sem, no entanto, nos
embasarmos em uma teoria ou em uma pesquisa, acreditamos que as experiências no
útero podem ser registradas através de uma sensação, já que neste período não existe a
linguagem que nos permite dar um significado verbal às experiências. Sendo assim,
temos memórias muito remotas.
Muitos pensadores acreditam ser o nascimento o primeiro instante do
desenvolvimento da vida humana, porém, certos pensadores, como Castellá (2006),
Griffa e Moreno (2001), afirmam que a vida humana tem seu verdadeiro início na
fecundação, ou melhor, na concepção.
Para Castellá (2006), as experiências da concepção, suas circunstâncias e a
incomensurável experiência ancestral é que vão direcionar a existência desse ser que se
apresenta no tempo. Griffa e Moreno (2001) complementam afirmando que, com a
confirmação da gravidez, a mãe vive sentimentos ambivalentes, tais como aceitação ou
26
rejeição da criança, além de preocupações com a saúde do bebê, medo do parto e
ansiedade pela responsabilidade de cuidar do filho.
A gravidez é um fenômeno natural da vida humana, no entanto, é um momento de
mudanças, no qual se sobrepõem o psíquico e o físico, o atual e o passado, a mãe e a
filha, a mulher e o homem; assim, os problemas que a mulher viveu desde a sua
concepção atualizam-se nesses nove meses. A criança nasce neste enlace do desejo dos
pais e será portadora de traços, do sobrenome e, em alguns casos, do nome dos pais ou
de outros antecessores. Recaem sobre ela as oportunidades perdidas, os ideais não
alcançados. O marido deveria oferecer controle afetivo e compreensão para que a mãe,
sentindo-se amada, pudesse cuidar o melhor possível do novo ser.
A vida psíquica inicia-se no momento da concepção, embora não se manifeste
plenamente, sendo necessário desenvolvimento corporal e, em especial, do sistema
nervoso, para que a atividade psicológica se expresse. Autores da escola psicanalítica, de
acordo com a experiência clínica, afirmam a existência de um psiquismo fetal.
Diante disso, responda:
1. Quantos irmãos você tem? Em que ordem você está quanto ao nascimento dos
seus irmãos(ãs) (1o, 2o, 3o, 4o)?
2. Sua mãe vivenciou alguma situação de aborto? Quando?
3. Qual é o dia, mês e ano do seu nascimento?
4. Houve um planejamento para que você pudesse vir ao mundo? Como seus
pais e parentes próximos reagiram diante da notícia da sua vinda? Relate os
sentimentos de cada um dos seus familiares no dia em que receberam a
notícia da gravidez.
5. Qual era a situação de seus pais quando você foi gerado? Estavam casados,
namorando ou em alguma outra situação?
6. Qual é a história do seu nome?
7. Como foi a sua gestação? Tente imaginar os pensamentos e sentimentos
vividos por sua mãe neste período e registre-os.
8. Como era o relacionamento dos seus pais neste período?
9. Qual foi o local em que você nasceu (hospital, casa, outros)? Como foi o
parto?
10. Sua mãe viveu dificuldades depois do parto, como depressão ou algum outro
problema que lhe trouxe sofrimento?
11. Como seus pais reagiram ao seu nascimento?
Depois de escrever sobre isso, faça a si mesmo a seguinte pergunta e reflita sobre as
27
possíveis hipóteses:
Quais situações e eventos identificados nesta etapa do desenvolvimento, arquivados
na minha memória, estão influenciando a minha dificuldade atual?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
Agora tente imaginar como você se sentiu, como se comportou e o que pensou sobre
si mesmo diante dessa(s) situação(ões) e desses eventos. Escreva abaixo.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Infância – dos 18 meses aos 3 anos
De acordo com Griffa e Moreno (2001),doze meses após o nascimento a criança
inicia um período que se caracteriza principalmente pela postura ereta e pela fala.
Anteriormente, o bebê dependia muito dos pais, e, com a aquisição tanto dos
movimentos quanto da fala, a criança passa a explorar o mundo a sua volta. Ela fica
deslumbrada e continuamente explora o mundo material, absorvida por cada novidade.
Esse período é um momento de grande amadurecimento do sistema nervoso, embora
ocorra um lento desenvolvimento físico.
À medida que a criança consegue coordenar seus movimentos com maior precisão,
ela deseja fazer tudo praticamente sozinha, como comer e se vestir.
Aparecem os comportamentos de negativismo, de oposição e aparecimento do não. É uma fase decisiva
para a formação da vontade e da autoestima, a boa vontade e o orgulho, para a afirmação do amor sobre
o ódio, a cooperação sobre a obstinação, a liberdade e a espontaneidade de autoexpressão sobre o
hipercontrole e a ocultação (Griffa e Moreno, 2001, p. 138)
A criança neste período não diferencia com clareza os acontecimentos físicos dos
psíquicos, confundindo o que pensa e sente e os afetos com a realidade objetiva.
1. Como você era quando bebê (tranquilo, agitado, dormia o bastante)?
2. Como era a sua saúde física? Houve enfermidades neste período?
3. Foi amamentado no peito ou na mamadeira?
4. Como foi o processo de desenvolvimento das aprendizagens iniciais, como:
firmar a cabeça, aprender a engatinhar, andar, falar etc.?
5. Quais eram as suas brincadeiras prediletas? Você possuía amiguinhos e
brinquedos?
28
6. Neste período, você recebeu muito afeto dos seus familiares? Especialmente,
de quais?
7. Nasceram outros irmãos neste período? Como você reagiu a este
acontecimento? Quais foram os seus sentimentos neste período?
8. Sofreu ou presenciou algum tipo de acidente?
9. Como você era quando criança (tímido, extrovertido, alegre, corajoso)?
10. Sofreu algum abuso sexual nesta fase?
11. Você consegue se lembrar dos seus pais brincando com você? Tente resgatar
as lembranças de situações nas quais você viveu momentos de brincadeiras
com seus pais.
12. Já frequentava a escola neste período? Como foi a sua adaptação? Como foi a
sua aprendizagem? Como você se relacionava com os coleguinhas da escola?
Conseguia seguir regras?
13. Como eram os seus aniversários?
14. Foi criado por seus pais, avós ou por outros? Como seus pais se
relacionavam? Houve separação nesta fase? Seus cuidadores eram presentes
na sua vida? Estavam sempre por perto ou você ficava muito sozinho?
15. Perdeu alguém querido nesta fase? Como foi a sua reação?
16. Como era a situação financeira da sua família?
17. Você presenciou violência física ou verbal na sua casa?
18. Você sofreu violência física ou verbal?
Depois de escrever sobre isso, faça a si mesmo a seguinte pergunta e reflita sobre as
possíveis hipóteses:
Quais situações e eventos identificados nesta etapa do desenvolvimento, arquivados
na minha memória, estão influenciando a minha dificuldade atual?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Agora tente imaginar como você se sentiu, como se comportou e o que pensou sobre
si mesmo diante dessa(s) situação(ões) e desses eventos. Escreva abaixo.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Infância – dos 3 aos 6 anos
É um período de iniciativa, tanto no fazer quanto no aprender, uma pequena
puberdade. Enquanto no parto rompe-se o vínculo simbiótico biológico com a mãe, neste
29
período rompe-se o vínculo simbiótico psicológico com ela.
Infância – dos 6 aos 12 anos
Este é o período que chamamos de idade escolar.
Nesta etapa da vida, os pais mudam sua forma de abordar seus filhos e há um
distanciamento em relação a eles, pois as crianças já internalizaram as normas familiares
de comportamento; os modelos de identificação agora são extrafamiliares, como, por
exemplo, os professores. Desse modo, a criança desenvolve o senso de responsabilidade
por meio de tarefas específicas e adequadas, na escola e no lar.
É um período em que a criança entra em contato mais diretamente com a cultura,
adquirindo os conhecimentos necessários para utilizar utensílios, ferramentas,
instrumentos e símbolos usados pelos mais velhos. É assim que incorpora as noções
rudimentares exigidas para ser membro de sua cultura.
Fase de socialização. Em contato com novas experiências e por meio da busca ativa, a criança tenta
encontrar seu lugar entre os colegas da mesma idade, pois perdeu o espaço infantil entre os adultos e não
pode ainda ocupar posição de paridade em relação a eles. A escola não é somente um lugar para se
adquirir conhecimentos e habilidades específicas, mas uma oportunidade de viver a experiência do
aprendizado com os colegas de sala / escola e professores (Griffa e Moreno, 2001, p. 138).
A criança sai daquilo que é conhecido e familiar para conhecer um mundo novo,
para o qual volta toda a sua energia.
1. Neste período, provavelmente, você já frequentava a escola. Como foram seus
primeiros momentos no ambiente escolar? Como você viveu a separação de
sua mãe e familiares?
2. Como foi a sua aprendizagem naquele período? Você apresentou dificuldades
na aquisição da leitura e escrita?
3. Seus pais foram presentes nas comemorações, apresentações e reuniões
escolares?
4. Como foi a sua convivência com os professores?
5. Como era o seu relacionamento familiar? Relate o seu relacionamento com
pai, mãe, avó, avô, tios e demais familiares. Você avalia de forma positiva ou
negativa o seu relacionamento familiar neste período?
6. Como você avalia seus principais comportamentos neste momento (tímido,
sociável, agitado, alegre, triste, medroso, inseguro, isolado)?
7. Como foi a sua vida afetiva e sexual? Houve situações de abuso sexual? Você
presenciou alguma situação de abuso ou de ato sexual?
30
8. Como foi a sua saúde física neste período? Ficou hospitalizado(a)? Quem
cuidou de você? Como foi a sua experiência neste acontecimento?
9. Você sentia medo? Quais eram seus medos nesta fase?
10. Seus aniversários eram comemorados?
11. Como eram as datas comemorativas neste período (Natal, Dia das Mães, Dia
dos Pais etc.)
12. Quais eram os seus brinquedos e brincadeiras favoritos?
13. Você consegue se lembrar dos seus pais brincando com você? Lembre-se de
situações em que brincou com os seus pais.
14. Houve perda de alguma pessoa querida?
15. Relate como era o relacionamento de seus pais nesta fase. Escreva como você
os percebia (tristes, alegres, realizados, agitados, insatisfeitos).
16. Como era a saúde física e emocional dos seus pais? Se havia dificuldades,
como você se sentia ou se comportava frente a esta realidade?
17. Como seus pais ou seus cuidadores o corrigiram (utilizavam métodos
corretivos como bater, colocar de castigo etc.)? Como você se sentia?
18. Seus pais se separaram nesta época? Como foia sua reação? Houve alguma
modificação visível no seu comportamento na escola ou em outro ambiente?
19. Como eram as finanças da sua família? O que isto gerou em você naquele
momento?
20. Como eram os seus momentos de lazer e de diversão?
21. Você presenciou alguma violência física neste período? Relate sua
experiência.
22. Durante o dia, quanto tempo você passava diante da TV, do computador ou de
outro aparelho eletrônico?
Depois de escrever sobre isso, faça a si mesmo a seguinte pergunta e reflita sobre as
possíveis hipóteses:
Quais situações e eventos identificados nesta etapa do desenvolvimento, arquivados
na minha memória, estão influenciando a minha dificuldade atual?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________
Agora tente imaginar ou lembrar como você se sentiu, como se comportou e o que
pensou sobre si mesmo diante dessa(s) situação(ões) e desses eventos. Escreva abaixo.
31
______________________________________________________
______________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Adolescência – dos 12 aos 18 anos
De acordo com Griffa e Moreno (2001), a palavra “puberdade” deriva do latim
pubertate, idade viril, e do verbo pubescere, que significa cobrir-se de pelos na região
púbica. A palavra puberdade é usada para indicar o início da adolescência, significando
as mudanças corporais que ocorrem nesse período. Adolescência vem de adolescentia,
que significa período de crescer, de desenvolver-se. Está implícito no significado um
período conflitivo ou de crise, em que há um processo de mudanças, que podem ser
lentas ou rápidas.
A adolescência não pode ser vista apenas como um período de adaptação às
transformações corporais, mas, sobretudo, como um período decisivo do ciclo vital,
momento em que a pessoa atinge a autonomia psicológica, podendo inserir-se no mundo
social sem a mediação da família. Os autores enfatizaram a existência de fases na
adolescência: adolescência inicial, adolescência propriamente dita, adolescência final ou
alta adolescência. A baixa adolescência está na puberdade. Nas meninas, ocorre entre
onze e doze anos, e nos meninos, entre doze e treze anos.
Acontece neste período uma transformação brusca no organismo infantil, o que exige
uma reorganização da personalidade. Há uma nítida diferenciação física entre os sexos,
com o aparecimento dos caracteres sexuais primários e secundários. A família continua a
ser o centro da vida do adolescente, embora inicie a separação dela. A adolescência
propriamente dita compreende o período entre doze ou treze e dezesseis anos. É o
estágio no qual se constrói a identidade sexual definitiva, desenvolvendo ainda a
identidade pessoal. A pessoa volta-se para o sexo oposto.
Neste período, o adolescente desprende-se mais da família, que vai deixando de ser o
centro de sua existência. São frequentes os atos de rebeldia contra os pais e autoridades
em geral, na tentativa de se tornar independente deles.
Na fase final ou alta adolescência, há a inserção no mercado de trabalho, a
responsabilidade legal, a separação dos pais e a capacitação profissional.
O adolescente já conhece suas limitações e possibilidades, alcançando a consciência
de responsabilidade em relação ao futuro.
1. Como foi a passagem da vida infantil para a adolescência? Relate esta
experiência.
32
2. Como você viveu a sua adolescência (não teve, foi adiada ou tudo correu
normalmente)?
3. Você foi(tem sido) acompanhado na sua adolescência? Você
partilhava(partilha) com seus pais ou outras pessoas de confiança suas
dificuldades?
4. Como era(é) o relacionamento dos seus pais?
5. Seus pais se separaram? Como você viveu(está vivendo) esta situação?
6. Nasceu algum irmão neste período? Quais foram as suas reações?
7. Como foi o momento da sua primeira menstruação? Houve preparação para
este acontecimento?
8. Como foi para você a sua primeira ejaculação? Houve preparação para este
acontecimento?
9. Visitava(visita) sites pornográficos? Assistia(assiste) a filmes pornográficos?
10. Você se masturbava(se masturba) frequentemente?
11. Quais foram(são) os seus ídolos?
12. Como eram(são) as suas roupas?
13. Você pertencia(pertence) a algum grupo? Como eram(são) as suas amizades?
14. Escreva sobre o seu desempenho escolar. Você era(é) acompanhado nas
atividades?
15. Você era(é) um adolescente que viveu(vive) isolado ou era(é) participativo da
vida familiar e social, com seus colegas?
16. Como foram(são) os seus momentos de lazer neste período? Escreva sobre as
suas preferências musicais, de filmes, livros etc.
17. Você já trabalhava(trabalha)? Por quê?
18. Como foi comemorado seu aniversário de 15 anos? Fale sobre a sua
experiência.
19. Registre seus sentimentos (medo, tristeza, alegria, decepções, rejeição). Conte
sobre seus medos.
20. Você namorava(namora)? Relate a sua experiência de namoro, sua afetividade
e sexualidade neste período.
21. Quais eram(são) os seus projetos para o futuro?
22. Como foi(tem sido) a sua escolha profissional?
23. Houve(há) experiências com vícios, tais como álcool, cigarro, drogas, sexo,
internet? Relate como foi este contato com estas realidades e como isto
33
influenciou a sua vida. Já houve libertação deste vício ou ele persiste? Como
isto tem atrapalhado a realização dos seus sonhos?
24. Sofreu(sofre) algum assédio ou abuso sexual?
25. Perdeu alguém querido nesta etapa do seu desenvolvimento?
26. Vivenciou(vivencia) alguma enfermidade ou algum transtorno emocional?
Foi hospitalizado? Quem o acompanhou neste momento?
27. Relate como era(é) a situação financeira da sua família.
28. Durante o dia, quanto tempo passava(passa) utilizando a TV, o computador ou
outro aparelho eletrônico?
Depois de escrever sobre isso, faça a si mesmo a seguinte pergunta e reflita sobre as
possíveis hipóteses:
Quais situações e eventos identificados nesta etapa do desenvolvimento, arquivados
na minha memória, estão influenciando a minha dificuldade atual?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Agora tente imaginar ou lembrar como você se sentiu, como se comportou e o que
pensou sobre si mesmo diante dessa(s) situação(ões) e desses eventos. Escreva abaixo.
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Juventude e vida adulta – dos 18 aos 65 anos
Diante da dificuldade para estabelecer a distinção das etapas posteriores à
adolescência, devido à impossibilidade de determinar os limites e momentos chaves
comuns às pessoas no transcurso deste ciclo vital, Griffa e Moreno (2001) propuseram a
seguinte distinção: juventude ou segunda adolescência (18 a 25 anos), vida adulta jovem
ou precoce (25 a 30 anos), vida adulta média (30 a 50 anos), amadurecimento adulto,
crise da meia-idade, vida adulta tardia ou segunda vida adulta (50 a 65 anos).
A juventude costuma denominar-se segunda adolescência, adolescência superior ou
período de amadurecimento adolescente, em decorrência do prolongamento artificial
dessa fase na sociedade contemporânea. Este período é de transição até que a pessoa
conquiste autonomia e responsabilidade. É uma fase de estabilidade afetiva, o ingresso
na vida social plena, o início do trabalho e/ou estudos superiores e, possivelmente, da
vida matrimonial. Neste período, as pessoas começam a modelar o seu projeto de vida,
sua vocação.
34
A idade madura, idade da plenitude ou vida adulta média é o período em que a
pessoa pode visualizar como é o curso da sua vida. O ímpeto juvenil é substituído,
provavelmente, por maior concentração, perseverança e resistência. É um tempo no qual
existe um acúmulo maior de experiências pessoais e atividades individuais, evidenciando
a individualidade. Os estados passionais da fase anterior dão lugar a sentimentos ou
estados sentimentais mais profundos e perduráveis.
Entre os 35 e os 45 anos, existe a necessidade de conhecer a si mesmo e viver de
forma autêntica, denominada crise da meia-idade, fase na qual o adulto percebe a
aproximação do declínio. Desse modo, é um momento no qual ele deve elaborar o luto
por sua juventude perdida, as metas que não conseguiu atingir, entendendo que algumas
jamais serão alcançadas. É um período de avaliação da vida e de seus projetos para que
possa retomar o caminho, pois ainda é possível a retomada.
A vida adulta tardia ou segunda vida adulta refere-se ao período em que aparecem as
rugas, as quedas de cabelo, os cabelos brancos, e há a diminuição do tônus muscular,
uma vez que o auge físico já passou. Estas mudanças podem trazer sentimentos de
inferioridade. Torna-se mais difícil aceitar e promover mudanças em si mesmo. Alguns
que não se casaram, são viúvos ou separados vivem o medo da velhice solitária. Há
possibilidade de crises matrimoniais. Neste momento, os filhos estão mais fora de casa,
ou porque se casaram ou porque estão tocando seus projetos pessoais, deixando os pais
mais livres de suas obrigações, o que permite ao casal, por ter mais tempo, parar para
pensar e refletir sobre as metas em sua relação.
1) “O adulto não é mais dependente afetivamente e atinge uma estabilidade
emocional”. Diante desta afirmação, como você se avalia hoje:
Você tem colegas e amigos? Conseguiu conquistar relacionamentos mais
profundos e mais autênticos (amizades verdadeiras)?
Sabe diferenciar laços de amizade de interesses afetivos (atração, namoro)?
Sabe identificar seus sentimentos diante de suas vivências com as pessoas?
2) Como foi(é) a sua vida sexual nesta fase? Nos seus namoros, houve(há) relações
sexuais? Como você se sentiu(sente) a respeito? Já teve experiência homossexual?
3) Na fase adulta, a pessoa atinge um melhor nível econômico (financeiro, trabalho)
e psicológico (afetivo). Como você viveu(vive) o seu relacionamento de amizades,
familiar e financeiro?
4) Como você avalia sua busca por crescimento intelectual neste momento da sua
vida? Você se preocupava(preocupa) em adquirir novos conhecimentos? Buscava(busca)
formações constantes?
35
5) Quanto tempo do seu dia você passava(passa) utilizando a TV, o computador ou
outro aparelho eletrônico?
6) Como você reage diante de uma experiência negativa? O que pensa sobre tal
experiência? Dê exemplos. E diante de uma experiência positiva, qual é a sua reação? Dê
exemplos.
7) Como você enfrentava(enfrenta) as tensões do dia a dia na sua vivência como
filho? Dê exemplos.
8)Você se expressava(expressa) com clareza e liberdade sobre o que pensava(pensa),
sentia(sente) e acreditava(acredita)? Dê exemplos.
9) Quais eram(são) seus sonhos, metas pessoais? Algo o impedia(impede) de
alcançá-los? Comente.
10) De que maneira você lutava(luta) para alcançar suas metas? Quais atitudes
tomava(toma) para realizá-las?
11) Analisando esta fase:
O que foi(é) mais difícil para você viver nesta faixa etária de sua vida?
Quais são as tristezas e alegrias que você viveu(está vivendo) nesta faixa
etária? Quais as decepções?
Ainda sente que foi traído, rejeitado, abandonado, não acolhido ou
incompreendido durante os estágios anteriores de sua vida?
Percebe que existia(existe) em seu interior mágoa, rancor ou revolta em
relação às pessoas com quem você conviveu(convive)? Você percebe que
precisa perdoar pessoas que passaram por sua vida? Quais? Faça uma lista.
Depois de escrever sobre isso, faça a si mesmo a seguinte pergunta e reflita sobre as
possíveis hipóteses:
Quais situações e eventos identificados nesta etapa do desenvolvimento, arquivados
na minha memória, estão influenciando a minha dificuldade atual?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
Agora tente imaginar ou lembrar como você se sentiu, como se comportou e o que
pensou sobre si mesmo diante dessa(s) situação(ões) e desses eventos. Escreva abaixo.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
36
Velhice – a partir dos 65 anos
Griffa e Moreno (2001) citam alguns fatores que trazem influências negativas para o
processo de envelhecer:
Privação de uma atividade ocupacional; condenação à passividade; a
aposentadoria, um direito adquirido que pode se tornar uma verdadeira
condenação social e econômica;
Doenças físicas e enfraquecimento corporal;
Lentidão das funções psíquicas;
Diminuição ou exclusão das atividades prazerosas e agradáveis da vida;
Medo diante da aproximação da morte.
É nesta etapa da vida que nos damos conta de que realmente somos filhos do tempo.
Segundo Griffa e Moreno, se alguém limita a vida ao transcorrer biológico, talvez
não valha a pena vivê-la nem no início e muito menos no final. Porém, se leva em
consideração que esta vida humana, como vida espiritual, é portadora de sentido, é
transcendente, a pessoa eleva-se a outra dimensão. Uma vida sem esse conteúdo não é
digna de se viver. Vive-se apenas para os conteúdos que dão sentido. Mais ainda:
também se morre por eles.
O destino mais trágico para o homem, por seu soma, sua materialidade, é o de estar submetido à
temporalidade, apesarde uma ânsia interna levá-lo a desligar-se incessantemente do tempo, para formar
parte do eterno. Assim, toda uma vida está inscrita no tempo e é tempo. A vontade não pode romper o
tempo nem sua voracidade e é essa talvez sua maior frustração, é seu limite (Griffa e Moreno, 2001, p.
119)
O idoso, de alguma forma, encontra-se com os dias cumpridos, muito além da
temporalidade; daí não haver nada mais enigmático do que a relação que mantém com o
tempo. Para alguns, é como se o passado se fizesse presente e como se sua juventude
estivesse à mão; outros, porém, aferram-se ao momento presente, talvez como tentativa
de detê-lo; há também uma terceira instância: a dos mais vigorosos, que penetram o
futuro com o olhar claro da sabedoria.
Para Griffa e Moreno, é aqui que o passado é impregnado de eternidade,
extinguiram-se o vir a ser e a ação para deixar em seu lugar a sabedoria contemplativa.
Como decorrência, o idoso vê o mundo e a vida humana como sub specie aeternitatis, ou
seja, sob o olhar da eternidade.
O idoso retirou seu “eu” do mundo, afastou-se da luta diária e, no retorno para a
interioridade, ao núcleo mais íntimo do seu ser, comprova que algo se salvou daquela
37
corrente tempestuosa e tumultuosa da vida passada. A interioridade dá testemunho de
um eterno sentido que transcende a ordem tempo-espaço do mundo.
Como consequência, existimos com e na esperança de transcender a morte. Tentamos, de diferentes
modos, superá-la: seja na recordação de nossa família ou amigos, seja na criação de uma obra de arte ou
em outra cristalização de projeto nosso, como uma fábrica, uma invenção ou a construção de um objeto;
seja, talvez, na última sementeira de flores para uma primavera que não veremos; há também aqueles
que transcendem a morte enquanto desejam e esperam outra vida, já não sujeita à matéria, à dor, à
doença, que lhes permita alcançar e contemplar o Absoluto, Deus (Griffa e Moreno, 2001, p. 119).
1. Refletindo sobre as fases anteriores do seu desenvolvimento e sobre sua
realidade atual, você considera ter vivido tranquilamente todas as fases de sua
vida (infância, adolescência, juventude e vida adulta)? Se a resposta for
negativa, o que não permitiu que você vivesse o esperado para cada etapa da
sua vida?
2. Como você vê a sua situação atual quanto às escolhas que fez referentes à sua
vida de solteiro, matrimonial, celibatária, sacerdotal, consagrada ou
missionária?
3. Como é a sua vida matrimonial? Como foi a sua decisão de casar-se? Relate a
história do seu encontro com o cônjuge até o momento do seu casamento.
4. Como você vive o seu sacerdócio? Como você exerce o seu ministério? Como
foi a história do seu chamado (faça memória)?
5. Como você vive sua vida de solteiro?
6. Quais são as suas qualidades (o que é bom em você)?
7. Quais são seus sonhos?
8. Você se sente frustrado em relação a alguma situação, neste momento?
9. Quais foram os momentos mais dolorosos e que ainda hoje influenciam a sua
vida?
10. Quais são os seus limites (dificuldades)?
11. Você estudou? Como você vive a sua vida profissional? Qual é a sua
profissão? Como está a sua vida financeira? É equilibrada?
12. Já é aposentado? Como foi o momento da aposentadoria? Como você vive
esta realidade atualmente?
13. Como você vive a sua maternidade ou paternidade?
14. Como você viveu a saída dos filhos da sua casa?
15. Como é sua convivência com seus netos? Pode conviver com eles? Quais são
os seus sentimentos em relação a eles?
38
16. O que é mais difícil viver neste momento da sua vida?
17. Você ainda deseja fazer algo importante na vida? O quê?
18. Quais fatos de sua vida, quando relembrados, o fazem entender que ela valeu
a pena?
19. Se você tivesse o poder de mudar e apagar a sua memória, o que mudaria ou
apagaria?
20. O que mais o incomoda atualmente?
21. Qual a sua maior decepção?
22. Você sente que foi traído, abandonado, rejeitado em algum dos estágios da
sua vida? Você percebe que ainda precisa perdoar alguém?
23. Atualmente, quais são as suas maiores alegrias?
24. Quais são os seus medos atuais?
25. Há pessoas na sua vida que você precisa perdoar? Você se lembra de alguma
pessoa que passou por sua vida e que hoje precisa do seu perdão? Quem são
essas pessoas? Faça uma lista.
Depois de escrever sobre isso, faça a si mesmo a seguinte pergunta e reflita sobre as
possíveis hipóteses:
Quais situações e eventos identificados nesta etapa do desenvolvimento, arquivados
na minha memória, estão influenciando a minha dificuldade atual?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
Agora tente imaginar ou lembrar como você se sentiu, como se comportou e o que
pensou sobre si mesmo diante dessa(s) situação(ões) e desses eventos. Escreva abaixo.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
39
CAPÍTULO 3
40
O sofrimento é suportável
O sofrimento não é insuportável; o problema é quando não encontramos nele um
significado, um sentido para seguir em frente.
Depois de resgatar as suas memórias, reviver sofrimentos, escrever e relembrar a sua
história, fica um questionamento: você vai ficar olhando para trás, focado somente no
seu passado? Irá ficar paralisado em seu presente, olhando para as suas dificuldades? Ou
vai olhar para o que Deus, ao seu lado, pode realizar a partir da sua história? Você pode
fazer tudo de modo diferente. Em cada situação concreta da sua vida, você tem a
capacidade de discernir e decidir qual é a melhor forma de agir e o que você deve fazer.
O exemplo a seguir poderá ajudá-lo a entender melhor o procedimento que
propomos:
Um tempo atrás, um jovem de 25 anos nos procurou para que pudéssemos cuidar
dele. Que sofrimento! O rapaz fora diagnosticado pelo psiquiatra com depressão maior
(grave), histórico de pensamentos de autoextermínio, medo irracional da morte e de
doenças, transtorno da ansiedade social, transtorno do pânico e TOC (transtorno obsessivo
compulsivo). Não havia nele vida, sentia-se perdido. Extremamente triste, sem se
alimentar, solitário, não conseguia manter contato com as pessoas; temia ser avaliado, se
considerava incapaz de ter um convívio social; não conseguia andar mais nas ruas, pois
tinha a sensação de que estava sendo vigiado; acreditava que todos o avaliariam
negativamente. Conseguira se formar em um curso superior, com muita dificuldade, pois
já neste período se isolava em casa com grande tristeza, chegando a ficar em um quarto
escuro

Outros materiais