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Introdução à Psicologia - AVA

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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
PROF.A DRA. CONSTANZA PUJALS
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica: 
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD: 
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Felipe Veiga da Fonseca
Luana Ramos Rocha
Marta Yumi Ando
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araujo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
1 - O QUE É A PSICOLOGIA? .................................................................................................................................... 6
2 - ESPECIALIDADES DA PSICOLOGIA .................................................................................................................... 7
3 - BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA ................................................................................................................... 9
4 - MARCOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA ............................................................................................................... 11
4.1. ESTRUTURALISMO: OS ELEMENTOS DA MENTE .......................................................................................... 11
4.2. FUNCIONALISMO: A FUNÇÃO DA MENTE ..................................................................................................... 12
4.3. BEHAVIORISMO: OS ELEMENTOS DO COMPORTAMENTO ......................................................................... 12
4.4. PICOLOGIA DA GESTALT: A PERCEPÇÃO DO TODO ...................................................................................... 12
4.5. PSICANÁLISE: O INCONSCIENTE ................................................................................................................... 13
4.6. PSICOLOGIA HUMANISTA: O SER HUMANO COMO UM TODO ................................................................... 13
A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA INDEPENDENTE
E PROCESSOS PSICOBIOLÓGICOS (CÉREBRO, 
SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO, ATENÇÃO E MEMÓRIA)
PROF.A DRA. CONSTANZA PUJALS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
4WWW.UNINGA.BR
4.7. PSICOLOGIA COGNITIVA: A CAIXA PRETA ..................................................................................................... 14
5 - DEBATES DA PSICOLOGIA ................................................................................................................................ 15
6 - CÉREBRO ............................................................................................................................................................ 16
7 - SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO ................................................................................................................................. 21
8 - ATENÇÃO ............................................................................................................................................................ 23
9 - MEMÓRIA ........................................................................................................................................................... 25
9.1. MEMÓRIA SENSORIAL (MS) ........................................................................................................................... 26
9.2. MEMÓRIA A CURTO PRAZO (MCP) ............................................................................................................... 26
9.3. MEMÓRIA A LONGO PRAZO (MLP) ................................................................................................................ 27
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INTRODUÇÃO
O estudo do porquê as pessoas se comportam de certa forma tem sido durante muito 
tempo o tema preferido de � lósofos, poetas, historiadores, escritores e de muitos outros. A 
unidade 1 apresenta diversos temas, tais como a Psicologia como ciência independente, os 
diferentes ramos ou especialidades que a psicologia oferece à sociedade, os principais marcos 
teóricos desta disciplina e, ao � nal, dois grandes debates polêmicos dentro da psicologia. 
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1 - O QUE É A PSICOLOGIA? 
A Psicologia é uma disciplina ampla e a de� nimos como sendo a ciência que estuda os 
processos mentais e o comportamento dos organismos, principalmente dos seres humanos. No 
entanto, vamos analisar esta de� nição palavra por palavra. O termo “Psicologia” procede das 
palavras gregas psyche (alma) e logos (estudo), e revela que em suas origens se referia ao estudo 
da alma (mais tarde, o estudo da mente). Literalmente, Psicologia signi� ca ciência da alma, no 
entanto, contemporaneamente, a Psicologia faz parte das ciências humanas, sociais e da saúde 
(DAVIDOFF, 2002; MORRIS; MAISTO, 2013).
 
Figura 1 - A Psicologia. Fonte: Wikimedia commons, 2016
Neste sentido, se a Psicologia é considerada uma ciência, o que ela tem em comum com 
as outras ciências? Para uma ciência ter esse status, deve-se utilizar o método cienti� co. Sendo 
assim, os psicólogos recolhem dados através da observação sistemática e tratam de explicar o 
que observaram desenvolvendo teorias, e fazendo novas predições a partir dessas teorias, logo 
submetem essas predições a prova sistemática por meio de novas observações e experimentos 
controlados para determinar se são corretas ou não (KANTOWITZ; ROEDIGER III; ELMES, 
2006). 
Os psicólogos não se contentam apenas com a descrição dos eventos, eles vão mais longe 
e tentam explicar, predizer e por último modi� car, visando melhorar a vida das pessoas e da 
sociedade em geral. Alguns dos objetos de estudo são: a) O comportamento dos organismos 
individuais em interação com seu ambiente; b) Os processos mentais dos indivíduos. 
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Mas por que a Psicologia é tão fascinante? São muitos os desa� os que a Psicologia enfrenta 
e que a fazem uma disciplina complexa. Entre esses desa� os estão (MORRIS; MAISTO, 2013):
• Em primeiro lugar, o comportamento humano é difícil de predizer, em parte porque 
existe causalidade múltipla em quase todas as ações, ou seja, são produzidos por vários fatores. Por 
isso, deve-se ser cético com as explicações do comportamento baseadas em uma só variável, fato 
muito comum na psicologia popular. É bastante habitual explicar comportamentoscomplexos, 
como a violência, por exemplo, em termos de um só fator (a pobreza ou a genética). 
• Em segundo lugar, as pessoas se diferenciam entre si na forma de pensar, de sentir, tipo de 
personalidade e comportamento. Essas diferenças individuais ajudam a explicar por que cada um 
responde de forma diferente diante de uma mesma situação. Essas diferenças individuais fazem 
que a psicologia tenha um desa� o, ou seja, é difícil encontrar explicações de comportamentos 
aplicados a todo o mundo. 
• E por último, o comportamento de uma pessoa também está determinado pela cultura. 
As diferenças culturais, na mesma medida que as diferenças individuais, limitam as generalizações 
que os psicólogos possam estabelecer sobre a natureza humana. 
Por todas estas razões deve-se ter cautela ao con� ar no senso comum ou nas intuições. 
Porque a compreensão intuitiva que possuímos de nós mesmos e do mundo costuma ser errônea. 
 A con� ança no senso comum deve-se à tendência que temos de crer que vemos o mundo 
exatamente tal e como é. Ou seja, pressupomos que ver é crer e, dessa forma, acreditamos em 
nossa percepção intuitiva, tanto do mundo, como de nós mesmos. Em alguns casos essa percepção 
intuitiva pode nos ajudar na vida cotidiana. Mas, às vezes as aparências enganam, a terra parece 
plana, o sol parece girar ao redor da terra. 
Para os cientí� cos o senso comum tem uma utilidade, serve para gerar hipóteses, que 
os cientí� cos põem a prova mediante pesquisas. Algumas noções de psicologia popular podem 
ser certas. Todavia, para pensar cienti� camente, deve-se aprender quando podemos con� ar no 
senso comum e quando não. Isto nos ajudará a ter melhores decisões sobre o mundo real (BOCK, 
2002).
2 - ESPECIALIDADES DA PSICOLOGIA
Como visto até o momento, a psicologia é uma ciência complexa e com formas diferentes 
de observar a mente e o comportamento humano. Assim, por ser um campo tão variado, oferece 
uma rica seleção de oportunidades pro� ssionais para os indivíduos, em diferentes áreas de 
atuação como mostra a tabela 1.
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ALGUMAS ESPECIALIDADES DA PSICOLOGIA
Psicologia clínica
Psicologia escolar ou Psicologia educação
Psicologia experimental
Psicologia fisiológica ou Psicologia comparativa
Psicologia social
Psicologia do trabalho ou Psicologia organizacional
Psicofarmacologia
Psicologia da Saúde
Psicologia da Aviação 
Psicologia Hospitalar
Psicologia do Esporte
Neuropsicologia
Psicologia forense e jurídica
Psicologia do consumidor
Psicologia do desenvolvimento e Psicologia do envelhecimento
Psicometria
Psicologia do trânsito
Tabela 1: Especialidades da Psicologia. Fonte: autora
Nesse sentido, a medida que os psicólogos começaram a pesquisar os diferentes aspectos 
do comportamento, dos processos mentais e da experiência, foram surgindo diversas áreas de 
especialização em Psicologia nos limites entre a Psicologia e outras disciplinas.
A Psicologia é uma ciência e estuda os processos mentais e os comportamentos 
dos organismos, principalmente dos seres humanos.
Quais são os benefícios de ter conhecimentos em Psicologia?
 
O que é Psicologia?
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3 - BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA 
Como surgiu a psicologia como disciplina independente? Pode-se dizer que o estudo 
cienti� co da mente e do comportamento surgiu lentamente e as primeiras tentativas mostravam 
muitas das debilidades dos enfoques pseudocientí� cos atuais. As tentativas formais de estudar 
e explicar como funciona a mente estão presentes na humanidade durante muito tempo. Mas 
a psicologia como disciplina cienti� ca só existe há 130 anos (KANTOWITZ; ROEDIGER III; 
ELMES, 2006). 
Ao longo da sua história pode-se dizer que a psicologia teve que enfrentar muitos desa� os. 
Por esta razão, é importante entender como a psicologia evoluiu como ciência, com métodos de 
pesquisa sistemáticos. 
A psicologia é � lha de dois pais: a � loso� a (a busca da sabedoria através do raciocínio 
lógico) e a � siologia (o estudo dos processos vitais de um organismo, tais como a respiração, a 
digestão e a reprodução, entre outros). 
Desde a perspectiva da � loso� a, durante dois mil anos quase ninguém dedicou tempo 
para re� etir sobre a natureza do pensamento humano e sua relação com o comportamento. No 
começo da revolução cienti� ca, o � lósofo René Descartes (1596-1650) adotou a postura de que 
a mente humana, diferente do mundo físico não está sujeita às leis da física. Em outras palavras, 
segundo este � lósofo, mesmo que a mente não seja observável, ela controla o corpo e, este, por 
sua vez, proporciona informação. Esse evento é conhecido como dualismo (GOODWIN, 2005). 
A in� uente obra de René Descartes contribuiu para enfraquecer a crença de que o corpo e a 
mente não interagem, no entanto, foi só a partir da aplicação do método cientí� co, no início no 
século XIX, que essa teoria pôde ser comprovada. 
De acordo com Schultz e Schultz (2007), durante os séculos XVIII e XIX, os pesquisadores 
� siológicos empregaram o microscópio, inventado nessa época, para examinar animais e 
cadáveres humanos, realizando importantes descobrimentos sobre a função da medula espinal. 
Quase todos os pioneiros da psicologia experimental em Alemanha estudaram medicina ou 
� siologia. A busca da psicologia para entender como pensam, sentem e agem as pessoas, segue 
sendo baseada no conhecimento da biologia humana. 
Ainda de acordo com os mesmos autores citados acima, a psicologia cientí� ca iniciou-se 
na Alemanha com quatro pioneiros (Weber, Fechner, Ebbinghaus e Wundt) que contribuíram 
para que isso sucedesse.
Ernest Weber (1795-1878) era � siologista em Leipzig e sua contribuição mais importante 
para a psicologia foi descobrir que os julgamentos eram mais precisos quando os indivíduos 
aplicavam seus músculos ativamente, denominando esse evento de diferença apenas perceptível 
(DAP), passando a ser conhecido como Lei Weber.
Gustav Fechner (1801-1887) era físico e começou na década de 1850 a encontrar a forma 
em que os métodos cientí� cos pudessem contribuir na investigação dos processos mentais. Em 
1860, publicou sua principal obra “Elementos da Psicofísica” em que mostrou como utilizar 
os procedimentos experimentais e matemáticos para estudar a mente humana. Esse autor se 
interessou pela Lei de Weber e realizou uma extensão dos experimentos de Weber e a denominou 
de Lei Fechner.
Hermann Ebbinghaus (1850-1909) era � lósofo e iniciou seus experimentos em temas 
como aprendizagem e memória humana, publicou sua obra “Memória” em 1885, em que mostra 
que os fenômenos complexos podiam ser estudados.
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Wilhelm Wundt (1832-1920), em 1879, fundou o primeiro laboratório de Psicologia em 
Leipzig, na Alemanha, por essa razão, é considerado fundador da Psicologia Cientí� ca. Desde 
o princípio de sua carreira sempre mostrou interesse pelos processos mentais, utilizou uma 
combinação de métodos experimentais para medir os tempos de reação denominando tal técnica 
como introspecção. Ela consistia em que observadores treinados comunicavam suas experiências 
mentais quando executavam uma tarefa (KANTOWITZ; ROEDIGER III; ELMES, 2006). 
Em muitos sentidos, o trabalho pioneiro de Wundt marcou o início da Psicologia como 
ciência. Ele estava empenhado em que a psicologia adquirisse uma identidade própria. 
Outro autor que contribuiu para o aparecimento da Psicologia foi Wiliam James (1842-
1910), considerado psicólogo americano, que também fundou um laboratório (Universidade de 
Harvard), em 1875 e publicou em 1890 sua principal obra “Princípios de Psicologia”. Esse autor 
apresentava a mesma formação que Wundt, � siologista, e tinha grande interesse nas questões 
relacionadasà mente. Contudo, o objetivo de James era o ensino, visando demonstrar como os 
aspectos � siológicos interferem na Psicologia (GOODWIN, 2005).
Tabela 2: Cronologia dos acontecimentos mais importantes da História da Psicologia Cienti� ca. Fonte: autora
Esse movimento histórico deu origem à Psicologia como ciência independente. Todas as 
perspectivas teóricas deram alguma contribuição valiosa a psicologia cienti� ca. Por esta razão, 
dando continuidade, vamos percorrer os sete marcos e veremos que a opinião da psicologia sobre 
o que a constitui como ciência e seu enfoque foi mudando ao longo do tempo.
MARCO HISTÓRICO DA PSICOLOGIA 
1649 – René Descartes escreve sobre a questão mente-corpo.
1829 – 1839 – Ernst Weber realiza uma série de experimentos com percepção tátil. Lei Weber.
1850 – Gustav Fechner realiza um descobrimento fundamental ao relacionar as mudanças físicas 
do mundo exterior com as mudanças subjetivas na percepção e inicia o caminho da psicofísica.
1860 – Gustav Fechner publica sua obra “Elementos da Psicofísica”.
1875 – William James cria um pequeno laboratório psicológico na Universidade de Harvard.
1879 – Wilhelm Wundt cria o primeiro laboratório psicológico como ciência experimental.
1881 – Wilhelm Wundt edita a primeira revista sobre Psicologia.
1885 – Hermann Ebbinghaus publica sua obra “Memórias”
1890 – William James escreve sua obra sobre Princípios de Psicologia.
A obra fi losófi ca de René Descartes ajudou a enfraquecer a crença de que o corpo 
e a mente não interagiam, propondo a ideia da interação mútua: o corpo afeta a 
mente e a mente pode afetar o corpo.
Como surgiu a psicologia como disciplina independente? 
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4 - MARCOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA
Desde seu início, a ciência psicológica enfrenta uma questão de difícil resposta: Qual é o 
marco teórico que explica melhor o funcionamento dos processos mentais e o comportamento?
Existem sete marcos teóricos fundamentais que desempenham um papel essencial 
na formação do pensamento psicológico contemporâneo: estruturalismo, funcionalismo, 
comportamentalismo, psicanálise, psicologia da gestalt, psicologia humanista e psicologia 
cognitiva. 
É muito comum que os estudantes de psicologia, no início da graduação, perguntem 
qual destes marcos é o correto? É evidente que não existe uma resposta conclusiva. Todos os 
marcos teóricos contribuíram de forma valiosa com a psicologia cienti� ca, contudo, todos 
apresentam limitações. Os marcos teóricos serão descritos a seguir, bem como seus autores mais 
representativos:
4.1. Estruturalismo: Os elementos da mente
Edward Bradford Titchener (1867-1927) 
Titchener foi aluno de Wilhelm Wundt que emigrou aos Estados Unidos e fundou a 
escola estruturalista. Esta escola pretendia identi� car os elementos básicos ou “estruturas” da 
experiência psicológica mediante o método de introspecção de Wundt. Os estruturalistas tinham 
a intenção de criar um “mapa” completo dos elementos da consciência que estava composto por 
sensações, imagens e sentimentos (SCHULTZ; SCHULTZ, 2007).
O estruturalismo foi perdendo força devido a dois problemas principais: 
• Em primeiro lugar, os introspeccionistas mais experientes não entravam em acordo 
sobre seus relatórios subjetivos realizados na observação dos experimentos. 
• Em um segundo lugar, o psicólogo alemão Oswald Kulpe (1862-1915) demonstrou 
que as pessoas que eram submetidas aos testes resolviam os problemas mentais recorrendo 
ao pensamento sem imagens, ou seja, o pensamento sem o acompanhamento da experiência 
consciente. 
O estruturalismo contribuiu na psicologia ao dar ênfase sobre a importância da 
observação sistemática para o estudo da experiência consciente. No entanto, os estruturalistas 
se enganaram ao utilizar somente um método, a instrospecção, considerando que tal método 
poderia proporcionar toda a informação necessária para a ciência psicológica.
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4.2. Funcionalismo: A função da mente
William James (1842-1910) 
John Dewey (1859-1952)
Entre os fundadores desta escola, William James é considerado o precursor da psicologia 
funcional, contudo, John Dewey foi o fundador do funcionalismo por causa da publicação do 
seu artigo “� e re� ex are concept in psychology”, em 1896, no qual criticava a tendência para o 
elementarismo na psicologia, que consiste no desmembramento de processos psicológicos em 
suas supostas partes elementares. Os defensores do funcionalismo esperavam entender a função 
adaptativa dos processos psicológicos como o pensamento, os sentimentos e o comportamento. A 
comparação com a escola anterior pode ser feita da seguinte forma, enquanto os estruturalistas se 
perguntavam “como” (como é o pensamento consciente?), os funcionalistas se perguntavam “por 
que” (por que às vezes se esquecem as coisas?) (KANTOWITZ; ROEDIGER III; ELMES, 2006).
William James rejeitou o enfoque e os métodos estruturalistas, argumentando que a 
introspecção rigorosa não produz uma quantidade estável de elementos da consciência, mas sim, 
um � uxo de consciência que está constantemente em mudança.
Entretanto, do mesmo jeito que aconteceu com o estruturalismo, o funcionalismo 
também não existe atualmente em sua forma original, essa escola foi absorvida gradualmente 
pela psicologia cientí� ca e continua in� uenciando de forma indireta, em muitos sentidos outros 
marcos teóricos.
4.3. Behaviorismo: Os elementos do comportamento
John B. Watson (1878-1958) 
No início do século XX, muitos psicólogos americanos criticavam o caráter intangível da 
disciplina. Acreditavam que Titchener e outros introspeccionistas estavam levando a psicologia 
por um caminho errado. Para os críticos, o estudo da consciência era uma perda de tempo, 
porque os pesquisadores nunca poderiam veri� car completamente a existência dos elementos 
básicos da experiência psicológica. 
Nesse sentido, a ciência psicológica, deveria ser objetiva e não subjetiva. Foi John B. 
Watson um dos psicólogos mais críticos sobre a objetividade da psicologia. Watson foi o fundador 
da escola do behaviorismo, ainda in� uente hoje em dia, centrava sua atenção nos princípios 
gerais da aprendizagem subjacentes ao comportamento humano e animal (CATANIA, 1999).
Em 1913, publica o manifesto “A psicologia tal e como os behavioristas a veem“, defendendo 
que o verdadeiro objeto da psicologia era o comportamento observável e mensurável. As pesquisas 
subjetivas realizadas sobre a experiência consciente não deviam desempenhar nenhum papel 
na psicologia. Watson queria que a psicologia fosse tão cientí� ca como a física, a química ou 
qualquer outra ciência pura. 
4.4. Picologia da Gestalt: A percepção do todo
Max Wertheimer (1880-1943)
Wolfgang Köhler (1887-1967) 
Kurt Ko� a (1886-1941) 
O funcionalismo e o behaviorismo foram uma reação ao estruturalismo e ocorreram nos 
Estados Unidos. Pode-se dizer que a psicologia da gestalt foi outra reação contra o estruturalismo 
que ocorreu na Alemanha. 
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A psicologia da gestalt teve três psicólogos que foram os iniciadores dessa abordagem. 
De acordo com Kantowitz, Roediger III e Elmes (2006), os psicólogos da gestalt defendiam que a 
percepção dos objetos era de um todo agregado e não a soma das partes. Com o passar do tempo, 
a psicologia da gestalt também mostrou descontentamento com o behaviorismo. Os psicólogos 
gestaltistas não aceitavam que as descrições dos comportamentos se de� nissem simplesmente em 
termos de estimulo e resposta. Contudo, os psicólogos da gestalt contentavam-se em apresentar 
um ou outro conceito por meio de demonstrações simples, sem recorrer ao método cienti� co. 
4.5. Psicanálise: O inconsciente
 Sigmund Freud (1856-1939) 
A psicanálise foi fundada pelo neurologista Sigmund Freud e diferente do behaviorismo,se centrava em processos psicológicos internos, especialmente nos impulsos, pensamentos e 
as lembranças daquilo que não somos conscientes. Para Freud, as principais in� uências sobre 
o comportamento não provêm de fatores externos ao organismo, como as recompensas e os 
castigos, mas sim do instinto inconsciente como a sexualidade e a agressividade. Para Freud, 
a estrutura psíquica do indivíduo estava composta por três elementos, o id, o superego e o ego 
(BOCK, 2002).
Os psicanalistas sustentam que grande parte da vida psicológica cotidiana está repleta de 
símbolos que representam outras realidades. Por exemplo, se alguém se refere acidentalmente 
a sua professora como mãe, os freudianos não tratariam este erro como um simples engano ou 
confusão. Um dos objetivos dos psicanalistas é decodi� car o signi� cado simbólico de “lapsos”, os 
sonhos e os sintomas psicológicos. 
A psicanálise dá maior importância que outras escolas de pensamento ao papel da 
experiência ao início da vida, ou seja, para Freud, o núcleo da personalidade se con� gura nos 
primeiros anos de vida.
4.6. Psicologia Humanista: O ser humano como um todo
Abraham Maslow (1908-1970) 
Carl Rogers (1902-1987) 
Esse marco teórico iniciou-se nos anos 50. Muitos foram os psicólogos que in� uenciaram 
essa escola de pensamento, mas existem dois autores que são os principais, Abraham Maslow e 
Carl Rogers. Eles defendem que o behaviorismo fala muito coisas sobre o comportamento, mas 
pouco sobre as pessoas, e a� rmam que a psicanálise fala muito sobre os transtornos mentais, 
mais pouco sobre as pessoas saudáveis. Ao longo do tempo, o humanismo tentou amplicar os 
conteúdos da psicologia, para que se incluissem as experiências humanas, que são únicas, tais 
como o amor, o ódio, o temor, a esperança, a alegria, o humor, o afeto, a responsabilidade e o 
sentido da vida (SCHULTZ; SCHULTZ, 2007).
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4.7. Psicologia Cognitiva: A caixa preta
Na presente escola, não se fala em fundadores especí� cos, porque foram vários os autores 
que contribuíram para o seu desenvolvimento. 
De acordo com Sternberg (2008), no princípio das décadas 50 e 60, um número crescente 
de psicólogos começou a sentir-se decepcionado pela falta de atenção dos behavioristas à cognição, 
termo utilizado para descrever os processos mentais. Para o autor, enquanto alguns behavioristas 
sabiam que os seres humanos e inclusive alguns animais inteligentes pensavam, consideravam que 
o pensamento não era mais que outro comportamento. No entanto, os cognitivistas, a� rmavam 
que o pensamento in� uia sobre o comportamento. Por exemplo, o psicólogo Jean Piaget (1896-
1980) a� rmou que as crianças conceituam o mundo de forma muito diferente dos adultos. 
Mais tarde, liderados por Ulric Neisser (1928-2012), os cognitivistas defenderam que o 
pensamento era uma parte tão importante da psicologia que merecia constituir uma disciplina 
própria (GOODWIN, 2005). 
Os cognitivistas defendem que sem entender a forma como as pessoas avaliam a 
informação que recebem do exterior, nunca seremos capazes de entender completamente as causas 
do comportamento. A psicologia cognitiva é uma abordagem que continua se desenvolvendo 
atualmente e que se estende a domínios tão diversos como a linguagem, resolução de problemas, 
inteligência, tomada de decisão, memória e psicoterapia. 
Os principais marcos teóricos da Psicologia são estruturalismo, funcionalismo, 
behaviorismo, psicanálise, psicologia da gestalt e psicologia cognitiva.
Qual marco teórico seria o mais adequado para explicar o comportamento? 
História da Psicologia 
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5 - DEBATES DA PSICOLOGIA 
 Existem principalmente, dois grandes debates que determinaram a Psicologia 
desde seus inícios e parece que continuarão no futuro. 
A. CONTROVÉRSIA HERANÇA-AMBIENTE
Este debate levanta a seguinte questão:
- Nossos comportamentos são atribuíveis a nossos genes (herança) ou ao entorno em que 
somos criados?
Esta controvérsia herança-ambiente tem sido polêmica em diversos campos da Psicologia, 
tais como o da inteligência, personalidade e da psicopatologia (transtornos psicológicos). Isso 
começou na época em que John Locke (1632-1704), � lósofo britânico, comparava a mente humana 
ao nascer com uma folha em branco, mais tarde, outros autores se referiam à mente como uma 
tábua rasa, isso quer dizer, que para Locke e seus seguidores, as pessoas veem o mundo sem ideias 
preconcebidas geneticamente, que vamos formando a partir do meio, do entorno.
Durante o século XX, a maioria dos psicólogos supôs que praticamente a totalidade do 
comportamento humano era exclusivamente produto da aprendizagem. Mas pesquisas levadas a 
cabo por geneticistas do comportamento, que empregam modelos complexos sobre as bases de 
estudos com gêmeos e adoção, puderam demonstrar que os traços psicológicos mais importantes, 
incluindo inteligência, personalidade e muitos transtornos psicológicos vêm determinados 
fundamentalmente pelos genes (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2007; MORRIS; MAISTO, 
2013). Contudo, o problema é muito mais complexo, pois não se sabe em que medida, ou seja, qual 
é a porcentagem em que a genética e o meio ambiente contribuem para as diferentes características 
individuais e comportamentais e como cada um desses fatores interfere mutuamente entre si. 
B. LIVRE-ARBITRIO-DETERMINISMO
Outra controvérsia é o livre arbítrio – determinismo que apresenta a seguinte questão:
Até que ponto nossos comportamentos são selecionados livremente ou causados por fatores 
que escapam a nosso controle?
A maioria de nós gosta de crer que somos livres para escolher o curso dos acontecimentos 
de nossas vidas. Por exemplo, neste momento você pode decidir se continuar lendo este material 
até o � nal, ou fazer um descanso para ver televisão. No entanto, muitos psicólogos mantêm a 
a� rmação de que o livre arbítrio é uma ilusão (SKINNER, 1972). Skinner a� rmava que nossa 
sensação de livre-arbítrio surge de que não somos conscientes das muitas in� uências ambientais 
que afetam a nosso comportamento em todo o momento. 
A Psicologia ainda apresenta grandes debates um deles é se as características 
psicológicas são adquiridas pelos genes ou pelo ambiente.
O livre-arbítrio é uma ilusão ou uma realidade?
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6 - CÉREBRO
A mente é um conceito abstrato que tenta de� nir o que o homem tem de místico ou 
espiritual, envolve todo o leque de emoções, sentimentos, pensamentos e funções intelectuais. 
Esta mente (ou psique ou alma) foi objeto de estudo de muitos pesquisadores e � lósofos que 
tentaram dar uma explicação de sua presença no ser humano, assim como de sua estrutura.
No debate mente-corpo os psicólogos se colocam em uma encruzilhada em que o sentido 
do “eu” cruza com os avanços no conhecimento cientí� co.
Como é que o órgão que chamamos cérebro cria a experiência do que chamamos mente?
Até a pouco tempo essa pergunta parecia não ter resposta. Depois, o corpo e o cérebro 
passaram a ser entidades físicas observáveis. Em contraste a mente, que é uma entidade subjetiva, 
particular e única sendo só observável pelo seu possuidor (DAMASIO, 1996).
Desde a década de 90 (conhecida como a década do cérebro), os neuropsicólogos 
aprenderam mais acerca do cérebro, do que durante toda a história anterior da psicologia. Novas 
tecnologias permitiram identi� car quais áreas do cérebro se ativam durante a atividade como, 
por exemplo, ao nomear um objeto ou estudar um rosto.
De acordo com Nolen Hoeksema et al. (2009), os antigos egípcios acreditavam que a alma 
humana estava localizada no coração e que o cérebro carecia de importância para a atividade 
mental. Quandoos egípcios preparavam o cadáver extraiam os miolos pelo nariz. Já os gregos da 
era clássica acreditavam que o cérebro era a origem da psique.
Atualmente, sabemos que o cérebro humano é o órgão mais complexo de todas as 
estruturas vivas, porque processa informação sensorial, ao mesmo tempo em que coordena e 
mantém funções vitais do organismo. Grande parte das funções � siológicas do cérebro implica 
receber informação do resto do corpo, interpretá-la e orientar a resposta do organismo. Segundo 
Lent (2010) o cérebro intervém em operações vitais como respirar, liberar hormônios ou manter 
o nível de pressão arterial, mas também o cérebro está composto por células nervosas que 
interagem com o resto do corpo através da medula espinhal e o resto do sistema nervoso.
Para que vocês entendam a complexidade do cérebro, vamos relatar um caso interessante 
e curio- so que ocorreu no século XIX.
No mês de setembro de 1848, um rapaz chamado Phineas Gageen, com idade de 25 
anos, sofreu um acidente laboral. Ele trabalhava no setor ferroviário colocando explosivos. Por 
causa de um erro no procedimento houve uma explosão a poucos centímetros de seu rosto e 
como resultado uma das barras de metal de um metro de comprimento e uns três centímetros de 
diâmetro atravessou o crânio do rapaz (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2007).
Figura 2 - Phineas Gageen. Fonte: Wikimedia commons (2014).
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Gageen não morreu, perdeu a visão do olho esquerdo e os médicos trataram suas feridas 
durante algumas semanas, até que se recuperou e pode voltar junto à sua família. Fisicamente 
parecia recuperado, mas seu temperamento havia mudado, não voltou ao trabalho e seus colegas 
diziam que “após o acidente nunca mais foi o Gageen”.
Como está organizado o sistema nervoso central? Todas as partes do sistema nervoso se 
conectam entre si. No entanto, para entender sua anatomia e funções é necessário analisar o 
sistema nervoso a partir de suas divisões e subdivisões como mostra a � gura 3.
 
Figura 3 - O sistema nervoso. Fonte: autora.
O sistema nervoso central está composto pelo encéfalo e a medula espinhal, que em 
conjunto contêm mais de 90% dos neurônios do corpo. Por outro lado, o sistema nervoso 
periférico consta de nervos que conectam o cérebro e a medula espinhal com todas as partes 
do corpo, levando e trazendo mensagens entre o sistema nervoso central e os órgãos sensoriais, 
os músculos e as glândulas. O sistema nervoso periférico se subdivide por um lado em sistema 
nervoso somático, que transmite a informação acerca dos movimentos corporais e o ambiente 
externo e, por outro, em sistema nervoso autônomo, que transmite informação a partir das 
glândulas e órgãos internos (NOLEN HOEKSEMA et al., 2009). 
Quais são as principais estruturas e áreas do encéfalo e que funções cumprem? O encéfalo 
humano é o produto de milhões de anos de evolução durante os quais aumentou de tamanho 
e complexidade sináptica. Uma forma de entender o encéfalo é examinando as três capas que 
evoluíram em diferentes etapas na linha do tempo (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2007).
1. Núcleo central primitivo;
2. Sistema límbico;
3. Hemisférios cerebrais;
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A medula espinhal se converte no metencéfalo. Dado que esta estrutura se encontra 
inclusive nos vertebrados mais primitivos, é possível que possa ter sido a primeira parte do 
encéfalo que evoluiu. A parte do metencéfalo mais próxima à medula espinhal é o bulbo raquídeo, 
uma estrutura estreita de uns 3.8 centímetros de comprimento que controla as funções corporais 
como a respiração, o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea. Perto do bulbo raquídeo se encontra 
a ponte que produz substâncias químicas, que ajudam a manter nosso ciclo de sono e vigília 
(LENT, 2010).
A parte do metencéfalo localizada na parte superior e posterior do talo cerebral é 
conhecida como cerebelo ou também pode levar o nome de pequeno cérebro. Tradicionalmente 
se pensava que o cerebelo era o responsável pelo equilíbrio e a coordenação das ações do corpo. 
No entanto, a partir de casos de adultos com dano cerebelar observou-se graves problemas de 
movimento, como tropeços. Do mesmo modo, as pesquisas recentes sugerem que o cerebelo 
também participa em processos psicológicos como o controle emocional, a atenção, a memória e 
a coordenação da informação sensorial (MORRIS; MAISTO, 2013).
Continuando com o tour do encéfalo, logo acima do cerebelo, encontra-se o talo cerebral 
que forma o mesencéfalo, que é importante para a audição e visão. Sobre o talo cerebral se 
encontram duas estruturas ovais que compõem o tálamo e o hipotálamo e falaremos deles quando 
tratemos do sistema límbico.
A próxima estrutura é uma protuberância que rodeia o núcleo central, conhecida como 
cére- bro que se divide em dois hemisférios, o esquerdo e o direito, deles também falaremos mais 
adiante. Sobre o cérebro, pode-se dizer que é a parte do sistema nervoso de evolução mais recente 
e seu desenvolvimento é muito maior nos seres humanos que em qualquer outro animal.
Segundo Lent (2010), o cérebro humano ocupa a maior parte do espaço dentro do crânio 
e representa aproximadamente 80% do peso do encéfalo, além disso, contém ao redor de 70% dos 
neurônios de todo o sistema nervoso central.
A superfície do cérebro é uma capa � na de matéria cinza chamada córtex cerebral. Vale 
acrescentar que uma serie de marcas no córtex cerebral permite identi� car as diferentes áreas 
e cada uma de suas funções. A primeira é uma � ssura longitudinal, que vai da parte frontal a 
posterior e divide o cérebro em hemisfério direito e esquerdo. Cada um dos hemisférios divide-se 
em quatro lobos, os quais estão separados por sulcos e giros.
Os diferentes lobos dos hemisférios cerebrais se especializam em diferentes funções.
O lobo frontal localizado justo detrás da testa recebe e coordena mensagens dos outros três 
lobos. A superfície mais dianteira do lobo frontal é conhecida como córtex pré-frontal, sua função 
é crucial no comportamento dirigido a alcançar objetivos, a capacidade de controlar impulsos, o 
juízo, e a metacognição, a qual implica a consciência e controle dos nossos pensamentos.
O lobo occipital localizado na parte posterior dos hemisférios cerebrais recebe e processa 
a informação visual.
O lobo parietal ocupa a metade superior e posterior de cada hemisfério, é responsável 
por receber informação sensorial de todo o corpo.
O lobo temporal localizado atrás dos templos desempenha um papel importante nas 
tarefas visuais complexas como o reconhecimento dos rostos e a interpretação das emoções 
faciais em outros. Além disso, também recebe e processa informação dos ouvidos, contribui 
ao equilíbrio, regula emoções e motivações como a ansiedade, o prazer e a raiva (NOLEN 
HOEKSEMA et al., 2009).
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Outra estrutura do encéfalo é o sistema límbico. Esse sistema tem o formato de um anel 
de estruturas indiretamente conectadas, que se localizam entre o núcleo central e os hemisférios 
cerebrais. O sistema límbico desempenha um papel importante, pois é o que regula as emoções, 
como por exemplo, nos momentos de estresse em que coordena e integra a atividade do sistema 
nervoso. Pode-se imaginar o sistema límbico como o centro emocional do cérebro (DAVIDOFF, 
2001).
O sistema límbico está formado por quatro áreas; o tálamo, o hipotálamo, a amígdala e o 
hipocampo (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2007).
O tálamo contém muitos núcleos, e, cada um deles está conectado com uma região. Uma 
parte do sistema límbico, especí� ca do córtex cerebral. Podemos pensar no tálamo como uma 
porta de acesso às áreas corticais sensitivas.
O hipotálamo situa-se na zona inferior do cérebro e regula o meio interno do organismo. 
As diferentes áreas do hipotálamo têm variadas funções relacionadascom a emoção e a motivação. 
Alguns dos seus núcleos participam no controle da fome, da sede, da motivação sexual e outros 
comportamentos.
A amígdala é denominada assim por causa do seu aspecto, ou seja, possui uma forma 
amêndoa. Ela participa na regulação das emoções e no estabelecimento de lembranças emocionais, 
principalmente aquelas emoções que se relacionam com o temor e a autopreservação.
O hipocampo realiza várias funções relacionadas com a memória, principalmente 
mantém a memória espacial. Quando imaginamos um mapa mental de como chegar de um lugar 
a outro estamos utilizando o hipocampo.
Tabela 3: O Encéfalo.Fonte: adaptado de Morris e Maisto (2013).
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Como o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito se especializam em diferentes funções? 
A conexão principal entre os hemisférios é uma banda grossa denominada corpo caloso. Os 
dois hemisférios estão constantemente em comunicação e trabalham juntos como uma unidade 
coordenada.
Algumas das funções do hemisfério esquerdo são controlar a escrita e o movimento do 
lado direito do corpo. Além disso, o hemisfério esquerdo costuma ser dominante na linguagem 
e nas tarefas que implicam raciocínio simbólico. Já o hemisfério direito, controla o tato e o 
movimento do lado esquerdo do corpo, e, geralmente, destaca-se nas tarefas não verbais, visuais 
e espaciais.
Existe uma crença popular que os hemisférios cerebrais se especializam em diferentes 
tarefas, fazendo que a predominância de um ou outro predisponha a pessoa a se desenvolver 
em variados âmbitos. A verdade sobre esta crença é totalmente falsa. A partir de uma pesquisa 
realizada na Universidade de Utah, os autores Nielsen; ZielinskI; Ferguson; Lainhart; Anderson 
(2013) examinaram através de escâneres cerebrais, a atividade cerebral de aproximadamente 
1000 pessoas e comprovaram que não existe evidência de que os seres humanos utilizem 
preferentemente e exclusivamente o hemisfério esquerdo ou o direito de seus cérebros. Na 
verdade, todos nós utilizamos ambas as partes cerebrais de forma integral para desenvolver-nos 
nas diversas tarefas.
Como a experiência de vida do indivíduo, o amadurecimento pode mudar no cérebro? É 
possível que o cérebro e o sistema nervoso se reparem por si mesmos?
Finalizaremos nossa visita pelo cérebro examinando a capacidade de mudança do sistema 
nervoso. De acordo com a comunidade cientí� ca, este fato conhece-se como plasticidade, ou seja, 
descreve a capacidade que o sistema nervoso tem para mudar. No entanto, o sistema nervoso tem 
mais capacidade de mudança nas primeiras etapas da vida e o seu amadurecimento completo 
ocorre no � nal da adolescência ou princípio da idade adulta.
 
O mito das especialidades de cada hemisfério do cérebro 
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0071275
O cérebro Humano
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Como funciona o cérebro
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O cérebro humano é o órgão mais complexo de todas as estruturas vivas, porque 
processa informação sensorial na mesma hora que coordena e mantém funções 
vitais do organismo.
Como está organizado o sistema nervoso central?
7 - SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO
De acordo com Davido� (2001), os sentidos são canais de informação que captam 
os estímulos e os transmitem ao cérebro onde se geram sensações. Pode-se dizer que todo o 
conhecimento da realidade e do mundo começa com as sensações, visto que vemos a luz e cores, 
escutamos sons e barulhos, captamos cheiros e sabores etc. A sensação é o mais básico dos 
processos psicológicos já que é o procedimento habitual de entrada pelo qual os organismos 
detectam e identi� cam a estimulação interna (de seu corpo) e externa (de seu meio). Este é 
o principal fornecedor de informação do organismo e a conexão fundamental com seu meio 
habitual.
A percepção, segundo a mesma autora, é um processo cognitivo pelo qual nos organizamos 
e interpretamos as sensações. Pode-se dizer que é o ponto onde a cognição e a realidade se 
encontram, ou seja, captamos a realidade através dos sentidos e a compreendemos. A percepção 
contribui para que a realidade nos pareça organizada, estruturada, plena de sentido e signi� cado. 
Dentre suas características estão:
- Ser um processo que depende das características do estímulo, da experiência sócio-
cultural e afetiva do indivíduo que percebe.
- Ser um processo de informação-adaptação ao ambiente.
- Ser um processo de seleção de estímulos de grande importância para nossa adaptação e 
sobrevivência que se produz mediante a atenção.
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ESTÍMULOS 
SENSORIAIS
Luz, som, cheiro, 
etc.
RECEPTORES 
SENSORIAIS
Olhos, ouvidos, 
nariz, etc.
IMPULSOS 
NEUROLÓGICOS
CÉREBRO
Áreas visual, 
auditiva e olfativa.
▶▶▶
SENSAÇÃO PERCEPÇÃO▶ ▶ ▶
Figura 4 - Sensação e percepção. Fonte: Adaptado de C.P.E.P.A Miguel Hernández (2010).
O processo sensorial, tal como mostra a � gura 4, só implica a detecção e discriminação 
da estimulação através dos órgãos dos sentidos. Já o processo perceptual requer a interpretação 
do organismo de uma ou várias sensações. Por exemplo, vamos imaginar uma pessoa que quando 
criança teve um cachorro Doberman e tinha muito carinho pelo animal. Agora, pense em outra 
pessoa que quando jovem foi atacada por um cachorro da mesma raça. Suponhamos que anos 
mais tarde, essas duas pessoas caminham juntas e se encontram com um cachorro Doberman. A 
sensação é a mesma para os dois (ver o cachorro), mas a percepção é muito diferente, para um, os 
sentimentos são positivos, enquanto para o outro, é de temor. Portanto, a mesma sensação para 
duas pessoas pode provocar percepções diferentes.
Existem fatores que podem interferir na percepção, de acordo com Gazzaniga e Heatherton 
(2007):
- Características dos estímulos que condicionam nossa capacidade perceptiva;
- Intensidade de um estímulo pode captar nossa atenção e desviá-la do que estamos 
fazendo.
- Repetição.
- Tamanho, os objetos grandes atraem nossa atenção com maior probabilidade que os 
objetos pe- quenos.
- A experiência previa, quando acontece não é simplesmente um conjunto de qualidades, 
senão um objeto de eventos que têm signi� cado para nós.
- A atenção.
- A cultura que exerce um papel fundamental na percepção, pois nos ensina a perceber 
(atitudes, valores e etc.).
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Diferentes teorias foram propostas ao longo da história para explicar os mecanismos da 
percepção. As teorias mais conhecidas são de Morris e Maisto (2013):
a. O associacionismo é um enfoque ligado à escola de pensamento psicológico do 
estruturalismo.
b. A gestalt é oposta ao associacionismo. Para os psicólogos da gestalt, o todo não pode 
ser entendido pela soma dos elementos que o compõem, mas pela sua forma ou estrutura.
Ainda continuando com os mesmos autores, pode-se dizer que foram os gestaltistas que 
se aprofundaram no estudo da percepção e formularam uma série de princípios, principalmente 
sobre fenômenos visuais, que descrevem como o cérebro organiza as sensações em um todo 
signi� cativo. Alguns desses princípios são:
- Relação � gura e fundo. Dividir as impres- sões visuais em � gura e fundo é fundamental 
na organização das percepções visuais. A � gura possui uma forma e contorno de� nido e se percebe 
mais próxima ao indivíduo que o fundo. A � gura, pelo contrário, carece de contornos precisos e 
se percebe menos nítida. Existem � guras ambíguas que admitem diversas interpretações.
- Leis de agrupação de estímulos. Essa lei mostra a forma que agrupamos oselementos 
da informação visual que recebemos. Nossas percepções tendem por um lado a fazer com que 
a forma se organize de tal modo que a � gura percebida seja o mais simples possível, por outro, 
tendemos necessariamente a perceber a � gura da forma mais de� nida possível. As leis que fazem 
parte dessa categoria são a lei da proximidade, lei da continuidade, lei da semelhança e lei do 
contraste.
8 - ATENÇÃO
Estudar a atenção signi� ca entender a for- ma como o cérebro escolhe determinados 
estímulos sensoriais, considerando aqueles que vai descartar e os que vai processar.
Um dos aspectos que di� cultam o estudo da atenção é a existência de uma variedade de 
de� nições, que causam uma di� culdade em entendê-la. No presente material vamos nos centrar 
na de� nição de Luria (1979). Segundo este autor, a atenção consiste em um processo seletivo 
da informação necessária, a consolidação dos programas de ação elegíveis e a manutenção do 
controle permanente sobre o curso dos mesmos. Sendo assim, a atenção pode ser de duas formas:
O acesso a informação é fornecido por meio das sensações, cabe a percepção 
realizar a interpretação dessas sensações no cérebro.
 
PENSE NISSO! Por que duas pessoas podem ter as mesmas sensações e percep-
ções diferentes?
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- Atenção involuntária é o tipo de atenção produzida por um estímulo intenso, novo ou 
interessante para o indivíduo; equivale ao re� exo de orientação.
- Atenção voluntária implica concentração e controle, está relacionada à vontade e 
consiste na seleção de uns estímulos independentemente de outros.
Ainda de acordo com o mesmo autor, as características mais importantes da atenção 
são:
- Amplitude se refere tanto à quantidade de informação que uma pessoa pode se ater ao 
mesmo tempo.
- Seleção se refere ao tipo de estímulos ou de tarefas.
- Intensidade se refere à quantidade de atenção que damos a um objeto ou tarefa. Está 
diretamente relacionada com o nível de alerta e vigilância e não é constante.
- Oscilamento se refere à contínua mudança que realiza a atenção quando o indivíduo 
tem que se ater a diferentes tarefas ou processar dois ou mais tipos de informação ao 
mesmo tempo.
Sobre a sua classi� cação, ou seja, os tipos de atenção Morris e Maisto, (2013) destacam:
- Atenção externa e atenção interna.
- Atenção aberta e atenção fechada.
- Atenção voluntária e atenção involuntária.
- Atenção visual e atenção auditiva.
- Atenção seletiva.
Segundo Gazzaniga e Heatherton (2007), as teorias e modelos explicativos da atenção 
mais consolidados aparecem a partir da segunda meta- de do século XX. Alguns deles são:
a. Modelo de � ltro. Esse tipo de modelo se baseia na consideração da atenção como 
um mecanismo de seleção da informação e na necessidade de um � ltro que regule a 
entrada da informação (modelo de Broadbent, modelo de Treisman e modelo de Deutsch 
e Deutsch);
b. Modelo de recursos atencionais. Esse tipo de modelo se refere à capacidade limitada 
dos mecanismos atencionais, quando o indivíduo tem que atender a mais de uma tarefa.
c. Modelo de atenção visual. A partir da década de 80, a maior parte dos pesquisadores 
da atenção se interessaram mais pela modalidade de atenção visual do que pela auditiva.
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d. Modelo conexionista. Está fundamentado na teoria da inteligência arti� cial na 
simulação do funcionamento das redes conexionistas. Desde essa perspectiva, o modelo 
mais relevante do mecanismo atencional é o desenvolvido por Phaf et al., (1990) conhecido 
como SLAM (Selective Attention Model), que trata da simulação desde uma perspectiva 
conexionista da execução de tarefas de atenção visual.
e. Neurociência cognitiva. Hoje, a neurociência cognitiva estuda os fundamentos 
neurobiológicos da cognição humana. Os avanços técnicos e metodológicos desenvolvidos 
desde essas disciplinas, esclarecem a natureza do mecanismo atencional.
9 - MEMÓRIA
A memória é uma das capacidades mentais mais importantes que possui o ser humano. 
Quase todas as decisões que se tomam ao longo do dia estão baseadas na memória. Se não 
tivéssemos memória seriamos incapazes de perceber, aprender ou pensar ou ter lembranças. 
Assim, seria muito difícil sobreviver em um mundo em constante mudança (NOLEN HOEKSEMA 
et al., 2009).
Ainda de acordo com os mesmos autores, para estudar a memória, o modelo mais 
conhecido é o do processamento da informação, tal processo é semelhante à forma de um 
computador que codi� ca, armazena e recupera os dados, considerando os demais fatores sociais, 
emocionais e biológicos. Nesse sentido, a memória pode ser de� nida como o processo pelo qual 
somos capazes de recuperar a informação que previamente foi registrada no nosso cérebro.
Nossos sentidos são bombardeados por muita informação, as quais podemos processar, 
sendo que a primeira etapa do processamento da informação, implica a seleção da parte do 
material para pensar nele e lembrar. Uma vez selecionado o material (percepção e atenção), 
ocorrem três operações básicas: a codi� cação, o armazenamento, e a recuperação, ou seja, 
recolher informação, guardá- la de forma organizada e recuperá-la quando seja necessário.
A atenção consiste em um processo seletivo da informação necessária.
PENSE NISSO! Como o cérebro escolhe determinados estímulos sensoriais que 
vai descartar e os que vai processar?
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- Codi� cação. Por meio da atenção, selecionamos parte da informação para seu processo 
posterior. Dessa forma, a informação selecionada � ca registrada como uma representação 
mental. No entanto, essa codi� cação nunca é neutra, pois interpretamos a informação de 
acordo com nossas ideias sobre o mundo.
- Armazenamento. Após a codi� cação da informação, o próximo passo é retê-la na 
memória para sua utilização posterior.
- Recuperação. É a forma de acessar a informação armazenada na memória.
Os psicólogos cognitivos tentaram responder à pergunta, Quais as estruturas que permitem 
que as lembranças sejam armazenadas? E, a partir disso, várias teorias foram desenvolvidas 
(DAVIDOFF, 2001; GAZZANIGA; HEATHERTON 2007; MORRIS; MAISTO, 2013).
Nesta unidade vamos nos centrar na teoria multi-armazens (NOLEN HOEKSEMA et al., 
2009):
9.1. Memória sensorial (MS).
A informação procedente do meio (imagens, sons, sabores, cheiros e textura dos objetos), 
está localizada no primeiro armazém, a memória sensorial tem três características principais: 
o armazenamento sensorial, que contém toda a informação do meio, capturada pelos órgãos 
do sentido, ela é geralmente muito fugaz e desaparece rapidamente, sendo substituída por 
outra nova. Ou seja, a informação nesse primeiro armazém, vai sendo perdida com o passar do 
tempo. No entanto, a pequena parte de informação que recebe atenção é transferida ao segundo 
componente essencial do sistema, que é o armazenamento a curto prazo.
9.2. Memória a curto prazo (MCP).
Parte da informação captada pela memória sensorial passa ao segundo sistema, que é 
a memória a curto prazo, onde ocorre uma elaboração mais complexa dos dados sensoriais, 
a informação é organizada, analisada e interpretada. Nesse procedimento ocorrem quatro 
características principais:
- A informação armazenada na memória a curto prazo é de que o indivíduo é consciente, 
ela é facilmente acessível e constitui a base de tomada de decisões ou da realização de uma 
tarefa em questão de segundos;
- A informação da memória a curto prazo se perderá em aproximadamente 20 segundos;
- A memória a curto prazo não pode conter um número ilimitado de elementos, segundo 
a teoria somente pode reter 7 itens ou unidades de informação não signi� cativas, tais 
unidadessão pacotes de informação (letras, palavras, números, imagens e frases), mas 
sempre agrupadas com um máximo de 7 blocos.
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9.3. Memória a longo prazo (MLP).
Neste armazém a informação � ca registrada de forma permanente, mesmo que às vezes 
seja difícil recuperá-la. Assim como a memória a curto prazo, a de longo prazo também possui 
características fundamentais:
- A informação é introduzida através de vários tipos de operações desde a memória a curto 
prazo, tais como a repetição. A repetição alonga o tempo durante o qual a informação se 
mantém na MCP, mas para fazer com que passe a MLP é necessário que tal informação 
seja elaborada e organiza- da.
- O tamanho da memória a longo prazo é ilimitado.
- A informação do armazenamento a longo prazo é adquirida através do processo de 
recuperação e volta a ser situada na MCP, onde pode ser manipulada e utilizada para 
desempenhar a tarefa do momento.
Dentro da MLP podemos encontrar diferentes tipos de lembrança tais como: a Memória 
Episódica, que armazena lembranças pessoais de eventos experimentados em um lugar e 
momento especí� co (como a sensação de retroceder no tempo); a Memória Semântica se parece 
a um dicionário ou enciclopédia, cheia de fatos e conceitos, tais como o signi� cado da palavra 
empatia, ou a localização de Nápoles ou ainda quem foi Cristovão Colombo, etc. Permite-nos 
elaborar abstrações, relacionar conceitos, etc.; a Memória procedimental formada por hábitos e 
habilidades motoras; e a Memória emocional, que compreende respostas emocionais aprendidas 
(nossos amores e ódios, medos racionais e irracionais, sentimentos de ansiedade, vergonha, etc.).
Tudo o que aprendemos é registrado pelo cérebro e produz mudanças no tamanho, forma, 
funcionamento químico e conexão entre os neurônios. Desde o século XIX, houve tentativa de 
localizar no cérebro a área onde está localizada a memória, no entanto, algumas pesquisas recentes 
mostram que não existe uma única região que se corresponda exatamente com o armazém da 
memória.
Sendo assim, o processo de memorização interconecta diversas áreas:
- A memória a curto prazo parece que está localizada no córtex pré-frontal e no lobo 
temporal;
- A memória semântica está localizada nos lobos frontais e temporal do córtex;
 
- A memória episódica também está localizada nos lobos frontais, mesmo que esteja 
situada em partes diferentes destas estruturas;
- A memória procedimental parece que está localizada no cerebelo e no córtex motor;
- O hipocampo está vinculado com a memória episódica e com a transferência de dados 
desde a memória a curto prazo.
- A amídala se relaciona com a memória emocional;
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Figura 5 - Esquema da estrutura da memória. Fonte: autora
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A memória é uma das capacidades mentais mais importantes que possui o ser 
humano. Quase todas as decisões que se tomam ao longo do dia estão baseadas 
na memória.
 
PENSE NISSO! Por que certa informação capta a nossa atenção enquanto outra 
fi ca de lado?
Memória 
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B 5 I & l i s t = P L z 9 Y P n V w C g D k k H Z Y N z f _
SxIXJYyS2ZqYU&index=40
Como sua memória operacional percebe o mundo 
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h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=UWKvpFZJwcE&list=PLOGi5-fAu8bGhN49N
MZF0C_3HPCREDHx_&index=1
Daniel Kahneman: O enigma da experiência 
x memória 
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h t tps : //www.youtube .com/watch?v=XgRl rB l -
7Yg&list=PLOGi5-fAu8bGhN49NMZF0C_3HPCREDHx_
&index=7
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U N I D A D E
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 32
1 - CONDICIONAMENTO CLÁSSICO OU PAVLOVIANO ....................................................................................... 33
2 - CONDICIONAMENTO OPERANTE OU INSTRUMENTAL ............................................................................... 36
3 - APRENDIZAGEM COGNITIVA ............................................................................................................................ 38
4 - APRENDIZAGEM POR OBSERVAÇÃO OU VICÁRIA ........................................................................................ 39
5 - MOTIVAÇÃO ....................................................................................................................................................... 40
5.1. TEORIA DO IMPULSO (CLARK HULL) ............................................................................................................. 41
5.2. TEORIA HUMANISTA (ABRAHAM MASLOW) ............................................................................................... 42
5.3. TEORIA COGNITIVA ......................................................................................................................................... 42
5.4. A ATRIBUIÇÃO DE FRITZ HEIDER ................................................................................................................... 43
5.5. A TEORIA DE BERNARD WEINER .................................................................................................................. 43
APRENDIZAGEM, MOTIVAÇÃO, EMOÇÃO, 
ESTRESSE E COPING
PROF.A DRA. CONSTANZA PUJALS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
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6 - EMOÇÃO ............................................................................................................................................................. 43
7 - BASES NEUROFISIOLÓGICAS DA EMOÇÃO .................................................................................................... 44
8 - TEORIAS DA EMOÇÃO ....................................................................................................................................... 45
8.1. TEORIA DE W. JAMES – K. LANGE ................................................................................................................. 46
8.2. TEORIA DE W. CANNON-P. BARD ................................................................................................................... 46
8.3. TEORIA BIFATORIAL DAS EMOÇÕES (S.SCHACHTER- J.SINGER) ............................................................. 46
9 - ESTRESSE .......................................................................................................................................................... 47
10 - COPING OU ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DO ESTRESSE ............................................................ 49
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INTRODUÇÃO
O elemento comum da unidade 2 é a aprendizagem. Mesmo que a maioria das pessoas 
associe a aprendizagem com as aulas e com o estudar para as provas, a de� nição dos psicólogos 
é mais ampla. Nesta unidade 2, trataremos de vários tipos de aprendizagens, tais como, o 
condicionamento clássico, o condicionamento operante ou instrumental, a aprendizagem 
cognitiva e a aprendizagem por observação. 
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1 - CONDICIONAMENTO CLÁSSICO OU PAVLOVIANO 
Quando ouvimos a palavra aprendizagem, a maioria de nós pensa no estudo e na escola. 
Pensamos em disciplinas ou habilidades que tentamos dominar, como matemática, inglês, 
química ou karatê. Todavia, a aprendizagem não se limita à escola. Aprendemos todos os dias de 
nossa vida e nem sempre é intencional. 
A aprendizagem, segundo Moreira e Medeiros (2007), é o processomediante o qual a 
experiência causa uma mudança permanente no conhecimento ou comportamento do organismo. 
Essa de� nição se baseia na teoria comportamental.
 A mudança pode ser voluntária ou involuntária, para melhorar ou não. Para que a 
aprendizagem seja de� nida como tal, destaca-se que a mudança que ocorre no organismo deve 
ser produto da experiência da interação de uma pessoa com seu entorno. Aquelas mudanças que 
acontecem por causa do amadurecimento, resultados de doença, fadiga ou fome não se incluem 
na de� nição geral de aprendizagem. 
 
PRINCÍPIOS DA TEORIA DO COMPORTAMENTO
Os princípios fundamentais das teorias do comportamento podem ser resumidos da 
seguinte forma:
• O comportamento é regido por leis e está sujeito às variáveis ambientais;
• O comportamento é um fenômeno observável e mensurável;
• Os comportamentos desadaptados são adquiridos através da aprendizagem e podem ser 
modi� cados pelos princípios da aprendizagem;
• A teoria comportamental está focalizada no aqui e agora.
TIPOS DE APRENDIZAGEM NA TEORIA DO COMPORTAMENTO
Partimos da base, como mencionado anteriormente, que a aprendizagem é a mudança 
permanente do comportamento. Tais mudanças devem ser observáveis e objetivas, portanto, 
devem poder ser mensuráveis. Alguns dos processos que explicam a aprendizagem na teoria do 
comportamento são:
• Condicionamento clássico ou pavloviano;
• Condicionamento operante ou instrumental;
• Aprendizagem cognitiva;
• Aprendizagem por observação.
CONDICIONAMENTO CLÁSSICO OU PAVLOVIANO
De acordo com Catania (1999), as origens da teoria comportamental da aprendizagem 
estão nos estudos do � siologista russo Ivan Pavlov (1849-1936), que com animais, descobriu 
por acidente o condicionamento clássico. Pode-se dizer que esses experimentos permitiram 
descobrir muitos princípios da aprendizagem, princípios da relação estímulo e resposta, que mais 
tarde foram a base do condicionamento clássico ou pavloviano para modi� car o comportamento 
humano. 
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Ivan Pavlov, em seu laboratório, enquanto media a quantidade de saliva produzida por 
seus cachorros ao receber comida, percebeu que eles salivavam somente quando viam a comida 
ou escutavam o som de seus passos (SCHULTZ; SCHULTZ, 2007). Esse fato produziu uma 
pergunta em Pavlov, como os cachorros aprenderam a salivar frente a visões e sons? 
Ainda de acordo com os mesmos autores, para responder a essa pergunta, Pavlov tocou 
uma campainha, momento antes de apresentar a comida ao seu cachorro. Geralmente, o som de 
uma campainha não faz o cachorro salivar, mas o cachorro de Pavlov começou a salivar enquanto 
a campainha tocava, ou seja, depois de escutá-la várias vezes antes de obter comida. Era como 
se tivesse aprendido que o som da campainha indicava a aparição da comida e a boca enchia de 
saliva frente a esse sinal, inclusive, mesmo que não se apresentasse a comida. Esse cachorro havia 
aprendido um re� exo, o de salivar em resposta a um novo estímulo. 
O estímulo incondicionado (EI) é um evento que provoca de maneira automática uma 
reação re� exa que é a resposta incondicionada (RI). Nos estudos de Pavlov, a comida na boca 
era o estímulo incondicionado e a salivação era a resposta incondicionada. O terceiro elemento 
do condicionamento clássico é o estímulo condicionado (EC), um evento que se emparelha de 
maneira repetida e consistente com o estímulo incondicionado. Pavlov utilizou o som de uma 
campainha como estímulo condicionado. No princípio, o estímulo condicionado não provocava a 
resposta desejada, mas, logo ao ser emparelhado repetidas vezes com o estímulo incondicionado, 
chega um momento em que é capaz de desencadear por si só, uma reação similar à resposta 
incondicionada. Essa reação aprendida é a resposta condicionada (RC). O condicionamento 
clássico foi demonstrado em quase todas as espécies animais, inclusive em baratas, abelhas e 
ovelhas (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Possivelmente, você sem perceber já condicionou 
algum mascote seu.
Outro autor importante que utilizou as descobertas de Ivan Pavlov, e já foi estudado na 
unidade 1, é John Watson, fundador da escola Behaviorista, segundo Schultz e Schultz (2007). 
Em 1920, Watson quis comprovar o experimento do condicionamento clássico no estudo das 
emoções. Seu objetivo era veri� car se através deste tipo de condicionamento, um ser humano 
poderia aprender emoções. Nesse caso, ele queria estudar se um bebê entre 9 e 10 meses poderia 
aprender a sentir medo de algo que inicialmente não apresentava ameaça. 
Esse experimento � cou conhecido como o “pequeno Albert”. O bebê Albert gostava 
de bonecos pequenos e peludos, como ratos brancos. No entanto, Watson queria mudar essa 
preferência. Inicialmente, Watson deixou que o bebê brincasse com um rato branco. Logo, 
segundos mais tarde, Watson se aproximou do bebê e sem que este o visse, fez um barulho 
muito forte com um martelo de metal, gerando um som ensurdecedor, que o pequeno Albert se 
assustou e começou a chorar. Depois de várias vezes feito esse tipo de emparelhamento da rata 
(EI), o pequeno Albert mostrou uma RC (choro) ante a presença do rato. Esse fato indicou que o 
rato se havia convertido em um EC. Após uns dias, quando Watson expôs o bebê Albert ao rato 
branco, a resposta condicionada continuou presente (MILLENSON, 1967). 
O condicionamento clássico identi� cou outros tipos de processos como podem ser a 
generalização, a discriminação e a extinção. 
Segundo Moreira e Medeiro (2007), os cachorros de Pavlov depois do experimento, 
aprenderam a salivar em presença do som da campainha, mas também começaram a salivar 
quando sons parecidos eram apresentados. Esse processo é conhecido como generalização, porque 
a resposta condicionada de salivar foi generalizada, isso quer dizer que ela ocorre na presença 
de estímulos similares. Outro processo é a discriminação, que também pode ser aprendida, e se 
refere a aprender a responder ante um determinado estímulo especí� co e não aos outros. No caso 
dos cachorros, eles respondem a sons de buzina, campainha, mas não ao som de um apito. 
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Por último, está a extinção que ocorre frente a uma resposta já condicionada. Voltando ao 
experimento dos cachorros, o estímulo condicionado (som) se apresenta repetidas vezes, mas não 
é seguido pelo estímulo incondicionado (alimento), o que ocasiona que a resposta condicionada 
(salivação) desapareça de forma gradual e � nalmente se extinga, ou seja, desapareça por completo.
Sem o condicionamento clássico não poderíamos desenvolver associações � siológicas 
frente a estímulos que indicam acontecimentos biológicos importantes, como o querer comer 
ou fazer com que outros gostem da gente. Muitas das respostas � siológicas que mostramos no 
condicionamento clássico contribuem para nossa sobrevivência, como por exemplo, a conexão 
entre o som da buzina de um carro e o risco de ser atropelado. A salivação, por exemplo, nos 
ajuda a digerir a comida. Sendo assim, pode-se dizer que o condicionamento clássico é aplicado a 
diferentes aspectos da vida cotidiana, como por exemplo, a publicidade (SCHULTZ; SCHULTZ, 
2007).
Os pro� ssionais da propaganda e marketing utilizam muito o condicionamento clássico. 
Eles associam repetidamente o aspecto e os sons de um produto com fotogra� as de beleza de 
grande atração, ou seja, pretendem estabelecer conexões de condicionamento clássico entre suas 
marcas e as sensações positivas. E eles o fazem por uma boa razão, porque funciona!
A aprendizagem é o processo mediante o qual a experiência causa uma mudança 
permanente no conhecimento ou comportamento do organismo.
 
PENSE NISSO! Você concorda com que tudo pode ser aprendido?
Filme: Laranja Mecânica
Condicionamento Clássico ou Pavloviano. 
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2 - CONDICIONAMENTO OPERANTE OU 
INSTRUMENTAL 
No início do século XX, enquanto Pavlov estava ocupado com seus cachorros, o psicólogo 
americano Edward Lee � orndike (1874-1949) testava o que denominou de caixa problema para 
estudar a forma em que os gatos aprendem.
De acordo com Catania (1999), � orndike trancava um gato faminto na caixa problema 
e colocava comida fora da mesma. Para obter a comida, o gato teria que averiguar como abrir o 
trinco da porta da caixa, um processo que � orndike cronometrou. No começo, o gato demorava 
para descobrir como abrir a porta, mas em cada tentativa o tempo diminuía, até que no � nal 
podia escapar da caixa quase que imediatamente. � orndike foi um pioneiro no estudo do tipo 
de aprendizagem que envolve emitir certa resposta, devido às consequências que implicam.
� orndike denominou esse processo como lei do efeito (1911), o qual explicava que se 
as ações são acompanhadas ou seguidas de uma experiência agradável, o animal relacionará tal 
execução com a satisfação obtida e estará mais propenso a executar as mesmas ações quando se 
deparar a uma situação similar. Desse modo, se as ações do animal chegam a vincular-se com 
uma experiência desagradável, o animal não as repetirá. 
Burrhus Federic, Skinner (1904-1990) desenvolveu um procedimento padronizado para 
o estudo das respostas de outro condicionamento que denominou operante ou instrumental, e 
que pode ser aplicado tanto às pessoas como a animais (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Muitos 
comportamentos humanos são operantes e não respondentes. Skinner se interessou principalmente 
pela maneira como o comportamento afeta o ambiente para produzir consequências e como 
uma consequência favorável, o reforço, produz um incremento na probabilidade de que um 
comportamento volte a ocorrer. Skinner mantém que o reforço é o elemento fundamental de 
controle do comportamento (SKINNER, 2000). Ainda de acordo com o mesmo autor, pode-
se dizer que existem dois tipos básicos de reforço: o positivo e o negativo. Os reforçadores 
positivos são estímulos agradáveis que aumentam as probabilidades de uma resposta quando 
se apresentam em uma determinada situação. Alguns exemplos podem ser a comida, a água, o 
contato sexual entre muitos outros. Os reforçadores negativos são estímulos desagradáveis, cuja 
supressão aumenta a probabilidade da resposta. Alguns exemplos que podem ser citados são som 
forte, luz potente ou uma descarga elétrica. Em qualquer caso, o efeito do esforço é o mesmo, 
capaz de aumentar a probabilidade de resposta. 
Não se deve confundir reforçamento negativo com o castigo ou punição, porque o 
reforçamento se dá como resultado à probabilidade de que um comportamento dado ocorra 
mais frequentemente enquanto o castigo é administrado para conseguir que um comportamento 
ocorra com menos frequência. 
Os reforçadores podem ser primários ou secundários. Os primários são importantes 
biologicamente, como a comida, a água, o sexo ou as situações nocivas. Os reforçadores secundários 
são aprendidos: chegam a ser reforçantes somente pela associação com os reforçadores primários. 
Nessa categoria podemos incluir o dinheiro, as notas escolares e o elogio.
Sobre o castigo ou a punição, segundo Catania (1999), se refere a um choque, a uma 
bronca, à retirada de comida de uma pomba ou à liberdade de um preso. Os dois primeiros 
tipos de castigo descritos representam a apresentação de um estímulo que é desagradável para 
o organismo, por outro lado, os outros exemplos representam a retirada de um estímulo que é 
agradável. 
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A de� nição do castigo é um evento que quando administrado imediatamente após 
a resposta do organismo, diminui a probabilidade de que essa resposta ocorra novamente 
(SKINNER, 2000). 
Na sociedade, as pessoas preferem castigar a recompensar, mesmo que o ato de castigar 
seja um comportamento desaprovado por elas.
Observem os efeitos dos procedimentos sobre o comportamento na tabela 1.
Tabela 1: Resumo dos efeitos sobre o comportamento. Fonte: autora.
Devemos enfatizar que o castigo é diferente do reforçamento negativo. O castigo tem 
o propósito de reduzir a resposta do organismo. Administrar descargas elétricas a um animal, 
cada vez que aperta uma tecla fará com que deixe de apertá-la. Em outros casos, o castigo não 
parece ser muito efetivo, por exemplo, os ladrões que foram presos por roubo, quando saem, 
compõem uma porcentagem, daqueles que voltam a roubar (MILLENSON, 1967). Então, por 
que o castigo parece ser que às vezes funciona e outras vezes não? E inclusive quando funciona, por 
que tem tantos inconvenientes, fazendo com que a maioria dos pesquisadores comportamentais 
e autoridades em educação infantil, aconselhem que seja uma segunda opção atrás do reforço?
O castigo funciona frequentemente de forma imediatista na situação determinada, 
segundo Skinner (2000). Contudo, seu efeito a longo prazo é questionável. 
REFORÇO POSITIVO
REFORÇO NEGATIVO
CASTIGO/PUNIÇÃO POSITIVO
CASTIGO/PUNIÇÃO NEGATIVO
Apresentar um estímulo 
agradável
Retira um estímulo desagradável
Apresentar um estímulo 
desagradável
Retirar um estímulo agradável
PROCEDIMENTO EFEITO SOBRE O COMPORTAMENTO
Aumenta a probabilidade de o 
comportamento voltar a ocorrer
Aumenta a probabilidade de o 
comportamento voltar a ocorrer
Diminui a probabilidade de o 
comportamento voltar a ocorrer
Diminui a probabilidade de o 
comportamento voltar a ocorrer
B.F. Skinner 
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Condicionamento operante 
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Muitos comportamentos humanos são operantes e não respondentes.
 
PENSE NISSO! Em que se diferenciam os condicionamentos operante e clássico? 
O tipo de aprendizagem que não é evidente porque ainda não foi demonstrado que 
ocorreu pelo indivíduo.
 
PENSE NISSO! Qual a relação entre mapa cognitivo e aprendizagem latente?
3 - APRENDIZAGEM COGNITIVA
Alguns psicólogos insistem em a� rmar que o condicionamento clássico e o 
condicionamento operante são os únicos tipos de aprendizagem que podem ser considerados 
no estudo cienti� co, porque podem ser observados e medidos. Mas outros, sustentam a ideia de 
que as atividades mentais são cruciais para a aprendizagem e por isso, não podem ser ignoradas. 
Nesse sentido, a aprendizagem cognitiva é de� nida como os processos mentais que operam em 
nosso interior quando aprendemos. Mesmo que seja impossível observar e medir diretamente a 
aprendizagem cognitiva, é possível inferi-la a partir do comportamento, o que a converte em um 
tema legítimo para o estudo cientí� co.
Segundo Schultz e Schultz (2007), o interesse pela aprendizagem cognitiva começou 
pouco depois do trabalho inicial sobre o condicionamento clássico e operante. Na década de 1930, 
Edward Tolman (1886-1959), considerado como um dos pioneiros no estudo da aprendizagem 
cognitiva defendia que não é necessário exibir a aprendizagem para que esta tenha ocorrido. 
Esse autor suspeitava que o reforço não era o único fator determinante da aprendizagem. 
Aprendemos muitas coisas sem demonstrá-lo. Em outras palavras, existe uma diferença crucial 
entre competência (o que sabemos) e rendimento (demonstrar o que sabemos). Mas por que 
é importante essa diferença? Porque implica em a� rmar que o reforço não é necessário para 
aprender (CATANIA, 1999).
O tipo de aprendizagem que não é evidente, porque ainda não foi demonstrado que 
ocorreu pelo indivíduo, Tolman o denominou, aprendizagem latente. 
 Desde a época de Tolman, muito tem se estudado sobre a natureza da aprendizagem 
latente, em relação à distribuição e às relações espaciais.

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