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DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES Angélica Ferreira Rosa 1ª Edição, 2022 EAD Reitor e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Martin Kuhn Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-reitor de graduação: Afonso Cardoso Ligório Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-reitor de educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Henrique Melo Gonçalves Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil: Carlos Alberto Ferri Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener Educação Adventista a Distância Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Esp. Telson Vargas Editor-chefe: Rodrigo Follis Gerente administrativo: Bruno Sales Ferreira Editor associado: Werter Gouveia Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões Editora Universitária Adventista Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos Presidente Mantenedora Unasp (IAE): Maurício Lima 1ª Edição, 2022 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES Editora Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Angélica Ferreira Rosa Doutora em Direito pela UFPR Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020. 1 Mb ; PDF ISBN 978-85-8463-172-8 1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título. 20-33026 CDD-370.113 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370) Direito das Organizações 1ª edição – 2022 e-book (pdf) OP 00123_024 Coordenação editorial: Luciana Lima Conteudista: Angélica Ferreira Rosa Preparador: Adriane Rodrigues Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa e Diagramação: William Nunes Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Editora Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Carlos Alexandre Hees Pós Doutor em Direito pela Universidade de Coimbra - Portugal. Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO INTRODUÇÃO AO DIREITO ORGANIZACIONAL ........ 7 Introdução .........................................................................................8 Introdução ao estudo do direito .......................................................9 A constituição federal ......................................................................15 Conciliação, mediação e arbitragem ...............................................21 Políticas de inclusão .........................................................................38 Considerações finais.........................................................................47 Referências .......................................................................................50 - Compreender os fundamentos legais para o direito público e privado indicados na Constituição Federal (CF); - Identificar os elementos para o estudo do direito civil e de empresa, do direito do consumidor, do direito do trabalho, da seguridade social e do direito tributário; - Dominar os conceitos indispensáveis a introdução do direito organizacional; - Aplicar a conciliação, a mediação e a arbitragem como alternativas para a resolução de questões empresariais; - Relacionar as políticas afirmativas de inclusão com as práticas administrativas organizacionais. INTRODUÇÃO AO DIREITO ORGANIZACIONAL UNIDADE 1 OB JE TI VO S 8 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES INTRODUÇÃO O direito organizacional é um assunto indispensável para a compreensão de todo o funcionamento de uma empresa, por isso, partiremos da análise dos dois ramos centrais do direito organizacional: público e privado. Estudaremos também a CF (BRASIL, 1988), que apresenta as diretrizes necessárias para o entendimento de todo o direito organizacional; ela estabelece normas que tipificam a criação das marcas, nomes, a própria exploração da atividade econômica e o interesse coletivo e o tratamento diferenciado dado às micros e pequenas empresas em relação às tributações e incentivos e as diretrizes das políticas de afirmação e inclusão nas empresas. As organizações ainda apresentam aspectos práticos que advêm da atuação diária dos gestores, funcionários e empresários, e em prol de se resolver eventuais conflitos tem- se a conciliação e a arbitragem. Como pudemos depreender desta introdução, no direito organizacional há ramos que se comunicam e que estão relacionados com o direito constitucional. Desse modo, o objetivo deste material é que o leitor entenda: • a ramificação do direito público e privado; 9 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl • uma breve introdução ao direito civil, de empresa, do consumidor, do trabalho, da seguridade social e tributário; • a CF (BRASIL, 1988) com diretrizes para todos os assuntos que são partes integrantes do direito organizacional; • as políticas afirmativas de inclusão nas organizações; • os aspectos práticos do direito organizacional; • o uso dos métodos alternativos de resolução de conflitos como meios mais efetivos e assertivos nas resoluções dos conflitos. Bom estudo! INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Quando se estuda o direito organizacional é relevante a compreensão da sua relação com diversos assuntos, como o direito constitucional, ramo do direito público que influencia todos os demais, o direito civil e de empresa, o direito do 10 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES consumidor, o direito do trabalho, da seguridade social e o direito tributário. Desse modo, para uma análise mais profícua, torna-se indispensável compreender todo o direito, por isso, a abordagem se iniciará com a introdução ao estudo do direito, essa introdução estabelece os conceitos e as considerações básicas para a compreensão geral do direito. Desse modo, vamos começar pela própria conceituação da terminologia, em razão do termo “direito” possuir várias conceituações e significados, desde aqueles advindos do dicionário, como também os que variam de acordo com o contexto econômico, social e político de cada época. O termo direito, nos dizeres de Justen Filho (2021), pode ser considerado como algo subjetivo que é vinculado ao indivíduo, algo objetivo que existe independentemente das pessoas. Ainda de uma maneira geral o vocábulo “lei” é considerado como parte constitutiva do direito, assim como a mesma palavra relaciona o mundo físico-químico, que apresenta diversos sentidos e aplicação em vários fenômenos. De acordo com o mesmo doutrinador, apesar da palavra “direito” e “lei” integrarem o vocabulário cotidiano de todos, mesmo que algumas vezes utilizadas como sinônimos, o significado de ambos os termos é diferente. A terminologia sempre precisa ser analisada de acordo com um determinado 11 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl contexto, pois pode possuir vários significados. Ao considerarmos o termo direito como ciência, tem-se a primeira grande divisão em direito público e direito privado, ressalva-se que há correntes quequestionam tal divisão. De início é importante constar que o direito público encontra disposição expressa no direito romano, segundo Justen Filho (2021). Em Roma ele era relacionado à comunidade e à condução das questões que envolviam o interesse comum, mas a principal estrutura do direito romano era o direito privado, o qual se referia às questões dos sujeitos particulares. Ainda, segundo o mesmo doutrinador, pode-se afirmar que o direito público compreende o conjunto de normas jurídicas que disciplinam o exercício das atividades ou das funções públicas por envolver interesses indisponíveis que na maioria dos casos são atribuídos ao Estado, ou seja, o direito público regula toda e qualquer atividade do sujeito quando em exercício da atividade pública, em relação aos meios técnicos jurídicos, o conteúdo e os limites utilizados por eles, mesmo que ele não participe diretamente, como na proteção ao meio ambiente. Infere-se também que até mesmo o tratamento das normas quando tratam do direito público é diferenciado, sendo em alguns casos mais benéficos, mas podendo ser também mais severo, 12 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES quando comparado ao direito privado. Para melhor contextualizar com o direito das organizações, tem-se que assuntos como o direito constitucional, o qual estabelece uma relação de normas gerais de organização dos poderes, de organização do Estado e dos direitos fundamentais, integram o direito público. Com relação ao direito privado, Justen Filho (2021) compreende que essas normas tutelam os interesses disponíveis, os quais são normalmente dos particulares, afinal, elas estão relacionadas com interesses cuja realização depende das escolhas dos titulares, pois de forma geral eles são de titularidade dos sujeitos privados, considerando que os sujeitos possuem as condições de avaliar e executar as soluções mais adequadas visando à satisfação dos próprios interesses já que apresentam autonomia na escolha. O direito privado tem um conjunto de normas que disciplina o exercício das atividades privadas, por isso ele regula as atividades do sujeito quando ele estiver em exercício da atividade privada, em relação aos meios técnicos jurídicos, o conteúdo e os limites utilizados por eles. Com relação ao direito organizacional, ele integra assuntos como o direito empresarial, ramo que disciplina as relações empresariais, tendo também como base a liberdade de estabelecer normas entre as partes, o pacta sun servanda, que representa a obrigatoriedade 13 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl do cumprimento dessas normas, considerando os direitos fundamentais, ressalvando que o Estado só intervém nessas relações para salvaguardar os direitos lesados. Diante disso, tem-se o direito público, como aquele estabelecido pelo próprio Estado, o qual aduz quais são as atividades públicas, ou seja, o conjunto de normas jurídicas que se referem às atividades públicas. Por outro lado, o direito privado é o conjunto de normas jurídicas relativas às atividades privadas, atividades essas que o próprio Estado estabelece como privadas. O direito privado, então, vai disciplinar as relações de interesses entre as pessoas e entre estas e as empresas, as quais estabelecem acordos entre si. Os ramos do direito público são para o direito organizacional, mas além deste tem-se o direito tributário que compreende a apropriação compulsória com a instituição, cobrança e arrecadação O direito privado regula as atividades do sujeito enquanto ele está no exer- cício da atividade privada. Fonte: Shutterstock 14 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES de tributos pelo Estado; a finalidade é adquirir os recursos indispensáveis para a manutenção estatal, proporcionando a redistribuição das riquezas e das atividades sociais, sendo que cada ente federativo tem competência tributária própria, ou seja, há tributos próprios da união, dos estados, dos municípios e do distrito federal (JUSTEN FILHO, 2021). Mas quais são os conteúdos próprios do direito privado que se relacionam com o direito organizacional? São os de direito civil, empresarial e do trabalho. O direito civil, segundo Justen Filho (2021), disciplina sobre os sujeitos, os particulares e as suas obrigações, os direitos reais, o direito de família e o direito de sucessões. Ainda, de acordo com o mesmo doutrinador, o direito empresarial é o ramo do direito privado que trato do exercício das atividades econômicas organizadas, estuda os empresários e suas relações com sócios, terceiros, marcas e patentes, entre outros. Inclusive, relaciona-se com o comercial, o direito do consumidor, econômico e os contratos empresariais. A teoria mais aceita, e que é aqui defendida, trata-se de compreender o direito do trabalho como direito privado, ele então disciplina as relações de trabalho desde que elas estejam exercidas continuamente, remuneradas e com vínculo hierárquico (JUSTEN FILHO, 2021), sendo que há liberdade para o estabelecimento de regras nessa relação, mas também 15 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl normas cogentes, além de que normas trabalhistas disciplinam os direitos e as obrigações dos empregadores e dos trabalhadores para protegê-los. Tecidas tais informações faz-se necessário a ampliação do estudo e discussão no próximo item sobre a Constituição Federal (CF) (BRASIL, 1988), asseverando a importância e o seu papel fundamental quando da compreensão do direito organizacional. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL Segundo Justen Filho (2021), o direito constitucional é o diploma no qual constam as normas e institutos que estão no topo da pirâmide, ou seja, aquelas mais elevadas na hierarquia no ordenamento jurídico, pois são as normas e os institutos relacionados com temas essenciais, tais como os direitos fundamentais. Ressalva-se em relação à hierarquia constitucional que há outras NORMA COGENTE Segundo o site Direito Net, “nor- ma cogente é aquela que cons- trange a quem se aplica, tornan- do seu cumprimento obrigatório de maneira coercitiva”. Disponí- vel em: https://www.direitonet. com.br/dicionario/exibir/910/ Cogente#:~:text=Norma%20 cogente%20%C3%A9%20 aquela%20que,cumprimen- to%20obrigat%C3%B3rio%20 de%20maneira%20coercitiva. Acesso em: 19 jan. 2022. 16 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES normas que também constam em outros documentos, como acontece com o anexo à constituição brasileira conhecido como “Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT”, além de alterações constitucionais presentes nos textos das Emendas Constitucionais, os quais não são integrados no texto constitucional. Agora que já se sabe o que é uma constituição, é importa salientar que o Brasil teve diversas constituições, mas o objeto da presente análise é a Constituição Federal de 1988, conhecida como a mais democrática de todas, mas que, segundo Ferreira Filho (2010), se iniciou com o governo Geisel quando optou por findar o AI-5 (Ato Institucional Número Cinco), o qual estabeleceu poderes extraordinários que ampliava a possibilidade de ação do presidente da República. Segundo o mesmo doutrinador, os ideais democráticos também constam na proteção dos direitos considerados como fundamentais, aqueles que positivam no texto constitucional os direitos humanos que um determinado Estado deve proteger naquele ordenamento jurídico, o objetivo é garantir esses direitos para que eles estabeleçam uma organização que limite o poder e abuso dos governantes. A CF (BRASIL, 1988) disciplinou ainda limitações materiais ao poder de revisão com as cláusulas pétreas, 17 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl elas representam a imutabilidade da constituição em suas regulamentações. Desse modo, pode-se afirmar que são inúmeras as conquistas constitucionais, nos dizeres de Ferreira Filho (2010): as liberdades públicas, constante na primeira geração dos direitos fundamentais; os direitos econômicos e sociais, presentes na segunda geração; e o direito ao meio ambiente e à comunicação,na terceira geração; mas não somente os direitos expressos foram conquistados, como também a possibilidade de se considerar outros implícitos ou derivados dos tratados internacionais. Ainda, de acordo com Ferreira Filho (2010), o texto constitucional inclui os “direitos e as garantias individuais” dentre as limitações materiais ao poder constituinte derivado e estabeleceu novas garantias judiciais, como o mandado de segurança coletivo, o habeas data e o mandado de injunção. Dessa forma, afirma-se a aplicação das normas constitucionais às relações privadas; segundo Brasilino (2019), a CF (BRASIL, 1988) tem sua projeção na ordem civil por intermédio das normas de ordem pública, a qual disciplina tanto o mercado quanto a sociedade em prol de alcançar os objetivos do Estado como também atingir a 18 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES solidariedade entre todos, afinal, os interesses do mercado somente considerados no aspecto do alcance e manutenção dos lucros destoa de uma sociedade mais justa e da finalidade da própria função social da empresa. De acordo com Brasilino (2019), pela força normativa da constituição, a CF (BRASIL, 1988) deixou de ser um programa político, o qual antes era diretamente relacionado à indispensabilidade das normas infraconstitucionais, por isso, pode-se afirmar que houve a aplicação constitucional nas relações privadas, disciplinando inclusive vários outros setores da sociedade, como a ordem econômica. Enfatizando que as normas fundamentais serão sempre aplicadas a todos os ramos, assim como relações, ou seja, tanto nas públicas quanto nas privadas. Buscando exemplificar o contexto acima, o Novo Código de Processo Civil (CPC ou novo CPC), na Lei n.º 13.105, (BRASIL, 2015a, on-line) aduz: “Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste 19 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl Código”, ou seja, o processo civil, que é instrumento para a resolução dos conflitos na seara civil, se pauta em conformidade com os valores e também com as normas fundamentais constitucionais. Outro artigo do mesmo diploma corrobora: “Art. 8º ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência” (BRASIL, 2015a, on-line). A própria CF (BRASIL, 1988, on-line) estabelece no seu Art. 1º o seguinte: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”. No mesmo sentido, o Art. 170 aduz: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios”. A livre iniciativa como consta nos artigos acima permite que todos possam produzir bens e prestar serviços, ou seja, qualquer pessoa pode iniciar uma atividade econômica, mas evidentemente que deve respeitar as normas constitucionais, 20 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES assim como o próprio Art. 170, inc. II, que trata da propriedade privada como direito ao uso, gozo e disposição do bem móvel e/ou imóvel desde que respeitando os dizeres do mesmo artigo no inc. III, que trata da função social da propriedade, a qual o Art. 5.º, inciso XXII, do mesmo diploma corrobora que “a propriedade atenderá a sua função social” (BRASIL, 1988, on-line). Nesse sentido, o Art. 173 do mesmo diploma entende: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (BRASIL, 1988, on-line). Desse modo, a livre iniciativa vista acima está diretamente relacionada com a vedação de condutas que visem dominar os mercados, eliminar a concorrência e aumentar de forma arbitrária os lucros. Considerando essas questões fundamentais, tem-se que de acordo com Brasilino (2019) o Direito privado precisa assegurar o patrimônio mínimo às pessoas, além de que também precisa ser o instrumento de acesso, em consonância com o que está disposto com a CF (BRASIL, 1988), sendo ela a fonte comum de todos os 21 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl outros diplomas, como o direito empresarial, meios alternativos de resolução de conflitos, direito comercial, do trabalho e tributário, ou seja, para o direito das organizações. CONCILIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM Segundo Scavone Jr. (2020), o conciliador é aquele que devolve às partes a possibilidade de solucionar o conflito, sendo que para solucionar o conflito ele aceitará as estipulações feitas pelas partes, pois depende da anuência delas. Desse modo, tem-se que a conciliação é uma técnica de negociação, na qual o Estado, como visto, devolveu às partes a faculdade de negociar os próprios conflitos. A conciliação está prevista no novo CPC (BRASIL, 2015a), mais claramente no Art. 165 do diploma quando aduz que o conciliador atua nas ações que não houver qualquer tipo de vínculo anterior entre as partes. Consta ainda que ele pode sugerir soluções, mas antes mesmo de constar nesse diploma, a conciliação já era tratada pelos juizados especiais como um dos seus basilares no alcance de soluções mais efetivas e céleres, sendo que tanto para o Processo Civil quanto para os juizados especiais em todas as causas a tentativa de conciliação é indispensável. Como pode ser observada da leitura do Art. 334, da CPC: 22 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência (BRASIL, 2015a, on-line). No mesmo sentido, a Lei n.º 9.099 (BRASIL, 1995, on- line), Art. 2º, compreende que: “O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação”. Como pode se compreender pelo entendimento do trecho acima, o processo se orienta sempre que possível pela conciliação, a transação é quando a conciliação ou a mediação atinge o objetivo. Pelo entendimento do Art. 334, do CPC (BRASIL, 2015a), a conciliação pode ser também compulsória, inclusive na modalidade judicial, na qual até mesmo há a determinação da audiência. A mediação pelo CPC (BRASIL, 2015a) compreende no parágrafo único do Art. 1º: “Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial e sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia”. Para Scavone Jr. (2020), o papel desempenhado pelo mediador é de neutralização, pois ela neutraliza as emoções 23 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl das partes, o que facilita as soluções das controversas, mas não intervindo na decisão das partes, sendo utilizada em todos os âmbitos, ou seja, no privado e no público, por exemplo, os conflitos de pensão alimentícia no direito de família que são situações afetivas complexas. Desse modo, tem-se que a mediação também é uma técnica de negociação. Nela as próprias partes vão negociar os seus conflitos, sendo que como visto no CPC (BRASIL, 2015a) o mediador atua de forma preferencial nas açõesque houver o vínculo entre as partes, afinal, o objetivo é reestabelecer o diálogo e permitir que elas mesmas proponham as soluções para os conflitos que estiverem inseridas e quando chegarem a um acordo o mediador será responsável por redigir esse acordo, que deve ser juntado ao processo para que o juiz homologue, mas quando nos casos que envolvem os casos pré-processuais acontecerá pelo juiz coordenador do CEJUSC. Além disso, Scavone Jr. (2020) aduz que as regras determinadas para a conciliação e mediação extrajudicial se aplicam às serventias extrajudiciais, como consta no caput do Art. 42 da Lei n.º 13.140 (BRASIL, 2015b), que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei n.º 9.469 (BRASIL, 24 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES 1997), o Decreto n.º 70.235 (BRASIL, 1972), e revoga o § 2º do Art. 6º da Lei n.º 9.469 (BRASIL, 1997). Segue a transcrição do artigo: “Art. 42. Aplica-se esta Lei, no que couber, às outras formas consensuais de resolução de conflitos, tais como mediações comunitárias e escolares, e àquelas levadas a efeito nas serventias extrajudiciais, desde que no âmbito de suas competências” (BRASIL, 2015b, on-line). A conciliação e a mediação são informadas por princípios, sendo eles pelo entendimento do Art. 166 do CPC: Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. §1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. §2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. §3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. §4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais (BRASIL, 2015a, on-line). 25 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl Segundo Scavone Jr. (2020), a confidencialidade significa que todas as informações relacionadas à mediação e/ ou conciliação são confidenciais, mesmo que elas tenham sido coletadas durante os trabalhos, nunca poderão ser reveladas, nem pelos prepostos, advogados, assessores técnicos ou qualquer pessoa ou parte que participe ou tenha participado do procedimento, de modo direto ou indireto. Guilherme (2020) compreende a celeridade como consequência direta da maior informalidade quando comparada com a justiça comum, a qual tem seus procedimentos, que sofrem severas críticas por conta da demora e também da efetividade da resposta, já que muitas vezes além das partes estarem “cansadas” de esperar uma decisão judicial, quando ela ocorre muitas vezes a resposta não atende aos interesses deles. O mesmo doutrinador entende que a oralidade pelo seu próprio mecanismo CELERIDADE De acordo com Dicio é a “qua- lidade de quem ou do que é rápido, veloz e ágil; rapidez, agi- lidade”. Disponível em: https:// www.dicio.com.br/celeridade/. Acesso em: 19 jan. 2022. 26 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES coloca as partes como os principais protagonistas, desse modo, a oratória acaba como a principal forma de comunicação para a facilitação dos atos. Outro princípio também destacado pelo doutrinador é o da informalidade, ela não significa que não haja regras ou ordem, mas que o principal papel desempenhado pela mediação e a conciliação é que as partes acessem à justiça de forma mais célere e eficaz, o que muitas vezes não acontece pela demora nos procedimentos judiciários, como visto acima. Scavone Jr. (2020) entende que a independência dos mediadores e dos conciliadores ocorre pelo fato de eles deverem manter distância das partes, ou seja, não podem se envolver com elas, a imparcialidade também está relacionada com a independência, afinal, ela impede que interesses próprios dos conciliadores e/ou mediadores com as partes, o que consta inclusive como dever para os mediadores e conciliadores no parágrafo único do Art. 5º da Lei n.º 13.140 (BRASIL, 2015b, on- line): “Tem o dever de revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar dúvida justificada em relação a sua imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade em que poderá ser recusado por qualquer delas”. Guilherme (2020), ainda, compreende que é necessária a autonomia da vontade das partes, ou seja, elas não podem permanecer obrigadas no procedimento, mas precisam ser 27 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl respeitadas em relação a sua vontade, assim, segundo o § 2º do Art. 2º da Lei n.º 13.140 (BRASIL, 2015b, on-line), “ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de mediação”. Além disso, a decisão informada é condição de legitimidade para a resolução dos conflitos dada pela ciência dos direitos das partes, principalmente de acordo com a situação conflitiva, afinal, a renúncia de um direito deve estar condicionada ao pleno entendimento dos seus direitos envolvidos naquela situação conflitiva. Não só o Art. 166 do novo CPC (BRASIL, 2015a) que aduz sobre os princípios de conciliação e mediação, mas a própria Lei n.º 13.140 (BRASIL, 2015b, on-line), no Art. 2º, corrobora com o mesmo entendimento: “A mediação será orientada pelos seguintes princípios: I – imparcialidade do mediador; II – isonomia entre as partes; III – oralidade; IV – informalidade; V – autonomia da vontade das partes; VI – busca do consenso; VII – confidencialidade; VIII – boa-fé”. Apesar de ter algumas semelhanças, a conciliação, mediação e arbitragem são bem diferentes. Fonte: Shutterstock 28 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES É importante frisar que os princípios constantes no Art. 166 do novo CPC (BRASIL, 2015a) podem sofrer a aplicação na conciliação e na mediação, mesmo que na esfera extrajudicial, ressalvando que o Art. 2º da Lei n.º 13.140 (BRASIL, 2015b). como dito anteriormente. estabeleceu princípios comuns e também uns aplicados somente na mediação. Com relação à preparação para ser conciliador e mediador, o doutrinador Scavone Jr. (2020) assevera que é necessário o curso de capacitação e que o CPC (BRASIL, 2015a) entende que, diferente do mediador judicial, por força da Lei n.º 13.140 (BRASIL, 2015b), não faz exigência de formação superior ou na área jurídica, em que qualquer pessoa que tenha a confiança das partes pode atuar no processo judicial e extrajudicial; quando extrajudicial não dispõe formação superior nem específica, mas quando judicial terá que possuir o curso de capacitação e pelo menos dois anos de formado, em escola ou entidade do Conselho Nacional de Justiça ou Escola Nacional de Mediação e Conciliação do Ministério de Justiça. Ressalta-se que o exigido para o conciliador é uma especificidade na área jurídica. Com relação a essa afirmação o novo CPC no Art. 167 compreende: Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça 29 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. § 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou detribunal regional federal. § 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional. § 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes. § 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores. 30 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES § 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções. § 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo (BRASIL, 2015a, on-line). Ainda como visto, os conciliadores e os mediadores terão mantidos os dados nas câmaras privadas de conciliação e mediação, sendo inscritos no cadastro nacional, em cadastro do tribunal de justiça ou de tribunal regional federal para ficarem cadastrados e para manter um cadastro de profissionais habilitados. Quando se trata de impedimentos, o próprio CPC (BRASIL, 2015a) entende que os mediadores e os conciliadores, por força dos Arts. 167, § 5º, e 172, serão impedidos de exercer a advocacia no juízo que forem advogados, impedidos durante 1 ano após a última audiência em que atuarem, assim como de representarem e patrocinarem as partes. Os métodos vistos até agora foram os autocompositivos, mas também há outras possibilidades para as resoluções dos conflitos, segundo Scavone Jr. (2020), como a arbitragem, que é um meio de composição dos conflitos pela heterocomposição, na qual um terceiro imparcial que resolverá o conflito. 31 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl A arbitragem trata-se de um método conhecido desde a história hebraica. Na antiguidade já tem esses registros, a partir daí que ela foi se desenvolvendo. Inclusive no Brasil, pois no CPC de 1973 a sentença arbitral precisava inclusive ser homologada, o que fazia do judiciária como um segundo grau de jurisdição da arbitragem, diferente do que consta no novo CPC, que diz que a sentença arbitral é título executivo judicial por força do Art. 515 (BRASIL, 2015a, on-line): “São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: [...] VII – a sentença arbitral [...]”, ou seja, coisa julgada material ao decidir o mérito do conflito. Mas essa mudança foi possível graças à Lei n.º 9.307 (BRASIL, 1996, on-line), que acabou com a necessidade de homologação judicial da sentença arbitral, além de ter equiparado o juiz togado ao árbitro, como consta no Art. 18: “O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário”. Como regra geral, os conflitos serão resolvidos pelo árbitro, pois é a forma menos onerosa e mais célere, mas também há a possibilidade do uso da figura do Tribunal Arbitral, cada parte indica um árbitro, enquanto estes, em comum acordo, indicam o árbitro presidente. 32 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES Scavone Jr. (2020) compreende algumas vantagens da arbitragem, como: a especialização, que é a possibilidade de se nomear árbitros especialistas na matéria do conflito; a rapidez, pois é mais célere que o procedimento judicial; a irrecorribilidade, na qual a sentença arbitral vale como a sentença judicial; a informalidade, em que o procedimento arbitral não é formal como o judicial; e a confidencialidade, em que a arbitragem pode ser sigilosa, o que difere dos processos judiciais que são no geral públicos, força do Art. 189, CPC (BRASIL, 2015a, on-line): “Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos”. De acordo com o Art. 2º, da Lei n.º 9.307 (BRASIL, 1996, on-line): A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. § 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. § 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. § 3º A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade. Ainda como disposto no Art. 5º da Lei n.º 9.307 (BRASIL, 1996, on-line): 33 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum órgão arbitral institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e processada de acordo com tais regras, podendo, igualmente, as partes estabelecer na própria cláusula, ou em outro documento, a forma convencionada para a instituição da arbitragem. A arbitragem pode possuir cláusula compromissória ou compromisso arbitral, em que se pode alegar como a diferença entre elas está de acordo com o litígio futuro e incerto para quando envolve a cláusula e o compromisso quando do litígio atual e específico. Scavone Jr. (2020) defende que com a promulgação da Lei de Arbitragem quando a arbitragem for pactuada pelas partes, ela obriga, como regra geral. A arbitragem também é aplicável aos contratos de adesão genéricos, os quais restringem a eficácia da cláusula compromissória, como regra específica, assim como, as regras mais específicas são aquelas que se referem aos contratos sujeitos ao CDC, de adesão ou não, em que se imponha a nulidade de cláusula que determine a utilização da arbitragem, mesmo que os requisitos do Art. 4º, § 2º, da Lei n.º 9.307 (BRASIL, 1996) sejam satisfeitos. Para o direito organizacional, segundo o doutrinador, a arbitragem é aplicada em várias demandas no direito empresarial, tais como: os contratos societários, a exclusão 34 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES de sócios, a apuração de haveres, a dissolução, distribuição de lucros e administração. Desse modo, desde que os sócios ou associados optem por ela, desde que se refira aos direitos patrimoniais disponíveis, mas o contrato social ou um estatuto que consta a arbitragem deve considerar a própria Lei de Arbitragem. Dando continuidade a esse assunto, não obsta que haja a alteração estatutária para a inclusão de cláusula arbitral, mas desde que ocorra a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito a voto, quando não se exigir maior quórum no estatuto da companhia. Quando se trata de sociedades anônimas com controle majoritário e o capital fechado, os acionistas minoritários dissidentes têm direito de retirada com reembolso. Nas sociedades anônimas de capital aberto, os dissidentes deverão liquidar QUÓRUM o site Significados define quó- rum como o “termo dado ao número mínimo de pessoas ne- cessárias para que uma sessão ou deliberação possa ser válida”. Disponível em: https://www. significados.com.br/quorum/ Acesso em: 19 jan. 2022. 35 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl suas ações, no caso de não concordarem com a alteração estatutária. Nos casos que envolvem companhias que queiram participar do mercado de balcão, elas vão precisar aderir à Câmarade Arbitragem do Mercado para resolução dos conflitos societários, sendo que quando há a dispersão acionária mínima de 25%, não se tem direito de retirada com a inclusão da cláusula arbitral como condição de participação no mercado. Scavone Jr. (2020) compreende que nos casos que ocorrem a falência, a arbitragem tem o curso normal para que haja a verificação do crédito, por conta das quantias ilíquidas para apuração que advém de convenção anterior à quebra pelas demandas outrora já propostas. Desse modo, as quantias ilíquidas no juízo arbitral seguem até formar o título para habilitação no juízo universal da falência, ainda quando as ações sobre as quantias ilíquidas não forem propostas ou sobre os bens, os interesses e os negócios do falido, em relação às ações trabalhistas ou fiscais e as não reguladas na Lei de Falências quando o falido for autor ou litisconsorte ativo, incluindo todas as ações que seguirem pela arbitragem levadas pelo próprio administrador judicial, o qual representará a massa falida. A arbitragem pode ser aplicada em direitos disponíveis, sendo que as partes capazes não admitem a resolução por 36 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES essa prática os conflitos que envolvam, por exemplo, o direito penal, além das que se referem ao estado das pessoas, os direitos pessoais no direito de família, como a filiação, o poder familiar, assim como não se admite essa aplicação nos conflitos de matéria do direito tributário. Por força do disposto na Lei n.º 9.307, tem-se que: Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer- se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. § 1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis (BRASIL, 1996, on-line). Com relação à mediação e à conciliação, tem-se que a sua aplicação acontece em relação aos direitos disponíveis, mas atenção, nada obsta que possa também ocorrer transação em relação aos direitos indisponíveis que admitam transação, a exemplo do acordo quanto ao valor e também à forma do pagamento da ação de alimentos, como consta na Lei n.º 13.140 (BRASIL, 2015b, on-line): Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação. 37 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl § 1º A mediação pode versar sobre todo o conflito ou parte dele. § 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público. Desse modo, ainda é indispensável o consenso das partes quando envolve os direitos indisponíveis, mas que admitam transação, com homologação em juízo e a oitiva do Ministério Público. Para trabalhar como mediador e conciliador é preciso fazer o curso em instituições reconhecidas, privadas ou públicas. Até mesmo o poder judiciário disponibiliza curso de mediador e conciliador, o qual pode ser ofertado tanto presencialmente quanto no formato a distância. O mediador quando judicial precisa ter curso superior em qualquer área do conhecimento, mais pelo menos dois anos de formação e ter concluído o curso de capacitação. Já para ser conciliador, desde que faça o curso de capacitação, não precisa ter concluído o curso superior. Para trabalhar como árbitro, segundo a Lei n.º 9.307 (BRASIL, 1996), você precisa ser capaz e ter a confiança das partes, somente algumas câmaras arbitrais estão exigindo curso superior e/ou alguma especialização para garantir a qualidade da prestação do serviço. Importa salientar que em relação à mediação e a conciliação, mesmo que a Lei n.º 13.140 (BRASIL, 2015b) e o Código Processo Civil as tratem como 38 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES sinônimos, a conciliação aproxima as partes com sugestão nas soluções, mas o mediador, ele vai interferir menos nas soluções e sim mais na aproximação, porém tanto em uma como na outra, os custos são menores e há mais celeridade. POLÍTICAS DE INCLUSÃO As políticas de inclusão são formas de incluir determinados grupos vulneráveis efetivamente na sociedade, muitas vezes se utilizando de políticas afirmativas que obrigam determinadas instituições e organizações a ter em seus quadros uma porcentagem de pessoas que se enquadram em determinados grupos para que haja mais representatividade deles. As políticas de inclusão são parte do nosso cotidiano, mas essas conquistas são recentes. Com o tempo houve a inserção de grupos considerados vulneráveis, como os afrodescendentes, os indígenas, Para trabalhar como árbitro você precisa ser capaz e ter a confiança das partes. 39 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl as pessoas com deficiência, dentre outros na sociedade como sujeitos de direitos que merecem proteção especial do Estado. Desse modo, algumas conquistas são relevantes, por exemplo, a Lei n.º 12.288 (BRASIL, 2010) institui o Estatuto da Igualdade Racial, que de acordo com o Art. 1º é “destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica”. O Estatuto da Igualdade Racial ainda assevera no Art. 1º, parágrafo único que se considera como: I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada; II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica; III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais; IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e 40 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga; V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais; VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades. Todos esses conceitos são indispensáveis para que se possa compreender as políticas de inclusão, pois elas abrangem, em especial, grupos como os índios, os negros e as pessoas com deficiência. Sendo que, segundo o mesmo diploma legal, no Art. 2, o dever não é somente do Estado, mas também da sociedade, para a garantia da igualdade de oportunidades, no tratamento de todos, não importando a etnia, cor da pele, e sim garantindo que todos participem da comunidade, das atividades políticas, econômicas, empresarias, educacionais, culturais e esportivas, em prol da garantia da dignidade da pessoa humana e dos valores até mesmo os religiosos e culturais, ou seja, ampla proteção em todas as possibilidades de direito que o sujeito possa expressar numa sociedade. O Art. 3º do mesmo diploma assevera a existência das normas constitucionais que são parte dos princípios fundamentais, os direitos e garantias fundamentais, os 41 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl direitos sociais, econômicos e culturais, com ênfase na política jurídica de inclusão das vítimas de desigualdade étnico- racial, a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira. Desse modo, as políticas jurídicas deinclusão para as vítimas da desigualdade étnico- racial, com a valorização da igualdade étnica, são de muita relevância para a formação da identidade nacional brasileira. Com relação à Lei n.º 13.146 (BRASIL, 2015c), o Estatuto da Pessoa com Deficiência, importa compreender que, segundo o Art. 1º, trata-se de uma Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a qual visa assegurar em condições de igualdade o exercício dos direitos, das liberdades fundamentais da pessoa com deficiência para sua inclusão na sociedade como cidadã. Sendo o Art. 2º relevante quando disciplina sobre como se considera uma pessoa com deficiência e o que a avaliação da deficiência precisa constar, como expressa: Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe 42 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES multiprofissional e interdisciplinar e considerará: I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de participação (BRASIL, 2015c, on-line). Sabe-se que a lei ainda visou garantir que toda pessoa com deficiência teria igualdade em relação às oportunidades com as outras pessoas, não podendo inclusive sofrer qualquer tipo de discriminação, como pode ser lido em: Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas. § 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa (BRASIL, 2015c, on-line). O cuidado do legislador é tamanho com o tema que ele estipula ainda que a pessoa com deficiência é protegida de toda e qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, 43 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl violência, tortura, crueldade, opressão e também tratamento desumano ou degradante, sendo que o Art. 5º, no seu parágrafo único, afiz que “para os fins da proteção mencionada no caput deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência” (BRASIL, 2015c, on-line). Outro assunto relevante é a questão que envolve a plena capacidade civil da pessoa, pois o Art. 6º do mesmo diploma afirma que ela não será afetada, podendo: I - casar-se e constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas (BRASIL, 2015c, on-line). Como visto, a lei pretendeu de fato dar condições de igualdade para essas pessoas, ainda mais quando aduz que a pessoa com deficiência não envolve a plena capacidade civil da pessoa, considerando, além disso, outras situações que não estão afetadas. Todos possuem o dever de comunicar as autoridades competentes qualquer ameaça ou violação do direito dessas pessoas, sendo que os juízes e tribunais, quando 44 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES do conhecimento de fatos que caracterizem essas situações, necessitam remetê-las ao ministério público. O Art. 8º tipifica de forma clara que é dever do Estado, da sociedade e da família, uma amplitude de direitos como os relativos à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária” (BRASIL, 2015c, on-line). Sendo que o próprio caput do artigo que enumera todos esses, amplia com a afirmação “entre outros decorrentes da CF, da convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico” (BRASIL, 2015c, on-line). Outra conquista deveras importante para as políticas de inclusão foi a Lei de Cotas para a inserção de pessoas com deficiência nas empresas, Lei n.º 8.213 (BRASIL, 1991, on-line) que estipulo no seu Art. 93 que a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou 45 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: I - até 200 empregados...2%; II - de 201 a 500...3%; III - de 501 a 1.000...4%; IV - de 1.001 em diante... 5%” Outra conquista também nessa seara é a Lei n.º 13.146 (BRASIL, 2015c), que Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), como visto acima. O entendimento da Lei n.º 8.213 (BRASIL, 1991) tem que estar de acordo então com o estatuto da pessoa com deficiência, principalmente em relação ao Art. 37 da Lei n.º 13.146, pois não pode apenas inserir essas pessoas para cumprir os requisitos legais sem as condições necessárias: Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho. Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes: I – prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inserção no campo de trabalho; II – provisão de suportes individualizados que atendam a necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e 46 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES de apoio no ambiente de trabalho; III – respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com deficiência apoiada; IV – oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais; V – realização de avaliações periódicas; VI – articulação intersetorial das políticas públicas; VII – possibilidade de participação de organizações da sociedade civil (BRASIL, 2015c, on-line). Ainda, outra questão relevante sobre as políticas de inclusão consta na Lei n.º 12.711 (BRASIL, 2012, on-line), que estabelece no Art. 3º: Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o Art. 1º desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade da Federaçãoonde está instalada a instituição, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Assim, foi possível ver que a inclusão dos indígenas, dos autodeclarados pretos, pardos e pessoas como deficiência visa garantir mais justiça social para as partes. 47 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl CONSIDERAÇÕES FINAIS O direito constitucional é o início da abordagem de qualquer área do direito, trata-se do direito público, o qual estuda a constituição política do estado, na interpretação de normas gerais de organização dos poderes, do estado e dos direitos fundamentais, sua relevância é tão salutar que ao partir do estudo da CF (BRASIL, 1988) o aluno consegue compreender as bases do estado democrático de direito e todas as suas nuances, as quais são de diversas origens, como sociais, econômicas, culturais, históricas, dentre tantas outras. A CF (BRASIL, 1988) é assim a fonte comum de todos os outros diplomas, como o direito empresarial, os métodos alternativos de resolução de conflitos, o direito comercial, do trabalho e tributário, ou seja, para o direito das organizações. Sendo que a constituição, ao analisar as questões que envolvem o direito empresarial nas organizações, faz uma análise da atividade empresarial com base nos valores constitucionais em que deve se pautar no agir ético e socialmente responsável, não somente e unicamente no lucro, mas também na dignidade da pessoa humana. 48 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES Outro ramo relevante para o direito das organizações é aquele que envolve os métodos alternativos de conflitos, os quais estão presentes tanto na Lei n.° 13.140 (BRASIL, 2015b) quanto no CPC de 2015, a mediação e a conciliação, assim como, a arbitragem prevista na Lei n.° 9.307 (BRASIL, 1996) que por serem métodos alternativos de conflitos são mais céleres e econômicos, sendo utilizados em regra geral para resolver conflitos de direitos disponíveis, o que facilita em muito as negociações no direito das organizações. Outro ponto importante referente aos direitos das organizações são as políticas de inclusão, com ela se insere pessoas de grupos vulneráveis, tais como negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na sociedade, como sujeitos de direitos com proteção especial do estado. Desse modo, algumas conquistas são relevantes, por exemplo, da lei de cotas para a inserção de pessoas com deficiência nas empresas, Lei n.° 8.213 (BRASIL, 1991), o que permite mudanças relevantes na sociedade a partir da contratação deles, os quais outrora eram simplesmente desprezados no mundo empresarial, mas que agora são parte do direito organizacional. 49 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl RESUMO Nesta unidade aprendemos que: • para o entendimento do direito organizacional é indispensável um estudo a começar pela própria introdução do direito, com o estudo dos possíveis conceitos da terminologia direito, além das considerações relativas ao direito público e direito privado; • o direito público regula as atividades do sujeito quando em exercício da atividade pública, em relação aos meios técnicos jurídicos, o conteúdo e os limites utilizados por eles; • o direito privado possui um conjunto de normas que disciplina o exercício das atividades privadas, ele regula as atividades do sujeito quando em exercício da atividade privada, em relação aos meios técnicos jurídicos, o conteúdo e os limites utilizados por eles; • o direito constitucional é o ramo do direito público que estuda a constituição política de um estado, sistematizando e interpretando as normas gerais de organização dos poderes, de organização do estado e os direitos fundamentais; • o direito empresarial está diretamente relacionado com a própria atividade econômica de um país. Como empresa 50 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES ele pode estabelecer sua própria organização de bens e serviços, mas não destoando do que apregoa a CF (BRASIL, 1988) em relação aos valores constitucionais, num direito empresarial baseado no agir ético e socialmente responsável, não somente com base no lucro; • os métodos alternativos de conflitos presentes tanto na Lei n.° 13.140 (BRASIL, 2015b), no CPC (BRASIL, 2015a) e na Lei n.° 9.307 (BRASIL, 1996), a mediação, a conciliação e a arbitragem, os quais são mais céleres e econômicos, sendo utilizados em regra geral para resolver conflitos de direitos disponíveis, facilita muito as negociações no direito das organizações; • as políticas de inclusão inserem pessoas de grupos vulneráveis, tais como negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na sociedade como sujeitos de direitos com proteção especial do estado, por exemplo, tem-se a lei de cotas para a contratação de pessoas com deficiência nas empresas, Lei n.° 8.213 (BRASIL, 1991). REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil - CF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. 51 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl BRASIL. Lei n.° 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l8213compilado.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. BRASIL. Lei n.° 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a arbitragem, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. BRASIL. Lei n.° 9.469, de 10 de julho de 1997. Regulamenta o disposto no inciso VI do Art. 4º da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; dispõe sobre a intervenção da União nas causas em que figurarem, como autores ou réus, entes da administração indireta; regula os pagamentos devidos pela Fazenda Pública em virtude de sentença judiciária; revoga a Lei n.° 8.197, de 27 de junho de 1991, e a Lei n.° 9.081, de 19 de julho de 1995, e dá outras providências, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l9469.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. BRASIL. Decreto n.° 70.235, de 6 de março de 1972. Dispõe sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/d70235cons.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. 52 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES BRASIL. Lei n.° 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. BRASIL. Lei n.° 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. BRASIL. Lei n.° 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências, Brasília, DF. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711. htm. Acesso em: 19 jan. 2022. BRASIL. Lei n.° 13.105, de 16 de março de 2015a. Código de processo civil, Brasília, DF. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. 53 INTRoDUção Ao DIREITo oRgANIzACIoNAl BRASIL. Lei n.° 13.140, de 26 de junho de 2015b. Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei n.° 9.469, de 10 de julho de 1997, e o Decreto n.° 70.235, de 6 de março de 1972; e revoga o § 2º do Art. 6º da Lei n.° 9.469, de 10 de julho de 1997, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm.Acesso em: 19 jan. 2022. BRASIL. Lei n.° 13.146, de 6 de julho de 2015c. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), Brasília, DF. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/ l13146.htm. Acesso em: 19 jan. 2022. BRASILINO, F. Bem jurídico empresarial: função social, preservação da empresa e proteção ao patrimônio mínimo empresarial. Rio de Janeiro: Método, 2019. Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_ sophia=614048. Acesso em: 19 jan. 2022. GUILHERME, L. F. V. A. Manual de arbitragem e mediação. São Paulo: Saraiva, 2020. Disponível em: https://biblioteca. sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=615629. Acesso em: 19 jan. 2022. 54 DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES FERREIRA FILHO, M. G. Aspectos do direito constitucional contemporâneo. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_ sophia=614028. Acesso em: 19 jan. 2022. JUSTEN FILHO, M. Introdução ao estudo do direito. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. Disponível em: https://biblioteca. sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=615484. Acesso em: 19 jan. 2022. SCAVONE JR., L. A. Arbitragem: mediação, conciliação e negociação. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_ sophia=614017. Acesso em: 19 jan. 2022. Introdução ao direito organizacional Introdução Introdução ao estudo do direito A constituição federal Conciliação, mediação e arbitragem Políticas de inclusão Considerações finais Referências
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