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1www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Súmulas e Orientações Jurisprudenciais DIREITO DO TRABALHO SÚMULAS E ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS Esta aula versará sobre algumas Súmulas do TST. As súmulas são muito cobradas nos concursos. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi elaborada em 1943. As inúmeras con- trovérsias do mundo moderno não foram apresentadas no corpo da CLT, porque essas discussões não existiam naquela época. De lá para cá, surgiram centenas de leis atualizando o Direito do Trabalho, na medida do possível, mas ainda assim foram insuficientes. Surgiu um novo Código Civil (CC), um novo Código de Processo Civil (CPC), mas não houve uma nova CLT. Por essa razão, muitas vezes, os julgadores se veem de mãos atadas na hora de julgar um conflito que não está previsto no ordenamento jurídico. São necessárias interpreta- ções para o que está escrito, que nem sempre é muito claro. O que se aprende no curso de Direito é que existe uma interpretação ampliativa. Quando se estuda a letra da lei, surgem inúmeras interpretações, da corrente majoritá- ria à corrente minoritária e à corrente do “eu sozinho”. Em uma interpretação ampliativa do que está escrito, pode-se chegar a uma conclusão. Se for feita uma interpretação restritiva, a conclusão será outra. Uma interpretação histórica, teleológica, autêntica. É possível que do mesmo dispositivo legal possam advir diversos entendimentos dis- tintos, posições diferentes. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem a sua interpretação. Exemplo: Discute-se a tonalidade de um determinado azul: alguns juízes entenderão que é azul bebê, outros que é azul petróleo, outros que é azul mar. Isso traz insegurança jurídica para a população, porque cada juiz julga de uma forma, não por maldade, mas porque cada um tem o seu entendimento. Isso dá ensejo para que as partes recorram: um tribunal acha que é azul petróleo, o outro que é azul mar, o outro que é azul bebê, até o momento desse processo chegar ao TST, que é a quem cabe uniformizar a jurisprudência. É o TST quem dá o posicionamento final, salvo acerca de matéria constitucional, pois isso cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF). Quando o TST decide que o azul é azul bebê e julga um processo dessa forma, julga um segundo processo dessa forma e julga o terceiro processo assim. Depois de julgar 50 processos dessa forma, ele ainda verifica que existem milhares de processos no Brasil discutindo a tonalidade do azul. O TST, de tanto julgar esses processos, edita uma SÚMULA para orientar todos eles e informar que, se for instado a se manifestar sobre a tonalidade do azul, decidirá sempre que o azul é azul bebê. 2www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Súmulas e Orientações Jurisprudenciais DIREITO DO TRABALHO A SÚMULA não surge do nada, mas sim é fruto de uma interpretação do TST acerca de um determinado dispositivo legal. Quando o legislador determina isso, ele quer dizer, por exemplo, que a garantia de emprego da gestante é a partir da confirmação da gravidez. O TST decide que não é a partir do exame, não é a partir da entrega do exame, não é a partir do momento em que a futura mãe sabe do resultado: é do momento da concepção. E edita uma Súmula: sempre que estiver em discussão o início da garantia de emprego para a gestante, o TST, com base em dispositivos legais, entende que é a partir da concepção. A SÚMULA NÃO É O JUDICIÁRIO LEGISLANDO, pois não cabe ao Judiciário legislar. É o Judiciário interpretando uma legislação que, até então, era controversa nos tribunais. O TST, dessa forma, uniformiza a jurisprudência, solidifica o entendimento do TST mediante uma Súmula, mediante uma OJ. Como a CLT é de 1943, existem muitas lacunas interpretativas que não se adaptam ao mundo moderno. Com isso, o TST, a todo momento, precisa mandar datilografar/digi- tar as adequações de leis trabalhistas às demandas do presente. Muitas e muitas leis foram criadas depois de 1943. Houve a Reforma Trabalhista, mas o TST ajuda na interpretação das normas editando súmulas, sendo perfeitamente factí- vel o aluno se deparar com a cobrança de uma súmula durante a prova. Nas provas, SEMPRE são cobradas SÚMULAS. Não existe uma prova que não tenha cobrado alguma súmula. Não há como memorizar todas as súmulas, mas, nesta aula, serão focadas algumas mais importantes, algumas das mais cobradas. Da mesma forma como o legislador nem sempre escreve com clareza o texto legal, os ministros do TST muitas vezes também não escrevem com clareza. Nesta aula, serão estudadas as interpretações para algumas dessas súmulas. SÚMULA 14 Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais. Essa súmula ajuda na interpretação do art. 484 da CLT. Quando uma questão envolve um artigo ou uma súmula, o aluno deve referir os dois? Sim, até por uma questão de prudência. Muitas vezes, no gabarito, o examinador atribui ponto integral para quem cita o artigo ou a súmula. Normalmente, ele pontua quem refere um ou outro. 5m 3www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Súmulas e Orientações Jurisprudenciais DIREITO DO TRABALHO SÚMULA 43 Presume-se abusiva a transferência de que trata o § 1º do art. 469 da CLT, sem com- provação da necessidade do serviço. A súmula é a interpretação de um dispositivo legal. O art. 469, como regra geral, trata de alteração do contrato de trabalho e VEDA a transferência do empregado para uma filial se isso acarretar em mudança do seu domicílio. Por exemplo, tirar o trabalhador de Salvador, na Bahia, para Recife, em Pernambuco, acarreta mudança de domicílio. A princípio, ISSO NÃO PODE. Todavia, o próprio artigo prevê exceções nas quais se admitem a mudança do trabalhador da Bahia para Pernambuco: se for cargo de con- fiança ou se houver previsão contratual. Mesmo nessas hipóteses, deve ficar demons- trada a real necessidade de serviço. A SÚMULA 43 salienta que, para transferir um empregado com mudança de domi- cílio, não basta ele ter um cargo de confiança, não basta ele ter essa previsão no con- trato. deve ser um cargo de confiança, e a empresa precisa comprovar a real necessidade de serviço. SÚMULA 47 O trabalho executado em condições insalubres, em caráter intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional. Esta é a primeira de várias súmulas que serão estudadas e que versam sobre insalu- bridade e periculosidade. A medicina do trabalho está repleta de súmulas. Por exemplo, o trabalhador trabalha em um local insalubre, mas não durante 8 horas seguidas. A prestação de serviços desse trabalhador em local insalubre não é perma- nente, mas também não é esporádica, eventual. A rotina de trabalho desse trabalhador faz com que ele vá e volte várias vezes a esse local insalubre. Esse trabalhador tem direito a receber o adicional de insalubridade? Sim. Para que o trabalhador receba o adicional de insalubridade, ele deve estar exposto ao local insalubre de forma permanente ou intermitente. O mesmo raciocínio dessa súmula está presente na SÚMULA 364, que trata da periculosidade. 10m 4www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Súmulas e Orientações Jurisprudenciais DIREITO DO TRABALHO SÚMULA 364 I –Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanente- mente ou que, de forma intermitente, sujeita‐se a condições de risco. Indevido, ape- nas, quando o contato dá‐se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. II –Não éválida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho fixando o adi- cional de periculosidade em percentual inferior ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo de exposição ao risco, pois tal parcela constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantida por norma de ordem pública (arts. 7º, XXII e XXIII, da CF e 193, § 1º, da CLT). Com a Reforma Trabalhista, há previsão legal expressa nesse sentido. O art. 611-B da CLT elenca tudo o que não pode ser objeto de negociação para supressão ou redução de direitos. Uma das alíneas desse artigo é justamente o adicional de periculosidade. A Súmula 364, item II, está em sintonia com o que previu a Reforma Trabalhista no art. 611-B. O art. 611-B tem um rol taxativo de tudo o que não pode ser negociado. SÚMULA 80 A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprova- dos pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do respectivo adicional. SÚMULA 289 O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equi- pamento pelo empregado. O trabalhador trabalha em um local insalubre. Compete ao empregador comprar EPI: máscara de proteção, luva, capacete, botas, tudo o que é necessário para proteger a saúde e a vida do trabalhador. O simples fato de o empregador comprar por si só um equipamento individual NÃO O EXIME de pagar o adicional, porque, muitas vezes, o equipamento apenas atenua, mas não elimina o agente nocivo. O que faz o empregador parar de pagar é se restar comprovado que aquele equipa- mento eliminou ou reduziu, para dentro dos limites de tolerância, o agente nocivo. 15m 20m 5www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Súmulas e Orientações Jurisprudenciais DIREITO DO TRABALHO O empregador compra o equipamento e precisa vigiar se o empregado o está uti- lizando. Se o empregado não utilizar o equipamento, a culpa também é do emprega- dor, que deveria ter um técnico de segurança do trabalho para fiscalizar se todos os empregados estão, por exemplo, com cinto de segurança, se estão todos com máscara, se estão todos com capacete etc. SÚMULA 447 Os tripulantes e demais empregados em serviços auxiliares de transporte aéreo que, no momento do abastecimento da aeronave, permanecem a bordo não têm direito ao adicional de periculosidade a que aludem o art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, “c”, da NR 16 do MTE. O fato de ser tripulante não significa o exercício de uma atividade perigosa. O avião para transporte de passageiros é um dos meios de transporte mais segu- ros do mundo. Anualmente, no Brasil, morrem em decorrência de acidentes de trânsito mais de 50 mil pessoas e, em uma queda de um avião da GOL ou da LATAM, a cada 3 anos, morrem 300 pessoas. A aviação não é uma atividade perigosa. A lei não regulamentou no art. 193 a aviação como atividade perigosa. Por vezes, o avião faz escala em um determinado aeroporto para abastecimento, e o tripulante ou a comissária estão dentro do avião na hora em que ele é abastecido. O contato dessa tripulação com um produto inflamável é extremamente reduzido, cerca de 5 minutos por dia. SÚMULA 448 I –Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. As atividades perigosas são elencadas no art. 193. Para as insalubres, não existe uma lista do que são tais atividades. Quando é pedido o adicional de insalubridade, deve haver uma perícia para com- provar se o local é realmente insalubre. O juiz nomeia um perito para analisar o local. O perito considera o local insalubre. O Ministério do Trabalho possui uma lista de todos os locais reconhecidos como insalubres, não bastando o parecer do perito. 25m 6www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Súmulas e Orientações Jurisprudenciais DIREITO DO TRABALHO O adicional de insalubridade só é devido se o agente encontrado for reconhecido pelo Ministério do Trabalho. Se o agente encontrado não for reconhecido, o trabalhador não terá direito a esse adicional. II –A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande cir- culação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE n. 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. A limpeza de banheiro público enseja o pagamento de adicional de insalubridade, a depender do banheiro. Se for banheiro de residência ou de escritório, não. O banheiro de uma estação rodoviária gera adicional de insalubridade, porque a utilização de produtos químicos faz mal à saúde. �Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Rafael Tonassi. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con- teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva deste material.
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