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- -1 Apresentação da unidade 1 - Introdução ao método científico, aos pais da Ciência e à Bíblia Tiago Alves Jorge de Souza Olá, caro estudante! Vamos dar início agora à unidade temática Introdução ao método científico, aos pais da Ciência e à Bíblia. Inicialmente, nesta unidade, vamos nos familiarizar com as etapas do método científico. Por não entender como a Ciência funciona, a grande maioria da população brasileira adota certo distanciamento em relação à produção científica. Ao longo desta unidade, você perceberá que o raciocínio científico não é tão complexo assim e pode ser útil para qualquer um que se depara com os problemas e desafios do dia a dia. Você irá entender, também, a importância da observação empírica para a Ciência, de onde surgem as hipóteses e teorias científicas e quais são as qualidades e limitações deste método. Além disso, você descobrirá que existem diferentes tipos de raciocínio envolvidos no método científico e terá a oportunidade de se familiarizar com quatro deles: indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo e dialético. Observaremos que o método científico é uma ferramenta que proporcionou grandes avanços para a humanidade e, ao compreendê-la melhor, você irá organizar a sua estrutura de pensamento e analisar a realidade que o cerca com um espírito curioso e crítico. Ao compreender a lógica e o raciocínio envolvidos no método científico, você será capaz de resolver o desafio prático da unidade 1 e perceberá que a Ciência não é necessariamente incompatível com a religião bíblica. Essa harmonia entre Ciência e Bíblia será demonstrada pelo exemplo de alguns pais da Ciência Moderna, os quais acreditavam no Deus da Bíblia. Por fim, introduziremos algumas peculiaridades da Bíblia, que a tornam um livro inigualável e evidenciam a sua origem sobrenatural. Agora, convidamos você a assistir ao vídeo de apresentação da unidade. https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU - 2 - Introdução ao método científico Tiago Alves Jorge de Souza Introdução Caro estudante, o método científico pode ser definido como uma série de etapas que devem ser seguidas para resolver problemas reais (CHALMERS, 1993). Nesta unidade compreenderemos as diferentes etapas do método científico e como ele pode ser útil para resolver questões reais. De forma mais específica, será abordada a importância de se realizar uma observação cuidadosa, as características de uma hipótese, os aspectos envolvidos no desenho experimental e a posterior rejeição ou aceitação da explicação proposta. No entanto, como poderíamos usar este método para resolver questões reais? Para responder a essa pergunta, vamos analisar um fenômeno observado todos os anos na Sibéria. Acompanhe! Observação A primeira etapa do método científico é a observação de um fenômeno, que neste tópico será o congelamento durante o inverno do Lago Baikal, localizado na Sibéria, Rússia (veja na figura a seguir). A tendência óbvia diante desse fenômeno é relacionar o congelamento do lago às baixas temperaturas do inverno Siberiano. No entanto, se formos para uma área oceânica onde a temperatura é igualmente baixa, a água não estará congelada. Neste contexto, surge a pergunta: por que isso acontece? Para elaborar uma hipótese que explique melhor o fenômeno, é necessário se aprofundar no objeto de estudo, que, no caso em questão, é a água (DUARTE, 2014). Figura 1 - Lago Baikai, no Sul da Sibéria, congelado Fonte: Charmflam, Shutterstock, 2018. - 3 - A água tem propriedades fantásticas e estudar essa molécula nos ajuda a entender por que ela é tão essencial para que a vida exista em nosso planeta. Os nossos corpos, por exemplo, são formados de 65% de água e ela é essencial para vários processos vitais do nosso organismo como a dissolução dos minerais e do oxigênio, a liberação de resíduos e o transporte de nutrientes pela corrente sanguínea. A água pode existir em três estados: sólido, líquido e gasoso e a possibilidade dessas três conformações também está diretamente relacionada à existência de vida em nosso planeta azul (DUARTE, 2014). Figura 2 - Esquema ilustrativo da estrutura da molécula de água (H2O) Fonte: Orange Deer studio, Shutterstock, 2018. O estado líquido da água mantém as moléculas de H O juntas, mas ao mesmo tempo livres para se movimentar. 2 Isto é ideal para que haja as reações bioquímicas nos seres vivos e é exatamente o que o estado líquido proporciona. O interessante é que em apenas uma estreita faixa (0 – 100 °C) a água se encontra nesse estado e que, ao contrário de outros planetas do sistema solar, grande parte das regiões da Terra possuem temperaturas dentro dessa faixa. A água precisa receber muita energia para entrar em ebulição e isso se deve ao seu alto calor específico. Isso significa que é preciso muita energia para aquecê-la e ela deve perder muita energia para resfriar. Assim, os vastos corpos de água na Terra ajudam a manter a temperatura relativamente estável. Por outro lado, massas de terra se aquecem e esfriam mais rapidamente. Quando combinado com a temperatura bastante constante dos corpos de água, isso se torna importante para a manutenção da temperatura terrestre (DUARTE, 2014). Elaboração de uma hipótese Uma hipótese é uma explicação lógica e baseada na percepção do mundo por meio dos sentidos humanos (empirismo). Nesse contexto, o embasamento teórico acerca do tema relacionado ao fenômeno observado é essencial para evitar que hipóteses desprovidas de lógica ou impossíveis de serem testadas sejam elaboradas ( JUNKER; SCHERER, 2002). Para o fenômeno em questão, por exemplo, poderiam ser oferecidas as seguintes explicações: 1. Existe um ser sobrenatural que invisivelmente congela a água dos lagos, mas não a dos oceanos. 2. Na verdade, as temperaturas nos dois locais parecem ser iguais, mas a nossa percepção de temperatura e os métodos que utilizamos para verificá-la estão totalmente errados e enviesados. - 4 - Essas duas explicações propostas não podem ser consideradas válidas cientificamente, pois não são passíveis de experimentação e falseabilidade. A hipótese de que existiria um ser sobrenatural atuando por detrás do congelamento dos oceanos não é acessível ao Método Científico, pois extrapola a realidade empírica do ser humano. Isso não quer dizer que a Ciência nega a existência de algo sobrenatural, mas indica apenas que ela é incapaz de deliberar sobre ideias dessa natureza (SOUZA, 2010). A hipótese de que toda a nossa percepção do que seriam variações de temperatura estaria errada questiona as bases do empirismo, pois todas as nossas conclusões sobre determinada realidade estão relacionadas à forma como conseguimos captá-la. Após se familiarizar com o objeto de estudo, é possível formular uma hipótese lógica e embasada que reflita uma explicação para a observação inicial. Ao estudarmos um pouco acerca da molécula de água, verificamos que ela se encontra no estado líquido na faixa de 0° a 100 °C, sendo que em temperaturas ≤ 0 °C ela congela e em temperaturas acima de 100 °C ela evapora. Dessa forma, surge a pergunta do porquê a água do mar não estaria congelada a 0 °C. Levando em conta que a água é um eficiente solvente para vários compostos, uma possível explicação seria que a água do mar estaria misturada com algum composto não presente na água do lago. Sabemos que a água do mar se diferencia da água dos lagos e rios por ter altos níveis de salinidade. A polaridade A proposição de uma ação sobrenatural para explicar um fenômeno natural não exclui necessariamente a existência de causas naturais para esse fenômeno. No entanto, quando consideramos questões relacionadas ou transcendente, não estamos no escopo da Ciência, mas sim da Religião e/ou Filosofia. FIQUE ATENTO EXEMPLO O matemático britânico John C. Lennox escreveu um livro intitulado "Por que a ciência não consegue enterrar Deus". Neste livro, Lennox mostra a ineficiência e impossibilidade da ciência em deliberar acerca de questões transcendentais como a existência de Deus. SAIBA MAISPara se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro Metodologia Científica: ao , da autora Cecília B. Azevedo, disponível em:Alcance de Todos https://biblioteca.sophia.com.br . Acesso em: 30 jan. 2023./9198/index.asp?codigo_sophia=797647 https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=797647 https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=797647 - 5 - Sabemos que a água do mar se diferencia da água dos lagos e rios por ter altos níveis de salinidade. A polaridade da água permite que ela seja capaz de dissolver o sal, dessa forma, uma possível hipótese para explicar a observação inicial seria de que a água do mar possui um ponto de congelamento menor do que a água doce. Como a questão em análise é muito conhecida, pode soar que essa hipótese surgiria como uma explicação óbvia para o fenômeno sem a necessidade de uma contextualização prévia sobre as propriedades da água. Porém, é importante ressaltar que durante suas pesquisas os cientistas se deparam com temas muito pouco conhecidos que demandam uma análise cuidadosa e um profundo embasamento teórico que deve preceder a elaboração da hipótese. Todavia, por mais embasada e lógica que uma hipótese possa soar, ela precisa ser submetida à experimentação para ser considerada como válida em termos científicos. Experimentação Como vimos anteriormente, a hipótese mais óbvia para essa observação seria que a água doce do lago congela em temperaturas mais altas do que a água salgada do mar. O que diferencia a composição desses dois ambientes distintos é a presença de sal, dessa forma, essa seria uma explicação para a observação inicial. Mas como testar se realmente a água salgada possui um ponto de congelamento do que a água doce? A questão que deverá ser testada aqui é a presença de sal na água, então, para analisarmos essa variável temos de controlar todas as outras, para que não influenciem no resultado final. Figura 3 - A fórmula química do sal (NaCl) Fonte: Orange Deer studio, Shutterstock, 2018. do experimentoDesign Para o nosso experimento ser válido, vamos precisar utilizar água destilada, a qual é desprovida de sais minerais. Ademais, serão necessários dois recipientes, água destilada e sal. Inicialmente, a mesma quantidade de água destilada deverá ser inserida nos dois recipientes. Posteriormente, o sal será inserido em um dos recipientes. O qual deverá ser agitado para que o sal se misture com a água. Logo a seguir, os dois recipientes deverão ser inseridos em um congelador a 0 °C, que é o ponto conhecido de congelamento da água. Após 24 horas, os dois frascos deverão ser retirados do congelador e você poderá verificar que o recipiente que continha sal misturado com a água destilada não congelou, enquanto que o frasco que continha apenas a água destilada, congelou. Ou seja, a ideia inicial de que a água dos oceanos não congela na mesma temperatura do que a água doce dos rios e - 6 - seja, a ideia inicial de que a água dos oceanos não congela na mesma temperatura do que a água doce dos rios e lagos devido à salinidade está correta. Por meio deste experimento simples, você pôde recapitular aspectos importantes do método científico e introduzir novos elementos que são importantes para compreendermos de uma forma mais holística a prática científica. Figura 4 - Etapas de formulação da hipótese e da experimentação Fonte: Shaiith, Shutterstock, 2018. Nesses experimentos, a questão principal a ser analisada era a temperatura de congelamento da água. Como essa temperatura pode variar dependendo da quantidade de sal presente na água, ela recebe o nome de variável dependente. Já a quantidade de sal presente na água, neste caso, é a variável independente, pois dentro do desenho experimental ela não está sujeita a nenhuma variável anterior. Ademais, considerando a hipótese inicialmente sugerida, o principal objeto de atenção do desenho experimental é o frasco contendo sal. Esse frasco recebe o nome de grupo experimental. No entanto, para garantir que o experimento teste a hipótese em questão, é necessário isolar as variáveis indesejadas. Para isso, temos um grupo que simula todas as condições do grupo experimental ( frascos idênticos, mesma quantidade de água,e. g. exposição à mesma temperatura) com exceção da variável independente, que, no caso, é a presença de sal. FIQUE ATENTO Para que o resultado seja confiável, durante o do experimento, é necessário que todasdesign as variáveis não relacionadas com o teste da hipótese inicial sejam neutralizadas. Não é muito raro encontrar estudos científicos que são questionados por não utilizarem grupos controles adequados para isolar a variável dependente que se deseja analisar. - 7 - Fechamento Assim, por meio deste experimento, foi possível recapitularmos os passos científicos que vão desde a observação até a confirmação de uma hipótese por meio de experimentos. Também foi possível introduzir os conceitos de variável dependente e independente e grupo controle e experimental. No próximo tópico, abordaremos a questão do surgimento de teorias a partir de hipótese confirmadas e como novas descobertas podem revolucionar a compreensão da comunidade científica acerca de determinado tema. Referências CHALMERS, A. F. ? São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.O que é ciência afinal DUARTE, H. A. Água: uma visão integrada. , n. 8, p. 4-8, 2014Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola JUNKER, R.; SCHERER S. : um livro texto crítico. Brasília-DF: Editora Qualidade – Sociedade CriacionistaEvolução Brasileira, 2002. 328 p. SOUZA JUNIOR, N. N. Filosofia das origens: uma introdução à controvérsia evolucionismo e criacionismo. In: Acta : Ciências Humanas, v. 2, n. 19, 2. semestre de 2010. Disponível em: Científica https://www.evidenciasonline. . Acesso em: 30 jan. 2023.org/?page_id=449 https://www.evidenciasonline.org/?page_id=449 https://www.evidenciasonline.org/?page_id=449 - 8 - A elaboração de teorias científicas Tiago Alves Jorge de Souza Introdução Caro estudante, no tópico anterior, foram introduzidas as diversas etapas (e.g. observação, elaboração de hipóteses e experimentação) do método científico por meio da análise de um exemplo de um fenômeno natural. No entanto, restam algumas perguntas relativas a este método que carecem de respostas, como: o que deve ser feito caso o experimento, desenhado corretamente, rejeite a hipótese inicial? Qual é o próximo passo que deve ser seguido após os experimentos confirmarem determinada hipótese? Essas e outras perguntas serão abordadas neste tópico com o objetivo de que você compreenda a lógica do método científico. Vamos lá! Elaboração de novas hipóteses Caso a experimentação tenha sido realizada da forma correta e os resultados não confirmarem a hipótese inicialmente levantada é preciso verificar se a observação inicial estava correta. Dessa forma, tentar revisitar o fenômeno inicialmente observado fazendo todos os esforços possíveis para manter imparcialidade é a forma mais correta de formular uma nova hipótese que, posteriormente, deverá ser testada por um novo experimento (CHALMERS, 1993). Introdução ao método científico (parte 1).Para saber mais, assista à videoaula https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU A formulação de novas hipóteses é algo corriqueiro na vida de um cientista, já que a prática científica nem sempre se enquadra em uma lógica cartesiana de causa e efeito. O pesquisador, muitas vezes, formula uma hipótese válida e lógica, mas que não explica o fenômeno observado, pois haviam variáveis que não foram percebidas pelo pesquisador na observação inicial (CHALMERS, 1993; JUNKER; SCHERER, 2002). https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU - 9 - Elaboração de teoria e o ciclo da produção científica Caso uma hipótese se confirme várias vezes de forma independente por meio de experimentação, ela pode se tornar uma teoria. No entanto, para isso, ela deve ter o potencial de ser generalizada como uma explicação plausível para um conjunto de observações similares àquela inicialmente testada.Uma teoria epistemologicamente robusta deve ser formada por um conjunto de diferentes hipóteses que foram confirmadas por meio de experimentação. Figura 1 - Ilustração esquemática dos passos envolvidos no método científico Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em JUNKER; SCHERER, 2002. Considerando todo o trabalho envolvido na elaboração de uma teoria científica, pode surgir a tentação de considerá-la como sendo uma verdade absoluta e inquestionável. No entanto, alguns dados concretos observados que contrariem de forma contundente uma teoria científica são suficientes para derrubá-la, tornando-a, muitas vezes, obsoleta (KUHN, 2003). Para entendermos como isso pode ocorrer na prática, analisaremos nos próximos itens a evolução das teorias associadas à compreensão da estrutura atômica (JUNKER; SCHERER, 2002; OLIVEIRA; FERNANDES, 2006). - 10 - Visão grega do átomo Para compreendermos na prática como uma teoria científica preestabelecida pode ser refutada, consideremos o exemplo relativo à compreensão da estrutura do átomo. Atualmente, sabemos que a matéria pode ser considerada como tudo que tem massa e ocupa determinada região no espaço. No entanto, para que possamos compreender como chegamos à atual estrutura da matéria, precisamos voltar até a Grécia Antiga. Há aproximadamente 2.450 anos, dois filósofos gregos chamados Demócrito e Leucipo discutiam acerca do que seria a unidade básica por detrás de toda matéria existente. Eles propuseram que se um material fosse dividido consecutivamente em partes menores, chegaria um momento em que ele não poderia ser mais divisível, chegando, desta forma, a subpartes indivisíveis. Para expressar essa ideia, esses filósofos designaram esse fragmento indivisível de átomo. A própria etimologia da palavra “átomo” (do grego ἄτομος ("átomos"), indivisível). expressa esse conceito (OLIVEIRA; FERNANDES, 2006). Modelos atômicos de Dalton e Thomson Já no século XIX, o físico e químico John Dalton (1766-1844) afirmou que a matéria era formada por minúsculas partículas maciças, indestrutíveis, indivisíveis e sem carga. O modelo proposto por Dalton ficou conhecido como modelo atômico bola de bilhar. Assim, como Demócrito e Leucipo, Dalton acreditava que o átomo representava uma estrutura indivisível. A inovação da proposta de Dalton reside no fato de que ele afirmou que átomos de um mesmo elemento químico possuem o mesmo tamanho e a mesma massa e átomos de diferentes elementos químicos possuem massas e tamanhos diferentes. As proposições de Dalton sobre o átomo confirmaram a lei de Antoine Lavoisier, que afirmava: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Porque, considerando que o átomo era indestrutível, os reagentes apenas se reorganizariam para formar o produto. Ou seja, nada se perderia em uma reação química dado a indestrutibilidade do átomo (OLIVEIRA; FERNANDES, 2006). A proposta de Dalton não descontruiu a ideia de que existiam partículas indivisíveis denominadas átomos, mas apenas acrescentou à teoria atômica outras características não observadas inicialmente pelos gregos. Assim, novas proposições não necessariamente derrubam completamente uma teoria preexistente. Importante que, assim como os gregos, Dalton não baseou as suas proposições em experimentação. Todavia, pouco tempo depois, outro cientista chamado Joseph John Thomson (1856-1940) começou a realizar experimentos com tubos de raios catódicos que o levaram à descoberta de uma partícula subatômica, ou seja, menor que o átomo, que foi denominada de elétron. Desta forma, a ideia dos gregos de que as unidades básicas da matéria seriam indivisíveis caiu por terra. FIQUE ATENTO Na atualidade, além do elétron, outras partículas subatômicas são conhecidas ( bóson,e.g. neutrino, quarks, glúon, fóton, gráviton). - 11 - Desta forma, a ideia dos gregos de que as unidades básicas da matéria seriam indivisíveis caiu por terra. O modelo atômico proposto por Thomson ficou conhecido como “pudim de passas”, no qual o átomo seria uma massa de carga positiva incrustrada por partículas de carga negativa, os elétrons. Como o pudim de passas é um prato mais comum na Inglaterra, vamos trazer esse exemplo para a realidade brasileira. Figura 2 - Modelo atômico de Dalton como um panetone Fonte: Danny Philco, Shutterstock, 2018. A estrutura do panetone seria um exemplo da constituição estrutural do átomo proposta por Thomson, na qual a massa do panetone representaria a estrutura do átomo a qual estaria incrustrada de elétrons (frutas cristalizadas). A massa do panetone teria carga positiva e as frutas cristalizadas (elétrons) teriam carga negativa, e assim contrabalanceariam a carga positiva da massa. É importante ressaltar, também, que, segundo Thomson, tanto a carga positiva quanto a negativa estariam uniformemente distribuídas na massa do panetone. Modelos atômicos de Rutherford e Bohr No entanto, em 1911, o físico e químico Ernest Rutherford (1871-1937) demonstrou que o modelo de Thomson também não explicava satisfatoriamente a estrutura do átomo. Ao realizar experimentos onde uma folha de ouro foi bombardeada por partículas alfa, ele percebeu que grande parte dessas partículas atravessava a folha sem sofrer nenhum desvio e apenas uma pequena porcentagem sofria desvios. Essa observação experimental levou SAIBA MAIS Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do capítulo 2, do livro Estrutura Atômica, , do autor Henrique E. Toma. Editora Blucher. Ano: 2013. DisponívelLigações e Estereoquímica em: . Acesso em: 30 https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=811890 jan. 2023. https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=811890 https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=811890 - 12 - sofrer nenhum desvio e apenas uma pequena porcentagem sofria desvios. Essa observação experimental levou Rutherford a concluir que o átomo era formado na sua maior parte por espaços vazios (onde as partículas alfas atravessaram) e por um núcleo central (onde as partículas foram desviadas) (OLIVEIRA; FERNANDES, 2006). Dessa forma, um novo modelo atômico foi proposto por Ernest Rutherford, o qual descrevia o átomo como sendo formado por um pequeno núcleo, onde se concentra grande parte da massa do átomo circundando por elétrons. Mais especificadamente, o núcleo seria formado por dois tipos de partículas, os prótons e nêutrons. Os prótons seriam partículas de carga positiva e os nêutrons seriam partículas de massa similar a dos prótons, porém não possuiriam cargas. Ao redor do núcleo, estaria presente a eletrosfera, formada por partículas de carga negativa, os elétrons (OLIVEIRA; FERNANDES, 2006). Figura 3 - Cientistas responsáveis por elaborar modelos atômicos. A. John Dalton; B. Joseph John Thomson, C. Ernest Rutherford; D. Niels Bohr Fonte: Shutterstock, 2018. Os conhecimentos proporcionados pelas descobertas de John Dalton, Joseph John Thomson e Ernest Rutherford permitiram que a estrutura do átomo fosse mais bem conhecida, mas ainda existiam lacunas no conhecimento sobre a estrutura atômica. Em 1913, o cientista Niels Bohr (1885-1962) demonstrou que os elétrons orbitavam ao redor do núcleo, como proposto por Rutherford, porém esse movimento obedecia a órbitas definidas de EXEMPLO Para exemplificar a estrutura do modelo atômico proposto por Rutherford, foi utilizada uma analogia com o nosso sistema solar, os elétrons girariam ao redor do núcleo, assim como os planetas giram ao redor do Sol . - 13 - ao redor do núcleo, como proposto por Rutherford, porém esse movimento obedecia a órbitas definidas de acordo com a energia que os elétrons possuíam. Ou seja, elétrons poderiam realizar saltos quânticos de uma camada para outra de acordo com o seu estado energético (OLIVEIRA; FERNANDES, 2006). Posteriormente, os cientistas Arnold Sommerfeld, Erwin Schrödinger e George Elbert Kimball desvendaram o caráter ondulatório dos elétrons, a característica dual onda/partícula para a matéria, a influência de forças externas sobre as ondas materiaise a incerteza relacionada à posição exata de um elétron na eletrosfera do átomo. Figura 4 - Ilustração esquemática dos modelos atômicos demonstrando a evolução do conhecimento acerca do átomo Fonte: Magne, Shutterstock, 2018. Todas essas descobertas contribuíram para a compreensão atual da estrutura e do funcionamento do átomo. Ou seja, experimentos e análises realizadas por diferentes cientistas ao longo da história foram essenciais para a formulação de uma teoria atômica mais parcimoniosa. No entanto, isso não exclui a possibilidade de novas descobertas modificarem o conhecimento que possuímos do átomo. Fechamento Neste tópico, você teve a oportunidade de entender como hipóteses podem dar origem à teoria, no entanto, por meio do exemplo dos modelos atômicos você pôde constatar claramente que, mesmo teorias baseadas em observação e experimentação, podem ser abandonadas frente a novas descobertas científicas que desconstruam os conhecimentos prévios. No próximo tópico, serão abordados alguns tipos de raciocínios relacionados à formulação de hipóteses científicas. FIQUE ATENTO Uma teoria científica apenas será desacreditada se novas evidências comprometerem suas bases epistemológicas. - 14 - Referências CHALMERS, A. F. ? São Paulo: Editora Brasiliense, 1993. 210 p.O que é ciência afinal JUNKER, R.; SCHERER S. : um livro texto crítico. Brasília-DF: Editora Qualidade – Sociedade CriacionistaEvolução Brasileira, 2002. 328 p. KUHN, T. S. . 8. ed. rev. São Paulo: Editora Perspectiva S. A. 2003. 260 p.A Estrutura das Revoluções Científicas OLIVEIRA, Ó. A.; FERNANDES, J. D’arc G. . Natal-RN: EDUFRN – Editora daArquitetura atômica e molecular UFRN, 2006. 280 p. SOUZA JUNIOR, N. N. Filosofia das origens: uma introdução à controvérsia evolucionismo e criacionismo. In: Acta : Ciências Humanas, v. 2, n. 19, 2. semestre de 2010. Disponível em: Científica https://www.evidenciasonline. . org/?page_id=449 Acesso em: 30 jan. 2023. https://www.evidenciasonline.org/?page_id=449 https://www.evidenciasonline.org/?page_id=449 - 15 - Os métodos relacionados ao raciocínio científico Tiago Alves Jorge de Souza Introdução Caro estudante, no tópico anterior, foi demonstrado que, apesar de uma teoria científica ser embasada por hipóteses anteriores que foram confirmadas, elas podem ser consideradas obsoletas em função do surgimento de novos dados. Como vimos anteriormente, para que uma hipótese seja considerada plausível, ela deve ser lógica e formulada apenas após uma cuidadosa observação do fenômeno analisado. Todavia, diferentes tipos de raciocínio podem ser empregados na formulação de uma hipótese. Os raciocínios ou silogismos são conjuntos de premissas que implicam uma conclusão. Neste tópico, abordaremos quatro tipos de estruturas de raciocínio relacionadas à prática científica (método indutivo, dedutivo, hipotético dedutivo, dialético). Ao fazer uma pesquisa científica, você pode se fazer a seguinte pergunta: qual desses métodos devo utilizar no meu trabalho? Adiante citaremos alguns contextos práticos para exemplificar a estrutura desses diferentes raciocínios, a fim de que possa responder à indagação. Raciocínio indutivo O raciocínio indutivo é aquele que parte de premissas específicas ou particulares que conduzem a uma conclusão mais abrangente sobre determinado tema (DINIZ; SILVA, 2008). Na prática, este tipo de raciocínio é amplamente utilizado pelos órgãos de pesquisa de opinião. Por ocasião das eleições, por exemplo, este tipo de raciocínio ou método é utilizado para fornecer à população uma ideia acerca de qual o candidato terá mais chances de sair vitorioso do pleito eleitoral. - 16 - Figura 1 - Raciocínio indutivo é usado no pleito eleitoral Fonte: Elena Verkhoturova, Shutterstock, 2018. Dada a impossibilidade de perguntar a opção de cada um dos indivíduos de uma população acerca de sua preferência por determinado candidato, uma amostra representativa da população é escolhida como um referencial que expresse a escolha da população como um todo. Introdução ao método científico (parte 2).Para saber mais, assista à videoaula https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU Apesar de ser um silogismo extremamente bem-sucedido, o raciocínio indutivo possui algumas limitações. Considerando o caso citado, temos de levar em conta que existem vários fatores que influenciam na escolha de um candidato político ( condição econômica, grau de instrução formal, contexto familiar, contexto social etc.).e.g. Caso essas variáveis não estejam bem expressas dentro da amostra utilizada para representar a população, podem surgir resultados enviesados. Para entendermos essa limitação de uma forma mais clara, consideremos um exemplo bem simples que se encontra a seguir: 1. Observação: João é homem e usa bigode. Pedro é homem e usa bigode. Carlos é homem e usa bigode. Lucas é homem e usa bigode. 2. Conclusão: Logo, todos os homens usam bigode. https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU - 17 - Nessas observações inicias, foram observados diferentes homens e foi verificado que todos eles possuem bigode. Logo, essas diferentes observações individuais podem levar o observador a concluir que todos os homens possuem bigode. No entanto, nós sabemos que essa conclusão está equivocada. Dessa forma, é muito importante que as observações específicas sejam representativas da heterogeneidade do grupo analisado para que o raciocínio indutivo seja relevante. Ou seja, se o grupo de homens observados representasse a variação presente nos indivíduos da população, jamais chegar-se-ia a essa conclusão. Raciocínio dedutivo Outra forma de construção lógica é o raciocínio dedutivo, que parte de premissas gerais que implicam uma conclusão particular ou específica (DINIZ; SILVA, 2008). Para entendermos melhor esse raciocínio, considere o seguinte exemplo: 1. Premissa: Todos os jovens que passaram no exame de direção veicular estão aptos a dirigir carros 2. Observação: Carla é uma jovem e passou no exame de direção veicular 3. Conclusão: Logo, Carla está apta a dirigir carros. A premissa inicialmente considerada, neste caso, é bem conhecida e corresponde a algo real, qualquer pessoa que deseja dirigir um automóvel deve realizar o exame de direção veicular. Considerando que Carla é uma pessoa e passou no exame, logo ela pode dirigir. A construção do raciocínio dedutivo é muito comum e por vezes pode soar como uma obviedade e podemos cair na tentação de considerá-lo como uma verdade inquestionável. No entanto, assim como o raciocínio indutivo, ele possui limitações. Considere o exemplo que segue: Todas as aves possuem bico. FIQUE ATENTO Todavia, a importância do argumento indutivo não deve ser de forma alguma subestimada em função de suas limitações. As grandes descobertas científicas só são possíveis graças ao raciocínio indutivo, nas quais observações inéditas são realizadas e posteriormente são utilizadas para explicar realidades mais abrangentes. A grande relevância desse método será exemplificada no próximo tópico. - 18 - Todas as aves possuem bico. O ornitorrinco possui bico. Logo, o ornitorrinco é uma ave. Figura 2 - Ornitorrinco, que é um mamífero que possui bico, bota ovos e possui esporões venenosos nas patas Fonte: John Carnemolla, Shutterstock, 2018. Podemos verificar claramente que a premissa geral adotada é verdadeira, pois todas as aves possuem bico. No entanto, apesar de possuir bico, o ornitorrinco é um mamífero. Desta forma, a premissa inicial não é adequada para explicar o caso do ornitorrinco, que é uma exceção. Esse exemplo ilustra uma limitação clara do método dedutivo, que é ignorar muitas vezes a existência de exceções. Raciocínio hipotético-dedutivo O raciocínio, ou método hipotético-dedutivo, por sua vez, foi cunhado por Karl Popper como uma crítica ao método indutivo. Popper (1902-1994) foi um dos maiores filósofos do século XX. Ele escreveu livros, como a “Lógica da Pesquisa Científica” e “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”. Popper esboçou a teoria fundamentada no racionalismocrítico, que em sua essência era uma crítica ao indutivismo e à ciência. Segundo ele, as teorias científicas eram passíveis de erros e críticas, não havendo, assim, uma teoria da ciência que fosse eterna e imutável. Figura 3 - Pesquisa científica Fonte: Paulista, Shutterstock, 2018. - 19 - No método hipotético dedutivo, Popper propõe que a Ciência sempre começa e termina com um problema. Ou seja, quando o cientista se depara com uma observação que ele é incapaz de explicar, temos um problema. Para resolver esse problema, o cientista irá propor uma hipótese, que, caso confirmada várias vezes por meio de experimentos, vai dar origem a uma teoria. No entanto, com o passar do tempo e o advento de novos dados, passa a ser observado que aquela teoria possui erros, as quais constituem um novo problema, o qual deverá ser solucionado por uma nova teoria (DINIZ; SILVA, 2008; POPPER, 1935). Para exemplificar esse método, podemos citar o caso de baleias cachalotes (Figura 4) que estavam sendo encontradas encalhadas em praias do Pacífico Sul. Assustados com esse fenômeno, os cientistas começaram a conjecturar acerca de qual seria a causa desses encalhes. Considerando que as estruturas do ouvido interno desse animal estão relacionadas à orientação espacial, era de se esperar que algum dano nessas estruturas poderia estar por detrás dos sucessivos eventos de encalhe observados. Na década de 1960, um grupo de cientistas resolveu analisar corpos de cachalotes encalhadas nessa localidade e encontraram parasitas no ouvido interno dos espécimes analisados, o que confirmou a hipótese inicial relacionada à causa dos encalhes. Figura 4 - Baleia cachalote Fonte: Valentyna Chukhlyebova, Shutterstock, 2018. SAIBA MAIS Como sugestão de leitura para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro da autora Cecília B. Azevedo. Editora Manole. Ano:Metodologia Científica ao Alcance de Todos, 2013, disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=797647 . Acesso em: 30 jan. 2023. https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=797647 - 20 - Porém, após alguns anos, vários corpos de baleias cachalotes encalhados foram analisados e não foi encontrado o parasita no ouvido interno em muitas delas, descontruindo assim a hipótese do parasita como uma possível explicação para o encalhe das baleias cachalotes do Pacífico Sul (JUNKER; SCHERER, 2002; POPPER, 1935). Segundo Popper, o cientista nunca realiza observações desprovido de concepções prévias acerca de determinado tema, o que impediria que uma particularidade inicialmente observada fosse utilizada como o único referencial para explicar uma realidade mais abrangente (POPPER, 1935). Método dialético Por fim, podemos citar o método dialético, o qual leva em conta que é necessário haver um confronto de ideias para que novos conhecimentos sejam produzidos. Esse tipo de raciocínio é provavelmente o mais antigo, pois remete à antiga Grécia de Platão. Nesse método, três etapas devem ser seguidas. A primeira etapa é a da formulação da tese que representa uma ideia inicial. Na segunda etapa, uma ideia contrária à tese inicial deve ser formulada. Essa ideia recebe o nome de antítese. Por fim, na terceira etapa, a tese e a antítese devem ser consideradas de forma conjunta para que o conhecimento seja produzido. Essa etapa é conhecida como síntese (DINIZ; SILVA, 2008). FIQUE ATENTO Ao realizar suas pesquisas, você deve ficar atento a qual desses métodos você está utilizando, desta forma, poderá identificar de forma clara os pontos fortes e as limitações da sua pesquisa. EXEMPLO Para compreendermos o método dialético, consideremos o produto final (conhecimento) como uma linda maçã. Para que você obtenha uma maçã, o primeiro passo é a existência de uma semente. A existência de uma semente é a condição para o surgimento de umasine qua non macieira e posteriormente de maçãs. Desta forma, a existência da semente seria a tese. No entanto, para que a macieira germine, é necessário que a semente deixe de existir enquanto semente. Ou seja, é a negação da existência da semente (antítese) que é considerada conjuntamente com a ideia prévia da sua existência (tese) vai produzir o produto final, a maçã (conhecimento). -21 - Fechamento As diferentes estruturas de raciocínio científico citadas neste tópico não desconfiguram a base do método científico. Considerando as várias etapas envolvidas nesse método, percebemos que ele é pautado na reprodutibilidade dos resultados obtidos após a experimentação. Ou seja, se alguém tentar reproduzir os experimentos utilizados para testar determinada hipótese previamente descrita na literatura e não obtém os mesmos resultados, aquela hipótese passa a ser questionada pela comunidade científica. Neste contexto, caso alguém forje dados ou realize experimentos de uma forma descuidada, ele será rapidamente desmascarado pela comunidade científica e seus resultados serão desconsiderados. Assim, o método científico preconiza a verdade. A Ciência segue o princípio do Sócrates e Platão: "Siga as evidências, não importa onde elas nos levem". Referências DINIZ, C. R.; SILVA, I. B. . Campina Grande: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.Metodologia científica JUNKER, R.; SCHERER S. Evolução: um livro texto crítico. Brasília: Editora Qualidade - Sociedade Criacionista Brasileira, 2002. KUHN, T. S. . 8. ed. São Paulo: Perspectiva S.A, 2003.A Estrutura das Revoluções Científicas POPPER, K. . São Paulo: Cultrix, Secções 1-3, 1972.A Lógica da Pesquisa Científica - 22 - O sucesso do método científico Tiago Alves Jorge de Souza Introdução Caro estudante, no tópico anterior foram abordados diferentes tipos de raciocínios científicos. Foram explicados em detalhes e exemplificados os diferentes raciocínios envolvidos (indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo, dialético) com o método científico. Neste tópico, serão analisadas algumas descobertas científicas que revolucionaram a ciência e trouxeram grandes benefícios para a humanidade, demonstrado a funcionalidade dessa ferramenta. Para exemplificar a eficiência do método científico, conheceremos um pouco mais sobre a história por detrás da elaboração das leis da hereditariedade enunciadas por Gregor Mendel e da descoberta da penicilina por Alexander Fleming. Gregor Johann Mendel Gregor Johann Mendel (1822-1884) foi um botânico, professor e monge. Ele foi a primeira pessoa a estabelecer as bases matemáticas da ciência da genética, no que veio a ser chamado de mendelismo. Apesar de ter nascido em uma família humilde, a inteligência e o esforço demonstrados pelo jovem Mendel chamaram a atenção de um padre local, que convenceu seus pais a enviá-lo para a escola primária. Mais tarde, em 1840, Mendel entrou em um programa de estudos em filosofia na Universidade de Olmütz, o qual ele concluiu em 1843. - 23 - Figura 1 - O cientista Gregor Johann Mendel Fonte: Molcay, Shutterstock, 2018. Posteriormente, Mendel decidiu entrar no mosteiro de Altbrünn, na Áustria, onde foi iniciado na ordem agostiniana e recebeu o nome de Gregor. Assim, ele passou a ser chamado de Gregor Johann Mendel. No ambiente do mosteiro, Gregor pôde realizar vários experimentos que o ajudaram a elaborar as suas leis de hereditariedade. Os experimentos de Gregor Mendel No século XIX, em um monastério localizado na atual região da República Tcheca, o monge Gregor Mendel (1822- 1884) começou a realizar estudos sobre padrões de herança utilizando camundongos. Posteriormente, ele percebeu que seria mais viável trabalhar com abelhas e plantas e foi justamente estudando ervilheiras que Mendel realizou suas maiores descobertas científicas. Ele escolheu as ervilhas como modelo de estudo, pois observou que no jardim de ervilheiras várias características ( comprimento do caule da planta, cor e formae.g. das sementes e vagens, distribuição e cor das flores) variavam de uma planta para a outra e aparentemente eram passadas ao longo das gerações (Figura 2). Para identificar o padrão de herança dessas características, Mendelproduziu, por meio de cruzamentos, linhagens puras de ervilheiras (SOUZA; PEREIRA, 2016). - 24 - Figura 2 - Ilustração esquemática dos sete caracteres estudados por Mendel Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em Souza e Pereira, 2016. Ao produzir essas plantas, Mendel conseguiu isolar as variáveis que ele desejava analisar. Ou seja, ele pôde cruzar uma planta alta com uma baixa, uma contendo ervilhas amarelas com uma contendo ervilhas verdes etc. Após esses cruzamentos, ele analisava o fenótipo (aparência) de todas as plantas resultantes do cruzamento para identificar como as características dos parentais estavam se distribuindo na descendência. Após suas análises, Mendel percebeu que cada característica era determinada por um fator (gene específico) e cada fator possuía duas versões (alelos) distintas ( A e a), sendo que uma versão (A) era dominante sobre a outra (a) (e.g. SOUZA; PEREIRA, 2016). As leis de Gregor Mendel No processo de formação dos gametas, apenas um dos alelos era passado para a prole (A ou a) e a seleção de qual alelo era passado ocorria de forma aleatória. Essas constatações ficaram conhecidas como a primeira lei de Mendel, ou lei de segregação dos fatores. Ao realizar uma análise conjunta de todas as características avaliadas em seus experimentos, Mendel percebeu que o padrão de herança de uma característica ( cor da semente) não estava ligado ao padrão de uma outrae.g. característica ( forma da semente), ou seja, os alelos (dominante e recessivo) dessas características see.g. segregavam de forma independente um do outro. Essas constatações ficaram conhecidas como a segunda lei de Mendel, ou lei da segregação independente. Os experimentos realizados por Mendel lançaram as bases dos SAIBA MAIS Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro Princípios de Transmissão , de John Bowman, disponível em: < >.Genética http://unasp.bv3.digitalpages.com.br http://unasp.bv3.digitalpages.com.br/ - 25 - Mendel, ou lei da segregação independente. Os experimentos realizados por Mendel lançaram as bases dos mecanismos de hereditariedade. Infelizmente, Mendel morreu sem ver o reconhecimento do seu trabalho, no entanto, hoje em dia ele é reconhecido como sendo o pai da Genética (SOUZA; PEREIRA, 2016). Tomando por exemplo os experimentos realizados por Mendel, podemos recapitular e compreender de forma mais prática as etapas do Método Científico. Inicialmente, Mendel observou que havia um padrão de herança em ervilhas. Para caracterizar a sua observação, ele realizou vários experimentos que acabaram por evidenciar um padrão claro de hereditariedade que foi posteriormente generalizado para entender o padrão de herança dos diversos organismos terrestres. Apesar do ineditismo e da incontestável importância dos experimentos de Mendel, sabemos que suas leis não são capazes de explicar todos os mecanismos de herança, possuindo uma série de ressalvas quanto à sua generalização (SOUZA; PEREIRA, 2016). Alexander Fleming Alexander Fleming nasceu na Escócia em 6 de agosto de 1881. Ele estudou medicina e serviu como médico durante a Primeira Guerra Mundial. Durante seu trabalho na Guerra, Fleming observou que vários soldados acabavam morrendo em decorrência de feridas infeccionadas e passou a refletir sobre formas pelas quais ele poderia diminuir a dor e o número de mortes relacionados aos ferimentos sofridos pelos soldados durante a Guerra. Neste contexto, em 1928, Fleming começou a estudar a bactéria , no HospitalStaphylococcus aureus Mary's, em Londres. FIQUE ATENTO Alguns pensam em se tornar cientistas para alcançar fama e reconhecimento. No entanto, Mendel não recebeu reconhecimento da comunidade científica da sua época, já que seus estudos eram revolucionários e não se conectavam com o pensamento daqueles tempos. Os experimentos e postulados de Mendel só foram “redescobertos” no início do século XX pelos cientistas Hugo de Vries, Erich Tschermak e Carl Correns. EXEMPLO As doenças monogênicas são causadas por alterações na sequência de apenas um gene. Essas doenças seguem o padrão de herança descrito Mendel. Entre elas, podemos citar o albinismo, acondroplasia (nanismo) e o daltonismo. - 26 - Figura 3 - O cientista Alexander Fleming Fonte: Molcay, Shutterstock, 2018. Ele resolveu dar enfoque a essa bactéria porque ela estava relacionada a abscessos em feridas abertas provocadas por armas de fogo. Após muitos dias de estudo, Alexander Fleming resolveu tirar férias e acabou deixando as suas culturas de bactérias sem supervisão. Esse descuido de Fleming acabou se tornando essencial para a descoberta que mudou a sua vida e o mundo (TAN; TATSUMURA, 2015). Descoberta da penicilina Ao voltar de férias no final do ano de 1928, Fleming percebeu que uma de suas placas contendo bactérias havia sido contaminada por um microrganismo. Ao analisar a placa mais detalhadamente,Staphylococcus percebeu que o agente contaminante se tratava do fungo e que as bactérias que sePenicillium notatum encontravam nas proximidades da contaminação haviam morrido. Diante dessa observação, Fleming poderia apenas lamentar a sua sorte e descartar a placa, preparando, posteriormente, uma nova placa contendo bactérias (FLEMING, 1945).Staphylococcus No entanto, levando em conta que propriedades bactericidas já haviam sido relatadas em espécies do gênero , Alexander não apenas conjecturou que muito provavelmente aquele fungo também estariaPenicillium secretando uma substância bactericida, como também caracterizou a substância que estava sendo secretada, a qual é conhecida por todos nós como Penicilina. - 27 - Devido ao alto poder bactericida mesmo em soluções diluídas, a atividade mortal sobre vários tipos de germes e a ausência de toxicidade para os pacientes receptores, a penicilina foi liberada para o uso clínico em 1941. Posteriormente, ela foi extremamente útil como um antibiótico durante a Segunda Guerra Mundial, salvando milhares de vidas de soldados feridos. Como reconhecimento por sua descoberta, Alexander Fleming foi laureado com o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1945 (FLEMING, 1945) (Figura 4). Figura 4 - A descoberta da penicilina por Alexander Fleming Fonte: Mario Breda, Shutterstock, 2018. Passados alguns anos da descoberta da penicilina por Alexander Fleming, um colega de Fleming chamado Ronald Hare resolveu “refazer” os passos que levaram Fleming à essa descoberta. No entanto, ao reproduzir os passos, Hare percebeu que ela só foi possível porque as situações vivenciadas por Fleming estavam relacionadas com muitas coincidências. Ou seja, a descoberta da penicilina também esteve relacionada ao contexto favorável (REZENDE, 2009). Fechamento Durante este tópico, você teve a oportunidade de atestar a eficiência do método científico por meio do exemplo de duas descobertas que revolucionaram a comunidade científica. Tanto as descobertas das leis de Mendel como a da penicilina são exemplos de aplicação do método indutivo. Mendel e Fleming se depararam com observações pontuais e, a partir delas, fizeram descobertas que foram extrapoladas para uma infinidade de aplicações. Esses são apenas dois exemplos dos inúmeros benefícios proporcionadas pela aplicação do método científico. No FIQUE ATENTO A pesquisa científica é uma tarefa árdua e exige grande dedicação por parte do pesquisador. Possíveis coincidências que permitiram grandes descobertas, como a da penicilina, por Alexander Fleming, exigem dedicação por parte do cientista. - 28 - são apenas dois exemplos dos inúmeros benefícios proporcionadas pela aplicação do método científico. No entanto, considerando os passos e o raciocínio implícito do método científico, seria possível conciliá-lo com a Religião? Abordaremos esta questão no próximo tópico por meio da análise da biografia de vários pais da Ciência Moderna. Referências FLEMING, A. . Nobel Lecture, December 11, 1945.Penicillin REZENDE, J. M. : crônicas de história da medicina [online]. São Paulo: Editora Unifesp,À sombra do plátano 2009. p. 241-243. Disponívelem: . Acesso em: 23/12/18.https://books.scielo.org/id/8kf92 SOUZA, T. A. J.; PEREIRA, T. C. Mais sobre a natureza molecular dos fatores Mendelianos. , Genética na Escola vol. 11, n. 2, 2016. TAN, S. Y.; TATSUMURA, Y. : Discoverer of penicillin. Singapore Med J. v. 56, n.Alexander Fleming (1881-1955) 7, p. 366–367, 2015. https://books.scielo.org/id/8kf92 - 29 - Os pais da Ciência Moderna Tiago Alves Jorge de Souza Introdução Caro estudante, no tópico anterior, os exemplos do estabelecimento das leis de Mendel e a descoberta da penicilina foram utilizados como casos de sucesso da aplicação do método científico para beneficiar a humanidade. Interessantemente é que tanto Gregor Mendel como Alexander Fleming eram religiosos. Ou seja, a religião seguida por esses pesquisadores de forma nenhuma comprometeu a sua prática científica. Assim, neste tópico, veremos que, além desses cientistas, muitos pais da ciência moderna também eram cristãos praticantes. Eles afirmavam que a comunhão com o Deus da Bíblia os auxiliava na prática científica. Veremos alguns deles a seguir. Acompanhe! Pais da Ciência Moderna Poderíamos citar aqui dezenas de grandes cientistas que foram religiosos, porém vamos nos limitar a falar sobre Nicolau Copérnico, Francis Bacon, Johannes Kepler, Galileo Galilei, René Descartes, Blaise Pascal e Isaac Newton. Todos esses cientistas estão diretamente relacionados às principais áreas da Ciência e estão entre os responsáveis pela sistematização do método científico que utilizamos atualmente. Nicolau Copérnico O cientista Nicolau Copérnico (1473-1543) foi o primeiro cientista a apresentar uma teoria matematicamente baseada que afirmava que o Sol era o centro do sistema solar (sistema heliocêntrico). Copérnico era um religioso convicto e grande estudioso da Bíblia. Em uma de suas obras (COPÉRNICO, 1543) chegou a declarar: O Universo foi “[...] construído para nós pelo Melhor e Mais Ordenado Artífice de todos.”; “Quão extremamente fina é a obra SAIBA MAIS Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro , do autor10 Lições sobre Pascal Ricardo V. Mantovani. Editora Vozes. Ano: 2017. Disponível em: https://biblioteca.sophia.com. . Acesso em: 30 jan. 2023.br/9198/index.asp?codigo_sophia=811077 https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=811077 https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=811077 - 30 - foi “[...] construído para nós pelo Melhor e Mais Ordenado Artífice de todos.”; “Quão extremamente fina é a obra divina do Melhor e Maior Artista”. Francis Bacon O famoso filósofo Francis Bacon (1561-1627) é reconhecido por ter estabelecido o método científico embasado na experimentação e do método indutivo previamente descritos. Muito embora o método científico seja baseado no empirismo e na lógica, Bacon de forma alguma descartava a importância da fé. Figura 1 - Retrato de Francis Bacon, considerado como um dos pais da Ciência Moderna Fonte: Georgios Kollidas, Shutterstock, 2018. Certa vez, Bacon chegou a declarar: “Um pouco de filosofia inclina a mente do homem para o ateísmo, mas a profundidade em filosofia traz de volta as mentes das pessoas para a religião”. Johannes Kepler Johannes Kepler (1571-1630) foi um grande astrônomo e matemático sendo responsável por estabelecer as leis do movimento planetário. Ele era um cristão luterano piedoso e certa vez chegou a declarar: “As leis da Natureza nada mais são que pensamentos matemáticos de Deus.” Galileo Galilei Galileo Galilei (1564-1642) propôs que o nosso sistema era heliocêntrico. Galileu, era um cristão convicto e, apesar de ter sido perseguido pelo clero da época, não cogitava a ideia de que o pensamento crítico e racional entrasse em choque com a religião, o que é facilmente perceptível por meio da seguinte declaração: - 31 - “A ciência humana de maneira nenhuma nega a existência de Deus. Quando considero quantas e quão maravilhosas coisas o homem compreende, pesquisa e consegue realizar, então reconheço claramente que o espírito humano é obra de Deus, e a mais notável”. René Descartes René Descartes (1596-1650) foi um filósofo e matemático francês considerado como sendo o pai da filosofia moderna. O sistema filosófico de Descartes se perguntava o que se poderia saber se tudo o mais fosse duvidado, o que resultou na célebre frase “Penso logo existo”. No entanto, esse questionamento inerente da filosofia de Descartes não o levou ao ceticismo. Na verdade, ele era um cristão católico romano e sistematizou uma série de argumentos filosóficos que apontavam para a existência de um Deus (DESCARTES, 2004). Blaise Pascal Blaise Pascal (1623-1662), por sua vez, além de matemático, físico, inventor e escritor, foi também um grande teólogo. Pascal inventou não apenas a calculadora mecânica e estabeleceu os e da pressão do ar comoprincípios do vácuo também publicou o tratado teológico “Pensamentos” (PASCAL, 1972). As últimas palavras desse grande cientista foram: "Que Deus nunca me abandone". Isaac Newton Isaac Newton (1642-1727) considerado como sendo uma das mentes mais geniais que o mundo já conheceu, realizou grandes contribuições nos campos da óptica, mecânica e matemática. Em seu sistema de física, Deus era essencial para explicar a natureza e concretude do espaço. Em seu livro “Principia”, ele declarou: "O mais belo sistema do sol, planetas e cometas, só poderia proceder do conselho e domínio de um Ser inteligente e poderoso". EXEMPLO Muitos dos cientistas que estão sendo citados neste tópico foram contemporâneos. Descartes, por exemplo, foi contemporâneo de Blaise Pascal. Pascal tinha uma capacidade cognitiva tão desenvolvida e precoce que ele acabou confundindo o grande Matemático René Descartes. Quando ele tinha apenas 16 anos, enviou uma demonstração matemática para Descartes. A profundidade e o refinamento da demonstração levaram o grande matemático a se convencer de que ela só poderia ter sido feita pelo pai do jovem (BRISVILLE, 1991). - 32 - Figura 2 - Retratos de alguns dos pais da Ciência que possuíam fortes convicções religiosas cristãs Fonte: Shutterstock, 2018. Poucos sabem, no entanto, que, além de conciliar a ciência com a religião, Newton foi um grande teólogo que se dedicou aos estudos dos livros de Daniel e Apocalipse. Existem relatos confiáveis de que a simples observação da queda de uma maçã realizada por Isaac Newton o levou a elaborar a .teoria da gravidade Figura 3 - O cenário que levou Isaac Newton a elaborar a lei da gravidade Fonte: Tutti-frutt, Shutterstock, 2018. FIQUE ATENTO O estudo sistemático da Bíblia guiado por Deus permite a interpretação correta de trechos bíblicos aparentemente enigmáticos, como as profecias. Evidência disso é a grande similaridade entre a interpretação das profecias realizada por Isaac Newton e a adotada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia (NEWTON, 1733). - 33 - No entanto, no intervalo entre a observação e o estabelecimento da teoria da gravidade, os passos relacionados ao método científico previamente citados foram seguidos (HAMBLYN, 2011). A neutralidade do método científico O método científico é neutro e incapaz de deliberar sobre aspectos transcendentais. Neste contexto, aspectos religiosos não devem ser analisados sob filtro da Ciência. Ademais, muitos afirmam que, com o advento da teoria da evolução no século XIX e XX, descartaram a possibilidade de haver um diálogo entre o cristianismo e a ciência. No entanto, apesar de esses e de outros grandes cientistas não enxergarem a Religião como sendo algo incompatível com a Ciência, muitos atribuem isso ao fato de eles haverem realizado as suas pesquisas antes da sistematização da teoria da evolução que se iniciou após a publicação do livro “Da Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida”, em 1859, por Charles Darwin. No entanto, outros grandes cientistas que viveram após o advento da teoria da evolução, ainda conciliavam a prática científica com a crença em Deus. Entre eles, podemoscitar Max Planck (1858-1947), que revolucionou o conhecimento acerca da estrutura atômica e subatômica e foi não apenas um cristão, como um líder religioso que acreditava em um Deus todo-poderoso, Onisciente e Bondoso. Na atualidade, muitos cientistas de renome são céticos (LARSON; WITHAM, 1998). No entanto, se tomarmos como referência o perfil dos ganhadores do prêmio Nobel verificamos algo interessante. O Prêmio Nobel é uma premiação que homenageia todos os anos cientistas que fizeram contribuições significativas nas áreas de Física, Química, Literatura, Medicina, Economia e ativismo pela paz. O prêmio foi estabelecido como uma homenagem ao cientista Alfred Nobel. FIQUE ATENTO A Ciência e a Religião são áreas distintas do conhecimento que não necessariamente precisam ser relacionadas, mas podem “conversar” entre si para proporcionar uma visão mais holística sobre determinado tema (CUNHA, 2003). - 34 - Figura 4 - A Ciência e Religião podem dialogar, mas não estão sempre relacionadas Fonte: Pathdoc, Shutterstock, 2018. Ao analisar o perfil dos ganhadores do prêmio Nobel dos últimos 100 anos, verificamos que a grande maioria é formada por cientistas que se declaram como cristãos (65,4%). Outros 21,1% são cientistas de ascendência judaica, 3% são formados por cientistas de outras crenças e apenas 10,5% dos cientistas (BARUCH, 2003) se declaram como céticos. Levando em conta que o relato bíblico das Origens se encontra nos primeiros livros do antigo testamento, ele é valorizado tanto pelos cristãos como pelos judeus. Desta forma, nos últimos anos, a grande maioria dos cientistas de renome valorizavam, de certa forma, a Bíblia (BARUCH, 2003). Fechamento Neste tópico você pôde se familiarizar com o lado religioso de alguns dos pais da Ciência Moderna. Alguns desses cientistas são considerados como sendo as mentes mais prodigiosas que o mundo já conheceu. A vida religiosa e o profundo apreço pela Bíblia não minaram o espírito investigativo e a racionalidade desses grandes cientistas. Ao invés disso, eles atribuíam suas grandes descobertas à sua comunhão com o Deus da Bíblia. Desta forma, você pôde constatar, na prática, que a objetividade e a lógica do método científico não precisam estar em oposição aos ensinamentos bíblicos. Referências BARUCH, A. S. . Atlantic Publishers & Distributors, p. 59 and p .57, 2003.100 Years of Nobel Prizes BRISVILLE, J.C. . Estudos Avançados,O encontro de Descartes com o jovem Pascal vol. 5, n.11, 1991. COPÉRNICO, N. (Das revoluções das esferas celestes), libri VI, JohannesDe revolutionibus orbium cœlestium Petrejus, Nurembergue, 1543. CUNHA, E. L. Religião e filosofia: modos de compreensão da realidade. In: , v. 3, 2003.Revista hermenêutica - 35 - CUNHA, E. L. Religião e filosofia: modos de compreensão da realidade. In: , v. 3, 2003.Revista hermenêutica Disponível em: . https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=204484 Acesso em: 30 jan. 2023. DESCARTES, R. . Tradução de Fausto Castilho. São Paulo: EditoraMeditações sobre a Filosofia Primeira Unicamp, 2004. 232 p. GRELLMANN, H. L. (Trad.). . 8. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, versão 1.1, 2017. DisponívelNisto Cremos em: . http://www.verdadeonline.net/textos/nisto-cremos-adventista.pdf Acesso em: 30 jan. 2023. LARSON, E. J.; WITHAM, L. . Leading scientists still reject God Nature, vol. 394, p. 313, 1998. NEWTON, I. . Traduzidas da EdiçãoObservações sobre as Profecias de Daniel e o Apocalipse de São João Inglesa de 1733, por Julio Abreu Filho. Edipo Edições populares. 276p. https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=204484 http://www.verdadeonline.net/textos/nisto-cremos-adventista.pdf - 36 - A Bíblia e a Ciência Tiago Alves Jorge de Souza Introdução Caro estudante, no tópico anterior, vimos que os cientistas responsáveis por lançarem as bases da Ciência como a conhecemos nos dias de hoje eram cristãos. Esses cientistas eram leitores assíduos da Bíblia. Para eles, a Bíblia era um livro escrito por homens, mas inspirado em Deus (SOUZA, 2010). Suas grandes descobertas científicas muitas vezes foram relacionadas, por eles mesmos, diretamente à sua comunhão com Deus e com ensinamentos presentes na Bíblia. Desta forma, algumas questões poderiam ser levantadas: poderia a leitura da Bíblia realmente beneficiar a prática científica? A Bíblia possui informações e conceitos que evidenciam sua origem sobrenatural? Apesar de a Bíblia não ser um livro científico, ela traz várias informações e conceitos que foram redescobertos apenas há alguns séculos ou décadas atrás pela comunidade científica, o que beneficiou a ciência e pode ser considerado como uma evidência da inspiração divina. Neste tópico, abordaremos alguns destes conceitos. Casamentos consanguíneos Segundo o relato Bíblico, no início da história deste mundo só havia casal: Adão e Eva. Este casal teve filhos e filhas que povoaram o mundo antediluviano. Considerando o início da humanidade, é óbvio conceber que houveram casamentos consanguíneos, pois os filhos do casal edênico só poderiam casar-se entre si. Como Adão viveu 930 anos ele teve muitos filhos e filhas. Mais à frente, no relato bíblico, vemos patriarcas se casando com parentes próximos. Abraão, por exemplo, afirma que a sua esposa Sara era sua irmã: “E, na verdade, é ela também minha irmã, filha de meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha mulher. Gênesis 20:12.” Ou seja, Sara era filha de Terá, pai de Abraão com outra mulher. Nos capítulos iniciais da Bíblia, não vemos qualquer tipo de reprovação a tais relacionamentos, aparentando assim ser uma prática comum e aceitável a Deus naqueles dias. No entanto, vemos que, com o passar do tempo, as orientações de Deus acabam se alterando. Quando o povo de Israel foi liberto do cativeiro, Deus passa a instruí-los em relação a aspectos religiosos, sociais, econômicos e sexuais. Em relação às relações sexuais, Deus dá uma série de normas que deveriam ser seguidas e estão descritas no capítulo 18 de Levítico dos versos 1 ao 23. Entre as proibições de relações sexuais listadas nesses versos encontram-se práticas que sempre foram condenadas por Deus, como a relação sexual entre pais e filhos. No entanto, a prática sexual entre irmãos também é condenada. Mas por que nesse ponto da história Deus resolve proibir esse tipo de relação? Hoje nós sabemos que existem diversas variantes gênicas, denominadas de alelos deletérios, que estão relacionadas ao surgimento de doenças e podem até inviabilizar o desenvolvimento correto do embrião. - 37 - Um dos problemas relacionados aos casamentos consanguíneos é a possibilidade que alelos deletérios se encontrem gerando homozigose de características não desejadas. Grande parte desses alelos presentes no genoma humano se comportam como recessivos, ou seja, a característica determinada por eles apenas de manifestará quando o indivíduo possuir esses alelos em dose dupla. Lembrando que nós temos um par de alelos de cada um dos genes, sendo que um é de origem paterna e outro de origem materna. Todo ser humano possui alguns desses alelos deletérios recessivos, mas eles variam de indivíduo para indivíduo. Desta forma, considerando que parentes possuem constituições genéticas parecidas, a chance de os filhos de casamentos consanguíneos apresentarem homozigose desses alelos recessivos é bem maior que em casamentos aleatórios dentro de uma população. Assim, ao proibir casamentos entre parentes, Deus estava evitando o surgimento de muitas doenças nos indivíduos do povo de Israel. FIQUE ATENTO A Bíblia é um livro coerente e as relações sexuais proibidas em Levíticos 18 não foram revogadas no novo testamento. Ou seja, segundo uma visão bíblica continuam sendo proibidas. EXEMPLO Uma doença relacionada à consanguinidade é a doença Tay-Sachs. A forma mais comum dessa doença promove a deterioração progressiva das células nervosas e habilidades mentais e físicas. Em virtude dessa deterioração, o afetado geralmente morre em torno dos quatro anos de idade. - 38 - Figura1 - Bíblia lista relações sexuais proibidas Fonte: Billion Photos, Shutterstock, 2018. No entanto, ainda resta a seguinte pergunta: por que Deus não proibiu desde o início os casamentos consanguíneos? Ao criar o homem, Deus o proveu de um manual perfeito de instruções para o seu desenvolvimento e funcionamento que era perfeito, o DNA. Com a entrada do pecado, erros passaram a se acumular em trechos do DNA, o que estaria por detrás do surgimento dos alelos deletérios previamente citados. Assim, com o passar do tempo, o casamento consanguíneo se tornou algo objetável para que o desenvolvimento das funções do organismo humano fossem preservadas. Ou seja, a Bíblia mostra instruções divinas que surgiram ao longo da narrativa Bíblia que se coadunam perfeitamente com o que a comunidade científica sabe hoje sobre casamentos consanguíneos. Figura 2 - O primeiro casal Adão e Eva de autoria de Jacopo d' Antonio Negretti Fonte: Oleg Golovnev, Shutterstock, 2018. - 39 - O fato de que as instruções escritas na Bíblia encerram conceitos muito à frente do seu tempo é um indício de usa origem sobrenatural. A natureza inovadora e revolucionária de várias instruções divinas dadas ao seu povo durante a narrativa bíblica será mais bem explorada na unidade 2. No entanto, ainda neste tópico, serão citados brevemente alguns conceitos trazidos pela Bíblia que estão muito à frente da época em que ela foi escrita e contribuíram para grandes avanços científicos. A Bíblia e a Oceanografia Uma das áreas que foram beneficiadas por conhecimentos presentes na Bíblia foi a Oceanografia. A descoberta de muitas correntes marítimas, por exemplo, possui uma relação direta com o trecho presente em Salmos 8:8, que diz: “As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.” Ao ler esse verso, o cientista Matthew Maury (1806-1873) resolveu se aprofundar no estudo desses caminhos oceânicos. Baseando- se neste verso, Maury descobriu e descreveu diversos movimentos contínuos e com padrões específicos das águas oceânicas. A descrição dessas correntes proporcionou imensos avanços para o campo da Oceanografia. Além disso, foi verificado que essas correntes marinhas são essenciais para misturar os nutrientes da coluna de água dos oceanos e estão relacionadas à estabilização do clima do nosso Planeta (COMFORT, 2001). Além da Oceanografia, Matthew Maury também foi um grande pesquisador nos campos da geologia, meteorologia, cartografia e educação. O profundo respeito e a crença de Maury nas sagradas escrituras o levaram a fazer grandes descobertas e de forma alguma comprometeram a validade e relevância de suas descobertas científicas (COMFORT, 2001). O Planeta está suspenso sobre nada Na Grécia Antiga acreditava-se que a Terra seria sustentada pelo titã Atlas, o qual havia se rebelado contra os deuses do Olimpo e como castigo de Zeus foi condenado a esse fim. SAIBA MAIS Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro A relação entre ciência e religião, de autoria de Jaziel Martins. Editora InterSaberes. Ano: 2017. Disponível em: https://biblioteca. . Acesso em: 30 jan. 2023.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=809933 https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=809933 https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=809933 - 40 - Figura 3 - Representação ilustrativa em ouro do titã Atlas carregando o Terra em suas costas Fonte: Diez artwork, Shutterstock, 2018. Outras lendas diziam que uma tartaruga gigante seria a responsável por sustentar elefantes que, por sua vez, sustentariam a Terra. No entanto, muito antes dessas lendas, a Bíblia afirmava que a Terra está suspensa sobre o nada. Esse relato está presente em Jó 26:7, onde se lê: “O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada.” Muitos teólogos afirmam que o livro de Jó seria o primeiro livro do antigo testamento a ser escrito por volta de 1450 a.C. e o autor seria Moisés. Figura 4 - Tartaruga e elefantes, segundo antigas lendas, seriam os responsáveis por sustentar a Terra Fonte: Elena Schweitzer, Shutterstock, 2018. Todavia, o conceito de que a Terra repousa sobre o nada só se popularizou no século XVII. Atualmente, várias estações espaciais e satélites têm nos proporcionado imagens espetaculares do nosso Planeta, mostrando claramente que ele repousa sobre o nada (COMFORT, 2001). - 41 - Leis meteorológicas A meteorologia é a ciência que estuda a dinâmica da atmosfera terrestre e variações no clima. Um fator essencial relacionado às variações climáticas é a circulação de massas de ar em nossa atmosfera. O interessante é que a existência dessas correntes de ar já estava descrita nas escrituras. Em Eclesiastes 1:6 se lê: “O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos”. Ou seja, interessantemente, esse versículo se refere a circuitos preestabelecidos de massas de ar (COMFORT, 2001). Fechamento Ao abordarmos estes conceitos, é importante evitar o anacronismo. Não podemos analisar as citações da Bíblia à luz de uma descrição científica atual dos fatos, pois ela foi escrita bem antes do surgimento da Ciência Moderna. Desta forma, o preciosismo relacionado aos termos e à narrativa científica empregada na atualidade não serão encontradas nas escrituras. Dado o contexto e a estrutura gramatical empregada pelos autores bíblicos, fica claro que eles não tinham a menor pretensão de explicar em detalhes como os fenômenos naturais ocorriam ou como a própria criação se deu. No entanto, como foi citado anteriormente, o relato bíblico extrapola os objetivos individuais do escritor, pois, devido à inspiração divina, o autor em última instância se torna o próprio Deus. Ou seja, o texto retrata o contexto objetivo no qual o autor estava, mas possui elementos que transcendem essa realidade. Deste modo, correlações, profecias e conceitos inovadores foram gravados nas escrituras sem, muitas vezes, o autor ter esse objetivo E a possibilidade de extrair tais conceitos da Bíblia é uma evidência dea priori. sua origem sobrenatural. Referências COMFORT, R. : 100 Reasons to Believe the Bible is Supernatural in Origin. Scientific Facts in the Bible Bridge- Logos, 2001. SOUZA JUNIOR, N. N. Filosofia das origens: uma introdução à controvérsia evolucionismo e criacionismo. In: Acta FIQUE ATENTO A Bíblia não é um livro científico. Desta forma, a ferramenta mais adequada para estudá-la é a hermenêutica bíblica, e não a Ciência empírica. A hermenêutica é um campo da filosofia que estuda métodos para decifrar e compreender determinado texto. Já a hermenêutica bíblica é ramo da hermenêutica que estuda os princípios e métodos de interpretação do texto bíblico. - 42 - SOUZA JUNIOR, N. N. Filosofia das origens: uma introdução à controvérsia evolucionismo e criacionismo. In: Acta : Ciências Humanas, v. 2, n. 19, 2. semestre de 2010. Disponível em: Científica https://www.evidenciasonline. . org/?page_id=449 Acesso em: 30 jan. 2023. https://www.evidenciasonline.org/?page_id=449 https://www.evidenciasonline.org/?page_id=449 UT01_Ciencia e religiao 00UT01_T01_Ciencia e religiao_Apresentacao UT01_T01_Ciencia e religiao Introdução Observação Lago Baikai, no Sul da Sibéria, congelado Esquema ilustrativo da estrutura da molécula de água (H2O) Elaboração de uma hipótese Experimentação A fórmula química do sal (NaCl) Design do experimento Etapas de formulação da hipótese e da experimentação Fechamento Referências UT01_T02_Ciencia e religiao Introdução Elaboração de novas hipóteses Elaboração de teoria e o ciclo da produção científica Ilustração esquemática dos passos envolvidos no método científico Visão grega do átomo Modelos atômicos de Dalton e Thomson Modelo atômico de Dalton como um panetone Modelos atômicos de Rutherford e Bohr Cientistas responsáveis por elaborar modelos atômicos. A. John Dalton; B. Joseph John Thomson, C. Ernest Rutherford; D. Niels Bohr Ilustração esquemática dos modelos atômicosdemonstrando a evolução do conhecimento acerca do átomo Fechamento Referências UT01_T03_Ciencia e religiao Introdução Raciocínio indutivo Raciocínio indutivo é usado no pleito eleitoral Raciocínio dedutivo Ornitorrinco, que é um mamífero que possui bico, bota ovos e possui esporões venenosos nas patas Raciocínio hipotético-dedutivo Pesquisa científica Baleia cachalote Método dialético Fechamento Referências UT01_T04_Ciencia e religiao Introdução Gregor Johann Mendel O cientista Gregor Johann Mendel Os experimentos de Gregor Mendel Ilustração esquemática dos sete caracteres estudados por Mendel As leis de Gregor Mendel Alexander Fleming O cientista Alexander Fleming Descoberta da penicilina A descoberta da penicilina por Alexander Fleming Fechamento Referências UT01_T05_Ciencia e religiao Introdução Pais da Ciência Moderna Nicolau Copérnico Francis Bacon Retrato de Francis Bacon, considerado como um dos pais da Ciência Moderna Johannes Kepler Galileo Galilei René Descartes Blaise Pascal Isaac Newton Retratos de alguns dos pais da Ciência que possuíam fortes convicções religiosas cristãs O cenário que levou Isaac Newton a elaborar a lei da gravidade A neutralidade do método científico A Ciência e Religião podem dialogar, mas não estão sempre relacionadas Fechamento Referências UT01_T06_Ciencia e religiao Introdução Casamentos consanguíneos Bíblia lista relações sexuais proibidas O primeiro casal Adão e Eva de autoria de Jacopo d' Antonio Negretti A Bíblia e a Oceanografia O Planeta está suspenso sobre nada Representação ilustrativa em ouro do titã Atlas carregando o Terra em suas costas Tartaruga e elefantes, segundo antigas lendas, seriam os responsáveis por sustentar a Terra Leis meteorológicas Fechamento Referências UT02_Ciencia e religiao 00_UT02_T01_Ciencia e religiao_Apresentacao UT02_T01_Ciencia e religiao Introdução Estruturas conceituais: do empirismo à Teologia Bíblica Os sentidos humanos Naturalismo metafísico e metodológico Herança Grega aristotélica e herança Grega neo-platônica Estátua de Platão Aristóteles, filósofo grego Mecanicismo teológico e mecanicismo materialista O relógio e o mecanismo biológico Fechamento Referências UT02_T02_Ciencia e religiao Introdução Evolucionismo ateísta e panteísta Evolucionismo ateísta e panteísta Evolucionismo deísta e teísta Evolucionismo deísta e teísta Criacionismo progressivo, islâmico, bíblico e design inteligente Criacionismo progressivo e islâmico Criacionista bíblico e design inteligente Fechamento Referências UT02_T03_Ciencia e religiao Introdução De onde eu vim? Comando de voz A criação relatada em Gênesis é literal Natureza do homem Plano de Deus para o homem Instituições criadas por Deus Morte e ressureição de Jesus Fechamento Referências UT02_T04_Ciencia e religiao Introdução Micro versus macroevolução Diferentes raças de cachorro Biologia funcional versus evolutiva Observação, hipótese, experimento, teorias Hierarquia taxonômica Membros de vertebrados Fechamento Referências UT02_T05_Ciencia e religiao Introdução Aspectos diferenciais da Bíblia Imagem da Bíblia A historicidade da narrativa bíblica é confirmada pela própria Arqueologia Estátua do rei Davi Coerência interna legitimada mediante a análise linguística das diferentes variantes textuais Comunhão entre o homem e o Deus da Bíblia Estátua do inventor da imprensa, Johannes Gutenberg Fechamento Referências UT02_T06_Ciencia e religiao Introdução Profecias cumpridas com exatidão Multiplicação dos pães e peixes Preservação do Cânon Bíblico Leis bíblicas Manuscritos do Mar Morto Tábuas dos 10 mandamentos A Bíblia é um livro que transforma vidas Ressurreição de Jesus Fechamento Referências
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