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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - ECS CURSO: PSICOLOGIA DISCIPLINA: Psicologia e Saúde do Trabalhador PROFESSOR:Marcia Gisela de Lima ACADÊMICAS: Bárbara Caroline Georg, Bruna Mendes Cardoso, Flávia Marina Venturi e Karoline Henrique. Primeira M3: LER/DORT 1. Desenvolva o conceito da e a contextualização da LER/DORT, trazendo principalmente as pontuações ministradas em sala nas aulas. As doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho ou DORT, são as lesões, doenças ou distúrbios atribuídos às condições de trabalho que geralmente afetam músculos, tendões, nervos, fáscias ou articulações, principalmente de membros superiores, ombro e pescoço. Trata-se de uma condição com direta associação entre as demandas profissionais, ambiente e organização do trabalho, sobretudo em virtude do desequilíbrio entre exigência de produtividade e alta competitividade. Bastante conhecida por LER a lesão por esforço repetitivo, sua antiga denominação, teve seu primeiro registro em 1700 por Ramazzini. Foi identificada como doença dos escribas, em razão dos repetidos movimentos necessários para tal atividade. Mais tarde, concedida às artesãs/tecelãs e posteriormente às lavadeiras, também por conta dos muitos movimentos recorrentes e imobilização por grandes períodos, para então na década de 80, ser considerado uma “epidemia mundial”, já que foi descrito em diversas profissões em inúmeros países. Hoje, apesar da subnotificação (já que se considera apenas os trabalhadores formais com registro na previdência), estima-se que 70% das doenças em trabalhadores no Brasil, sejam relacionadas a fatores psicológicos, biológicos e sociológicos, principalmente em consequência das condições trabalhistas. 2. Um ambiente de trabalho inadequado pode ser uma inesgotável fonte de problema, provocando o surgimento e o agravamento da LER/DORT. Cite e explique as fontes. Além da crescente evolução das tecnologias que acabam por exigir alta performance dos trabalhadores, a exacerbada imposição de produtividade, a precarização das condições de trabalho, que reduz custos “desnecessários” como conforto, ergonomia, intervalos entre atividades, etc, são condições referentes ao ambiente de trabalho que podem afetar a saúde do trabalhador. De acordo com Barros e Guimarães e segundo as aulas ministradas pela professora Márcia Gisela, as LER/DORT podem surgir em virtude de más condições do ambiente físico, como aparatos inadequados, falta de equipamento de proteção, de tarefas com movimentos repetitivos, cargas pesadas ou longos períodos de imobilidade, mas principalmente, por conta de uma má gestão e organização do trabalho que visa o lucro acima do bem-estar e saúde dos sujeitos. 3. Quais são os sintomas e os fatores de risco da DORT? As LER/DORT se caracterizam especialmente por dor crônica em músculos, tendões, nervos, fáscias ou articulações, principalmente de membros superiores, ombro e pescoço, mas também afetam outras áreas, de acordo com a atividade exercida. Podem estar associadas à incapacidade total ou parcial do trabalho e, ainda, das atividades domésticas e cotidianas. Provoca dores, fadiga, perda de força muscular, formigamento, além de fatores psicológicos, como desânimo, irritabilidade, distúrbios do sono, etc. Os fatores de risco podem ser de natureza biomecânica (movimentos repetitivos, o uso excessivo da força ou carregamento de cargas pesadas de forma recorrente, postura inadequada, longos períodos de imobilidade e uso de ferramentas e artefatos manuais prolongados), administrativa (presença de riscos potenciais, método e ferramentas de trabalho inadequados, não ergonomia, falta de uma gestão com foco no trabalhador que proporcione treinamento adequado para o desempenho das atividades e supervisão educativa, além de oferecer ginástica laboral e intervalos adequados) e psicossociais (demasiadas cobranças, inexistência de autonomia e controle sobre o trabalho, falta de apoio ou suporte de colegas e superiores e pouca variabilidade no conteúdo das atividades). 4. Quais as possibilidades de prevenção e ações frente a DORT, em um contexto organizacional? A prevenção está bastante atrelada à cultura organizacional que prevê ações de diligência, proporcionando riscos diminuídos ao trabalhador. Uma política preventiva deve conter treinamento adequado para o desempenho correto das tarefas desempenhadas pelos trabalhadores e supervisão educativa com vistas a evitar que no decorrer da função posturas ou movimentos impróprios sejam executados; programa de ergonomia com equipamentos próprios e compatíveis com cada função; maquinário e ferramentas em bom estado; acompanhamento médico periódico ou com fisioterapeuta; ginástica laboral e/ ou períodos de descanso e intervalos entre atividades com movimentos repetitivos e que exigem uso de força; cultura de cooperação entre pares e superiores. No caso de já haver um dano ao trabalhador, o acompanhamento de profissionais da saúde para reabilitação e readaptação ao trabalho, bem como o apoio dos profissionais em todos os níveis, mas principalmente da gestão. Não é possível uma política de prevenção sem uma gestão consciente, que acolha o trabalhador e incentive a sinalização de qualquer sintoma e limitação, que seja canal de comunicação e não coerção. Segunda M3: Transtornos Mentais no Contexto do Trabalho Concessão de Benefícios Previdenciários Acidentários - Santa Catarina Através do site do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, pode ser investigado as principais cidades na região Sul do Brasil, que ocorreram os afastamentos previdenciários pela categoria do CID (Mentais e Comportamentais) no ano de 2022, sendo selecionados nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul municípios que possuem números superiores a 9 casos de afastamento. No Paraná foram contabilizados 2 cidades, Curitiba -49 e Londrina -57, no Rio Grande do Sul 12 cidades, sendo elas: Alvorada -14, Cachoeirinha -17, Canoas -24, Caxias do Sul -21, Erechim -11, Gravataí -20, Novo Hamburgo -13, Passo Fundo -25, Porto Alegre -198, Santa Maria -33, Sapucaia do Sul -9 e Viamão -21, em Santa Catarina 15 cidades como: Blumenau -71, Florianópolis - 60, Joinville -43, Chapecó- 25, Lages -22, Tubarão -20, São José- 19, Palhoça -16, Imbituba -14, Biguaçu -13, Gaspar -11, Laguna -11, Balneário Camboriú -9, Criciúma -9 e Itajaí -9. Grande parte dos municípios do estado de Santa Catarina com os maiores índices, estão localizados no Vale do Itajaí e nas proximidades da capital, e apesar dos números serem bastante preocupantes, percebem-se poucas ações dentro das empresas que promovam a saúde mental dos trabalhadores, sendo nas atividades econômicas de administração pública em geral os maiores números de afastamento por transtornos mentais/ saúde mental (BRASIL, 2022). O SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), é um sistema que permite o diagnóstico dinâmico de eventos na população, ele não só fornece subsídios para explicar causas de agravos de notificação compulsória, mas também indica riscos enfrentados pela população, auxiliando na identificação da realidade epidemiológica de uma área geográfica específica. O uso sistemático e descentralizado desse sistema contribui para a democratização da informação, possibilitando que todos os profissionais de saúde tenham acesso e compartilhem dados com a comunidade. Além disso, destaca-se que esse instrumento é relevante para o planejamento da saúde, definição de prioridades de intervenção e avaliação do impacto das ações implementadas. No período de 2007 a 2022 foram notificados pelo SINAN 362 casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho no estado de Santa Catarina, no Paraná no período de 2007 a 2022 foram notificados 716 casos, e no mesmo período o Rio Grande do Sul apresentou 1.028 casos (BRASIL, 2022). Outro ponto importante a ser ressaltado em relação à saúde mental do trabalhador é o ciclo vicioso estabelecido pelocapitalismo, no qual o indivíduo explorado é alienado socialmente. Certamente, as vítimas da injustiça que enfrentam muitas vezes não reconhecem sua condição, pois não se identificam como agentes do trabalho, mas sim como consumidores dependentes, deixando de questionar esse cenário, ou seja, o homem é visto como um meio e não um fim (PALMA et al 2019). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um quarto dos usuários de serviços de saúde manifesta algum indício de transtorno mental, contudo, a maioria carece de diagnóstico e tratamento. Entre 2008 e 2009, o índice de afastamento no trabalho devido a distúrbios mentais e comportamentais aumentou de 12.818 para 13.478. Em 2010, os transtornos mentais e comportamentais alcançaram a terceira posição na concessão de auxílio-doença por incapacidade. Por outro lado, em 2012, receberam notificações por parte da previdência social 16.978 casos de Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho. Tais dados trazem a reflexão da importância de atenção aos dados que aumentam a cada ano (PALMA et al 2019). O cenário de transtornos mentais relacionados ao trabalho também é preocupante. A análise dos afastamentos previdenciários por CID (Mentais e Comportamentais) em 2022 na região Sul do Brasil revela números significativos, com destaque para casos em áreas urbanas e atividades de administração pública. O SINAN, Sistema de Informação de Agravos de Notificação, destaca a notificação de 362 casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho em Santa Catarina, 716 no Paraná e 1.028 no Rio Grande do Sul entre 2007 e 2022. O ciclo vicioso estabelecido pelo capitalismo, onde o trabalhador é explorado e alienado socialmente, contribui para a falta de reconhecimento da condição de exploração, impactando negativamente na saúde mental. Dados da Organização Mundial da Saúde revelam um aumento nos afastamentos devido a distúrbios mentais e comportamentais. A atenção a esses dados é crucial, destacando a importância de intervenções que promovam a saúde mental no ambiente de trabalho. Tanto as LER/DORT quanto os transtornos mentais relacionados ao trabalho representam desafios significativos para a saúde ocupacional. A prevenção eficaz requer ações coordenadas em níveis individual e organizacional, com ênfase na conscientização, treinamento, manutenção de ambientes adequados e apoio ativo da gestão. A análise dos dados evidencia a necessidade de medidas proativas para melhorar as condições de trabalho e promover ambientes saudáveis, onde o bem-estar do trabalhador é priorizado em detrimento de uma busca desenfreada por produtividade. A prevenção das LER/DORT está intrinsecamente ligada à cultura organizacional. Estratégias preventivas incluem treinamento adequado, supervisão educativa, programas de ergonomia, manutenção de equipamentos, acompanhamento médico periódico, ginástica laboral e promoção de uma cultura cooperativa entre os trabalhadores. A gestão desempenha um papel crucial, sendo necessário um ambiente que incentive a comunicação aberta sobre sintomas e limitações. REFERÊNCIAS BRASIL. OBSERVATÓRIO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. (org.). Promoção do Meio Ambiente do Trabalho Guiada por Dados. 2022. Smartlab. Disponível em: https://smartlabbr.org/sst/localidade/42?dimensao=prioritarias. Acesso em: 20 nov. 2023.
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