Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SAÚDE LABORAL E DOENÇAS OCUPACIONAIS 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA................................................................................................ 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO ................................................................. 4 RESUMO HISTÓRICO ................................................................................................ 5 AS NORMAS REGULAMENTADORAS ..................................................................... 6 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS ............................................................................... 7 RISCOS AMBIENTAIS ............................................................................................... 8 RISCOS ERGONÔMICOS .......................................................................................... 8 RISCOS DE ACIDENTES ........................................................................................... 8 PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL .................................................................... 8 DOENÇAS OCUPACIONAIS ...................................................................................... 9 ESTRESSE ............................................................................................................... 10 SÍNDROME DE BURNOUT ...................................................................................... 14 ESTRESSE X SÍNDROME DE BURNOUT ............................................................... 15 LER/DORT ................................................................................................................ 17 ASMA OCUPACIONAL ............................................................................................ 22 DERMATOSE OCUPACIONAL ................................................................................ 22 SURDEZ TEMPORÁRIA OU DEFINITIVA ............................................................... 23 ANTRACOSE PULMONAR ...................................................................................... 24 CUIDADOS COM A SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA .................... 24 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29 2 NOSSA HISTÓRIA A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Introdução Em 2012, por meio da Portaria nº 1.823, de 23 de agosto, o Ministério da Saúde, instituiu a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que tem como finalidade definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos. Figura 1 – Saúde ocupacional O caminho foi longo até o momento atual, mas felizmente os direitos dos trabalhadores vêm sendo conquistados. Pois bem, ao longo do caderno faremos uma breve revisão histórica do movimento pela saúde e segurança dos trabalhadores, falaremos do ambiente laboral, dos riscos a que estão sujeitos e das doenças ocupacionais que são uma preocupação e consideradas problema de saúde pública. A doença ocupacional ou profissional está definida no artigo 20, I da Lei n. 8.213 de 24 de julho de 1991 como a enfermidade produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. 4 As doenças profissionais, conhecidas ainda com o nome de “idiopatias”, “ergopatias”, “tecnopatias” ou “doenças profissionais típicas”, são produzidas ou desencadeadas pelo exercício profissional peculiar de determinada atividade, ou seja, são doenças que decorrem necessariamente do exercício de uma profissão. Por isso, prescindem de comprovação de nexo de causalidade com o trabalho, porquanto há uma relação de sua tipicidade, presumindo-se, por lei, que decorrem de determinado trabalho. Tais doenças são ocasionadas por microtraumas que cotidianamente agridem e vulneram as defesas orgânicas e que, por efeito cumulativo, terminam por vencê-las, deflagrando o processo mórbido (MONTEIRO; BERTAGNI, 2000, p. 15). Figura 2 – Doenças ocupacionais Fecharemos nosso caderno com reflexões sobre a saúde mental dos profissionais da saúde em tempos difíceis de pandemia decorrente do novo coronavírus. Saúde e segurança no trabalho 5 Resumo histórico Um estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz conta que, em meados da década de 50, o Brasil passou por um período de crescimento industrial muito forte, especialmente durante o governo de Getúlio Vargas. Com o incentivo às indústrias, foi necessário regulamentar as demandas trabalhistas por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A partir desse panorama, a Medicina do Trabalho começou a crescer e os cursos de medicina seguiram essa tendência, incorporando disciplinas focadas em Saúde do Trabalho. Já na década de 60, durante a ditadura brasileira, houve outro grande surto industrial no país. Era o “milagre brasileiro”, que incentivou uma série de construções e obras faraônicas, como a Ponte Rio-Niterói, estádios de futebol e hidrelétricas. O ritmo das obras era intenso e a falta de preparo do governo, das empresas e dos próprios trabalhadores acabou agravando as estatísticas de acidentes e mortes de trabalho. Para contornar esse problema e complementar a CLT, o Brasil criou uma série de Normas Regulamentadoras (NRs) e, entre elas, está a NR 04 que implementa os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMTs). A regra define quantos profissionais de Saúde Ocupacional são necessários para cada empresa, de acordo com o quadro de funcionários. Essa medida já era recomendada desde 1959 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A partir de então, a sociedade se organizou e criou diversos movimentos sindicais e fundações com foco em Saúde Ocupacional e Medicina Preventiva. No final da década de 80, o Brasil iniciou o seu processo de redemocratização e os direitos dos trabalhadores avançaram ainda mais! Hoje, por exemplo, os trabalhadores contam com assistência em caso de acidentes ou doenças de trabalho, acompanhamento obrigatório de exames médicos de acordo com os riscos que a profissão oferece entre outros A Saúde Ocupacional surge, principalmente nas grandes empresas, com o traço da multi e interdisciplinaridade, com a organização de equipes progressivamentemultiprofissionais, e a ênfase na higiene industrial, refletindo a origem histórica dos 6 serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países industrializados (MENDES, 1991 apud FRIAS JUNIOR, 1999). A Saúde Ocupacional passava a dar uma resposta racional, científica, para problemas de saúde determinados pelos processos e ambientes de trabalho e através da Toxicologia e dos parâmetros instituídos como limites de tolerância, tentava-se quantificar a resposta ou resistência do homem trabalhador aos fatores de risco ocupacionais. A Saúde do Trabalhador, por sua vez, passa a ser vista como a área de conhecimento e aplicação técnica que dá conta do entendimento dos múltiplos fatores que afetam a saúde dos trabalhadores e seus familiares, independente das fontes de onde provenham, das consequências da ação desses fatores sobre tal população (doenças) e das variadas maneiras de atuar sobre estas condições (TAMBELLINI et al, 1985). As normas regulamentadoras Os locais de trabalho, pela própria natureza da atividade desenvolvida e pelas características de organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a agentes físicos, químicos, biológicos, situações de deficiência ergonômica ou riscos de acidentes, podem comprometer a saúde e a segurança do trabalhador em curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou a morte. Assim, encontramos no conjunto das normas regulamentadoras, respaldo para atuação junto à saúde e segurança do trabalhador. Por exemplo, a NR 12, Norma Regulamentadora – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos e seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da 7 observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR aprovadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis. Anote aí: NR-1 - DISPOSIÇÕES GERAIS E GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS (tem novo texto) com início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.730, de 9 de março de 2020. NR-2 - INSPEÇÃO PRÉVIA. REVOGADA pela PORTARIA SEPRT n. 915, de 30 de julho de 2019, publicada no DOU de 31/07/2019. NR-3 - EMBARGO OU INTERDIÇÃO - Última modificação: Portaria SEPRT 1069, de 23/09/2019. NR-7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE OCUPACIONAL – PCMSO (NOVO TEXTO): Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.734, de 9 de março de 2020. NR-9 - AVALIAÇÃO E CONTROLE DAS EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS A AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS (NOVO TEXTO): Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 6.735, de 10 de março de 2020. NR-32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE, teve última modificação pela Portaria SEPRT 915, de 30/07/2019. Classificação dos riscos Os riscos podem ser classificados como: ambientais, ergonômicos e de acidentes. 8 Riscos ambientais a) Físicos: são representados por fatores ou agentes existentes no ambiente de trabalho que podem afetar a saúde dos trabalhadores, como: ruídos, vibrações, radiações, frio, calor, pressões anormais e umidade; b) Químicos: são identificados pelo grande número de substâncias que podem contaminar o ambiente de trabalho e provocar danos à integridade física e mental dos trabalhadores, a exemplo de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos ou outros produtos químicos; c) Biológicos: estão associados ao contato do homem com vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos e outras espécies de microrganismos. Riscos ergonômicos Os riscos ergonômicos estão ligados à execução de tarefas, à organização e às relações de trabalho, ao esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, mobiliário inadequado, posturas incorretas, controle rígido de tempo para produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia, repetitividade e situações causadoras de estresse. Riscos de acidentes Os riscos de acidentes são muito diversificados e estão presentes no arranjo físico inadequado, pisos pouco resistentes ou irregulares, material ou matéria-prima fora de especificação, utilização de máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas impróprias ou defeituosas, iluminação excessiva ou insuficiente, instalações elétricas defeituosas, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes. Proteção coletiva e individual 9 Para prevenir os acidentes e as doenças decorrentes do trabalho, a ciência e as tecnologias colocam à nossa disposição uma série de medidas e equipamentos de proteção coletiva e individual, visando, além de proteger muitos trabalhadores ao mesmo tempo, à otimização dos ambientes de trabalho, destacando-se por serem mais rentáveis e duráveis para a empresa. - Equipamento de proteção coletiva é toda medida ou dispositivo, sinal, imagem, som, instrumento ou equipamento destinado à proteção de uma ou mais pessoas. Ex.: escadas de emergência, extintor de incêndio. - Equipamento de Proteção Individual (EPI): é todo dispositivo de uso individual, destinado à proteção de uma pessoa. Ex.: botas, luvas, capacetes. Acidente de trabalho: é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade do trabalho (BRASIL, 2001). Doenças ocupacionais Para que se prove a existência da doença ocupacional necessita-se da comprovação de nexo de causalidade com o trabalho, ou seja, a doença ocupacional 10 ou profissional, portanto deverá ter sido desencadeada pelo exercício do trabalhador em uma determinada função que esteja diretamente ligada à profissão. Alguns exemplos de doença ocupacional são: o escrevente que adquiriu tendinite, o soldador que desenvolveu alguma doença de visão, o trabalhador que realiza exercícios repetitivos que sofre com LER, o trabalhador que levanta peso e sofre com problemas de coluna, entre outros (BITTENCOURT, 2018). Diferentemente da doença profissional, a doença de trabalho não está atrelada à função desempenhada pelo trabalhador, mas ao local onde o operário é obrigado a trabalhar. Como exemplo de doença de trabalho, podemos citar: o câncer que acomete trabalhadores de minas e refinações de níquel, as pessoas que trabalham em contato com amianto ou em proximidade com algo radioativo, os trabalhadores que sofrem de doenças pulmonares por estarem em contato constante com muita poeira, névoa, vapores ou gases nocivos, a surdez provocada por local extremamente ruidoso, entre outros. Existem algumas doenças que não são consideradas doença de trabalho em virtude de sua natureza, pois se desenvolvem naturalmente. São elas: a) doença degenerativa; b) doença inerente ao grupo etário; c) doença que não produza incapacidade laborativa; d) doença endêmica adquirida por segurado habitante de região e que se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. As hipóteses acima estão dispostas no artigo 20, parágrafo 1º da Lei n.8.213/1991. Vejamos algumas doenças doambiente laboral: Estresse A palavra estresse deriva do latim e foi empregada popularmente no século XVII significando fadiga, cansaço. A partir dos séculos XVIII e XIX, o termo aparece 11 relacionado com força, esforço e tensão. Embora, até os dias de hoje, a conceituação se apresente como um problema para os pesquisadores da área, o fenômeno não representa uma novidade. É um mecanismo bioquímico antigo de sobrevivência do homem, aperfeiçoado ao longo de sua própria evolução biofisiológica. O “estado de estresse” reflete um conjunto de reações e de respostas do organismo necessário a preservação de sua integridade. O conceito foi usado na área de saúde, pela primeira vez em 1926, por Seyle que notou que muitas pessoas sofriam de várias doenças físicas, e reclamavam de alguns sintomas em comum. Suas pesquisas foram decisivas para propor as primeiras explicações inerentes ao processo de estresse e, seus conceitos ainda hoje, representam apoio teórico para a maioria das pesquisas desenvolvidas nesta área (GUIMARÃES, 2000). Em entrevista ao Dr. Drauzio Varela (2012), a médica psiquiatra Alexandrina Meleiro que trabalha no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo explica que o estresse é uma defesa natural que nos ajuda a sobreviver, mas a cronicidade do estímulo estressante acarreta consequências danosas ao nosso organismo. Embora a tendência do indivíduo seja elaborar estratégias para resolvê-las, muitas vezes, ele vai se adaptando às exigências do chefe intransigente, à situação econômica difícil, aos revezes do dia a dia. Se não conseguir criar essas estratégias, seu organismo não irá reagir convenientemente diante dos problemas e dará sinais de cansaço que podem afetar os sistemas imunológico, endócrino, nervoso e o comportamento do dia a dia. A continuidade dessa situação afeta a pessoa, exaurindo suas forças e ela cai num estado de exaustão, de estresse propriamente dito. Caso não consiga reverter o processo, as consequências não tardarão a surgir: aumento da pressão arterial, crises de angina que podem levar ao infarto, dores musculares, nas costas, na região cervical, alterações de pele, entre outras. Daí a importância de a pessoa estar alerta para os sinais que o corpo registra. Ao transportarmos nossa observação para as organizações, veremos que o estresse no trabalho é um tema relevante nas mesmas, sejam elas privadas ou públicas (BALASSIANO; TAVARES; PIMENTA, 2011). 12 Trata-se de uma reação diante de determinada situação que se insere em algum contexto. De forma geral, o estresse é a reação do corpo a agentes estressores (MORAES; MONT'ALVÃO, 2012 apud BATISTA et al., 2016). Figura 3 - Estresse O estresse pode ser compreendido também como o desalinhamento entre as condições do trabalho e os trabalhadores individuais, pois o estresse causa respostas físicas e emocionais diante das exigências de trabalhos que não são equilibradas pelo trabalhador (OLIVEIRA, 2003). No trabalho, o estresse pode ser causado por diversos fatores, a saber: pressão pela produtividade, incapacidade de atender as demandas, condições de trabalho desfavoráveis ou precárias, pressões financeiras, organizacionais ou morais, dentre outros diversos fatores (BALASSIANO; TAVARES; PIMENTA, 2011; IIDA, 2005). Reforçamos abaixo as cinco fontes de estresse que se destacam nas organizações: 1) Baixas condições de trabalho, sobrecarga de informação, pressão de prazos, mudanças tecnológicas; 2) Papel na organização, incluindo ambiguidade e conflito de papéis, que ocorre quando o indivíduo não tem uma visão clara sobre os objetivos de seu trabalho; 13 3) Desenvolvimento de carreira, incluindo falta de segurança no emprego, falta ou excessos de promoções e obsolescência; 4) Relacionamentos no trabalho; e, 5) Estrutura e clima organizacional, incluindo baixo envolvimento na tomada de decisão e em questões políticas. O estresse possui diversos sintomas e reações, dentre os quais: perda de autoconfiança, insônia, comportamento agressivo, dores musculares, doenças cardiovasculares e outros sintomas psicológicos e físicos (MARTHA et al., 2012 apud BATISTA et al., 2016; IIDA, 2005). Figura 4 - Sintomas do Estresse Pasquali (2010, p. 505), salienta que, quanto mais os conceitos ergonômicos no trabalho forem incorporados ao universo da produção, “maiores serão as possibilidades para reduzir o sofrimento patogênico no trabalho e as perdas com improdutividade dos sistemas”. Isso contribuirá para que a organização tenha altos níveis de satisfação, melhor clima organizacional, economia de custos, de esforços, de tempo e melhoria na 14 qualidade dos resultados, aumento da produtividade, diminuição dos acidentes de trabalho e do custo operacional, e um gerenciamento mais eficaz. Assim, a Ergonomia considera fatores técnicos, fatores humanos, fatores ambientais, fatores sociais; e quanto mais desses fatores estiverem presentes nas situações de trabalho de maneira produtiva e construtiva, melhor será a condição de o indivíduo na organização, significando qualidade de vida no trabalho (SILVA; SANCHES; FORESTO, 2013). Síndrome de Burnout A Síndrome de Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho que são emocionalmente exigentes e/ou estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade, especialmente nas áreas de Educação e Saúde. A principal causa da doença, conhecida também como “Síndrome do Esgotamento Profissional”, é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros. Traduzindo do inglês, “burn” quer dizer queima e “out” exterior (BRASIL 2018). Gil-Monte (2005 apud DIEHL; CARLOTTO, 2015) propõe um modelo teórico da Síndrome de Burnout constituído por quatro dimensões que estabelecem dois perfis diferenciados. As dimensões são assim caracterizadas: 1) Ilusão pelo Trabalho – indicando o desejo individual para atingir metas relacionadas ao trabalho, sendo estas percebidas pelo sujeito como atraentes e fonte de satisfação pessoal. 2) Desgaste psíquico – caracterizado pelo sentimento de exaustão emocional e física em relação ao contato direto com pessoas que são fonte ou causadoras de problemas. 15 3) Indolência – evidenciada pela presença de atitudes de indiferença junto às pessoas que necessitam ser atendidas no ambiente de trabalho, assim como insensibilidade aos problemas alheios. 4) Culpa – evidenciada pelo surgimento de cobrança e sentimento de culpabilização por atitudes e comportamentos do indivíduo não condizentes com as normas internas e com a cobrança social acerca do papel profissional. A síndrome de Burnout estabelece dois perfis diferenciados. O Perfil 1 caracteriza-se por um conjunto de sentimentos e condutas ligadas ao estresse laboral, originando uma forma moderada de mal-estar, mas que não impossibilita o profissional de exercer suas atividades laborais, ainda que pudesse realizá-las de melhor forma. O Perfil 2 refere-se a casos clínicos mais deteriorados em decorrência da síndrome, incluindo os sentimentos já apresentados, acrescidos do sentimento de culpa. Em ambos, as atitudes e os comportamentos de indolência podem ser entendidos como uma estratégia de enfrentamento para lidar com o desgaste emocional e cognitivo. No entanto, enquanto para alguns profissionais essa estratégia de enfrentamento é suficiente e possibilita o gerenciamento do estresse, para outros é percebida como inadequada e ocasiona sentimento de culpa. No Perfil 2, o profissional apresenta comprometimento na execução de suas atividades e, ao perceber que não asexecuta adequadamente, desenvolve sentimentos de fracasso e de culpa por não estar correspondendo às exigências e às normas do que avalia ser seu papel profissional (GIL-MONTE, 2008 apud DIEHL; CARLOTTO, 2015). Indivíduos classificados no Perfil 2 de Burnout costumam apresentar maior absenteísmo (GIL-MONTE, 2008 apud DIEHL; CARLOTTO, 2015), mais problemas de saúde (CARLOTTO et al., 2012) e sintomas de depressão (GIL- MONTE, 2012 apud DIEHL; CARLOTTO, 2015). Estresse x Síndrome de Burnout Os fatores desencadeantes do estresse no ambiente de trabalho são: 16 Ruído; Iluminação; Temperatura; Higiene; Intoxicação; Clima; Disposição do espaço físico para o trabalho; O trabalho noturno; A sobrecarga de trabalho; A exposição a riscos e perigos. Já os principais sintomas da síndrome de Burnout são os fatores: Físicos – sensação de fadiga constante e progressiva, distúrbios do sono, dores musculares, no pescoço, ombro e dorso, perturbações gastrointestinais, baixa resistência imunológica, astenia, cansaço intenso, cefaleias, transtornos cardiovasculares; Psíquicos – diminuição da memória, falta de atenção e concentração, diminuição da capacidade de tomar decisões, fixações de ideias e obsessão por determinados problemas, ideias fantasiosa ou delírios de perseguição, sentimento de alienação e impotência, labilidade emocional, impaciência; Emocionais – desânimo, perda de entusiasmo e alegria, ansiedade, depressão, irritação, pessimismo, baixa alta estima; e, Comportamentais – isolamento, perda de interesse pelo trabalho ou lazer, comportamento menos flexível, perda de iniciativa, lentidão no desempenho das funções, absenteísmo, aumento do consumo de bebidas alcoólicas, fumo e até mesmo drogas, incremento da agressividade. 17 No entanto, é importante ressaltar que nem todos estes sintomas estão necessariamente presentes em todos os casos, pois esta configuração dependerá de fatores individuais e ambientais (ODORIZZI, 1995). Estes sintomas podem se desenvolver em indivíduos que estejam relacionados com qualquer tipo de atividade no trabalho, no entanto, deve ser entendida como uma resposta ao estresse laboral que aparece quando falham as estratégias funcionais de enfrentamento que o sujeito pode empregar e se comporta como variável mediadora entre o estresse percebido e suas consequências (JIMÉNEZ; PUENTE, 1995 apud SANTANA; LORENA; FERNANDES, 2016). Esse enfrentamento é definido por Limongi-França e Rodrigues (1996), como sendo o conjunto de esforços que uma pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitações externas ou internas, que são avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades. Assim, a Síndrome de Burnout é considerada um passo intermediário na relação estresse-consequências do estresse de forma que, permanecendo durante um longo tempo, o estresse laboral terá consequências nocivas para o indivíduo, sob a forma de enfermidade, falta de saúde com alterações psicossomáticas – alterações cardiorespiratórias, gastrite e úlcera, dificuldade para dormir, náuseas – e para organização – deterioração do rendimento ou da qualidade de trabalho – (SILVA; CARLOTTO, 2003). Eis que a intervenção ergonômica proporciona a prevenção e tratamento da Síndrome de Burnout, abordando os aspectos do trabalho, relacionamento do homem com seu ambiente de trabalho e sua humanização; sendo obtida pela adaptação das condições laborais através de medidas antropométricas e técnicas que trabalham o relaxamento dinâmico por meio da reeducação da postura global (BARREIRA, 1989). LER/DORT 18 Há décadas que as doenças ocupacionais como Lesão por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) são frequentes nas estatísticas da Previdência Social no Brasil e os números comprovam. Em 2017, de acordo com números preliminares do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), foram concedidos 196.754 benefícios a trabalhadores que precisaram ser afastados das atividades profissionais por mais de 15 dias, devido a algum problema de saúde ocasionado pelo trabalho. A média foi de 539 afastamentos por dia e para tipos de doenças relacionadas à LER/DORT, o número foi de 22.029 benefícios, o que representa 11,19% de todos os benefícios concedidos (REVISTA PROTEÇÃO, 2018). As doenças relacionadas à LER/DORT são caracterizadas pelo desgaste de estruturas do sistema musculoesquelético que atingem várias categorias profissionais. Geralmente são provocadas por movimentos contínuos com sobrecarga dos nervos, músculos e tendões. Das 20 principais causas de afastamento das atividades profissionais por adoecimento no trabalho em 2017, três se enquadram nessa denominação: Lesões no ombro; Sinovite (inflamação em uma articulação) e tenossinovite (inflamação ou infecção na bainha que cobre o tendão); Mononeuropatias dos membros superiores (lesão no nervo periférico). 19 Figura 5 – LER/DORT De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, as LER/DORT são, por definição, um fenômeno relacionado ao trabalho. São danos decorrentes da utilização excessiva, imposta ao sistema musculoesquelético, e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas, concomitantes ou não, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, tais como dor, parestesia (queimação, dormência, coceira), sensação de peso e fadiga. Abrangem quadros clínicos do sistema musculoesquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites e compressões de nervos periféricos podem ser identificadas ou não. São comuns a ocorrência de mais de uma dessas entidades nosológicas e a concomitância com quadros inespecíficos, como a síndrome miofascial. Frequentemente são causas de incapacidade laboral temporária ou permanente (BRASIL, 2012). 20 Na atividade econômica industrial, a partir da segunda metade do século XX, as LER/DORT adquiriram expressão em número e relevância social com a racionalização e inovação técnica na indústria (MAENO et al., 2006). Atualmente, dentre as atividades econômicas, a indústria apresenta o maior número absoluto de diagnósticos de doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo dentre os auxílios-doença acidentários concedidos pela Previdência Social no Brasil (CARVALHO, 2013). Além disso, publicações científicas também revelam a importante participação da indústria relacionada ao número de casos de LER/DORT no Brasil (MAENO, 2006; FERNANDES et al., 2010 apud VIEGAS; ALMEIDA, 2016). A quantidade de casos de LER/DORT vem aumentando anualmente, e esse fato se explica pelas transformações do trabalho e das empresas que se organizaram de forma a visar a produtividade e lucro, desconsiderando, muitas vezes, os limites físicos e psicossociais dos trabalhadores. As altas exigências dos locais de trabalho, com alta demanda de movimentos repetitivos, a ausência de pausa, a permanência em determinadas posturas por tempo prolongado, além de equipamentos de trabalho desconfortáveis e sem ajustes necessários, repercute negativamente na saúde dos trabalhadores (KURIONKA et al., 1995 apud VIEGAS; ALMEIDA, 2016). Mais uma vez, será na Ergonomia, que encontraremos oportunidades de atuação no campo das LER/DORTs que estuda tanto as condições prévias como as consequências do trabalho e as interações que ocorrem entre o homem, máquina e ambiente durante a realização desse trabalho, ou seja, ela pode realizar o planejamento técnico no ambiente de trabalho que possibilite segurança, saúde, estrutura adequada para o trabalhador. Para Filho e Júnior (2004 apud DINIZ, 2017), uma ação preventiva pode ser construída baseando-se numa abordagemde natureza ergonômica, organizacional ou psicossocial. No caso do ambiente de trabalho, quando se fala em prevenção, as empresas, em sua maioria, preferem trabalhar apenas com aspectos biomecânicos, pelas mudanças nos equipamentos e no mobiliário e de uma orientação para a correção de posturas, ignorando os aspectos ligados à organização do trabalho. Segundo os autores, esta postura pode contribuir para piorar ou não resolver o quadro 21 clínico dos distúrbios, dependendo da configuração que se obtém dos outros fatores determinantes das LER/DORT no local de trabalho. Portanto, a Ergonomia busca uma análise dos processos de reestruturação produtiva no que se refere à caracterização da atividade e à inadequação dos postos de trabalho. A caracterização da atividade é um elemento fundamental para atingir um funcionamento estável em quantidade e qualidade. Portanto, a atividade deve ser concebida considerando a diversidade da população de trabalhadores e a variabilidade inerente a ela. Muito além da simples adaptação física dos ambientes de trabalho, a Ergonomia procura conhecer e integrar as variáveis do indivíduo às exigências e a organização do trabalho. Somente integrando tais variáveis, pode-se facilitar a qualidade de vida no trabalho e favorecer a produção (ABRAHÃO, 2000; ASSUNÇÃO; LIMA, 2002). Anote aí: De acordo com o documento “Protocolo de Complexidade Diferenciada” editado pelo Ministério da Saúde (2012), são considerados sinônimos lesões por esforços repetitivos (LER), distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort), síndrome cervicobraquial ocupacional, afecções musculoesqueléticos relacionadas ao trabalho (Amert) e lesões por traumas cumulativos (LTC). As denominações oficiais do Ministério da Saúde e da Previdência Social são LER e Dort, assim grafadas: LER/Dort. A etiologia dos casos de LER/Dort é multifatorial. Diferentemente de uma intoxicação por metal pesado, cuja etiologia é claramente identificada e mensurável, nos casos de LER/Dort é importante analisar os vários fatores de risco envolvidos direta ou indiretamente. Os fatores de risco não são necessariamente as causas diretas de LER/Dort, mas podem gerar respostas que produzem as lesões ou os distúrbios. Na maior parte das vezes, tais fatores foram estabelecidos por meio de observações empíricas e depois confirmados com estudos epidemiológicos (KUORINKA; FORCIER, 1995). Os fatores de risco não são independentes: interagem entre si e devem ser sempre analisados de forma integrada. Envolvem aspectos biomecânicos, cognitivos, 22 sensoriais, afetivos e de organização do trabalho. Por exemplo, fatores organizacionais como carga de trabalho e pausas para descanso podem controlar fatores de risco quanto à frequência e à intensidade. A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) uma vez centrada sobre a análise da atividade, pode identificar as condições que determinam esta atividade. Ela ultrapassa as relações simplistas, uma causa um efeito, dentro da explicação das origens e das consequências das LER/DORT, e pela mesma forma, ultrapassa as abordagens biomecânicas predominantes neste assunto. Asma Ocupacional Causada pela inalação de agentes tóxicos que causam alergia, a asma se caracteriza pela obstrução das vias respiratórias do trabalhador por poeiras de substâncias como algodão, borracha, linho, madeira, etc. É a doença respiratória mais comum relacionada ao trabalho. A sua prevenção depende, em grande medida, da utilização de adequados equipamentos de proteção individual. A eficácia do tratamento, quando a patologia já está instalada, depende do afastamento do trabalhador dos agentes causadores da obstrução de suas vias áreas. Dermatose ocupacional É uma doença do trabalho, que se caracteriza por alterações na pele e na mucosa do trabalhador, em razão da sua exposição a determinados agentes nocivos durante o desempenho de suas atividades laborais, como a graxa ou óleo mecânico, por exemplo. O termo engloba os seguintes males: dermatite de contato, ulcerações, infecções e cânceres. 23 Figura 6 – Dermatose ocupacional A sua prevenção depende da utilização contínua de EPI — Equipamento de Proteção Individual —, e o tratamento reclama o afastamento do trabalhador de suas funções habituais e do contato com os agentes nocivos. Surdez temporária ou definitiva Caracterizada pela perda da sensibilidade auditiva em razão da intensa e prolongada exposição a ruídos. É uma doença do trabalho, pois, embora possa se relacionar diretamente com o exercício da atividade profissional, não é típica de uma função específica, mas pode ser desencadeada por qualquer pessoa submetida às mesmas condições, independentemente de sua ocupação laboral. Como a maioria das doenças ocupacionais, pode ser eficazmente evitada se utilizados equipamentos de proteção individual, como protetores auriculares. É comum entre os operários da construção civil e trabalhadores de salão de beleza, expostos diariamente a ruídos exaustivos. Se em estágio avançado, a surdez pode se tornar irreversível. 24 Antracose Pulmonar Doença do trabalho, incidente em trabalhadores das carvoarias, submetidos à inalação contínua de agentes causadores de lesões pulmonares. Embora seja comum nesse segmento profissional, ela não é exclusiva dessa categoria de trabalhadores, podendo ocorrer em qualquer pessoa moradora de grandes centros urbanos. O tratamento exige o afastamento do trabalhador do agente patógeno. Figura 7 – Antracose ocupacional/pulmonar Cuidados com a saúde mental em tempos de pandemia 25 A saúde mental está no centro da nossa humanidade, nos permitindo ter vidas enriquecedoras e gratificantes, e participar nas nossas comunidades. No entanto, a pandemia da COVID-19 não está apenas atacando nossa saúde física; também está aumentando o sofrimento psicológico. É fundamental enfrentar e criar rituais de preservação, como evitar ler notícias provenientes de redes sociais, sem o devido respaldo científico. “É preciso focar em pensamentos positivos para sair do círculo do pânico. O pensamento ansioso, principalmente relacionado ao medo de adoecer, faz com que o organismo reproduza os sintomas da doença” (GALBIATTI, 2020). O Departamento de Saúde Mental da Organização Mundial da Saúde (OMS) criou um guia com orientações para profissionais de saúde, pessoas em quarentena, idosos e população em geral. Abaixo um compilado de dicas para os diversos grupos: 1)À população geral: a) Tenha empatia com o outro b) O novo coronavírus deve afetar pessoas em muitos países e regiões. Não existe nenhuma relação da doença com uma etnia ou nacionalidade. Demonstre empatia com todos os afetados em qualquer país. As pessoas infectadas não fizeram nada errado e merecem nosso apoio, compaixão e gentileza. c) Reduza a leitura ou o contato com notícias que podem causar ansiedade ou estresse d) Procure informações e atualizações uma ou duas vezes ao dia evitando o “bombardeio desnecessário” de informações. A enxurrada de notícias sobre um surto pode levar qualquer pessoa à preocupação. Informe-se com os fatos e não os boatos ou as informações erradas. e) Projeta a si próprio e apoie os outros ajudando-os em seus momentos de necessidade. 26 f) A assistência a outros em seu momento de carência pode ajudar a quem recebe o apoio como a quem dá o auxílio. Um exemplo: telefone para seus vizinhos ou pessoas em sua comunidade que precisam de assistência extra. Atuando juntos como uma comunidade pode ajudar a criar solidariedade e a enfrentar a covid-19 em união. g) Crie oportunidades para ampliar histórias positivas e úteis de pessoas na sua área que tiveram a covid-19. h) Por exemplo, experiências de pessoas que se recuperaram da doença ou que apoiaramum ente querido e estão dispostas a contar como foi. i) Homenageie e aprecie o trabalho dos cuidadores e dos agentes de saúde. j) Reconheça o papel desses profissionais que estão cuidando dos afetados pelo novo coronavírus em sua região. 2)Aos agentes de Saúde: O estresse e a pressão não significam que você não seja capaz de fazer o seu trabalho ou que seja uma pessoa fraca. Para os trabalhadores desse setor que sentem a pressão de lidar com a situação, este é um quadro típico para você e muitos de seus colegas. É normal se sentir assim por causa da pandemia. O gerenciamento da sua saúde mental e o seu bem-estar psicossocial durante este momento é crucial para que você possa manter sua saúde física também. a) Cuide de você - Tente utilizar métodos para lidar com a situação como fazer pausas e descansar entre os seus turnos de trabalho e até mesmo tirar um momento dentro do expediente. Tenha atenção ainda aos seus alimentos para manter uma dieta saudável, fazer exercícios físicos e ficar em contato com a família e com os amigos. b) Evite formas errôneas de lidar com o estresse como o uso de tabaco, álcool ou outras drogas - A longo prazo, eles pioram o seu bem-estar físico e mental. Este é um cenário sem precedentes para muitos trabalhadores especialmente aqueles que nunca participaram de respostas semelhantes a uma crise ou 27 pandemia. Para os que têm alguma experiência, tente utilizar o que deu certo no passado e que pode ser útil de novo. Você pode conseguir reduzir o estresse. c) Se possível, continue conectado com seus entes queridos - Alguns agentes de saúde podem estar sendo evitados pela família por causa do medo de contaminação e estigmas. Isso pode fazer com que a situação que você já enfrenta se torne ainda mais difícil. O contato virtual é uma forma de contato. Procure seus colegas, seus supervisores e pessoas de confiança para esse apoio social. Você poderá descobrir que seus amigos estão tendo experiências semelhantes e atravessando o mesmo que você. 3)Aos cuidadores de crianças: a) Ajude as crianças a expressarem, de forma positiva, seus medos e ansiedades b) Cada criança tem sua própria maneira de fazê-lo. Algumas vezes, a atividade criativa, jogos e desenhos podem ajudar. As crianças se sentem melhor e mais aliviadas quando podem comunicar os sentimentos num ambiente de apoio. c) Mantenha as rotinas familiares sempre que possível e crie novas rotinas principalmente com as crianças em casa d) Pense em atividades lúdicas e pedagógicas para fazer com elas. Sempre que possível, incentive as crianças a continuarem brincando e se sociabilizando com os outros, mesmo que somente na família por causa do distanciamento social no momento. e) Fale com seus filhos sobre a covid-19 de forma honesta e apropriada à idade deles - Se eles tiverem preocupações, o fato de falar sobre elas pode ajudar a baixar a ansiedade das crianças. Elas observam os pais, as emoções no ar e tiram daí seus mecanismos para lidar com as próprias emoções da melhor forma nesses momentos difíceis. 4)Aos idosos e cuidadores: 28 a) Ofereça a eles apoio emocional por meio de redes familiares ou de agentes de saúde - Idosos, especialmente em isolamento social e aqueles com problemas cognitivos como demência podem se tornar ansiosos, estressados, com raiva, agitados e distanciados durante a quarentena. b) Ofereça apoio - Partilhe fatos simples sobre o que está acontecendo com informações claras a respeito da redução de riscos e infecções em palavras compreensíveis para quem tem barreiras de entendimento c) Repita a informação sempre que necessário - As instruções precisam ser claras, concisas e respeitar o estilo do paciente. Talvez seja útil colocar a informação em escrito ou em pinturas e figuras. Envolva a família e outras redes de apoio no fornecimento das notícias e de medidas de prevenção como a lavagem de mãos. d) Mantenha rotinas e tarefas regulares sempre que possível e crie novas num ambiente diferente - Você pode dedicar-se a atividades como limpeza, canto, pinturas e outras. Mantenha o contato com os entes queridos ainda que por telefone. 5)Pessoas em isolamento: a) Fique em contato e mantenha sua rede de amigos e conhecidos - Ainda que isolado tente ao máximo manter sua rotina e crie novas. Se as autoridades de saúde recomendaram distância física para conter o surto, você pode manter a proximidade digital com e-mails, redes sociais, telefone, etc. b) Durante esse período de estresse, esteja atento a seus sentimentos e demandas internas - Envolva-se com atividades saudáveis e aproveite para relaxar. O exercício constante, o sono regular e uma dieta balanceada ajudam. Mantenha tudo em perspectiva. Os agentes de saúde em todos os países estão atuando para que os mais afetados pela pandemia recebam assistência e cuidados. c) Siga notícias confiáveis - Uma enxurrada constante de notícias sobre a pandemia pode levar qualquer um à ansiedade e ao estresse. Siga as notícias confiáveis e evite boatos e fake news que vão somente causar mais desconforto (OPAS, 2020). 29 Referências ABRAHÃO, J. I. Reestruturação produtiva e variabilidade do trabalho: uma abordagem da ergonomia. Psic: Teor e Pesq. 2000;16(1):49-54. ASSUNÇÃO, A.A.; LIMA, F.P.A. A novicidade no trabalho: contribuição da ergonomia. In: Mendes, R. Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu; 2002. BALASSIANO, M., TAVARES, E.; PIMENTA, R. da C. Estresse ocupacional na administração pública Brasileira: quais os fatores impactantes?. Rev. Adm. Pública, Jun 2011, v.45, n.3, p.751-774. BARREIRA, T. H. C. Um enfoque ergonômico para as posturas de trabalho. Rev Bras Saúde Ocup, v. 17, n. 17, p. 61-71, 1989. BATISTA, C. de C. et al. Implantação de um sistema de informação e a ergonomia cognitiva: um estudo com servidores públicos de uma prefeitura municipal (2016). Disponível em: http://login.semead.com.br/19semead/arquivos/537.pdf BITTENCOURT, T. Doença ocupacional (2018). Disponível em: https://tamyjusbrasil.jusbrasil.com.br/artigos/543585317/doenca- ocupacional?ref=serp BRASIL. Dor relacionada ao trabalho: lesões por esforços repetitivos (LER): distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort). Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Saúde do Trabalhador; 10. Protocolos de Complexidade Diferenciada). 30 BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213compilado.htm> BRASIL. NR-12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Disponível em: http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR12/NR-12.pdf BRASIL. Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012. Institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt1823_23_08_2012.html BRASIL. Riscos biológicos – Guia Técnico (2008). Disponível em https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_Publicacao_e_Manual/ CGNOR---GUIA-TCNICO-DE-RISCOS-BIOLGICOS---NR--32.pdf BRASIL. Saúde do Trabalhador. Cadernos de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. BRASIL. Síndrome de Burnout: causas, sintomas, tratamentos, diagnóstico e prevenção. Brasília: MS, 2018. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/saude-de- a-z/saude-mental/sindrome-de-burnout CARLOTTO, M. S., et al. Prevalência e fatores associados à Síndrome de Burnout nos professores de ensino especial. Análise Psicológica, 30(3), 315-327, 2012. 31 CARVALHO, R. Distúrbios Musculoesqueléticos em Membros Superiores e Pescoço em Trabalhadores da Industria de Calçados. Salvador: Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia; 2013.DIAS, E. C.; ALMEIDA, I. M. t al. (Orgs.). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. DIEHL, L.; CARLOTTO, M. S. Síndrome de Burnout: indicadores para a construção de um diagnóstico. Psicol. clin. [online]. 2015, vol.27, n.2, pp. 161-179. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 56652015000200009&lng=pt&nrm=iso DINIZ, D. R. V. A importância da ergonomia como modelo de prevenção das LER/DORT. Manaus: Faculdade FASERRA, 2017. FRIAS JUNIOR, C. A. da S. A saúde do trabalhador no Maranhão: uma visão atual e proposta de atuação. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 1999. GALBIATTI, J. Como cuidar da saúde mental em meio à pandemia? (2020). Disponível em: https://www.assistenciafarmaceutica.far.br/como-cuidar-da-saude- mental-em-meio-a-pandemia/ GUIMARÃES, L. M. Série Saúde mental e trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005. 32 KUORINKA, I.; FORCIER, L. (Ed.). Work-related musculoskeletal disorders (WMSDs): a reference book for prevention. Great Britain: Taylor & Francis, 1995. MAENO, M, et al. Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), Dor relacionada ao trabalho: Protocolos de atenção integral à Saúde do Trabalhador de Complexidade Diferenciada. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. MONTEIRO, A. L.; BERTAGNI, R. F. de S. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e execução e suas questões polêmicas. 2. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2000. ODORIZZI, C. M. A. Síndrome de Burnout: Resposta inadequada a um estresse emocional crônico. Revista do professor, Porto Alegre, v. 11, n. 43, p. 44–45, Jul/ Set. 1995. OLIVEIRA, V. B. T. C. Stress ocupacional em uma amostra de professores do ensino médio da rede particular de educação. Campo Grande: Universidade Católica Dom Bosco, 2003. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Covid-19 – Materiais de comunicação (2020). Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6130:covi d-19-materiais-de-comunicacao&Itemid=0#mental PASQUALI, L. et al. Instrumentação psicológica: fundamentos e prática. Porto Alegre. Artmed, 2010. 33 RAMOS JUNIOR, W. Doença ocupacional: conceito, características e direitos do trabalhador (2016). Disponível em: https://saberalei.jusbrasil.com.br/artigos/378215786/doenca-ocupacional-conceito- caracteristicas-e-direitos-do-trabalhador REVISTA PROTEÇÃO. LER/Dort afastaram 22 mil trabalhadores em 2017. Disponível em: http://www.protecao.com.br/noticias/doencas_ocupacionais/ler_dort_afastaram_22_ mil_trabalhadores_em_2017/Jyy5A5jbA5/12494 SANTANA, A. P.; LORENA, M. D. G.; FERNANDES, M. G. Abordagem da ergonomia na síndrome de Burnout – artigo de revisão (2016). Disponível em: https://interfisio.com.br/abordagem-da-ergonomia-na-sindrome-de-burnout-artigo-de- revisao SILVA, G. N.; CARLOTTO, M. S. Síndrome de Burnout: Um estudo com professores da rede pública. Psicol. esc. Educ.,v. 07, n. 02, p.145-153, Dez. 2003. SILVA, J. L. de F.; SANCHES, V. L. G.; FORESTO, D. R. O papel do psicólogo na intervenção ergonômica. REVISTA FUNEC CIENTÍFICA – MULTIDISCIPLINAR, v.2, n.4: 2013. Disponível em: https://seer.funecsantafe.edu.br/index.php?journal=rfc&page=article&op=view&path= 981 TAMBELLINI, A.T. et al. Política Nacional de Saúde do Trabalhador, análises e perspectivas. Contribuição à Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador- Rio de Janeiro- ABRASCO, 1985. 34 VARELLA, D. Entrevista sobre estresse. Médica Alexandrina Meleiro (2012). Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/estresse-entrevista/ VIEGAS, L. R. T.; ALMEIDA, M. M. C. de. Perfil epidemiológico dos casos de LER/DORT entre trabalhadores da indústria no Brasil no período de 2007 a 2013. Rev Bras Saude Ocup 2016;41:e 22. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbso/v41/2317-6369-rbso-41-e22.pdf
Compartilhar