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Maria Beatriz Machado URGÊNCIA E EMERGÊNCIA – LABHSIM 2 – AVALIAÇÃO PRIMÁRIA NO POLITRAUMA (ABCDE) Neste cenário do Labhsim tivemos orientações sobre como agir no ABCDE do trauma (avaliação primária), ou seja, o que devemos fazer pelo paciente em cada uma das etapas. Lembrando que, o ABCDE significa: A (airway): Via respiratória e proteção cervical com o colar B (breathing): Respiração e ventilação C (circulation): Circulação e controle de hemorragias D (déficit): Déficit neurológico E (exposition): Exposição do paciente e manutenção da hipotermia Em todo doente politraumatizado a sequência é a MESMA! No OSCE não é possível cobrar o ABCDE inteiro, porque são apenas 6 minutos de cenário, então geralmente é escolhida uma letra apenas para que façamos os procedimentos dela. Pode ser que esteja escrito na porta qual letra é para que façamos os procedimentos, então entramos na sala e falamos que as outras letras antes dela já estão feitas. Pode ser que não esteja escrito na porta qual letra é para que façamos os procedimentos, então nesse caso vamos começar pela letra A, e o professor vai mandar pular direto para a letra que é para ser feita. EX: Não está escrito na porta qual letra é para fazer, mas entramos na sala e já identificamos que é um cenário sobre a letra C. Então primeiro vamos começar pela letra A e ao fazer isso, o professor de fora vai dizer que já está feito e que podemos proceder diretamente para a letra do cenário Por isso não podemos esquecer que em todo paciente politraumatizado a sequência é a mesma, não podemos pular. 1. A – VIA RESPIRATÓRIA E PROTEÇÃO CERVICAL Nessa etapa vamos verificar como estão as vias aéreas do paciente e faremos a proteção da coluna cervical dele com o colar. Passos: 1. Colocar o colar cervical: Temos duas formas de fazer isso: Duas pessoas: Uma vai segurar a cabeça do paciente para estabilizar a cervical, e a outra vai colocar o colar (primeiro a parte de baixo e depois fecha a parte de cima). Uma pessoa: A colocação do colar é feita da direita para a esquerda e de frente para trás. Vamos colocar primeiro a parte da frente pelo lado direito (para imobilizar mais o paciente) Depois vamos dobrar o velcro da parte de baixo do colar, e escorrega-lo por baixo na direção da escápula esquerda Se tentarmos colocar em linha reta, o velcro vai bater na proeminência occiptal e é muito mais difícil de passar, fazendo com que o paciente movimente muito mais o pescoço. Tomar cuidado porque o colar cervical tem uma borda que fica no omento, e uma borda esternal (verificar as legendas que ficam no colar) O colar imobiliza até 93% dos movimentos de flexão do paciente, que são os movimentos que mais geram dano, mas ele ainda permite os movimentos laterais Para evitar que o paciente faça esses movimentos laterais, colocamos os coxins. OBS: O colar cervical pode ser aberto em qualquer momento do ABCDE para avaliação do pescoço do paciente, avaliação de estase jugular, etc. Maria Beatriz Machado 2. Colocação dos coxins laterais: São dois coxins (um de cada lado da cabeça) para evitar que o paciente faça movimentos laterais 3. Colocação das tiras: A tira que tem uma almofadinha é passada sobre a região frontal (testa) A tira que tem uma abertura no meio é passada na borda do colar cervical que fica no OMENTO NÃO tentar colocar na borda esternal! 4. Verificar como estão as vias aéreas do paciente: Geralmente isso é feito tentando conversar com o paciente. Caso o paciente consiga falar ou emitir sons, é um sinal de que a glote está aberta e está passando ar. OBS: O professor disse que na nossa prova o mais provável é que o paciente não esteja conseguindo falar. 5. Verificar se há obstrução de via aérea: Devemos abrir a boca do paciente e verificar se tem algo obstruindo: Dentadura, objetos, resto alimentar, vômito, etc. Geralmente quando o paciente está com a via aérea obstruída, quer dizer que ele não está consciente ao ponto de levar a mão a boca e retirar o que está obstruindo, então ele está com Glasgow menor que 15, e a língua provavelmente estará caída. OBS: Lembrar que os bonecos do LABHSIM podem ter obstrução de via aérea. Neste cenário que o professor estava explicando, o boneco estava com a via aérea obstruída por uma dentadura. 6. Colocar a cânula de Guedel/cânula orofaríngea (se estiver rebaixado): A cânula só é colocada quando o paciente está com a consciência mais rebaixada e não consegue manter a língua sem queda. Para saber qual tamanho de cânula utilizar, medimos do lobo da orelha até a rima labial A cânula é colocada virada para cima (palato duro – céu da boca), até que cheguemos ao palato mole, e depois giramos lateralmente para encaixá-la na garganta Lembrar de introduzir TODA a cânula! 7. Ofertar oxigênio com a máscara: No paciente politraumatizado SEMPRE utilizamos a máscara, porque ele precisa receber uma grande quantidade de oxigênio (e o cateter não suporta essa quantidade) Máximo de 15 litros de oxigênio por minuto A máscara é colocada por último Precisamos dar o máximo de oxigênio possível para o paciente para que ele tenha uma FiO2 de 100% (ele vai respirar basicamente oxigênio puro), porque precisamos saturar o máximo possível a pouca hemoglobina que ele tem para melhorar sua saturação Lembrar que geralmente este paciente estará sangrando e perdendo hemoglobina. 2. B – RESPIRAÇÃO E VENTILAÇÃO Nessa etapa faremos o exame físico pulmonar igual ao que fazemos para o paciente não traumatizado. Não podemos esquecer de retirar a blusa do paciente. Etapas: Inspeção: Verificar se o paciente tem equimoses, hematomas, tatuagens, piercings, fraturas.. Percussão Palpação Ausculta Maria Beatriz Machado Na letra B a maior parte dos problemas que o paciente pode ter são resolvidos através da DRENAGEM DE TÓRAX (teremos uma aula somente disso mais para frente). Sobre drenagem de tórax e punção de alívio: ANTES a punção de alívio era feita no 2º espaço intercostal, e a drenagem de tórax era feita no 5º. HOJE tanto a punção de alívio quanto a drenagem de tórax são feitas no 5º espaço intercostal. Isso mudou porque não fazia sentido furar o paciente em dois locais diferentes, então ficou determinado que será apenas em um local 3. C – CIRCULAÇÃO E CONTROLE DE GRANDES HEMORRAGIAS Nessa etapa vamos verificar o estado hemodinâmico do paciente e se há fontes de hemorragias externas no corpo dele. Caso o paciente tenha uma fonte de hemorragia devemos fazer somente: COMPRESSÃO COM GASE Se for uma fratura exposta: Vamos alinhar o membro do paciente em posição anatômica e fazer a compressão NÃO vamos colocar o osso para dentro, vamos somente alinhar o membro. CASO o paciente tenha uma extremidade que já não tem mais viabilidade: Fazer garrote Nessa etapa da avaliação primária não devemos perder tempo fazendo suturas, etc. Quando o paciente politraumatizado chega em choque, até que se prove o contrário, é um CHOQUE HIPOVOLÊMICO. Lugares mais comuns de hemorragias (que causam choque hipovolêmico): Ossos longos: Fêmur, úmero.. Abdome: Se for um trauma abdominal fechado, o primeiro órgão que sangra é o baço, seguido do fígado; Tórax Pelve: Uma pelve aberta pode ter um sangramento de 5/6 litros (basicamente a volemia toda do paciente) Nos casos de pelve aberta, devemos somente fechar a pelve do paciente para evitar esse sangramento extenso. Retroperitônio: Sangramentos de retroperitôneo não causam sintomas no abdome, e por isso precisamos rodar o paciente para verificar o dorso dele, porque geralmente ele terá uma equimose grande nesse local (falaremos disso adiante, na letra E). Cena do trauma: Precisamos observar e tentar ter uma noção de quanto sangue foi perdido ali. OBS: Temos umboneco no LABHSIM que possui fratura de fêmur exposta, mas caso seja ele na prova, ele estará vestido, então devemos lembrar da importância de retirar a roupa do paciente. OBS: Graus de choque hipovolêmico: O que utilizamos para repor a volemia do paciente? Para TODOS os pacientes, independente do grau de choque: Iniciar com 1000ml de solução AQUECIDA (soro fisiológico ou ringer lactato) Maria Beatriz Machado Para pacientes com grau de choque III ou IV: Iniciar com 1000ml de solução AQUECIDA (soro fisiológico ou ringer lactato) Enquanto fazemos essa infusão de solução aquecida, já devemos ligar para o banco de sangue e pedir a bolsa, porque o paciente vai precisar de transfusão. Transfusão sanguínea: Quando o paciente sangra, ele perde o que chamamos de sangue total (plasma, hemácias, plaquetas..) Antigamente era feita uma estimativa de quanto sangue o paciente tinha perdido (através do grau de choque) e era administrado nele 3x o valor perdido, porém era administrado somente o soro ou ringer, e foi visto que esses pacientes não evoluíam bem. Hoje devemos fazer a transfusão precoce no paciente o mais rápido possível. A transfusão é 1:1:1, ou seja, se o paciente perdeu 1ml de sangue, ele vai receber 1 concentrado de hemácias, 1 bolsa de plasma e 1 bolsa de plaquetas. Ácido tranexâmico (transamin): É uma droga ANTIFIBRINOLÍTICA, ou seja, ela permite que a fibrina fique cicatrizando o coágulo, não deixando com que o corpo tente dissolvê-lo. O fisiológico é que o corpo tente dissolver qualquer coágulo formado, e isso só é bom para pacientes em situação normal, porque evita que ocorra AVE, IAM, etc. Porém, no paciente politraumatizado, os coágulos formados nos locais de hemorragia ajudam a estancá-la, e por isso é uma vantagem que não sejam removidos. Essa droga ajuda a diminuir a mortalidade do paciente traumatizado em 1,8%. Dose: 1g (4 ampolas) até 3 horas depois da ocorrência do trauma 4. D – DÉFICIT NEUROLÓGICO Nessa etapa devemos fazer um exame neurológico abreviado e objetivo do paciente, contendo: Verificar pupilas: Isocoricas, ou anisocoricas Verificar se há déficits focais: Paresias, parestesias, etc. Escala de coma de Glasgow: Utilizamos a escala clássica A escala varia de 3 a 15 pontos Maria Beatriz Machado 5. E – EXPOSIÇÃO Nessa etapa vamos: 1. Pedir para desligar o ar condicionado da sala: Para não provocar hipotermia no paciente 2. Despir todo o paciente: Para finalizar a avaliação primária 3. Fazer o rolamento em bloco do paciente: Para verificar o dorso Precisamos de QUATRO PESSOAS para fazer o rolamento em bloco Uma pessoa fica na cabeça do paciente segurando o colar cervical, e é essa pessoa que vai comandar o rolamento. Duas pessoas vão pelo lado esquerdo do paciente: Uma pessoa fica com uma mão segurando a cintura escapular direita dele, e com a outra segurando a pelve direita. Uma pessoa fica uma mão segurando a pelve direita, e com a outra segurando a perna direita. Essas duas pessoas que estão segurando o lado direito do paciente precisam ficar com as mãos CRUZADAS!!! Uma pessoa vai se colocar no lado direito do paciente Porque quando as demais rolarem o paciente para o lado esquerdo dele, ela vai avaliar o dorso e as vértebras. Fazendo o rolamento: A pessoa que está na cervical vai contar 1, 2 e 3. No 3, as duas pessoas que estão segurando o lado direito do paciente vão rolá-lo para o lado esquerdo (como se estivessem rolando o paciente para elas). A pessoa que estava do lado direito do paciente vai observar se há equimoses no dorso, e vai palpar todas as vértebras do paciente Se o paciente estiver consciente, podemos perguntar se está doendo. Depois disso, a pessoa que está na cervical vai contar novamente 1, 2 e 3, e as demais vão rolar o paciente de volta para que ele se deite na maca. 4. Colocar manta térmica para manter a temperatura corporal OBS: Só é colocado no OSCE a letra E quando os alunos das artes cênicas estão disponíveis Quando chegar no OSCE, observe bem se do lado de fora da sala tem mais 3 pessoas. 6. OBSERVAÇÕES FINAIS QUE O PROFESSOR PASSOU A MAIS 6.1. VIA AÉREA DEFINITIVA Para ser considerado uma VIA AÉREA DEFINITIVA, o que precisamos ter? São 5 coisas: 1. O tubo precisa estar dentro da traqueia Não importa se entre pelo nariz, pela boca ou diretamente pela traqueia. 2. Precisa existir um balão/cuff para ser insuflado O objetivo do balão/cuff é vedar a via aérea, porque o tubo é sempre menor que o diâmetro da via aérea, e se não tivesse o cuff, poderia sair qualquer secreção que não fosse ar, e o paciente bronoaspiraria. 3. Sempre precisa estar ligada a uma fonte de oxigênio 4. Tem que ser fixada Geralmente fixamos com cadarços, micropore.. 5. Sempre precisa estar ligada a um sistema mecânico de ventilação (ventilador mecânico eletrônico, ambu..) Se não tiver isso, o paciente vai estar respirando sozinho, não de forma mecânica. Maria Beatriz Machado Exemplos de via aérea definitiva: Traqueostomia com cuff, intubação orotraqueal Exemplos de via aérea não definitiva: Máscara laríngea, máscara de oxigênio, traqueostomia sem cuff Se o paciente precisar de uma via aérea definitiva, então não será mais um cenário de ABCDE, será um cenário de intubação orotraqueal (teremos uma aula disso). Nos pacientes traumatizados, caso precisemos intubar, a intubação é feita COM O COLAR CERVICAL! Não devemos retirar o colar cervical do paciente para fazer isso Só tiramos o colar se tiver outra pessoa para estabilizar a cervical enquanto intubamos, e esse não é o caso da prova. Para intubar o paciente politraumatizado, devemos fazer uma sequência rápida (sedação): Hipnótico Bloqueador neuromuscular Analgésico opioide 6.2. COLAR CERVICAL Quando podemos retirar o colar cervical do paciente? Só retiramos o colar cervical do paciente se ele tiver TRÊS COISAS (regra canadense): Glasgow 15 Não pode ter dor nenhuma nas vértebras Não pode ter usado nenhum tipo de substância depressora do SNC: Álcool, benzodiazepínicos, etc. 6.3. SOBRE O OSCE Assim que entrarmos na sala podemos colocar tudo de disponível que tiver lá: Máscara, luvas, óculos, gorro..
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