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4ºAula Tração, Compressão e Cisalhamento Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • entender o que é tração, compressão e cisalhamento; • entender a lógica de funcionamento e procedimento de análise de um ensaio de tração; • aprender sobre elasticidade linear; • conhecer os conceitos que envolvem a lei de Hooke. Olá, caros(as) alunos(as), Nesta quarta aula, estudaremos os conceitos de tração, compressão e cisalhamento. Veremos como a tensão pode ser relacionada com a deformação por meio de métodos experimentais, um deles é o ensaio de tração, que está incluso nesta aula. Este ensaio é de extrema importância, pois ele é capaz de determinar o diagrama tensão-deformação para um material, em especial, aqueles frequentemente usados na Engenharia. Outro conceito fundamental que trataremos nesta aula está relacionado a Lei de Hooke para estudos de elasticidade produzidos por um processo de deformação do material. Bons estudos! 26Mecânica dos Sólidos Seções de estudo 1- Introdução 2- Tensões e deformações 3- O teste de Tração 4- Elasticidade Linear e Lei de Hooke 5- Tensões e deformações no cisalhamento 1- Introdução À medida que vamos avançando no estudo da Mecânica dos sólidos, temos que ter em mente os princípios da Resistência dos Materiais, e para isto, em primeiro lugar, é necessário usar os princípios da estática para determinar as forças que agem sobre os vários elementos, bem como no seu interior. É importante frisar, que o tamanho dos elementos, sua defl exão e estabilidade dependem não só das cargas internas, mas também do tipo de material de que são feitos e por consequência, a compreensão fundamental do comportamento do material serão de vital importância para o desenvolvimento das equações necessárias usadas na Mecânica dos sólidos (HIBBELER, 2010). Quando os corpos não são rígidos, porém deformáveis, torna-se necessárias outras informações para se determinar as forças no equilíbrio estático. O corpo rígido é um modelo idealizado útil para fi ns de estudo (HIBBELER, 2011). Alguns exemplos de ações de forças a corpos deformáveis são: • forças aplicadas a um carro com pneus com enchimento desiguais, • deformação de vigas, portanto das forças de apoio, • Um cabo submetido a um alongamento, dilatado por forças que atuam sobre as extremidades. • Um submarino sob compressão, comprimido por todos os lados pela força de pressão da água. • Uma barra de direção sob cisalhamento, torcida por forças em suas extremidades que produzem torques em torno do seu eixo, entre outros. Podemos afi rmar que uma peça está sendo submetida a esforço de tração ou compressão, quando uma carga normal F atuar sobre a área da secção transversal da peça, na direção do eixo longitudinal. No momento em que a carga atuar com o sentido dirigido para o exterior da peça (“puxada”), a peça estará tracionada. Quando o sentido de carga estiver dirigido para o interior da peça, a barra estará comprimida (‘’empurrada”) (MELCONIAN, 2007). Figura 4.1- Representação gráfi ca de uma peça tracionada e uma peça comprimida. Fonte: https://eduqc.com.br/concursos/engenharia/engenharia-civil-resistencia- dos-materiais/. Acesso em: 21.09.2020. No caso do conceito de cisalhamentos, podemos relatar como um tipo de tensão gerada por forças aplicadas em sentidos iguais ou opostos, com direções semelhantes, porém com intensidades diferentes. Um exemplo de tensão de cisalhamento é a aplicação de forças paralelas, mas em sentidos opostos, ou a típica tensão que gera o corte em tesouras (WIKIPÉDIA, 2018). Figura 4.2 – Momento de Tensão por Cisalhamento. Fonte: https://eduqc.com.br/concursos/engenharia/engenharia-civil-resistencia- dos-materiais/. Acesso em: 21.09.2020. 2- Tensões e deformações No momento em que um corpo sólido está sujeito a forças que tendem a esticá-lo, cortá-lo ou comprimi-lo, sua forma se altera, caso depois de removidas as forças, o corpo voltar à forma original, dizemos que ele é elástico. Em geral, os corpos são elásticos se as forças estiverem abaixo de um certo máximo, ou limite elástico. Se as forças excederem esse limite, agora, quando se retira estas forças atuantes no corpo sólido e o mesmo não retorna a forma original e fi ca permanentemente deformado, dizemos que o este corpo sofreu uma deformação (LÓPEZ; MAIDANA, 2011). Desta forma, a deformação de um corpo sólido ou de uma estrutura confi gura-se em qualquer mudança deste corpo que varie a sua forma ou suas dimensões. Para cada tipo de deformação se defi ne uma grandeza chamada tensão, que é responsável por caracterizar a intensidade das forças que produzem o comportamento compressão, torção ou dilatação dos sólidos (BEER; JHONSTON JUNIOR, 1995). 27 2.1 Tensão Normal σ Suponhamos que haja uma carga normal F, atuante em um corpo, originando neste uma tensão normal, sendo determinada através da relação entre a intensidade da carga aplicada, e a área da secção transversal da peça, ou seja, a intensidade da força F, ou chamada força por unidade de área, age perpendicularmente à ∆A (área da secção transversal), sendo defi nida como tensão normal, σ (sigma) (MELCONIAN, 2007). Assim tem-se: σ = Onde, σ = tensão normal [Pa], F = Força normal ou axial [N], A = área da secção transversal da peça [m²]. 1.2 Unidade de Tensão no SI (Sistema Internacional) A unidade para tensão no SI é o pascal, correspondente à carga de 1N sobre uma superfície de 1m². A unidade pascal é considerada infi nitesimal, sendo assim, utiliza-se com frequência seus múltiplos, sendo: M (mega pascal) = k (quilo pascal) = Para exemplifi car, vamos imaginar a seguinte situação hipotética, imagine uma barra de aço circular, conforme representada na Figura 4.3. Esta barra possui um diâmetro de d=20 mm e comprimento l = 0,8m. Encontra-se submetida à ação de uma carga axial de 7,2 Determinando assim a tensão normal σ atuante para a barra temos: Figura 4.3 – Barra de aço para resolução do exercício. Fonte: https://www.qconcursos.com/questoes-militares/provas/marinha-2014- cap-cabo-tecnico-em-estruturas-navais/questoes?page=5. Acesso em: 25.09.2020. Resolução: Como fórmula temos: σ = Desta forma, ao analisarmos as informações, temos que são aplicados 4 vetores de forças (observe as setas na fi gura), como área da barra temos: π Logo, a tensão normal é dada por: σ = = σ = = = x De acordo com o SI sabemos que = M , assim temos como resposta: σ = 22,9 M apróx. 3- O teste de Tração A relação entre as tensões e as deformações, determinada para um material qualquer, é encontrada por meio de um teste de tração. Este procedimento consiste basicamente em introduzir um corpo de prova (geralmente uma barra de seção circular) em uma máquina de teste sujeita a tração. À medida que a carga é aumentada sobre o corpo de prova são medidas a força atuante e as deformações resultantes, obtendo-se as tensões dividindo as forças pela área da seção transversal da barra, e a deformação específi ca originada dividindo-se o alongamento pelo comprimento ao longo do qual ocorre a deformação (MASCIA,2006). Como resultado obtêm-se o diagrama de tensão- deformação completo do material estudado, sendo os materiais mais utilizados para observação o aço e o alumínio pelo fato de apresentarem grandes deformações antes da ruptura (TIMOSHNEKO; GERE, 1983). Figura 4.4 – Exemplos de diagramas de Tensão- Deformação. Fonte: Mascia, 2006. Figura 4.5 – Máquina de ensaio de tração. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio_de_tra%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 25.09.2020. 28Mecânica dos Sólidos 4- Elasticidade Linear e Lei de Hooke Após inúmeras experiências, Robert Hooke, um cientista inglês do século XVII, observou que uma série de materiais, quando estes, submetidos à ação de carga normal, sofrem variações em suas dimensões lineares iniciais, bem como em sua área de transversal inicial (MELCONIAN, 2007). Para o fenômeno de variaçãolinear, Hooke (1635-1703) denominou de alongamento e contatou as seguintes hipóteses: Quanto maior a carga normal a ser aplicada, e o comprimento inicial da peça, maior será o alongamento. Quanto maior a área da secção transversal e a rigidez do material medido através do seu módulo de elasticidade, menor o alongamento. Resultando assim, na equação: Como σ = , podemos escrever a Lei de Hooke: Onde, = alongamento da peça; = tensão normal; = comprimento inicial da peça; E = módulo de elasticidade do material. Alguns valores padrões de E de acordo com a tabela para módulo de elasticidade conforme os padrões da ABNT NBR 8522:2017 e ISO 6892-2:2018 são: Aço: 2 100 000 Kgf/cm² - (210 000 MPa) Madeira: 100 000 Kgf/cm² - (10 000 MPa) Concreto: 200 000 Kgf/cm² - (20 000 MPa) Portanto, um material é chamado de linear-elástico se a tensão for proporcional a deformação dentro da região elástica. Essa condição então é denominada Lei de Hooke e o declive da curva é chamado de módulo de elasticidade E, sendo cada material tendo um valor de módulo de elasticidade específi co (MELCONIAN, 2007). Voltando ao exemplo da barra de aço, para determinar o alongamento da peça ( usaremos a Lei de Hooke. Sendo que, o alongamento será positivo quando a carga aplicada tracionar a peça, o oposto, negativo, quando a carga aplicada comprimir a peça. Sendo assim, para o exemplo 2 da barra circular temos: σ = 22,9 M , ℓ = 0,8m = 210 G (módulo de elasticidade do aço) = x m m ou 0,087 mm (Resposta). 5- Tensões e deformações no cisalhamento A relação entre tensão de compressão e deformação de compressão, em um corpo de prova que recebe a ação de duas forças paralelas com sentidos opostos que sofrem uma deformação, é denominada de cisalhamento. Visto que neste caso, a força aplicada (força cortante Q) é tangente à superfície do material, resultando em uma deformação do corpo. Deste modo, a força de cisalhamento consiste na força aplicada tangencialmente à face superior de um objeto (BEER; JHONSTON JUNIOR, 1995). A razão entre o módulo da força e cisalhamento e a área A é denominada tensão de cisalhamento: Figura 4.6 – Exemplo ação de força cortante Q, formando um cisalhamento puro. Fonte: (Melconian, 2007). Uma tensão de cisalhamento tende a deformar o corpo, como aparece na fi gura: Figura 4.7 – Deformação por tensão cisalhante em um corpo. Fonte: Notas de Aulas – USP. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/ pluginfi le.php/182782/mod_resource/content/1/Notas%20de%20aula%20de%20 tensao%20e%20deformacao.pdf. Data de acesso: 27.09.2020. A razão ∆X/L é denominada de deformação por cisalhamento. Logo: 29 Se tratando de uma situação real, ∆X é quase sempre muito menor que L e θ é dado em radianos. De maneira bem similar quando estudamos alongamento, a razão entre a tensão de cisalhamento e a deformação por cisalhamento é denominada de módulo de cisalhamento = , este módulo de cisalhamento também é conhecido como módulo de torção, conteúdo este que veremos nas próximas aulas. No exemplo 3 a seguir vamos determinar a tensão de cisalhamento que atua no plano A. Fonte: Melconian, 2007. Solução: A tensão de cisalhamento atuante no plano A, é defi nida através da componente horizontal de carga correspondente a 300kN, e área a secção A. Assim temos: (Resposta) Ao fi nal desta quarta aula, vamos recordar sobre o que aprendemos até aqui. Retomando a aula 1- Introdução Caros(as), alunos(as), iniciamos nossa aula compreendendo a importância de se analisar as condições de tensões e deformações em um corpo deformável para o estudo da Mecânica dos sólidos, visto que a estabilidade de uma estrutura, compete não somente a aplicação de forças internas e externas, mas também a resposta do material “rigidez” a estas ações, o que infl uencia diretamente nas decisões a serem tomadas em um projeto estrutural. 2- Tensões e Deformações Na seção 2, vimos que um corpo sólido está sujeito a forças que tendem a esticá-lo, cortá-lo ou comprimi-lo, sua forma se altera, se depois de removidas as forças o corpo volta à forma original, diz-se que ele é elástico, agora se o corpo não volta a sua forma original, dizemos que ele sofreu uma deformação e para cada tipo de deformação existe uma grandeza denominada tensão que caracteriza a intensidade das forças que agem sobre este corpo. 3- O teste de Tração Na seção 3, compreendemos que a tração é a força aplicada sobre um corpo numa direção perpendicular à sua superfície e que corpos submetidos a uma força axial a serem tracionados podem ser estudados o seu comportamento face à força de tração, podendo ser elaborados gráfi cos que refl etem o comportamento deste material ao longo deste processo. 4- Elasticidade Linear e Lei de Hooke Aprendemos nessa seção que a Lei de Hooke está relacionada à elasticidade de corpos, o que serve para calcular a deformação causada pela força exercida sobre um corpo. 5- Tensões e Deformações no Cisalhamento Por fim, aprendemos que um elemento de construção pode estar submetido a um esforço de cisalhamento, desde que o mesmo sofra a ação de uma força cortante, ocorrendo tensões e deformações no cisalhamento que podem ser objetos de estudo para a Engenharia. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 6892-2:2018: Materiais metálicos — Ensaio de Tração. 2 ed. Brasil, 2018. BEER, Ferdinand P.; JHONSTON JUNIOR, E. Russell. Resistência dos Materiais. 3. ed. São Paulo: McGraw- Hill, 1995. HIBBELER, Russell Charles. Dinâmica: mecânica para a engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011.306 p. HIBBELER, Russell Charles. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. 659 p. MELCONIAN, Sarkis. Mecânica Técnica e Resistência dos Materiais. 18. ed. São Paulo: Érica Ltda, 2007. 360 p. TIMOSHENKO, Stephen P.; GERE, James. Mecânica dos Sólidos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científi cos, 1983. 268 p. Vale a pena ler Vale a pena 30Mecânica dos Sólidos Ensaios de Materiais - Ensaio de tração e cálculo da tensão. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=VTNwWTK98sw. Acesso em: 11.10.2020. Lei de Hooke. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=C1eokifSpXs. Acesso em: 11.10.2020. Vale a pena assistir Minhas anotações
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