Plano de Aula - Autismo

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CARLA 
PLANO DE AULA
CURRÍCULO FLEXIBILIZADO PARA AUTISTAS
2022
1 IDENTIFICAÇÃO 
Disciplina: Língua Portuguesa
Série: 5º Ano 
2 CONTEÚDO DA AULA 
Leitura de livro paradidático 
3 OBJETIVOS 
· Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado;
· Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global;
· Identificar a função na leitura e usar na escrita ponto final.
4 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 
A Lei Federal de nº 12.764/2012, institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa portadora do Transtorno do Espectro Autista, assegurando o acesso à educação, bem como ao ensino profissionalizante (BRASIL, 2013).
Classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), gera prejuízos em diversas áreas, como aprendizagem, vida social e vida profissional, de acordo com Maenner et al. (2021), que ainda acrescenta que sua origem pode estar associada a algumas síndromes genéticas.
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), publicado no ano de 2013 pela American Psyquiatric Association (APA), o autismo e demais transtornos decorrentes do Transtorno do Espectro Autista, foram caracterizados como sendo um transtorno do desenvolvimento neurológico, corroborando com os estudos de Maenner et al. (2021), apresentando as seguintes especificidades:
· Déficits expressivos na comunicação, tanto verbal, quanto não-verbal, utilizadas na interação social; 
· Ausência de reciprocidade social; 
· Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade; 
· Padrões restritos e repetitivos de comportamento; 
· Comportamentos motores ou verbais estereotipados; 
· Excessiva aderência à rotina e rituais; 
· Interesses restritos, fixos e intensos. 
Nesse aspecto, é essencial que o currículo seja flexibilizado pelo educador, contemplando dinâmicas necessárias ao atendimento das necessidades de alunos que compõem a Educação Especial, ao que Cruz; Nascimento (2019), defendem que a metodologia a ser utilizada pelo educador precisa adaptar-se devidamente às possibilidades de avanço desse grupo específico de estudantes. 
Para Barros et al. (2019), a educação e a escola, quando são verdadeiramente inclusivas, proporcionam a todos os estudantes as mesmas chances de se desenvolverem academicamente, experienciando o convívio com a diversidade, independentemente de suas condições físicas, psicológicas ou socioculturais.
Além de estratégias bem definidas para o trabalho junto a autistas, conforme já exposto, as metodologias diferenciadas são de fundamental importância para sua evolução, compreendendo os Desenhos Roteirizados, forma eficaz de ajudar na organização e no entendimento de situações cotidianas da sala de aula, aprimorando a autonomia dos estudantes, de acordo com as observações de Godoy (2020).
Além do que tem sido pontuado ao longo destas páginas, importa validar que para apoiar a aprendizagem dos autistas, há a necessidade de se pensar em recursos e estratégias de maneira individualizada, destacando que a conduta de familiares e da equipe multidisciplinar que acompanha o aluno na unidade escolar, deverá estar devidamente alinhada para o sucesso em seu desenvolvimento, considerando pontos importantes como as necessidades comunicativas dos estudantes; suas capacidades e habilidades motoras, cognitivas, sensoriais e linguísticas; os apoios e restrições do entorno do ambiente escolar, e o comportamento dos alunos frente às mais diversas situações de comunicação (GRUPO BRASIL, 2022).
De acordo com estudos realizados quanto à aprendizagem de autistas, Fernandes (2015), defende que as Artes Visuais se caracterizam em uma metodologia assertiva a ser trabalhada com esse grupo específico de estudantes, tendo em vista a utilização de materiais lúdicos, que conduzem a descobertas, conhecimentos, experimentação e inúmeras possibilidades, tornando os alunos com TEA livres através de gestos espontâneos, e gerando uma nova percepção de mundo, sensível e criativa, que deve ser constantemente empregada pelo professor em sala de aula. 
5 DESENVOLVIMENTO DA AULA 
5.1 Introdução 
Conforme devidamente fundamentado neste Plano de Ensino, o aluno portador do Transtorno do Espectro Autista requer metodologias de aprendizagem diferenciadas, de modo a desenvolver seu potencial, aprimorando conhecimentos e avançando em seu processo de ensino-aprendizagem. 
Assim, a literatura científica estudada para a elaboração deste material, aponta a utilização de desenhos a serem trabalhados pelos alunos autistas, visando ao seu desenvolvimento, criatividade e liberdade para se expressar, uma vez que há prejuízo considerável na socialização dos estudantes, que poderão utilizar a linguagem não-verbal durante as aulas, sendo instigados e orientados pelo educador. 
A promoção de seu desenvolvimento intelectual, cognitivo e socioemocional, será oportunizada pelas Artes Visuais, de modo a adquirir habilidades de leitura e de compreensão textuais, demonstrando compreensão global quanto à temática trabalhada e favorecendo, desse modo, processos de fundamental importância para seu aprendizado, conforme se observará nas páginas seguintes, demonstrando, ainda, a criação do material utilizado para a presente aula. 
5.2 Desenvolvimento 
O educador organizará os alunos autistas em grupos de aprendizagem, apresentando-lhes os objetivos da aula de Língua Portuguesa, bem como o livro a ser trabalhado que, neste caso, será O grande livro das Parlendas. 
Após entregar os livros às crianças, o professor iniciará a leitura, focando na compreensão do conteúdo, fazendo perguntas acerca do entendimento dos alunos e sempre relacionando as imagens à estória trabalhada, pois, dessa forma, se viabilizarão processos de letramento, de essencial importância para a aprendizagem do autista. 
O livro escolhido é de fácil entendimento, havendo, ainda, um grande diferencial, que são suas ilustrações; criado, primordialmente, em linguagem visual, a obra torna-se mais acessível aos portadores do Transtorno do Espectro Autista, auxiliando, ainda, na criatividade e, incluindo, maneiras lúdicas de aprender a Língua Portuguesa.
Figura 1 – Início da leitura de O grande livro das parlendas
Fonte: Acervo Pessoal da Autora
Após a leitura de capítulos, que se darão de maneira lenta e gradativa, conforme as necessidades dos estudantes, as ideias principais serão retiradas do texto, de maneira oral para que, em seguida, o estudante desenvolva a atividade flexibilizada que lhe será entregue através de material próprio e impresso, havendo a mediação entre professor e estudante para que o processo de aquisição de habilidades possa se efetivar de maneira eficaz. 
Abaixo, um exemplo da atividade flexibilizada, que envolverá diversos aspectos para o aprimoramento das diversas potencialidades a serem desenvolvidas pelo presente grupo de alunos:
Figura 2 – Atividade Flexibilizada para autistas
Fonte: Acervo Pessoal da Autora
5.3 Encerramento 
As atividades de encerramento permearão discussões acerca da leitura do livro em questão, bem como a correção da Ficha de Leitura flexibilizada, dialogando, ainda, sobre as ilustrações realizadas pelos alunos. 
Há que se tentar, ainda, a comunicação verbal por meio da explicação da nota atribuída ao livro, considerando as carinhas escolhidas. 
6 RECURSOS 
Livro paradidático, lousa e material impresso flexibilizado. 
7 REFERÊNCIAS 
BARROS, A. B. da.; SILVA, M.M.; COSTA, D. R. P. Dificuldades no processo de inclusão escolar: percepções de professores e de alunos com deficiência visual em escolas públicas. Boletim Academia Paulista de Psicologia, 35(88), 145-163, 2019.
BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Disponível em:lei-no-12-796-de-4-de-abril-de-2013.pdf. Acesso em: 25 set. 2022.
CRUZ, M. M.; NASCIMENTO, F. F. Acessibilidade do currículo através do uso do computador para estudantes com autismo. Revista Interinstitucional Artes de Educar, v. 4, n. 1, p. 43-65. 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30267329/. Acesso em: 17 jul. 2022.
FERNANDES, L. B. Ensino de arte no universo autista: um relato de extensão da faculdade de artes do paraná. 2010. 162f. Dissertação (Mestre em Educação) – Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2010.
GODOY, A. Desenhos roteirizados para jovens e adultos. 2020. Disponível em: http://autismoprojetointegrar.com.br/desenhos-roteirizados-para-jovens-e-adultos/. Acesso em: 20 set. 2022.
GRUPO BRASIL. Matriz de Comunicação. 2022. Disponível em: Disponível em: https://www.communicationmatrix.org/Content/Translations/MATRIZ_DE_COMUNICA%C3%87%C3%83O.pdf. Acesso em: 25 set. 2022.
MAENNER, M. J. et al. Prevalence and Characteristics of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 8 Years — Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 Sites, United States, 2018. MMWR Surveillance Summaries, v. 70, n. 11, 2021. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/70/ss/pdfs/ss7011a1-H.pdf. Acesso em: 20 set. 2022.
 
 
 
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