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OBSERVATÓRI@ DOS DIREITOS E CIDADANIA DA MULHER Gênero e Lei Fevereiro de 2016 Internacional Personagem Projetos de Lei: Direitos das Mulheres em Cheque Como a bancada religiosa do congresso vem ameaçando os direitos das mulheres? O contexto geopolítico atual vem reforçando através do meios de comunicação estereótipos sobre a cultura árabe e religião islâmica. Um dos argumentos para desqualificar a religião, cultura e modo de viver dos islâmicos é a opressão contra as mulheres. Mas afinal, conhecemos a opinião das mulheres islâmicas? Quais são seus questionamentos e revindicações? Conheça alguns pontos de vista sobre o uso do véu e seus tipos, interpretação do Corão e liberdade. Conheça o trabalho dessa filósofa e feminista que tem contribuído tanto para a visibilidade do feminismo negro no Brasil. Djamila Ribeiro Feminismo Islâmico Interseccionalidade Para pensar o feminismo. Conceito Acesse o infográfico e conheça esse projetos de Projetos de Lei. Políticas Públicas As políticas públicas não estão atingindo as mulheres negras. Assista a entrevista de Djamila Ribeiro para o Justificando. http://www.cfemea.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4023:mapa-do-fundamentalismo-no-congresso-nacional&catid=399:numero-174-janeiro-a-julho-de-2013&Itemid=129 http://justificando.com/2015/11/28/as-politicas-publicas-nao-estao-atingindo-as-mulheres-negras-afirma-filosofa/ Internacional FEMINISMO ISLÂMICO Fevereiro de 2016 O contexto geopolítico atual vem reforçando através do meios de comunicação estereótipos sobre a cultura árabe e religião islâmica. Além disso é promovida a generalização de comportamentos e práticas extremistas, como se todos os islâmicos fossem iguais, não considerando a diversidade cultural entre as regiões e países. Um dos argumentos para desqualificar a religião, cultura e modo de viver dos islâmicos é a opressão contra as mulheres. Mas afinal, conhecemos a opinião das mulheres islâmicas? Quais são seus questionamentos e revindicações? Mapa 1: Mapa-infográfico fornece um breve panorama da situação dos direitos das mulheres em diferentes países islâmicos e indica locais onde o uso do véu é obrigatório. Clique para ver. F o to : B ra si l 2 4 7 http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/194276/Feminismo-mu%C3%A7ulmano-O-que-o-Isl%C3%A3-realmente-diz-sobre-as-mulheres.htm) http://guiadoestudante.abril.com.br/imagem/HI_20100701_N_D17.jpg http://guiadoestudante.abril.com.br/imagem/HI_20100701_N_D17.jpg Internacional Fevereiro de 2016 HIJAB O QUE? Hijabe ou hijab (do árabe: باجح, translit. ħijāb, ‘cobertura’; “esconder os olhar”; pron.: [ħiˈdʒæːb]) é o conjunto de vestimentas preconizado pela doutrina islâmica. No Islã, o hijab é o vestuário que permite a privacidade, a modéstia e a moralidade, ou ainda “o véu que separa o homem de Deus”. O termo “hijab” é, por vezes, utilizado especificamente em referência às roupas femininas tradicionais do Islã, ou ao próprio véu. O hijab é usado pela maioria das muçulmanas que vivem em países ocidentais. A depender da escola de pensamento islâmica, o hijab pode se traduzir na obrigatoriedade do uso da burca, que é o caso do Talibã afegão, até apenas uma admoestação para o uso do véu, como ocorre na Turquia. Na atualidade, o hijab é obrigatório na Arábia Saudita e na República Islâmica do Irã, além de governos regionais noutros países, como na província Indonésia de Achém. Hijab (باجح) significa em árabe “cobertura”. A palavra vem de بجح, que significa “cobrir, proteger de estranhos. Para eles o hijab foi decretado para proteger a sua modéstia e honra. Segundo o Alcorão Sagrado: “Ó profeta, dizei a vossas esposas, vossas filhas e às mulheres dos crentes que quando saírem que se cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que se distingam das demais e não sejam molestadas; sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo” — 33.ª Surata, Al-Ahzab, versículo 59. Muitas mulheres não usam o véu sequer para a celebração religiosa de sexta-feira, o dia sagrado dos muçulmanos. Elas contam que usar ou não usar o véu é uma questão pessoal, e que o mais importante não é usar ou não usar, mas o motivo que leva a mulher a querer usar. Fonte: Wikipedia https://pt.wikipedia.org/wiki/Hijab O QUE É A CHARIA? A charia, xaria, xária, xaria, (em árabe: ةعيرش; transl.: sharīʿah, “legislação”), também grafado sharia, shariah, shari’a ou syariah, é o nome que se dá ao direito islâmico. Em várias sociedades islâmicas não há separação entre a religião e o direito, todas as leis sendo fundamentadas na religião e baseadas nas escrituras sagradas ou nas opiniões de líderes religiosos. O Alcorão é a mais importante fonte da jurisprudência islâmica, sendo a segunda a Suna (obra que narra a vida e os caminhos do profeta). Na Suna se encontram os ahadith, as narrações do profeta. Também existe como parâmetro de jurisprudência o ijma, o consenso da comunidade. O Qiyas, o raciocínio por analogia, foi usado pelos estudiosos da lei e religião islâmica para lidar com situações onde as fontes sagradas não providenciam regras concretas. Algumas práticas incluídas na charia têm também algumas raízes nos costumes locais. A jurisprudência islâmica chama-se fiqh e está dividida em duas partes: o estudo das fontes e metodologia (usul al-fiqh, “raízes da lei”) e as regras práticas (furu’ al-fiqh, “ramos da lei”). Internacional Fevereiro de 2016 O termo charia significa “caminho para a fonte” ou “rota para a fonte [de água]”, e é a estrutura legal dentro do qual os aspectos públicos e privados da vida do adepto do islamismo são regulados, para aqueles que vivem sob um sistema legal baseado na fiqh (os princípios islâmicos da jurisprudência) e para os muçulmanos que vivam fora do seu domínio. A charia lida com diversos aspectos da vida quotidiana, bem como política, negócios, contratos, família, higiene, sexualidade e questões sociais. A charia é, atualmente, o sistema legal religioso mais utilizado no mundo, e um dos três sistemas legais mais comuns do planeta, juntamente com a common law anglo-saxônica e o sistema romano-germânico. Durante a Era de Ouro Islâmica, a lei islâmica clássica pode ter influenciado o desenvolvimento da lei comum, e também influenciaram o desenvolvimento de diversas instituições da lei civil Fonte: Wikipedia Opinião: Poder de Escolha. “Meu Hijab não tem nada a ver com opressão. É uma afirmação feminista” (para assistir o vídeo é necessário ter conta no facebook) https://pt.wikipedia.org/wiki/Charia https://www.facebook.com/NaoKahlo/videos/vb.313545132152493/491361294370875/?type=2 Internacional Fevereiro de 2016 MULHERES DO ISLÃ Mapeamos algumas personagens para oferecer um breve panorama de diferentes experiências de luta para ampliar os direitos das mulheres em países islâmicos Acesse o mapa e conheça a marroquina Fátima Mernissi, pioneira no feminismo islâmico, Amina Sboui, presa e submetida à exorcismo na Tunísia, Alaa Murabit, fundadora do grupo The Voice of Libyan Women (VLW). Além disso, apresentamos o panorama das eleições na Arábia Saudita, onde mulheres puderam votar e se candidatar pela primeira vez em 2015 e a paquistanesa Benazir Bhutto, a primeira mulher a assumir um cargo de chefe de governo de um estado mulçumano moderno. DESTAQUE Conheça Qahera, uma super-heroína criada pela egípcia de codinome Deena. De acordo com a própria autora, sua personagem nasceu para expressar necessidades de mudança que a mulher do mundo árabe demanda à suas autoridades políticas e religiosas. Publicados em tumblr, os quadrinhos mostram a heroína que além de combater problemas típicos sociedade árabe e islâmica,também enfrenta o unilateralismo ocidental em relação às mulheres, reforçando que a necessidade de conservar fundamentos da cultura islâmica ao mesmo tempo que conquista suas revindicações naquela sociedade.Deena/Qahera rejeitam o FEMEN e outros grupos que reduzem a figura da mulher árabe a uma pessoa oprimida e indefesa. Você conhece a luta por direitos de outras mulheres islâmicas? Ajude a construir nosso mapa e encaminhe sua sugestão para nós! Clique na imagem para conhecer as aventuras de Qahera! http://qaherathesuperhero.com/index https://mapsengine.google.com/map/u/0/edit?hl=es&hl=es&authuser=0&authuser=0&mid=zBnyjdefnhtU.kuQaFQwM66Ks Personagem DJAMILA RIBEIRO A santista, Djamila Ribeiro é conhecida pelo seu trabalho como pesquisadora e feminista negra. Em 2015 tornou-se mestra em filosofia pela Unifesp, Pesquisadora bolsista na FAPESP; Membro fundadora do MAPÔ – Núcleo de Estudos Interdisciplinar em Raça e Gênero e Sexualidade da Unifesp; Membro da Associação Internacional de Mulheres Filósofas e da Simone de Beauvoir Society. Tem artigos publicados em revistas de Filosofia e já apresentou trabalho nos EUA (Universidade do Oregon) e Argentina (Universidade Nacional de La Plata). Feminista negra desde o nascimento. Escreve para o Blogueiras Negras, Escritório Feminista da Carta Capital e Geledés discutindo temas como racismo, gênero e política tendo em foco mulheres negras. Djmila é mãe de Thulane. Recomendamos também a leitura de seu texto “E se sua mãe tivesse te abortado?”, no qual Djamila conta que quando tinha 16 anos sua mãe dividiu com ela a culpa de ter tentado aborta-la e sua reflexão pessoal sobre o episódio. FALA DJMILA! “Há uma tentativa de se silenciar mulheres negras. Conheci diversas feministas negras que passaram por isso, e agora, com a minha geração, sinto na pele. Uma vez, numa discussão com a página “Moça, você é machista”, fui banida. E fui porque reclamei de um post racista e exigi retratação. A resposta da página foi: “você tem problemas de interpretação de texto; deve ser analfabeta funcional”. Ou seja, recorre- se ao racismo, para tentar nos calar. Porque, claro, como negra, eu só poderia ser analfabeta. Que tipo de feminismo é esse?” Para Blogeuiras Negras, em Afasta de mim esse cálice (cale-se): o silenciamento de mulheres negras em espaços de militância. Fonte: Blogueiras Negras “Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito, impor minha existência numa sociedade que insiste em negá-la. E, ao fazer isso, lutar coletivamente com outras mulheres para que possamos enfrentar o machismo e o racismo. Como feminista negra, luto por uma sociedade sem hierarquia de opressão onde possamos ser respeitadas na nossa humanidade e identidades. Acredito que racismo, machismo e heterossexismo, apesar de serem opressões diferentes, estão subordinados a mesma estrutura e combater um e reforçar outro não traz mudanças significativas, apenas se está reforçando o poder que se diz combater. Minha luta é para que nós mulheres negras possamos ser consideradas não mais sujeitos implícitos, mas sujeitos protagonistas, que não sejamos mais aviltadas em nossa Fonte: Revista TPM Fevereiro de 2016 F o to : g e le d e s. o rg .b r http://www.geledes.org.br/tag/djamila-ribeiro/) http://blogueirasnegras.org/author/djamila-ribeiro http://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista http://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista http://www.geledes.org.br/tag/djamila-ribeiro/ http://revistatrip.uol.com.br/tpm/a-luta-de-djamila-ribeiro http://blogueirasnegras.org/2013/12/11/racismo-silenciamento-mulheres-negras-espacos-militancia/ Conceito Djamila utiliza o conceito de interseccionalidade em produção acadêmica e também na militância como feminista negra. Trata-se de um aporte teórico de grande relevância para o feminismo, bem como para o movimento social como um todo. O que é o Feminismo Interseccional? Como ele contribui para a desconstrução da ideia de “universalidade” nas categorias que pautam o movimentos sociais? No artigo publicado em agosto de 2015 no Blog da BoiTempo. Djamila Ribeiro destaca que esse conceito é pouco discutido e disseminado no Brasil. Afirma que a abordagem inteseccional vem sendo desenvolvida por mulheres negras ativistas há mais de um século e recebeu maior atenção quando a crítica e teórica estadunidense Kimberlé Crenshaw o utilizou como centro de uma tese, em 1989, para analisar como raça, gênero e classe se interseccionam e geram diferentes formas de opressão. “A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca capturar as conseqüências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras”. (CRENSHAW, 2002: 177). Ela conta que também que Cristiano Rodrigues em seu artigo “Atualidade do Conceito de Interseccionalidade para a pesquisa e prática feminista no Brasil” explica que no contexto anglo-saxão houve, ao longo dos anos 1980 e 1990, uma contínua apropriação do conceito de interseccionalidade por feministas dos mais diferentes matizes. Ler o texto na íntegra INTERSECCIONALIDADE “Embora o conceito seja aberto a diferentes interpretações e a aprofundamento teóricos novos, ele propõe, no seu cerne, que: 1) Classe, raça, gênero, orientação sexual, pertencimento religioso etc. são eixos de opressão ou eixos de subordinação. Logo, eles não são meros construtores de “identidade”. A preocupação da perspectiva interseccional não é simplesmente adiferença entre pessoas, mas e desigualdade entre elas. 2) Esses eixos de subordinação apresentam-se na realidade material de forma transversal ou interseccional. Isso significa dizer que eles se cruzam e se perpassam criando situações de subalternidade e exploração particulares. Considerando isso,é possível por exemplo que uma pessoa seja simultaneamente privilegiada em alguns aspectos e subalternizada em outros (por exemplo, um homen negro da burguesia ou uma mulher branca da classe trabalhadora). 3) Não há uma hierarquia pré-definida entre os diferentes eixos de opressão. Esse deve ser o ponto mais problemático para os marxistas apegados á classe como o centro fulcral da desigualdade social. Mas em termos das lutas “específicas”, essa colocação é importantéssima ao eliminar a chamada “olimpíada das opressões”, tentativa de madir quem é mais ou menos oprimido dependendo da “soma” de opreessões ou de qual tipo de opressão é mais grave.” Fonte: Capitalismo em Desencanto Fevereiro de 2016 http://blogdaboitempo.com.br/2015/08/04/a-perspectiva-do-feminismo-negro-sobre-violencias-historicas-e-simbolicas/#more-12984 http://blogdaboitempo.com.br/2015/08/04/a-perspectiva-do-feminismo-negro-sobre-violencias-historicas-e-simbolicas/#more-12984 http://blogdaboitempo.com.br/2015/08/04/a-perspectiva-do-feminismo-negro-sobre-violencias-historicas-e-simbolicas/#more-12984) Através de seu estudo acerca do impacto da interseccionalidade das formas de discriminação – como raça e gênero – sobre as mulheres negras nos Estados Unidos, Kimberlé Crenshaw (2000) demonstrou a insuficiência e a ineficácia das leis para proteger mulheres negras (e outras não brancas), posto que os instrumentos legais não previam o julgamento de processos que se pautavam pela intersecção das discriminações de gênero e raça. Um exemplo utilizado por Crenshaw foi o da discriminação que essas mulheres sofriam no trabalho. A autora constatou que sexismo e racismo no ambiente de trabalho eram interpretados pelas cortes judiciais como questões distintas, de forma que, para estabelecer as diretrizes do processo na corte, ou este seguia a lógica de acusação de racismo ou a de sexismo, mas nunca as duas juntas. (SANTOS, 2009.) Kimberlé Crenshaw Foto: Thinking of the world Conceito 1ª Onda: Início do século XIX. As reivindicações eram voltadas para assuntos como o direito ao voto e à vida pública. Um grandenome dessa onda é Nísia Floresta. Em 1922, nasce a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que tinha como objectivo lutar pelo sufrgio feminino e o direito ai trabalho sem a autorizaçnao do marido. 2ª Onda: Teve início nos anos 70 num momento de crise da democracia. Além de lutar pela valorização do trabalho da mulher, o direito ao prazer, contra a violência sexual, também lutou contra a ditadura militar. O primeiro grupo que se tem notícia foi formado em 1972, sobretudo por professoras universitárias. Em 1975 fromou-se o Movimento Feminino pela Anistia. 3ª Onda: Teve início da década de 90, começou-se a discutir os paradigmas estabelecidos nas outras ondas, colocando em discussão a micropolítica. Apesar de que, as mulheres negras estadunidenses, como Beverly Fisher, já na década de 70, começaram a denuncias a invisibilidade das mulheres negras dentro da pauta de reivindicação do movimento. No Brasil, o feminismo negro começo a ganha força no fim dessa década, começo da de 80, lutando para que as mulheres negras fossem sujeitos políticos. Feminismo Interseccional Ondas do Feminismo Acadêmico no Brasil F o n te : D ja m il a R ib e ir o , p a ra C a rt a C a p it a l “Interseccionalidade é uma sensibilidade analítica, uma maneira de pensar sobre a identidade e sua relação com o poder. Articulada originalmente em favor das mulheres negras, o termo trouxe à luz a invisibilidade de muitos cidadãos dentro de grupos que os reivindicam como membros, mas que muitas vezes não conseguem representá-los. O apagamento interseccional não é exclusivo das mulheres negras. Pessoas negras ou de outras raças/etnias dentro dos movimentos LGBT; meninas negras ou de outras raças/etnias na luta contra o sistema que empurra os jovens da escola para a cadeia; mulheres nos movimentos de imigração; mulheres trans dentro dos movimentos feministas; e as pessoas com deficiência lutando contra o abuso policial — todas essas pessoas sofrem vulnerabilidades que refletem as interseções entre racismo, sexismo, opressão de classe, transfobia, capacitismo e muito mais. A interseccionalidade deu a muitas dessas pessoas uma forma de destacar as suas circunstâncias e lutar por sua visibilidade e inclusão.” Em texto publicado em 2015 pela própria Kimberlé Crenshaw, intitulado “Porque a interseccionalidade não pode esperar” Fevereiro de 2016 http://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista/feminismo-academico-9622.html http://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2014/05/9102-35010-1-PB.pdf) http://www.ceert.org.br/noticias/genero-mulher/8590/porque-a-interseccionalidade-nao-pode-esperar https://thinkingoftheworld.wordpress.com/2013/06/23/2-influential-thinker-kimberle-crenshaw/) “Em seu livro fundador Orientalismo (1978), Edward Said escreveu sobre o conceito opressivo ocidental relativamente “à diferença básica entre Oriente e Ocidente enquanto ponto de partida para elaborar teorias, épicos, novelas, descrições sociais e relatos políticos sobre o Oriente, seus povos, costumes, ideias, destino, etc.” O Orientalismo é a construção interesseira que o Ocidente faz do “Oriente”. O Orientalismo de gênero é a construção que o Ocidente faz do Oriente como inferior e necessitando de “intervenção” ocidental e “ajuda humanitária”. “É isto que é o Feminismo Imperial, também conhecido, mais corretamente, por Orientalismo de Gênero. É o tipo de feminismo centrado em narrativas brancas que oblitera a agência das mulheres que não o são. Coloca o ocidente num pedestal de empoderamento de gênero ignorando assim a misoginia sistemática das nações ocidentais. Generaliza as culturas não ocidentais. Promove a dicotomia do homem “escuro” e perigoso e do homem branco “salvador”. É o feminismo dos “brancos” (especialmente dos homens, mas não só) tentando salvar as mulheres de cor. Apropria os movimentos dos direitos das mulheres ao serviço do paternalismo e do império. Por esta razão precisamos da interseccionalidade: lutar contra ideologias opressivas que usam e abusam da ideia de justiça para perpetuar injustiças. Não podemospermitir que se continue a explorar ideias de igualdade de gênero para perpetuar o racismo.” NA PRÁTICA: Selecionamos alguns artigos que expressam as diferentes circunstâncias nas quais a interseccionalidade é evocada como proposta norteadora na luta por conquistas por direitos. Conceito • Uma Feminista Interseccional Contra o Feminismo Imperial Fevereiro de 2016 http://www.contramare.net/site/pt/an-intersectional-feminist-against-imperial-feminism/ Conceito • Por um primeiro de maio interseccional. Por Stephanie Ribeiro para Blogueiras Negras “Interseccionar é compreender que não existe uma única opressão, mas que essas estão interligadas. É ter um olhar mais profundo sobre as desigualdades sociais e os grupos marginalizados existentes e saber que enquanto um não for livre, nenhum será, mesmo que as lutas sejam distintas. Eu, mulher negra e pobre, protagonizo algumas lutas porque vivencio elas, como a luta das mulheres, dos negros e de classe. Fato é que isso não me impede de APOIAR outras que não protagonizo, como a LGBTs e a dos servidores públicos com enfoque para os professores (...) ” Leia o texto na íntegra http://blogueirasnegras.org/2015/05/01/ por-um-primeiro-de-maio-interseccional/ “(...) Judith Butler, que há 25 anos questionou a possibilidade de não mais fazer das mulheres o motor da política feminista. Se a partir dali parecia que ela anunciara o fim do feminismo, de fato suas provocações estavam apontando um paradoxo importante: de nada adiantava primeiro exigir das mulheres uma configuração estabilizada em uma identidade para depois pretender libertá-las. Era preciso, argumentava Butler, interrogar as próprias exigências de identidade. Tratava-se de poder pensar um feminismo que não seja feito em função de representar o “sujeito mulher”, o que exige uma identidade prévia do referente mulher a ser representado e, contraditoriamente, obriga a um fechamento no lugar onde se quer reivindicar abertura.” • Por um feminismo que vá além das mulheres. Por Inês Castilho, para Outras Palavras Fevereiro de 2016 • Sobre transexualidade, feminismo interseccional e sororidade. Por Zaíra Pires, para Blogeuiras Negras. “(...) o incômodo que me levou a escrever essa postagem foi observar que nós ainda precisamos caminhar um bocado para incluir as demandas transfeministas na agenda dos direitos humanos. Precisamos ainda rever nossos privilégios cissexuais (simploriamente,(...). Seria o contrário de transexual), assim como queremos que os homens o façam com relação às mulheres, os brancos o façam com relação aos não brancos, os heterossexuais o façam com relação aos bi e homossexuais, a classe média o faça com relação aos mais pobres etc infinito. (...) enquanto conscientes dessa situação, incluir na pauta da militância as necessidades das pessoas transexuais. Mas tendo o cuidado de não protagonizar sua luta, incluindo a partir da sua voz, não da minha, que pouco ou nada sei de como é ser trans, apenas TENTO exercer minha empatia. Assim como não quero homens como meus defensores. Eles são coadjuvantes na minha luta! No entanto, são bem vindos ao meu lado.” Foto: Nympheminist (http://blogueirasnegras.org/2015/05/01/por-um-primeiro-de-maio-interseccional/) http://blogueirasnegras.org/2013/06/06/transexualidade-feminismo-interseccional-e-sororidade/ http://blogueirasnegras.org/2015/05/01/por-um-primeiro-de-maio-interseccional/ http://outraspalavras.net/brasil/por-um-feminismo-que-va-alem-das-mulheres/ http://nympheminist.blogspot.com.br/2015/10/el-feminismo-realmente-busca-igualdad.html Conceito Somos muito diferentes entre nós para sermos reduzidas à categoria mulher. E ao mesmo tempo estamos, nessa categoria, reduzidas ao lugar de subalternidade. É um problema político estabelecer os termos contra os quais se vai lutar contraa hierarquia de gênero, que é também uma hierarquia de raça e de classe. Por isso, com Butler talvez se possa pensar em fazer política em direção a um referente vazio de conteúdo, capaz de representar não um grupo previamente restrito a certas características identitárias, mas a todas as singularidades (o que, a rigor, redunda numa outra forma de universalidade, O problema é que nós, mulheres, também podemos incorrer no equívoco político de produzir novas subalternidades em relação a nós. Hierarquias entre intelectuais e ativistas, entre brancas e negras, entre hetero e homossexuais, cis e trans, por exemplo, são facilmente percebidas no interior do movimento de mulheres. “Pensar a subalternidade como fundamento contingente pode ser tentar colocar em prática novas formas de fazer política, nas quais não se precise ou procure um denominador comum unificador, mas se encontre pontos de contato em tornos dos quais alianças podem frutificar. Pontos de contato que não exijam configurações únicas, mas partidas. Talvez essas possam vir a ser as nossas heranças, talvez não. É nesse talvez que está a nossa possibilidade de provocar alguma mudança, pensando sobre as estruturas falogocêntricas de poder e buscando formas políticas de parti-las.” • Interseccionalidade nas Políticas Públicas (em espanhol) Este documento sintetiza a atividade organizada pela Área de Gênero do Centro Regional do PNUD, com apoio da Agencia Catalã de Cooperação (ACCD) para o Desenvolvimento, no Projeto “Superando Obstáculos para la Transversalidade de Gênero na América Latina e Caribe”. F o to : fi lo p o l.m il h a ra l.o rg Fevereiro de 2016 https://filopol.milharal.org/2014/02/12/por-um-feminismo-interseccional/ http://www.redetis.iipe.unesco.org/publicaciones/interseccionalidad-en-politicas-publicas/#.VrUSPvkrKhc • Um marxismo interseccional é possível? Pontapé inicial para um debate. por Bárbara Araújo Conceito Pontapé inicial para um debate. Por Bárbara Araújo para capitalismo em desencanto “Por fim, volto à pergunta com a qual iniciei esse texto: será que tudo é mesmo fundamentalmente uma questão de classe? Não. Mas antes de me atirarem tomates, o que quero dizer é: não é possível compreender e combater a desigualdade olhando só para a questão de classe. Porque tudo é questão de classe e tudo também é questão de gênero e tudo também é questão de raça. Não é estranho ao marxismo reconhecer que a realidade material é complexa e determinada por múltiplos fatores, pelo contrário. A esquerda, portanto, precisa parar de cortar a realidade em fatias — até porque, em geral, nesse processo o gênero e a raça são as gorduras que se joga fora” Leia na íntegras aqui Desde quando o conceito de interseccionalidade foi difundindo pelos espaços feministas, muita coisa vem sendo (re)pensada. A existência de múltiplas formas de subordinação em um único corpo feminino fez com que repensássemos a ideia de mulher como categoria homogênea. Questões de raça, classe, sexualidade, etnia e corporalidades não hegemônicas foram sendo incorporadas nos debates feministas, que há pouco tempo restringiam-se aos problemas enfrentados pela mulher branca, magra e de classe média. Obviamente, essa visibilidade seria muito profícua e benéfica se houvesse uma real preocupação com a incorporação destas pautas de forma central. Seria. Mas não é assim que tem funcionado.” REFLEXÃO (...) É muito difícil escancarar estas questões pessoalmente, mas meu texto é um apelo para que o feminismo tenha responsabilidade com as pautas que diz representar. A representação é sim muito importante para alguns grupos, mas a simples representação sem uma real preocupação com os motivos pelos quais aquilo precisa ser representado e incorporado nas pautas cotidianamente e não apenas em datas esporádicas, nada mais é do que praticar um falso feminismo interseccional, em que o que importa é a utilização de mulheres negras, gordas, pobres, lésbicas e bissexuais, trans ou com deficiência como cartas na manga para poder dizer que o seu feminismo não é hegemônico.” Leia a matéria completa em: O falso feminismo interseccional ou o que importa é representar - Geledés Mais Referências Se interessou? Acese esse aqui para ver a Lista de links para artigos sobre interseccionalidade produzidos no Brasil, México, Espanha, Alemanha, Chile e Guatemala. Fo to : N a o m e k a h lo .c o m Fevereiro de 2016 • O falso feminismo interseccional ou o que importa é representar. Por Naila Chaves para as Blogueiras Feministas https://capitalismoemdesencanto.wordpress.com/2013/10/28/um-marxismo-interseccional-e-possivel-pontape-inicial-para-um-debate/ https://capitalismoemdesencanto.wordpress.com/2013/10/28/um-marxismo-interseccional-e-possivel-pontape-inicial-para-um-debate/ O falso feminismo interseccional ou o que importa � representar - Geled�s http://www.geledes.org.br/o-falso-feminismo-interseccional-ou-o-que-importa-e-representar/#ixzz3zKW1IvkE O falso feminismo interseccional ou o que importa � representar - Geled�s http://www.geledes.org.br/o-falso-feminismo-interseccional-ou-o-que-importa-e-representar/#ixzz3zKW1IvkE http://www.oie-miseal.ifch.unicamp.br/pt-br/bibliografia-interseccionalidade http://www.naomekahlo.com/#!inicio/c1k8r/Page/2 Como vimos, conceito de interseccionalidade já era utilizado por feministas negras nos E.U.A. durante a década de 60 e 70, porém ganhou notoriedade quando Crenshaw apontou a “insuficiência e a ineficácia das leis para proteger mulheres negras (e outras não brancas), posto que os instrumentos legais não previam o julgamento de processos que se pautavam pela intersecção das discriminações de gênero e raça. (SANTOS, 2009)” É importante salientar que, ao elaborar e refletir acerca de teses jurídicas, @s juristas enfrentam o contexto em que várias categorias jurídicas se sobrepõem. É necessária a sensibilidade para compreender os sujeitos em todas as suas dimensões: gênero, raça, classe, cultura, religião, etc. Não adentrando na análise estrutural das leis, tendo-se em vista sua adequação à forma capitalista (PACHUKANIS,1977) e androcentrista, essa perspectiva contribui para a materialização de direitos não somente em uma demanda pontual, mas também para a harmonização de várias dimensões da vida humana, diante de conflitos especificamente colocados. Essa compreensão no universo jurídico implica em concluir que o bem jurídico tutelado só é de fato tutelado se observadas na relação jurídica as particularidades e complexidades dos sujeitos envolvidos. Por isso, nós do FFC Advogadas primamos pela escuta, valorizando a diversidade humana e as particularidades de cada experiência em relação ao contexto em que ela se dá. Se considerarmos classe, raça e gênero eixos de poder, é cabível retomar o pensamento de Foucalt, quando afirmava que o poder não é uma propriedade, senão uma relação. As relações estão sujeitas à mudanças com o surgimento de novos conflitos e novos pontos de resistência, que por sua vez, produzem novos sujeitos (FOUCAULT, 1995). Conceito OPINIÃO FFC Interseccionalidade no âmbito jurídico Assim, buscamos construir as teses levando em consideração as especifidades e complexidade caso a caso, na tentativa de aplicar na prática o conceito de interseccionalidade não apenas para alcançar resultados satisfatórios para o cliente em si, mas também para contribuir para o reconhecimento dos vários eixos de poder que oprimem determinados segmentos da sociedade, bem como, para contribuir para a emancipação e a mobilização política dos indivíduos. FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, Hubert L.; RABINOW, Paul (Orgs.). Michel Foucault: uma trajetória filosófica – para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995 CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o Encontro de Especialistas em Aspectos da Discriminação Racial Relativos ao Gênero. Estudos Feministas,n. 10, p. 171-188, 2002. PACHUKANIS, Evgeni. A teoria geral do direito e o marxismo, trad. Soveral Martins, Coimbra, Centelha, 1977. SANTOS, Sônia B. dos. As ONGs de mulheres negras no Brasil, in revista de Soc. e Cult., Goiânia, v. 12, n. 2, p. 275-288, 2009. Fevereiro de 2016 Foto: Señora Milton para Pikara Magazine hiperlink para http://petdireito.ufsc.br/wp-content/uploads/2013/06/PACHUKANIS-Evgene.-Teoria-geral-do-Direito-e-marxismo.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2002000100011&script=sci_abstract&tlng=pt http://www.pikaramagazine.com/2014/12/velo-integral-el-feminismo-como-exclusion/
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