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Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 47 Todo ser humano tem em si mesmo pos- sibilidades que estão à espera de serem descobertas. Helen Keller A deficiência auditiva acontece quando há uma diminuição da audição, ou uma “redução na percepção de sons que dificulta a compreen- são das palavras” (SÃO PAULO, 2007). A dificul- dade aumenta com o grau de perda. Podemos dizer que o deficiente auditivo é aquele que, com a utilização de uma prótese auditiva (aparelho de amplificação sonora), poderá reconhecer os sons do meio ambiente, inclusive os sons da fala. A sur- dez pode ser caracterizada pela impossibilidade de se ouvir mesmo com a utilização de próteses. O que significa, então, ter uma perda auditi- va? Significa que o sujeito que a possui acaba por não ter acesso à comunicação oral, aquela utiliza- da mais comumente pela nossa sociedade, o que muitas vezes pode gerar um atraso no seu desen- volvimento, não por problemas cognitivos, mas pela impossibilidade da participação no mundo linguístico. A surdez pode ser descrita como a perda maior ou menor da percepção normal dos sons, DEFICIÊNCIA AUDITIVA/SURDEZ8 que interfere na aquisição da linguagem. O défi- cit auditivo pode ser definido como perda média em decibéis, na zona conversacional (frequência de 500, 1000, 2000 hertz) para o melhor ouvido. O Decreto Federal nº 5.626/2005 define que pessoas surdas são aquelas que, por terem perda auditiva, interagem com o mundo por meio de experiên- cias visuais e se manifestam culturalmente por meio da língua de sinais – Libras; e considera-se deficiente auditivo a pessoa com perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, que não utiliza a língua de sinais para comunicar-se, mas sim a língua oral do país de origem (BRASIL, 2005). Nos documentos do Ministério da Educa- ção e Cultura (MEC), outras nomenclaturas tam- bém são utilizadas: indivíduo com surdez ou parcialmente surdo. A surdez parcial é aquela em que as pessoas apresentam perdas parciais, por exemplo: leve até 40 decibéis e moderada de 41 até 70 decibéis. As características dos surdos ou deficientes auditivos leves e moderados ou defi- cientes auditivos são atraso na linguagem, dificul- dade articulatória e problemas na discriminação auditiva; além disso, a compreensão verbal está intimamente ligada à sua aptidão da percepção visual (BRASIL, 2005). 8.1 O Ouvido O ouvido é dividido em três partes: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. O ouvido externo é formado pela orelha e pelo canal auditivo com a membrana timpânica no fundo do canal. No ouvido médio estão os três ossículos (martelo, bigorna, estribo) e a abertu- ra da tuba auditiva. O ouvido interno é formado pelo aparelho vestibular (equilíbrio) e pela cóclea (audição). O som chega ao cérebro por meio do nervo coclear. Marcia Regina Zemella Luccas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 48 A diminuição da audição produz uma redução na percepção de sons e dificulta a compreensão das palavras. A dificuldade aumenta com o grau de perda, que pode ser leve, moderado, severo e profundo. AtençãoAtenção A deficiência auditiva é a redução na percepção de sons que dificulta a compreensão das pala- vras, e a surdez pode ser definida como impossi- bilidade de se ouvir mesmo com a utilização de próteses. 8.2 Quais são os Graus de Surdez: o que se sente? Nos casos de perda auditiva de grau leve as pessoas podem não se dar conta de que ouvem menos; somente um teste de audição (audiome- tria) vai revelar a deficiência. Quando a perda auditiva passa a ser de mo- derada, os sons podem ficar distorcidos, e na con- versação as palavras tornam-se abafadas e mais difíceis para entender, particularmente quando têm várias pessoas conversando em locais com ruído ambiental ou salas onde existe eco. Os sons da campainha e do telefone tornam-se difíceis para serem ouvidos; o deficiente auditivo pede, a todo o momento, que falem mais alto ou que repitam as palavras. Surdez severa é aquela em que a perda fica entre 71 e 90 decibéis, e é profunda quando é aci- ma de 90 decibéis. Neste último tipo de perda, as crianças podem chegar aos 4 ou 5 anos de idade sem aprender a falar. Muitas delas, devido à priva- ção das informações auditivas, utilizarão a lingua- gem gestual e perceberão o mundo por meio de experiências visuais e manifestando sua cultura pela língua de sinais – Libras (BRASIL, 2005). A perda auditiva profunda, causada, mui- tas vezes, principalmente pela falta de assistência logo na primeira infância, traz dificuldades no de- senvolvimento da linguagem. Em geral, a primei- ra suspeita quanto à existência de uma alteração Fonte: blogdefisica2010.blogspot.com. Fundamentos da Educação Especial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 49 auditiva em crianças muito pequenas é feita pela própria família a partir da observação da ausência de reações a sons, comportamento diferente do usual (a criança que é muito quieta, dorme muito e em qualquer ambiente, não se assusta com sons intensos), e, em crianças um pouco mais velhas, o não desenvolvimento da linguagem (www.abc- dasaude.com.br). Nesse tipo de perda, também, as crianças terão maior facilidade no desenvolvi- mento linguístico se utilizarem a Libras. Os níveis de limiares utilizados para caracte- rizar os graus de severidade da deficiência auditi- va são os seguintes: �� Audição Normal: limiares entre 0 a 24 dB de nível de audição. �� Deficiência Auditiva Leve: limiares en- tre 25 e 40 dB de nível de audição. �� Deficiência Auditiva Moderada: limia- res entre 41 e 70 dB de nível de audição. �� Deficiência Auditiva Severa – Limiares entre 71 e 90 dB de nível de audição. �� Deficiência Auditiva Profunda: limia- res acima de 91 dB de nível de audição. 8.3 Os Graus de Perda Auditiva A nossa audição, como já dissemos, em ter- mos de frequência, distingue sons do grave ao agudo na faixa de 16 Hz a 16 Khz. Quanto à per- cepção de sons fracos e fortes, nossa audição dis- tingue de zero dBs até o limiar da dor na ordem de 120 dBs. O Decibel, isto é, a décima parte de um Bel, é um valor logarítmico encontrado pela Física, para que se pudesse operar com valores de energia extremamente ampla. Para entendermos o que é a percepção des- ses sons, verificaremos alguns níveis de ruído que, ao ligarmos aos limiares de audição, tornam fácil a compreensão do que alguém com deficiência auditiva/surdez não estará ouvindo. Alguns níveis de ruído: Limiar de audibilidade 0 dB Murmúrio 15 dBs Conversação em voz baixa 20 dBs Interior de residência no campo 25 dBs Interior de residência na cidade 45 dBs Escritório 55 dBs Orquestra sinfônica a dez metros de distância 85 dBs Martelo Pneumático 90 dBs Ruído numa rua central 95 dBs Cabina de Avião 100 dBs Fórmula 1 (começa limiar da dor) 120 dBs Conjunto de rock metaleiros 130 dBs Decolagem de Avião a Jato 140 dBs Lançamento de Foguetes Espaciais 180 dBs Marcia Regina Zemella Luccas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 50 Audiograma da fala: Fonte: pastoraldossurdossp.blogspot.com Se as crianças com deficiência auditiva/sur- dez chegam à idade escolar sem que esta tenha sido diagnosticada, o aprendizado será mais difí- cil, simplesmente porque elas ouvem mal ou não ouvem o que está sendo ensinado. Em alguns casos de surdez existem sinto- mas adicionais, como, por exemplo, zumbido e vertigem. Na infecção do ouvido médio, a surdez vem acompanhada de dor e febre. Fundamentos da Educação Especial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 51 A perda auditiva pode ser de condução quando existe um bloqueio no mecanismo de transmissão do som, desde o canal auditivo ex- terno até o limite com o ouvido interno. Algumas causas importantes de surdez de condução: �� Obstrução por acúmulo de cera ou por objetos introduzidos no canal do ouvi- do. �� Perfuração ou outro dano causado no tímpano. �� Infecção no ouvido médio. �� Infecção, lesãoou fixação dos peque- nos ossinhos (ossículos) dentro do ou- vido médio. A surdez de percepção ou neurossen- sorial (lesão de células sensoriais e nervosas) é aquela provocada por problema no mecanismo de percepção do som desde o ouvido interno (cóclea) até o cérebro. Algumas causas importan- tes de surdez de percepção ou neurossensorial (www.abcdasaude.com.br): �� Ruído intenso é causa frequente de surdez. Intensidades de som acima de 75 decibéis podem causar perdas au- ditivas induzidas pelo ruído. As lesões no ouvido interno podem ocorrer após uma exposição simples ao ruído ou após exposições prolongadas de meses ou anos. Exemplos de ruídos mais co- muns causadores de perdas auditivas: máquinas industriais, armas de fogo, motocicletas, máquinas de cortar gra- ma, música em volume alto, estouro de foguetes. �� Infecções bacterianas e virais, especial- mente rubéola, caxumba e meningite, podem causar surdez de percepção. 8.4 Tipos de Perda Auditiva �� Certos medicamentos, especialmen- te alguns antibióticos, podem lesar as estruturas neurossensoriais, causando surdez. �� Idade. A perda auditiva gradual devido ao fator idade, denominada presbia- cusia, é uma ocorrência quase habi- tual nos idosos. A deficiência auditiva abrange cerca de 30% das pessoas aci- ma de 65 anos e 50% das acima de 75. A presbiacusia é a causa mais comum de surdez e provavelmente resulta de uma combinação de vulnerabilidade genéti- ca, doenças e/ou distúrbios metabóli- cos (diabetes, por exemplo) e exposição a ruídos. É um processo degenerativo de células sensoriais do ouvido interno e fibras nervosas que conectam com o cérebro. �� Surdez congênita. Quando uma criança nasce surda, a causa pode ser hereditá- ria (genética) ou embrionária (intraute- rina). Entre as causas intrauterinas mais frequentes estão: rubéola, sífilis, toxo- plasmose, herpes, alguns tipos de vírus e certos medicamentos usados pela gestante. �� Variações de pressão no líquido do ou- vido interno podem ocasionar perda gradativa da audição; essa alteração é chamada doença de Menière e vem acompanhada, em sua forma clássica, de vertigem e zumbido. Tumores benignos e malignos que atingem o ouvido interno ou a área entre o ouvido inter- no e o cérebro podem causar surdez, como, por exemplo, neurinoma, colesteatoma, hemangio- ma, glomus, carcinoma. Marcia Regina Zemella Luccas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 52 A surdez é mista quando existe problema em ambos os mecanismos. O diagnóstico da causa da surdez é feito por meio da história do paciente, de exame do ouvi- do e de testes com diapasões para determinar o tipo de surdez (condução ou percepção). Exames com equipamento especial podem ser necessá- rios para avaliar a audição, sendo a audiometria o AtençãoAtenção Podemos dizer que temos três tipos de perda auditiva, a neurossensorial, a con- dutiva e a mista, ou seja, neurossensorial e condutiva juntas. 8.5 Como a Surdez Evolui? A evolução da surdez depende da causa e da gravidade da lesão. Por exemplo, se houver uma perda auditiva devido a uma exposição a ruídos, acima do limite tolerável (75 decibéis), a audição pode retornar ao normal em 24 horas. Entretanto, se essa exposição for repetitiva, a lesão causada no ouvido interno poderá ser definitiva, e a sur- dez, portanto, será irreversível. Em crianças com infecção no ouvido médio (otite média), haverá acúmulo de secreção atrás do tímpano, a qual, na maioria das vezes, é absorvida pelo organismo, e a audição tende a normalizar em algumas sema- nas. Na presbiacusia (surdez do idoso) e na perda auditiva por medicamentos de uso contínuo, a surdez, em geral, aumenta gradativamente (BRA- SIL, 2005). mais importante. Quando a tontura está associa- da, investigam-se o labirinto e o sistema nervoso central. A ressonância magnética (RM) pode ser necessária quando há suspeita de tumor. Exemplo de uma audiometria. A audiome- tria é um exame que avalia a audição, quantifican- do-a em grau e tipo: Fonte: clinicarenatacavion.blogspot.com Fundamentos da Educação Especial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 53 O tratamento da surdez depende da causa. �� Se a perda auditiva for devido a um grande acúmulo de cera no canal do ouvido, o médico simplesmente fará a remoção do conteúdo usando o instru- mental do consultório. �� Nas perfurações timpânicas e nas le- sões ou fixação dos ossículos (martelo, bigorna, estribo), o tratamento é cirúr- gico. �� Nos casos de secreção acumulada atrás do tímpano (otite secretora) por mais de 90 dias, sem melhora da audição, a cirurgia também está indicada. �� Na doença de Menière, o tratamento é clínico e, às vezes, cirúrgico. 8.6 Como é o Tratamento? �� Em casos de tumores, o tratamento in- dicado pode ser essencialmente cirúrgi- co, radioterápico ou radiocirúrgico. Muitos pacientes com surdez beneficiam-se com o uso dos aparelhos auditivos convencionais, cuja função é amplificar os sons. Para aqueles pa- cientes com surdez severa e profunda que não se beneficiam com esses aparelhos, está indicado o uso do implante coclear. Os implantes cocleares são sistemas eletrônicos implantados cirurgica- mente, que têm a função de transmitir estímulos elétricos ao cérebro através do nervo auditivo. No cérebro, esses estímulos elétricos são interpreta- dos como sons. Segundo diversos livros e sites de saúde (www.abcdasaude.com.br), no caso de exposição a ruídos intensos, a prevenção da surdez se faz com a proteção coletiva (intervenção sobre a fon- te emissora) ou proteção individual (abafadores colocados no ouvido). A prevenção da surdez hereditária é feita com o aconselhamento genético dos pais. Cuida- do médico pré-natal na gestante previne a possí- vel surdez na criança que vai nascer. Doenças como rubéola, sífilis e toxoplas- mose na gestante são exemplos de doenças que podem causar surdez e outras anomalias. Toda mulher, especialmente dos 15 aos 35 anos, deve vacinar-se contra a rubéola. A vacinação é simples e altamente eficaz. Cuidado deve haver, também, com remé- dios tóxicos ao ouvido da criança e que são admi- nistrados na gestante. 8.7 Como se Previne? Após o nascimento, a audição da criança pode ficar comprometida por certas doenças in- fecciosas como meningite, caxumba ou sarampo, contra as quais existe vacinação eficaz. Deve-se ter cuidado com alguns remédios, especialmente com certos antibióticos que podem ser ototóxi- cos. Com os progressos da ciência e da tecno- logia, o diagnóstico de surdez em uma criança pode ser feito desde o nascimento. Se há suspei- ta, a consulta médica deve ser imediata. Marcia Regina Zemella Luccas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 54 O tratamento na criança surda deve ser ini- ciado cedo, já nos primeiros meses. Quanto antes for iniciado o trabalho de habilitação da criança surda, pelos profissionais e pelos pais, maior será o aproveitamento na aquisição da linguagem. Com a habilitação não se quer dizer necessaria- mente que o surdo irá desenvolver a fala, mas que deverá estar exposto à linguagem, seja esta oral ou de sinais. Toda e qualquer língua é aprendida, sendo, portanto, necessário um trabalho intenso para o seu desenvolvimento. Quando o deficiente auditivo, ou o surdo, chega às nossas escolas, é importante tomarmos alguns cuidados para desenvolver o trabalho com ele, pois é necessário garantir a sua apren- dizagem. Se o foco for oralista, algumas atitudes podem auxiliar: �� materiais e equipamentos específicos: pró- tese auditiva, tablado, softwares educati- vos específicos, etc.; �� textos escritos complementados com ele- mentos que favoreçam a sua compreensão, por exemplo: desenhos, linguagem ges- tual, língua de sinais - LIBRAS e outros; �� sistema alternativo de comunicação adap- tado às possibilidades do aluno: leitura oro- facial, linguagem gestual e de sinais; �� salas-ambiente para treinamento auditivo, de fala, rítmico, de apoio pedagógico emparalelo ao que está sendo desenvolvido em sala de aula, etc.; �� posicionamento do aluno na sala de tal modo que possa ver os movimentos orofa- ciais do professor e dos colegas; �� material visual e outros de apoio, para favo- recer a apreensão das informações expos- tas verbalmente; �� procurar falar sempre voltado para o aluno para que ele não perca a mensagem trans- mitida (BRASIL, 2005, p. 73-74). 8.8 O Trabalho com o Surdo A partir da Resolução nº 4/2009, temos, para os alunos com deficiência auditiva, surdez, as salas de Atendimento Educacional Especia- lizado. O trabalho pedagógico com os alunos com deficiência auditiva e surdez deve acontecer em ambiente bilíngue, ou seja, um espaço onde se utilize a língua de sinais e a língua portugue- sa, respeitando-se o aluno que opta pela apren- dizagem da língua portuguesa na modalidade oral. O atendimento educacional especializado deve ocorrer no contraturno da classe regular e será organizado em três momentos diferentes: 1. atendimento educacional em LIBRAS, em que to- dos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares são explicados na língua de sinais; 2. desenvolvimento da aprendizagem da língua brasileira de sinais – Libras; e 3. ensino da língua portuguesa, na qual são trabalhadas as especifici- dades da língua para pessoas com surdez. Como pudemos observar, são pequenos detalhes que podem fazer a diferença para a aprendizagem de alguém que tenha deficiência auditiva ou surdez. É importante ressaltar nova- mente que os serviços de educação especial de cada município possuem profissionais especiali- zados que pode auxiliar você, professor, a pensar em outras estratégias mais específicas. AtençãoAtenção O trabalho pedagógico com o surdo deve se ba- sear no visual, visto que este é o canal que eles mais utilizam. Fundamentos da Educação Especial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 55 Neste capítulo, pudemos aprofundar nossos conhecimentos sobre a deficiência auditiva e a surdez. Aprendemos que existem diferentes formas de nomear o sujeito que tem uma perda auditiva, mas o principal é que essa pessoa pode aprender, e que, para isso, precisamos utilizar recursos diferenciados, como imagens, falar voltado para eles e, em alguns casos, utilizar a Libras como língua de comunicação. É importante ressaltar que os surdos podem desenvolver a aprendizagem assim como qualquer outra criança, mas para isso é necessário que ele tenha formas de comunicação e de compreensão linguística. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. 8.9 Resumo do Capítulo Sugestão de filmes: Mr. Holand: Meu adorável Professor; Filhos do Silêncio. Sugestão de livro: Vendo Vozes Oliver Sacks, Ed. Imago MultimídiaMultimídia 8.10 Atividades Propostas Agora, responda: 1. Como podemos diferenciar a deficiência auditiva da surdez? 2. Cite alguns recursos que os devemos utilizar com alunos com deficiência auditiva e alguns para alunos com surdez. 3. Aponte os tipos de perda auditiva e os níveis de perda. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 57 DEFICIÊNCIA FÍSICA9 Aquilo do qual as crianças precisam não é de resignação, mas de paixão. Elas so- nham com um mundo onde os atores possam falar em nome próprio, escapan- do da obrigação de parecerem confor- mes. Maud Mannoni Prezado(a) aluno(a), Entende-se por deficiência física uma va- riedade bastante ampla de condições orgânicas que, de alguma forma, alteram o funcionamento normal do aparelho locomotor, comprometendo, assim, a movimentação e a deambulação do in- divíduo. Devemos considerar que as alterações podem ocorrer em vários níveis: ósseo, articular, muscular e nervoso (AACD, 2002). AtençãoAtenção Deficiência física é uma variedade bastante ampla de condições orgânicas que, de alguma forma, alteram o funcionamento normal do aparelho locomotor, comprometendo, assim, a movimen- tação e a deambulação do indivíduo. Dentro dessa classificação, observamos não só as alterações anatômicas, mas também as alte- rações fisiológicas do aparelho locomotor. É gran- de a variabilidade de patologias e agravos que alteram a motricidade. Entre elas, procuramos enfocar as condições mais comuns que podem ocorrer em crianças na idade escolar. 9.1 Quais os Tipos de Deficiência Física Entre os principais quadros motores apre- sentados pela pessoa com algum tipo de deficiên- cia física/neuromotora, torna-se difícil encontrar uma classificação que insira todos os possíveis distúrbios motores. Sendo assim, iremos mostrar alguns quadros, os de maior incidência. �� Lesão cerebral (paralisia cerebral, hemi- plegias/paresias); �� Lesão medular (paraplegia/tetraple- gias); �� Miopatias (distrofias musculares). 9.2 As Causas Pré-natal (durante a gestação): infecções como rubéola, sífilis, toxoplasmose e AIDS; uso de drogas, tabagismo, álcool; desnutrição materna; alterações cardiocirculatórias maternas, pois to- dos os nutrientes, inclusive o oxigênio da criança, vêm da mãe. Marcia Regina Zemella Luccas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 58 Perinatal (no momento em que ocorre o nascimento): anóxia (falta de oxigênio no cére- bro), hemorragias intracranianas (trauma obsté- trico). Pós-natal (após o nascimento): traumas na cabeça, meningites, convulsões, desnutrição, falta de estimulação, hidrocefalia. Dependendo das partes afetadas, quanto ao tônus muscular (grau de tensão), a pessoa com sequela de para- lisia cerebral pode apresentar as seguintes altera- ções no comportamento motor: �� Espástico: apresenta rigidez de movi- mento e incapacidade para relaxar os músculos. É o tipo mais comum. �� Atetoide: apresenta constantes movi- mentos involuntários contínuos lentos e indesejáveis de contorção das extre- midades (pés e mãos) e da língua. É a falta de fixação do tônus (tanto em re- pouso quanto em movimento), portan- to a criança atetoide tem dificuldade de realizar o movimento voluntário e de manter a postura por muito tempo. �� Atáxico: apresenta dificuldade de equi- líbrio corporal e seus movimentos são sem ritmo (apresenta tremores ao rea- lizar os movimentos) e sem direção, bruscos. Na realidade, não é um tipo de tônus. O que o caracteriza são os movi- mentos descoordenados. �� Coreico: há a variação no grau de tensão do músculo das raízes e dos membros, levando à realização de movimentos rápidos e indesejáveis. �� Coreatetoide: associação de alguns ti- pos citados. �� Mista: caracterizada pela combinação de dois dos tipos citados, mais frequen- temente o espástico e o coreatetoide, que ocorre em muitas crianças (AACD, 2002). 9.3 Tipos de Deficiência Física Paralisia Cerebral Define um conjunto de distúrbios motores decorrentes de lesão no cérebro, não progressi- vo, porém sujeito a mudança. A paralisia cerebral também pode ser denominada como uma forma de Encefalopatia Crônica não evolutiva. Ela não é hereditária, nem contagiosa, também não pode ser considerada como doença, mas como uma condição física especial que necessita de acom- panhamento especializado, principalmente du- rante os primeiros estágios de desenvolvimento. Podem ocorrer alteração mental, visual, auditiva, da linguagem e do comportamento. A lesão é es- tática: não muda e não se agrava; o quadro não é progressivo. A deficiência motora se expressa em padrões normais de postura e movimentos, asso- ciados com um tônus postural anormal. No entan- to, algumas características podem mudar com o tempo. A lesão atinge o cérebro quando ele ainda é imaturo e interfere no desenvolvimento motor normal da criança. Os distúrbios mais relevantes são os motores, sem, necessariamente, implicar a existência de uma deficiência intelectual associa- da (BRASIL, 2005). A paralisia cerebral é definida como uma desordem do movimento e da postura devido a um defeito ou lesão do cérebro imaturo [...] A lesão cerebral não é pro- gressiva e provoca debilitação variável na coordenação da ação muscular, com resultante incapacidade da criançaem manter posturas e realizar movimentos normais. Esta deficiência motora central está freqüentemente associada a proble- mas de fala, visão e audição, com vários tipos de distúrbios da percepção, um cer- to grau de atraso cognitivo ou epilepsia (BOBATH, 1984, p. 1). Fundamentos da Educação Especial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 59 Dependendo da localização do corpo que foi afetada, os tipos abaixo apresentam subdi- visões que poderíamos chamar de topografias (AACD, 2002): �� Monoplegia: comprometimento de único membro. �� Hemiplegia: apenas um lado do corpo é acometido, podendo ser o lado es- querdo ou o direito. �� Diplegia: os membros superiores apresentam melhor função do que os membros inferiores. �� Quadriplegia: os quatro membros es- tão igualmente comprometidos. AtençãoAtenção A paralisia cerebral é caracterizada por uma le- são no cérebro que irá afetar os movimentos das crianças; ela não é evolutiva. Muitas crianças com paralisia cerebral têm sua cognição preservada, sendo possível ensinar quaisquer conteúdos. É uma doença neuromuscular progressiva, ainda incurável, que afeta os tecidos musculares do corpo de forma grave e contínua. Considerada uma doença hereditária, caracteriza-se pela des- truição e degeneração das fibras musculares que vão sendo substituídas por tecido fibroso e adiposo (gordura) (AACD, 2002). A doença é determinada por herança cro- mossômica porque existe um gene “defeituoso”. Nela, a mulher é portadora do gene, e o filho homem sofre a manifestação da doença, porém a criança apresenta as capacidades intelectual e mental preservadas (AACD, 2002). Há formas diferentes de distrofia, de acordo com os músculos atingidos. Podem ser de origem neurogênica (por um mau funcionamento do sis- tema nervoso) ou miogênica (degeneração das próprias fibras musculares). Em alguns casos, evo- lui para uma paralisia total, impedindo a criança de andar e correr, condicionando-a a uma cadei- ra de rodas, acarretando dificuldade de (AACD, 2002): 9.4 Distrofia Muscular Progressiva �� participação nas atividades da vida diá- ria; �� déficit físico acentuado; �� debilidade do sistema muscular respira- tório. A Distrofia Muscular de Duchene é a mais comum, ocorrendo um caso a cada 3.300 nasci- mentos vivos do sexo masculino. É uma doença de origem genética, causada pela falta de uma proteína, a distrofina, que protege a célula mus- cular. A ausência dessa proteína torna a célula muscular frágil, e ela se rompe com facilidade. Com o passar do tempo, vai ocorrendo fraqueza muscular, que piora progressivamente e vai com- prometendo as atividades da vida diária e a loco- moção, tornando-se necessário o uso de adap- tações como colete no tronco e tutor nas pernas e, posteriormente, cadeira de rodas. Quando a fraqueza atinge os músculos da respiração, há ne- cessidade de aparelhos que auxiliem essa função. É acometido de morte prematura por disfunção cardíaca por volta dos 20 anos (AACD, 2002). Marcia Regina Zemella Luccas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 60 A Mielomeningocele é uma anormalidade (malformação) congênita do sistema nervoso que se desenvolve nos primeiros dois meses de gesta- ção e apresenta problemas na formação do tubo neural. A Mielomeningocele ou Espinha Bífida é um problema no fechamento da coluna verte- bral em seu arco posterior. É um dos mais graves defeitos do tubo neural, podendo apresentar di- versos graus de comprometimento. Na espinha bífida cística ou aberta, a lesão vertebral aparece recoberta por uma espécie de membrana em for- 9.5 Mielomeningocele ma de cisto. Quando contém apenas líquido cefa- lorraquidiano, a herniação afeta as meninges e é chamada de meningocele; quando existem tam- bém tecido nervoso, medula espinal e raízes ra- quidianas em forma de rabo-de-cavalo, é chama- da de Mielomeningocele. Às vezes, a criança com mielomeningocele pode ser acometida também de hidrocefalia, que é caracterizada pelo aumen- to de tamanho dos ventrículos cerebrais, com aumento da pressão intracraniana, causando um desequilíbrio entre a formação e a absorção do lí- quido cefalorraquidiano (AACD, 2002). 9.6 Considerações Pedagógicas É importante a compreensão do processo evolutivo do aluno com deficiência física/neuro- motora e das interferências que limitam parcial ou totalmente as suas funções corporais na inte- ração com o meio. O educador, a partir do diag- nóstico clínico (deficiência), terá condições de es- tabelecer parâmetros relativos às: �� limitações decorrentes do grau e da ex- tensão das áreas lesadas; �� implicações pedagógicas; �� ações previstas e providas no atendi- mento às necessidades do aluno; �� estratégias que ofereçam condições de oportunidade de igualdade para o de- senvolvimento do potencial. Para o desenvolvimento de um trabalho pe- dagógico efetivo com esse alunado, faz-se neces- sário estabelecer uma interação com a família e os profissionais da área clínico-terapêutica (fisio- terapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólo- go, psicólogo) para o entendimento não apenas do diagnóstico, mas das implicações motoras no desempenho pessoal, educacional e social desse aluno. Na prática do contexto escolar, esses co- nhecimentos básicos relativos ao aluno com de- ficiência neuromotora trarão segurança à escola e ao professor, em sala de aula, no processo ensino- -aprendizagem, bem como serão indicativos das medidas a serem tomadas no atendimento às ne- cessidades educacionais. Algumas sugestões de adaptações para o melhor desenvolvimento do aluno com deficiên- cia física: �� Sistemas aumentativos ou alterna- tivos de comunicação adaptados às possibilidades do aluno impedido de falar: sistemas de símbolos (baseados em elementos representativos, em de- senhos lineares, sistemas que combi- nam símbolos pictográficos, ideográ- ficos e arbitrários, sistemas baseados na ortografia tradicional, linguagem codificada), auxílios físicos ou técnicos (tabuleiros de comunicação ou sinali- zadores mecânicos, tecnologia microe- letrônica), comunicação total e outros. Fundamentos da Educação Especial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 61 �� Adaptação dos elementos materiais: edifício escolar (rampa deslizante, ele- vador, banheiro, pátio de recreio, bar- ras de apoio, alargamento de portas etc.); mobiliário (cadeiras, mesas e car- teiras); materiais de apoio pedagógico (tesoura, ponteiras, computadores que funcionam por contato, por pressão ou outros tipos de adaptação etc.). �� Deslocamento de alunos que usam ca- deira de rodas ou outros equipamentos facilitado pela remoção de barreiras ar- quitetônicas. �� Utilização de pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, suporte para lápis, presilha de braço, cobertura de te- clado, etc. �� Textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e sis- temas de comunicação (BRASIL, 2005). Uma questão importante que não podemos esquecer é que não devemos pré-conceber a capacidade de uma criança com deficiência fí- sica, pois, muitas vezes, em um físico muito com- prometido, pode estar uma mente brilhante. Por- tanto, sempre devemos dar a oportunidade de o sujeito vivenciar experiências e transformá-las em diferentes aprendizagens. Observe a importância de realizarmos adaptações e sermos interlocuto- res desses alunos. Saiba maisSaiba mais O deficiente físico precisa, na maior parte das vezes, adaptação para sua aprendizagem, pois às vezes temos uma mente brilhante presa a um corpo que não pode responder. Nós, professores, precisamos auxiliar esses alunos a nos contar o que estão pen- sando. Aprendemos sobre os diferentes tipos de deficiência física: paralisia cerebral, miopatias e a mielo- meningocele. São patologias diferentes, mas que causam impacto sobre o sistema locomotor, trazen- do prejuízos tanto à mobilidade como à motricidade e, muitas vezes, às formas de registro gráfico e à comunicação. Porém, também vimos que existem formas deauxiliar o aluno no seu desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. 9.7 Resumo do Capítulo Algumas sugestões de filmes: Meu pé esquerdo; Gabi. MultimídiaMultimídia Marcia Regina Zemella Luccas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 62 9.8 Atividades Propostas Agora, responda: 1. Defina paralisia cerebral e quais as características de alteração de movimento que existem. 2. Cite alguns recursos que devemos utilizar com alunos com deficiência física. 3. Explicite o que são sistemas aumentativos ou alternativos de comunicação. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 63 Sonhar não é outro modo de fazer a ex- periência de um outro mundo. Para o sujeito que sonha, é a maneira radical de fazer a experiência de seu mundo. Michel Foucault Caro(a) aluno(a) As pessoas com deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, carac- terizando uma associação entre diferentes defi- ciências, com possibilidades bastante amplas de combinações. Um exemplo seriam as pessoas que têm deficiência mental e física. A múltipla de- ficiência é uma situação grave e, felizmente, sua presença na população em geral é menor em ter- mos numéricos. DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E SURDOCEGUEIRA10 Tradicionalmente, os profissionais especia- lizados e os familiares de pessoas com múltipla deficiência focalizavam sua atenção no que essas pessoas não podiam fazer, em suas desvantagens e dificuldades. Atualmente, temos uma postura diferente: preocupamo-nos em descobrir quais são as possibilidades que a criança apresenta e quais são as suas necessidades, em vez de desta- car suas dificuldades. Assim, temos descoberto formas e métodos para atendê-la. É importante que a família e a escola mante- nham um contato com essa criança por meio dos sentidos que não foram lesados, para estimular os resíduos possíveis, principalmente o auditivo e o visual, se houver. A surdocegueira não é somente a perda da visão e da audição na sua totalidade, mas tam- bém é representada pelas perdas parciais da vi- são e audição de forma conjunta, de tal modo que a combinação cause extremas dificuldades para a pessoa. 10.1 Surdocegueira Saiba maisSaiba mais Os sentidos da audição e da visão são os sentidos que permitem à pessoa o reconhecimento do mun- do a distância, fornecem informação instantânea a sua volta e facilitam o acesso à cultura. A pessoa com Surdocegueira é privada dessas facilidades; ela precisa recorrer ao tato, que oferece informações pontuais, mais demoradas e obtidas por meios de comunicação alternativos (MAIA; ARÁOZ, 2001). Segundo Lagati (1995), a pessoa que tem surdocegueira não pode ser comparada com um surdo nem com um cego, pois a pessoa com ce- gueira e a pessoa surda utilizam seus sentidos de forma complementar: a pessoa com deficiência visual trabalha mais sua audição, e a pessoa sur- da conta mais com sua visão. No caso da surdo- cegueira, essa complementação não acontece – é outra deficiência. É por essa razão que escre- vemos essa deficiência com uma só palavra, “sur- docegueira” (MAIA; ARÁOZ, 2001). As causas da surdocegueira podem ser: �� acidentes graves; �� síndrome de Usher (as manifestações clínicas dessa síndrome de origem ge- nética incluem a surdez, que se mani- Marcia Regina Zemella Luccas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 64 festa logo no início da vida, e a perda visual, que ocorre, geralmente, mais tarde); �� surdocegueira congênita, resultante de doenças como a rubéola ou de nasci- mentos prematuros. É difícil imaginar como uma pessoa surdo- cega se comunica, mas isso é possível. As pessoas com surdocegueira podem ser classificadas de duas formas: pré-linguísticas e pós-linguísticas. O surdocego pré-linguístico é aquele que nas- ce surdocego ou adquire a surdocegueira ainda bebê, antes da aquisição de uma língua, apresen- tando graves perdas visuais e auditivas combi- nadas. Essas pessoas apresentam dificuldade de compreensão do universo que as cerca, devido à ausência da luz e do som. Têm a tendência de se fecharem em si, isolando-se. O surdocego pós- -linguístico é aquele que apresenta uma deficiên- cia sensorial (auditiva ou visual) e adquire a outra após a aquisição de uma língua (portuguesa ou de sinais) ou adquire a surdocegueira após já se comunicar por algum idioma, sem portar nenhu- ma deficiência anteriormente. A surdocegueira adquirida manifesta-se pela perda progressiva da visão e da audição ou de um dos dois sentidos quando o outro já está comprometido; dificuldade de percepção de proximidade das pessoas, não percepção de ob- jetos que caem, dificuldade de participação em conversação ou jogos coletivos. A surdocegueira congênita manifesta-se pela «ausência» da crian- ça do mundo externo, ou seja, falta de percepção de movimentos externos, movimentos das mãos muito próximo dos olhos, podendo ser confundi- da com deficiência mental, devido ao isolamento imposto pela ausência de luz e de som (BRASIL, 2005). A reabilitação ou habilitação de pessoas surdocegas varia de acordo com a origem da de- ficiência (congênita ou adquirida) e está centra- da principalmente nas formas de comunicação possíveis para viabilizar sua autonomia e inclusão social. São vários os recursos utilizados, entre os quais: objetos de referência (por associação a fa- tos cotidianos); desenhos, movimentos corporais, expressão facial, língua de sinais tátil (conversação por sinais por meio de toque); alfabeto manual tá- til (desenho de cada letra do alfabeto na palma da mão); tadoma (compreensão das palavras pela percepção da vibração da voz por meio de toque próximo dos lábios ou das cordas vocais); leitura labial (quando há resíduo visual), sistema Braille e guia-intérprete. 10.2 Considerações sobre o Trabalho Pedagógico A princípio, uma criança com surdocegueira congênita é tão isolada do universo que a circun- da que os familiares podem considerá-la portado- ra de deficiência intelectual, mas a dificuldade de aproximação se dá pela dificuldade de comunica- ção pelas formas convencionais. Quem cuida de uma criança surdocega deve buscar meios alter- nativos de comunicação e procurar desenvolver nela seu potencial de evolução, quebrando a bar- reira do isolamento (BRASIL, 2005). Fundamentos da Educação Especial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 65 10.3 Resumo do Capítulo Este capítulo nos mostra que algumas deficiências acabam por comprometer mais de um órgão da pessoa. No caso da surdocegueira, é quando a criança apresenta perda sensorial visual e auditiva. Quanto à deficiência múltipla, é quando o sujeito tem mais de uma deficiência. É importante ressaltar que a de- ficiência múltipla não é somente a “junção” de duas ou mais deficiências, mas é um quadro diferenciado, que, para cada sujeito, deverá ser visto em sua particularidade. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. Sugestão de filme: O milagre de Anne Sullivan. MultimídiaMultimídia Agora, responda: 1. Defina surdocegueira. 2. Caracterize deficiência múltipla. 10.4 Atividades Propostas
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