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AULA 1 
CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS E 
ANÁLISE DE DESEMPENHO 
ENERGÉTICO 
Prof. Bruno S. Garcia 
2 
INTRODUÇÃO 
Contextualização das certificações ambientais no cenário global 
Esta aula abordará o início das questões sustentáveis aplicadas à 
construção civil, identificando quais bases serviram de apoio para o 
desenvolvimento de práticas sustentáveis na atualidade. Vamos identificar qual 
foi o papel das Nações Unidas no cenário global e na evolução do tema, além de 
explicar os resultados gerados em reuniões entre agentes de diferentes países. 
TEMA 1 – SURGE O TERMO SUSTENTABILIDADE 
Conforme destaca a presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, Gro Harlem Brundtland, no documento “Nosso Futuro 
Comum” (1991, p. 46), o desenvolvimento sustentável é denominado como “a 
satisfação das necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das 
gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. 
Esse termo surgiu da ideia de ecodesenvolvimento ou desenvolvimento 
saudável, o qual não esgota recursos naturais do planeta. A Primeira Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 
1972 em Estocolmo (Suécia), foi palco de discussões sobre o crescimento 
econômico de países desenvolvidos a fim de contribuir para pesquisas referentes 
à tecnologia com vistas a resolver problemas de nações subdesenvolvidas. 
Aos poucos, o tema ganhou novos adendos. Em 1987, a ONU (Figura 1) 
criou uma comissão responsável em pesquisar problemas relativos ao meio 
ambiente e desenvolvimento, cujo resultado foi o “Relatório Brundtland”, 
conhecido como Our Common Future (Nosso Futuro Comum), que ressalta o 
conceito de desenvolvimento sustentável. Esse documento propôs que o 
desenvolvimento econômico deve ser aliado à justiça social e em plena sinergia 
com a terra (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991). 
Já em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, sucedido na cidade do Rio de Janeiro, a 
compreensão do termo incorporou um princípio orientador de ações. Surgiu então 
a Agenda 21, representando a responsabilidade das nações em agir em 
cooperação na tentativa de um desenvolvimento mais saudável, equitativo e justo. 
 
 
3 
Figura 1 – Simbologia da ONU 
 
Crédito: Yuriy Boyko / Shutterstock. 
1.1 Contexto histórico 
Para seguirmos falando sobre o tema, é necessário entender o que motivou 
essas reuniões. Em 1962, foi publicada a obra Primavera silenciosa, de Rachel 
Carson. Em tom investigativo, contrapondo-se ao desenvolvimento tecnológico 
desenfreado no âmbito da agricultura e da biomedicina no auge da Guerra Fria, o 
livro multiplicou dúvidas e anseios entre os leitores, atingindo o número de 500 mil 
cópias vendidas – daí ser considerado o mais controverso daquele ano. 
Cientistas, biólogos e químicos da época acreditavam que detinham 
conhecimentos notáveis sobre a natureza e suas variações, porém a autora 
conseguiu, por meio de suas reflexões, revelar algo inusitado. Em 1935, um 
químico suíço chamado Paul Müller, vencedor do Prêmio Nobel em Fisiologia e 
Medicina em 1948, iniciou estudos com inseticidas sintéticos. Após quatro anos, 
sua criação, a substância diclorodifeniltricloroetano, conhecida como DDT, foi 
patenteada; tinha como objetivo controlar insetos e pragas, contribuindo para a 
diminuição do surto de malária. No entanto, Rachel descobriu que a substância 
poderia causar danos colaterais à natureza, revelando indícios de peixes e 
pássaros mortos nos locais onde era aplicada. 
Com o DDT, usado na época para infestações de formigas e insetos em 
geral, Carson começou a perceber que não somente formigas morriam, mas 
melros, rouxinóis, tatus e gambás. Suas pesquisas atingiram resultados que 
revelaram como a substância se acumulava nos organismos aplicados, sendo até 
mesmo transmitida de nível dentro da cadeia alimentar. No caso das minhocas, a 
 
 
4 
intoxicação estava tão alta que envenenava os pássaros que as comiam, 
prejudicando a sobrevivência até mesmo dos filhotes. Além disso, a autora 
começou a observar que insetos estavam adquirindo resistência ao DDT. 
Logo o livro provocativo passou a alcançar vendas extraordinárias, 
resultando na desavença com cientistas, os quais, além de desenvolver o DDT, 
patrocinavam pesquisas de eficácia e segurança do produto, revelando, portanto, 
um grande conflito de interesse. Com a saúde frágil, causada por um câncer, 
Rachel se tornou porta-voz da luta contra pesticidas, incentivando ao leitor do seu 
livro a consciência ambiental. 
Enfim, Primavera silenciosa tomou proporções tão grandes que se 
tornaram prioridades nas decisões políticas, a ponto de o senador Abraham 
Libicoff, responsável por assuntos de saúde, educação e bem-estar dos Estados 
Unidos, realizar uma completa avaliação dos perigos causados ao meio ambiente, 
incluindo o uso de inseticidas. Ao final, inseriu-se a ideia de que a vida é frágil, 
mutável e que a ciência não é onisciente. 
1.2 Iniciam-se os prédios sustentáveis 
Há divergências sobre como foram iniciadas as construções sustentáveis. 
As definições da palavra sustentável são: manter, garantir, defender e realizar 
sem que haja riscos ou prejuízos. Antes mesmo da construção de grandes 
edifícios ou casarões, os índios de diferentes regiões já erguiam moradias 
conforme o clima do local. Ao norte, onde havia um clima mais temperado, ventos 
e temperaturas mais amenas, os telhados eram projetados para receber o vento 
e ter troca de ar no seu interior. Ao sul, regiões com temperaturas discrepantes, 
muito frias ou muito quentes, as residências eram enterradas no solo, pois havia 
modo de se proteger dos ventos, assim seu interior manteria uma temperatura 
constante. 
O conceito de sustentabilidade nas construções surgiu de uma ideia de 
racionalização, ou seja, evitar uso abusivo de materiais e mão de obra, 
principalmente na necessidade de economia de energia advinda da crise do 
petróleo de 1970. Algumas alternativas limpas foram aos poucos sendo 
implantadas para produção de energia. Entre as principais estão: a eólica (por 
meio dos ventos), fotovoltaica (energia solar), biomassa (produção de matéria 
orgânica de origem vegetal ou animal), maremotriz (movimentação dos mares) e 
 
 
5 
geotérmica (obtida do calor da terra). A Figura 2 ilustra alguns exemplos dessas 
energias. 
Figura 2 – Energias renováveis 
 
Crédito: TackTack/Shutterstock. 
Em 1992, surgiu o Building Research Establishment Environmental 
Assessment Method (BREEAM) – em português, Método de Avaliação Ambiental 
–, pioneiro na certificação ambiental em edifícios. Ele criou métodos que 
separavam questões como gerenciamento, energia, água, transporte, materiais, 
poluição, saúde e bem-estar, uso da terra, ecologia e resíduos. 
Segundo Silva (2003), a indústria da construção civil é a atividade humana 
com maior impacto sobre o meio ambiente, já que as etapas de execução, uso e 
operação, reforma, manutenção e demolição consomem recursos e geram 
resíduos que superam a maioria das outras atividades econômicas. 
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a ter um prédio sustentável, 
o Eldorado Business Tower, em São Paulo. Segundo a United States Green 
Building Council (USGBC), hoje o Brasil ocupa o quarto lugar entre os países com 
mais construções sustentáveis (USGBC, 2018). 
Seguem algumas certificações sustentáveis existentes, sobre as quais 
abordaremos posteriormente: 
 
 
6 
 Leadership in Energy and Environmental Design – LEED (Estados Unidos); 
 Green Building Challenge – GBTool, consórcio internacional; 
 Hong Kong Building Environmental Assessment Method – HK-BEAM (Hong 
Kong); 
 Promise Environmental Classification System for Buildings (Finlândia); 
 National Australian Building Environment Rating Scheme – NABERS 
(Austrália); 
 Comprehensive Assessment Systemfor Building Environmental Efficiency 
– CASBEE (Japão); 
 Passiv Haus (Alemanha); 
 PBE Edifica (Brasil); 
 Aqua – HQE (Haute Qualité Environnementale) – certificação francesa 
adaptada para o Brasil; 
 Selo Casa Azul (Brasil); 
 GBC Brasil (Brasil); 
 WELL (Estados Unidos). 
TEMA 2 – AGENDA 21 
A Agenda 21 é uma estratégia organizada pelas Nações Unidas, que traz 
um consenso mundial e compromisso político assumido pelos governos de 179 
países para a mobilização de políticas sustentáveis de desenvolvimento com 
vistas a estudos, normativas e ações positivamente impactantes ao meio 
ambiente. Foi o documento mais abrangente já produzido com ideia de novo 
desenvolvimento, cujo objetivo é promover a sinergia da sustentabilidade 
ambiental, social e econômica, dando origem ao chamado tripé da 
sustentabilidade, conforme indicado na Figura 3. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
iFigura 3 – Tripé da sustentabilidade 
 
Crédito: desdemona72 / Shutterstock. 
Dentro desse documento, estão inseridos nas dimensões sociais e 
econômicas capítulos como: 
 Cooperação internacional para acelerar o desenvolvimento sustentável dos 
países em desenvolvimento e políticas internas correlatadas; 
 Combate à pobreza; 
 Mudança dos padrões de consumo; 
 Dinâmica demográfica e sustentabilidade; 
 Proteção e promoção de condições de saúde humana; 
 Promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos; 
 Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões. 
Nas esferas de conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento 
estão: 
 Proteção da atmosfera; 
 Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos 
terrestres; 
 Combate ao desflorestamento; 
 Manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a desertificação e a seca; 
 Gerenciamento de ecossistemas frágeis: desenvolvimento sustentável das 
montanhas; 
 Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável; 
 
 
8 
 Conservação da diversidade biológica; 
 Manejo ambientalmente saudável da biotecnologia; 
 Proteção de oceanos, de todos os tipos de mares, inclusive mares fechados 
e semifechados, zonas costeiras, e proteção, uso racional e 
desenvolvimento de recursos vivos; 
 Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos: aplicação 
de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos 
hídricos; 
 Manejo ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas, 
incluída a prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos e 
perigosos; 
 Manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, incluindo a 
prevenção do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos; 
 Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões 
relacionadas com esgotos; 
 Manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos. 
Na seção do fortalecimento do papel de grupos sociais, estão: 
 Ação mundial pela mulher, com vistas a um desenvolvimento sustentável 
equitativo; 
 A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável; 
 Reconhecimento e fortalecimento do papel das populações indígenas e 
suas comunidades; 
 Fortalecimento do papel das Organizações Não Governamentais: parceiros 
para o desenvolvimento sustentável; 
 Iniciativas das autoridades locais em apoio à Agenda 21; 
 Fortalecimento do papel dos trabalhadores e de seus sindicatos; 
 Fortalecimento do papel do comércio e da indústria; 
 A comunidade científica e tecnológica; 
 Fortalecimento do papel dos agricultores. 
Por fim, na aba sobre os meios de implantação, estão os capítulos: 
 Recursos e mecanismos de financiamento; 
 Transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e 
fortalecimento institucional; 
 
 
9 
 A ciência para o desenvolvimento sustentável; 
 Promoção do ensino, da conscientização e do treinamento; 
 Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento 
institucional nos países em desenvolvimento; 
 Arranjos institucionais internacionais; 
 Instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais; 
 Informação para a tomada de decisões. 
Em resumo, o documento propõe iniciativas de promoção da educação 
ambiental, alertando para o risco à saúde e consequências do crescimento e 
desenvolvimento sem preservação do meio ambiente. 
TEMA 3 – CONFERÊNCIA DAS PARTES E PROTOCOLO DE KYOTO 
A Conferência das Partes (COP) é uma reunião anual de países 
desenvolvidos e em desenvolvimento com objetivo de assegurar que as medidas 
em favor do meio ambiente continuem a serem tomadas. De 1995 até 2018, houve 
24 reuniões em diferentes países, desde Berlim, marcando o início dos encontros, 
passando por Kyoto em 1997 (consolidando o Protocolo de Kyoto), até Katowice, 
na Polônia, o último realizado. 
Para entendermos o Protocolo de Kyoto, é necessário saber o que são os 
Gases de Efeito Estufa (GEE) – em inglês, Green House Gases (GHG). O efeito 
estufa é um fenômeno natural que mantém a temperatura da terra acima do que 
seria na ausência da atmosfera. É por causa dele que a vida dos seres humanos 
é viável e consegue se desenvolver na forma como conhecemos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
Figura 4 – Efeito estufa 
 
Crédito: VectorMine / Shutterstock. 
Podemos entender o efeito estufa tomando como base o exemplo das 
estufas de plantas encontradas geralmente em residências americanas. São 
pequenas construções com envoltório de vidro com diferentes espécies de plantas 
no seu interior. Esse espaço serve para que as plantas não nativas ou exóticas, 
que não conseguiram viver naturalmente no terreno e no clima local, possam se 
desenvolver por meio de um clima inventado. A Figura 5 traz um exemplo dessas 
estufas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Figura 5 – Estufa de plantas 
 
Crédito: muph / Shutterstock. 
O mesmo fenômeno ocorre com a atmosfera da terra, em que alguns gases 
funcionam como o vidro da estufa, deixando que a radiação do sol entre e se 
transforme em calor. 
Os principais gases estufa são: 
 Dióxido de carbono (CO2): principal contribuinte para o aquecimento global; 
é produzido pela queima de combustíveis fósseis e resultantes de um 
aumento gradativo do desmatamento. 
 Metano (CH4): também conhecido como gás dos pântanos, é produzido em 
função da decomposição anaeróbica de alimentos, digestão animal, 
queima de lixões, criação de gado e outros. 
 Óxido nitroso (N2O): a principal fonte de emissão é a atividade agrícola, por 
meio de fertilizantes sintéticos. Outra fonte, em menor proporção, é a 
produção de energia pela queima de combustíveis. 
 Vapor d’água: é o maior contribuinte natural para o efeito estufa, pois retém 
calor da atmosfera e o devolve para o planeta. Suas fontes são as 
superfícies de água, gelo, neve e solo. 
Desse modo, os países industrializados, responsáveis pelas maiores 
emissões de poluentes por meio de seu desenvolvimento industrial, sofreram 
sanções para que controlassem sua produção ou obtivessem alternativas de 
energia limpa. 
 
 
12 
Surgiu, então, como resultado de reunião das Nações Unidas em 1992, um 
tratado para as mudanças climáticas, o qual foi ratificado apenas em 1997 na 
cidade de Kyoto. Todos os países considerados industrializados aderiram ao 
documento que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto. Os principais objetivos 
dele são: 
 reformar os setores de energia e transporte; 
 promover o uso de fontes energéticas renováveis; 
 eliminar mecanismos financeiros e de mercados que sejam inapropriados; 
 limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos 
sistemas energéticos; 
 proteger florestas e outros sumidouros de carbono. 
No entanto, há três mecanismos de flexibilização do Protocolo em relação 
aos gases do efeito estufa: 
1) Implementação conjunta: Quando dois ou mais países desenvolvidos 
realizam projetos para redução dos gases do efeito estufa, e podem, 
posteriormente, transformaressa redução em unidades de medida com 
potencial de comercialização chamadas créditos de carbono. Cada crédito 
corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente. Vamos 
citar o exemplo da redução das emissões de óxido nitroso em Lovochemie 
(República Tcheca), em parceria com a Dinamarca. A redução esperada 
de emissões entre 2008 e 2012 era de 1.250.000 tCO² e se obteve êxito 
em 2005, de 48.014 tCO², 143.647 tCO² (2006), 267.466 tCO² (2007), 
301.245 tCO² (janeiro a junho de 2012), 176.447 tCO² (julho a outubro de 
2012) e 70.194 tCO² (novembro a dezembro de 2012). O projeto visava 
reduzir o nível de emissões de óxido nitroso (N2O) no maior fabricante de 
fertilizantes do país. O gás de efeito estufa N2O é um subproduto da 
produção de ácido nítrico – um componente essencial do fertilizante. A 
iniciativa consistiu na instalação de uma nova tecnologia de catalisador na 
estrutura existente para diminuir as emissões de N2O. Como benefícios 
adicionais, há a utilização dos fundos adicionais da venda das Emission 
Reduction Units (ERU) resultantes para investimentos verdes, o que levar 
a impactos ambientais positivos das operações em Lovochemie (UNFCCC, 
[s.d.]). 
 
 
13 
2) Comércio de emissões: para os países desenvolvidos, há uma meta de 
redução, e no caso dos mais eficientes, é possível comercializar o 
excedente para quem não atingiu o objetivo estipulado. Uma das principais 
corretoras de comércio de energia limpa é a European Climate Exchange. 
3) Desenvolvimento limpo: quando são implementados projetos 
sustentáveis que auxiliam na redução ou na captura dos gases poluentes. 
Desse modo, o país que cria essas iniciativas é premiado com o certificado 
“Redução Certificada de Emissões”. 
Há inúmeros setores que abrangem esses projetos, como geração de 
energia renovável, distribuição de energia, projetos de eficiência e conservação 
de energia, indústrias de produção e química, construção, transporte, mineração, 
produção de metais, uso de solventes, gestão e tratamento de resíduos, 
reflorestamento e agricultura. 
TEMA 4 – PROTOCOLO DE MONTREAL 
O Protocolo de Montreal é um documento que alerta para os males 
provocados pela produção desmedida de gases poluentes. Criado na cidade de 
Montreal (Canadá) em 1987, o tratado previne contra as consequências causadas 
pelas substâncias que destroem a camada de ozônio. O ozônio (O3) é um gás 
localizado na estratosfera com função de proteger os seres vivos dos raios 
ultravioleta emitidos pelo sol. 
Figura 6 – Ozônio 
 
Crédito: LukpedClub / Shutterstock. 
Existem três tipos de raio ultravioleta: o UVA, responsável pelo 
envelhecimento da pele, originando rugas e manchas amareladas; o UVB, 
causador de manchas vermelhas, queimaduras e ardências na pele; e o UVC, 
 
 
14 
que, por sua vez, é barrado totalmente pela camada de ozônio, conforme ilustrado 
na Figura 7. Entretanto, os raios ultravioleta também são benéficos, pois 
estimulam a produção de vitamina D pelo organismo. 
Figura 7 – Camada de ozônio 
 
Crédito: Designua / Shutterstock. 
O tratado entrou em vigor em 1º de janeiro de 1989, envolvendo acordos 
bilaterais de 197 países sobre os cuidados do meio ambiente, e obriga a redução 
progressiva na produção e consumo de determinadas substâncias até a sua total 
eliminação. O Protocolo de Montreal dividiu as substâncias químicas controladas 
em oito famílias: 
 Clorofluorcarbonos (CFCs); 
 Hidroclorofluorcarbonos (HCFCs); 
 Halogênios; 
 Brometo de metila; 
 Tetracloreto de carbono (CTC); 
 Metilclorofórmio; 
 Hidrobromofluorcarbonos (HBFCs); 
 Hidrofluorcarbonos (HFCs). 
A Figura 8, a seguir, exemplifica alguns gases naturais que estão na lista 
estabelecida pelo Protocolo de Montreal. 
 
 
15 
Figura 8 – Gases naturais na lista do Protocolo de Montreal 
 
Crédito: Blambca / Shutterstock. 
O surgimento desse protocolo aconteceu devido a uma reunião realizada 
na Áustria, em 1985, da qual participaram agentes de Estado, para tratar a 
preocupação técnica e política quanto aos possíveis impactos que poderiam ser 
causados com o fenômeno da redução da camada de ozônio. O evento ficou 
conhecido como Convenção de Viena. 
O encontro exaltava uma série de estratégias à disposição da comunidade 
internacional em promover a proteção ao ozônio estratosférico, obrigando os 
governos a adotarem medidas jurídico-administrativas apropriadas para proteger 
a saúde dos seres humanos. 
Algumas substâncias que afetam a camada de ozônio provêm de diferentes 
agentes. É o caso do dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), lançado pelo 
uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão ou gás natural) e considerado o gás 
de maior emissão. Ele pode ser minimizado com o plantio de florestas, pois, por 
meio da fotossíntese, as árvores sequestram esse carbono e o devolvem ao meio 
ambiente como oxigênio. 
Essa ação pode ser aplicada, por exemplo, durante o planejamento 
territorial de cidades, especificamente Curitiba (PR), propondo que áreas 
industriais sejam circundadas com barreiras vegetais densas com, no mínimo, 30 
metros de espessura. A medida evita que que os gases poluentes afetem a área 
urbana. 
O gás metano (CH4) é produzido principalmente pela decomposição 
orgânica anaeróbica em lixões abertos, aterros sanitários, criação de gado e 
 
 
16 
cultivo de arroz. Nesses lixões e aterros sanitários é feita a queima do metano, 
transformando-o em dióxido de carbono, criando, assim, maior facilidade para o 
controle da emissão de gases poluentes. 
O Protocolo de Montreal insere na lista de substâncias químicas 
controladas o clorofluorecarboneto (CFC), que, desde 1930 as indústrias de 
equipamentos de refrigeração instalam em geladeiras, aparelhos de ar-
condicionado e até mesmo aerossóis. O gás é 15 mil vezes mais nocivo à camada 
de ozônio do que o CO2, contribuindo, portanto, para a exposição dos seres 
humanos a altos níveis de radiação, causadores de câncer e doenças de pele. 
Conforme indica o Quadro 1 a seguir, os gases foram, aos poucos, sendo 
retirados de circulação, devido ao Protocolo de Montreal; entretanto, adotam-se 
alguns que são menos prejudiciais, porém nocivos, como o hidroclorofluorcarbono 
(HCFC). 
Quadro 1 – Substâncias controladas, cronograma de eliminação e o contexto 
brasileiro 
Substância 
controlada 
Cronograma 
de eliminação 
Eliminação brasileira 
CFCs 
1999 – 
congelamento 
2005 – 50% 
2007 – 85% 
2010 – 100% 
(média 
consumo de 
1995-1997) 
2001 – somente permitido para 
o setor de serviço de 
equipamentos de refrigeração 
2007 – somente permitido para 
MDIs, agente de processos 
químico e analítico e como 
reagente em pesquisas 
científicas 
Halogênios 
2002 – 
congelamento 
2005 – 50% 
(média 
consumo de 
1995-97) 
2010 – 100% 
2001 – permitido para extinção 
de incêndio na navegação 
aérea e marítima, aplicações 
militares não especificadas, 
acervos culturais e artísticos, 
centrais de geração e 
transformação de energia 
elétrica e nuclear e em 
plataformas marítimas de 
extração de petróleo 
2010 – 100% 
CTC 
2005 – 85% 
(média de 
consumo de 
1998-2000) 
2010 – 100% 
2001 – 100% 
(O Protocolo de Montreal não 
proíbe o CTC quando utilizado 
como matéria-prima em 
reações químicas) 
 
 
17 
Metilclorofórmio 
2003 – 
congelamento 
2005 – 30% 
(média do 
consumo de 
1998-2000) 
2010 – 70% 
2015 – 100% 
2001 – 100% 
Brometo de 
metila (fins 
agrícolas) 
2002 – 
congelamento 
2005 – 20% 
(média do 
consumo 1995-
98) 
2015 – 100% 
2007 – 100% 
(O Protocolo de Montreal não 
proíbe o brometo para usos em 
quarentena e pré-embarque de 
commodities agrícolas) 
 
HCFCs 
2013 – 
congelamento 
2015 – 10% 
2020 – 35% 
2025 – 67,5% 
2030 – 97,5% 
2040 – 100% 
2013 – Congelamento 
2015 – 16,6% 
2020 – 39,3% 
2021 – 51,6% 
2025 – 67,5% 
2030 – 97,5% 
2040 – 100% 
 
HFCs 
2024 – 
congelamento 
2029 – 10% 
2035 – 30% 
2040 – 40% 
2045 – 80%Atividades a serem iniciadas a 
partir de 2024 
Fonte: Brasil, [s.d.]. 
O hidrofluorcarbono (HFC), que não tem cloro em sua composição, é o 
promissor a ser adotado nos próximos anos para o condicionamento de ar, visto 
que a ameaça à camada de ozônio é mínima. 
TEMA 5 – CERTIFICAÇÕES EM NÍVEL GLOBAL 
Há certificações direcionadas para vários tipos de negócios: alimentos, 
processo de tratamento de água, lâmpadas, produtos industriais e edificações. O 
Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) é uma certificação 
destinada especificamente a edifícios. Sua missão é certificar empreendimentos 
desde a fase inicial de projeto, passando pela construção até a entrega da 
edificação (pós-ocupação). Além do LEED, há a certificação WELL, que se 
concentra em projetos de construção com base na análise de seu impacto na 
saúde do usuário. 
 
 
18 
Para os produtos alimentícios, nos Estados Unidos, há o Departamento de 
Agricultura (USDA), que certifica, por meio do fornecimento de dados de cultivo, 
a produção orgânica de alimentos. No Brasil, o Ministério da Agricultura também 
certifica o produtor orgânico mediante o selo “Certificado Orgânico”, que assegura 
o cumprimento das normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e 
Tecnologia (Inmetro). 
Outro selo interessante é o Safer Choice, que pretende mostrar aos 
consumidores o desempenho de determinado produto, realizando desde testes de 
pH – a fim de proteger o usuário de infecções de pele ou irritação nos olhos –, 
compostos orgânicos voláteis que pioram a qualidade do ar interno de um 
ambiente, até testes de toxicidade para o primeiro usuário como também para a 
vida da natureza. 
Para lâmpadas, celulares ou outros aparelhos eletrônicos, há a certificação 
Energy Star, que analisa o consumo eficiente de energia. Esse selo, originário dos 
Estados Unidos, foi adotado pela Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Taiwan 
e União Europeia. 
A madeira também possui selo de certificação, o Forest Stewardship 
Council (FSC), que serve para gestores florestais ou empresas que utilizam 
recursos florestais. O objetivo é mostrar que suas florestas e recursos são usados 
de forma responsável. 
A adoção das certificações eficientes e ambientais auxilia no 
reconhecimento da empresa, por ser inovadora e consciente ambientalmente, e 
para o produto final, assim demonstrando aos consumidores ou usuários que o 
desenvolvimento dele passou por rigorosos testes de eficiência e está pronto para 
o consumo. 
Os benefícios para a empresa que adota essas práticas estão no 
alinhamento do seu negócio com valores ambientais, pois esta acredita que seus 
produtos podem ser desenvolvidos com menor impacto ambiental. Do mesmo 
modo, o reúso da água, o manuseio correto dos resíduos gerados e a otimização 
da energia podem reduzir a conta de água e luz, e, consequentemente, os 
recursos gerados podem ser reaproveitados. 
Outra fantástica vantagem das certificações é a assistência técnica 
contínua, possibilitando que a metodologia do projeto seja constantemente 
analisada e incentivando os colaboradores a uma especialização e reeducação 
no assunto. 
 
 
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Dito isso, a certificação serve para provar que a equipe realizou o trabalho 
e obedeceu a parâmetros de qualidade para entregar o produto final ao 
consumidor. Podemos citar como exemplos os prédios LEED, que passam por 
inúmeras análises, desde estrutural, uso da água, uso da energia, 
reaproveitamento da água, equipamentos hidráulicos e de condicionamento de ar 
eficientes, como também o acompanhamento da obra e da ocupação dos usuários 
no empreendimento. Dessa forma, a certificação possibilita à empresa inovadora 
se diferenciar de “empresas padrão” e, por marketing, usar essas práticas e 
premiações para a própria propaganda. 
Ainda que os benefícios das certificações sustentáveis sejam certos, há 
desafios que as empresas enfrentam para implementá-las. São alguns deles: 
 Desconhecimento da sustentabilidade: por ser um tema ambíguo, 
possíveis clientes desconhecem quais são os benefícios e, ao mesmo 
tempo, não entendem o quanto uma construção padrão tem impacto 
negativo no meio ambiente. 
 Cumprimento das expectativas: é necessário que o que foi apresentado no 
início da venda do empreendimento consiga se realizar no término da 
construção e siga eficiente durante a ocupação, como uso da água, gestão 
de resíduos etc. É evidente também que as propostas eficientes contribuem 
não somente para o investidor, mas também para os futuros usuários. 
 Mercado de equipamentos: os materiais inovadores precisam estar 
preparados para os selos de qualidade. A dificuldade está na procura de 
materiais de construção duráveis, equipamentos mais eficientes de 
hidráulica, dispositivos de controle de energia, madeiras e selantes com 
selo de qualidade que ateste o não uso dos compostos orgânicos voláteis. 
 Local: em cada lugar do mundo há um clima ou microclima singular. Um 
dos problemas recorrentes de edifícios certificados são a umidade e a 
ventilação adequada, visto que o projetista, muitas vezes, deverá exceder 
o dimensionamento dos condicionadores de ar para a desumidificação do 
ambiente. Outro desafio dos prédios “verdes” é a infraestrutura existente, 
pois deverá contemplar com estradas e trânsitos adequados ao 
empreendimento, como também uso e acesso de transportes alternativos 
e localização privilegiada e próxima dos serviços públicos como hospital, 
mercado, banco e praças. 
 
 
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 Custos: alguns equipamentos eficientes e de alto padrão necessários à 
construção verde têm um preço de implementação e operação elevados. 
Dependendo da localização do empreendimento, os custos de transporte 
tendem a subir, e, ao mesmo tempo, a manutenção deles necessita de mão 
de obra qualificada ou peças de reposição difíceis de serem encontradas. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n. 357, de 17 de março 
de 2005. Diário Oficial da União, Brasília, 18 mar. 2005. Disponível em: 
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>. Acesso em: 
02 nov. 2019. 
______. Ministério do Meio Ambiente. Substâncias controladas pelo Protocolo 
de Montreal. [S.d.]. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/clima/protecao-da-
camada-de-ozonio/substancias-controladas-pelo-protocolo-de-montreal>. 
Acesso em: 21 nov. 2019. 
BRASIL ocupa o 4º lugar no ranking mundial de construções sustentáveis 
certificadas pela ferramenta internacional LEED. USGBC, 18 jan. 2018. Disponível 
em: <https://www.gbcbrasil.org.br/brasil-ocupa-o-4o-lugar-no-ranking-mundial-
de-construcoes-sustentaveis-certificadas-pela-ferramenta-internacional-leed/>. 
Acesso em: 21 nov. 2019. 
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. 
Nosso Futuro Comum. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1991. Disponível em: 
<https://pt.scribd.com/doc/12906958/relatorio-brundtland-nosso-futuro-comum-
em-portugues>. Acesso em: 3 nov. 2019. 
DECLARAÇÃO DO RIO DE JANEIRO. Estudos Avançados, v. 6, n. 15, p. 153-
159, 1992. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v6n15/v6n15a13.pdf>. 
Acesso em: 21 nov. 2019. 
FARR, D. Urbanismo sustentável: desenho urbano com a natureza. Tradução 
de Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2013. 
SILVA, V. G. Avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios 
brasileiros: diretrizes e base metodológica. 210 f. Tese (Doutorado em 
Engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. 
 
 
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UNFCCC. Report of 10 highlight of JI projects published by UNFCCC. [S.d.]. 
Disponível em: <http://ji.unfccc.int/index.html>. Acesso em: 21 nov. 2019.

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