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76 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Unidade II Embora o corpo humano seja o resultado da interpretação de todos os sistemas, existem alguns deles que, devido a relações mais íntimas no desenvolvimento (embriologia), na situação (topografia), na função (fisiologia), e também a fatores didáticos, podem ser considerados ou concentrados, caso no qual recebem o nome de aparelho. Podemos listar vários sistemas do ponto de vista da anatomia sistêmica, como o aparelho osteoarticular, formado pelos sistemas esquelético e articular, e o aparelho locomotor, composto por três sistemas: o esquelético, o articular e o muscular. No aparelho locomotor, o sistema esquelético inclui os ossos, os quais dão fixação aos músculos, delimitam cavidades para a proteção dos órgãos nelas contidas, formam alavancas, servem como órgãos passivos de movimento e como hematocitopoeiticos. 3 GENERALIDADES DO ESQUELETO E DOS OSSOS Durante o Renascimento, Leonardo da Vinci despontou como um dos maiores artistas de todos os tempos, muito conhecido ainda hoje por suas descrições artísticas do corpo humano. Ele dissecou centenas de corpos para que pudesse adquirir uma compreensão da musculatura e da forma do corpo humano. Podem‑se notar o conhecimento e a valorização expressos em seu trabalho artístico. A figura a seguir mostra que desde os tempos antigos até os dias hoje a apreciação da beleza da forma humana em movimento sempre seduziu a atenção de artistas, cientistas, profissionais da saúde e atletas. Essa investigação sobre o movimento humano evoluiu de pura arte para um conjunto de arte e ciência que combinava teorias e princípios procedentes da anatomia, fisiologia, antropologia, física, mecânica e biomecânica. No estudo da anatomia do aparelho locomotor o foco central está nos músculos e nos ossos aos quais eles se prendem. Os ossos também se conectam uns aos outros, formando as articulações. Assim, as três principais estruturas nas quais devemos nos ater à anatomia do aparelho locomotor são os ossos, as articulações e os músculos. 77 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Figura 65 – A plástica na ginástica artística O esqueleto é o arcabouço resistente no qual o organismo humano está construído, conforme ilustram as figuras a seguir, respectivamente. Muito similar à armação de um edifício, o esqueleto deve ser forte o suficiente para sustentar e proteger todas as estruturas anatômicas do corpo humano. A estrutura esquelética ordena a forma e tamanho do corpo e também pode ser influenciada pela nutrição, nível de exercícios físicos e hábitos posturais. Figura 66 – Esqueleto humano, em vistas anterior e posterior, respectivamente 78 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II No esqueleto imaturo em desenvolvimento, conforme ilustra a figura a seguir, a interferência do apoio de peso e forças musculares tem uma ação mais considerável na constituição do tamanho e no formato dos ossos do que as mesmas forças aplicadas sobre um esqueleto maduro. Por esse motivo, é relevante dar valor extremo aos tipos de exercícios físicos e hábitos posturais de um pré‑adolescente. Figura 67 – Esqueleto imaturo Observação Um exemplo clássico de alteração no esqueleto imaturo é a presença de escoliose idiopática, uma curvatura lateral da coluna vertebral, existente em aproximadamente 15 a 20% das meninas entre 10 e 12 anos de idade. Há indícios de que essa modificação se dá porque as mulheres mais novas passam muito tempo mantendo a massa corporal sobre os saltos finos ou por conta da postura que compreende joelhos hiperestendidos e lordose. É simples supor sobre prováveis causas, porém, ainda não há temas científicos cruciais. É sabido que o sistema esquelético é flexível, podendo ser modelado e formado por meio da atividade. O esqueleto humano representa 20% da massa corpórea, ou seja, 14 quilos em um indivíduo de 70 quilos. O sistema esquelético desempenha um papel principal e vários papéis secundários para cooperar com outros sistemas em papéis substanciais. Os ossos são formados por diversos tecidos que agem em conjunto, como, por exemplo, o tecido ósseo, a cartilagem, o tecido conjuntivo denso, o epitélio, o tecido adiposo e o tecido nervoso. Por essa razão, cada osso do corpo é considerado um órgão. Portanto, o tecido ósseo é um tecido vivo, 79 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR complexo e dinâmico, participando, assim, de forma contínua em um processo chamado remodelação, ou seja, a formação de novo tecido ósseo e a degeneração do tecido ósseo antigo. Toda a estrutura dos ossos e suas cartilagens, juntamente com os ligamentos e os tendões, compõem o sistema esquelético. A seguir serão examinados os vários elementos dos ossos a fim de auxiliá‑lo a compreender como eles se constituem e envelhecem, além disso será estudado como o exercício físico afeta a densidade e a resistência óssea. Observação O estudo da estrutura óssea e o tratamento dos distúrbios ósseos é chamado osteologia. 3.1 Os principais papéis do esqueleto e dos ossos Como visto anteriormente, o esqueleto fornece as alavancas e os eixos de rotação sobre os quais o sistema muscular realiza os movimentos. Assim, uma alavanca consiste em uma máquina simples que eleva a força ou a velocidade de movimento. Pode‑se dizer que as alavancas são inicialmente os ossos longos do corpo humano e os eixos são as articulações nas quais os ossos se deparam, conforme ilustra a figura a seguir. Figura 68 – Sistema de alavancas Um segundo papel relevante do esqueleto é servir de arcabouço e suporte para as partes moles do corpo humano. Os ossos dos membros inferiores, da pelve e da coluna vertebral suportam o corpo humano, utilizados para a manutenção da postura ereta. Quase todos os ossos provêm suporte para os músculos e apoio para os dentes. Existem ainda outros papéis adicionais não associados exclusivamente com o movimento humano. Tecidos e órgãos vulneráveis são comumente protegidos por elementos do esqueleto. As costelas, por exemplo, protegem o coração e os pulmões, conforme ilustram as figuras a seguir; o crânio aloja o 80 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II encéfalo, as vértebras fornecem abrigo para a medula espinal e a pelve óssea acomoda órgãos digestórios e genitais. Figura 69 – As costelas protegem o coração e os pulmões. Vistas anterior e posterior O osso é um depósito para minerais, especialmente, de cálcio e fósforo. O cálcio é o mineral mais farto no corpo humano. Um indivíduo apresenta aproximadamente de 1 a 2 quilos de cálcio, dos quais mais de 98% estão armazenados nos ossos e nos dentes. Os minerais armazenados são liberados na circulação sanguínea quando há necessidade de distribuição a todas as partes do corpo humano. Ele é essencial para a contração muscular, para a coagulação do sangue e para a movimentação de íons por meio da membrana celular. Já o fósforo é essencial para as funções dos ácidos nucleicos DNA e RNA. Na hipótese dos minerais não se encontrarem na alimentação em quantidades satisfatórias, eles podem ser retirados dos ossos até serem compensados pela própria alimentação. Na realidade, depósitos e retiradas de minerais para os ossos e a partir deles acontecem quase incessantemente. Lembrete DNA (ácido desoxirribonucleico) é uma molécula presente no núcleo das células de quase todos os seres vivos e que carrega toda a informação genética de um organismo. RNA (ácido ribonucleico) é o responsável por sintetizar as proteínas. Se todo o mineral fosse extraído de um osso longo, o colágeno se tornaria o principal constituinte e o osso ficaria excessivamente flexível. Contudo, se o colágeno éretirado do osso, os componentes minerais se tornariam o constituinte principal e o osso ficaria muito quebradiço, conforme ilustra a figura a seguir. O colágeno é uma proteína de relevância essencial na composição da matriz extracelular do tecido conjuntivo, sendo responsável por grande parte de suas propriedades físicas. 81 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR (a) (b) sem minerais (c) sem colágeno Figura 70 – (a) Osso normal. (b) Osso desmineralizado, no qual o colágeno é o principal componente, pode ser dobrado sem quebrar. (c) Quando o colágeno é extraído, os minerais são o principal componente restante, tornando o osso tão quebradiço que é facilmente destruído Podemos descrever os ossos como órgãos hematocitopoietico, ou seja, eles realizam a produção de células sanguíneas por meio da medula óssea vermelha, conforme ilustram as figuras a seguir, respectivamente. Estima‑se que uma média de 2 milhões e meio de células sanguíneas vermelhas é produzida a cada segundo pela medula óssea vermelha para suprir aquelas que são excluídas e degradadas pelo fígado. Em uma criança, o baço e o fígado também produzem células sanguíneas. Com o passar do tempo, a maior parte da medula óssea vermelha transforma‑se em medula óssea amarela, de maneira que no adulto encontra‑se medula óssea vermelha apenas em alguns ossos, como, por exemplo, no esterno. Já a medula óssea amarela é formada basicamente de células adiposas, que armazenam triglicerídeos. Os triglicerídeos armazenados são reservas potenciais de energia química. Pontos ósseos palpados facilmente através da pele Distribuição da medula óssea vermelha Figura 71 – Vista anterior 82 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Pontos ósseos palpados facilmente através da pele Distribuição da medula óssea vermelha Figura 72 – Vista posterior Por fim, existem os osteoblastos, as células responsáveis pela síntese dos componentes orgânicos da matriz óssea, como, por exemplo, o colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas. Essas células ósseas também estão envolvidas no metabolismo, pois secretam osteocalcina, um hormônio que influencia na regulação de glicemia. 3.2 Arquitetura óssea Como descrito anteriormente, os ossos são peças duras e calcificadas, em número, coloração e formas variáveis. Apresentam matéria orgânica (um terço) e matéria inorgânica (dois terços). A matéria orgânica atribui elasticidade aos ossos, enquanto a matéria inorgânica atribui rigidez e força. Observação Calcula‑se que se for empregada vagarosamente uma carga sobre um crânio humano, ele é capaz de suportar 3 toneladas antes dele se quebrar. As extremidades de um osso longo são chamadas de epífises, enquanto a parte média é chamada de diáfise. Durante o crescimento ósseo, as epífises são compostas por um material cartilagíneo chamado placa de crescimento. Macroscopicamente, os ossos têm dois tipos diferentes de substâncias ósseas, a esponjosa e a compacta. Os dois podem aparecer de maneira simultânea, porém, em quantidades variadas em um mesmo osso, conforme ilustram as figuras a seguir. 83 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Substância esponjosa Substância compacta Figura 73 – Corte longitudinal da extremidade proximal de uma tíbia, mostrando as substâncias ósseas e a cavidade medular Cavidade medular Figura 74 – Corte longitudinal da diáfise de um fêmur, mostrando as substâncias ósseas e a cavidade medular Como visto na figura anterior, a substância óssea esponjosa é mais leve, o que diminui a massa total de um osso, de modo que o osso se mova com maior simplicidade quando tracionado pelo músculo esquelético. Ela é porosa e se situa na parte interna dos ossos, constituindo as trabéculas ósseas (do latim, “pequenos feixes”). As trabéculas ósseas suportam e protegem a medula óssea vermelha. Além disso, a presença da substância óssea esponjosa diminui a massa do esqueleto e colabora com a mobilidade dos ossos pelos músculos esqueléticos. A substância óssea esponjosa é encontrada em grandes quantidades nas epífises dos ossos longos e nos ossos curtos, sendo recobertas por uma fina camada de substância óssea compacta. A substância óssea compacta se caracteriza por ter um revestimento externo denso e rígido. Ela sempre reveste completamente todo osso e tende a variar de espessura. Assim, a substância óssea compacta predomina na diáfise dos ossos longos. Além disso, ela envolve uma cavidade chamada de cavidade medular, que contém a medula óssea, vermelha ou rubra e amarela ou flava, conforme ilustra a figura a seguir. 84 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Medula óssea vermelha Medula óssea amarela Medula óssea vermelha Figura 75 – Medula óssea O osso esponjoso localiza‑se profundamente no periósteo, compondo uma fina substância compacta, o córtex, que continua para o interior do osso como substância esponjosa, composta de trabéculas ósseas. Saiba mais Para saber mais sobre como funciona um transplante de medula: UMA PROVA de amor. Dir. Nick Cassavetes. EUA: Curmudgeon Films, 2009. 109 minutos. Para saber mais sobre a estrutura dos ossos nos níveis macroscópicos e microscópicos e a importância da formação óssea durante as diferentes fases da vida de uma pessoa. TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017, p. 117‑125. 3.3 Periósteo e endósteo A superfície externa de um osso é comumente revestida pelo periósteo, conforme ilustra a figura a seguir, exceto as superfícies articulares que são recobertas por cartilagem do tipo hialina. Ele isola e protege o osso dos tecidos vizinhos; provê uma via e um local de união para o suprimento cardiovascular e nervoso; e participa ativamente no crescimento ósseo em diâmetro e na reparação de fraturas. No entanto, o periósteo não reveste os ossos sesamoides. 85 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR No interior do osso, o endósteo celular reveste a cavidade medular, conforme ilustra a figura a seguir. O endósteo está em atividade durante o crescimento e sempre que a reparação e o remodelamento da arquitetura óssea estiverem acontecendo. Epífise proximal Osso esponjoso Osso compacto Forame nutrício Vasos nutrientes Cavidade medular Fibras perfurantes Periósteo Endósteo Linha epifisial Epífise distal Cartilagem articular Diáfise Figura 76 – Osso longo com periósteo rebatido Junto com o periósteo e a medula óssea, o endósteo é uma estrutura anatômica muito importante para os ossos. 3.4 Vascularização óssea Os ossos são muito vascularizados, pois recebem amplo suprimento de sangue. Os vasos metafisários e os vasos epifisários são também muito importantes. As artérias adentram os ossos a partir do periósteo. As artérias periosteais acompanhadas por nervos adentram a diáfise e irrigam o periósteo e a parte externa da substância compacta. Próximo ao centro da diáfise, uma grande artéria nutrícia adentra o osso compacto por meio do forame nutrício, conforme ilustra a figura anterior. Ao adentrar a cavidade medular, a artéria nutrícia se ramifica em ramos proximal e distal, que irrigam a parte interna da substância óssea compacta da diáfise, substância óssea esponjosa, e a medula óssea. Na tíbia há uma artéria nutrícia, enquanto no fêmur existem diversas artérias nutrícias. As extremidades dos ossos são irrigadas pelas artérias metafisárias e epifisárias. Tanto as metafisárias como as nutrícias irrigam a medula óssea vermelha e as substâncias ósseas da metáfise. As artérias epifisárias irrigam a medula óssea e as substâncias ósseas das epífises. Há uma ou duas veias nutrícias que seguema artéria nutrícia na diáfise. Há também abundantes veias epifisárias e metafisárias que saem das epífises com suas relativas artérias. As veias periosteais saem do periósteo com suas relativas artérias. Os vasos linfáticos dos ossos estão no periósteo, porém, alguns podem adentrar o tecido ósseo. 86 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II 3.5 Inervação óssea Os nervos seguem as artérias que irrigam os ossos. O periósteo, conforme ilustra a figura anterior, é rico em nervos sensitivos, responsáveis pela sensação de dor. Portanto, as dores são consequentes de uma fratura, tumores ósseos ou de uma biópsia da medula óssea vermelha por meio de uma agulha. Microscopicamente a medula óssea vermelha é avaliada em situações como leucemias, linfomas e anemias aplásicas. As dores apresentam‑se à medida que a agulha adentra o periósteo. No entanto, conforme ela ultrapassa o periósteo as dores vão diminuindo. Saiba mais Para saber mais sobre o assunto, leia as notas clínicas que aparecem neste capítulo do livro e o conteúdo que versa sobre os fatores de regulação do crescimento ósseo: MARTINI, F. H. O sistema esquelético: tecido ósseo e estrutura do esqueleto. In:___. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed, 2009. Lembrete Na maior parte dos casos os ossos são abundantemente vascularizados. Cada tipo de osso recebe suprimento de sangue e nervoso de forma característica. 3.6 Morfologia óssea Os ossos podem apresentar diversos tamanhos e formatos. Por exemplo, o osso pisiforme da mão possui o tamanho e a forma de uma ervilha, enquanto o fêmur pode ter até 60 centímetros de comprimento em alguns indivíduos e com uma cabeça arredondada em formato de bola. Desse modo, o fêmur suporta grande massa corporal e pressão, sendo que sua arquitetura de cilindro oco provê força máxima com peso mínimo. Na maioria dos casos, os ossos são classificados conforme sua forma geométrica aproximada em: longos, alongados, curtos, planos e irregulares. Existem, ainda, os ossos pneumáticos, sesamoides e acessórios. Os ossos longos são formados por uma diáfise e duas epífises. Apresentam o comprimento maior em relação à largura e à espessura, que são equivalentes. Os ossos longos são encontrados apenas no esqueleto apendicular, como, por exemplo, o osso úmero, conforme ilustram as figuras a seguir, em vista anterior e posterior, respectivamente. Eles proporcionam suporte ao organismo e oferecem uma série de alavancas e elos que nos possibilitam criar movimentos. 87 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Figura 77 – Úmero, em vista anterior e posterior Os ossos alongados são achatados, sendo eles um subgrupo dos ossos longos. Eles não apresentam epífises bem definidas e não têm cavidade medular. A clavícula e as costelas são exemplos típicos de ossos alongados. Figura 78 – Vista anterior da clavícula direita e vista interna da costela Os ossos curtos apresentam as três dimensões, comprimento, largura e espessura equivalentes, as quais lhes conferem uma forma cúbica. Exemplos clássicos desse grupo são os ossos do carpo e os ossos do tarso, exceto o pisiforme, que é um osso sesamoide, e o osso calcâneo, que é um osso irregular, conforme ilustram as figuras a seguir. Esses ossos têm um papel relevante na absorção de choque e transmissão de forças. 88 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Osso pisiformeOssos do carpo Figura 79 – Ossos do carpo e calcâneo Nos ossos planos a largura e o comprimento predominam sobre a espessura. Alguns exemplos de ossos planos são os que formam a calvária. Eles possuem duas lâminas compactas, onde localiza‑se um tecido ósseo mais denso e, entre essas camadas, uma camada esponjosa composta de osso menos denso, chamada díploe, conforme ilustram as figuras a seguir. Os ossos planos proporcionam proteção para o conteúdo interno e ampla superfície para a fixação muscular. Parietal Frontal Díploe Lâmina externa Lâmina interna Figura 80 – Parietal (vista interna) e díploe Os ossos irregulares não possuem formas geométricas bem definidas. As vértebras, os ossos da base do crânio, conforme ilustram as figuras a seguir, e os ossos da face são exemplos deste grupo. Eles oferecem suporte de massa corporal, dissipação de cargas, proteção da medula espinal e contribuem com os movimentos e locais de inserção muscular. Figura 81 – Vértebra lombar (vista superior) e temporal (vista lateral) 89 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Os tipos morfológicos podem ainda apresentar características adicionais que nos possibilitam classificá‑los. Os ossos pneumáticos apresentam uma ou mais cavidades de volumes variáveis, chamadas seios, que se apresentam revestidas de mucosa e preenchidas por ar. Os ossos pneumáticos estão localizados no crânio, sendo eles: o frontal, a maxila, o etmoide e o esfenoide. Seio frontal Seio maxilar Células etmoidais Figura 82 – Cavidades do crânio Observação O osso temporal é considerado pneumatizado, pois apresenta cavidades que se comunicam com a cavidade da orelha, enquanto os ossos pneumáticos se comunicam a cavidade nasal. Os ossos sesamoides se assemelham a sementes de gergelim e são localizados em regiões que alguns tendões cruzam epífises de ossos longos. Eles se desenvolvem dentro dos tendões e os protegem de desgaste exorbitante junto ao osso. Também alteram o ângulo de inserção de um tendão. Os ossos sesamoides estão presentes no desenvolvimento fetal, mas não são considerados partes do esqueleto axial ou apendicular, exceto pelas patelas, que são os maiores ossos sesamoides. 90 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Figura 83 – Patela (vista anterior) Os outros ossos sesamoides mais frequentes estão situados nas plantas dos pés e na base do primeiro metatarso. Nos membros superiores os ossos sesamoides são frequentemente encontrados nos tendões próximos à superfície palmar e na base dos metacarpos. Outro exemplo clássico de osso sesamoide é o hioide. Figura 84 – Hioide (vista anterior) Observação Embora apresentem o comprimento maior que a largura, as costelas e a clavícula não têm canal medular, muito menos metáfises; por esse motivo, são classificadas como ossos alongados. Os ossos acessórios são raros e sua sede, dimensões e número podem ser muito variáveis. Ocorrem mais comumente na superfície externa do que na interna. Do ponto de vista da anatomia comparativa, alguns desses ossos correspondem aos que se encontram normalmente em outros vertebrados, ao passo que em outros não apresenta essa correspondência. A esses ossos acidentais dá‑se o nome de ossos suturais ou wormianos, os quais acontecem muitas vezes na sutura lambdoide, em crânios hidrocefálicos. Como exemplos de ossos acessórios podemos mencionar os ossos bregmático, o osso ptérico e o osso astérico. 91 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Observação As lâminas das epífises dos ossos longos específicos ossificam em prazos previstos. Os médicos radiologistas comumente podem especificar a idade de um indivíduo jovem analisando as lâminas das epífises para observar se elas ossificaram. Uma diferença entre a idade dos ossos e cronológica pode sugerir alguma disfunção metabólica. 3.7 Características anatômicas de superfície dos ossos Os ossos apresentam acidentes ósseos ou detalhes ósseos, como: as proeminências, as fossas, as depressões, os tubérculos, as eminências, os orifícios, os canais, as cavidades e os seios. Essas são apenas as características mais frequentes, que compõem pontos de referência em anatomia, radiologia, ortopedia e antropologia física. As seguir algunsexemplos de características anatômicas da superfície dos ossos: • Forame: do latim, foramine, orifício, é uma abertura por meio da qual passam artérias ou nervos, como o forame magno do osso occipital. Forame magno Figura 85 – Forame magno • Fossa: do latim, fossa, fenda, trincheira, é uma depressão rasa sobre um osso, como a fossa cerebelar do osso occipital. 92 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Fossa cerebelar Figura 86 – Fossa cerebelar • Côndilo: do grego, Kondylo, elevação arredondada, é uma proeminência grande e arredondada que constitui uma união, como os côndilos medial e lateral do fêmur. Côndilo Figura 87 – Côndilo do fêmur • Cabeça: do latim, caput, cabeça, é uma projeção arredondada que compõe uma união e é sustentada na constrição (colo) do osso, como a cabeça do úmero. 93 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Cabeça Figura 88 – Cabeça do úmero • Tuberosidade: do latim, tuberositas, excrescência, é uma projeção grande e arredondada, frequentemente com uma superfície áspera, como a tuberosidade da tíbia. Tuberosidade Figura 89 – Tuberosidade da tíbia • Espinha: projeção aguda e delgada, oriunda da face de um osso, como a espinha da escápula. Espinha Figura 90 – Espinha da escápula 94 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II • Crista: do latim, crista, aresta linear mais saliente que uma linha, é uma margem ou borda proeminente, comumente rugosa, como a crista ilíaca do quadril. Crista Figura 91 – Crista • Incisura: chanfradura ou entalhe em uma margem óssea, como a incisura da mandíbula. Incisura Figura 92 – Incisura da mandíbula Saiba mais Para saber mais sobre detalhes ósseos, como os que formam as cinturas escapular e pélvica e os ossos dos esqueletos apendicular e axial, além de poder elaborar pranchas de anatomia utilizando‑se de papel vegetal, lápis HB2, lápis para colorir e caneta Stabilo. NILTON, A.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. Rio de Janeiro: Santos, 2019. 95 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Observação Em cerca de 400 a.C. a filosofia confucionista dizia que: “O que ouvi foi o que esqueci, o que vejo, lembro, o que faço, compreendo”. Durante esse período, a maior parte dos processos de ensino e aprendizagem dependiam apenas de formas visuais e auditivas. Como resultado, muitos dados não permaneciam na memória, assim como as conquistas da compreensão material se tornavam menos profundas. Ao estudarmos a anatomia, o desenho é uma das metodologias mais eficientes e relevantes, uma vez que há uma integração de ideias associada à observação, elevando, assim, a compreensão e motivação de aprendizagem de estudantes universitários. 3.8 Fatores de variação anatômica no número de ossos Existem 206 ossos no indivíduo adulto médio e normal, excluindo‑se os ossos sesamoides e os ossículos da audição, na orelha média. Funcionalmente, os ossículos da audição que vibram em resposta às ondas sonoras, atingindo o tímpano, não integram o esqueleto axial nem o apendicular, porém são agrupados com o esqueleto axial por conveniência. Figura 93 – Ossículos da audição: martelo, bigorna e estribo O martelo, do latim, malleus, na Idade Média tinha forma semelhante ao utilizado em Roma Antiga pelos açougueiros ou sacerdortes para atordoar os animais antes da matança ou sacrifício. Esse instrumento era construído com madeira pesada e possuía forma geral arredondada. O primeiro a descrever a bigorna e o martelo foi Andreas Vesalius, que notou a semelhança de forma com os instrumentos do ferreiro e assim os denominou. Já o estribo, do latim, stapes, não era conhecido pelos romanos e gregos porque eles não tinham selas de couro para os seus cavalos. Para cavalgar era utilizado um cobertor que era colocado diretamente no dorso dos animais, chamado de epihippion, do grego, epi, em cima e hippos, cavalo. As selas de couro e os estribos foram apenas introduzidos no século IV pelos otomanos, que eram chamados de scalae. O primeiro anatomista a dar o nome ao ossículo da orelha foi Giovanni Ingrassias, em 1546, embora se afirme que Bartolomeu Eustachio tenha sido o primeiro a descrevê‑lo em 1564. 96 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II O número de peças ósseas varia com a idade, havendo maior número no recém‑nascido do que um uma pessoa com idade avançada. Por exemplo, no crânio de uma criança permanecem duas peças ósseas para medianas ou hemifrontais que, com a sinostose da sutura metópica, comporão o osso frontal. Já a idade avançada, com as sinostose de todas as suturas, torna o crânio uma esfera óssea. Figura 94 – Norma anterior do osso frontal: sutura metópica e parte anterior da fontanela anterior Saiba mais Para saber mais sobre o crescimento ósseo em comprimento e largura e a cartilagem articular e os fatores que afetam o crescimento ósseo, como, por exemplo, a nutrição e os hormônios: VANPUTTE, C. L. et al. Anatomia e fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016, p. 176‑178. Para saber mais sobre como o exercício e o estresse mecânico afetam o tecido ósseo: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. São Paulo: Guanabara‑Koogan, 2016, p. 191. 4 ESTUDO DO ESQUELETO Como visto anteriormente, o esqueleto humano adulto consiste em 206 ossos, a maioria deles pares, com um membro de cada par nos lados direito e esquerdo do corpo. Vimos que há fatores de variação no número de ossos. Assim, os esqueletos de recém‑nascidos, lactentes e crianças apresentam mais de 206 ossos porque alguns deles se unem mais tarde. Como exemplos, podemos citar os ossos do quadril e alguns ossos da parte final da coluna vertebral, o sacro e o cóccix. 97 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Os ossos do esqueleto adulto estão agrupados em três divisões principais: o esqueleto axial, o esqueleto apendicular e as cinturas escapular e pélvica. O esqueleto axial apresenta 80 ossos e o esqueleto apendicular é composto por 126 ossos. A figura a seguir mostra como as duas divisões se unem para compor o esqueleto completo. O esqueleto axial consiste em ossos em torno do eixo longitudinal do corpo humano, descrevendo uma linha vertical imaginária que atravessa o centro de gravidade do corpo, indo da cabeça até o espaço entre os pés. Portanto, o esqueleto axial é composto pelos ossos do crânio, o hioide, as costelas, o esterno e os ossos da coluna vertebral. Já o esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros superiores e inferiores. Os ossos que compõem as cinturas unem os membros ao esqueleto axial. Portanto, a cintura escapular une os membros superiores ao esqueleto axial, enquanto a cintura pélvica liga os membros inferiores ao esqueleto axial. Figura 95 – Visão geral do esqueleto humano Observação Funcionalmente, os ossículos da audição na orelha média, que vibram em resposta às ondas sonoras atingindo o tímpano, não integram o esqueleto axial nem o apendicular, porém, são agrupados com o esqueleto axial por conveniência. 98 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Como já observado, o esqueleto humano adulto consiste em 206 ossos, podendo ser dividido em esqueletos axial e apendicular, além das cinturas escapular e pélvica. A seguir está uma relação que abrange as patelas, porém, não os sesamoides. Tabela 1 Esqueleto axial Coluna vertebral: 26 Crânio: 80 Hioide: 1 Costelas e esterno: 25 Esqueleto apendicular Membro superior: 64 Membro inferior: 62 Ossículos da orelha: 6 Total: 206 4.1 Esqueletoda cabeça O esqueleto da cabeça ou esqueleto cefálico abrange os ossos do crânio e os ossos da face ou viscerocrânio. Consiste, portanto, em uma sequência de ossos que em sua maioria estão unidos entre si por articulações imóveis, com exceção realizada apenas para a mandíbula, que se articula com o osso temporal pela articulação sinovial, a articulação temporomandibular. Ele é composto por 22 ossos divididos em duas partes: o neurocrânio e os ossos da face. O neurocrânio envolve os ossos relacionados à proteção dos órgãos do sistema nervoso central. Ele é formado pelos seguintes ossos: frontal, temporal, etmoide, esfenoide, parietal e occipital. Os ossos da face estão relacionados aos órgãos dos sentidos: o paladar, a visão e o olfato. Além disso, ancoram os músculos da expressão facial. Eles são formados pelos seguintes ossos: maxilas, mandíbula, palatinos, vômer, nasais, zigomáticos, lacrimais e conchas nasais inferiores. Exceto a mandíbula, os demais ossos da face se articulam com as maxilas, que servem de implantação dos dentes superiores. É importante examinar a geografia básica do esqueleto da cabeça antes de descrever seus ossos individualmente. Com a mandíbula retirada, o esqueleto da cabeça equipara‑se a uma esfera óssea desigual e vazia. Portanto, os ossos da face compõem sua norma anterior e o neurocrânio constitui o resto do esqueleto da cabeça. O neurocrânio pode ser dividido em calota craniana e base do crânio. A calota craniana, também chamada de calvária, compõe as normas superior, lateral e posterior do esqueleto da cabeça, do mesmo modo a região da fronte. A base do crânio, ou assoalho, constitui a norma inferior do esqueleto da cabeça. Internamente, detalhes ósseos proeminentes dividem a base do crânio em 3 “andares” ou fossas, as fossas: anterior, média e posterior do esqueleto da cabeça. O encéfalo aloja‑se plenamente nessas fossas, sendo envolvido pela calota craniana. Desta maneira, o encéfalo preenche a cavidade craniana. 99 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Além da grande cavidade craniana, o esqueleto da cabeça apresenta diversas pequenas cavidades. Entre elas estão as da orelha média e da orelha interna, entalhadas na norma lateral da base do crânio e, anteriormente, a cavidade nasal e as órbitas. As órbitas abrigam os globos oculares. Figura 96 – Esqueleto da cabeça: norma anterior Figura 97 – Esqueleto da cabeça: norma lateral 100 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Figura 98 – Esqueleto da cabeça: norma posterior Figura 99 – Esqueleto da cabeça: norma inferior Figura 100 – Esqueleto da cabeça: norma superior da base do crânio 101 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Figura 101 – Esqueleto da cabeça: norma superior da calvária Observação Hidrocefalia é o acúmulo do líquor nas cavidades encefálicas, causando aumento na pressão intracraniana sobre o cérebro, o que pode causar lesões no tecido cerebral, bem como o aumento do crânio. 4.2 Ossos do neurocrânio O osso frontal do neurocrânio é um osso plano, anterior, ímpar e mediano da calvária. O osso occipital é um osso plano, inferior, posterior, mediano, pertencente à base do crânio, perfurado por uma abertura ampla e oval – o forame magno – por meio do qual a cavidade craniana comunica‑se com o canal vertebral. O osso esfenoide é um osso irregular, ímpar, mediano e situa‑se na base do crânio, anteriormente aos temporais e à parte basilar do osso occipital. O osso etmoide é um osso leve, esponjoso, irregular, ímpar, inferior e situa‑se na base do crânio. O osso parietal é um osso plano, par e compõe o teto do crânio. O osso temporal é um osso irregular, par e muito complexo. Ele possui três partes: escamosa, petrosa e timpânica. A parte petrosa abrange o órgão vestibulococlear e a cavidade timpânica que contém os três ossículos da audição. O termo occipital, do latim, occipitium, occipúcio, corresponde à parte posterior da cabeça. Já esfenoide advém do grego, sphen, cunha, arado e eidos, semelhante, forma, é provável que Galeno tenha sido o primeiro a descrever esse osso que parece estar encravado como uma cunha, entre o crânio e a maxila. No entanto, a etimologia mais contestada é de que o termo vem do grego sphein, mariposa, vespa, por sua forma geral ter semelhança com um inseto alado. 102 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Por sua vez, etmoide deriva do grego, ethmos, peneira, eidos, semelhante. Parietal advém do latim, pariet [em], parede, ou seja, parede de uma cavidade. Os ossos do crânio que formam as paredes do mesmo. Por fim, temporal é derivado do latim, temporalis, relativo ao tempo, termo utilizado porque no homem adulto as marcas da idade (do tempo) manifestam‑se primeiro nessa região, branqueando os cabelos. 4.3 Ossos da face O osso zigomático frequentemente referido como “maçãs do rosto” forma parte da parede lateral e assoalho da órbita, é par e irregular. O osso nasal é um pequeno osso retangular, que forma, com o nasal do lado oposto, o dorso do nariz. A maxila é um osso plano, anterior e irregular e forma quatro cavidades: o teto da cavidade oral, o assoalho e a parede lateral do nariz, o assoalho da órbita e o seio maxilar. Ela possui os alvéolos dentários para abrigar os dentes superiores. O osso lacrimal é um pequeno osso retangular situado na parte medial da órbita, sendo o menor e mais frágil osso da face. O osso palatino é um osso irregular, localizado posteriormente à maxila. Forma a parte posterior do palato duro, parte do assoalho e parede lateral da cavidade nasal e o assoalho da órbita. O vômer é um osso ímpar, plano, de formato trapezoidal. Forma as partes posteriores e inferiores do septo nasal. A concha nasal inferior é um pequeno osso com o formato de uma placa delgada e alongada e com margens curvas. Situa‑se ao longo da parede lateral da cavidade nasal, separando os meatos nasais médio e inferior. É a única concha nasal independente, pois as outras, superior e média, pertencem ao etmoide. A mandíbula, conforme ilustra a figura a seguir, é um osso ímpar, móvel da cabeça, o maior e mais forte da face, onde tem situação anteroinferior. Apresenta o formato de uma ferradura e contêm os alvéolos dentários para abrigar os dentes inferiores. Figura 102 – Mandíbula O osso zigomático, do grego, zygomatikos, unido, ligado e zygon, par, foi assim chamado por Galeno. Similarmente, maxila deriva do grego, maxilla/maxilarae, parte superior da face, bochechas. Já lacrimal advém do latim, lacrima, lágrima, por conta de um erro de grafia da transição da palavra grega dacrion, lágrima, para lacrion, daí lacrima. 103 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Por sua vez, palato deriva do latim, pallatum, céu da boca, e para alguns estudiosos estaria associado a pascere, alimentar, ao passo que para outros de palare, cercar, murar. Os antigos anatomistas gregos não distinguiam entre palato duro e palato mole, ambos eram nomeados em conjunto como diafragma oris. Vesálio foi um dos primeiros a distinguir o platô duro e mole e denominava os ossos do palato como os palati. Já vômer advém do latim, vomer, vomitar, pois na Roma Antiga a lâmina do arado (relha) era chamada vômer, sendo que o nome do osso pode estar associado à sua forma ou porque o movimento da terra sulcada pelo instrumento lembrava o ato de vomitar. Inicialmente parte do etmoide, foi nomeada separadamente por Gabrielle Falópio e Realdo Colombo, que o chamaram arati vomer imitatur (imitando a lâmina do arada). 4.4 Ossos do esqueleto da cabeça em conjunto Por meio da cefalometria, ou mensuração da cabeça, podemos reconhecer crânios microcéfalos, mesocéfalose macrocéfalos, ou seja, pequenos, médios e grandes. Quando as dimensões são extrapoladas, esses tipos são ditos patológicos, como, por exemplo, o crânio hidrocéfalo, que possui descomunal hidrocefalia. Lembrete Os ossos do neurocrânio são: o frontal, o etmoide, o esfenoide, os parietais, os temporais e o occipital. Os ossos da face são: as maxilas, a mandíbula, os palatinos, os nasais, os lacrimais, as conchas nasais inferiores, os zigomáticos e o vômer. 4.4.1 O esqueleto da cabeça do recém‑nascido As principais variações do esqueleto da cabeça do recém‑nascido (RN) em relação ao adulto residem na falta dos seios paranasais, como o osso esfenoide e osso frontal. As margens dos ossos da calvária no feto de termo estão espaçadas, mas unidas por suturas membranáceas, que possibilitam a diminuição de volume da cabeça fetal, muito relevante para a passagem pela vagina e vulva durante o parto normal. Ao nível dos ângulos dos ossos, sem ainda ter ocorrido a ossificação, estão as fontanelas do esqueleto da cabeça: as fontanelas medianas, anterior e posterior; e as fontanelas laterais, anterolateral ou esfenoidal e posterolateral ou mastoide. À medida que a ossificação toma as áreas membranáceas, as fontanelas reduzem de dimensões até sumir. A última fontanela a realizá‑la é a anterior, que desaparece entre o segundo e o terceiro ano de vida, conforme ilustram as figuras a seguir. 104 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Figura 103 – Diferentes vistas das fontanelas em crânio desarticulado e reconstruído Figura 104 – Norma superior: fontanela anterior 105 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Figura 105 – Norma lateral: fontanela anterolateral e posterolateral Figura 106 – Norma posterior: fontanela posterior 4.4.2 O esqueleto da cabeça dos indivíduos senis Nos indivíduos senis a elasticidade do esqueleto da cabeça reduz e as suturas somem por sinostoses, conforme ilustra a figura a seguir, após os 40 anos de idade. Por volta dos 22 anos, é a vez da sutura sagital e a sutura esfenofrontal; aos 24 anos, a sutura coronal; aos 26 anos, a sutura lambdoide e a sutura occipitomastoide; aos 30 anos, a sutura parietomastoide; aos 37 anos, a sutura temporoparietal. O fechamento começa a acontecer vagarosamente e sofre um surto na idade avançada, ao passo que tende a completar‑se após os 80 anos. 106 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Figura 107 – Sinostose da sutura coronal (vista lateral do crânio) 4.4.3 O esqueleto da cabeça e o dimorfismo sexual Os caracteres mais dimórficos e usuais do crânio são: tamanho geral do crânio (maior nos homens do que nas mulheres); processos mastoides (maiores e mais desenvolvidas nos homens do que nas mulheres); arcos superciliares (muito marcados nos homens e pouco nas mulheres); túber frontal (bem marcados nas mulheres e pouco nos homens); protuberância occipital externa (relevo muito marcado nos homens e pouco nas mulheres); e mandíbula (maior e mais quadrangular nos homens do que nas mulheres). Até a puberdade há pequena diferença entre o crânio da menina e do menino. Arco superciliar A) B) Protuberância occipital externa Crista supramastoide Túber frontal Margem supraorbital Forma arredondadaForma quadrangular Arco superciliar Protuberância occipital externa Processo mastoide Figura 108 – (A) Comparação genérica de algumas características anatômicas cranianas entre indivíduos do sexo masculino e feminino, norma anterior; (B) Comparação genérica de algumas características anatômicas cranianas entre indivíduos do sexo masculino e feminino, norma lateral 107 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Saiba mais O processo de identificação do segmento cefálico ou de partes dele a partir de exames periciais tem sido bastante relevante para o esclarecimento de fatos de interesse jurídico‑social. Uma tentativa de observar o dimorfismo sexual e estimar a idade, consiste em examinar os crânios secos. Para saber mais sobre o assunto: ALMEIDA JUNIOR, E. et al. Sex and age estimation by cranial measurements. Journal of Dentistry & Public Health, Salvador, v. 9, 2018. Disponível em: <https://www5.bahiana.edu.br/index.php/odontologia>. Acesso em: 30 maio 2019. Para saber mais sobre os ossos do crânio: LAROSA, P. R. Anatomia humana: texto e atlas. São Paulo: Guanabara‑ Koogan, 2016. 4.4.4 Esqueleto do pescoço Os ossos do esqueleto do pescoço são as vértebras cervicais e, do ponto de vista topográfico, o hioide. O hioide é um osso ímpar, mediano, sesamoide e faz parte de um conjunto de estruturas anatômicas que une a base do crânio ao esqueleto do pescoço. Está localizado na parte anterossuperior do pescoço, superior à laringe e posterior à mandíbula. Apresenta como papel oferecer suporte à língua, fornecendo locais de fixação para os músculos dela, do pescoço e da faringe, fazendo dele um elemento relevante nas ações de mastigação e no ato de engolir. O hioide é móvel e não se articula com mais nenhum osso. O termo hioide vem do grego, yoides/hyo, letra U e oides, forma. O osso foi descrito por Herófilo e, inicialmente, chamou‑se ipsiloides, forma da letra Y. 4.4.5 Esqueleto do tronco O esqueleto do tronco abrange o tórax, as vértebras lombares, as vértebras sacrais, as vértebras coccígeas e a pelve óssea. O tórax é a parte do organismo localizada no tronco, entre o pescoço e o abdome, exatamente entre a abertura superior do tórax e o diafragma. O formato abobadado do tórax possibilita grande rigidez, tendo em vista o pouco peso de seus constituintes e, dentre suas funções: • Protege os órgãos internos torácicos e abdominais, sendo que a maioria deles está cheia de ar ou líquido contra as forças externas. • Resiste às pressões internas negativas produzidas pela retração elástica dos pulmões e pelos movimentos inspiratórios. 108 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II • Oferece fixação para os membros superiores e sustentar a sua massa. • Proporciona a fixação de diversos músculos que movem e sustentam a posição dos membros superiores em relação ao tronco, além de possibilitar fixação para os músculos do abdome, do pescoço, do dorso e da respiração. Crânio Costelas Esterno Vértebras lombares Sacro Cóccix Figura 109 – Esqueleto do tórax O formato do tórax depende da idade, do sexo e do biótipo da pessoa. O tórax do feto é mais desenvolvido sagitalmente do que transversalmente, em virtude do maior desenvolvimento do coração, do timo e dos órgãos abdominais do que dos pulmões. Aos 18 anos de idade, o tórax assume seu formato definitivo e continua crescendo até os 35 anos nos homens e 25 anos nas mulheres. No indivíduo senil, as costelas e as cartilagens costais perdem a flexibilidade e as articulações sofrem anquilose, conduzindo o tórax à perda da elasticidade e da mobilidade. Com a ampliação da coluna vertebral, as costelas ficam mais próximas umas das outras. O tórax masculino é mais largo do que o feminino, com a máxima largura ao nível da VIII costela, com pequeno aperto inferior. O tórax feminino é mais curto e arredondado, com maior aperto inferior do que o masculino. No indivíduo longilíneo, cujo crescimento é mais dinâmico e o que leva a um maior desenvolvimento em altura, o tórax é longo e estreito, enquanto no indivíduo brevilíneo, cujo desenvolvimento transversal prevalece sobre o vertical, o tórax é mais curto e largo. O termo tórax advém do grego, thorax, couraça, parte frontal da armadura. Na Grécia Antiga chamava‑se de thorax a parte da armadura ou couraça que protegia o conjunto peito e abdome. Hipócrates e Aristóteles usaram o termo para ambas as partes do tronco, simultaneamente; já Platão restringiua palavra à parte superior (peito). Galeno adotou essa denominação e a difundiu. 109 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR 4.4.6 Esterno O esterno é um osso plano com aproximadamente 15 centímetros de extensão, mediano, ímpar, localizado medianamente na parede anterior do tórax e um osso hematocitopoietico. O esterno articula‑se com as clavículas e as cartilagens das sete primeiras costelas. Possui três partes: o manúbrio do esterno, o corpo do esterno e o processo xifoide. Figura 110 – O esterno O termo advém do grego, sternon, peito masculino. Hipócrates usou a palavra para o peito masculino e o chamou de osso do peito. Os romanos chamavam‑no de pectoris e a palavra sternum apareceu apenas no latim medieval, por meio da tradução de textos gregos. Por ser superficial e de fácil palpação, alguns etimologistas acreditam que seja derivada do grego, stereos, em relevo, evidente. 4.4.7 Costelas Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe‑a a Adão (Gn 2: 21‑22). [...] A mulher foi tirada do lado de Adão, isto é, da sua costela, ela não foi tirada da cabeça, pois não é sua função dominá‑la; nem de seus pés, pois não foi criada para ser pisada por ele (Gn 2: 21‑22). [...] Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada (Gn 2: 23). 110 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II A Bíblia relata o momento em que Deus criou a primeira mulher: Eva. No entanto, essa passagem bíblica é apenas uma metáfora, pois tanto os homens como as mulheres possuem 12 pares de costelas que protegem o coração, os pulmões, o fígado e o baço. Na medicina são diversas as indicações cirúrgicas que retiram costelas com objetivos terapêuticos e reparadores. Em cirurgia torácica, deformidades relevantes do tórax, como, por exemplo, o pectus excavatum e o pectus carinatum, são reparados com a retirada parcial das cartilagens costais e o reposicionamento do esterno. Também não é incomum a necessidade de retirada de costelas após traumatismos torácicos ou em toracotomias muito extensas. De natureza igual, a retirada de costelas tem sido uma indicação frequente em cirurgia plástica para usá‑las como enxerto em processos reparadores de orelhas, nariz e outras cirurgias craniomaxilofaciais. Parece existir uma bruma em torno desse processo, pois diversas celebridades sujeitam‑se a essa cirurgia, sem, no entanto, assumirem tal fato. Isso já é considerável para que exista uma agitação nos meios de difusão de informação e a existência de diversas candidatas à sua realização, procurando conquistar um corpo visto como perfeito pela sociedade, colocando em risco sua plenitude física e emocional. As costelas têm formato de semiarcos, unindo as vértebras torácicas ao esterno. As costelas são classificadas em: costelas verdadeiras, I‑VII (articulam‑se diretamente ao esterno por intermédio das cartilagens costais); costelas falsas, VIII‑X (articulam‑se indiretamente com o esterno, unindo‑se suas cartilagens costais umas às outras); e costelas flutuantes, XI e XII (curtas e livres, que protegem o fígado e o estômago). Figura 111 – As costelas Logo abaixo do arco costal direito é possível apalpar o fígado durante a inspiração. Abaixo do arco costal esquerdo situa‑se o estômago, não palpável; e o baço que pode ser palpado no lado esquerdo, especialmente quando possui um aumento patológico. Uma costela típica apresenta a cabeça, o colo e o corpo. Com exceção das costelas I, XI e XII, as outras podem ser consideradas costelas típicas, embora a VIII, IX e X sejam mais curtas e cooperem para constituir a margem costal. A primeira é a costela mais curta entre as costelas verdadeiras. Além disso, ela é mais larga e plana do que as outras, localizando‑se sob a clavícula anteriormente, o que dificulta sua palpação. A artéria subclávia e a veia subclávia sulcam na face posterior. 111 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Observação Excepcionalmente, pode existir uma costela cervical e uma costela lombar, as quais são consideradas costelas supranumerárias, geralmente, conectadas com a C7 e a L1, concomitantemente. A contagem das costelas inicia‑se no ângulo do esterno, onde se articula a II costela. Seu número se altera com frequência, por exemplo, 1,6% dos indivíduos apresenta uma XIII costela (costela lombar); 3,6% possuem apenas 11 pares de costelas; 10% possuem oito pares de costelas verdadeiras; e 0,6% apenas seis pares de costelas verdadeiras. As extremidades das costelas, em sua extremidade esternal, algumas vezes apresentam uma bifurcação (costela bífida). Em 5% dos indivíduos o brotamento costal fusionado com o processo transverso de C7 forma uma costela cervical. 4.4.8 Coluna vertebral A coluna vertebral oferece um suporte axial para o tronco e estende‑se desde o crânio até a pelve, onde o peso do tronco é transmitido aos membros inferiores. Outra função dela consiste em proteger a medula espinal, provendo ainda pontos de fixação para as costelas e para os músculos do dorso e do pescoço. No feto e na criança, a coluna vertebral consiste de 33 ossos separados ou vértebras. Inferiormente, 9 vértebras se fundem para compor 2 ossos, o sacro e o cóccix. Os 24 ossos restantes permanecem como vértebras individuais separadas por discos intervertebrais. O termo sacro advém do latim, sacrum, sagrado, intocável, não profano. Os gregos e Galeno chamavam esse osso de ieron osteon (osso grande), mas a palavra ieron tinha também o significado de ilustre, importante, poderoso, glorioso. Figura 112 – Arranjo anatômico geral da coluna vertebral (vistas anterior, lateral e posterior) 112 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Observação Herófilo, e depois Vesalius, chamaram assim o cóccix por sua semelhança, em conjunto, com o formato do bico do pássaro cuco. Por outro lado, Jean Riolan dá outra explicação, declara que na emissão de gases pelo ânus o som “ecoa” no cóccix, o osso do apito. Curiosamente, devido ao costume do cuco fêmea em se apoderar dos ovos de outros pássaros e chocá‑los como seus, os gregos antigos utilizavam a palavra Kókkys como termo grosseiro às mulheres adúlteras. Regiões e curvaturas O comprimento médio da coluna vertebral no sexo masculino é de cerca de 71 centímetros, enquanto na do sexo feminino de 61 centímetros, sendo responsável por dois quintos da massa corporal total. Ela possui cinco regiões principais e vértebras distribuídas por diferentes regiões: 7 vértebras cervicais; 12 vértebras torácicas; 5 vértebras lombares; 5 vértebras sacrais; e de 3 a 5 vértebras coccígeas. Nas três regiões mais craniais da coluna as vértebras permanecem distintas durante toda a vida e são conhecidas como vértebras verdadeiras ou móveis; as da região sacral e coccígea, por outro lado, são chamadas vértebras falsas ou fixas, pelo fato de estarem unidas entre si no adulto para compor dois ossos, o sacro e o cóccix. Desse comprimento da coluna vertebral, a parte cervical mede 12,5 centímetros; a torácica, cerca de 28 centímetros; a lombar, 18 centímetros, e o sacro e o cóccix, 12,5 centímetros. Quando vista lateralmente, observam‑se as quatro curvaturas, conforme ilustra a figura a seguir, responsáveis por seu formato sinuoso. As curvaturas cervical e lombar são côncavas posteriormente; as curvaturas torácica e sacral são convexas posteriormente. As curvaturas aumentam a elasticidade e a flexibilidade da coluna, possibilitando que ela trabalhe de maneira mais semelhante a uma mola do que a uma haste rija. Normal NormalHipercifose HiperlordoseEscoliose Figura 113 – Curvaturas da coluna vertebral 113 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR A cifose é uma curvatura normal da coluna vertebral, localizada na região torácica, presente em todos os indivíduos. A hipercifose é uma modificação nessa região, que leva a um aumento da cifose normal, deixando os ombros projetados para frente e o dorso arredondado. A curvatura normal da região lombar é uma curvatura anterior, chamada de lordose. Em caso de uma curvatura excessiva dessa região, dizemos que se trata de uma hiperlordose. A escoliose é uma condição em que a coluna vertebral do indivíduo apresenta uma deformação lateral em forma de curva. A curva, em geral, tem um formato de S ou C. Lembrete As curvaturas convexas na vista posterior são chamadas cifoses; na vista anterior, lordoses; onde existir um L na região cervical ou região lombar há uma lordose. Elementos das vértebras As estruturas anatômicas encontradas em quase todas as vértebras, exceto em C1 e C2, servem como meio de diferenciação dessas em relação aos demais ossos do esqueleto. Todas as vértebras têm sete elementos fundamentais: o corpo vertebral; o processo espinhoso; o processo transverso; os processos articulares; as lâminas; os pedículos e o forame vertebral. A C7 contém um processo espinhoso longo e proeminente, conforme ilustra a figura a seguir. Processo articular superior Processo transverso Processo espinhoso Processo articular inferior Lâmina Pedículo Arco vertebral Corpo vertebral Figura 114 – Vista posterossuperior esquerda. Com exceção de C1 e do C2, todas as vértebras são formadas pelos mesmos elementos estruturais Observação No indivíduo em idade avançada, principalmente em mulheres, ocorre uma redução de massa óssea, chamada de osteoporose. A desmineralização e a diminuição do número de trabéculas ósseas reduzem a resistência dos corpos vertebrais, que podem de tal modo sofrer fraturas, mesmo na falta de traumas. A causa da osteoporose é, dentre muitas, a falta de estrógenos, fator idade e alimentação pobre em vitamina D e cálcio. 114 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II As características regionais possibilitam a diferenciação das vértebras de acordo com cada região. As vértebras cervicais apresentam um corpo pequeno e o processo espinhoso bífido e horizontalizado; seus processos transversos têm os forames transversários que permitem a passagem da artéria vertebral. Já nas vértebras torácicas o processo espinhoso não é bifurcado, se apresenta descendente e pontiagudo. Elas se articulam com as costelas, sendo que as superfícies articulares dessas vértebras são chamadas de fóveas e hemi‑fóveas. As fóveas podem estar situadas no corpo vertebral, no pedículo ou nos processos transversos. O forame vertebral tem o formato circular. Nas vértebras lombares os corpos vertebrais são maiores, pois suportam a massa corporal. O processo espinhoso é quadrilátero, além de estar disposto em posição horizontal. Apresenta o forame vertebral em formato triangular e os processos mamilares. Possui o processo transverso bem desenvolvido, chamado de apêndice costiforme. Pode ser distinguido também por não possuir forame no processo transverso e nem a fóvea costal. As vértebras consideradas atípicas são C1, ou atlas, e C2, ou áxis e epistrofeu. C1 C2 Cervical Torácica Lombar Figura 115 – Características regionais das vértebras O termo axis advém do latim, axis, eixo, pivô e do grego, axon, eixo. Hipócrates chamava a vértebra de odonta, por conta de seu processo e Galeno a denominava dentiformis. Celso parece ter sido o primeiro a designar a C2 por esse nome, pelo fato de a C1 girar sobre ela como um eixo. Até a época de Vesailus, apenas o processo odontoide dessa vértebra era chamado de áxis, por sua semelhança a um pivô. Conforme ilustra a figura a seguir, Atlas, gigante mitológico de força cavalar, filho de Iápeto e Clímene, após a derrota dos Titãs para os deuses foi condenado por Júpiter a amparar o mundo nos ombros. Essa é a imagem do Titã reproduzida por vários escultores, chama‑se C1 que, por analogia, sustenta a cabeça. Figura 116 – Atlas, Viena, Áustria 115 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR A C1 não possui corpo vertebral nem processo espinhoso e apresenta como a principal distinção em relação às outras o fato de não ter um corpo vertebral. Além disso, ela possui outras estruturas: o arco anterior do atlas, que constitui, aproximadamente, um quinto do anel; o tubérculo anterior; a fóvea do dente, que se articula com o processo odontoide; o arco posterior do atlas, que constitui aproximadamente dois quintos do anel; e o tubérculo posterior. A C2 apresenta um processo ósseo forte chamado de processo odontoide. O sacro tem o formato de uma pirâmide quadrangular com a base voltada para cima e o ápice para baixo. Articula‑se superiormente com L5 e inferiormente com o cóccix. Ele varia conforme o sexo, sendo que nas mulheres é mais largo e curto do que nos homens e tem uma curva mais pronunciada, possivelmente relacionada com a forma do restante da pelve óssea feminina, adequada para a gestação. Discos intervertebrais Os 23 discos intervertebrais conectam os corpos vertebrais vizinhos. A defasagem entre o número de vértebras e o número de discos intervertebrais deriva do fato de que os ossos das regiões sacral e coccígea não possuem disco intervertebral entre si e que C1 e C2 são conectadas por meio de articulações sinoviais. Os discos intervertebrais consistem de um anel fibroso externo que envolve um núcleo pulposo interno. A pressão sobre o disco intervertebral gera uma expansão do núcleo pulposo em todas as direções, uma vez que é abundante a presença de água e o disco não pode ser comprimido. Essa expansão determina uma força de tração no anel fibroso. Portanto, o disco desempenha um papel de almofada aquosa. Eles representam um tecido com redução do metabolismo e mínima aptidão regenerativa. O esforço de compressão diário motiva uma diminuição reversível de água do núcleo pulposo, que implica na redução da altura dos discos intervertebrais e na estatura do corpo. Com a descompressão acontece uma reidratação, induzindo nutrientes ao disco intervertebral. No entanto, os vasos de sangue estão presentes tão só nas camadas mais externas do anel fibroso. Lembrete As articulações da cabeça não apresentam discos intervertebrais. A falta dos discos entre o osso occipital C1 e C2 possibilita a grande movimentação dessa região. A figura a seguir mostra que diversas atividades esportivas, como, por exemplo, pular corda, saltos de trampolim ou jogging, levam a um aumento considerável da carga que age sobre a coluna vertebral. Saltos leves sobre um trampolim provocam uma pressão máxima de 240%; saltos altos, uma carga de 380%; pular corda sem grande esforço, uma carga de 240%; jogging realizado com sapatos apropriados, eleva a carga para valores de 170%, um dos motivos pelos quais indivíduos com artrose avançada de joelho devem evitar esse tipo de carga. 116 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Valores consideravelmente mais altos com cargas dinâmicas estão presentes também. Por esse motivo, durante cargas esportivas, como, por exemplo, no levantamento de peso, deve‑se prestar atenção para que a realização do movimento seja realizada com a técnica apropriada, uma vez que ela leva a uma melhor distribuição de cargas na região dos discos intervertebrais. Em pé Deslizando sobre bolas suíças Praticando jogging Salntando do trampolim Pulando corda Apoiando sobre quatro apoios Com as costas arqueadas Com acentuação da lordose lombar 0% 50% 100% 150% 200% 250% Momento de curvatura Pressão intradiscal Figura 117 – Pressão intradiscale momentos de curvatura nos fixadores vertebrais para diferentes atividades esportivas relacionadas aos valores na posição em pé A herniação do núcleo pulposo para dentro do anel fibroso ou através dele é uma causa comum de lombalgia, muitas vezes chamada de ruptura ou deslizamento do disco intervertebral. Atividades físicas, como, por exemplo, os alongamentos, descomprimem os discos e aumentam a circulação do sangue geral, o que acelera a captação de O2 e de nutrientes pelos discos e a retirada de metabólitos. Observação Uma musculatura abdominal e lombar forte protege a coluna vertebral e é capaz de fazer com que o disco intervertebral seja predominantemente submetido à pressão. Variações no número das vértebras A maioria dos indivíduos apresenta 33 vértebras, porém, alguns podem ter 32 ou 34 em razão de falhas no desenvolvimento. As estimativas da frequência de números anormais das vértebras acima do sacro alteram entre 5% e 12%. As variações das vértebras são afetadas por diversos fatores de variação anatômica, como, por exemplo, raça, sexo e ambiente. O aumento do número de vértebras é mais comum em homens e a diminuição em mulheres. Além disso, algumas raças têm maior variação do número de vértebras. Tais diferenças podem ser clinicamente relevantes. 117 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Ligamentos da coluna vertebral A coluna vertebral é estabilizada por diversos ligamentos, que se arranjam entre vértebras vizinhas ou ao longo de segmentos maiores. A figura e o quadro a seguir demonstram as características anátomo‑funcionais dos ligamentos da coluna vertebral. Ligamento intertransversário Ligamento longitudinal posterior Ligamento longitudinal anterior Ligamento interespinal Ligamento interespinal Ligamento amarelo Ligamento amarelo Ligamento nucal Artéria vertebral Figura 118 – Ligamentos da coluna vertebral Quadro 2 – Ligamentos da coluna vertebral Ligamento Estrutura e trajeto Função Ligamento longitudinal anterior ‑ Na face ventral dos corpos vertebrais. ‑ Mais largo de cranial para caudal. ‑ Feixes profundos de fibras firmemente ligados na substância compacta do corpo vertebral. ‑ Quase nenhuma conexão com o anel fibroso. ‑ Limite de extensão da coluna vertebral. Ligamento longitudinal posterior ‑ Na face dorsal dos corpos vertebrais. ‑ Mais estreito do que o ligamento longitudinal anterior. ‑ Feixes de fibras se estendem para os anéis fibrosos dos discos intervertebrais. ‑ Conexão fraca com o anel fibroso dos discos. ‑ Limita a flexão da coluna vertebral. Ligamento supraespinal ‑ Conecta as extremidades dos processos espinhosos. ‑ Composto de feixes ligamentares longos. ‑ Na região cervical, transição para o ligamento nucal. ‑ Limita a flexão da coluna vertebral. Ligamento nucal ‑ Disposto no plano sagital entre a protuberância occipital externa e a C7. ‑ Na região da nuca, associada com a fáscia geral do corpo. ‑ Limita a flexão da coluna vertebral. 118 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Ligamentos amarelos ‑ Consistem em tiras mais curtas e elásticas em sua maioria. ‑ Entre as lâminas dos arcos vertebrais vizinhos. ‑ Estendem‑se dorsalmente até as artérias vertebrais. ‑ Suporte para os músculos do dorso durante a manutenção da posição ereta e da extensão; ‑ Fechamento dorsal e lateral do canal vertebral, em conjunto com as cápsulas articulares. Ligamentos interespinais ‑ Entre os processos espinhosos das vértebras vizinhas (a partir de um processo espinhoso até alcançar o processo espinhoso imediatamente superior). ‑ Extremidade dos processos espinhosos, transição para o ligamento supraespinal. ‑ Limite da flexão, impede, em conjunto com os discos intervertebrais, o deslizamento da vértebra superior. Ligamentos intertransversários ‑ Entre as extremidades dos processos transversos de vértebras vizinhas. ‑ Limita a inclinação lateral e a rotação. Adaptado de: Aumüller et al. (2009, p. 1317). 4.4.9 Cintura escapular A cintura escapular é composta pela escápula e clavícula, conforme ilustram as figuras. A clavícula é um osso par que compõe parte da cintura escapular e é alongado, ou seja, embora comprido nem sempre apresenta cavidade medular, conforme visto na classificação morfologia óssea. Portanto, não é um osso longo típico por não possuir todos os atributos indispensáveis para assim ser contemplado. A clavícula tem o formato curvado como um S (em itálico), localizada quase que horizontalmente logo acima da I costela. A escápula é um osso par, plano e triangular. A escápula articula‑se com dois ossos: o úmero e a clavícula. Figura 119 – A escápula Figura 120 – A clavícula 119 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Observação O termo escápula advém do latim, scapulae, espáduas, ombros, e do grego, skaptein, escavar, pá, pois em algumas culturas antigas as escápulas de animais eram usadas como pás. Aristóteles e Galeno chamavam‑na de omoplata, do grego omos, ombro e platôs, chato. 4.4.10 Membro superior Os membros superiores dos seres humanos, ao passarem da posição quadrúpede para a bípede, tiveram a função de locomoção reduzida, porém, ganharam mobilidade e preensão. Os ossos dos membros superiores podem ser divididos em três segmentos: o braço, o antebraço e as mãos. O úmero é o maior e mais longo osso do membro superior, localizado no braço. Os dois ossos longos paralelos, o rádio e a ulna compõem o esqueleto do antebraço. Na posição anatômica, o rádio situa‑se lateralmente e a ulna medialmente. Figura 121 – Úmero Figura 122 – Rádio Figura 123 – Ulna O termo úmero deriva do latim, humerus/umerum, ombros, espáduas, e do grego, omos, ombros. Por sua vez, rádio advém do latim, radius, raio de uma roda, cuja forma foi comparada aos raios de uma roda, sendo o termo introduzido por Celso. Já ulna, do latim, ulna, antebraço, e do grego, olene, cotovelo, tem diversos significados, que na anatomia moderna são distintos. Assim, para uns era o 120 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II antebraço enquanto para outros, o braço, e para muitos a união dos dois, o cotovelo. Passou a designar o osso do antebraço no século XX, em substituição ao cúbito. Observação Algumas vezes é pertinente utilizar algum recurso que auxilie a lembrar de um novo dado. Tal ajuda é chamada de dispositivo mnemônico ou ativador da memória. Para auxiliar a lembrança da localização da ulna em relação à mão, um mnemônico pode ser m.u. (o mindinho está no lado da ulna), ou, ainda, o polegar é a antena do rádio. A mão preênsil representa, em companhia ao encéfalo e a laringe, o seu comprometimento com a capacidade da fala, um órgão cultural imprescindível para a evolução dos homens. É consenso que a evolução da mão, até atingir a aptidão de produção de ferramentas, aconteceu anteriormente ao avanço da fala. De qualquer forma, a mão apresenta um papel relevante na comunicação não verbal, ou guiando a palavra proferida ou, ainda, como parte da linguagem corporal. As funções preênsil e tátil da mão são fundamentais e carecem das articulações dos dedos, com o polegar exibindo uma movimentação extraordinária e podendo ostentar uma posição de oposição em relação aos quatro outros dedos. Os papéis das articulações das mãos são inerentes no uso e no posicionamento adequado das mãos em relação ao antebraço. Para que os dedos façam ações mais concisas, manuseando artefatos pequenos, na escala de milímetros, os dedos têm que ser finos. Eles não apresentam músculos e são movidos por longos tendões dos músculos do antebraço e, ainda, dos músculos intrínsecos da mão. Coligado à visão, os humanos podem utilizar o sentido tátil da mão para o reconhecimento de umespaço tridimensional e de seus artefatos. A relevância da mão procedeu no uso da expressão “palpar” também para o entendimento de processos abstratos. A mão se divide em: carpo, metacarpo e os ossos dos dedos. O carpo é formado por oito ossos dispostos em duas fileiras: proximal e distal. A fileira proximal de lateral para medial inclui: o escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme. A fileira distal de lateral para medial inclui: o trapézio, trapezoide, capitato e hamato. O metacarpo é composto por cinco ossos que são numerados de lateral para medial em I, II, III, IV e V metacarpos e obedecem aos dedos da mão. Eles são classificados como ossos longos. Entre os ossos do metacarpo existem os espaços interósseos. Os cinco dedos da mão de lateral para medial são: o polegar (I), o dedo indicador (II), o dedo médio (III), o dedo anular (IV) e o dedo mínimo (V). Eles apresentam 14 falanges, cada uma na qual há uma base, um corpo e uma cabeça. São classificadas como ossos longos. Do II ao V dedos apresentam 3 falanges: a falange proximal, a falange média e a falange distal. O dedo I possui 2 falanges: a falange proximal e a falange distal. 121 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Ulna Processo estiloide da ulna Semilunar Piramidal Pisiforme Hamato Hâmulo do osso hamato Capitato Trapezoide Tubérculo do trapezoide Trapézio Tubérculo do escafoide Escafoide Processo estiloide do rádio Rádio Ossos do metacarpo Figura 124 – A mão O termo mão deriva do latim, manus, mão. Por sua vez, carpo advém do grego, karpos, punho. Os ossos do carpo não tinham nomes individuais, eram distinguidos por números nas obras de Vesalius. Foram Monro e Albinus que publicaram tratados de osteologia denominando‑os como “osso do carpo”. Similarmente, metacarpo deriva do grego, meta, depois de, além, após, e karpos, punho. Aristóteles afirmava que o metacarpo possuía cinco ossos, já Galeno apenas quatro, pois considerava o osso metacarpiano do polegar uma falange. A palavra escafoide provém do grego, skaphoeides, scaphe, canoa e oides, forma de. O termo nomeava indistintamente qualquer osso ovoide escavado, em forma de canoa, em cuja concavidade encaixava‑se outro osso. Já semilunar advém do latim, luna, lua, e semi, metade e piramidal do latim, pyramidalis/pyramis, relativo à pirâmide. A real origem da palavra é provavelmente egípcia, quando, no Egito Antigo, os pães eram denominados pyramis e apresentavam o formato de uma pirâmide. Alguns etimologistas alegam que pyramis deriva do grego pyr, fogo, porque a forma da pirâmide lembra a de uma pira; ou do grego pyros, trigo, pela forma adotada pelo acúmulo de grãos desse cereal. O termo pisiforme é derivado do latim pisum, ervilha, e formis, forma de. Já capitato do latim, capitatum/ caput, provido de cabeça, cabeçudo; e uncinado, do latim, uncinatus, forma de gancho, recurvado. Por sua vez, o termo falange, do grego, phalangx, fileira de soldados, foi utilizado por Aristóteles para se referir aos ossos dos dedos, por conta de seu arranjo em fileiras, um atrás do outro. Lembrete Para fixar os nomes dos ossos do carpo (de proximal para distal; de lateral para medial): “Um barco (escafoide) viajou à luz do luar (semilunar) em torno da pirâmide (piramidal) e pela plantação de ervilhas (pisiforme). O grande trapézio (trapézio), o trapézio pequeno (trapezoide) e a grande cabeça (capitato) devem permanecer juntos ao gancho (hamato)”. 122 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II 4.4.10.1 Ligamentos A mobilidade do membro superior abrange as articulações esternoclavicular, acromioclavicular e do ombro (glenoumeral), que comumente se movem ao mesmo tempo. A resistência da articulação esternoclavicular depende de seus ligamentos e de seu disco articular. Os ligamentos esternoclaviculares anteriores e posteriores reforçam a cápsula articular nas partes anterior e posterior. O ligamento interclavicular fortifica a cápsula superiormente. Estende‑se da extremidade esternal de uma clavícula até a extremidade esternal da outra clavícula. No espaço, também está fixado à margem superior do manúbrio. O ligamento costoclavicular estabiliza a face inferior da extremidade esternal da clavícula à primeira costela e sua cartilagem costal, restringindo a elevação da cintura do membro superior. O ligamento acromioclavicular consiste em uma faixa fibrosa que se estende do acrômio até a clavícula e fortifica a articulação acromioclavicular superiormente. No entanto, a totalidade da articulação é protegida por ligamentos extrínsecos, distantes da articulação propriamente dita. O ligamento coracoclavicular constitui‑se em um forte par de faixas que conectam o processo coracoide da escápula à clavícula, fixando a clavícula ao processo coracoide. O ligamento coracoclavicular é formado por dois ligamentos, o conoide e o trapezoide, que não raramente são separados por uma bolsa em relação à extremidade lateral do músculo subclávio. O ligamento conoide mais verticalizado e em posição medial consiste em um triângulo invertido, em formato de cone, cujo ápice posiciona‑se inferiormente, onde está fixado à raiz do processo coracoide. A inserção larga, que corresponde à base do triângulo, localiza‑se no tubérculo conoide na face inferior da clavícula. O ligamento trapezoide, quase horizontal, está fixado à face superior do processo coracoide e estende‑se lateralmente até a linha trapezoide na face inferior da clavícula. Além de completar a articulação acromioclavicular, o ligamento coracoclavicular é o meio pelo qual a escápula e o membro livre são passivamente elevados pela sustentação da clavícula. Articulação glenoumeral Articulação acromioclavicular Esferoidal Plana Articulação esternoclavicular selar Figura 125 – Articulações do ombro 123 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Os ligamentos glenoumerais, que fortalecem a face anterior da cápsula articular, e o ligamento coracoumeral, que fortalece a cápsula articular superiormente, são ligamentos intrínsecos, ou seja, parte da membrana fibrosa da cápsula articular. Eles consistem em três faixas fibrosas, presentes apenas na face interna da cápsula, que reforçam a parte anterior da cápsula articular. Então, esses ligamentos irradiam‑se lateral e inferiormente a partir do lábio glenoidal no tubérculo supraglenoidal da escápula e fundem‑se distalmente à membrana fibrosa da cápsula quando ela se fixa ao colo anatômico do úmero. O ligamento coracoumeral consiste em uma faixa larga e forte que se estende da base do processo coracoide até a face anterior do tubérculo maior do úmero. O ligamento transverso do úmero consiste em uma faixa fibrosa larga que segue mais ou menos obliquamente do tubérculo maior até o tubérculo menor do úmero, transpondo o sulco intertubercular. Ele converte o sulco em um canal, que mantém a bainha sinovial e o tendão do músculo bíceps braquial no lugar durante movimentos da articulação do ombro. Esse tipo de ligamento consiste em uma estrutura osteoligamentar composta por um arco protetor localizado sobre a cabeça do úmero, impossibilitando seu deslocamento superior da cavidade glenoidal. O arco coracoacromial é tão resistente que um forte impulso superior do úmero não gera sua fratura, já que o corpo do úmero ou a clavícula sofrem a fratura primeiro. Acrômio Articulação acromioclavicular Clavícula Cartilagem articular Escápula Cavidade articular Lábio da cavidade glenoide Cápsula fibrosa Membrana sinovial Úmero Cápsula fibrosa Bolsa subacromial Cavidade articular Tendão da cabeça longa do músculo bíceps braquial Figura 126 – Articulações do ombro 124 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Clavícula (cortada e elevada) Ligamento trapezoide
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