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AULA 1 Processo do Trabalho Conceito: CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE (2015, pág. 106), o Direito Processual do Trabalho é conceituado como “o ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de valores, princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a concretização dos direitos sociais fundamentais individuais, coletivos e difusos dos trabalhadores e a pacificação justa dos conflitos decorrentes direta ou indiretamente das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento dos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho.” Em suma: é o ramo do Direito que disciplina o processo do trabalho, o qual é o meio para a solução jurisdicional de conflitos trabalhistas. SÉRGIO PINTO MARTINS (2006, pág. 18): “Direito Processual do Trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições destinados a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução de dissídios, individuais ou coletivos, pertinentes à relação de trabalho.” Objetivo: a pacificação de conflitos sociais relativos às relações individuais e coletivas do trabalho. Obs: São disciplinados a organização e a competência da JT, a forma como o processo deve ser realizado, os procedimentos a serem adotados e as atividades das partes na relação processual. Abrangência: • Natureza coletiva e individual, pré-processual e processual Conflitos individuais do trabalho – relações individuais de trabalho, envolvendo partes determinadas Conflitos coletivos do trabalho – relações sindicais e os relativos a direitos metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos). Dissídio individual - é a ação judicial movida por um funcionário ou contratado contra seu empregador, para a obtenção de um direito negado ou a reparação de danos ocorridos na relação de trabalho. Obs.: excepcionalmente, o empregador/tomador/contratante pode figurar no polo ativo da reclamação, se tornando o reclamante, exs.: consignação em pagamento, inquérito judicial para apuração de falta grave, ação de obrigação de fazer etc. Dissídio coletivo – obtenção de decisão a respeito de novas condições de trabalho ou sobre a interpretação de certa norma jurídica aplicável a categoria. (sindicatos) Processo coletivo do trabalho (metaindividuais) – ações civis públicas e ações civis coletivas Fontes do Direito Processual do Trabalho Fontes Materiais: os acontecimentos sociais em sentido amplo, os fatores econômicos, os traços culturais, as construções éticas e morais de uma sociedade, além das questões políticas Fontes Formais: são o resultado do impulso das fontes materiais, caracterizando-se como a realização concreta e efetiva destas últimas Formais Diretas: lei em sentido genérico, Como fonte formal direta primordial do Direito Processual do Trabalho, temos as normas constitucionais, que serão seguidas pelas leis complementares, ordinárias, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções do Congresso Nacional, bem como os decretos-leis. No patamar infraconstitucional temos: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Título X ao Processo Judiciário do Trabalho; Lei nº 5.584/1970 dispõe acerca das normas procedimentais e complementares aplicáveis ao processo trabalhista, o Código de Processo Civil (CPC), aplicável de forma subsidiária e supletiva. Formais Indiretas - doutrina e jurisprudência Doutrina - fornece os fundamentos teóricos Jurisprudência - é o conjunto de decisões reiteradas de nossos Tribunais sobre casos análogos Formais de Explicitação analogia, equidade. costumes e princípios gerais de direito. (art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro/LINDB) ANALOGIA - Consiste em um método de interpretação jurídica utilizado quando, diante da ausência de previsão específica em lei, aplica-se uma disposição legal que regula casos idênticos, semelhantes, ao da controvérsia. Os usos e costumes - não são os da sociedade, mas sim os da prática forense em âmbito processual, ou seja, as condutas dos juízos e tribunais, presentes de maneira reiterada no curso dos processos. EQUIDADE - Contemporaneamente, o vocábulo equidade significa a suavização da norma abstrata, isto é, a lei regula uma situação-tipo, enquanto o intérprete, através da equidade, mediatiza, adequa o que está previsto na norma em abstrato ao caso concreto. Distingue-se assim, a equidade da analogia, pelo fato desta última ser uma operação lógico-comparativa realizada pelo técnico do direito quando há lacunas normativas, buscando preceito adequado que exista no ordenamento jurídico. Esta é efetivamente a concretização da integração jurídica, que retrata a importância das fontes do direito, que auxiliam de maneira significativa nesse processo. Princípios Jurídicos Conceito Mandamentos nucleares do sistema jurídico (Robert Alexy) – normas fundamentais – alicerces – servem de sustentação e fundamento para as regras. Obs.: Os princípios jurídicos têm força normativa e são aplicáveis nas relações jurídico-sociais. Gênero – normas Espécies – regras e princípios Regras - disposições que se aplicam ou não a um determinado caso (leis) Princípios – mandamentos de otimização – devendo ser aplicados ao máximo, de acordo com as condições fático-jurídicas existentes. Art. 8º do CPC – ao aplicar o ordenamento jurídico o juiz deve atender aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência Assim, nitidamente se contempla a existência de mandamentos com natureza jurídica de princípios. Funções dos Princípios Integração do ordenamento jurídico - integrativa Lacuna - Observada a ausência de disposição específica para regular o caso concreto em questão, pode-se recorrer aos princípios gerais de direito, “tradicionalmente conhecidos por analogia iuris”. Art. 4º da LINDB (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro) – quando a lei for omissa, o juiz deve decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito Art. 8º da CLT – as autoridades administrativas e a justiça do trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais devem decidir, “conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente no direito do trabalho. Interpretação – INTERPRETATIVA: - Orienta o juiz e o aplicador ou intérprete das normas jurídicas quanto ao seu real sentido e alcance Dica: em caso de dúvida interpretativa, a utilização dos princípios pode nortear o intérprete com relação à aplicação de uma norma. Inspiradora/criativa: - Visa inspirar o legislador em sua atividade de elaboração de novas disposições normativas Princípios no Direito Processual do Trabalho 1o - de que o direito processual do trabalho não possui princípios próprios, utilizando os do processo civil 2o – de que o direito processual do trabalho tem princípios específicos o que se comprova pelo princípio de proteção no Direito Processual do Trabalho que se distingue do princípio de proteção no Direito do Trabalho (Sergio Pinto Martins) Princípios Específicos do Processo do Trabalho: Princípio da Proteção no Direito Processual do Trabalho Relaciona às previsões que procuram conferir tratamento mais favorável à parte mais fraca da relação processual, ou seja, o empregado. Ex. Caso o autor (reclamante) que geralmente é o empregado não comparece a audiência, vai ocorrer o arquivamento da reclamação trabalhista (art. 844, caput, primeira parte da CLT), e mesmo assim o reclamante será beneficiado com a interrupção da prescrição dos pedidos realizados (art. 11, par. 3o da CLT). Já o réu (reclamado) usualmente o empregador, caso não compareça a audiência será decretada a revelia e a sua confissão com relação a matéria de fato (art. 844, caput, segunda parte da CLT - consequênciamais gravosa). Jurisprudência – também revela uma faceta do princípio da proteção no Direito Processual Trabalhista na medida em que fixa interpretação mais benéfica para o empregado Ex. Sumula 338 – TST - em caso de cartões de pontos uniformes, na discussão de horas extras, são invalidados e existe a inversão do ônus da prova das horas extras que passa a ser do empregador. Princípio da Simplicidade Assim, os procedimentos trabalhistas devem ser simplificados, sem formalidades desnecessárias, se pautando pela oralidade e celeridade Oralidade - permitindo que as partes exerçam o jus postulandi (exercício pessoal da capacidade postulatória e de defesa no âmbito da Justiça do Trabalho). Celeridade – maior rapidez no andamento do processo.
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