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DA HIPNOSE PARA ASSOCIAÇÃO LIVRE

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A hipnose é uma técnica que se deu início com Charcot no século XX, onde o médico induzia seus pacientes, com um objeto pendular, a fim de que estes se aproximassem do sono e fossem conduzidos, de forma passiva, aos comandos do hipnotizador para que narrassem os fatos que estariam no inconsciente. Desta forma, ao ser induzido dentro dos caminhos de sua mente, os traumas apareciam e geralmente os sintomas destes pacientes se desapareciam.
Freud conheceu esta técnica de Charcot, fez uso dela em alguns de seus pacientes, mas pouco a pouco passou a mesclar com outras técnicas, pois o uso somente desta, revelou que nem todos os pacientes eram de fato hipnotizados, as causas dos traumas não eram devidamente observadas e investigadas, e sendo assim, os sintomas reapareciam.
Diante dessas constatações e com um pedido direto de uma paciente sua, a senhora Emmy Von N., Freud passa a aplicar mudanças técnicas em seus procedimentos, abandona a hipnose e introduz o método de associação livre.
Este método consiste em “deixar falar”, onde o paciente era acomodado confortavelmente em um divã, e falava livremente, sem questionamentos. Já Freud se sentava com uma cadeira atrás e fazia suas anotações, mas sem estar no campo de visão do paciente. A sessão transcorria sem dormir, sem fechar os olhos e sem hipnotizar, ou seja, duas pessoas igualmente despertas.
A associação livre é até hoje a regra da Psicanálise, criada por Freud, e a sua intenção é que ocorra o menor número de filtros possível para que o paciente diga o que pensa ao analista, sem suprimir as resistências do paciente. O acesso ao inconsciente se tornou mais confiável e seus efeitos eram mais permanentes.
O paciente ao ser liberado de qualquer controle do analista em dar um sentido lógico a suas ideias, se vê mais confiável e forte para atingir seu inconsciente e trazer sentido às palavras do seu consciente, ou seja, as barreiras, os recalcamentos, as repressões são enfraquecidas. E é neste momento que Freud percebe que ao expor essas resistências é preciso analisá-las para atingir a “cura pela fala”.
É evidente que este método fora se aperfeiçoando ao longo do tempo, mas a princípio, a associação livre pode ser espontânea ou induzida (sonhos, fantasias, pensamentos etc.). Ademais, a interpretação dos sonhos também é uma forma de associação livre, onde de maneira figurada há a tentativa de driblar as defesas do ego e acessar o inconsciente, mas esses materiais devem serem interpretados dentro da terapia.
Primeiramente, a confiança entre analista e analisando é essencial, que é o que se denomina de transferência. Em segundo momento, o discurso deve ser longe de uma conversa informal, sem trazer a sessão elementos do analista, mas tão somente do analisando, pois tudo deve ser compreendido e analisado, jamais julgado ou definido como certo ou errado e/ou comparado.
E por fim, em terceiro momento, onde o paciente é deixado levar por seus pensamentos e, ao expressá-los, consegue falar abertamente (é neste tempo em que as representações emergem), trazendo à tona os elementos inconscientes, furando a barreira do ego, para a elaboração de uma análise do consciente.
A associação livre, sem dúvidas, é a maneira mais eficiente onde o paciente, pela confiabilidade, método e sem se preocupar em fazer algum discurso elaborado, atingir uma análise mais profunda e concreta, pois nela o paciente não é observado (frente a frente), não é julgado e assim pode se concentrar em suas associações. 
A hipnose, na maioria das vezes, não permitia com que seus pacientes se lembrassem conscientemente do que haviam dito ou acontecido, justamente por se tratar de um momento de “transe”, e que automaticamente, voltavam ao seu estágio inicial, criando assim um embate, que por sua vez o paciente poderia até duvidar do analista, o que dificultaria muito seu trabalho.
Já a associação livre quebra esta tratativa criando um vínculo entre analista e analisando em um estado pleno de consciência, e ao paciente incumbia falar, lidar com o que havia dito e em conjunto com o analista, trabalhar todas essas questões.
Por fim, Freud acredita que os analistas devem fazer a autoanálise, pois sem ela os riscos seriam desastrosos, como a dificuldade de compreensão dos pacientes, danos ao processo analítico, autopercepções, o que contribui para o descrédito da Psicanálise. 
Escutar o paciente é primordial. Antes o que era um questionário em forma de interrogatório passa a ser conduzido pelo acaso, por consequência: a hipnose, sugestão hipnótica e método catártico passam a ser dispensáveis, em segundo plano, ou melhor, faz uso quem quer, mas o paciente que usa do método de associação livre e abre mão de qualquer julgamento buscará a “cura pela fala”. O analista deve a todo momento fugir de qualquer julgamento e apenas escutar. Essas condições trazem muitos gatilhos, lembranças, recordações, pensamentos, sonhos que podem e vão auxiliar o paciente a compreender sua situação. Em suma, a associação livre veio como forma de simplificar e facilitar a comunicação entre analista e analisando, e auxiliar na busca de soluções de qualquer tratativa a ser considerada.

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