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Transparencia legislativa

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1 
 
Transparência Legislativa 
SUMÁRIO 
Módulo 1. Noções de transparência na Administração Pública .......................... 2 
Unidade 1.1. O que é transparência? Aspectos relevantes e marco legal ........... 2 
Unidade 1.2. Transparência ativa e passiva ................................................... 6 
Unidade 1.3. Transparência na gestão dos recursos públicos ........................... 8 
Unidade 1.4. Dados abertos ...................................................................... 10 
Módulo 2. Transparência no Poder Legislativo ............................................. 15 
Unidade 2.1. O Poder Legislativo ............................................................... 15 
Unidade 2.2. Transparência no Processo Legislativo ..................................... 19 
Unidade 2.3. A transparência no Senado Federal ......................................... 24 
Módulo 3. ferramentas de controle social e de avaliação de políticas públicas .. 31 
Unidade 3.1. A Transparência e outras ferramentas de Controle Cívico ........... 31 
Unidade 3.2. Casos de sucesso .................................................................. 34 
Unidade 3.3. Metodologias de avaliação de políticas públicas e exemplos de 
avaliação de transparência ....................................................................... 38 
Unidade 3.4. Índice de Transparência do Poder Legislativo ............................ 44 
 
 
2 
 
 
Módulo 1. NOÇÕES DE TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Ao concluir esse módulo, você estará apto a responder às seguintes perguntas: 
 O que é transparência? 
 Quais leis regulamentam o assunto no Brasil? 
 Qual a diferença entre transparência ativa e transparência passiva? 
 Como se aplica a ideia de transparência na administração pública? 
 O que são dados abertos? 
 
Unidade 1.1. O que é transparência? Aspectos relevantes e marco legal 
O termo 
A palavra “transparência” remete à propriedade daquilo que é transparente. 
Dizer que algo é “trasparente”, por sua vez, sigfinifica literalmente dizer que 
determinado objeto “permite a passagem da luz, de modo que aquilo que está por 
detrás fica inteiramente visível” (Michaelis, 2019). 
Desse conceito inicial vem a ideia de transparência que nos interessa aqui, ou 
seja, aplicado às instituições e, em particular, aos órgãos públicos. O que seria, então, 
uma instituição transparente? Trata-se, na verdade, de metáfora muito usada nos dias 
atuais para descrever instituições que adotam processos de publicização de seus 
dados, no sentido de permitir que pessoas de fora de sua estrutura possam acessar 
suas informações. 
Em linhas gerais, estamos interessados em visualizar as informações que são 
custodiadas por uma instituição, tanto administrativas quanto de suas atividades fins. 
Assim, se a instituição permitir que se transponha as barreiras que impedem o acesso 
à essas informações por pessoas que não fazem parte direta da instituição, então ela 
está sendo transparente em relação a essas informações. Segundo Gomes, Amorim e 
Almada (2018), “uma instituição é transparente se ela permite que o público 
interessado visualize as informações custodiadas por ela”. 
Transparência pressupõe publicidade, mas com essa não se confunde. A 
publicidade é um pressuposto para o exercício legítimo do poder por parte do Estado. 
Visa impedir perseguições, favorecimentos e colocar as decisões e ações do Estado 
sob a crítica da sociedade. 
Ocorre que a divulgação de informações pode ser feita de forma obscura e 
hermética. Por isso, a transparência deve ir além da publicização, deve fazer com que 
as informações sejam efetivamente compreendidas pela sociedade. 
Assim, uma importante dimensão da transparência é o uso de linguagem de 
fácil compreensão, característica sem a qual se cria na verdade a falsa impressão de 
que o órgão é transparente, quando na verdade ofusca a visão do público por meio do 
uso do “tecniquês” rebuscado. Não é por acaso que, como veremos na Unidade 1.2, 
há previsão legal para o uso de linguagem adequada, pois esse é um princípio básico 
para garantir o acesso amplo e irrestrito à informação. 
 
3 
 
Transparência Pública e Privada 
A transparência se diferencia no aspecto privado e público. Na dimensão 
privada, as pessoas físicas tem o direito ao sigilo de suas informações garantido pelo 
artigo 5º, inciso XII da Constituição1 e também pela Lei nº 13.709/2018 (LGPD). As 
empresas também, de forma geral, não precisam publicar ostensivamente seus dados, 
como por exemplo, os salários de seus funcionários e os custos dos seus mobiliários. 
Os agentes e órgãos públicos, por outro lado, tem o dever de publicidade 
inscrito no art. 37 da Constituição Federal2. A destinação dos recursos públicos e a 
composição da despesa pública é assunto de interesse social e, por isso, deve ser 
garantida sua publicidade. 
A transparência pública é um assunto que ocupa constantemente o noticiário 
nacional. É por meio das ferramentas de transparência dos dados públicos que órgãos 
de controle, como o Ministério Público, a imprensa e mesmo o cidadão podem ter 
acesso a informações de interesse social. 
As informações criadas e mantidas pelo Estado são, como regra, de interesse 
geral e é direito da sociedade conhecer como os tributos são gastos, além de ter acesso 
a programas de governo, participar de audiências públicas, opinar sobre o orçamento. 
Marco legal 
O histórico da Lei de Acesso à Informação Pública no Brasil tem origem anterior 
à sua promulgação, pois havia todo um processo de discussão internacional sobre a 
liberdade de informação que impulsionaram este marco legal no Brasil. 
Em dezembro de 1946 a ONU, em Assembleia Geral, formalizou sua primeira 
noção de “liberdade de informação” quando adotou a Resolução 59, que especifica a 
liberdade de informação como direito humano fundamental. O conceito também foi 
ratificado posteriormente na Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 no 
art. 19, que diz: 
“Toda pessoa terá o direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a 
liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer 
natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou 
por escrito, de forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de sua 
escolha. ” 
Em 1966, um tratado com força de lei foi adotado pela Assembleia Geral da 
ONU, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. Entrando em vigor apenas em 
1976, quando atingiu o número mínimo de adesões estipulado de 35 Estados, ele foi 
ratificado por 160 Estados em julho de 2007. 
Esse documento teve o objetivo de responsabilizar os Estados signatários, 
garatindo o compromisso jurídico com os dispositivos da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. O Congresso Brasileiro aprovou o Pacto em 12 de dezembro de 
 
1 XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal; 
2 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência 
4 
 
1991 por meio do Decreto Legislativo nº 226, tendo adesão na ONU em 24 de janeiro 
de 1992. 
Porém, o Pacto trazia apenas noções abrangentes do direito de acesso à 
informação, não especificando as informações emitidas pelos órgãos públicos. Esta 
lacuna foi resolvida com a assinatura da Convenção das Nações Unidas contra a 
Corrupção, aprovada em 2003 em Assembleia Geral, com a ratificação da necessidade 
de transparência nos órgãos governamentais. A convenção determina que “os Estados 
Partes implementempolíticas contra a corrupção efetivas que promovam a 
participação da sociedade e reflitam os princípios do Estado de Direito, tais como a 
integridade, a transparência e a accountability, entre outros. ” (United Nations Office 
on Drugs and Crime, 2007). A Convenção foi incorporada ao sistema brasileiro por 
meio do Decreto nº 5.687 de 2006. 
Entre outras assembleias e convenções internacionais que tratavam do 
reconhecimento do direito à informação, vale ressaltar o Projeto “Open Government 
Partnership”, da “Tides Foundation”, iniciativa que lançou a Declaração para o Governo 
Aberto, da qual o Brasil participou como um dos oito países fundadores. 
No cenário brasileiro, a promulgação da Constituição Federal de 1988 marcou 
o retorno do compromisso governamental com os direitos fundamentais da pessoa 
humana e o retorno ao regime democrático. O direito à informação foi previsto pela 
nova Constituição Federal no art. 5º, inciso XXXIII, que diz: 
“XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no 
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; ” (Regulamento) (Vide 
Lei nº 12.527, de 2011). 
O art. 37 da Constituição Federal promove, entre outros princípios, a 
publicidade da Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. No art. 216, parágrafos 1º e 
2º, determina-se que: 
“§ 1º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e 
protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, 
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento 
e preservação. 
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação 
governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela 
necessitem. ” 
Assim, a Lei Maior garantiu a responsabilidade governamental em dispor as 
ferramentas necessárias para a transparêcia pública, bem como a necessidade da 
participação social no controle de tais atividades. 
No âmbito infraconstitucional, em consonância com o art. 37 da Constituição, 
adveio a Lei 9.784/99 que preceitua “a divulgação dos atos administrativos, 
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição” (art. 2º, inciso V). Apesar 
de incipiente, a legislação evidencia a evolução das normas afeitas a divulgação dos 
dados públicos. 
Como exemplo da influência do princípio da publicidade dos dados de interesse 
público e a modernização do acesso à informação, temos a Lei nº 9.755/98, que dispõe 
sobre a criação de página na internet pelo Tribunal de Contas da União, e também o 
Decreto nº 5.482/2005, que dispõe sobre a divulgação de dados e informações pelos 
órgãos e entidades da administração pública federal por meio da internet e a criação 
5 
 
do Portal da Transparência do Poder Executivo, ampliando a transparência e 
permitindo ao cidadão ter o conhecimento dos dados de forma rápida e acessível. 
Já a Lei Complementar 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade 
Fiscal (LRF), foi um marco importante na legislação de transparência pública. A LRF foi 
elaborada para estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a 
responsabilidade na gestão fiscal. A referida norma, em seu parágrafo 1º, estipula 
que a “responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, 
em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas 
públicas”. Enfatiza, ainda, em seu art. 48, que 
“São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla 
divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, 
orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o 
respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o 
Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.” 
No âmbito administrativo, a criação da Controladoria-Geral da União (CGU), em 
2003, contribuiu para a formação de um ambiente de fortalecimento institucional da 
gestão pública democrática. Entre suas funções, foi determinado pela Lei 11.204 de 
2005, no art. 17, a seguinte competência: 
“À Controladoria-Geral da União compete assistir direta e imediatamente ao 
Presidente da República no desempenho de suas atribuições quanto aos 
assuntos e providências que, no âmbito do Poder Executivo, sejam atinentes à 
defesa do patrimônio público, ao controle interno, à auditoria pública, à 
correição, à prevenção e ao combate à corrupção, às atividades de ouvidoria e 
ao incremento da transparência da gestão no âmbito da administração pública 
federal.” 
Também no ano de 2005, o Decreto da Presidência da República nº 5.482 
ampliou a divulgação de dados e informações pelos órgãos e entidades da 
administração pública federal na internet. A Lei 11.111/2005 estipula ressalvas ao 
acesso de documentos públicos exclusivamente nas hipóteses em que o sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, incluindo hipóteses de 
classificação de sigilo. 
A Lei Complementar 131/2009, chamada de Lei da Transparência, estabelece 
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá 
outras providências a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de 
informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A Lei Complementar também 
assegura a transparência no art. 48, parágrafo único, mediante: 
“I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante 
os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes 
orçamentárias e orçamentos; 
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em 
tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e 
financeira, em meios eletrônicos de acesso público; 
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que 
atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da 
União e ao disposto no art. 48-A.” 
Por fim, a Lei 12.527/2011, conhecida como a Lei de Acesso à Informação (LAI) 
é tida como a maior ferramenta de transparência pública ativa e passiva no Brasil. A 
LAI assegura ao cidadão direito de orientação sobre a obtenção do acesso e local onde 
poderá ser encontrada ou obtida a informação. Propicia a abertura de dados em 
formato aberto e a disponibilização de dados em sítios oficiais dos órgãos na rede 
6 
 
mundial de computadores, bem como a disponibilização das informações independente 
de requerimentos e em locais de fácil acesso. Fornece, também, meios de penalização 
ao descumprimento da lei pelo agente público. É considerada o marco regulatório da 
transparência pública no Brasil e uma das mais completas e amplas regulamentações 
em comparação às adotadas em outros países. 
 Subordinam-se ao regime da LAI os órgãos públicos integrantes da 
administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluso Cortes de Contas, 
Judiciário e Ministério Público, bem como as autarquias, fundações públicas, empresas 
públicas, sociedades de economia mista, entidades controladas direta ou 
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A LAI também se 
aplica, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para 
realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento 
ou mediantes subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, 
acordos, ajustes ou outros instrumentos de mesma espécie. Cabe ressaltar que, destas 
entidades, a publicidade da prestação de contas refere-se a parcela recebida dos 
recursos públicos e atividades das ações de interesse público. 
No decorrer do curso, asregras gerais e alguns dispositivos específicos da Lei 
serão estudados. 
 
Unidade 1.2. Transparência ativa e passiva 
Uma distinção importante no estudo da transparência pública é a que diz 
respeito à diferença entre transparência ativa e passiva. A transparência dita ativa 
quando os órgãos divulgam informações por iniciativa própria ou em cumprimento da 
legislação, sem necessidade de provocação direta do cidadão, estando a informação 
disponível para consulta direta. Por outro lado, a transparência é considerada passiva 
quando a informação é fornecida mediante a solicitação de pessoa física ou jurídica, 
por não estar disponível para consulta direta à população. 
Vejamos em detalhes essas diferenças. 
Transparência Ativa 
A legislação brasileira, em especial a Lei de Acesso à Informação e a Lei de 
Responsabilidade Fiscal, traz uma lista de informações que precisam estar dispostas 
nos sítios institucionais. Ao atender à LAI e disponibilizar tais informações em seus 
sítios na internet, o órgão está assumindo a postura de transparência ativa. A 
transparência ativa pode ser tida também como proativa., pois os órgãos custiadores 
de informações públicas devem assumir a iniciativa de reunir e divulgar dados que 
sejam de interesse coletivo, não se limitando ao que as leis expressamente listam. A 
transparência ativa deve, por princípio, ser de tal forma que o uso do recurso da 
transparência passiva para atendimento das demandas dos cidadãos seja a exceção 
(art. 3º, II, Lei de Acesso à Informação). 
Os órgãos públicos têm o dever de divulgar, independentemente de qualquer 
pedido ou solicitação, informações como repasses ou transferências de recursos 
financeiros, registros das despesas, procedimentos licitatórios, bem como todos os 
contratos celebrados. A divulgação desses dados deve se dar tanto de forma física, 
nas sedes dos órgãos, como também de forma virtual, em sítios oficiais na internet. 
A LAI estabelece requisitos para que os sítios institucionais cumpram com os 
princípios da transparência ativa. Entre outros parâmetros, as páginas devem conter 
7 
 
ferramentas de busca, os dados devem ser disponibilizados em formatos abertos e 
deve-se garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência. 
A informação disponibilizada deve possuir sempre os seguintes atributos: a) 
disponibilidade: ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas 
autorizados; b) autenticidade: ter sido produzida, expedida, recebida ou modificada 
por determinado indivíduo, equipamento ou sistema; c) integridade: não ser 
modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; e d) primariedade: ser 
coletada na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem modificações. 
Avaliemos três páginas institucionais que exemplificam bem a observância aos 
princípios da transparência ativa. 
No Portal de Transparência do Senado Federal é possível, por exemplo ter 
acesso detalhado aos contratos administrativos do órgão. A busca leva a detalhes 
como valores, datas de assinaturas e vigência e documentos originais que constam do 
processo. 
https://www12.senado.leg.br/transparencia 
O Governo Federal divulga detalhes e relatórios gráficos sobre os gastos com 
cartões corporativos. Nessa página da Controladoria Geral da União é possível 
consultar detalhes como os órgãos e servidores que mais gastam, as compras e os 
saques realizados, bem como os estabelecimentos que receberam mais pagamentos: 
http://www.portaltransparencia.gov.br/cartoes 
O Portal da Transparência do Governo do Distrito Federal apresenta gráficos 
que detalham as informações sobre os servidores públicos de maneira clara. Em uma 
mesma página, é possível consultar a evolução do gasto com remuneração, a relação 
entre aposentados e ativos, o regime jurídico dos servidores e outros detalhes. Outro 
bom exemplo de transparência ativa. 
http://www.transparencia.df.gov.br/#/servidores/dashboard 
 
Transparência Passiva 
A Lei de Acesso à Informação inovou ao estabelecer prazos e procedimentos 
claros para que informações públicas sejam solicitadas diretamente aos órgãos 
públicos. Qualquer cidadão ou organização pode solicitar dados públicos. A regra é a 
apresentação das informações ao solicitante imediatamente. Quando não for possível, 
a administração pública tem prazo de até 20 dias para providenciar a informação. A 
Lei prevê ainda sanções para os agentes públicos que descumprirem prazos e 
obrigações. 
O pedido de acesso à informação deve conter a identificação do requerente e a 
especificação do pedido. Não é necessário apresentar as razões da solicitação, nem o 
pagamento de qualquer valor para a solicitação. O pedido poderá ser feito diretamente 
nos órgãos ou pela internet. 
Como regra, os dados produzidos e custodiados pelo Estado são públicos e, 
portanto, devem ser fornecidos sempre que solicitados (art. 3º, I, LAI). Há exceções, 
como os dados classificados como sigilosos e dados pessoais de outrem. Informação 
sigilosa é aquela submetida temporariamente à restrição de acesso público em razão 
https://www12.senado.leg.br/transparencia
http://www.portaltransparencia.gov.br/cartoes
http://www.transparencia.df.gov.br/#/servidores/dashboard
8 
 
de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado. A informação 
pessoal está relacionada à pessoa natural identificada ou identificável. 
Uma diferença importante da divulgação de informações públicas de forma 
ativa e de forma passiva é quanto ao alcance da publicidade. Quando a divulgação 
da informação decorre de pedido da sociedade civil, os dados são fornecidos 
diretamente ao solicitante, e não divulgados de forma ampla. Evidente que cabe a 
Administração avaliar se a informação solicitada de forma individual deve ser 
publicada de forma ampla. Apesar de os órgãos públicos terem o dever legal de 
disponibilizar de forma ativa diversos dados públicos, o cidadão não precisa provar 
que buscou os dados no site antes de solicitá-los. 
Vejamos agora alguns exemplos de transparência passiva por meio de sistemas 
de acesso à informação. No âmbito do Poder Executivo Federal, o Sistema Eletrônico 
do Serviço de Informações ao Cidadão (e-SIC) permite que qualquer pessoa, física ou 
jurídica, encaminhe pedidos de acesso à informação, acompanhe o prazo e receba a 
resposta da solicitação. 
https://esic.cgu.gov.br/sistema/site/index.aspx 
O Senado Federal possui diversos mecanismos para atender solicitações de 
informação dos cidadãos. Por meio da Ouvidoria, é possível fazer pedidos por carta, 
telefone ou e-mail. Ainda existe uma página específica do Serviço de Informação ao 
Cidadão que processa os pedidos conforme as regras da LAI. 
https://www12.senado.leg.br/transparencia/formtransparencia 
 
Unidade 1.3. Transparência na gestão dos recursos públicos 
Recursos públicos 
Dentre os vários aspectos da transparência pública, aquele que trata dos 
recursos públicos tem especial relevância. De fato, os exemplos mais evidentes da 
necessidade e da importância da transparência residem nos aspectos relacionados à 
gestão dos recursos públicos, ou seja, à forma como o gestor público lida com receitas, 
bens, créditos e etc. 
A importância da transparência nos recursos públicos está marcada em nossa 
Constituição de 1988, que ressalta a importância da “fiscalização financeira da 
administração pública direta e indireta” (art. 163, V). 
A Administração Pública tem o dever de gerenciar os bens e serviços públicos. 
Para fazer isso, ela necessita de dinheiro que, por sua vez, vem - em sua maior parte 
- do próprio público, ou seja, da população como um todo, por meio de impostos, de 
taxas públicas ou de outros tributos. Para se ter uma ideia, a arrecadação de impostos 
e contribuições federais somou R$ 1,457 trilhão em 2018, uma soma bem 
considerável! 
Mas, explorando um pouco mais o conceito de recursos públicos, podemos dizer 
que setratam de aspectos que vão além do dinheiro em si. Recursos públicos também 
incluem os bens que compõem o patrimônio público, móveis e imóveis, e qualquer 
outros aspectos que possam refletir a noção de bens com valor monetário, ainda que 
não necessariamente expresso de forma direta em recursos financeiros, como é o caso, 
por exemplo, de patentes e direitos de uso. 
https://esic.cgu.gov.br/sistema/site/index.aspx
https://www12.senado.leg.br/transparencia/formtransparencia
9 
 
A situação é semelhante à de um condomínio, onde todos dão sua contribuição, 
mas é o síndico quem administra os recursos coletivos. Há, é claro, uma enorme 
disparidade de dimensões quando se fala da Administração Pública, principalmente da 
Administração Pública Federal, mas pelo menos uma semelhança está presente 
quando se trata da gestão de recursos comunitários: o gestor tem o dever e a 
obrigação de prestar contas aos demais sobre como ele gerencia os recursos de todos. 
O patrimônio público não é do Estado, e sim de toda a sociedade. A sociedade, 
por sua vez, elege diversas autoridades para administrar e fiscalizar esse patrimônio 
(no caso dos poderes Executivo e Legislativo, esse último, foco de nosso curso). Esses 
administradores devem mostrar à sociedade, dona do patrimônio, como eles estão 
usando os recursos que a sociedade os confiou , assim como, por analogia, o gerente 
de uma empresa deve mostrar aos acionistas como ele administrou os recursos da 
empresa. 
Essa linha de transparência é também conhecida como transparência fiscal e 
merece um pouco mais de atenção, como veremos adiante. 
Prestação de contas 
O ‘prestar contas da gestão’ pode ser feito de diversas formas: via tribunais de 
contas, via auditorias internas ou externas, via demandas judiciais. Mas, em geral, 
esses meios de prestação de contas não chegam ao público comum, ou se chegam, é 
por meio de linguagem técnica e de difícil compreensão. Pode, até, ser considerado 
prestação de contas do ponto de vista formal e legal, mas podemos considerar apenas 
esses meios um verdadeiro ‘prestar contas’ ao cidadão? 
É nesse contexto que a transparência na gestão dos recursos públicos pode 
fazer a diferença. Como mencionamos na Unidade 1.1, o princípio da transparência 
pressupõe publicidade e linguagem de fácil compreensão. Tratando-se de recursos 
públicos, portanto da vertente financeira da Administração, o uso da linguagem 
adequada se faz mais premente. 
Assim, podemos dizer que a gestão dos recursos públicos pode ser considerada 
transparente se ela mostra aos contribuintes, de forma clara e acessível, o que o gestor 
fez ou planeja fazer com o patrimônio público administrado por ele. 
O assunto foi esmiuçado na Lei de Responsabilidade Fiscal que, inspirada na 
Constituição, trata de diversos aspectos das finanças públicas e dedica um capítulo 
especial à transparência, controle e fiscalização da gestão fiscal. O enfoque, aqui, é na 
transparência dos gastos públicos. A LRF estabelece, inclusive, a periodicidade com 
que a Administração Pública deve divulgar seus relatórios contábeis. 
 A LAI, por sua vez, explicita claramente no seu artigo 8º a necessidade de usar 
linguagem clara e o dever que recai aos gestores públicos de dar transparência às 
despesas, repasses, transferências e responsabilidades assumidas por meio de 
contratos e licitações. 
Para saber mais 
O objetivo do presente curso não é se aprofundar em questões orçamentárias, 
mas verifica-se a ocorrência de um salto qualitativo na transparência no que diz 
respeito à tentativa de aproximar o linguajar técnico do cidadão comum. Talvez a 
principal ferramenta utilizada sejam os recursos didáticos usados pela Administração 
Pública e colocados à disposição de todos, principalmente via internet. 
10 
 
É o caso, por exemplo, da série Orçamento Fácil, produzida pelo Senado Federal 
e que tem o objetivo de explicar, em linguagem clara e simples, a importância do 
orçamento público e como ele é elaborado no Brasil. O material está disponível em 
https://www12.senado.leg.br/orcamentofacil. 
 
Além dessa iniciativa, o Instituto Legislativo Brasileiro disponibiliza outros cursos 
voltados à área orçamentaria acessíveis para o cidadão comum, como podemos ver 
em https://www12.senado.leg.br/institucional/escola-de-governo/cursos-on-line 
A Controladoria-Geral da União (CGU) também mantém várias iniciativas 
pedagógicas que visam suprir a natural dificuldade de entendimento do cidadão 
comum quando se depara com assuntos técnicos como aqueles relacionados a 
orçamento público. Vale a pena visitar, por exemplo, a página da CGU no Youtube: 
https://www.youtube.com/user/CGUoficial 
 
Unidade 1.4. Dados abertos 
Contextualização 
No século XIX, o médico John Snow fez uma descoberta que salvaria inúmeras 
vidas. Após cruzar dados sobre mortes por cólera com a localização de fontes d’água, 
ele descobriu uma correlação entre a poluição da água e as mortes por cólera em 
Londres. A cólera era causada pelo consumo de água contaminada com matérias 
fecais. Essa conclusão só foi possível graças a combinação de dados públicos – um dos 
objetivos da promoção dos dados abertos governamentais. 
Dados abertos governamentais são dados mantidos ou gerados pelo Estado e 
disponibilizados de forma bruta para a sociedade. Com eles é possível a criação de 
novos sites, sistemas, aplicativos, o cruzamento com outras informações. 
Principalmente, com dados abertos é possível a criação de outras interpretações e 
apresentações das informações disponíveis. 
A abrangência do conceito transparência pública vai bem além da mera 
exposição de informações para a população. Um conjunto de informações técnicas 
reunidas nem sempre comunica algo claro para o cidadão. Em alguns casos, os portais 
de transparência ainda apresentam relatórios e consultas mais aprofundados buscando 
facilitar a compreensão da informação. Mas na maioria dos casos, a transparência se 
restringe à publicidade com dados públicos meramente expostos ao cidadão. 
Para evoluir esse quadro e aperfeiçoar a transparência pública, o conceito de 
dados abertos foi desenvolvido. Por meio dos dados abertos, cabe aos órgãos públicos 
fornecer dados em formatos que permitam sua manipulação para uso em aplicativos 
https://www12.senado.leg.br/orcamentofacil
https://www12.senado.leg.br/institucional/escola-de-governo/cursos-on-line
https://www.youtube.com/user/CGUoficial
11 
 
diversos e ainda para o desenvolvimento de soluções tecnológicas que interpretem tais 
dados de forma livre. Eles devem estar acessíveis de forma indiscriminada, aos 
cidadãos, organizações, mídias e outros atores sociais. 
O Estado é um elemento fundamental nesse processo não só pela obrigação 
legal que tem de fornecer dados de interesse público, mas principalmente pela 
quantidade e qualidade das informações que possui. O desenvolvimento social, cívico 
e econômico de uma nação pode ser fomentado pela abertura dos dados que o estado 
possui. Entre as diversas vantagens existentes na ampliação da política de dados 
abertos, pode-se destacar as seguintes: 
 Maior transparência e controle cívico do governo; 
 Mais colaboração e participação social nas decisões públicas; 
 Promoção da inovação tecnológica e social; 
 Melhora na prestação, na eficiência e no impacto dos serviços públicos. 
 
Apenas a título de exemplo, vejamos o caso da segurança pública. Ao receber 
a solicitação de dados sobre violência em uma cidade, a administração pública pode 
apresentar a resposta de várias formas. Por um lado, vai estar atendendo a LAI se 
fornecer um Relatório Anual de Segurança Pública, em formato .PDF. Por outro, pode 
disponibilizar os próprios dados planilhados que fundamentaram a elaboração do 
relatório. Esse último caso atende oferece dados abertos para a livre utilização do 
cidadão. 
Por meio dos dados abertos é possível se avançar para além do conceito detransparência pública como direito. Oportuniza-se a reutilização, recombinação e 
ressignificação das informações públicas. Por meio dessa abordagem é possível 
promover não só a publicação dos dados públicos, mas ainda a colaboração entre 
diversos atores da sociedade, como universidades, empresas e hackers3 para o 
desenvolvimento de soluções sociais. Assim, apresentar informações de forma aberta 
é um recurso eficiente para aproximar o cidadão do Estado 
Para tanto, os dados devem ser disponibilizados de forma livre de restrições de 
copyright, patentes ou qualquer forma de controle. A Open Knowledge Internacional, 
organização sem fins lucrativos que promove conhecimento livre, define os dados 
abertos da seguinte forma: 
“qualquer pessoa pode livremente acessá-los, utilizá-los, modificá-los e 
compartilhá-los para qualquer finalidade, estando sujeito a, no máximo, a 
exigências que visem preservar sua proveniência e sua abertura.” 
Por meio dos dados abertos governamentais promove-se a inteligência coletiva. 
Cidadãos podem utilizar e reutilizar os dados para cruzamentos e análises que atendam 
suas necessidades específicas. É possível promover o controle cívico da atividade 
pública e ainda a participação social das decisões públicas. 
Do ponto de vista das organizações sociais, empresas de tecnologia, 
universidade e grupos hacker podem trabalhar os dados e criar novos aplicativos e 
 
3 Em informática, hacker é um indivíduo que se dedica, com intensidade incomum, a conhecer e modificar 
os aspectos mais internos de dispositivos, programas e redes de computadores. Graças a esses 
conhecimentos, um hacker frequentemente consegue obter soluções e efeitos extraordinários, que 
extrapolam os limites do funcionamento "normal" dos sistemas como previstos pelos seus criadores; 
incluindo, por exemplo, contornar as barreiras que supostamente deveriam impedir o controle de certos 
sistemas e acesso a certos dados. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hacker 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hacker
12 
 
sistemas. Assim, é possível criar soluções tecnológicas para problemas sociais que o 
Estado não pode ou não consegue efetivamente produzir. 
Características 
Diversas características podem ser associadas aos dados abertos 
governamentais. A tabela a seguir especifica algumas dessas características para 
facilitar a distinção do que são dados públicos abertos e não abertos 
Característica Definição 
Disponibilidade e Acesso O dado precisa estar inteiramente disponível na 
internet e ser possível o download sem 
necessidade de cadastros. 
Reuso e Redistribuição Fornecido em condições que permitam a 
reutilização e a disponibilização para outros 
interessados. Como regra, significa dado sem 
copyright, patente, marcas registradas e sem 
restrição de uso. 
Participação Universal Sem limitações de uso por pessoas, grupos ou 
finalidade. Significa permitir por exemplo o uso 
comercial de dados públicos. 
Primários Apresentados como foram colhidos na fonte, sem 
tratamento e com a maior granularidade possível. 
Interoperabilidade Permitir um eficiente cruzamento de informações 
entre dados públicos de fontes diversas. 
Publicações em formatos e padrões diferentes não 
promovem a comunicação entre as informações. 
 
Os dados podem ser disponibilizados de maneiras diversas. Os documentos 
podem estar disponíveis para download ou para consulta em tempo real por meio de 
webservices e APIs. Sem aprofundarmos em detalhes técnicos, cabe destacar que por 
meio dos webservices e das APIs é possível automatizar o download dos dados abertos 
para que alimentem outros programas e sistemas em tempo real. 
Um exemplo de divulgação de dados em formato não aberto são os arquivos 
PDFs. Este formato é bastante útil para a burocracia interna dos órgãos 
governamentais por ser mais seguro e garantir a integridade da informação. Porém, 
como documento criado para ser somente leitura, eles não permitem a manipulação e 
reutilização da informação. Ainda, os arquivos PDFs não são “legíveis” pela 
computação que os compreende como meras imagens. São basicamente inúteis para 
a abertura de dados. Entre os diversos formatos utilizados para a abertura de dados, 
destaca-se o XML, o JSON, e o CSV. 
Importante destacar que mesmo os dados abertos governamentais devem levar 
em conta a privacidade da pessoa física e a segurança do Estado. Por isso, os dados 
divulgados não podem conter informações sobre indivíduos específicos. É possível, por 
13 
 
exemplo, a divulgação das notas de todos os alunos de escolas públicas de um estado, 
mas não é permitido que se possa identificar a nota de qualquer aluno em especial. 
Dados abertos no Brasil 
Antes do advento da Lei de Acesso à Informação, o Brasil já possuía diversos 
bancos de dados públicos divulgados na web como o IBGE, Datasus, IPEA, INEP. A Lei 
de Responsabilidade Fiscal já obrigava os governos a apresentar diversos dados 
financeiros e orçamentários para a população. Em alguns casos, esses dados eram 
apresentados em formatos abertos. 
Todavia, a obrigatoriedade da divulgação de informação pública em dados 
abertos somente foi incorporada pela legislação brasileira por meio da Lei de Acesso à 
Informação. O parágrafo terceiro do art. 8 traz a definição de dados abertos. 
“Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente 
de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas 
competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas 
ou custodiadas. 
§ 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de regulamento, atender, 
entre outros, aos seguintes requisitos: (...) 
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos, 
inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a 
facilitar a análise das informações; 
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos 
abertos, estruturados e legíveis por máquina; 
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da 
informação; (...)”. 
Após o advento da LAI, diversos órgãos públicos elaboraram e publicaram 
Planos de Dados Abertos, documentos que estabelecem o objetivo e o processo para 
aberturas de dados públicos. Após as inovações legislativas e a crescente 
disponibilização de dados, as soluções sociais desenvolvidas foram se multiplicando. 
Hoje, existem no Brasil incontáveis iniciativas de sucesso na utilização de dados 
públicos. Segue uma lista exemplificativa de sistemas e produtos baseados em dados 
abertos governamentais. 
Detector de Corrupção 
http://www.vigieaqui.com.br/detectordefichadepolitico 
O chamado Detector de Corrupção funciona com o auxílio da câmera do celular 
ou tablet: basta o usuário apontar a câmera para a face do candidato, esteja ele em 
um comercial de TV, debate, santinho, cartaz, anúncio de jornal, ou qualquer outro 
meio, para saber mais informações do político. 
Monitora, Brasil! 
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.gamfig.monitorabrasil&hl
=pt 
O aplicativo Monitora, Brasil! é uma ferramenta que possibilita a qualquer 
pessoa pesquisar e monitorar o que os Deputados Federais e Senadores estão fazendo 
na Câmara dos Deputados e no Senado. É possível verificar a assiduidade, os projetos 
propostos, rankings, Twitter e outras informações. Os dados são extraídos do site da 
Câmara dos Deputados, Senado Federal, TSE e Transparência Brasil. 
http://www.vigieaqui.com.br/detectordefichadepolitico
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.gamfig.monitorabrasil&hl=pt
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.gamfig.monitorabrasil&hl=pt
14 
 
Siga seu vereador 
http://www.vereadores.org/ 
O site tem como objetivo criar uma plataforma de linha do tempo com as ações 
realizadas pelos atuais vereadores, sendo possível que os usuários sigam os 
vereadores selecionados.Foi campeão da Maratona de Programação Hackaton da 
Câmara municipal de São Paulo. 
 
Votenaweb 
http://www.votenaweb.com.br/ 
Site de engajamento cívico apartidário que apresenta, de forma simples e 
resumida, os projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional. Qualquer pessoa 
pode votar contra ou a favor das propostas e dar a sua opinião. A administração do 
site fica encarregada de levar ao Congresso os resultados dessa participação popular. 
Além dos dados abertos 
Atualmente, novas abordagens sobre transparência ativa ultrapassam a mera 
disponibilização de dados abertos governamentais. Diversos governos, inclusive 
alguns brasileiros, vem organizando eventos de promoção da utilização prática desses 
conjuntos de dados abertos. Assim, além de divulgar os bancos de dados, a sociedade 
é incentivada a utilizar essas informações para gerar soluções reais de impacto social. 
Entre os eventos promovidos, destacam-se os Hackathon, Hackdays, 
Demodays e Pitchday. Na maioria dos casos, os desenvolvedores têm um prazo para 
desenvolver soluções tecnológicas com base nos dados abertos disponibilizados pelo 
órgão organizador. Os projetos vencedores recebem prêmios e são disponibilizados 
para a utilização do governo ou da sociedade. 
Na competição americana Apps for Democracy, em 2008, foram desenvolvidos 
47 aplicativos para web, iPhone e outras plataformas. O evento teve um custo de 50 
mil dólares para o governo e gerou um valor estimado em mais de 2,6 milhões de 
dólares para economia local. 
 
 
 
http://www.vereadores.org/
http://www.votenaweb.com.br/
15 
 
Módulo 2. TRANSPARÊNCIA NO PODER LEGISLATIVO 
Ao concluir esse módulo você estará apto a: 
 determinar a organização e as funções do Poder Legislativo, 
 descrever as competências do Congresso Nacional Brasileiro, 
 descrever a transparência durante a tramitação do processo legislativo, 
e 
 expor como é promovida a transparência no Senado Federal e os 
mecanismos utilizados. 
 
Unidade 2.1. O Poder Legislativo 
Contextualização 
Para tratar de transparência pública é fundamental falar sobre o papel pioneiro 
e fundamental do Poder Legislativo no controle e na avaliação da utilização dos 
recursos públicos. É necessária, portanto, uma breve revisão sobre a instituição 
parlamentar para compreendermos a dimensão histórica da transparência pública. 
A própria origem do Poder Legislativo se confunde com a busca por 
transparência. O primeiro parlamento ocidental foi inaugurado na Inglaterra, em 1215. 
A nobreza buscava então descentralizar o poder do Rei João Sem-Terra e para tanto 
lhe impuseram uma espécie de constituição, a Magna Carta. Entre outros 
mandamentos, o texto estabelecia a necessidade de aprovação de novos impostos por 
meio de um conselho de cidadãos convocados de diversos setores da sociedade. 
Todavia, em pleno absolutismo monárquico, essa primeira proposta de parlamento não 
funcionou a contento. Posteriormente, ainda na Inglaterra, a Revolução Gloriosa tratou 
de estabelecer uma Monarquia Constitucionalista realmente parlamentar. 
Divisão Clássica de Poderes 
A necessidade de um Poder Legislativo pressupõe a existência de poderes 
estatais. No regime monárquico, a criação de leis, o julgamento de crimes e a 
administração dos assuntos governamentais são encarregadas à figura do rei, ou da 
rainha. 
Porém essa centralização absoluta vinha apresentava contradições internas e 
oponentes externos encontrando no iluminismo um importante vetor contrário. 
Movimento cultural europeu desenvolvido nos séculos XVII e XVIII, o iluminismo 
defendia liberdade política e econômica, especialmente para a burguesia. O movimento 
criticava diretamente o absolutismo e os privilégios da nobreza e do clero colocando o 
próprio sistema monárquico no centro da discussão. 
Foi o Barão de La Brède e de Montesquieu, filosofo iluminista, quem propôs o 
desmembramento das funções, ou poderes, da monarquia. Seu famoso livro, Do 
Espírito das Leis, publicado em 1748 é considerado um divisor de águas no 
pensamento político ocidental. Apesar de hoje parecer óbvio, a ideia de desconcentrar 
os poderes legislativos, judiciais e executivos não era majoritária na época e era 
naturalmente hostilizada pelas nobres famílias que monopolizavam os poderes se 
revezando nas monarquias europeias. 
Alguns anos após a publicação do livro de Montesquieu, a Revolução Francesa 
abalou o continente europeu e levou os princípios da igualdade e da liberdade às 
16 
 
últimas consequências. O monarquismo foi deposto na França e em outros países 
europeus de forma abrupta e violenta. Mesmo considerando que após a derrota de 
Napoleão Bonaparte diversos reis tenham voltado aos seus tronos, o pensamento 
político havia sido modificado de forma irreversível. A ideia de divisão de poderes e de 
um Parlamento para o exercício do poder legislador e fiscalizador retornou com vigor 
e permanência no velho continente e de lá espalhou-se para o resto do mundo. 
Hoje o Poder Legislativo é tido como figura central nos sistemas democráticos. 
A existência de eleições livres e justas para o parlamento e o pleno exercício dos 
mandatos eletivos são considerados elementos definidores das democracias. 
Apesar do nome, o Poder Legislativo possui outras funções além de propor 
alterar e aprovar legislações. Para nosso estudo em especial, é fundamental tratar das 
funções fiscalizatórias do parlamento. Ainda, os deputados e senadores têm a 
atribuição não menos importante de aprovar ou rejeitar nomes para cargos públicos 
indicados pelo Poder Executivo, outra forma de fiscalização. 
 
Função Definição Exemplo 
Função legislativa 
 
Elaborar, alterar, aprovar ou 
rejeitar proposições 
legislativas. Parlamentares 
também têm o direito de 
moções, indicações e 
requerimentos. 
Proposta de emenda à 
Constituição Federal; 
Rejeição do veto do 
governador. 
Função fiscalizatória Fiscalizar os atos e as contas 
dos chefes das autoridades do 
respectivo poder executivo 
(prefeito, governador e 
secretários, presidente e 
ministros). 
Comissão Parlamentar de 
Inquérito; 
Requerimento de 
informações sobre 
programa de governo. 
 
 
Função julgadora 
 
Processar e julgar autoridades 
do poder executivo quando 
denunciados por crimes de 
responsabilidade. A sanção 
nesses casos pode ser a perda 
do mandato e a suspensão dos 
direitos políticos. 
Processamento e 
julgamento de 
impeachment. 
 
 
Os poderes na organização política brasileira 
A organização política do Brasil adota o método da divisão de poderes, onde 
cada poder tem funções distintas, porém, complementares e harmônicas nas três 
esferas de poder (federal, estadual e municipal). 
17 
 
Ao Poder Executivo cabe a função de ouvir e atender às necessidades da 
população de acordo com a Constituição Federal, ou seja, governar e administrar os 
interesses públicos em conformidade com a Lei. Na esfera federal, a liderança é 
representada pelo Presidente da República, o governador em nível estadual e o prefeito 
em nível municipal. 
Ao Poder Judiciário cabe aplicar a lei conforme a Constituição, como garantidor 
dos direitos individuais, coletivos e sociais, e julgar conflitos entre cidadãos, 
instituições e Estado. Entre os órgãos que compõem o Poder Judiciário, temos o 
Supremo Tribunal Federal (STF), como órgão máximo; Superior Tribunal de Justiça 
(STJ); Tribunais Regionais Federais (TRF); Tribunais e Juízes do Trabalho, Eleitorais, 
Militares, dos estados e do Distrito Federal e Territórios. 
O Poder Legislativo é tratado no Título IV, Capítulo I, do Artigo 44 ao 75 da 
Constituição Federal. A Carta Magna dispõe que o Poder Legislativo é composto pelo 
Congresso Nacional que corresponde ao Senado Federal e a Câmara dos Deputados, 
assembleias legislativas e as câmaras municipais. Assim, o Poder Legislativo atua nas 
três esferas da Federação, federal, estadual e municipal. Comovisto, o parlamento 
tem como principais funções formular leis e promover a fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta. Para tanto, o Congresso Nacional e as Assembleias 
Legislativas contam com os tribunais de contas. 
Seus membros são chamados de parlamentares de forma ampla. São sempre 
eleitos e tem mandatos de 4 anos, ou 8 anos no caso dos senadores. A organização 
do poder legislativo nacional se dá da seguinte forma: 
 
 Nível municipal: Câmaras Municipais. Com sede nos municípios, são 
constituídas pelos vereadores. São encarregadas de fiscalizar o Poder Executivo 
em mesma esfera (prefeitos e secretários municipais), controlar, fiscalizar e 
cobrar a prestação dos serviços públicos e políticas públicas, apresentar 
projetos de lei municipais de interesse da comunidade e votar projetos de lei 
apresentados pelo executivo, votar a Prestação de Contas Anuais do prefeito 
municipal, atender ao público, na recepção de demandas da sociedade, 
estabelecer tributos municipais e autorizar concessões de serviços públicos. 
 
 Nível estadual e distrital: Assembleias Legislativas e Câmara Legislativa. Com 
sede nos estados e no Distrito Federal, integradas pelos deputados estaduais e 
distritais, tratam sobre impostos e taxas, com a aprovação do governador, 
sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções 
públicas, dar posse ao governador e ao vice-governador, autorizar empréstimos 
ao executivo estadual, receber denúncias e promover processo em caso de 
crime de responsabilidade do governador do estado; 
 
 Nível nacional: Câmara dos Deputados e Senado Federal. Com sede em Brasília, 
formados pelos Deputados Federais, com 4 anos de mandato eleitos pelo 
sistema proporcional, e Senadores, com 8 anos de mandato eleitos pelo sistema 
majoritário. Serão tratados em detalhes a seguir. 
O Congresso Nacional Brasileiro 
De acordo com a Constituição Federal de 1988, cabe ao Congresso Nacional, 
com a sansão do Presidente da República, dispor sobre aspectos de competência da 
União como sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas, plano plurianual, 
diretrizes orçamentárias, orçamento anual e convocar plebiscitos. A elaboraração e a 
18 
 
aprovação de leis dependente da aprovação nas duas casas, onde uma inicia e a outra 
casa revisa, sendo possível as duas casas iniciar e revisar projetos de lei. 
Na Câmara dos Deputados, os deputados estaduais representam o povo e são 
eleitos pelo sistema proporcional. Atualmente, somam 513 no país, onde cada estado 
possui de 8 a 70 representantes, proporcional ao número de habitantes. É de 
competência da Câmara dos Deputados, conforme o art. 51 da Constituição: 
“I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de 
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado; 
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando 
não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após 
a abertura da sessão legislativa; 
III - elaborar seu regimento interno; 
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, 
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus 
serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os 
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; 
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, 
VII.” 
No Senado Federal, os senadores representam os estados e o Distrito Federal, 
por meio de eleições em sistema majoritário. Com um total de 81 integrantes, onde 
há 3 representantes para cada Unidade Federativa, e independe do tamanho da 
população, pressupondo um sistema igualitário. Entre outras atribuições, disponíveis 
no art. 52 da Constituição Federal, compete ao Senado Federal: 
“I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República 
nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da 
mesma natureza conexos com aqueles; 
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o 
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos 
crimes de responsabilidade; [...] 
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais 
para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios; 
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de 
crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas 
pelo poder público federal; [...] 
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, 
de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu 
mandato; [...] 
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará 
como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a 
condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do 
Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para 
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções 
judiciais cabíveis”. 
19 
 
Nas atividades de controle e fiscalização externa, o Congresso Nacioanl conta 
com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU). Esse órgão é integrado por nove 
Ministros, sendo escolhidos pelo Presidente da República, com aprovação do Senado 
Federal, e pelo Congresso Nacional. O TCU é sediado no Distrito Federal e tem 
jurisdição em todo o território nacional. 
 
Unidade 2.2. Transparência no Processo Legislativo 
Como visto, cabe ao Poder Legislativo o importante papel de fiscalizar os 
demais poderes e promover transparência pública. Essa tarefa não exclui, entretanto, 
o próprio Poder Legislativo como objeto de fiscalização. Todos os poderes devem 
atentar aos princípios da administração pública, entre eles, o da publicidade e o da 
transparência. Por isso, nesta unidade vamos estudar como os parlamentares vem 
implementando a transparência no que concerne às suas atividades administrativas e 
principalmente, na sua mais conhecida atividade fim: legislar. 
O processo legislativo pode ser definido como o conjunto de procedimentos 
necessários para a proposição, alteração, aprovação ou rejeição de leis, decretos, 
emendas, entre outras proposições legislativas. Trata basicamente de definições, 
prazos, formalidades e autoridades autorizadas a participar da modificação do 
ordenamento jurídico nacional. 
Existem vários procedimentos legislativos específicos que estão regulados na 
Constituição Federal, nos arts. 59 a 69, nos regimentos internos da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal. O mesmo se aplica, respectivamente, aos estados, 
Distrito Federal e municípios com suas constituições, leis orgânicas e regimentos 
internos. Portanto, as regras estão estabelecidas em documentos públicos e acessíveis 
para conhecimento amplo da sociedade. 
Todavia, os termos legislativos, jurídicos e técnicos utilizados no processo de 
produção de leis não são de domínio da maioria da população. Por isso o tema da 
transparência do processo legislativo se torna tão importante: é preciso viabilizar o 
entendimento do que acontece dentro dos parlamentos para qualquer cidadão ou 
grupo interessado. 
As regras do processo legislativo são fundamentais para a democracia. Imagine 
torcer para um time de futebol sem entender as regras do jogo? Por meio das regras 
do processo legislativo, a sociedade pode acompanhar o andamento dos trabalhos, 
saber o que pode ou não ser feito e ainda verificar se os prazos e formalidades estão 
sendo respeitados. Assim, torcer e pressionar para a aprovação ou rejeição de um 
projeto de lei fica muito mais fácil e efetivo. 
Não só os cidadãos, de forma individualizada, têm interesse no processo 
legislativo. É preciso facilitar a compreensão dos procedimentos e resultados para que 
a imprensa, os grupos representativos(como ONGs e sindicatos), empresas, entre 
outros consigam entender e se atualizar sobre os projetos do seu interesse. Nessa 
medida, a transparência legislativa é condição necessária para o regular 
funcionamento da democracia e para a efetivação da representação parlamentar. 
As proposições legislativas abrangem diversas normas além das mais famosas 
leis ordinárias. Conforme o art. 59 da Constituição Federal, são proposições 
legislativas: 
 as emendas à Constituição; 
 as leis complementares; 
20 
 
 as leis ordinárias; 
 as leis delegadas; 
 as medidas provisórias; 
 os decretos legislativos; 
 e as resoluções. 
Cada espécie de proposição possui regras e trâmites específicos. Na presente 
unidade trataremos apenas da transparência geral do processo, sem adentrar em 
especificidades de cada proposição. 
Tramitação no Senado Federal 
As proposições legislativas que tramitam no Senado Federal dispõem de 
diversos mecanismos para sua plena divulgação. Vamos tratar agora dos mecanismos 
de pesquisa e de visualização da situação e do histórico dessas matérias legislativas. 
O mecanismo de pesquisa de tramitação do Senado Federal é bastante amplo. 
Na página “Atividade Legislativa” é possível fazer tanto a pesquisa simples como a 
pesquisa avançada. Por meio da primeira, é disponibilizada as seguintes opções: 
 
Para que a pesquisa seja realizada basta preencher apenas um dos campos de 
informação. Assim, caso queira saber sobre todas as PEC (Proposta de Emenda à 
Constituição) em tramitação na casa, basta escolher “PEC” no campo “Tipo de Matéria” 
e clicar em buscar. A pesquisa pode ser refinada pelas informações “Ano” e “Número”. 
Pela “Paravra-chave”, é possível buscar, por exemplo, todos os projetos em tramitação 
no Senado Federal relacionados ao tema “Saúde”. 
Ainda na mesma página, ao clicar em “Projetos e Matérias” é possível realizar 
pesquisas avançadas. É apresentada as seguintes opções de busca: 
 
É possível, portanto, fazer as seguintes pesquisas aprofundadas: 
 Pesquisa rápida utilizando “atalhos” como ementa, apelido, tramitação, 
descrição dos arquivos anexados, etc; 
21 
 
 Pesquisa nos textos dos documentos anexados à matéria (incluindo o 
texto inicial, emendas, relatórios, etc.); 
 Pesquisas prontas como “Novas matérias apresentadas no Senado”; 
 
Após encontrar o resultado da pesquisa, o Portal do Senado Federal informa o 
andamento atualizado de todas as proposições. Vamos ver por exemplo a situação4 da 
PEC 8/2016 (Proposta de Emenda à Constituição nº 8, de 2016). 
 
Verifica-se que as informações atualizadas da tramitação estão disponíveis na 
internet. Mas sua compreensão pode ser limitada pela existência de termos técnicos 
próprios do processo legislativo. O que significa, por exemplo, estar incluída em 
“Ordem do Dia”? Significa que foi “aprovada, “arquivada” ou nenhum dos dois? 
Vejamos outra forma de visualização da matéria, por meio do seu histórico: 
 
Nesse caso, vemos que é apresentado o andamento de todo o projeto no 
formato de um extrato. Esse detalhamento atende às normas de transparência. 
Todavia, é possível verificar novamente a existência de muitos termos técnicos que 
não são de conhecimento amplo. O que significa “deliberação”? E “publicado no DSF”? 
 
4 Em 21/03/2019. 
22 
 
Importante destacar que a terminologia utilizada não é mera burocracia ou 
banalidade. Serve para garantir a uniformidade e a formalidade do processo. Mas como 
veremos a seguir, há formas de facilitar sua compreensão ao cidadão. 
Ainda que o cidadão conhecece as siglas e terminologias utlizadas, como faria 
para participar do processo legislativo? Se ele for contrario ao projeto pesquisado, 
como pressionar o deputado eleito para rejeita-lo? Efetuar ligações ou mandar e-mais 
seriam a melhor forma para isso? 
Pensando nisso, novas formas de apresentação das informações legislativas 
estão sendo implementadas para ampliar o conhecimento e a participação no processo 
legislativo. Além disso, o Congresso Nacional vem desenvolvendo soluções que vão 
além da publicação da tramitação. Novas ferramentas desenvolvidas pelas Casas 
Legislativas permitem que o cidadão não só se informe, mas que participe do processo 
legislativo e que cobre dos parlamentares determinadas ações. 
Experiências do Senado Federal 
Vamos conhecer agora algumas das iniciativas do Congresso Nacional para 
ampliar a transparência pública no processo legislativo. 
Simplificou 
O “Simplificou” é uma iniciativa conjunta do Senado e da Câmara dos 
Deputados para facilitar o acompanhamento dos processos legislativos. Até 2018, as 
proposições legislativas tinham identificações diferentes na Câmara e no Senado. Com 
o “Simplificou”, as matérias passaram a receber identificação contínua, ou seja, o 
número recebido originalmente em uma Casa será mantido na outra. Ainda, as duas 
Casas passaram a adotar as mesmas siglas e numerações para proposições ao longo 
de toda a tramitação. 
Painel Legislativo 
O Painel Legislativo apresenta em formato gráfico o resumo dos trabalhos do 
Senado Federal e do Congresso Nacional. Com ele, é possível conferir o total de 
projetos aprovados e rejeitados por espécie legislativa, ano, mês, legislatura, autoria 
e assunto a partir de uma mesma tela. O mesmo detalhamento é também apresentado 
para a consulta sobre sessões legislativas e indicações. É possível conferir em detalhes 
cada proposição apreciada no período selecionado. 
e-Cidadania 
Talvez a plataforma mais conhecida de participação no processo legislativo, o 
e-Cidadania possui diversas funcionalidades para aproximar o cidadão dos trabalhos 
do Senado. Por meio do site e possível enviar e apoiar ideias legislativas, que são 
sugestões de alteração na legislação vigente ou de criação de novas leis. As ideias que 
recebem 20 mil apoios são encaminhadas para a Comissão de Direitos Humanos e 
Legislação Participativa (CDH). Além disso, a plataforma permite a participação em 
eventos legislativos como audiências públicas e sabatinas e ainda opinar sobre 
proposições legislativas em tramitação na Casa. 
Dados abertos 
A importância dos dados abertos para a transparência pública já foi explorada 
nesse curso. Para implementar esse importante avanço, o Poder Legislativo Federal 
disponibiliza páginas específicas contendo diversas informações de interesse público. 
Na página de dados abertos do Senado Federal, por exemplo, é possível fazer 
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/simplificou
http://bit.ly/2OfQS9j
https://www12.senado.leg.br/ecidadania
https://www12.senado.leg.br/dados-abertos
23 
 
download de planilhas em formato aberto com dados da cota para exercícios de 
atividade parlamentar e outros recursos recebidos pelos senadores. 
Experiências da Câmara dos Deputados 
Labhacker 
Criado em 2013, o LabHacker é um laboratório de inovação colaborativa dentro 
da Câmara dos Deputados. Busca fomentar a cultura da transparência e da 
participação social por meio da gestão de dados públicos promovendo a ação conjunta 
de atores sociais, como parlamentares e hackers. O LabHacker promove atividades 
como maratonas hackers, hackdays além de oficinas de criação e discussão com 
especialistas, parlamentares, estudantes de universidades e escolas públicas, e até 
crianças interessadas em tecnologia. Possui vários projetos de participação no 
processo legislativo como a pauta participativa e as audiências interativas. 
Wikilegis 
Uma plataforma desenvolvida pelo LabHacker, o Wikilegis permite aos cidadãos 
a participação ativa na elaboração de projetos legislativos por meio de comentários, 
sugestões, apoios e rejeições, no todo ou em parte de um projeto de lei. O deputado 
relator do projeto tem acesso às contribuições e pode incluí-las no seu parecer. A 
ferramenta apresenta alguns casos de sucesso como o Código de Processo Civil, o 
Marco Civil da Internet,o Estatuto da Pessoa com Deficiência, e o Estatuto da 
Juventude. Milhares de cidadãos já participaram da ferramenta que, inclusive, foi 
ampliada para outra casa legislativa, a Câmara Legislativa do Distrito Federal. 
Dados Abertos 
Como no caso do Senado, o Portal da Câmara dos Deputados também 
apresenta diversos conjuntos de dados em formato aberto para download. É possível 
baixar, por exemplo, todo o histórico de tramitação de uma proposição e uma lista de 
todas as proposições em tramitação na Casa. Esse fomento ativo de dados possibilitou 
a criação de uma plataforma social de controle cívico, a Operação Serenata de Amor, 
que será estudado neste curso. 
 
Recomendações internacionais 
No âmbito internacional, existem algumas organizações não governamentais 
ligadas diretamente ao tema transparência, como por exemplo, a Open Society 
Foundation e a Transparência Internacional. No entanto, em se tratando da 
transparência no Poder Legislativo, uma entidade em especial merece destaque, é a 
União Interparlamentar (Inter-Parliamentary Union-IPU). Como o próprio nome 
sugere, essa instituição, criada em 1889 e contando com a participação de 178 países, 
trabalha para fortalecer os parlamentos nacionais e a democracia no mundo. 
Para atender essa missão, o IPU publicou em 2009 um guia para sítios na 
internet de parlamentos. O documento apresenta seis capítulos detalhando recursos 
considerados importantes para se disponibilizar na web, quando o assunto é o Poder 
Legislativo. Ele está disponível para download gratuito no site 
https://www.ipu.org/resources/publications/reference/2016-07/guidelines-
parliamentary-websites-new-edition. 
Em que pese o fato de que nossa legislação, por meio da Lei de Acesso à 
Informação unida com a Constituição Federal de 1988, permite inferir que todas as 
http://labhackercd.leg.br/
https://edemocracia.camara.leg.br/pautaparticipativa/pauta/1
https://edemocracia.camara.leg.br/audiencias/sala/5
https://edemocracia.camara.leg.br/wikilegis
https://dadosabertos.camara.leg.br/
https://www.ipu.org/resources/publications/reference/2016-07/guidelines-parliamentary-websites-new-edition
https://www.ipu.org/resources/publications/reference/2016-07/guidelines-parliamentary-websites-new-edition
24 
 
atividades típicas do legislativo devem ser disponibilizadas para livre consulta da 
população, o guia explicita de forma clara os principais tópicos que merecem atenção 
dos dirigentes das casas legislativas. 
Os seis pontos levantados como essenciais na divulgação dos parlamentos, que 
devem estar ‘obrigatoriamente’ disponíveis para consultas, são os seguintes: 
1. Informações gerais sobre o parlamento, como sua história, seu papel, 
composição, publicações, etc. 
 
2. Informações sobre as atividades fins do parlamentos de legislar, fiscalizar e 
revisar o orçamento público proposto. 
3. Recursos e ferramentas de busca, notificações e visualização das 
informações. 
4. Recursos de comunicação e diálogo com os cidadãos. 
5. Usabilidade, acessibilidade e linguagem adequada no sítio. Usabilidade se 
refere à facilidade de navegar no sítio. Acessibilidade se refere à 
disponibilização de ferramentas auxiliares para o uso de cidadãos com 
necessidades especiais. Já a linguagem adequada é aquela de fácil 
entendimento, que não se fecha no uso excessivo de termos técnico. 
6. Suporte político para que os responsáveis pelo gerenciamento do sítio 
tenham a autonomia e o apoio gerencial necessário para manter a página 
do parlamento na internet de acordo com as recomendações de melhores 
práticas de transparência. 
 
 
Unidade 2.3. A transparência no Senado Federal 
O Senado Federal vem desenvolvendo soluções para promover a transparência 
não só por meio de legislações aprovadas, mas também por meio da sua própria 
administração interna. Além do programa de dados abertos, já mencionado no curso, 
podemos destacar os serviços oferecidos pela Secretaria de Transparência do Senado, 
em especial, o Portal da Transparência. Na oportunidade, falaremos também sobre o 
Conselho de Transparência e Controle Social, a Ouvidoria e o Serviço de Informação 
ao Cidadão (SICLAI). 
A Secretaria de Transparência 
Em 2013, o Senado Federal instituiu a Secretaria de Transparência do Senado 
Federal (STRANS), órgão dedicado à promoção da transparência ativa. Sua criação foi 
inovadora por ir além do previsto na Lei de Acesso à Informação, que estabeleceu a 
instituição do serviço de informação ao cidadão (SIC), órgão especializado na 
transparência passiva. 
A STRANS atua em ambas formas de transparência. Por meio da transparência 
ativa, é o órgão responsável pela gestão do Portal da Transparência do Senado Federal 
garantindo a periodicidade e a sistematização das informações e a disponibilização em 
tempo real dos dados produzidos necessários para que a sociedade avalie o 
desempenho das atividades da Casa. Agindo pela transparência passiva, a STRANS 
responde a pedidos de acesso à informação relativos à transparência administrativa 
do Senado. 
25 
 
Além dessas atribuições, a STRANS ainda abriga dois importantes órgãos da 
Casa: o Datasenado e o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV). O Instituto 
Datasenado foi criado em 2005 com a missão de acompanhar, por meio de pesquisas, 
enquetes e análises, a opinião pública brasileira sobre o Senado Federal, a atuação 
parlamentar e temas em discussão no Congresso Nacional. O OMV, criado em 2016, 
atua em favor da transparência de dados que subsidiem o monitoramento e a avaliação 
do problema e das políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência contra a 
mulher. 
A Secretaria tem ainda a competência de convocar o Conselho de Transparência 
do Senado Federal que congrega autoridades do Senado e representantes da 
sociedade civil reconhecidos pelo conhecimento na transparência de dados e 
empenhados na promoção da política de transparência e controle social no Parlamento. 
O Conselho será estudado em detalhes a seguir. 
O Portal da Transparência do Senado Federal 
O Portal da Transparência do Senado Federal é um repositório online com o 
objetivo de promover a transparência pública ativa por meio da disponibilização de 
todas as informações públicas exigidas pela legislação e ainda mais. O Portal também 
abriga os dados abertos do Senado Federal e o Índice de Transparência do Poder 
Legislativo. 
Anteriormente a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, o Senado 
Federal já divulgava em seu site diversas informações de interesse público. Todavia, 
com o advento da nova legislação, foi necessária uma maior adequação. Assim, em 
maio de 2013, novas informações foram disponibilizadas e o portal foi modernizado 
para possibilitar o acesso às informações do Senado em até três cliques. A ideia era 
melhorar as informações para tornar a navegação mais fácil, eficiente e funcional. 
O Portal abriga grande acervo de informações de interesse público agrupadas 
em 6 grandes conjuntos: Senadores, Gestão e Governança, Licitações e Contratos, 
Gestão de Pessoas, Orçamento e Finanças e Dados Abertos. Apenas a título de 
exemplo, vejamos algumas informações que estão acessíveis nas páginas do Portal: 
 Remuneração e subsídios de todos os servidores e senadores; 
 Gastos com viagens e diárias de todos os servidores e senadores; 
 Relação completa das licitações e outros processos de compras públicas 
promovidos pelo Senado; 
 Imóveis funcionais e auxílio-moradia dos senadores; 
 Informações sobre o consumo de materiais, por órgão do Senado Federal, com 
quantitativo e valor; 
 Informações sobre os bens patrimoniais, por órgão do Senado Federal, com 
descrição e quantitativo; 
 Informações sobre todos os contratos firmados pelo Senado Federal, 
organizados em vigentes e encerrados, com a possibilidade de busca pela 
empresa contratada, pelo objeto do contrato, pelos contratos de mão de obra 
e ainda, por diferentes espéciesde contrato; 
 Estimativa de servidores que implementaram ou implementarão as condições 
para aposentadoria voluntária com paridade ou que serão aposentados 
compulsoriamente; 
 Informações sobre colaboradores terceirizados, estagiários e menores 
aprendizes que prestam serviço no Senado Federal; 
 Informações sobre as despesas diárias do Senado Federal, organizadas por 
elemento e pela fase da despesa. 
26 
 
Para facilitar ainda mais a pesquisa de informações, é disponibilizado no Portal 
uma lista de perguntas frequentes que abrange cada passo para o acesso a todos os 
documentos presentes no site. O Portal ainda possui área reservada para divulgar a 
evolução da economia nos gastos do Senado. 
O Portal vem apresentando bons resultados. De maio de 2013 a outubro de 
2016, foram registrados mais de 7 milhões de acessos. Em 2015, as organizações 
Fundação Getúlio Vargas e a ONG Artigo 19 avaliaram a transparência do Senado e a 
nota alcançada foi a máxima dentre os órgãos do Poder Legislativo pesquisados. Já o 
Índice de Transparência do Poder Legislativo, auto aplicado pelo Senado Federal ao 
Portal em 2018, alcançou a nota 0,8374, que está no nível A de transparência. 
O Conselho de Transparência e Controle Social 
Decorrência direta da Lei de Acesso à Informação, o Conselho de Transparência 
e Controle Social (CTCS) foi criado em 2013 como órgão consultivo da Presidência do 
Senado e da Comissão Diretora. O Conselho reúne autoridades do Senado Federal e 
representantes da sociedade civil especialistas no tema. Entre suas competências 
estão: 
 debater e propor ações que disseminem o acesso à informação pública e o 
conhecimento da Lei nº 12.527, de 2011, estimulando a cultura de 
transparência e controle social no Brasil; 
 analisar relatórios qualitativos e quantitativos de atendimento de solicitações 
de acesso à informação requeridas com base na Lei nº 12.527, de 2011, 
podendo solicitar processos específicos para exame; 
 nortear a formulação da Política de Transparência e Controle Social sobre os 
atos do Senado Federal e sugerir projetos e ações prioritárias acerca desses 
temas, encaminhando suas propostas e deliberações à Presidência do Senado 
Federal; 
 propor parâmetros de transparência observáveis pelo Senado Federal, servindo 
como ferramenta de gestão e como prestação de contas à sociedade do nível 
de transparência do Senado Federal; 
 formular estudos e pareceres técnicos no âmbito de sua competência, 
encaminhando esses documentos à Presidência do Senado Federal; 
 promover parcerias, integração e compartilhamento de esforços com outros 
órgãos do Estado que busquem os mesmos objetivos; 
 opinar sobre matérias, no âmbito de sua competência, que lhe sejam 
submetidas pelo Presidente do Senado. 
Compõe atualmente o CTCS a ONG Transparência Brasil, Associação Brasileira 
de Imprensa (ABI), Secretaria de Gestão da Informação e Documentação (SGIDOC), 
a Secretaria de Comunicação Social (SECOM), Coordenação de Relacionamento com o 
Cidadão (CORCID) e Secretaria de Transparência (STRANS), cuja Diretora preside os 
trabalhos. Entre os resultados da atuação do Conselho está a criação do Índice de 
Transparência do Poder Legislativo, que será estudado mais à frente no curso. 
Ouvidoria e Serviço de Informação ao Cidadão 
O Senado Federal possui outros serviços externos à Secretaria de 
Transparência, que complementam o ciclo completo de transparência pública. 
Podemos destacar a Ouvidoria e o Serviço de Informação ao Cidadão (SICLAI). 
A Ouvidoria do Senado Federal busca garantir a comunicação entre a Casa e o 
público externo, cidadãos ou organizações. É um serviço de participação e colaboração 
onde os cidadãos podem apresentar sugestões, dúvidas, elogios, reclamações, críticas 
http://www12.senado.leg.br/perguntas-frequentes
27 
 
e outras manifestações livres. Podem, é claro, encaminhar mensagens para senadores, 
partidos, comissões e outros órgãos da Casa. Após avaliação, as manifestações são 
endereçadas para os setores responsáveis no Senado Federal, inclusive para os 
gabinetes dos senadores. Sempre que solicitada, a resposta ao solicitante é 
encaminhada por e-mail. 
Importante destacar que a Ouvidoria não é mecanismo de transparência 
passiva. É na verdade canal de comunicação e participação social, atendendo à própria 
missão do Senado Federal enquanto órgão de representação social e corolário da 
democracia brasileira. Por meio dela, o cidadão pode, por exemplo, criticar a votação 
de determinado parlamenter e solicitar explicações. 
Para garantir a maior participação social possível, o Senado Federal 
disponibiliza vários meios de comunicação direta. Existe o “Alô Senado” serviço de 
telefonia operado por atendentes dentro do Senado Federal, do tipo 0800, sem custo 
para o cidadão. Ainda é possível o envio de cartas, e-mails e ligação direta para a 
Ouvidoria. Confira aqui os diversos canais de comunicação com o Senado Federal. 
O Serviço de Informação ao Cidadão (SICLAI) possui mecanismos semelhantes 
a Ouvidoria, mas sua função é diversa. Por meio de formulário na página do SIC, é 
possível encaminhar pedidos de acesso à informação ao Senado Federal. O serviço foi 
criado especificamente para efetivar a transparência passiva na Casa em cumprimento 
aos Arts. 9º e 10 da Lei de Acesso à Informação. Vejamos o que diz a legislação: 
“Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado mediante: 
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e entidades 
do poder público, em local com condições apropriadas para: 
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações; 
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas unidades; 
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; 
e 
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à participação 
popular ou a outras formas de divulgação. 
art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a 
informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1o desta Lei, por qualquer 
meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação do requerente e a 
especificação da informação requerida. 
§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a identificação do 
requerente não pode conter exigências que inviabilizem a solicitação. 
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar 
alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de seus 
sítios oficiais na internet. 
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da 
solicitação de informações de interesse público”. 
(Grifos nossos) 
Para cumprir o disposto na legislação, o Serviço de Informação ao Cidadão foi 
criado em 2013 por meio do Ato da Comissão Diretora nº 14/2013. Entre suas diversas 
atribuições, estão: atender e orientar o cidadão a respeito dos pedidos de informação, 
preparar relatórios de atendimento ao cidadão, prestar assessoria à Comissão 
Permanente de acesso a Dados, Informações e Documentos do Senado Federal e 
colaborar no fomento da cultura de acesso à informação. 
Além do formulário online para pedidos de acesso à informação, o SICLAI 
também presta atendimento presencial no Senado Federal. Ainda, para facilitar 
manifestação do cidadão, os pedidos de informação encaminhados por meio da 
Ouvidoria são direcionados ao SICLAI, e não descartados. 
https://www12.senado.leg.br/institucional/ouvidoria
https://www12.senado.leg.br/transparencia/formtransparencia
https://www12.senado.leg.br/transparencia/lai/canais-de-atendimento
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O Relatório Mensal de Atendimentos da Lei de Acesso à Informação mais 
recente5, informa que dos 98 pedidos recebidos no mês de fevereiro de 2019, 42% 
foram respondidos em até um dia, e apenas 3% não foram respondidos dentro de 20 
dias. O relatório ainda informa que a maioria dos pedidos foi sobre atividade legislativa 
(35,7%) seguido por pedidos de informação

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